DESDE 1921
ANO 99 ┆ Nº 33.087
ENTREVISTA DA 2ª
Mario Mesquita
Domínio do
investimento
privado é boa
notícia no país
Para o economista-chefe
do Itaú, Mario Mesquita,
o crescimento de 2,3% no
investimento neste ano
virá só do setor privado.
O que não é ruim, diz: é
uma mudança na econo-
mia que mostra redução
de sua dependência do Es-
tado. Isso facilitou queda
nos juros, mas reformas
são necessárias. A16
Sob pressão, Dias
Toffoli deve decidir
sobre 2ª instância
Em um ambiente político
radicalizado, o presidente
do Supremo, Dias Toffoli,
deve dar nesta semana o
votodecisivonojulgamen-
to que determinará a ma-
nutenção ou não do encar-
ceramento de condena-
dos emsegundainstância.
Se o entendimento pela
prisão mudar, Lula pode
ser beneficiado. Poder A4
Celso R. de Barros
Como lidar com
Bolsonaro golpista
por três anos?
Bolsonaro testou as águas
do golpe com o filho Edu-
ardo e o AI-5. O debate so-
bresuasintençõesestáen-
cerrado.Agora,éavaliaras
chances de sucesso, o que
émaisdifícil.Masserápos-
sível continuar assim por
mais três anos? Poder A8
Governo quer incentivar
consultas e prescrição
de remédios no SUS por
enfermeiros Cotidiano B1
Arábia Saudita vai
abrir o capital de sua
petroleira, a maior
do mundo Mercado A22
EDITORIAIS A2
Uma grata surpresa
Acerca do saldo da recen-
te viagem do presidente.
Pedágio da discórdia
Sobre a destruição de pra-
ça de arrecadação no Rio.
ATmOSfERA B2
São Paulo hoje
32˚
20˚ 0h 6h 12h 18h 24h
amanhã Quarta Quinta
21˚ 34˚ 19˚ 25˚ 19˚ 25˚
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págiNAs vistAs 213.550.554
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ISSN 1414-5723
33087
9 771414 572025
UM JORNAL A SERVIÇO DO BRASIL
Herman Tacasey
Especial
O custo da
imobilidade
Caderno discute as
perdas das cidades
do Brasil com travas
no seu transporte
moradores da missão Iauaretê, em São Gabriel da Cachoeira (Am), participam de procissão em homenagem a Nossa Senhora Aparecida
Poder A10
Missão salesiana
com quase cem anos
vira a ‘Cidade dos
Índios’ na Amazônia
O DEVORADOR DOS PRINCIPAIS
Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
Cidades cobram IPTU de
aeroportos sob concessão
Contratos com a União não previam tributação, que poderá impactar tarifas
Prefeituras de municípi-
os onde há aeroportos ad-
ministrados pela iniciativa
privada passaram a cobrar
das operadoras o IPTU pe-
las áreas de exploração co-
mercial dos terminais, co-
molojaseestacionamentos.
O imposto não era exigido
nos contratos de concessão
feitos pelo governo federal.
Esporte B6
Hamilton é hexa na
Fórmula-1 e fica a
um título da marca
de Schumacher
COMPARATIVOS DE 2019.
VEJA NAS PÁGINAS 5, 7, 9, 11 E 13.
NocasodeGuarulhos(SP),
onde fica o maior aeroporto
do país, o governo munici-
pal quer que a concessioná-
ria GRU Airport desembol-
se R$ 400 milhões em dívi-
das atrasadas desde que as-
sumiu o negócio, em 2012.
O Brasil tem hoje 44 aero-
portosconcedidosouemes-
tudo de concessão.
Esporte B7
Carille cai após
goleada do Fla, que
mantém vantagem
sobre o Palmeiras
Metade já foi repassada.
Desses, pelo menos 10 estão
sendo acionados pelas pre-
feituras, e 8 concessionári-
os questionam judicialmen-
te a cobrança das cidades.
Os municípios se ampa-
ram em decisões judiciais.
Para as concessionárias, o
terrenoétodo da União,não
cabendo a tributação local.
Ilustrada C1
Série de televisão
e peça de teatro
discutem prisões
injustas no Brasil
R$ 5,00
Ogovernodizquetinhaes-
se entendimento quando o
programa de concessões foi
elaborado, mas que embu-
tirá o risco de cobrança em
contratos futuros.
Para especialistas, a me-
dida pode acabar na conta
dos passageiros, na forma
de aumento de taxas aero-
portuárias. Mercado A21
Lalo de Almeida/folhapress
Ditadura fica
fora do Enem
pela 1ª vez
em dez anos
OprimeiroEnemsobogo-
vernoJairBolsonaro(PSL)
foi também o primeiro
sem questões sobre a di-
tadura militar (1964-1985)
nas provas de ciências hu-
manas e linguagens des-
de 2009. O exame, porém,
abordoutemassociais,co-
mo quilombolas e o Siste-
ma Único de Saúde, e a re-
daçãofoisobredemocrati-
zaçãodoacessoaocinema
no país. Cotidiano B3
Milhagem paga
serviços cobrados
agora por aéreas
Com o aumento da co-
brança por serviços de
companhias aéreas, os
programas de milhagem
passaram a ser uma op-
çãoparaevitarcustoscom
itens como o despacho de
bagagens.Especialistasre-
comendam concentrar os
pontos em um único pro-
grama, sejadeempresaou
de banco. Folhainvest A20
A2 SEGUndA-FEiRA, 4 dE novEmBRo dE 2019 a eee
opinião
João Montanaro

a
UM J O R NA L A SE RV I Ç O D O B RA SI L
Publicado desde 1921 – Propriedade da Empresa Folha da Manhã S.A.
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diretor de redação Sérgio Dávila
suPerintendentes Antonio Manuel Teixeira Mendes e Judith Brito
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editoriais
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Uma grata surpresa O teste começa agora

Giro internacional de Bolsonaro foi marcado por
polêmicas, mas balanço traz pragmatismo inaudito
Jair Bolsonaro (PSL) retornou ao
Brasil na semana passada após o
maior giro externo desde que as-
sumiu. Como seria previsível, po-
lêmicas institucionais sérias se al-
ternaram com episódios anedóti-
cos que explicitam o provincianis-
mo algo calculado do brasileiro.
Oqueéumapena,nãosópelova-
lor negativo intrínseco a essas dis-
trações, mas também porque a vi-
agem a cinco países registrou um
balanço de pragmatismo e corre-
ção diplomática inauditos até aqui
na gestão bolsonarista.
Tome-se por exemplo a escala de
Bolsonaro na China. Apenas essa
construção, unindo o presidente
direitista e a ditadura comunista
por ele tanto espicaçada, já causa-
ria estranhamento. Mas foi uma vi-
sita bastante profissional.
Não eram esperados anúncios
grandiosos, até porque a tradição
chinesa desse tipo de contato in-
terpessoal é a do estabelecimento
de confiança. Qual avaliação Xi Jin-
ping fez de Bolsonaro é incógnita,
mas foi surpreendente ver o ideo-
lógico brasileiro se comportando
de acordo com o objetivo da visita.
Houve até um excesso, o anún-
cio da abolição da exigência de vis-
tos para chineses, mas nada alta-
mente reprovável. Por questioná-
vel que o regime seja, nenhum país
do mundo hoje pode prescindir de
laços com o gigante asiático, mui-
to menos o Brasil —de quem Pe-
quiméo maiorparceirocomercial.
Pedágio da discórdia
Ao destruir praça de arrecadação no Rio, Crivella
mostra destempero e afasta potenciais investidores
Uma das vias mais importantes da
cidade do Rio de Janeiro, a Linha
Amarelatornou-seocentrodeuma
controversa disputa entre a prefei-
tura carioca e a empresa concessi-
onária Lamsa, que há duas déca-
das opera o trecho.
Na semana passada, o embate
ultrapassou as barreiras do bom
senso e chegou às vias de fato, após
o prefeito Marcelo Crivella (PRB)
romper de forma unilateral e in-
tempestiva o contrato com a com-
panhia e determinar a destruição
da praça de pedágio da via.
As desavenças entre as partes re-
montam ao fim de 2018, quando
Crivella editou o primeiro de três
decretos suspendendo a cobrança
da taxa em um dos sentidos. Em
todas as oportunidades, porém,
a Justiça agiu em favor da empre-
sa, derrubando as determinações.
O prefeito justificou a medida
em vista de uma dívida de R$ 225
milhões que a Lamsa teria com o
município por obras executadas
com sobrepreço.
O prejuízo total, de acordo com
o relatório de uma CPI encerrada
na semana passada, seria de R$ 1,6
bilhão.Alémdosuperfaturamento,
o documento aponta como irregu-
laridades a cobrança de uma tari-
fa acima do necessário para man-
ter o equilíbrio do contrato e a su-
Já a etapa árabe da viagem teve o
tom de um “roadshow”, evento de
venda de projetos do país a inves-
tidores externos. O setor de defe-
sa, por exemplo, abriu interlocu-
ção com grandes compradores de
armas que podem vir a adquirir
aviões da Embraer, blindados ou
lançadores de foguetes.
A região tem dinheiro e confli-
tos demais para ser ignorada —a
Arábia Saudita tem o terceiro mai-
or orçamento militar do mundo.
Também foi no reino controla-
do por Mohammed bin Salman
que houve o único escorregão, de
resto esperado, da nova orienta-
ção da política externa brasileira.
Ossauditassãoaliadosdosnorte-
americanosadoradosporBolsona-
ro e disputam a primazia regional
no Oriente Médio com o Irã, país
que já teve relações próximas com
o Brasil nos anos do PT no poder.
AochamarMbS,comoopríncipe
herdeiro acusado pelo esquarteja-
mento de um jornalista é conheci-
do, de “irmão”, o presidente colo-
cou o Brasil num dos lados de um
conflito que não lhe diz respeito.
De positivo, o brasileiro obteve a
promessa da criação de um fundo
de investimento em infraestrutura
de US$ 10 bilhões a partir dos pro-
fundoscofrespetrolíferossauditas.
É desse tipo de iniciativa, e não
de hienas imaginárias ou ataques
histéricos à imprensa, que deveria
ser composto o cardápio de próxi-
mas viagens presidenciais.
bestimação do fluxo de veículos.
Com relação ao último ponto, a
prefeitura afirma que desde o iní-
cio da cobrança de pedágio passa-
ram pela via cerca de 150 milhões
deveículosamaisdoqueoprojeta-
do pela modelagem da concessão.
Há divergência, contudo, sobre
o tamanho do déficit. O presiden-
te do Tribunal de Contas do Muni-
cípio, Thiers Montebello, afirmou
que uma análise do órgão apontou
um desequilíbrio contratual da or-
dem de R$ 480 milhões.
Tenha ou não razão, e seja qual
for o valor em disputa, a Prefeitu-
ra do Rio cometeu um erro de pro-
porçõesquilométricasaooptarpe-
la destruição do patrimônio.
Não à toa, a Justiça suspendeu li-
minarmente a decisão de Crivella
e determinou que a municipalida-
de pagasse à Lamsa R$ 100 mil a ca-
da dia que a empresa não pudes-
se atuar. A briga ainda não termi-
nou, já que o alcaide carioca envi-
ou à Câmara um projeto para reto-
mar o controle do pedágio.
Os disparates do prefeito ainda
promovem insegurança jurídica e
prejudicam a imagem do Rio pe-
rante investidores. Se Crivella tem
mesmoporobjetivoressarciroerá-
rio, deveria ter buscado negociar a
diminuição do valor do pedágio ou
a redução do prazo da concessão.
-
Vinicius Mota
são paulo O populismo, inato a re-
gimes minimamente abertos, cos-
tuma ser menos danoso quando a
economia vai mal. Os rompantes de
Collor, em meio à recessão, redun-
daram no seu isolamento.
O germe populista, reprimido no
primeiro governo Lula e no curto se-
gundo mandato de Dilma, floresceu
no período intermediário, marcado
por forte alta da renda.
Fernando Henrique lambuzou-
se no chamado populismo cambi-
al enquanto a população ampliava
seu poder de consumo. Foram dois
ou três anos suficientes para ele ar-
rancar do Congresso a reeleição em
benefício próprio.
Tudo para dizer que o desafio das
instituições brasileiras de neutrali-
zar o elemento populista e autori-
tário da aventura Bolsonaro vai co-
meçar para valer agora, com a pers-
pectiva de aquecimento da ativida-
de econômica.
“Seu Jair” vai colher os frutos de
uma correção de rota que se inici-
ou logo após a reeleição de Dilma
e envolveu esforços reformistas de
Falando sozinho
- gevo envolvimento na política.
Ricardo Della Coletta
Brasília As declarações explosivas
do presidente Jair Bolsonaro con-
tra líderes internacionais e suas in-
sistentes interferências em proces-
sos internos de outros países dei-
xaram o Brasil num incômodo iso-
lamento na América Latina.
O presidente eleito da Argentina,
Alberto Fernández, é o inimigo da
vez de Bolsonaro, mas até mesmo
lideranças da direita no continen-
te marcam distância do presiden-
te brasileiro.
Sebastián Piñera, do Chile, já o fi-
zera quando dos ataques de Bolso-
narocontraaex-presidenteMichelle
Bachelet. Agora Luis Lacalle Pou, a
promessa de uma guinada à direita,
rejeita o apoio oferecido por Bolso-
naro ao lançar algo na linha de “por
sorte no Uruguai não se decide pelo
que pensam os brasileiros”.
AestreiadarelaçãoBolsonaro-Fer-
nández —que, em condições nor-
mais, deveria ser regida ao menos
por protocolares desejos de êxito—
não poderia ter sido pior.
Há no governo brasileiro quem ve-
ja na defesa de Fernández do Lula
O inimigo oculto
- lia Chadwick, inclusive o mi-
Ruy Castro
rio DE JaNEiro Há anos, numa das vi-
sitas do escritor português José Sa-
ramago ao Brasil, um repórter quis
saber sua opinião sobre a fast food
—se a achava prejudicial ou não.
Embora a fast food fosse então uma
novidade comoconceito,apergunta
era tão sem sentido quanto pedir ao
chef francês Paul Bocuse que falasse
de realismo fantástico. Mas Sarama-
go, que talvez nunca tivesse ouvido
a expressão, virou-se o melhor que
pôde. Entendendo a fast food como
algo que se come às pressas —e não
que se prepara às pressas—, respon-
deu: “De que importa se comem de-
pressa ou devagar? O importante é
que comam!”. Pois.
Assim como Saramago, não sou
muito atento às últimas tendências
da gastronomia. Mas, do jeito que as
notícias correm, não há como igno-
rar certos rumores. Ouço dizer, por
exemplo, que, tendo Los Angeles co-
mo epicentro, há uma campanha
internacional de boicote ao pão —
uma “no-bread campaign”.
O inimigo, na verdade, não seria
três presidentes e, sobretudo, duas
legislaturas na Câmara e no Senado.
A popularidade do presidente pa-
rece que, no mínimo, parou de ca-
ir. Seu apoio segue firme no Sul e
no Sudeste, porção rica e populo-
sa do país.
Nãoéimplausível queas agressões
recentes praticadas por Bolsonaro e
seu círculo de lunáticos contra orga-
nizações que atuam para encabres-
tar a besta da tirania tenham sido
animadas pelo estimulante da me-
lhora econômica.
Daí a importância de haver rea-
ção imediata e exemplar a dispara-
tes autoritários, como a conjectura
sobre a volta do AI-5.
Estoura os tímpanos o silêncio do
ministro Dias Toffoli, chefe do Po-
der guardião dos direitos civis, a es-
se respeito. Também calado, o pro-
curador-geral, Augusto Aras, reforça
a imagem de docilidade ao Planalto.
Quanto mais musculoso o candi-
dato a caudilho, maior a força que
as instituições democráticas têm de
fazer para mantê-lo acorrentado.
vinicius.mota@grupofolha.com.br
Livre uma provocação desnecessá-
ria, mas as manifestações que par-
tiram de Brasília soam a agressões
infantis: do chanceler que fala em
“forças do mal celebrando” a volta
do kirchnerismo à publicação pre-
conceituosa de Eduardo Bolsonaro
sobre o filho de Fernández, Estanis-
lao, que se veste de “drag queen” e
pratica cosplay.
Os primeiros efeitos da desconfi-
ança mútua começam a aparecer.
Bolsonaro adiantou que não vai à
posse de Fernández. Já o argentino
preferiu fazer sua primeira viagem
internacional ao México, ignorando
seu vizinho mais importante.
O estilo de comunicação de Bolso-
naro e de seus aliados é um desafio
para o Itamaraty, até há pouco gui-
ado pela linguagem comedida da di-
plomacia. Agora, manter os segui-
dores do bolsonarismo mobilizados
pelas redes sociais parece ser a es-
tratégia principal. Mesmo que para
isso o Brasil fique falando sozinho.
Ou que o preço a pagar seja um cli-
ma de hostilidade política com um
parceiro estratégico.
o humilde pão francês, mas o car-
boidrato, que, segundo os ativistas,
transforma-seemglicose,fibras,pla-
cas de concreto armado e outros pe-
tardosdentrodoorganismo.Eopão,
com seu miolo acolhedor e amigo,
casca de dar água na boca e mil ma-
neiras irresistíveis de ser preparado,
é o reduto em que o carboidrato, so-
lerte, se esconde.
Só nos resta perguntar quanto
tempo levará para que esta campa-
nha chegue até aqui, repetindo mo-
vimentos anteriores contra a carne
vermelha,agordura,osóleos,osal,o
açúcar, os derivados do leite e o glú-
ten. Em algum momento, todos vi-
raram inimigos públicos e milhões
de pessoas foram convencidas a vê-
los como mortais.
Um conhecido meu, sócio da re-
de talvez mais sofisticada de pizza-
rias do país, falou-me há tempos do
único alimento de que jamais abrirá
mão na vida. Pensei que fosse citar
uma de suas fabulosas pizzas. Mas
ele disse: “Pão com manteiga”. Assi-
nei embaixo.
O peso
da noite
-
Marcus André Melo
Professor da Universidade Federal de
Pernambuco e ex-professor visitante da
Universidade de Yale. Escreve às segundas
“Fuímos ‘los ingleses’ de Amé-
rica”, afirmou Diego Portales
(1793-1837), o arquiteto do sis-
temainstitucionalchilenopós-
independência. A Inglaterra
era o ideal de centralização po-
lítica sob o primado da ordem
e da autoridade; de moderni-
zação institucional e preser-
vação de elementos dinásti-
cos. No século 19, o país assis-
tiu a pugnas contra “lo peso de
la noche” (Portales) protagoni-
zadas por dinastias familiares
que Alberto Edwards —uma
espécie de Caio Prado Jr., por
sua importância e extração fi-
dalga— denominou de “fron-
da aristocrática”.
Essestraçosdinásticosdaeli-
teeosescândalosqueessapro-
tagonizou são um ingrediente
da crise atual. Ao contrário do
Brasil ou Argentina, as famílias
empresariais —Edwards, Lar-
raín, Errázuriz, Matte, Chad-
wick, entre outras— têm lon-
ObilionárioSebastiánPiñera
temdoisex-presidentesemsua
ascendência materna,eseupai
foi embaixador na ONU. Seu ir-
mão criou o atual modelo pre-
videnciário em 1980, quando
ministro da pasta.
OsLarraínjáchegaramàPre-
sidência, e três de seus mem-
brosjáocuparamapastadaFa-
zenda (inclusive a atual).
A lista de ex-ministros das
famílias Errázuriz e Edwards
é extensa. Sua influência está
presentenaConstituiçãoatual,
cujo autor intelectual foi Jaime
Guszmán Errázuriz Edwards.
Quatroex-presidenteschilenos
noséculo19eramdafamíliaEr-
rázuriz. A titularidade do Mi-
nistério da Fazenda já passou
pelas mãos dos Edwards oito
vezes desde 1886, e a família é
proprietária do El Mercúrio.
A família Alessandri já ocu-
pou a Presidência duas vezes
—comArturo(1923-1925e1932-
1938) e seu filho Jorge (1958-
1962). O genro do primeiro —
ArturoMatteLarraín—éofun-
dador do conglomerado Mat-
te e ex-ministro da Fazenda.
Do atual ministério de Piñe-
ra dois membros são da famí-
nistro da Justiça, seu primo e
“mão direita”.
Vários desses grupos famili-
ares estiveram envolvidos na
última década em escânda-
los. Há casos de corrupção no
financiamento eleitoral (que
atingiu todos os partidos, in-
dependente de ideologia, co-
mo no caso SQM) e em fundos
de pensão. Além de escândalos
de formação de cartéis de pre-
ços —das farmácias aos super-
mercados—, o que provocou a
ira dos novos cidadãos-consu-
midores produtos da robusta
modernização. O caso do car-
tel do papel higiênico envolveu
as famílias Ruiz-Tagle e Matte
e levou ao afastamento do mi-
nistro dos Esportes.
Relações de consumo politi-
zam-se quando há fusão entre
a elite econômica e a política.
Problemas empresariais tor-
nam-se políticos.
Opaísprosperou,masafron-
da continua. A Inglaterra ain-
da está longe.
a eee
TeNDêNcIas/DebaTes
folha.com/tendencias debates@grupofolha.com.br
os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular
o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
Segurança
no rumo certo
Há perdas incomensuráveis durante essa caminhada
- pios científicos. Assim, a inteligên-
Wilson Witzel
governador do rio de Janeiro (PSC), juiz federal por 17 anos, doutorando em ciência política pela uFF,
mestre em processo civil e ex-fuzileiro naval
A Síria entrou em guerra civil no
início de 2011. Desde então, for-
ças fortemente armadas, tanques
e aviões se enfrentam em comba-
tes ferozes pelo domínio do país,
até com uso de armas químicas. As
estimativas variam, mas o número
de mortos está em torno 450 mil. É
um dos conflitos mais violentos do
mundo atualmente. Não há guerra
no Brasil, somos um país pacífico,
sem problemas fronteiriços e sem
atritos internos graves. No mesmo
período das atrocidades sírias, fo-
ram assassinadas 436 mil pessoas
no Brasil. Números muito seme-
lhantes. Algo está errado. E ainda
há quem não queira ver a realidade:
vivemos uma guerra contra o crime
organizado e o narcoterrorismo.
AssumiogovernodoestadodoRio
deJaneirocomabandeiradoenfren-
tamento ao crime. Tenho a perfei-
ta noção do tamanho do problema
que o país enfrenta. É uma luta de
vida e morte. Infelizmente. Há mi-
lhares de vítimas inocentes todos os
dias. Estou ao lado delas. Luto por
eles, brigo e vou levar essa política
de segurança adiante para salvar vi-
das e mudar o quadro trágico que
recebi ao assumir em janeiro.
Os fatos já podem ser vistos, pois
há melhoria em praticamente to-
dos os índices de criminalidade.
Ilusionismo e meias verdades
debate sobre a descriminalização das drogas é raso
- torpecentes ainda é penalizado com
Campos Machado
advogado criminalista e deputado estadual (PTb-SP), é secretário-geral do PTb e coordenador da
Frente nacional contra a Liberação da maconha e da Cocaína
O Supremo Tribunal Federal deve-
rá julgar nos próximos dias o recur-
so especial 635.659 para analisar a
constitucionalidade do artigo 28 da
lei antidrogas (11.343/2006). Uma
possível consequência será a “des-
criminalização”dasdrogasnoBrasil.
Personalidades têm afirmado que
ousodeentorpecentesnãopodemo-
tivar uma prisão; que liberar o con-
sumo não vai aumentar o número
de usuários; e que será um caminho
para a legalização das drogas, o que
“enfraqueceria a atividade do tráfi-
co”. Mas quantos são condenados à
prisão apenas pelo uso de drogas? A
resposta é direta: zero ou ninguém.
Nem mesmo quem responde por
tráfico de drogas na condição de réu
primário cumpre regime fechado,
conforme decisão do STF de 2016.
Ademais, o artigo 28, a ser julgado
nos próximos dias, não condena ne-
nhum usuário à prisão —prevê ape-
Até setembro, o número de homicí-
dios dolosos caiu 21%. São 818 pes-
soas que poderiam não estar vivas
se os caminhos que eu escolhesse
fossem os da omissão e da covardia.
Muitos governantes do passado op-
taram pela política dos acordos ou
donãoenfrentamento.Estamosnes-
te caos pela opção equivocada de
achar que venceríamos o crime pe-
la inércia. Chegamos a um beco sem
saída. Por isso, é preciso enxergar
a realidade para mudar a trajetória.
Neste ano, iniciamos um proces-
so de transformação. As forças de
segurança melhoraram significati-
vamente seu desempenho. Apoiei
nossos policiais, e eles responderam
positivamente: aumento de 43% na
elucidação de crimes pela Polícia Ci-
vil, que resolve mais crimes letais e
mais autorias de roubos. Os casos
solucionados saltaram de 45 mil
para 65 mil. As polícias Civil e Mili-
tar retiraram de circulação 438 fu-
zis —um recorde—, além de apre-
enderem 33,9 toneladas de drogas
em 2019, superando os anos anteri-
ores. O roubo de veículos caiu 23%,
e o de cargas, 19%. Os policiais que
obtiveram esse resultado estão na li-
nha de frente do combate. Colocam
suas vidas em risco todos os dias.
Merecem o nosso apoio e confiança.
Alguns questionam a política de
nas uma advertência sobre o efeito
das drogas e que um juiz possa de-
terminar prestação de serviços à co-
munidade ou comparecimento a al-
gum programa de apoio ao usuário.
Tambémseescondepublicamente
o que originou o julgamento do re-
curso especial 635.659. Na verdade,
o réu que recorreu ao Supremo pa-
ra o caso foi pego com sementes de
maconha dentro de uma prisão em
Diadema (SP), local onde já cumpre
pena poroutrocrime.Indignado em
ter que prestar serviços comunitá-
rios, ele recorreu ao STF. Ou seja, o
debate é motivado por inverdades.
Mas não para por aí: há quem use
a legislação de Portugal como argu-
mento para defender a “queda” do
artigo 28 —como fez publicamen-
te o ministro Celso de Mello—, afir-
mando que lá não houve aumento
expressivo no consumo de drogas
após a “descriminalização”.
segurança do governo do estado.
Respeito opiniões quando embasa-
das. E respeito ainda mais números
e fatos. Fui juiz federal. Exerci a ma-
gistraturatomandodecisõescomba-
senosautos.Unindoopiniãocomfa-
tos,dadoseestatísticascaminhamos
para algo mais próximo dos princí-
cia policial poderá obter melhores
resultados para inibir a ação de de-
linquentes. Conseguiremos núme-
ros ainda melhores, até porque es-
tamos ampliando o quantitativo
de policiais militares nas ruas em
mais 3.000 homens. E já colocamos
354 agentes a mais na Polícia Civil.
Há perdas incomensuráveis du-
rante essa caminhada. Sou pai, so-
lidarizo-me com cada família atin-
gida pela violência. Tenho certeza
de que estamos no caminho certo.
O recuo que alguns defendem signi-
fica deixar o território para nossos
adversários, os inimigos da vida, da
ordem, da paz, da lei. Mas aviso: eles
não terão trégua. Reafirmo o soció-
logo e jurista alemão Max Weber: o
Estado tem o monopólio do uso le-
gítimo da força. Quem não obede-
cer deve receber o peso da Justiça.
Avançaremosnainiciativadelevar
novas políticas e equipamentos pú-
blicos às comunidades do Rio. Sem-
pre foi promessa, mas nunca che-
gou perto de ser cumprida. Vamos
colocar em prática e melhorar os
indicadores sociais de áreas caren-
tes, retirando o poder do crime de
aliciar jovens para suas fileiras. Va-
mos romper com o círculo do mal
que se instaurou por anos em cida-
des que viviam sitiadas pelo medo.
Superamos, assim, os primeiros
meses de gestão com esses núme-
ros e muitos projetos em andamen-
to. Em benefício de todos. Do povo
do estado do Rio, do povo brasileiro.
E vamos seguir em frente.
Venceremos!
Cesar Habert Paciornik
Mais um grave equívoco. Não há
base de dados confiável sobre o con-
sumodeumprodutoilegal;logo,não
se sabe com precisão se o consumo
aumentou ou diminuiu. Ademais,
no país ibérico, quem consome en-
multas pecuniárias. E, antes do ano
2000, o usuário português poderia
ser condenado à prisão —duas coi-
sas que não acontecem por aqui.
Também há distorções graves
acerca do impacto da liberação
das drogas na segurança pública.
Não há estudos confiáveis nem evi-
dências seguras de que a liberação
das drogas vai enfraquecer o trá-
fico. A engenharia financeira dos
traficantes é complexa. O minis-
tro Luiz Barroso, um dos defenso-
res da liberação no Brasil, usa co-
mo argumento o desempenho da
guerra às drogas nos EUA.
Técnicos da Frente Nacional Con-
tra a Liberação da Maconha e da Co-
caína,formadaporespecialistasees-
tudiosos do tema e por mim criada,
encontraram inconsistências analí-
ticas contundentes nesse debate.
A prudência exige uma estimati-
va de efetividade: quem serão, de
fato, os beneficiados pela liberação
das drogas? Certamente não serão
as 28 milhões de pessoas que já li-
dam com o drama de ter algum de-
pendente químico em suas famílias.
Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
PaINeL Do LeITor
folha.com/paineldoleitor leitor@grupofolha.com.br
Cartas para al. barão de Limeira, 425, São Paulo, CeP 01202-900. a Folha se reserva o
direito de publicar trechos das mensagens. informe seu nome completo e endereço
Paulo Guedes
Alguém ainda cai nessa (“Dá pa-
ra esperar 4 aninhos de um libe-
ral após 30 anos de centro-esquer-
da”, Mercado, 3/11)? O ministro usa
e abusa da ignorância que é fisga-
da pela polarização. Alguém mais
atento sabe muito bem que os go-
vernos anteriores eram liberais
na economia. A diferença é que o
atual é liberal até na política soci-
al. Acredita que a desigualdade é
resultado da meritocracia. Nessa
cartilha, 1% da população é capaz
e 99% faz corpo mole.
Cristiano Jesus (americana, SP)
* “filhocracia miliciana”.
As propostas de Paulo Guedes são
todas ótimas. Tomara que sejam
aprovadas. O Brasil cresceria mais
e com menos inflação.
Elton Luis Ferreira Cabreira
(Taquaritinga, SP)
* do sua paixão pelo seu propósito
InfelizmenteseGuedes forbemsu-
cedido teremos uma miséria nun-
ca vista no mundo. É um verda-
deiro processo de “congolização”.
Quanto maior o sucesso do minis-
tro da Fazenda, maior terá que ser
o calibre do estadista que terá que
consertar os estragos neoliberais.
Marcelo Lopes Pereira (São Paulo, SP)
* não pode se ocupar de ensino téc-
Não entendi o espaço que a Folha
deu a Guedes para expor as mons-
truosidades que faz e quer fazer
contra a população e o Brasil. Eu
me sinto totalmente abandonada.
Precisamos deumaimprensacom-
bativa.Emvezdisso,recebemoses-
sas ameaças todas, que, provavel-
mente, têm por objetivo nos ame-
drontar e mostrar quem manda.
Dea Maria Kowalski (Curitiba, Pr)
* ve-se oferecer o cuidado integral
A entrevista é didática e esclare-
cedora, mas existem aqueles que,
mesmo diante de evidências, ne-
gam-se a admitir a lógica de fatos
e raciocínio. Casualmente, são os
mesmos que esbravejaram contra
término do incompetente governo
do poste Dilma que seguiu o do te-
atrólogo Lula. Estamos todos no
mesmobarco.Vamosremarjuntos.
Marcos Serra (Porto alegre, rS)
Laranjas e mulheres
O presidente do partido de Bolso-
naroacreditaquepolíticanãoécoi-
sas para mulheres, por isso a cota
de 30% de candidaturas de mulhe-
res teria sido usada para financiar
apaniguados (“Investigadas em es-
quema do PSL dizem que verba de-
las ajudou Bolsonaro”, Poder, 3/11).
Estabelecer cotas para candidatu-
rasfemininaséumequívoco.Cotas
para homens e mulheres deveriam
ser estabelecidas nas casas legisla-
tivas, onde a representação é pro-
porcional. Assim, metade das ca-
deiras de vereadores e deputados
seria ocupada por mulheres, inde-
pendentementedavotaçãoobtida.
Walter Cintra Ferreira
Junior (São Paulo, SP)
Colunista
Fernando Haddad sintetizou bem
o governo Bolsonaro, um gover-
no autoritário, neoliberal e funda-
mentalista (“Geringonça”, Opinião,
1º/11). Até os antigos pares de Bol-
sonaro afirmam isso. O Brasil está
ficando cada vez mais um país pe-
rigoso para se viver, infelizmente.
Paulo Sérgio Cordeiro
Santos (Curitiba, Pr)
* ria de Cultura e a Fundação Padre
Fernando Haddad fala o óbvio e
aindafinalizacomumdiscursoder-
rotista. Lamentável que isso con-
figure a esquerda em nosso país.
O governo com índices de insatis-
fação altíssimos e Haddad já pre-
vê a possibilidade de derrota para
essas forças retrógradas.
Guilherme Lopes Latini (matinhos, Pr)
erramos
erramos@grupofolha.com.br
PODER (28.OUT., PÁG. A14) Diferen-
temente do que afirmou a repor-
tagem “Tática de Temer de ques-
tionar áudio da JBS vinga após 2
anos”, Marcelo Miller se tornou réu
sob acusação de corrupção, mas
não chegou a ser preso.
A3
opinião
Bolsonaro e a Folha
Bolsonaroaderiuaochavismo: cor-
ta verba de jornal com o qual não
concorda, ameaça não renovar a
concessão de grupo que não lhe
agrada, agride jornalistas e só con-
cede entrevistas para grupos alia-
dos aogoverno.AVenezuela éaqui.
Fabiana Tambellini (São Paulo, SP)
*
Comoassinantehámaisde36anos,
orgulho-me de prestar solidarie-
dade ao jornal neste momento do
ataque obscurantista. Nossa con-
vicçãoderespeitoaoEstadodemo-
crático de Direito é maior do que a
Jonas Nilson da Matta (São Paulo, SP)
Bruno Covas
Parabenizo o prefeito Bruno Covas
pela “Carta a São Paulo” (Tendên-
cias / Debates, 3/11). Ele comenta o
seurecentediagnóstico,reafirman-
na vida das pessoas, sua vocação
política, seu compromisso em aju-
dar a melhorar a vida das pessoas e
sua fé na perseverança do correto.
Darlan de Castro (São Paulo, SP)
Muro de Berlim
A simpatia dos orientais com a ex-
tremadireitademonstraqueaedu-
cação verdadeiramente socialista
nico, mas de formar cidadãos com
mais respeito à liberdade, à solida-
riedade e à igualdade (“Alemanha
unificada se volta à direita, sobre-
tudo no Leste”, Mundo, 3/11).
Ricardo Fernandes (Salvador, ba)
Saúde
Observa-sequeoaumentodetrans-
tornos mentais na população não
se deve a uma única causa (“Pres-
são na saúde”, Opinião, 1º/11). De-
e interdisciplinar, pois somos fru-
to de oportunidades sociais, afeti-
vas, culturais, econômicas. Promo-
versaúdeeprevenirdoençasimpli-
ca também identificar a “deman-
da reprimida”, não de “serviços de
saúde mental”, mas de especialis-
tas em todos os serviços.
Roseine Fortes Patella, psicóloga e
mestre em saúde coletiva (Santos, SP)
*
A reportagem “Internações de cri-
anças devido transtornos mentais
crescem 36%” (Saúde, 27/10), de
Cláudia Collucci, está muito atual,
preocupante e urgente. E isso está
acontecendo pelo mundo inteiro.
Romeu Merhej (São Carlos, SP)
Novo MIS
A Folha errou em “Novo MIS ofus-
ca cenário de abandono e até fe-
chamento de espaços do governo
de SP” (Ilustrada, 2/11). Nenhum
espaço cultural do Governo de SP
foi fechado. O investimento é de
R$ 1,2 bilhão em 2019 —R$ 200 mi-
lhões do setor privado. O Museu da
Casa Brasileira está aberto, e o co-
modato do imóvel será renovado
em 2021. O novo Paço das Artes se-
rá aberto em janeiro. O novo Mu-
seu da Língua Portuguesa, em ju-
nho. A Casa das Retortas é obje-
to de ação judicial. Cultura é prio-
ridade na gestão Doria. Em outu-
bro, iniciamos a reforma e ampli-
ação do Museu do Ipiranga.
Sérgio Sá Leitão, secretário
de Cultura e economia Criativa
do estado de São Paulo
Resposta do jornalista Gustavo Fiorat-
ti - Até sexta-feira (1º), a Secreta-
Anchieta afirmavam que não esta-
va programada renovação do con-
trato de comodato do casarão que
o Museu da Casa Brasileira ocupa.
Após publicação da reportagem,
houve mudança no posicionamen-
to da secretaria. A fundação, por
sua vez, não confirmou a renova-
ção do comodato.
COTIDIANO (30.OUT., PÁG. B2) Dife-
rentemente do que foi publicado
no texto “Socialite, dedicou-se ao
lar e a causas beneficentes”, a bis-
neta de Lourdes Fonseca Sigaud
é neta de Maria Stella Gregori, e
não sua filha.
A4 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 a eee

poder
PAInel Daniela Lima
painel@grupofolha.com.br

Certo pelo duvidoso?

Atose discursos autoritáriosfeitospelosBolsonarosna
última semana reavivaram discussões sobre alterar a
Constituição para permitir a reeleição do atual coman-
do do Congresso: Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Câmara e
DaviAlcolumbre(DEM-AP)noSenado.Umdeputadode
centroqueeracontraamanobraeagoradizqueeladeve
ser repensada sustenta que é preciso proteger o Parla-
mento.“Umaformadefazerédeixá-locomquemjápro-
vou ter equilíbrio para lidar com situações extremas.”

AreiA movediçA A operação vApt-vupt Ministros do Su-

é mais complexa na Câmara.
Maia exerce a presidência da
Casa pela terceira vez e há, no
meio de seus aliados, quem
aponte que qualquer passo
por mais um mandato pode
estremecer o acordo entre o
democrata e os partidos que
o apoiam de que um nome do
PP iria sucedê-lo.
premo dizem que de quinta-
feira (7) não passa o desfecho
da discussão sobre a prisão
após condenação em segun-
da instância. Gilmar Mendes
antecipou a colegas que vai le-
var cerca de dez minutos pa-
ra proferir seu voto.
vApt-vupt 2 Além dele, ou- O presidente do Supremo, Dias Toffoli Pedro Ladeira - 23.out.19/Folhapress
tros três ministros precisam

Toffoli enfrenta pressão

Fins e meios Os críticos da
manobra dizem que o Con-
gresso seria muito criticado
por agir com casuísmo, alte-
rando a lei para atender a um
votar. Dias Toffoli, o presiden-
te da corte e possível voto de
minerva, também tem dito
que fará exposição enxuta, de
menos de 20 minutos.

interna e externa para

anseio específico. O temor de
que o Legislativo seja acusado
de quebrar a ordem vigente
para impor limites ao gover-
no também é mencionado.
vALe o que está escrito A
chancedeumasaída interme-
diária perdeu mesmo muita
força. Ministros que votaram

voto decisivo no Supremo

Lição do pAssAdo Já entre os
entusiastas da medida há a
análisedequeahistóriarecen-
te mostra que, em momentos
de crise, o Parlamento pode
errar —e feio— na escolha de
seu comando. Além de Eduar-
do Cunha, o nome de Severi-
no Cavalcanti, um deputado
do baixo clero que foi alçado à
presidência após o escândalo
do mensalão, é citado.
sinAL AmAreLo O próprio Ro-
drigo Maia tem dito que não
acha “uma boa ideia” modifi-
car a legislação. Aos aliados,
ele indica que o tema precisa
ser exaustivamente ponde-
rado antes de qualquer ação.
Davi, por sua vez, é mais afei-
to à mudança.
não sei se vou ou se Fico As
especulações de que o sena-
dor Antonio Anastasia (MG)
deve migrar do PSDB para o
PSD começaram a gerar incô-
modo no tucanato. Questio-
nado sobre o assunto, o pre-
sidente da sigla em Minas,
Paulo Abi-Ackel, diz que não
foi informado de nada e en-
via sinais de que espera uma
posição definitiva.
pegAdAsnAAreiA “OPSDBfoi
o partido que projetou Anas-
tasia, partido pelo qual ele
chegou ao governo de Minas
duas vezes, depois ao Senado
e agora à vice-presidência da
Casa. Espero que ele termine
omandatodesenadornasigla
que o elegeu”, diz Abi-Ackel.
TIROTeIO
A confissão de Bolsonaro é grave. É
prova de interesse no caso Marielle, de
obstrução de Justiça e de relações com milícia
Do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), após o presidente ter dito que
pegou gravações de seu condomínio; ato será alvo de queixa no STF
com Mariana Carneiro e Julia Chaib
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5,00 (seg. a sáb.) 5,50 6,00
7,00 (domingo) 8,00 8,50
pela prisão em segunda ins-
tânciadizemque,entreotrân-
sitoemjulgadoeaprisãoapós
análise do Superior Tribunal
de Justiça (hipótese aventada
anteriormente por Toffoli),
ficam com a primeira opção.
discussão sobre prisão após 2ª instância será retomada na quinta-feira;
presidente da corte fez movimentos políticos por ambiente menos hostil
muy Amigo O governo brasi-
leiro quer fazer com que a Ar-
gentina se comprometa com -
Thais Arbex e
uma agenda de abertura eco- Reynaldo Turollo Jr.
nômica, oferecendo em troca
gestos como o apoio à entra- Brasília Sob pressão em um
da dos hermanos na OCDE ambiente político ainda mais
antes do Brasil. radicalizado, o presidente do
STF (Supremo Tribunal Fe-
cAtimbA Nesta circunstân- deral), ministro Dias Toffoli,
cia, membros da ala ideoló- deve dar nesta semana o vo-
gica do governo dizem estar to decisivo no julgamento das
dispostos a ampliar a integra- ações sobre a constitucionali-
ção, apesar das diferenças po- dadedaprisãodecondenados
líticas. Mas também já elabo- em segunda instância.
ram um plano B, para o caso A retomada da discussão ju-
de resistência argentina. dicial mais esperada do ano,
marcada para quinta-feira (7)
dAnçA dA cAdeirA A ideia é, e que também pode afetar o
para alguns produtos, recor- destino do ex-presidente Lu-
rer a tratados consagrados la,acontecenummomentode
pela OMC (Organização Mun- instabilidade, em que Toffoli
dial do Comércio), como um tem sido cobrado por uma ala
acordo multilateral que pre- da corte a dar uma resposta
vê zerar as tarifas de impor- institucional enfática aos re-
tação de bens de informática centes ataques à corte.
de todos os signatários. A publicação de um vídeo
numaredesocialdopresiden-
cerejA do boLo Outra fonte te Jair Bolsonaro no qual ele é
de insatisfação da ala radical retratadocomoumleãocerca-
do governo não é bem a Ar- do por hienas, entre elas uma
gentina, mas o que chamam querepresentaoSupremo,de-
de “entulho político-ideológi- flagrou insatisfação de parte
co”doMercosul”.Destaquepa- deseusparesdiantedaausên-
ra o Parlasul, que reúne par- cia de uma resposta oficial.
lamentares dos países sócios. Coube ao decano Celso de
Nesse fórum, o PT tem papel Mello sair em defesa do STF.
de destaque. ApósserprocuradopelaFolha,
o ministro disse que “o atrevi-
mentopresidencialparecenão
encontrarlimitesnacompos-
tura que um chefe de Estado
devedemonstrarnoexercício
de suas altas funções”.
Nos dias seguintes ao do ví-
deo, que acabou apagado por
Bolsonaro, novas polêmicas
resvalaram no Supremo. Bol-
sonaro teve o nome citado
por um porteiro na investiga-
ção sobre a morte de Mariel-
le Franco (PSOL) e um dos fi-
lhosdele,odeputadoEduardo
(PSL-SP),falounapossibilida-
de de um “novo AI-5” no caso
de radicalização da esquerda
—referência ao marco do pe-
ríodo mais duro da ditadura
militar.Novamenteopresiden-
te do STF não se pronunciou.
Nos bastidores, Toffoli jus-
tifica seu silêncio. A pessoas
próximasopresidentetemdi-
to que a corte tem de se pre-
servar e que, à frente da mais
alta instância do Poder Judi-
ciário, ele não pode virar co-
mentarista de Twitter nem
323.143 exemplares
213.550.554 bater palma para louco dan-
35.289.448 çar, numa referência às pu-
blicações e declarações mais
Carga tributária 3,65% polêmicas do clã Bolsonaro.
aL, ba, Pe, Se, To outros estados
1.128,00 1.399,00
Naquarta-feira(31),apóssa-
irdeumeventoemSãoPaulo,
aL, ba, Pe, Se, To outros estados
Toffoli enfrentou um protes-
9,25 10,00 to com cerca de 15 pessoas fa-
11,00 11,50 voráveis à prisão após conde-
nação em segunda instância.
Vestidosdeverdeeamarelo,os
manifestantescercaramocar-
rodopresidentedoSupremo,
chegaram a bater na lataria e
estenderamumafaixacomos
dizeres “hienas do STF”.
O pano de fundo do peque-
no ato é o apoio à Operação
Lava Jato e ao ex-juiz Sergio
Moro, hoje ministro da Jus-
tiça de Jair Bolsonaro, am-
bos sob escrutínio do Supre-
mo.Emconversasreservadas,
Toffoli minimizou o protesto.
O CNJ (Conselho Nacional
de Justiça) estima que uma al-
teraçãonajurisprudênciaatu-
alpoderiabeneficiar até4.895
réus que tiveram a prisão de-
cretada após serem condena-
dos em segundo grau. O ex-
presidente Lula, preso em Cu-
ritiba desde abril de 2018 pe-
lo caso do tríplex de Guarujá
(SP), é um dos que podem se
beneficiar com uma eventual
mudança de entendimento.
Diante de um provável veto
doSTFàprisãodecondenados
em segundo grau, o presiden-
te do tribunal tem feito movi-
mentospolíticosparaconstru-
ir um ambiente menos hostil
a uma decisão nesse sentido.
Na última segunda (28),
mesmo dia em que foi veicu-
ladoofilmedas hienas,eleen-
viouaospresidentesdaCâma-
ra, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e
do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), uma sugestão pa-
ra alterar oCódigoPenaleevi-
tarqueprocessospenaispres-
crevam quando um réu recor-
rer às instâncias superiores.
Pela ideia de Toffoli, recebi-
da por Maia com entusiasmo,
os prazos de prescrição deve-
rão parar de correr quando
um condenado apresentar
recurso ao STJ (Superior Tri-
bunal de Justiça), que é con-
siderado uma terceira instân-
cia, e ao Supremo.
Também na segunda-feira
Toffoli indicou que vai pau-
tar, logo após as ações sobre
prisão em segunda instância,
a análise de um recurso que
definirá se condenados pelo
Tribunal do Júri podem recor-
rer em liberdade ou já devem
ser presos após o veredito.
O Tribunal do Júri julga cri-
mes dolosos contra a vida, co-
mo homicídios, e hoje alguns
condenados conseguem re-
correr em liberdade.
A intenção de Toffoli é dar
uma resposta às críticas de
parte da opinião pública que
temequehomicidasdemorem
aserpresose,aomesmotem-
po,acenaraogrupoquedefen-
de a prisão em segunda ins-
PRISãO APóS tância, que deve sair vencido.
2ª InSTânCIA O relator do recurso que dis-
cute o júri é Luís Roberto Bar-
O que está em roso, que integra esse grupo.
discussão? O placar parcial do julga-
A constituci- mento que será retomado es-
onalidade da tá em 4votos afavor da execu-
prisão de con- ção antecipada da pena (dos
denados antes ministros AlexandredeMora-
de esgotados es, Edson Fachin, Luís Rober-
os recursos to Barroso e Luiz Fux) e 3 con-
nos tribunais tra (Marco Aurélio, Rosa We-
superiores ber e Ricardo Lewandowski).
Entre os 4 ministros que fal-
Como é hoje? tam votar, 3 (Gilmar Mendes,
Desde 2016, a Celso de Mello e Dias Toffoli)
jurisprudência têm sido contra a prisão logo
do STF autoriza após condenação em segun-
a execução da instância, que é permitida
da pena após pelo STF desde 2016. Assim, a
segunda ins- tendência é de a corte ter mai-
tância, antes oria(6votos)para mudaraju-
do chamado risprudência vigente.
trânsito em jul- Na avaliação de advogados
gado. No atual edemembrosdo próprioSTF,
julgamento, comosgestosdaúltimasema-
4 ministros na, Toffoli indicou estar dis-
foram a favor postoavotarpelanecessidade
de manter esse esperar o trânsito em julgado
entendimento (o fim dos recursos dos tribu-
e 3 votaram nais superiores) para que um
por revertê-lo. condenado cumpra a pena.
Ainda faltam Publicamente, o ministro
os votos de tem dito que ainda não deci-
4 ministros diucomovaivotar—deixando
no ar a possibilidade de man-
Que impacto terapropostaquefezem2016.
a mudança Na ocasião, ele buscou uma
teria? saída intermediária: a de per-
O CNJ estima mitiraprisãoapósjulgamento
que ela poderia dorecursonoSTJ(opçãoque,
beneficiar até emtese,nãobeneficiariaLula).
4.895 réus. Seriaumcaminhodomeioen-
Lula pode ser tre os que defendem a prisão
um deles emsegundainstânciaeosque
vão pelo trânsito em julgado.
Hoje em dia, contudo,aava-
liação de observadores é de
que esse entendimento inter-
mediário só geraria mais di-
vergências no plenário.
Emboraasegundainstância
seja uma das principais ban-
deiras da Lava Jato, a opera-
ção está enfraquecida com a
divulgação das mensagens de
Telegram pelo site The Inter-
cept Brasil e por outros veícu-
los, incluindo a Folha.
A atuação de Toffoli deve
continuar em destaque no
restantedomês.Nodia21está
previsto o julgamento de um
recurso que paralisou todas
as investigações do país que
usaram dados de órgãos de
controle, como o antigo Coaf,
sem autorização judicial.
Aparalisaçãodasapurações
foideterminadapeloministro
em julho, atendendo a um pe-
dido do senador Flávio Bolso-
naro (PSL-RJ), que era investi-
gado pelo Ministério Público.
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 A5

O DEVORADOR DOS
PRINCIPAIS COMPARATIVOS
DE 2019.
A6 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
poder
Processo contra Eduardo aprofunda
polarização de conselho da Câmara
Conselho de Ética e decoro Parlamentar tem o maior número de ações num início de legislatura
-
Danielle Brant e
Angela Boldrini
Brasília A decisão da oposi-
çãodeabrir umprocesso con-
tra o líder do PSL na Câmara,
o deputado federal Eduardo
Bolsonaro (SP), no Conselho
de Ética e Decoro Parlamen-
tar da Casa deve escalar a po-
larização já observada na co-
missão ao longo dos quase
sete meses que se passaram
desde sua instalação.
O pedido de cassação do de-
putado se baseia no entendi-
mento da oposição de que a
declaração em que o filho do
presidente Jair Bolsonaro de-
fende um novo AI-5 configu-
raria abuso de prerrogativas
concedidas a parlamentares.
No conselho de ética, a re-
presentação contra Eduar-
do se somará a outros oito
processos instaurados contra
congressistas. Desses, quatro
sereferemadisputasentrego-
verno e oposição por troca de
ofensas e acusações.
É o maior número para iní-
ciosdelegislaturadesdequeo
conselho foi criado, em 2001.
O segundo ano com mais re-
presentações de deputados
contra seus colegas foi 2007,
sempre tomando como base
comparativa o ano inicial de
uma legislatura da Câmara.
Mais do que a quantidade
de processos, a natureza das
açõesinstauradaséoquemar-
ca a maior diferença entre os
demais períodos.
Em 2007, as representações
eram ancoradas em episódi-
os como o do mensalão (a de-
núncia de compra de votos de
parlamentaresnogovernoLu-
la, do PT) e a Operação Nava-
lha (que desmontou um es-
quema de favorecimento ile-
gal em licitações de obras do
PACedeprogramas federais).
Pouco mais de uma déca-
da depois, a polarização rei-
na no conselho.
Dos 21 assentos, os partidos
quesedeclaramcontráriosao
governoocupam6cadeiras.O
PSL,legendado filhodo presi-
dente, tem 2 membros.
Até o dia 19 de outubro, um
terço dos processos havia si-
do instaurado pelo PSL, par-
tido do presidente Jair Bolso-
Bolsonaro vai a estádio para ver jogo suB-17
O presidente Jair Bolsonaro com torcedores do Paraguai no estádio Bezerrão, em Brasília,
que ficou esvaziado no jogo do país contra a Itália pela Copa Sub-17 Pedro Ladeira/Folhapress
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) na Câmara
naro—ouseja,antesdoracha
entre a ala bolsonarista e ali-
ados do presidente da sigla,
deputado Luciano Bivar (PE).
Os alvos foram legendas de
esquerda, como PSOL e PT. O
partido do ex-presidente Lu-
la, por sua vez, era responsá-
vel pela ação mais recente a
ser instaurada no conselho
de ética, contra o deputado
Carlos Jordy (PSL-RJ).
Os motivos são os mais va-
riados. Em junho, o PSL en-
trou com uma representa-
ção contra os deputados Ed-
milsonRodrigues(PSOL-PA)e
Expedito Netto (PSD-RO). Os
parlamentares foram acusa-
dos de desrespeitar a autori-
dadedacolegaGeovâniadeSá
(PSDB-SC), que presidia ses-
sãonoplenário.OPSLacabou
retirando o pedido —única
desistência até o momento.
O partido do presidente
também ingressou com ação
contra a deputada Maria do
Rosário (PT-RS), acusando-
-a de tentar causar tumulto e
provocar briga com supostos
desafetos ou com congressis-
tas que tenham “ideologia di-
ferente da sua, se vitimizando
Pedro Ladeira - 21.out.19/Folhapress
ao final, como de costume”.
A terceira investida do par-
tido no conselho foi contra
o deputado Glauber Braga
(PSOL-RJ). Em julho, em audi-
ência públicacomaparticipa-
ção do ministro Sergio Moro
(Justiça), Braga afirmou que
ele era um “juiz que se cor-
rompeu” e um “juiz ladrão”.
Emseuparecersobreocaso,
o deputado Flávio Nogueira
(PDT-PI) escreveu que a imu-
nidadematerial doparlamen-
tar não pode ser considerada
como prerrogativa absoluta,
mas o processo foi arquivado.
Por outro lado, o PSL foi al-
vo de duas representações:
uma do PSDB contra o depu-
tado Coronel Tadeu (SP) por
ofensas contra o ex-governa-
dor Geraldo Alckmin; e a mais
recente, contra Jordy.
O deputado explica o episó-
dio que gerou a representa-
ção. “Na comissão de fiscali-
zação financeira e controle, o
deputado Jorge Solla (PT-BA)
chamou o PSL de partido das
laranjas. Há muito tempo te-
nho ouvido essa questão de
miliciano. E eu estou para fa-
lar uma coisa que falei naque-
le dia, que a gente sabe que o
PT tem envolvimento com
traficante, com as Farc [For-
ças Armadas Revolucionárias
da Colômbia]”, afirma.
“Então, quando eles nos
chamam de milicianos, nos
dá o direito de chamar eles de
traficantes também. E eu fa-
lei que o PT era o partido de
traficantes”, conclui.
Para o deputado do Rio, é
normal que, em um ambien-
te polarizado, aumente o nú-
mero de denúncias no conse-
lhodeética.“Antesaesquerda
atacava muito, ofendia e não
tinha uma resposta. Acabava
que não havia muitas denún-
cias. Agora, como os deputa-
dos de direita também estão
refutando, acaba tendo mui-
tas acusações no conselho.”
Já a esquerda critica o que
qualifica como uso do órgão
como ferramenta de perse-
guição. “Qualquer desaven-
ça ou qualquer conflito pode
ser resolvido inclusive pelo
bom senso”, afirma o deputa-
do Marcelo Freixo (PSOL-RJ).
No meio da troca de tiros, o
presidente do conselho, Jus-
celino Filho (DEM-MA), recor-
Bolsonaro fala em 80% de possibilidade
de deixar PSL e indica criação de partido
são Paulo O presidente Jair
Bolsonaro afirmou que, nu-
ma escala de 0 a 100, é de 80%
a probabilidade de que saia
de seu partido, o PSL. E, nes-
te caso, há 90% de chance de
que funde um novo partido.
Adeclaraçãofoidadaemen-
trevista ao programa Domin-
go Espetacular, da TV Record,
exibido na noite deste domin-
go (3). “Eu pago a conta sobre
qualquer desvio de terceiro
no partido. E a mesma coisa
acontece no tocante a fundo
partidário”, afirmou Bolsona-
ro, que trava embate com o
presidente nacional da sigla,
deputado Luciano Bivar (PE).
Bolsonaro afirmou que ou
ele passa a ter o comando
das ações no PSL ou deve sa-
ir. Disse que seu sonho seria
criar um partido até março e
ter cerca de 200 candidaturas
pelo país nas eleições munici-
pais do ano que vem.
NaentrevistaàRecord,opre-
sidente voltou a atacar a TV
Globo e o governador do Rio,
WilsonWitzel(PSC-RJ),emra-
zão de reportagem do Jornal
Nacional,divulgadanodia29,
querelacionavaseunomeàin-
vestigação do assassinato de
Marielle Franco (PSOL).
Bolsonarodissequeesse ca-
so não está encerrado e que o
reaocódigoeregulamentodo
grupoparaaplacarosânimos.
A solução, afirma, “é conduzir
os trabalhos e ser totalmente
imparcial em todos os casos”.
Naavaliaçãodoscongressis-
tas, outra forma de diminu-
ir a temperatura é reforçan-
do a punição. A maioria dos
processos é arquivada.
Em algumas ações, como a
envolvendo a deputada Maria
do Rosário, o relator do caso,
deputado Hiran Gonçalves
(PP-RR), recomendou a apli-
cação de censura verbal à par-
lamentar —o processo tam-
bém foi arquivado.
Jordy, do PSL, defende pu-
nições mais enérgicas a rein-
cidentes e parcimônia na aná-
lise das representações.
“Tem que fazer uma dosi-
metria. Não pode fazer tam-
bém com que uma pequena
questão que pode ser consi-
derada uma quebra de deco-
ro seja também punida com
perda de mandato”, diz.
Freixo,doPSOL,dizquepo-
larizaçãoedesavençasdevem
ser resolvidas fora de lá. “O
conselho de ética não é ins-
trumento da guerra política.”
advogado-geral da União pe-
diu que o procurador-geral da
República tome depoimento
do porteiro que citou seu no-
meedodelegadoresponsável.
O presidente voltou a dizer
que as informações foram va-
zadas por Witzel —que nega.
“Ele tem usado a máquina pú-
blica para me perseguir.”
Sobre as declarações de
seu filho, o deputado Edu-
ardo Bolsonaro (PSL-SP), so-
bre “um novo AI-5”, uma das
mais repressoras medidas da
ditaduramilitarnopaís,opre-
sidente disse que ele está pro-
tegido por ser parlamentar.
“Eu puxei a orelha dele, por-
que falou em AI-5. Mas o pes-
soal aproveita, qualquer coi-
sa que a gente faz potenciali-
zam”, afirmou Bolsonaro, ne-
gando que seus filhos atrapa-
lhem seu governo.
Presidente tenta
inibir apuração,
dizem delegados
rio DE JaNEiro Associaçõesque
representamdelegadosdepo-
lícia no Brasil divulgaram nes-
te domingo (3) nota conjunta
de repúdio a declarações do
a eee
$
O AI-5 em 5 frases
“
Se a esquerda
radicalizar a esse
ponto, a gente vai
precisar ter uma
resposta. E uma
resposta pode ser
via um novo AI-5
Eduardo Bolsonaro
deputado federal (PSL-SP)
“
Manifestações
como a do senhor
Eduardo são
repugnantes e têm
de ser repelidas
com toda a
indignação possível
Rodrigo Maia
presidente da Câmara
“
Quem quer que seja
que fale em AI-5
está sonhando
Jair Bolsonaro
presidente da república,
“
Peço desculpas
a quem tenha
entendido que
estou estudando
o retorno do AI-5.
Essa possibilidade
não existe
Eduardo Bolsonaro
após crítica do pai
“
Existe uma
coisa chamada
imunidade
parlamentar,
chamada direito à
fala, à opinião, mas
também existe um
limite quanto a isso
Juscelino Filho
presidente do Conselho
de Ética da Câmara
presidente Jair Bolsonaro su-
gerindo direcionamento nas
investigações do assassinato
da vereadora Marielle Fran-
co (PSOL) e do motorista de-
la, Anderson Gomes.
Eles acusam Bolsonaro
de tentar intimidar a Polí-
cia Civil do Rio, “com o intui-
to de inibir a imparcial apu-
ração da verdade”, ao insi-
nuar em vídeo e entrevis-
tas a adulteração de provas
e referir-se ao delegado que
comanda o inquérito como
“amiguinho” do governador
do Rio, Wilson Witzel (PSC).
A nota é assinada por Ade-
pol(AssociaçãodosDelegados
de Polícia do Brasil), Fende-
pol (Federação Nacional dos
Delegados de Polícia Civil) e
por entidades que represen-
tam a categoria no Rio de Ja-
neiro, Amazonas e Pará.
“Valendo-se do cargo de
presidente da República e de
instituições da União, [Bol-
sonaro] claramente ataca e
tenta intimidar o delegado
de polícia do Rio de Janei-
ro, com o intuito de inibir a
imparcial apuração da ver-
dade”, afirma o texto das en-
tidades, sem citar o nome
de Daniel Rosa, delegado res-
ponsável pelas apurações.
Nicola Pamplona
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 A7

AVALIAÇÃO DE 12 MODELOS DE SUVs ATÉ R$ 95.000

SUPERA
HONDA HR-V, HYUNDAI CRETA,
JEEP RENEGADE E OUTROS.
FONTE: REVISTA QUATRO RODAS - EDIÇÃO 721 - MAIO 2019 - PÁGINAS 26 A 35.
A8 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
poder
Golpista. E agora?
Será possível continuar assim por mais três anos?
- livre? Se toda a imprensa fos-
Celso Rocha de Barros
Servidor federal, é doutor em sociologia pela universidade de oxford (inglaterra)
O debate sobre as intenções de
Jair Bolsonaro está encerrado.
Jair Bolsonaro lançou seu
filho Eduardo como boi de pi-
ranha para testar as águas do
golpe de estado. Jair Bolsona-
ro ameaçou cancelar a con-
cessão de TV da Globo por-
que ela fez denúncias con-
tra ele. Jair Bolsonaro ame-
açou os anunciantes da Fo-
lha e cancelou as assinatu-
ras do jornal nos órgãos pú-
blicos federais. Jair Bolsona-
ro postou um vídeo em que o
Supremo Tribunal Federal, a
| dom. Elio Gaspari, Janio de Freitas | seg. Celso Rocha de Barros | ter. Joel Pinheiro da Fonseca | qua. Elio Gaspari | qui. Fernando Schüler | sex. Reinaldo Azevedo | sáb. Demétrio Magnoli
Com penduricalhos, desembargadores
do TJ-SP recebem R$ 56 mil por mês
rendimento bruto até julho inclui salários, retroativos e benefícios na corte, que tem contas apertadas
Judiciário Paulista
-
José Marques
são Paulo Emdificuldadespa-
ra conter despesas com pes-
soal, o Tribunal de Justiça de
São Paulo desembolsou nes-
te ano, em média, R$ 56 mil
mensaiscomcadaumdos360
desembargadores e também
com os 400 aposentados da
corte —segundo os últimos
dados disponíveis, até julho.
O cálculo inclui não somen-
te os salários, mas o recebi-
mento de retroativos e bene-
fícios como auxílios e abonos,
em valores brutos —ainda
sem descontos da Previdên-
cia e do Imposto de Renda.
Os dados foram levanta-
dos pela Folha em informa-
ções prestadas pela corte ao
Conselho Nacional de Justiça.
Mesmos apósrecolhimento
dos impostos, cada magistra-
doaindaficou,emmédia,com
R$ 44 mil líquidos por mês.
Segundo o Tribunal de
Justiça, os juízes têm direi-
to a auxílio-alimentação, fé-
rias anuais, licença-prêmio
e dias de compensação por
cumulação de funções.
Além disso, recebem retro-
ativos, compostos principal-
mentedeequiparaçõessalari-
ais,quesãocorrigidospelain-
flação.Apósossalários,sãoas
maiores despesas pagas pelo
tribunal aos seus integrantes.
De janeiro a julho, o gasto
com retroativos dos desem-
bargadores do TJ-SP foi de
cerca de R$ 48 milhões.
Atualmente, o salário dos
desembargadores paulistas
é, sem contar os descontos,
de R$ 35.462,22. Isso porque
elespodemreceberaté90,25%
daremuneraçãodeum minis-
trodoSTF(SupremoTribunal
Federal), que é de R$ 39.293.
Masaosaláriosãoacrescen-
tadosoutrospagamentosque
não contam como gastos que
ultrapassam o teto do funcio-
nalismo—portanto,sãolegais.
Em São Paulo, a média dos
pagamentos feitos a desem-
bargadoresnãoétãodiferente
dos recebidos pelos juízes de
entrância final (de comarcas
cujas cidades atendidas têm
mais de 100 mil eleitores), que
foi de R$ 52 mil nos sete pri-
meiros meses deste ano.
Os pagamentos de retroati-
vos,dizoTJ-SP,sãoparcelados
e na maioria dos casos não ul-
trapassa R$ 20 mil mensais.
Mas há exceções. Em maio,
o desembargador José Fer-
nandes Freitas Neto se apo-
sentou e, conforme resolu-
ção da corte, como ele tem
oposição, toda a imprensa e a
CNBB são caracterizados co-
mo hienas, e o fez para prepa-
rar uma radicalização.
Pode haver indícios mais for-
tes de que o presidente conspi-
ra contra a democracia? Sim,
pode. Mas quando eles che-
gam —quando se fecha o Con-
gresso, quando se prendem
ministros do STF, quando se
executa opositores e jornalis-
tas— não dá mais tempo de
fazer nada. Se é isso que vo-
cê está esperando para dizer
que Bolsonaro é autoritário,
Área de circulação no segundo andar do Palácio da Justiça, sede do Tribunal de Justiça de São Paulo
mais de 60 anos, pode rece-
ber em retroativos o equiva-
lente a 120 de indenização de
férias mais um terço.
Com isso, apenas em junho
sua remuneração bruta che-
gou a R$ 159 mil —em retro-
ativos foram R$ 87 mil, mais
R$ 18 mil de antecipação de
13º, além de outros R$ 15 mil
deindenizaçãodeférias. Com
descontos, os rendimentos lí-
quidos caíram para R$ 131 mil.
O TJ, no entanto, não é re-
cordista nos altos rendimen-
tos. Nos sete primeiros me-
ses de 2019, a média de paga-
mentosdoTribunaldeJustiça
paulista foi a oitava do país —
com a ressalva de que nem to-
lembre-se que aí você não vai
mais ter o direito de dizê-lo.
A reação da mídia e dos par-
lamentares à esquerda e à di-
reita foi exemplar, e espero que
siga como modelo para as ou-
tras crises que virão. Celso de
Mello teve o brilho de sempre.
Mas faltou no Exército bra-
sileiro aquele general chileno
que disse que não, não esta-
va em guerra com ninguém.
Moro, que não seria ninguém
sem o Estado de Direito e a
liberdade de imprensa, ca-
lou-se. O bolsonarismo não
dos os tribunais informaram
todos os meses ao CNJ.
O Tribunal de Justiça de Mi-
nas Gerais, estado em dificul-
dade financeira e com suces-
sivos déficits nas contas pú-
blicas, tem a média maior do
Brasil: R$ 70 mil. As menores
são do Pará (R$ 39.758) e do
Rio Grande do Sul (R$ 40.851).
Em reportagens na última
semana, a Folha mostrou que
o tribunal tem batalhado pa-
ra viabilizar gastosbilionários
ao mesmo tempo em que es-
barra em órgãos de controle
como o CNJ (Conselho Nacio-
nal de Justiça), o TCE (Tribu-
nal de Contas do Estado) e até
em seus próprios integrantes.
sofreu qualquer sanção pela
ameaça à democracia. Nin-
guém foi cassado até agora,
nenhum ministro caiu.
E a guerra contra a impren-
sa segue, se acelera e baseia-se
cada vez mais no recurso ao
estrangulamento financeiro
da mídia. É o que Orbán fez
na Hungria. Eduardo Bolso-
naro, o garoto AI-5, voltou de
Budapeste no começo do ano
dizendo que havia aprendi-
do “como lidar com a mídia”.
Agora façam aqui comigo
um exercício de imaginação. A
Aomesmotempo,oTJacumu-
la pedidos de verba extra e se
consolida como dependente
do governo do estado.
Também revelou que o TJ
planeja a criação de uma “ci-
dade judiciária” no centro de
SP, com túneis interconectan-
do os prédios da Justiça.
Desde o começo do ano, o
TJ-SP se aproxima arriscada-
mente do limite máximo pa-
ra não incorrer na Lei de Res-
ponsabilidade Fiscal.
No primeiro quadrimestre,
o Tribunal de Contas do Es-
tado apontou que a Justiça
paulista já havia chegado a
96,97% desse limite. O tribu-
nal, atualmente, tem mais
ameaça de novo AI-5 não deu
certo dessa vez. Mas quantos
dos que não aderiram ao gol-
pe teriam aderido se não te-
messem uma opinião públi-
ca informada pela imprensa
se Edir Macedo ou Silvio San-
tos, teriam algo a temer?
Encerrado o debate sobre
as intenções, vamos ao debate
sobre as chances de sucesso.
Esse é mais difícil. Bolsona-
ro quer o fim da democracia,
mas pode ter perdido a janela
do golpe quando as denúncias
contra ele se tornaram mais
graves. Os rachas em seu mo-
vimento, o olavismo, suas di-
ficuldades em compartilhar
poder sugerem que talvez se-
ja um extremista old school
demais para ser um novo au-
toritário, Jean-Marie demais
para ser Marine Le Pen.
Mas espero que ninguém
me diga que as intenções não
Eduardo Knapp/Folhapress
$ missionadassãocompatíveis.”
TJ-SP, maior do Brasil
360
Desembargadores
43
Mil funcionários ativos
R$ 12 bilhões
É a previsão de orçamento para
2020, ainda não aprovada
25%
do total de processos em anda-
mento da Justiça brasileira, com
20 milhões
de casos pendentes em 2018
a eee
são importantes. A caneta
é dele, por direito. A demo-
cracia brasileira sobreviveu
a 2019, mas a quantos 2019s
mais sobreviverá?
Até agora, mesmo a opo-
sição tem hesitado em pro-
por impeachment. Tanto a es-
querda quanto a direita mo-
derada esperam que o autori-
tarismo bolsonarista apodre-
ça sozinho. Isso seria mesmo
melhor para o Brasil.
Mas será possível continu-
ar assim por mais três anos?
Há algum acordo possível, al-
gum pacto, alguma nova co-
alizão que mantenha Bolso-
naro sob controle até 2022?
Se eu quiser apoiar alguma
reforma, tenho como fazê-lo
sem fortalecer o autoritaris-
mo? Eu votei no outro cara.
Espero que quem elegeu isso aí
tenha um plano para a eventu-
alidade de Bolsonaro ser mes-
mo o que sempre disse que era.
de 40 mil servidores ativos
e cerca de 23 mil inativos.
Aolongodorestantedoano,
se essa despesa ultrapassa
95% do teto, há uma série de
medidas que passam a ser ve-
tadas, como contratações, re-
ajustes e remunerações.
O TJ argumentou que foi
prejudicado porque o TCE
modificou o cálculo. Os presi-
dentes dos dois órgãos se re-
uniram, firmaram acordo de
adequação para os próximos
anos e o cálculo anterior, fa-
vorável à corte, foi retomado.
Mesmo assim, no segundo
quadrimestre, o Tribunal de
Justiça ainda chegou a 94,12%
do limite, o que acendeu um
alertadoTCE—emitidoquan-
do um órgão ultrapassa 90%.
No estado, só o TJ ultrapas-
sou esse limite: Executivo, Le-
gislativo, Ministério Público e
TribunaldeContasestãoabai-
xo desse percentual.
“Os TJs é que são as gran-
des fontes de despesas do Ju-
diciário brasileiro. Verdade
seja dita, eles são os princi-
pais responsáveis pela carga
de trabalho”, afirma Luciano
Da Ros, professor da pós-gra-
duação em Políticas Públicas
da UFRGS (Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Sul).
“Correspondem a mais de
60% da despesa do Judiciá-
rio e mais de 80% da carga de
trabalho. Eles são os carrega-
dores de piano, mas são tam-
bém os grandes gastadores.”
Boa parte do gasto com pes-
soaldoTJpaulista,DaRosdes-
taca com base em dados do
CNJ, é referente a cargos em
comissão. Enquanto a mé-
dia dos tribunais brasileiros
com cargos e funções em co-
missão em relação à despesa
com pessoal é de 13,7%, no TJ-
SP isso representa 34% da fo-
lha de pagamento, segundo o
Justiça em Números, fonte de
estatísticas do CNJ.
Procurado, o Tribunal de
Justiça de São Paulo afirma
que a despesa com comissões
no tribunal segue parâmetros
diferentesdeoutrostribunais
estaduais e da Justiça Federal.
“Temos um percentual de
cargos em comissão apenas, e
não de cargos em comissão e
funções comissionadas como
nos demais tribunais, princi-
palmenteosfederais”,dizoór-
gão. “O quantitativo de cargos
em comissão e de funções co-
Sobre os pagamentos de re-
troativos, diz que “são efetua-
dos atualmente de forma par-
celada, dependendo da efeti-
va autorização e da disponibi-
lidade financeira e orçamen-
tária do Tribunal de Justiça,
bem como da situação fun-
cional de cada magistrado”.
Afirma ainda que “não há
como identificar uma data
fim” para esses pagamentos.
O presidente da corte, Mano-
el Pereira Calças, afirma que
espera nos próximos anosum
crescimento do estado e me-
lhora na receita, o que deve
diminuir o percentual de des-
pesa com pessoal.
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 A9

COMPARATIVO CONFIRMA:

SUPERA

AUDI Q3
TIGGO 5X AUDI Q3
NOTA 86,0 X NOTA 80,5
FONTE: JORNAL DO CARRO - O ESTADO DE S. PAULO - 8 DE MAIO DE 2019 - ANO 37 - Nº 1864

A chegada do Tiggo 5X é um marco.

Além de ter muito mais itens de série, É o caso dos ajustes de suspensão e
o Tiggo 5X é R$ 60 mil mais barato câmbio (o do Tiggo 5X é da Getrag,
que o Q3. Esses fatores já garantiram marca alemã que está em carros da
sua vitória incontestável sobre o rival. Porsche e Jaguar, por exemplo).

Por meio de parcerias com BMW, Volvo Logo no primeiro contato, a cabine
e outras, os chineses precisaram de do Tiggo 5X surpreende pela qualidade
pouco mais de dez anos para aprender a da costura dos revestimentos de couro, que
fazer carros de alta qualidade. não ficam devendo nada para os do Q3.

O Caoa Chery tem teto solar panorâmico, câmera

na traseira e sistema multimídia com tela de
9 polegadas sensível ao toque, compatível com
Android Auto e Apple CarPlay.
A10 Segunda-FeIra, 4 de novembro de 2019
poder
Fiéis participam de procissão em homenagem a Nossa Senhora Aparecida no bairro do Areial, em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas
No Amazonas, missão salesiana se
transforma em ‘cidade dos índios’
Indígenas se declaram católicos, mas dizem que igreja ainda não fez autocrítica sobre erros do passado
-
Fabiano Maisonnave
e Lalo de Almeida
Iauaretê (aM) Ex-aluno do in-
ternato salesiano de Iauare-
tê, na fronteira do Brasil com
a Colômbia, o indígena tuca-
no Arlindo Maia passava o fim
de semana enclausurado to-
da vez que era flagrado con-
versando na sua língua nati-
va em vez de português. A pu-
nição era simbolizada por um
pequeno chaveiro.
“Quando um colega me pe-
gava falando na minha língua,
ele entregava o chaveiro. Aí,
como castigo, eu tinha de fi-
car o fim de semana no estu-
do ou no dormitório. Na ou-
tra segunda, eu tinha de pro-
curar outro aluno. Quem es-
tivesse com o chaveiro na sex-
ta-feira,ficavadecastigo”,con-
ta Maia, do povo tucano, hoje
ministro da capela da comu-
nidade São Miguel, uma das
dezcomunidadesdeIauaretê.
“Possoatéconfessar,com54
anos, que demos final a esse
chaveiro aí. Foi no ano da mi-
nha formatura. Peguei o cha-
veiro, achei outro colega e dis-
se: ‘Bora enterrar essa porra’.
Se você cavar atrás da carpin-
taria, deve estar lá agora, tem
dechamarumarqueólogo”,re-
lembra, às gargalhadas. Ele se
internou por cinco anos a par-
tir de 1975, aos 11 anos, e de-
pois se formou como técnico
agrícola, em Manaus.
Criada em 1915, a missão sa-
lesiana na região de São Ga-
briel da Cachoeira, no noro-
este amazônico, transformou
a vida de milhares de indíge-
nasdaregião.Financiadosem
parte pelo governo federal, os
religiosos impuseram o cato-
licismo, a língua portuguesa
e mudanças nos hábitos tra-
dicionais, como a migração
da moradia em malocas co-
letivas para pequenas casas.
“Os salesianos, novos ban-
deirantes,puseram-seadevas-
saraquelasmataseaalindar a
alma daqueles índios”, escre-
veu Soares d’Azevedo, no livro
“Pelo Rio Mar”, de 1933. “Sou-
beramradicaroíndio,instruí-
loecatequizá-lo,fazerdeleum
elemento útil à pátria.”
“Os salesianos tinham pro-
jetos de educação propostos
por dom Bosco, mas chega-
ram aqui sem esse projeto
educativo.Elesvieramimpon-
do”, afirma o padre diocesano
indígena Domingos Lana, 51,
sobre a atuação da congrega-
ção fundada em 1859 por são
João Bosco, na Itália.
“O que prejudicou foi isso.
Vieram aqui para executar o
programa do governo brasi-
leiro, que era tornar o índio
membro da sociedade nacio-
nal”, diz Lana, do povo taria-
no e nascido em Iauaretê. Em
2006, ele pediu afastamento
do sacerdócio ao se recusar a
sertransferidoparaumaparó-
quia longe do Alto Rio Negro.
Aindaemfuncionamento,a
missãosalesianaemIauaretê,
que comemorou 90 anos em
agosto, revisou seus métodos
nos anos 1980, aproximando-
se do Cimi (Conselho Indige-
nista Missionário), segundo o
livro “Cidade do Índio”, do an-
tropólogo Geraldo Andrello.
No final dessa década o in-
ternato,quetinha capacidade
para 250 crianças por ano, fe-
chou as portas. Parte de suas
instalaçõeséusadapelaescola
estadual SãoMiguel,quepaga
R$ 5.651,50 de aluguel mensal
aos salesianos e tem uma ir-
mã da congregação como co-
ordenadora pedagógica.
Hoje, a rotina da missão sa-
lesianaéoutra.Duranteoora-
tório no pátio da imponente
igreja matriz, os alto-falantes
tocam rap enquanto adoles-
centesjogambasquete.Emre-
união da Pastoral da Família,
uma irmã salesiana estimu-
lava os pais a ensinar mitos
e línguas indígenas em casa.
Na procissão de Nossa Se-
nhora Aparecida, na tarde do
último dia 11, o ministro falou
emtucano,alínguafrancados
povosdoAltoRioNegro,antes
de levar a imagem até a igre-
ja matriz. As missas, onde os
indígenas chegaram a cantar
em latim, atualmente incor-
poram músicas tradicionais.
Em termos religiosos, a he-
gemonia católica permanece.
Além da igreja matriz, há ca-
pelas nas dez comunidades,
Igreja católica em comunidade indígena de São Gabriel da Cachoeira (AM)
Terra Indígena alto rio negro
COLÔMBIA
Iauaretê
rio Uapés
PERU
distrito de São gabriel da
Cachoeira (am) na remota
fronteira com a Colômbia tem
há 90 anos presença dos
salesianos, congregação
católica de origem italiana
Fontes: “Cidade do Índio”, de Geraldo Andrello, “História Indígena e do Indigenismo no
Alto Rio Negro”, de Robin M. Wright, “Povoado Indígena de Iauaretê”, publicado pela
Foirn, IBGE e plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA)
negativo,sóopositivo.Eunão
perdoo as ofensas que nossos
avóslevavam,elesapanharam
mesmo.Nósperdemosmuitas
coisascomeles, masaprende-
mos muitas coisas também.”
“Eu gostaria que um pa-
dreestrangeiroreconhecesse:
‘Nós, infelizmente, erramos’.
Isso me dói ainda”, diz Maia.
A missão provocou tam-
bém um desafio demográfi-
co. Desde que foi criada, pas-
VENEZUELA
São gabriel da Cachoeira
rio Negro
Manaus
Principais etnias: tariano, tucano,
piratapuia, dessana, wanano,
arapaso, hupda, baré e tuiuca
População estimada
2.570 pessoas (2017)
sou a atrair famílias indíge-
nas ao longo dos rios Uau-
pés e Papuri, esvaziando vá-
rias comunidades. O cresci-
mento populacional se ace-
lerou após o fechamento do
internato, quando várias fa-
mílias se mudaram para que
seus filhos continuassem es-
tudando em Iauaretê.
Segundo o censo mais re-
cente, de 2017, o distrito ti-
nha2.570 moradores. Éamai-
Fotos Lalo de Almeida/ Folhapress
quase todas com nomede ori-
gemcatólica,comoAparecida
e Dom Bosco. Recentemente,
um pastor tentou se instalar
em Iauaretê, mas deixou a re-
gião após sofrer oposição do
clérigo salesiano.
Amissãocontacomdoispa-
dres, um italiano, que estava
em viagem quando a repor-
tagem esteve em Iauaretê, e
outro da etnia dessana, que
se recusou a ser entrevistado.
Envolvido nas atividades
paroquiais, o padre Domin-
gos diz que hoje as priorida-
des são a Pastoral da Família,
o combate ao alcoolismo —o
problema social mais citado
pelos moradores— e a forma-
ção de lideranças católicas.
Mesmo se declarando ca-
tólicos e com crescente pre-
sença no clérigo, os indígenas
cobram um reconhecimento
maior da igreja pela atuação
no passado. Líder da Coorde-
nadoria das Organizações In-
dígenas do Distrito de Iauare-
te (Coidi), o tucano Jaciel Frei-
tas, 44, criticou o fato de que
as celebrações dos 90 anos da
missão emIauaretênãoinclu-
íram nenhuma autocrítica.
“Fiquei um pouco chateado
que eles não falaram do lado
a eee
or comunidade da Terra Indí-
gena Alto Rio Negro e a única
com luz elétrica por 24 h, gra-
ças a uma usina termelétrica.
Além disso, conta com a via
principal pavimentada, cami-
nhão de lixo, sinal de TV, am-
bulância, mercados, restau-
rante, pista de pouso e até 3G
—graças a uma torre de celu-
lar do lado colombiano.
Ameiocaminho“entreaco-
munidade ribeirinha e a cida-
de”, na definição de Andrello,
o tamanho populacional difi-
culta a produção de alimen-
tos, explica a tariana Alme-
rinda Ramos de Lima, direto-
ra da Foirn (Federação das Or-
ganizações Indígenas do Rio
Negro), principal entidade
não governamental da região.
Ex-interna e “católica até
morrer”, Lima diz que a pes-
ca e a caça escassearam com
o crescimento populacional.
Outro problema é a roça. Em
buscadeespaço,asfamíliasfa-
zemoplantioemlocaisacessí-
veis por meio de caminhadas
de até quatro horas. “As ter-
ras aqui são ácidas, arenosas.”
Em consequência, as famí-
liasrecorremàcomidaindus-
trializada.Aproteínamaisco-
muméfrangocongeladopro-
duzido no Sul do país. O em-
barque no barco é em São Ga-
briel da Cachoeira, uma via-
gem que dura cerca de 14 ho-
rasdebarcocommotordepo-
tênciamédiaeincluiumtraba-
lhosotransbordoparasuperar
umacachoeiradorioUaupés.
Apesar do recente Sínodo
da Amazônia, o tema foi pou-
co debatido em Iauaretê. En-
tre os entrevistados pela Fo-
lha, apenas o padre Domin-
gos disse ter participado de
debates preparativos para o
encontro. Ideias como orde-
namento de homens casados
e maior participação de mu-
lheres eram bem aceitos, mas
havia ressalvas sobre a incor-
poração de rituais indígenas
pela Igreja Católica.
“Pra mim, não vale fazer is-
so dentro da igreja. É da nos-
sa tradição, faziam mais nas
festas de confraternização. Se
antesfalavamqueeracoisado
demônio, como é que hoje le-
vam pra dentro da igreja? É
melhor deixar separado”, diz
Freitas,coordenadordaCoidi.
Já autorizado a dar a comu-
nhão, Arlindo Lima diz que se
sentecapazdeassumiroutras
tarefas —o sínodo propôs a
ordenação de homens casa-
dos. “Estamos avançando, já
temos muitos padres indíge-
nas. Se esse avanço é por cau-
sa do chaveiro, eu não sei di-
zer”, disse, novamente rindo.
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 A11

COMPARATIVO COMPROVA:

SUPERA O

NISSAN KICKS.
FONTE: GUIA DO CARRO, 28/10/2019, PORTAL TERRA

( ) DESEMPENHO ( ) SEGURANÇA ( ) CONECTIVIDADE

( ) CONFORTO ( ) PACOTE DE SÉRIE ( ) USABILIDADE

VEREDITO:*
NISSAN KICKS S
425 PONTOS 400 PONTOS

O TIGGO 5X TEM UM DESEMPENHO

FRANCAMENTE SUPERIOR.

(*) Comparativo realizado entre os modelos CAOA CHERY Tiggo 5X T 1.5 Turbo, ano de fabricação/modelo 2019/2020 e NISSAN KICKS S 1.6 CVT, ano de fabricação/modelo 2019/2020.
A12 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
mundo
O ex-presidente do Uruguai José ‘Pepe’ Mujica encontra o eleito da Argentina, Alberto Fernández
Fernández receberá Mujica
e Dilma em ato da esquerda
Segundo encontro do grupo de Puebla começa na sexta em buenos aires
-
Sylvia Colombo
BUENOS AIRES O presidente
eleito da Argentina, o pero-
nista Alberto Fernández, se-
rá o anfitrião do segundo en-
contro do Grupo de Puebla,
uma reunião de líderes e re-
presentantes de agrupações
e partidos de esquerda, nos
próximos dias 8, 9 e 10 de no-
vembro, em Buenos Aires.
Estãonalistadeconvidados
os ex-mandatários José Luis
Rodríguez Zapatero (Espa-
nha),José“Pepe”Mujica(Uru-
guai), Dilma Rousseff (Brasil),
Ernesto Samper (Colômbia),
RafaelCorrea(Equador)eFer-
nando Lugo (Paraguai).
Entre as outras lideranças,
estão Cuauhtemóc Cárdenas,
fundador do mais tradicional
partido de esquerda do Méxi-
co (o PRD) e filho do célebre
Lázaro Cárdenas (1895-1970),
ÁlvaroGarcíaLinera,vice-pre-
sidente da Bolívia, Fernando
Haddad, ex-prefeito de São
Paulo, e o chileno Marco En-
ríquez-Ominami, ex-candida-
to a presidente e um dos fun-
dadores do Grupo de Puebla.
O encontro não contará
com representantes de Cu-
ba e da Venezuela, justamen-
te porque o Grupo de Puebla
deseja posicionar-se como al-
ternativaaoForodeSãoPaulo
—comrepresentantesdeuma
esquerda mais moderada.
O primeiro encontro des-
sa nova aliança foi realizado
em julho, na cidade de Pue-
bla, no México, com a inten-
ção de “abrir um espaço de re-
Toda Mídia
Ricos fogem do Tesouro em
tsunami; bancos se preparam
NaBloomberg,“Éumaboaho-
ra para ser um banqueiro ser-
vindo aos ricos do Brasil”. Re-
porta como UBS, Credit Suis-
se e outros vêm contratando
para responder à demanda.
Segundo uma executiva do
primeiro banco, “é um verda-
deiro tsunami”. Os ricos estão
partindo para ações e fundos
especulativos “no Brasil e glo-
balmente”. A Bloomberg ex-
plica que “os juros baixos es-
timulam muitos a abandonar
os títulos do Tesouro em fa-
vor de ofertas mais exóticas”.
E comenta que isso ocorre
flexãoe de intercâmbio políti-
co na América Latina”, segun-
do seu documento de funda-
ção, que ainda fala em formu-
lar uma proposta progressis-
ta para “conter o avanço da
direita conservadora”.
De acordo com Enríquez-
Ominami, um dos fundado-
res do grupo, o segundo en-
contro debaterá “um novo
projeto comum” sobre como
tratar a crise venezuelana, de
umaformaalternativaaomo-
do como o Grupo de Lima (re-
união de 14 países das Améri-
cas para discutir a crise no pa-
ís caribenho) vem atuando.
Aequipedetransiçãoargen-
tina confirma que o país deve
tomar uma atitude diferente
após a posse de Fernández,
em 10 de dezembro. Será mais
pró-diálogo e anti-sanções e
não reconhecerá o líder opo-
“
A promessa dos
projetos neoliberais
era apenas a de
chegar mais rápido
aos lugares. Nós
queremos chegar
mais longe
Marco Enríquez-Ominami
fundador do grupo de Puebla
Nelson de Sá
nelson.sa@grupofolha.com.br
“embora a economia siga em
ritmo lento”, com projeção de
crescer 0,9%, “abaixo de 2018”.
Também o Wall Street Jour-
nal,emdespachosobreadeci-
são para a taxa Selic, publicou
que os juros em queda “estão
empurrando muitos investi-
dores locais” para longe dos
títulos do governo brasileiro.
E ouve, do analista de uma
gestora em São Paulo, que es-
tá “na hora de pôr um fim nes-
sa loucura de taxas baixas”.
5G a US$ 18 A Xinhua noticia
que as maiores operadoras
sitor, Juan Guaidó, como pre-
sidente interino do país.
Em setembro, o Grupo de
Puebla lançou um comuni-
cado que pedia a “rejeição de
qualquer tentativa de uso da
força que rompa o princípio
desoluçãopacíficadascontro-
vérsias e que possibilite uma
intervenção militar na Vene-
zuela por parte de forças es-
trangeiras, incluído o acionar
do Tiar (Tratado Interameri-
cano de Assistência Recípro-
ca), um instrumento arcaico
para intervenções militares
em países da América Latina
durante a Guerra Fria”.
Enríquez-Ominami diz que
o grupo tem a intenção de “fa-
zercomqueserespeitemaso-
berania popular e a autode-
terminação dos povos”. Nes-
se sentido, o chileno afirma
que o encontro em Buenos
Aires ocorre num bom mo-
mento porque poderá discu-
tir os distúrbios e as eleições
recentes na América Latina.
Sobre a Bolívia, por exem-
plo, o chileno defende que se
reconheçaqueEvoMoralesfoi
eleito legalmente para um no-
vo mandato, apesar do resul-
tado rejeitado pela oposição.
SobreoEquador,segundoele,
“é necessário que se respeite
o Estado de Direito”, em rela-
ção ao diálogo com os indíge-
nas que se rebelaram contra
políticas de ajuste do gover-
no de Lenín Moreno.
Enríquez-Ominami acredi-
ta, ainda, que, em meio aos
protestos populares no Chi-
le,éprecisopediraopresiden-
de telefonia móvel da China
lançaram seus planos men-
sais 5G, com preços “a partir
de 128 yuans (US$ 18)”, em 50
cidades, inclusive Pequim e
Xangai —só nesta foram aci-
onadas 12 mil novas estações.
Huawei e Xiaomi lançaram os
seussmartphones5G,umusu-
ário disse esperar agora o “kil-
ler app”, o “próximo passo”, e
ummembrodaAcademiaChi-
nesa de Tecnologia previu “re-
volução na economia digital”.
‘Tech SUperpower’ A CNN,
entre outros americanos, co-
briu em Pequim a estreia do
5G, destacando ser novo pas-
so “para virar superpotência
tecnológica”, com a “China
bem à frente”. Concentrou-se
1.nov.2019/AFP
te de centro-direita, Sebasti-
án Piñera, que convoque uma
nova Assembleia Constituin-
te para substituir a Carta em
vigor, que é da época da dita-
dura militar (1973-1990).
“A promessa dos projetos
neoliberais que chegaram ao
poder na região nos últimos
tempos era apenas a de che-
gar mais rápido aos lugares.
Nós dizemos que queremos
chegar mais longe”, afirmou.
Nesta segunda-feira (4), Al-
berto Fernández se encontra
com o mandatário mexicano,
Andrés Manuel López Obra-
dor, com quem já se reuniu
duranteacampanhaeleitoral.
Ambos dizem ter coincidên-
cias com relação ao modo co-
mo pensam sobre a Venezue-
la —uma posição contrária à
do Grupo de Lima e mais pró-
xima à do Grupo de Contato
europeu, ou seja, mais pró-di-
álogo e não intervencionista.
Na agenda do encontro,
além do comércio bilateral,
os dois falarão sobre a alian-
ça do Grupo de Puebla. O pre-
sidente mexicano não deve
comparecer à reunião, mas
haverá representantes de seu
partido, o Morena.
México e Argentina já mos-
traram a intenção de formar
um novo alinhamento de pa-
íses de esquerda moderada,
que não entraria em colisão
com os EUA (com quem os
dois líderes mantêm diálogo).
O programa do encontro
prevê ainda a presença do ex-
presidente equatoriano Ra-
fael Correa, ao final do dia.
nos aplicativos comerciais, de
“smartcars” sem motorista a
“escovas de dente que dizem
se você está doente”. Citando
a consultoria Jefferies, proje-
tou que a China atinja 110 mi-
lhões de usuários 5G no ano
que vem, 7% da população.
ameaça TikTok O South Chi-
na Morning Post, com Reu-
ters, publicou que Washing-
ton lançou “revisão de segu-
rança nacional” sobre a com-
pra do Musical.ly pelo chinês
TikTok,doisanosatrás.Vendo
novo esforço dos EUA de “dis-
sociação tecnológica” após a
Huawei, o CGTN, canal inter-
nacionaldenotíciasda China,
disse temer um futuro com “a
humanidade mantida refém”.
$
Quem vai à reunião
diLMA ROussEff
Ex-presidente do Brasil
(2011-2016)
Teve o governo marcado
por crises na política e na
economia. Reeleita em
2015, sofreu impeachment
no ano seguinte
JOsé Luis ROdRíguEz
zApATERO
Ex-premiê da Espanha
(2004-2011)
Governou durante uma
forte crise econômica. as
medidas de austeridade que
adotou comprometeram
sua popularidade —
deixou o cargo com menos
de 30% de aprovação
JOsé ‘pEpE’ MuJicA
Ex-presidente do
uruguai (2010-2015)
Em seu governo, foram
aprovadas leis que
permitiram o casamento
gay, o aborto e a
regulação da produção e
consumo da maconha
ERnEsTO sAMpER
Ex-presidente da
colômbia (1994-1998)
Secretário-geral da Unasul,
bloco que conta com a
participação da Venezuela
e que foi esvaziado com
a criação do Prosul
RAfAEL cORREA
Ex-presidente do
Equador (2007-2017)
Rompeu com o atual
presidente, Lenín Moreno,
a quem apoiou para
sucedê-lo no cargo.
Responde a processos por
corrupção e pelo sequestro
de um adversário político
fERnAndO LugO
Ex-presidente do
paraguai (2007-2012)
Conflitos agrários foram o
estopim para seu processo
de impeachment, que
durou apenas 36 horas
‘THE FACEBOOK CANDIDATE’
Marcando de 6% a 9% nas pesquisas de domingo nos EUA, em
quarto, Pete Buttigieg não fez manchete, mas se firma como
opção a Joe Biden na direita democrata; a Bloomberg noticia
que ele aceitou nomes sugeridos por Mark Zuckerberg (acima,
ambos em 2017) para a sua chefia de campanha e passou
a criticar Elizabeth Warren, que propõe ‘dividir’ a empresa
a eee
Líder opositor
regional pede
intervenção
militar contra
Evo na Bolívia
LA PAZ | AFP A tensão polí-
tica na Bolívia aumentou
neste fim de semana, de-
pois que um influente líder
regional da oposição cha-
mou os militares a intervir
na crise política e mais pro-
testos ocorreram nas ruas.
A oposição não reconhe-
ce a vitória de Evo Morales
nas eleições de 20 de ou-
tubro, cuja apuração foi
marcada por idas e vindas.
O presidente parte para o
quarto mandato seguido.
Em um comício no sába-
do (2) à noite, Luis Fernan-
do Camacho, chefe de uma
poderosa entidade civil na
rica região de Santa Cruz,
reduto da oposição, deu ao
presidente48horasparare-
nunciar e disse que, após
o prazo, vai tomar medi-
das para garantir sua saída.
Camacho, líder do Comi-
tê Cívico de Santa Cruz, leu
uma carta dirigida aos che-
fes das Forças Armadas, a
quem pediu para “estarem
ao lado do povo”.
Ele não disse quais medi-
das adotará, mas presume-
se que possa ocupar escri-
tórios regionais de entida-
des e empresas públicas.
Emresposta,EvoMorales
afirmou que os rivais “bus-
cam mortos”.
“Quempedirintervenção
militar estará pedindo san-
gue, morte”, disse o minis-
tro do Interior, Carlos Ro-
mero. Segundo ele, o cha-
mado de Camacho coinci-
decomumainformaçãodo
departamentodeinteligên-
cia,dequeumaaçãoviolen-
ta contra a sede do gover-
no estaria sendo prepara-
da para segunda-feira (4).
Evo disse que se reunirá
comfuncionáriosesindica-
listas para criar um plano
de ação contra o ultimato.
O líder regional já havia
exigido na quinta (31) a re-
núncia de Evo, a quem cul-
pou pela morte de dois ma-
nifestantes em uma cidade
da região de Santa Cruz.
Desdeoiníciodosprotes-
tos, ao menos 140 pessoas
ficaram feridas. Neste do-
mingo (3), manifestantes
bloquearam vias, mas não
houveregistrosdeconfron-
tos até o início da tarde.
Oapeloàintervençãomi-
litar é uma questão alta-
mente sensível na Bolívia,
que antes de 1982 sofreu
uma série de revoltas e di-
taduras militares.
Evo Morales denuncia há
uma semana que a oposi-
ção tenta derrubá-lo atra-
vés de um golpe de Estado.
No sábado, ele pediu aos
seus seguidores que “de-
fendam a democracia e os
resultados eleitorais”.
A oposição boliviana exi-
geaanulaçãodavotaçãode
outubro e a convocação de
novas eleições gerais.
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 A13

TIGGO 5X X T-CROSS
COMPARATIVO E NT RE OS MODELOS D E ENTRADA.
O TIGGO 5X TEM
MAIS POTÊNCIA
MOTOR TURBO 1.5 FLEX 150 cv X MOTOR TURBO 1.0 FLEX 128 cv
MAIS TORQUE MAIS COMPRIMENTO MAIS ALTURA
21,4 mkgf X 20,4 mkgf 4.338 mm X 4.199 mm 1.645 mm X 1.568 mm
• FREIO ELÉTRICO • AUTO HOLD • RODAS DE LIGA LEVE 17” • TELA DE 9”

O TIGGO 5X TEM CÂMBIO AUTOMÁTICO (DUAL CLUTCH).

O T-CROSS TEM CÂMBIO MECÂNICO.

O TIGGO 5X OFERECE MUITO MAIS ITENS DE CONFORTO, DESEMPENHO

E TECNOLOGIA DO QUE O T-CROSS, NA MESMA FAIXA DE PREÇO.
(MODELOS DE ENTRADA TIGGO 5X T e T-CROSS 200 TSI.)*

DIRECIONE A CÂMERA
DO CELULAR
E SAIBA MAIS

A PARTIR DE

MOTOR TURBO FLEX 1.5 HIGH PERFORMANCE

CÂM B IO AU TO M ÁT I CO D U PL A E M B RE AG E M “ D UA L C LU TC H”

A DVA N C E D T E C H N O LO GY
R$
86.990
C O N S U LT E V E R S Õ E S

TABELA
SEGURO TOTAL**

8x
R$
249 ,88 TAXA
ENTRADA +24x
0% OU
DOCUMENTAÇÃO
+ IPVA TOTAL
GRÁTIS
OU
FIPE
R$
1.999,00 NO SEU USADO CONSULTE
CONSULTE CONDIÇÕES*** CONDIÇÕES

CAOA CHERY ASSISTANCE 1 ANO GRÁTIS

EM TODO O
ASSISTÊNCIA 7 DIAS LIGUE
TERRITÓRIO
24 HORAS POR SEMANA 0800-772 4379
NACIONAL

LOJAS A B E R TAS N A G RA N D E SÃO PAULO E CA P I TA L TO D OS OS DOMI N G OS AT É AS 1 9 h

AV. MORUMBI, 7554 – TEL. 5090-4200 AV. PROF. NOÉ AZEVEDO, 38 – TEL. 5593-9200 RUA COLÔMBIA, 652 – TEL. 3894-4000
ESQUINA COM AV. DR. CHUCRI ZAIDAN AO LADO DA ESTAÇÃO VILA MARIANA DO METRÔ PRÓXIMO À AVENIDA BRASIL

(*) Comparativo realizado entre os modelos CAOA CHERY Tiggo 5X T 1.5 Turbo, ano de fabricação/modelo 2019/2020 e VOLKSWAGEN T-Cross 1.0 200 TSI, 4P, bicombustível ano de fabricação/modelo 2019/2020. 1. CAOA CHERY Tiggo 5X 1.5T T (NAC), 0 km, ano/modelo 2019/2020: R$ 86.990,00 à vista. 2. Tiggo 5X 1.5T TXS (NAC), 0 km, ano/modelo 2019/2020: R$ 98.990,00 à vista. 3. Garantia de 5 anos. Consulte condições em uma Concessionária D21 Motors. 4. Taxa de 0%: Condição
válida para o modelo Tiggo 5X 1.5 T: R$ 86.990,00 à vista. Entrada mínima de 70% (R$ 60.893,00) e saldo em 24 parcelas mensais de R$ 1.225,00, com simulação de taxa de 0% a.m. e 0% a.a. Tarifa de Cadastro de R$ 2.500,00 (inclusa na parcela), valor total financiado de R$ 90.282,00 (Financeira Alfa S.A.). Consulte condições para os demais veículos e versões nas Concessionárias D21 Motors. 5. Documentação e IPVA 2019 gratuitos. Condição válida para modelos Tiggo 5X 1.5 T e
Tiggo 5X 1.5 TXS. Consulte condições nas concessionárias autorizadas. 6. RECOMPRA GARANTIDA: Condição válida para os modelos Tiggo 5X 1.5T T e Tiggo 5X 1.5T TXS vendidos exclusivamente por uma Concessionária D21 Motors, pelo valor correspondente a 90% do valor da Tabela Fipe vigente no momento da recompra. A recompra somente será válida para veículos vendidos entre o período de 01/01/2019 a 30/11/2019, após 12 meses de aquisição, a contar data da emissão da nota
fiscal, admitindo-se a tolerância de 30 dias antes e 30 dias após esse período. Para que o veículo seja elegível a essa campanha, deve seguir as seguintes condições: 1ª – Garantia de fábrica ativa. 2ª – Registro de revisões realizadas dentro do prazo estipulado pela D21 Motors e com quilometragem limitada a 15.000 km por ano, sem registro de sinistro, queixa de roubo e furto e/ou avarias de grande monta. 3ª – Enquadramento do veículo nas condições acima por laudo de vistoria
cautelar pericial, com aprovação do veículo sem restrição, a ser realizado por empresa de vistoria indicada pela concessionária D21 Motors. 4ª – Chave reserva em perfeitas condições de uso, manual do proprietário, certificado de garantia com as revisões realizadas dentro do prazo determinado pela D21 Motors nos termos do manual do proprietário. 5ª – O veículo deve estar em perfeitas condições de uso, sem a necessidade de reparo e troca de peças. Caso haja a necessidade de
pequenos reparos, como pequenos riscos, amassados, trinca no para-brisa, substituição de pneus, etc., a avaliação estará sujeita ao desconto do serviço conforme tabela de preço das revendas D21 Motors. 6ª – Serão aceitos na troca, no valor da promoção, os que estiverem com o seu Documento Único de Transferência – DUT – no nome do comprador do veículo 0 km ou em nome de parentes de 1º grau (pais, filhos e cônjuges), desde que comprovado o parentesco por meio de
documentação oficial. 7. SEGURO COMPLETO CAOA CHERY, com vidros, assistência 24 horas e carro reserva. Valor total do Seguro: R$ 1.999,00, podendo ser pago em até 8 parcelas, válido para modelo Tiggo 5X, automático, ou manual, todas as cores disponíveis, 0 km, ano/modelo 2018/2019/2020. O seguro será garantido pela Alfa Seguradora S.A. e todo o processo deverá ser realizado pelo corretor de seguros indicado pela concessionária. Após a emissão da apólice, ocorrerá a
emissão de um endosso específico para a cobrança do valor a cargo da concessionária. Será observada a classe de bônus a que o Segurado tem direito. Qualquer alteração desejada pelo segurado somente será processada após a emissão da apólice por meio de endosso, segundo as condições tarifárias vigentes na data do cálculo. As disposições aqui referidas são uma breve descrição do produto. As coberturas dos produtos, serviços e exclusões estão especificadas nas respectivas
cláusulas contratuais. Processo SUSEP 15414.100446/2004-81. A aceitação do seguro estará sujeita à análise do risco. O registro deste Plano na SUSEP não implica, por parte da Autarquia, incentivo ou recomendação à sua comercialização. O segurado está ciente, conforme Lei 12.741/2012, de que incidem sobre os prêmios de seguro o PIS/Pasep, com alíquota de 0,65% (zero vírgula sessenta e cinco por cento), e a Cofins, com alíquota de 4% (quatro por cento). Consulte condições
de cobertura na concessionária. (**) Consulte condições de contratação para o Estado do Rio de Janeiro. 8. (***) CAMPANHA TABELA FIPE válida para todos os modelos Tiggo 5X 1.5T T e Tiggo 5X 1.5T TXS, ano/modelo 2019/2019. Serão aceitos na troca, no valor da Tabela Fipe, os veículos que estiverem com o seu Documento Único de Transferência – DUT – no nome do comprador do veículo 0 km ou em nome de parentes de 1º grau (pais, filhos e cônjuges), desde que comprovado o
parentesco por meio de documentação oficial. Consulte a lista de veículos elegíveis para a Campanha Tabela Fipe para o seu veículo usado nas Concessionárias D21 Motors, os quais devem obrigatoriamente também reunir as seguintes condições cumulativas: 1ª – Garantia de fábrica ativa. 2ª – Registro de revisões realizadas dentro do prazo estipulado pela montadora e com quilometragem limitada a 15.000 km por ano, sem registro de sinistro, queixa de roubo e furto e/ou avarias
de grande monta. 3ª – Enquadramento do veículo nas condições acima por laudo de vistoria cautelar pericial, com aprovação do veículo sem restrição, em empresa de vistoria indicada pela Concessionária D21 Motors. 4ª – Chave reserva em perfeitas condições de uso, Manual do Proprietário, Certificado de Garantia com as revisões realizadas dentro do prazo determinado pela montadora nos termos do Manual do Proprietário. 5ª – O veículo deve estar em perfeitas condições de
uso, sem a necessidade de reparo e troca de peças. Caso haja a necessidade de pequenos reparos, como pequenos riscos, amassados, trinca no para-brisa, substituição de pneus, etc., a avaliação estará sujeita ao desconto do serviço conforme tabela de preço das revendas D21 Motors. Os carros elegíveis a essa campanha devem ter ar-condicionado, vidros e travas elétricos e direção hidráulica/elétrica. Campanha válida somente na troca dos modelos em estoque da concessionária.
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A14 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
mundo
O Facebook na era do cinismo
Twitter e Facebook alteraram a sua forma de intervir na política
- sey, que parece disposto a
Mathias Alencastro
Pesquisador do Centro brasileiro de análise e Planejamento e doutor em ciência política pela universidade de oxford (inglaterra).
Mark Zuckerberg, fundador
do Facebook, que também
controla o Whatsapp e Insta-
gram, não apenas se disse pre-
parado para combater os pro-
gressistas que tentarem impor
novas regulamentações no se-
tor, como também se reinven-
tou como paladino de liber-
dade. Doravante, o Facebook
se recusará a restringir posta-
gens de políticos que violem
as regras básicas de civilida-
de, o que equivale a um apelo
| DOM. Sylvia Colombo | SEG. Mathias Alencastro | SEX. Tatiana Prazeres | SÁB. Roberto Simon, Jaime Spitzcovsky
Avner (à esq.) e Yair com os pais, Binyamin e Sara Netanyahu, em foto de família
Filhos de Netanyahu
se destacam em Israel
por motivos opostos
Yair é conhecido por sua militância nas redes sociais e
postura combativa, enquanto o caçula avner é discreto
-
Daniela Kresch
TEL AVIV “O que o seu pai faz?”,
perguntou ironicamente o
apresentador do programa A
Perseguição, do canal Kan 11,
em que participantes respon-
dem a perguntas para supe-
rarumespecialistasabe-tudo.
“Ele é servidor público”, res-
pondeu, com um sorriso, Av-
nerNetanyahu,25,ofilhomais
novo do primeiro-ministro
de Israel, Binyamin Netany-
ahu —conhecido como Bibi.
Simpático, Avner se apre-
sentou apenas como um estu-
dante de arqueologia, esqui-
vou-se de perguntas com viés
político e riu sem restrições.
E não reclamou quando saiu
do programa de mãos vazias.
A participação surpresa de
Avner no programa, por inici-
ativa própria, foi ao ar na se-
gunda-feira passada (28/10),
arrancandoelogiosgeraispela
humildade do estudante, que
vestiaapenascamisetaejeans
e tentava passar uma imagem
de normalidade (apesar do
guarda-costas que o acompa-
nhava nos bastidores).
Impressão totalmente dife-
rente daquela deixada pelo ir-
mão mais velho, Yair Netany-
ahu, 28, conhecido pela ver-
borragia e militância de di-
reita. Em discursos durante a
visita do presidente brasilei-
ro, Jair Bolsonaro, em março
deste ano, Bibi comentou di-
versas vezes que gosta do no-
me Jair porque se parece ao
de seu filho Yair (que significa
“iluminará”, em hebraico).
velado à calúnia e à mentira.
Jack Dorsey optou por um
caminho diferente. Contor-
nando o inextricável deba-
te sobre a liberdade de ex-
pressão, o patrão do Twitter
anunciou o abandono do sis-
tema de impulsionamento pa-
go para todas as mensagens
políticas. Uma medida difí-
cil de ser implementada, mas
com potencial para ser revo-
lucionária. Em tese, ela po-
de impedir a organização de
Apesar da semelhança físi-
ca, os dois “príncipes” da di-
nastia Netanyahu não pode-
riam ser mais distintos.
No mesmo dia em que o
mais jovem Netanyahu apa-
receu na televisão, o mais ve-
lho era manchete nos princi-
pais jornais do país por ter
desfiado acusações histriô-
nicas contra rivais do pai em
depoimento à polícia.
Transcrições do testemu-
nho de Yair no chamado Ca-
so 4000 (no qual Binyamin
Netanyahu é suspeito de ne-
gociar favores com um mag-
nata da mídia) revelaram que
ele chamou o parlamentar Gi-
deon Sa’ar, rival do primeiro-
ministro dentro do partido
Likud, de “estuprador”.
“O Gideon Sa’ar, que estu-
prou sua secretária e arran-
jou para que ela se calasse,
vocês não investigam porque
não interessa!”, reclamou Ya-
ir, para quem as investigações
de suspeita de corrupção são
apenas perseguição política a
seu pai e sua mãe, Sara Neta-
nyahu, que também enfren-
ta a Justiça. Ela foi condenada
em junho por uso indevido de
recursos públicos e é acusada
detratardeformacruelfunci-
onários da residência oficial.
Yair também descreveu co-
mo“assassino”NirHefetz,um
ex-assessor de imprensa do
primeiro-ministro que agora
testemunhacontraele.Ofilho
dopremiêcontouàsautorida-
des uma improvável história
de que Hefetz teria matado
um soldado durante seu ser-
campanhas de fake news com
o nível de agressividade visto
durante as eleições no Brasil.
O momento para anunciar
essas medidas-chave foi esco-
lhido a dedo. Dez anos atrás,
em plena Primavera Árabe, o
advento das redes sociais era
celebrado como um fator de-
cisivo para a liberalização e
democratização da esfera pú-
blica. As situações insurrecio-
nais continuam se espalhan-
do e chegaram recentemente
Facebook
viço militar e arrastado o cor-
po por trilhos de trem.
Yair ainda chamou a polícia
israelense de “nazista” e “sta-
si”(apolíciasecretadaAlema-
nha Oriental) por investigar
seu pai. Ele se referiu ao che-
fe da polícia como “Tony So-
prano” (um mafioso ficcional
da série “Sopranos”).
Não é a primeira vez que Ya-
ir Netanyahu se destaca por
fazer comentários grossei-
ros. Seus posts em redes so-
ciais são quase sempre polê-
micos. Em dezembro de 2018,
por exemplo, ele foi suspen-
so do Facebook por 24 horas
por postar conteúdo conside-
rado antimuçulmano.
Apoiadores de seu pai o
apontam como possível her-
deiro,maselenegaquequeira
seguir carreira política, mes-
mo se interessando pelo as-
sunto. Costuma publicar ar-
tigos em sites como o direi-
tistaBreitbart, associado com
SteveBannon,ex-estrategista-
chefe do presidente america-
no, Donald Trump.
JáAvner,quesemantémlon-
ge dos holofotes, não parece
ter interesse nenhum por re-
des sociais ou militância polí-
tica. Opositores do primeiro-
ministro dizem ser umapena.
“Avner conseguiu manter
sua sanidade à sombra da
personalidade dominante do
pai”, escreveu Amit Salonim,
o crítico de TV do site Walla.
“Por que ele quis participar
do programa de TV? Talvez
para mostrar o Netanyahu
que estamos perdendo.”
a Espanha, Hong Kong e Chile,
mas as redes sociais passaram
a ser vistas como vilãs. Elas fa-
cilitaram a ascensão de movi-
mentos extremistas que pas-
saram a pautar as narrativas
nacionais e globais.
Em consequência, o Vale do
Silício deixou de ser visto co-
mo a bolha progressista do
capitalismo, e os seus execu-
tivos como jovens idealistas
angustiados com as implica-
ções éticas dos seus negócios.
Boris Johnson pede desculpas por não
cumprir promessa do brexit em 31/10
LONDRES E SÃO PAULO Em uma
entrevista na televisão, o pri-
meiro-ministrobritânico,Bo-
ris Johnson, pediu desculpas
nestedomingo(3)pornãoter
conseguido realizar o brexit
em 31 de outubro.
Boris chegou ao poder em
julho prometendo retirar o
Reino Unido da União Euro-
peianofinaldeoutubroedis-
se que preferia estar “morto
no fundo de uma vala” a so-
licitar a terceira extensão.
Maselefoiforçadoacedere
pedir adiamento até 31 de ja-
neiro, já que o acordo que ele
negociou não foi aprovado
pelo Parlamento britânico.
Olíderconservadorexpres-
sou seu “profundo pesar”
diante das câmeras da Sky
News e defendeu seu acordo,
que tem sido criticado por
seu aliado Donald Trump e
pelo rival Nigel Farage, che-
fe do Partido do Brexit.
O presidente Donald Trump fala com a imprensa ao voltar para Nova York
49% dos americanos removeriam Trump do cargo
-
Aaron Zitner
WASHINGTON | THE NEW YORK TI-
MES Um país polarizado está
se dividindo ainda mais em
seus recantos partidários,
com os republicanos firman-
do oposição à investigação
de impeachment do presi-
dente Donald Trump e os de-
mocratas dando apoio cres-
cente à sua remoção do car-
go,segundopesquisado Wall
Street Journal/NBC News.
Cerca de 53% dos america-
nos pesquisados disseram
aprovar o inquérito de im-
peachment conduzido pelos
democratas,enquanto44%o
desaprovam. Quase a meta-
de(49%)dissequeTrumpde-
veria ser destituído e afasta-
do da Casa Branca com base
no que eles ouviram até ago-
ra, com 46% se opondo ao
impeachment e à remoção.
Em uma pesquisa realiza-
As deteriorações das maio-
res democracias do mundo
obrigaram Mark Zuckerberg
e Jack Dorsey a deixarem cair a
máscara da inocência.
Mas ao contrário de Dor-
tentar mitigar os riscos ine-
rentes ao Twitter, Zuckerberg
vestiu a máscara do cinismo
e se assumiu como um pluto-
crata. Especializado na dre-
nagem de recursos de outras
indústrias, o seu grupo se
tornou extrativista, rentista e
monopolista na sua essência.
A nova política de não-in-
tervencionismo permite ao
Facebook lavar as mãos das
graves acusações e conferir
um tipo de imunidade para
aqueles que a empresa diz
combater, mas que, na reali-
dade, foram indispensáveis pa-
ra o seu sucesso: os radicais,
Trump disse na quinta-fei-
ra (31) à rádio britânica LBC
que o texto não permitia a
conclusão de um “acordo co-
mercial com o Reino Unido”.
“Nãodesejo denegrir opre-
sidente[americano],mas co-
meteumerroevidente.Qual-
quer pessoa que olhar para
esse acordo pode verificar
que é excelente”, disse Boris.
Por sua vez, Farage, pe-
diu que ele abandonasse seu
acordo e se juntasse a ele em
uma aliança em favor de um
divórciofrancocomaUE —o
que o premiê rejeitou.
Farage anunciou que não
será candidato a primeiro-
ministro nas próximas elei-
ções e que fará campanha
contra o acordo de Boris.
O Partido Conservador, de
Boris,lideraaspesquisascom
39% das intenções de voto.
Principal nome da oposi-
ção, o Partido Trabalhista,
da no início de outubro, o
apoio ao impeachment e à
remoção era menor do que
a oposição, por 43% a 49%.
Embora muitas mudanças
estejam na margem de erro
das pesquisas, elas sugerem
que os americanos agora es-
tão divididos por partido so-
bre o impeachment no mes-
mo grau em que se dividem
sobre o próprio Trump.
Entre os democratas, o
apoio à remoção do presi-
dentedocargoaumentoupa-
ra 88%, 13 pontos percentu-
aisamaisquenoiníciodeou-
tubro e em linha com os 92%
que desaprovam o desempe-
nho do presidente no cargo.
Entre os republicanos,
a oposição à remoção de
Trump subiu para 90%, um
aumento de cinco pontos
percentuais e quase idênti-
co aos 91% que aprovam o
desempenho do presidente.
a eee
os demagogos e os populis-
tas. Nos dias que correm, de-
bater a qualidade da demo-
cracia no Facebook equivale a
discutir o excesso de álcool na
sociedade dentro de um bar.
Verdadeira ameaça existen-
cial para as democracias libe-
rais, o Facebook estará no cen-
tro do debate político no pró-
ximo ano. Se Donald Trump
ou algum outro defensor do
laissez-faire nas redes soci-
ais vencer a eleição de 2020,
a decomposição da esfera
pública tenderá a continuar
e até se aprofundar.
Para sobreviver, os democra-
tas norte-americanos do sécu-
lo 21 terão de superar os ba-
rões dos dados, tal como os
seus predecessores venceram
os magnatas da Standard Oil,
o império petrolífero desman-
telado no começo do século 20.
subiu seis pontos nas pes-
quisas, passando para 27%,
de acordo com uma pesqui-
sa do YouGov para o jornal
The Sunday Times.
Se chegarem ao poder, os
trabalhistas pretendem re-
negociar o acordo de saída.
Osliberais-democratas,de-
terminados aanular obrexit,
têm 16% das intenções de vo-
to, de acordo com o YouGov,
enquanto o apoio ao Partido
doBrexitcaiude13%para7%.
O líder conservador, con-
trário a um novo referendo
sobre o brexit, também se
opõeaumanovaconsultapo-
pular sobre a independência
daEscócia,pedidapormilha-
res de escoceses no sábado.
Boris disse que não dará
autorização para a realiza-
ção de um plebiscito, que o
tema já foi votado em 2014 e
que se trata de algo a ser feito
“uma vez por geração”.
Joshua Roberts/Reuters
As opiniões sobre o impe-
achment são um sinal de que
oanoeleitoralsedesdobradi-
ante de um público polariza-
do e engajado. Cerca de 72%
dos americanos se conside-
ram altamente interessados
nas eleições —nível normal-
mente observado nas sema-
nas que antecedem a eleição.
Quando questionados so-
bre sua escolha para 2020,
mesmo antes de conhecer o
candidato democrata, 34%
dos eleitores disseram que
certamente votariam em
Trump e 46% que votariam
contra ele. Apenas 17% afir-
maram que o voto dependia
do candidato escolhido para
desafiarTrump—umaparce-
la menor do que os 27% que
disseram em 2011 que seu
voto dependia de qual repu-
blicano enfrentaria o então
presidente Barack Obama.
Tradução de Luiz roberto m. gonçalves
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 A15

O M E L H O R C U S TA M A I S C A R O.
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a classe de bônus a que o segurado tem direito. Qualquer alteração desejada pelo segurado somente será processada após a emissão da apólice por meio de endosso, segundo as condições tarifárias vigentes na data do cálculo. As disposições aqui referidas são uma breve descrição do produto. As coberturas dos produtos, serviços e exclusões estão especificadas nas respectivas cláusulas contratuais. Processo
SUSEP 15414.100446/2004-81. A aceitação do seguro estará sujeita à análise do risco. O registro deste Plano na SUSEP não implica, por parte da Autarquia, incentivo ou recomendação à sua comercialização. O segurado está ciente, conforme Lei 12.741/2012, que incidem sobre os prêmios de seguro o PIS/Pasep, com alíquota de 0,65% (zero vírgula sessenta e cinco por cento), e a Cofins, com alíquota de 4% (quatro por
cento). Consulte condições de cobertura na concessionária. (*) Consulte condições de contratação para o Estado do Rio de Janeiro. 5. (**) CAMPANHA TABELA FIPE válida para o modelo Tiggo 7 1.5T TXS, 0 km. Serão aceitos na troca, no valor da Tabela Fipe, os veículos que estiverem com o seu Documento Único de Transferência – DUT – no nome do comprador do veículo 0 km ou em nome de parentes de 1º grau (pais,
filhos e cônjuges), desde que comprovado o parentesco por meio de documentação oficial. Consulte a lista de veículos elegíveis para a Campanha Tabela Fipe para o seu veículo usado nas Concessionárias D21 Motors, os quais devem obrigatoriamente também reunir as seguintes condições cumulativas: 1ª – Garantia de fábrica ativa. 2ª – Registro de revisões realizadas dentro do prazo estipulado pela montadora e
com quilometragem limitada a 15.000 km por ano, sem registro de sinistro, queixa de roubo e furto e/ou avarias de grande monta. 3ª – Enquadramento do veículo nas condições acima por laudo de vistoria cautelar pericial, com aprovação do veículo sem restrição, em empresa de vistoria indicada pela Concessionária D21 Motors. 4ª – Chave reserva em perfeitas condições de uso, Manual do Proprietário, Certificado
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A16 SegUnda-FeIra, 4 de novembro de 2019
entrevista da 2ª
Zanone Fraissat/Folhapress
Mario Mesquita
Economia menos dependente do
Estado ajudou a derrubar os juros
País passa por mudança estrutural com peso maior do setor privado, diz economista do Itaú
Mercado
-
Érica Fraga e Alexa Salomão
São Paulo O crescimento de
2,3% esperado para o investi-
mento no Brasil em 2019 virá
exclusivamentedosetorpriva-
do doméstico, cuja contribui-
ção para a variação desse im-
portante componente do PIB
já é superior ao registrado an-
tes da recessão mais recente.
Trata-se, no entanto, de rit-
molentodeexpansãodacha-
madaformaçãobrutadecapi-
talfixopoisosoutrosdoismo-
tores—governoemundo—es-
tão parados. No caso do setor
público,acontribuiçãotemsi-
do, na verdade, negativa.
Mas isso não é ruim, diz Ma-
rio Mesquita, economista-
chefe do Itaú Unibanco, ins-
tituição responsável por essa
análise.Pelocontrário:“Éuma
mudança bastante intensa na
forma de funcionar da econo-
mia,que estásetornandome-
nos dependente do Estado”.
Segundo ele, a transforma-
çãoestruturalemcurso—com
a contração dos gastos do go-
verno—abriucaminhoparaa
queda sem precedentes de ju-
rosepoderálevaropaísacres-
cer mais rápido, se as refor-
mascontinuaremavançando.
* cionardaeconomiabrasileira,
Vocêsrevisaramaprojeçãode
crescimentopara 2019 e2020.
Por quê? Os indicadores do
Mario
Mesquita,
54
terceiro trimestre estão mais
positivos.Acriaçãodeempre-
goformalsubiueestácoeren-
tecomumcrescimentoanuali-
Economista- zadopertode2%,anteumpa-
chefe do Itaú tamaranteriorpróximode1%.
Unibanco, é O interessante é que é uma
doutor em recuperação bem heterogê-
economia nea em termos de setores e
pela de regiões. Setores mais sen-
Universidade síveis a crédito com desem-
de Oxford; penho melhor do que setores
foi diretor mais sensíveis a renda. O cré-
de Política dito, especialmente para con-
Econômica sumo, vem crescendo, e a ren-
do Banco da vem crescendo mais lenta-
Central mente, dado que o mercado
(2007- de trabalho ainda está frágil.
10), sócio Além disso, a atividade eco-
do banco nômicaemSãoPauloenoSul,
Brasil Plural, quesãoregiõesmaissensíveis
economista- à política monetária, respon-
chefe do dendo bem. Já regiões onde a
ABN Amro sensibilidade àpolíticamone-
para o Brasil tária é menor e a dependên-
e a América cia do Estado é maior cres-
Latina e cem mais lentamente.
diretor da
Febraban; Há uma mudança estrutural
teve portrásdisso? Sim.UmEsta-
passagem do em que os gastos não cres-
pelo FMI cem mais como vinham cres-
cendoesemaquelapolíticade
crédito subsidiado do BNDES
trouxe para baixo a taxa de
juros neutra, que não acele-
ra nem desacelera a inflação.
Então, é uma mudança bas-
tanteintensanaformadefun-
que está se tornando menos
dependente do Estado e mais
sensível à política monetária.
O governo divulgou um grá-
fico separando o PIB privado
dopúblico.Ressaltaressadife-
rença faz sentido no momen-
to? Sim. Temos uma análise
que indica que o investimen-
to não está crescendo mais
fortemente porque o investi-
mentodosetorpúblicotemse
contraído, dada à crise fiscal,
e por causa do mundo, com
o preço de commodities an-
dando de lado ou caindo. Mas
o componente do setor priva-
do doméstico do investimen-
toprivado vem bastantebem.
Oinvestimentoprivado,emal-
gummomento,poderásersu-
ficienteparaacelerarocresci-
mentosemopúblico? Sim.O
público é complicado porque
há uma dívida muito elevada.
As pessoas falam que é o teto
[regraquelimitaocrescimen-
to do gasto público] que atra-
palha. Mas não é, é a dívida. A
dívida bruta do governo em
torno de 90% do PIB, pelo cri-
tériodoFMI,éexcessivamen-
teelevada.Éissoquesegurao
investimento público. Então,
o impulso terá de vir do mun-
do ou mais do privado.
O Brasil tinha uma econo-
mia disfuncional, na qual o
gasto público primário [que
excluipagamentodejuros]do
governo federal crescia 6% ao
ano, além da inflação.
Antes do Real, ajustávamos
com inflação. Entre o plano e
2007, a gente ajustava com dí-
vida e imposto. A gente aca-
bou com esses mecanismos.
Depois, na época da nova ma-
triz [alusão a políticas adota-
dasporDilmaRousseff],agen-
tenãoajustava.Nãodeucerto.
Após uma recessão profunda
euminíciolentoderetomada,
emquefasedocicloeconômi-
co estamos? A gente está no
fim do começo da recupera-
ção. A recuperação inicial fo-
ram os primeiros anos, quan-
do a gente estava crescendo
algo como 1%, e a gente ago-
ra parece que vai crescer, no
ano que vem, entre 2% e 2,5%.
Um fator que pode ajudar o
crescimento de 2020 —e não
estáplenamenteincorporado
na nossa projeção de alta do
PIB de 2,2%— é o impacto do
aumento da produção de pe-
tróleo. Em 2021, com o petró-
leo, e mais progresso no setor
de infraestrutura, a gente po-
de vislumbrar um crescimen-
to próximo a 3% ao ano.
Comoháproblemasinstitu-
cionaisqueprecisamserresol-
vidos no caso da infraestru-
tura, o impacto maior do au-
mento do investimento nes-
se setor virá em 2021 e 2022.
Os últimos anos de crise dei-
xarão prejuízos duradou-
ros? O Brasil tem, há muito
tempo, um desempenho eco-
nômicosofríveleperdidorele-
vância no mundo. Embora es-
sa [última] recessão tenha si-
a eee
do um dos piores momentos,
a ruptura vem dos anos 1980.
Mas os momentos no tem-
po vão tendo impactos positi-
vostambém.DizemqueoBra-
sil não aproveitou o boom de
commodities.Bom,acumulou
as reservas que a gente tem.
Ninguém queria uma reces-
são tão longa e profunda, mas
parece que, finalmente, o país
vai caminhar para juros mais
baixos de forma persistente.
O que era disfuncional no
Brasil, antes de 2016, era a
gente querer, como socieda-
de, juros baixos sem prestar
atençãoaoqueapolíticafiscal
estava fazendo na economia.
A crise na Argentina po-
de atrapalhar esse proces-
so? Esse impacto já aconte-
ceu em 2018. A gente acha que
a recessão na Argentina em
2020 será mais amena.
E o xadrez político na rela-
ção do governo brasileiro
com o futuro governo argen-
tino? Acho que uma coisa é
retórica de campanha, outra
coisa é prática de governo.
Acho que a tendência é que
os dois governos se acomo-
dem e o Mercosul prossiga.
Agora, o governo tem uma
decisão, aparentemente fir-
me, de abrir a economia. Tal-
vez você possa negociar com
os parceiros do Mercosul ex-
ceções ouuma trajetória mais
gradual. Mas, caso os parcei-
ros do Mercosul se recusem a
reduzir a tarifa, talvez o Brasil
tenha que repensar a relação.
Umaaberturarápidaseriaboa
ou ruim? Esse é um dilema
de todo governo reformista.
A rápida tem a vantagem de
que você fez e pronto, há me-
nostempoparapressões con-
trárias.Agradualdámaistem-
podeossetoresseadaptarem,
mas dá mais tempo também
de montarem resistência.
A impressão que tenho é que
ogovernoesperaqueaecono-
mia ganhe força na segunda
metade do mandato e, aí, sim,
você consiga fazer a abertura
de forma mais rápida.
O ritmo de avanço da agenda
econômica tem sido satisfa-
tório? Foi importantíssimo
aprovar a reforma da Previ-
dência. Se o governo conse-
guir aprovar a administrativa
ou reformas que deem ao go-
verno federal e aos estaduais
emunicipaismaiorflexibilida-
degerencialatémeados2020,
vaiserumavançograndenadi-
reção de reduzir o risco fiscal.
Isso colocaria o Brasil no
caminho de, daqui a alguns
anos, recuperar o grau de in-
vestimento,quereduz ocusto
de capital para todoo mundo.
A turbulência política quase
“
Parece que,
constante atrapalha a econo-
mia? Acho que vai atrapa-
lhar se contaminar o funci-
onamento do Congresso. Te-
finalmente, mos uma vida política extre-
o país vai mamenteruidosa.Masaagen-
caminhar da legislativa vai avançando.
para juros
mais baixos E o exterior? O risco de re-
de forma cessãocaiuna medida emque
persistente. EUA e China parecem cami-
O que era nhar para uma acomodação.
disfuncional
no Brasil, O mercado todo foi surpreen-
antes de didocomavelocidadedeque-
2016, era a da da inflação, dos juros, com
gente querer, esse ambiente novo? Quan-
como do o BC levou os juros a 6,5%,
sociedade, a mínima histórica, a gente
juros baixos acreditava que a economia ia
sem prestar retomar e que isso eventual-
atenção mente levaria a inflação a vol-
ao que a tar. Houve um equívoco cole-
política tivo. É evidente que caminho-
fiscal estava neiros e a Argentina atrapa-
fazendo na lharam. Mas subestimamos
economia o qualitativo da história.
Mario
Mesquita O Itaú estava mais otimista
economista- do que o mercado com o PIB
chefe do Itaú do segundo trimestre e acer-
Unibanco tou. Vocês recalibraram mo-
delos de projeção? A gente
passou a fazer uma projeção
muito mais detalhada da pro-
dução industrial. Além disso,
observamos de 20% a 30% de
tudo o que acontece na eco-
nomia dada a nossa fatia de
mercado.Estamosconseguin-
doutilizarmelhoressesdados
usando técnicas mais moder-
nas de análise de dados.
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 A17
A18 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 a eee

folha.com/inovacao-educativa4

semináriosfolha
Inovação Educativa 4 ª

edição
Entenda como a educação está
sendo reinventada em sala de aula
A educação e suas metodologias estão sempre em
pauta e, com a inovação das práticas pedagógicas
e o reconhecimento da formação docente, diversas
soluções têm mudado o dia a dia em sala de aula –
tanto para alunos quanto para professores.
Neste Seminário Folha, especialistas da área da
educação e estudantes irão discutir o impacto dessas
inovações no processo de ensino-aprendizagem.
Seminários Folha. O Brasil precisa ser discutido.

Ingressos gratuitos
VAGAS LIMITADAS. ACESSE EVENTOS.FOLHA.COM.BR E CADASTRESE.
13 de
novembro
às 9h
(credenciamento
a partir das 8h)

Centro de • Caderno especial com cobertura do evento.

• Vídeos e reportagens no site da Folha.
Convenções
Rebouças,
São Paulo, SP

Correalização: Realização:
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 A19

mercado Novo horário da Bolsa

Pregão passa a ser das 10h às 18h

Aeroportos concedidos podem ter de pagar IPTU

Sim não, mas planeja cobrar Prefeitura fará a cobrança; cálculo da área sob tributação está sendo feito

Concessão em plena operação Concessionárias Cobra IPTU? Concessionária paga? Concedidos em 2019
• recife
São gonçalo do amarante (rn) inframérica não, judicializa • maceió
brasília inframérica não, judicializa • aracaju
• João Pessoa
guarulhos gru airport não, questiona cobrança na esfera administrativa • Campina grande
• Juazeiro do norte
viracopos (Campinas) aeroporto brasil viracopos* não, questiona cobrança na esfera administrativa • vitória
galeão (rio de Janeiro) riogaleão • macaé
não
• Cuiabá
Confins bH airport não, diz entender que não deve pagar • Sinop
• rondonópolis
Fortaleza Fraport Sim • alta Floresta
Salvador vinci não respondeu
22
Florianópolis Floripa airport não quis responder aeroportos devem ser concedidos
em 2020, entre os quais os de
Porto alegre Fraport não, mas diz que pagará se cobrada Curitiba, navegantes, Londrina,
manaus, goiânia, São Luís e Petrolina
*Em recuperação judicial

Prefeitos cobram IPTU de aeroporto privatizado

guarulhos quer r$ 400 milhões em impostos atrasados da concessionária; para empresas, exigência é ilegal
-
Ivan Martínez-Vargas

são paulo Amparadas por de-

cisões do STF (Supremo Tri-
bunal Federal) em um cená-
rio de déficit fiscal e arreca-
dação estagnada, prefeituras
de cidades com aeroportos
administrados pela iniciativa
privada passaram a exigir das
concessionáriasopagamento
deIPTU. As empresas contes-
tamacobrança,que,deforma
retroativa, já chega à casa de
centenas de milhões de reais.
O país tem hoje 44 aeropor-
tos sob concessão ou em es-
tudo para repasse. Desses,
22 já foram concedidos, e os
contratos não citam cobran-
ça de IPTU.
LevantamentofeitopelaFo-
lha mostra que as prefeituras
das cidades de dez aeropor-
tos em que as concessões já
estão em operação plena fa-
zem a cobrança ou planejam
fazê-la. As concessionárias
questionam a exigência em
oito deles.
ApenasaFraport,queopera
os aeroportos de Fortaleza e
PortoAlegre,fezopagamento
do tributo, relativo ao da ca-
pital cearense. A empresa diz
que “essa medida irá aumen-
taroscustosdosserviçospara
os passageiros” e que está sur-
presa com a decisão das pre-
feituras de cobrar o tributo.
Entreosquejácobramoim-
posto, o maior caso até o mo- Lojas no aeroporto de Guarulhos, administrado pela GRU Airport; empresa contesta na esfera administrativa cobrança de IPTU Zanone Fraissat - 3.ago.17/Folhapress
mentoéo deGuarulhos, onde
está o aeroporto mais movi-
mentado do país. A prefeitura roporto, só os segmentos em o registrado no mesmo perío- AFloripaAirport,queadmi- hááreasdeexploraçãodeativi- tendimento jurisprudencial
quer que a GRU Airport pague queháalgumtipodeexplora- do do ano passado. A GRU Air- nistra o aeroporto de Floria- dadeeconômica,maselaspo- de tribunais superiores”, caso
cerca de R$ 400 milhões refe- ção comercial, como estacio- port faturou R$ 554 milhões nópolis, não quis comentar o dem estar voltadas a atender em que poderia se enquadrar
rentesàdívidacomoimposto. namento, lojas de conveniên- no primeiro semestre. assunto, e a Vinci, que opera ou complementar o serviço.” a cobrança de IPTU.
A concessionária assumiu a cia e outros negócios. Em Campinas, onde está Vi- o de Salvador, não respondeu Para a Anac, a cobrança do A Folha entrou em contato
operaçãoem2012,massópas- De acordo com a metodolo- racopos,a prefeitura também ao contato da reportagem. impostodependedainterpre- com as 12 cidades que tiveram
sou a ser cobrada pela atual giaadotada,oaeroportofoifa- quer cobrar IPTU da comba- tação da Constituição. aeroportosconcedidosnoiní-
gestão do município no ano tiado em 65 imóveis diferen- lida concessionária ABV, que “A questão envolve a defini- cio do ano. Apenas o Recife
passado. A prefeitura quer tes, dos quais 2 foram decla- está em recuperação judicial ção de limites da imunidade respondeu ao contato da re-
receber, com juros e correção rados isentos, e orestante, tri- e corre o risco de ter a falên- Para advogados, recíprocaprevistosnaConsti- portagem, afirmando que vai
monetária, valor devido em butável.Segundoaprefeitura, cia decretada em meio a uma tuição[...].Emregra,évedado cobrar o IPTU da concessio-
cinco anos, período de pres- a concessionária não fez o pa- disputa com a Anac (Agência cobrança é aosentesdaFederação(União, nária Aena. Procurada, a con-
crição do tributo. gamento porque “protocolou NacionaldeAviaçãoCivil),sua controversa estados,DFemunicípios)ins- cessionária não respondeu.
Pelo cálculo da prefeitura, questionamentosadministra- principal credora. tituirimpostossobrepatrimô- O PPI afirmou que, na pró-
a GRU Airport, que tem entre tivos sobre os lançamentos”. Aprefeiturafazolançamen- ParaoadvogadoFabioFalken- nio,rendaouserviçosunsdos xima rodada de concessões,
seusacionistasaInvepar,asul- “É mais uma medida para todotributodesdenovembro burger, do escritório Macha- outros[...].Contudo,aConsti- que vai passar 22 aeroportos
africana Airports Company e procrastinar o pagamento. de 2018. Neste mês, cobrará o doMeyer,acobrançaécontro- tuição também prevê que es- à iniciativa privada em 2020,
a Infraero, deve pagar R$ 48,3 Na época da administração IPTU referente ao ano passa- versa e pode dar às concessi- sa Loimunidade não se aplica vai “deixar mais claro na ma-
milhões ao ano de IPTU. da Infraero, a cobrança não do. O argumento usado para onárias argumentos para que na hipótese de exploração de triz de riscos o que deve ser
“Seguimos a jurisprudên- era feita porque era uma ins- exigir o imposto também é a peçamreequilíbrio docontra- atividades econômicas regi- precificado pelo investidor
cia do Supremo, que, em 2017, tituição pública, e havia imu- posição do STF. to ao governo federal, o que das pelas normas aplicáveis a interessado na sua proposta,
permitiuqueacobrançafosse nidade recíproca de impos- A concessionária, porém, pode aumentar, por exemplo, empreendimentos privados”. como custo que terá de incor-
feita quando houvesse explo- tos. A concessionária é priva- diz considerar “que não se en- o prazo de concessão ou a ta- O PPI (Programa de Parce- rer, tendo em vista o entendi-
ração comercial da área”, afir- da, então existe legitimidade quadranaobrigatoriedade do rifa cobrada dos passageiros. rias e Investimentos), respon- mento jurídico mais atual da
ma o secretário de Finanças, para cobrança”, afirma Kadi. pagamento do IPTU por en- “Se cobrado o imposto, po- sável pela realização dos estu- incidência de IPTU”.
Ibrahim El Kadi. Segundoele,odéficitdapre- tender que o aeroporto está derá haver pedido de reequi- dos de viabilidade e pela for- A Folha entrou em contato
Kadi faz referência a duas feitura, quechegouaR$7,4bi- localizado em uma área pú- líbrio do contrato porque não mataçãodoseditaisedoscon- com 16 das 22 cidades que te-
decisões proferidas pelo Su- lhões em 2017, tem sido equa- blica da União, além de exer- era algo que estava na conta. tratos de concessão de aero- rão aeroportos concedidos.
premo sobre cobrança de tri- cionadoedeveráchegaraR$2 cer atividade de concessão Poroutrolado,oscontratosde portos, disse à Folha que não Das que responderam, Curi-
butos em áreas públicas. Uma bilhões em 2020. A conta não de serviços públicos. Por es- concessão até agora conside- previu até a última rodada de tiba, Navegantes, Londrina e
delas dizia respeito à cobran- inclui o eventual pagamento se motivo, há um recurso que ram hipótese de pedido de re- concessões (cujo leilão foi em Manaus afirmaram que vão
ça de IPTU de terminais por- da GRU Airport, que entraria tramita na esfera administra- equilíbrio apenas a criaçãode março) a cobrança do IPTU. fazer a cobrança.
tuários arrendados, e outra, à no caixa geral da prefeitura. tiva contra a cobrança”. tributos, o que não é o caso.” Os contratos da última ro- O governo pretende conce-
possibilidade de exigir IPTU Para a GRU Airport, no en- Nos casos de São Gonçalo “OSupremopodeserprovo- dada, que leiloou 12 aeropor- der, ainda, Congonhas e San-
deuma concessionária deveí- tanto, o imóvel do aeroporto do Amarante (RN), onde fica cado a decidir sobre a cobran- tos, previram que é um risco tos Dumont. A Prefeitura do
culos localizada no aeroporto “é um bem público de propri- o aeroporto de Natal, e Bra- ça do imposto de maneira ge- assumido pelo governo a “al- Rio diz que iniciou, neste ano,
de Jacarepaguá, no Rio. edade da União, inscrito na sília, a concessionária Infra- ral. Não me parece que as de- teração na legislação tributá- a cobrança de IPTU de San-
Em ambos os processos, o Secretaria de Patrimônio da mérica contestou as cobran- cisões usadas pelas prefeitu- ria que incida sobre receitas tos Dumont e de Jacarepaguá,
entendimento da corte foi o União e de natureza jurídica ças e obteve na Justiça deci- ras possam ser usadas como tarifárias ou afete os custos combasenasdecisõesdoSTF,
de que a imunidade recíproca indivisível, nos termos da lei sões que lhe deram o direito tese que ampara a cobrança”, de obras ou de prestação de e que faz o cálculo para exigir
de impostos entre entes fede- nº 7.565/1986”, que não esta- de não pagar o tributo. afirma Renata Martins, sócia serviços associados às ativi- do Galeão o tributo.
rativos pode ser relativizada ria sujeito a pagar IPTU. As concessionárias dos ae- do escritório Siqueira Castro. dades remuneradas pelas ta- A Prefeitura de São Paulo
quando há exploração comer- A concessionária passa por roportos de Galeão, Confins, “Acobrançapodeexistirsea rifas aeroportuárias”. disse que a eventual cobran-
cial de determinado espaço. dificuldades financeiras. Teve Fortaleza e Porto Alegre di- concessionáriaprestaumser- Os mesmos contratos, po- ça do imposto em Congonhas
AcontadaPrefeituradeGua- prejuízo de R$ 324,6 milhões zem considerar que não de- viço que não se enquadre [na rém, entendem como altera- “dependerá do modelo jurídi-
rulhos, portanto, não leva em nosseisprimeirosmesesdeste vem pagar o imposto, mesmo categoria de] serviço público. ção legislativa “aquelas decor- co a ser adotado [no proces-
consideraçãotodaaáreadoae- ano, número 12,7% maior que que sejam cobradas. No complexo aeroportuário, rentes de consolidação do en- so de concessão] pela União”.
A20 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
folhainvest
pAINEl S.A.
Tão longe, tão perto
Felipe Santa Cruz, presidente nacional da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), entrou na Justiça na quinta
(31) pedindo liminar contra a oferta de cursos de direi-
to a distância. Segundo a entidade, falta regulamen-
tação para autorizar os programas, que perdem qua-
lidade sem a prática presencial. A iniciativa já provo-
cou reação no mercado de ensino superior privado. A
consultoria Hoper escreveu na sexta (1º) uma análise
em que diz ver fragilidades na medida da OAB.
Perdeu, Playboy O texto da
Hoper, cujo encerramento
traz a frase “Perdeu, OAB,
perdeu”, afirma que os argu-
mentos da entidade são pue-
ris e viciosos, que contrariam
inovaçõestecnológicas,inclu-
são social e outros.
remoto Para a OAB, o acen-
tuado crescimento na oferta
de cursos de graduação a dis-
tânciafoifavorecidopelaflexi-
bilização de regras pelo MEC
há cerca de dois anos e está
concentrado na rede privada.
estudo O Metrô de São Pau-
lo tinha planos de fechar sua
linha verde na manhã deste
domingo (3) para fazer um
teste das portas automáticas
entre a plataforma e os trens.
Vestibulando Quando al-
guém percebeu que o fecha-
mento poderia afetar o trans-
porte dos alunos inscritos no
Enem, a operação foi adiada.
a Fila anda Após o fracasso
do IPO da WeWork, que levou
à renúncia do fundador da
empresa Adam Neumann, re-
des de coworking despontam
como possíveis substitutas da
empresa que ganhou notori-
edade pelos modos excêntri-
cos do executivo.
seGue o baile Quem come-
ça a chamar atenção no seg-
mento é a americana Knotel.
“Esperamos a música acabar.
Agoraquechegouaofim,ého-
ra de dançar”, disse Amol Sar-
va, presidente da companhia,
ao jornal Financial Times.
não Perturbe A Knotel, no
entanto, não pretende rein-
ventar o conceito de escritó-
rio como fez a WeWork, que
engrandeceu sua marca exal-
tando ambientes moderni-
nhos. Segundo Sarva, a pri-
oridade das pessoas ainda é
ter profissionalismo e silên-
cio no ambiente de trabalho.
Crédito A carteira de em-
préstimo pessoal do Nubank
atingiu R$ 230 milhões, de
acordo com a fintech.
CaFeína Os hóspedes do
Airbnb gastaram mais de R$
1,8 bilhão em restaurantes e
cafés do Brasil em 2018, diz es-
tudo a ser divulgado pela em-
presa nesta segunda (4). A es-
timativapara2019équeocon-
sumo supere R$ 2,8 bilhões.
com Filipe Oliveira e Mariana Grazini
INDICADORES
JUROS
outubro, em % ao mês
mínimo máximo
14,95
9,99
7,89
3,99
Cheque empréstimo
especial pessoal
Fonte: procon-Sp
CONTRIBUIÇÃO
À PREVIDÊNCIA
Competência outubro*
Autônomo, empregador e facultativo
valor mín. r$ 998 20% r$ 199,60
valor máx. r$ 5.839,45 20% r$ 1.167,89
MEI (Microempreendedor)
valor mín. r$ 998 5% r$ 49,90
Assalariado Alíquota
até r$ 1.751,81 8%
de r$ 1.751,82 até r$ 2.919,72 9%
de r$ 2.919,73 até r$ 5.839,45 11%
*O prazo para empresas vence no dia 20.nov
e, para pessoas físicas, vence em 18.nov
Joana Cunha
painelsa@grupofolha.com.br
CalCuladora Sempoderven-
der sua energia excedente no
mercado livre, a Cogen (en-
tidade que reúne os setores
de biomassa, gás natural e
outras fontes) estima uma
perda de aproximadamente
R$ 1 bilhão por safra para as
usinas de álcool e açúcar.
Cana As empresas não estão
sendoremuneradaspelagera-
ção adicional, segundo New-
ton Duarte, presidente da en-
tidade, que solicitou ao MME
(Ministério de Minas e Ener-
gia) a ampliação do total co-
mercializado no mercado li-
vre. “Tivemos o pedido de al-
teração da portaria negado
pelo ministério na semana
passada”, afirmou ele.
baGaço De acordo com Du-
arte, as usinas têm condições
de produzir energia exceden-
te mas estão inibidas de in-
vestir. Procurado pela colu-
na, o MME afirma que “a al-
teração não está sob exame
no momento”.
enGrenaGem A ABDI (Agên-
cia Brasileira de Desenvolvi-
mento Industrial) vai relan-
çar o programa de capacita-
ção Brasil Mais Produtivo, do
governo Michel Temer.
mão de obra A meta, segun-
do a ABDI, é treinar 200 mil
empresas em técnicas de ma-
nufatura enxuta e redução de
desperdícios, com as estrutu-
ras de Sebrae e Senai. Os cus-
tos serão divididos entre o go-
verno e as empresas.
Cabide A rede de moda Osk-
lenvaitestartecnologiasedis-
posições de produtos em sua
primeiraunidadelaboratório,
noBarraShopping,noRio.Cli-
entes poderão comprar itens
em painéis touchscreen com
a história das peças. Câmeras
inteligentes vão analisar o in-
teresse dos consumidores.
PassaPorte Depois da via-
gem de Bolsonaro à Ásia, o
presidente da SP Negócios,
Juan Quirós, leva comitiva da
Prefeitura de São Paulo a Xan-
gai para uma feira empresari-
al e reunião com o prefeito da
cidade chinesa.
bolso AYouse, startupligada
àCaixaEconômica,antecipou
suas ofertas para a Black Fri-
day e já começou a dar 20% de
desconto no seguro de vida.
IMPOSTO DE RENDA
Em R$ Alíquota,
em %
até
1.903,98 isento
de 1.903,99
até 2.826,65
7,5
de 2.826,66
15
até 3.751,05
de 3.751,06
22,5
até 4.664,68
acima de 27,5
4.664,68
EMPREGADOS
DOMÉSTICOS
Considerando o piso na capital e Grande Sp
Alíquota Mínimo Máximo
em R$ em R$
empregado de 8% 97,28
a 11%
empregador 20% 243,20
*O prazo para o patrão da doméstica
vence no dia 7.nov. A guia de
pagamento dos patrões inclui a
contribuição ao INSS do empregador
e da doméstica, o FGTS, a multa para
a demissão e o seguro contra acidentes.
A contribuição ao INSS da doméstica
pode ser descontada de seu salário
a eee
Programas de milhagem
dão até despacho de mala
em categorias mais altas
Subir de classe exige voar com grande frequência, mas usar cartão
de crédito que acumule pontos conversíveis em milhas pode ajudar
são paulo Os programas de Compare os programas de fidelidade das
milhagem podem ser uma maiores companhias aéreas brasileiras
alternativa para que passagei-
ros mais frequentes evitem TudoAzul
a cobrança por despacho de
bagagens, assentos com mais Pontos acumula-
espaço —localizados pró- Categoria dos a cada r$ 1 bagagem Embarque Assento com
gasto na passa- prioritário? mais espaço?
ximos a saídas de emergência
das aeronaves— e marcação gem da azul
dos lugares.
Para isso, porém, é preciso Tudo 1 dá direito a uma bagagem
que o viajante esteja em uma Azul de até 23 kg em voos para
das categorias mais elevadas américa do Sul e Caiena
dos programas, o que exige,
em geral, que voe com fre- Topázio 3 uma bagagem de até 23 kg
quência elevada. em voos para américa do Sul e
Para especialistas no setor, Caiena e uma em voos nacionais
o ideal para quem ainda não
voacomfrequênciaeéumini- Safira 4 uma bagagem de até 23 kg
ciante no mundo das milhas em voos para américa do Sul e
é concentrar seus pontos em Caiena e duas em voos nacionais
um único lugar, seja o progra-
ma da companhia aérea, seja Diamante 6 uma bagagem de até 23 kg
o de um banco que permita em voos para américa do Sul e
a transferência para milhas. Caiena e duas em voos nacionais
Outra recomendação é usar
umcartãodecréditoparaacú-
mulo de pontos que possam Latam Pass
ser convertidos em milhas. A Ponto em caso de voos nacionais a Pontos em caso de voos internacionais
maioria cobra anuidade, mas cada r$ 1 gasto na passagem da Latam a cada uS$ 1 gasto na passagem da Latam
há no mercado os que ofere-
cem isenção a partir de um
patamar de gastos mensais. Categoria Pontos bagagem Embarque Assento com
prioritário? mais espaço?
Os programas das três mai- acumulados*
ores companhias aéreas do
país (Smiles, da Gol; Latam Latam 2,5 não
Pass, da Latam; e TudoAzul, ou
da Azul) têm parcerias com 5
os principais bancos do pa-
ís e permitem que o acúmu- Gold 4 Sim, em voos domésticos
lo de pontos no programa de ou
fidelidade dos bancos sejam 8
convertidos em milhas.
“A esmagadora maioria dos Gold 5 Sim, em voos domésticos
clientes dos programas de Plus ou
companhias aéreas é das clas-
ses A e B, que têm mais de um 9
cartão de crédito. O acúmulo
depontosinfluenciaadecisão Platinum 6 Sim, em voos domésticos
de qual cartão usar, e as em- ou
presas sabem disso. Por isso
é um mercado competitivo”, 10
diz André Castellini, sócio da
Bain&Company. Black 7 Sim, em voos domésticos
Quem gasta até cerca de ou e internacionais
R$ 2.000 mensais deveria acu-
mular pontos em único pro- 11
grama e usar só um cartão
de crédito, diz Alexandre Zyl- Black 8 Sim, em voos domésticos
berstajn, especialista em mi- Signature ou e internacionais
lhagem e diretor do site Pas-
sageiro de Primeira. 12
“Osprogramasestãomenos
generosos na pontuação por
voo, mas os cartões são uma Smiles
boa opção. O ideal é que o ini-
ciante o use inclusive para pa- Pontos para Pontos para voos internacionais a cada milha voada em voo da gol
gar pequenas compras, como voos domésticos
o pão de queijo na padaria. Is- a cada r$ 1 gasto Clientes acumulam 1.000 pontos 3.000 para 5.000 para Am.
so exige, claro, prudência pa- na passagem da gol
no mínimo: América do Sul Am. Central do Norte
ra não gastar demais.”
Na escolha do cartão, o pas-
sageiroprecisaavaliarseoseu Categoria Pontos acumulados de bagagem
Embarque
prioritário?
Assento com
mais espaço?
perfildegastos permitiria res- acordo com o tipo de voo
gatar passagens que valham
mais que a anuidade. Smiles 1 não
Na Latam, é possível fa- Tarifa promocional
zer resgates a partir de 1.500 ou
milhas. Na Azul, a partir de 3
3.000. Na Smiles, há trechos Tarifa max (a mais cara)
por 4.000. Voos mais longos e ou
internacionais, porém, costu- 0,5
mam exigir bem mais milhas.
Deduzir,
em R$ Os valores dependem, além Prata 1,25 uma bagagem de até
da distância percorrida, do
Tarifa promocional 23 kg em voos da gol
horário do voo, da antecedên- ou
142,80 cia da compra e da demanda 3,75
pela rota. Tarifa max (a mais cara)
354,80 Outra dica é buscar pontos
ou
por meio de compras de pro- 1
636,13
dutos e serviços parceiros dos
869,36
programas de milhagem. Ouro 1,5 até duas bagagens
“O Magazine Luíza tem par- Cliente Tarifa promocional de até 23 kg cada
ceria com a Latam Pass. A acumula ou em voos gol
Uber,comaSmiles.Sevocêfaz no 4,5
compras ali, pode aproveitar.”
mínimo Tarifa max (a mais cara)
Os programas costumam 500 ou
ter acordos com seguradoras pontos 1,5
672,34 e redes de hotéis, o que per-
miteaopassageiroganharmi- Diamante 2 até três bagagens de até
1.167,89 lhasduranteumaviagempara Cliente Tarifa promocional 23 kg cada em voos gol
alémdacompradapassagem. acumula ou
Em caso de programas de no 6
bancos,omelhoréqueatrans- mínimo Tarifa max (a mais cara)
ferênciaparamilhassejafeita 1.000 ou
durante promoções que ga- pontos 2
rantam bônus na pontuação. *Sem taxas Fonte: companhias aéreas
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 A21

folhainvest

FGTS, sacar ou deixar lá creditado aos trabalhadores.

Se não estiver precisando, deixe o dinheiro rendendo no FgTS, agora com retorno decente
- tos aos trabalhadores.
Marcia Dessen
Planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: o Que Fazer com meu dinheiro”
Até 26 de outubro, mais de
R$ 16,9 bilhões do saque ime-
diato do FGTS haviam sido pa-
gos para cerca de 40 milhões
de trabalhadores correntistas
da Caixa, que receberam crédi-
to em conta. Outros, nascidos
nos meses de janeiro, feverei-
ro e março, foram espontanea-
mente sacar no caixa do banco.
Curioso que aos correntistas
não foi dada a oportunidade
de manifestar sua vontade. O
dinheiro foi creditado em con-
ta, um convite para gastar o di-
nheiro e esquentar o consumo.
É bem verdade que, com o
atual nível de desemprego, a di-
ficuldade de fechar a conta de
cada mês, fim de ano se aproxi-
mando, dívidas em aberto, um
dinheiroextravembemacalhar.
Entretanto, a hipótese de
manter o dinheiro investido,
preservando a reserva cons-
tituída para a aposentado-
ria, não foi ao menos cogi-
tada. E essa é a minha pro-
vocação de hoje.
Sabemos que a remuneração
do FGTS sempre foi uma pia-
da de mau gosto: juros de 3%
ao ano, além da TR (igual a ze-
ro), é uma política que destrói
o patrimônio do trabalhador.
Essaremuneraçãopífiafoies-
tabelecida pela lei nº 8.036, em
1990.Naépoca,ataxadejurose
a inflação eram altíssimas e as-
simpermaneceramdurantedé-
cadas, mesmo após o Plano Re-
al, impondo perdas sucessivas.
O atual patamar de juros
e inflação reduz a perda dos
trabalhadores, mas o proble-
ma não foi resolvido, e a desi-
gualdade em relação a alter-
nativas existentes no mercado
financeiro permanece.
Em 2014, o governo reduziu
a rentabilidade da poupan-
ça de 6% ao ano para 70% da
Selic, em razão da queda na
taxa básica de juros, que co-
locava o rendimento da ca-
derneta à frente de alterna-
tivas de investimento.
Entretanto, nunca se de-
dicou a equalizar a remune-
ração do FGTS, buscando o
mesmo equilíbrio que justifi-
cou a redução da remunera-
ção da poupança.
Os recursos do FGTS são in-
vestidos em obras de habitação
popular, saneamento e infra-
estrutura, que geram, a princí-
pio, retorno muito superior ao
A medida provisória nº 889
( julho de 2019), ratificada pe-
lo Conselho Curador do FGTS,
deliberou acerca do repasse
do resultado dos investimen-
Isso quer dizer que, pela
primeira vez desde que foi
criado, há mais de 50 anos, o
FGTS distribuiu aos trabalha-
dores os ganhos obtidos com
os investimentos realizados.
Cerca de R$ 12 bilhões, 100%
do resultado alcançado em
2018,foramdistribuídosaostra-
balhadores que possuíam con-
tavinculadacomsaldopositivo
em 31 de dezembro de 2018. Ale-
luia, antes tarde do que nunca!
Mas, afinal, quanto foi cre-
ditado a cada cidadão? Fui
conferir, no extrato da conta
do FGTS do meu filho, quan-
do e quanto ele recebeu. Em
10 de agosto de 2019 ele rece-
beu cerca de 3% sobre o saldo
de dezembro de 2018.
Dessa forma, em 2018, a re-
muneração total do FGTS foi
de 6% ao ano: 0,2466% credi-
tado mensalmente (equiva-
lente a 3% ao ano), mais o de-
pósito extraordinário, de cer-
ca de 3%, relativo ao resulta-
do do ano-base 2018.
Considerando a atual taxa
de juros básica da economia
e a isenção fiscal do FGTS, o
rendimento superou a renta-
bilidade de diversas aplica-
ções financeiras do mercado
e também a inflação (IPCA),
de 3,745% no mesmo ano.
A pergunta que fica é se essa
política de distribuição de re-
sultados será mantida nos pró-
ximos anos e que montante se-
rá distribuído. Se mantida, ca-
beareflexãosobreahipótesede
não sacar os recursos do FGTS,
pensar no futuro, na longevida-
de, e manter o dinheiro investi-
do, com remuneração decente,
pela primeira vez na vida.
marcia.dessen@gmail.com

| dom. Samuel Pessôa | seg. Marcia Dessen | ter. Nizan Guanaes, Cecilia Machado | qua. Helio Beltrão | qui. Cida Bento, Solange Srour | sex. Nelson Barbosa | sáb. Marcos Mendes, Rodrigo Zeidan

Renda baixa limita McDonald’s demite presidente

por se relacionar com funcionária
CVM lista nomes
sujos do mercado
financeiro

avanço da previdência
são Paulo O McDonald’s de-
mitiu seu presidente-execu-
tivo, o britânico Steve Eas-
terbrook, 52, após descobrir
que ele mantinha um relaci-
em uma “empresa moderna
eprogressivadehambúrgue-
res”, em suas palavras.
Como os consumidores
passaram a migrar para al-
são Paulo A CVM (Comis-
são de Valores Mobiliários)
lançou na sexta-feira (1º)
uma página na qual lista

privada após reforma

Falta de dinheiro é entrave para adesão e produtos ainda são
muito voltados para classes mais altas, dizem especialistas
-
Isabela Bolzani
são Paulo A renda média das
famílias em níveis ainda bai-
xos pode frustrar as proje-
ções de crescimento para a
previdência complementar
nos próximos anos.
A expectativa de que a apro-
vação e implementação da re-
forma da Previdência tenha
como reflexo uma maior de-
manda por parte do consu-
midor ainda não se confir-
mou nas estatísticas do setor.
De acordo com os dados
mais recentes da FenaPrevi
(Federação Nacional de Pre-
vidência Privada e Vida), ape-
sar do crescimento de 66,3%
na captação líquida de agosto
ante igual mês de 2018, o nú-
mero de participantes ativos
subiuapenas2,2%noperíodo.
Isso indica que ainda há
uma baixa adesão de novos
entrantes e um produto ain-
damuitorestritoàsclassesso-
ciais mais altas: a proporção
de trabalhadores que possu-
em um plano de previdência
privada em relação à popu-
lação ativa é de apenas 12,1%.
Em termos relativos, significa
dizer que, de cada dez pesso-
as em idade ativa de trabalho,
apenas uma possui uma pou-
pança complementar.
O professor do Insper Ricar-
do José Almeida afirma que o
grande problema a ser resol-
vido no país é a renda média
da população, que, nos níveis
atuais, não permite que o tra-
balhadordas classes maisbai-
xastenhaumasobraparacon-
seguir poupar.
“Os índices de desemprego
ainda estão diminuindo em
razão do aumento da infor-
malidade,earendamédiadas
famílias continua a cair. Sem
a possibilidade de poupança,
é possível que o cenário posi-
tivo que está sendo esperado
naprevidênciacomplementar
nãoseconcretize”,diz,ponde-
rando que, para que isso mu-
de, novos produtos e incenti-
vos podem ser necessários.
De acordo com a POF (Pes-
quisa de Orçamentos Familia-
res) do IBGE (Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatísti-
ca) realizada entre os anos de
2017 e 2018, o rendimento mé-
dio mensal das famílias bra-
sileiras ficou em R$ 5.426,70.
Esse número, no entanto,
sofre influência dos 2,7% de
famíliasbrasileirasqueconcen-
tram 19,9% da renda no país.
Para DiegoKashiwakura,vi-
ce-presidente sênior da agên-
cia de classificação de risco
Moody’s, no entanto, o seg-
mento tem ganhado relevân-
cia ao longo dos últimos anos,
e, ainda que o volume de ati-
vos sob gestão que estão atre-
lados a esses planos também
dependam da renda disponí-
veledacapacidadedepoupar,
há uma maior percepção en-
tre os trabalhadores sobre a
necessidade de reservar uma
quantia para o futuro.
“O Brasil enfrentou muitas
dificuldades, e essa capacida-
de de poupança está muito
ligada ao nível da atividade
econômica. Mas esse produ-
to e a própria discussão ao re-
dor da Previdência Social têm
traçado uma tendência posi-
tiva para o setor. Já estamos
Contribuições
mensais para planos
de previdência
Em R$ bi
15
12,5 11,6
12
9,4
9
6
jan. dez. ago.
17 17 19
Participantes de planos
de previdência
Em milhões
15
13,3
12
11,3
9 são constante sobre tornar a
6 de de abrir as portas para es-
jun. ago.
14 19
Fontes: CNseg e FenaPrevi
onamento com uma funcio- ternativasmaissaudáveisde pessoas e empresas impe-
nária, numa violação à polí- alimentoe as vendas caíram didas de atuar no mercado
tica da cadeia de fast food. emtodoosetor,eletentoues- financeiro, uma espécie de
A decisão foi tomada pelo timular o crescimento com cadastro negativo. O banco
conselho na sexta-feira (1º). iniciativas que incluíamare- de dados inclui suspensões
Neste domingo (3), Easter- vitalização do cardápio e o temporárias e começa com
brook enviou email aos fun- cafédamanhãduranteodia. 156 nomes.
cionáriosemqueconfirmava
o relacionamento. “Isso foi
Apesar dos esforços, as
vendas nos EUA, principal
Dos casos na primeira
versão da lista, 66% corres-
um erro”, disse Easterbrook. mercado da rede, mantêm- pondemapuniçõestempo-
colhendo os resultados.” A empresa não forneceu se estagnadas. rárias que vão desde o uso
Em um relatório recente, nenhum detalhe sobre o re- “Kempczinski foi funda- de informações privilegia-
analistas da Moody’s avaliam lacionamento e afirmou que mentalnodesenvolvimento das até operações fraudu-
os pontos positivos que a re- Easterbrook será substituí- do plano estratégico do Mc- lentas. Eles ocorreram a
forma previdenciária brasi- do imediatamente por Ch- Donald’s e supervisionou a partir de 2002, e o tempo
leira pode trazer para o seg- ris Kempczinski, que ocu- transformação mais abran- de afastamento do merca-
mento. Dentre os fatores que pa o cargo de presidente da gente dos negócios dos EUA do varia de 1 a 20 anos, a de-
contribuirão para uma maior McDonald’s USA. na história do McDonald’s”, pender do delito.
demanda, estão: o envelheci- Easterbrooksetornoupre- disse Enrique Hernandez, Estão na lista da CVM
mentodapopulação,osincen- sidente-executivo em março presidente do conselho do também 38 pessoas ou em-
tivos fiscais atribuídos a pla- de 2015. Sob sua gestão, as McDonald’s,emcomunicado. presas que firmaram ter-
nos PGBL e VGBL e a chegada ações da gigante de fast food Aredetem38milpontosde mos de compromisso com
de novos produtos e preços. quase dobraram de valor. O venda (dos quais 14 mil nos a autarquia por práticas de
Do lado das seguradoras, executivo tentou transfor- EUA)emmaisdecempaíses. infrações administrativas.
porém, essa diminuição de mar o McDonald’s de um im- Com Financial Times e Para ter acesso aos no-
preços —também muito pério decadente de fast food The Wall Street Journal mes, acesse cvm.gov.br.
atrelada à redução das taxas
de carregamento e de saída
como forma de manter o ren-
dimento dos segurados ante
as consecutivas quedas da ta-
xa básica de juros, a Selic—
deve ter um limite.
Segundoosuperintendente
de previdência do Santander,
Victor Bernardes, grande par-
te dos esforços do mercado já
se volta para uma diversifica-
ção no mix deprodutos como
tentativa de mudar a concen-
traçãoemativosderendafixa.
“É preciso uma mudança
de atitude por parte dos ofer-
tantes para saber conversar
com todos os públicos e ofe-
recer produtos simples a pre-
ços adequados. Esse produ-
to ainda é muito voltado pa-
ra um público de alta renda,
e isso precisa mudar.”
“A demanda deve,sim,sein-
tensificar. Mas temos um pa-
pel importante de preparar o
mercado para esse movimen-
toedemocratizaroacessoaos
produtos em relação a cada ti-
po de renda, com um portfó-
lio completo. É um processo
completo, mas necessário”,
afirma o superintendente de
previdência da Icatu Seguros,
Henrique Diniz.
ParaopresidentedaAbrapp
(Associação Brasileira das En-
tidadesFechadasdePrevidên-
cia Complementar), Luís Ri-
cardo Martins, as indicações
de que o segmento pode de-
monstrar crescimento tam-
bém podem ser vistas pelas
entidades fechadas.
“Estamos em uma discus-
previdência privada um seg-
mentosupervisionadoporum
único órgão, e há a necessida-
sa demanda reprimida. É um
momento histórico, mas ain-
da há muito a ser feito.”
A22 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 a eee
folhainvest

KYC, conhecer cliente é graal de fintechs inúmeros problemas, que vão

da dificuldade de fazer KYC a
fake news, que se aproveitam
de empresas privadas especi-
alizadas para fazer KYC. E há
quem diga que a parte mais
desse anonimato. relevante do projeto Libra, do
Certificar-se de que a pessoa do outro lado da rede é quem ela diz ser virou peça-chave Diante desse cenário, o que Facebook, não é a criação de
fazer? São várias as estratégi- uma moeda virtual, mas sim
- as. A primeira envolve centra- de um sistema global de KYC,
Ronaldo Lemos lização, como aconteceu na que depois poderá ser forneci-
advogado, diretor do instituto de Tecnologia e Sociedade do rio de Janeiro China, na Índia ou na Estô- do para outras empresas.
nia. Nesses países, o governo Em suma, resolver essa
criou uma identidade digital questão é uma das tarefas
KYC não é o nome de uma nova jogo das startups financeiras o argumento de que esse pro- conseguia identificar tran- que pode ser atrelada ao uso mais importantes da rede
cadeia de fast food, mas, sim, (e também de boa parte dos cesso não era seguro e abria sações fraudulentas, deriva- de serviços online. atual, com impacto tanto
o acrônimo da atividade que negócios online). Basta ver o caminho para fraudes, lava- das da dificuldade de fazer Em outras palavras, o go- em serviços privados como
está se tornando o santo gra- caso do N26, startup alemã gem de dinheiro e ilícitos. Na KYC adequadamente. verno identifica o indivíduo nos serviços públicos.
al para as fintechs (empresas que se tornou a “menina dos sequência, a autoridade que A raiz da questão é um pro- e permite ao setor privado
que usam a rede para o ofere- olhos” na Europa. De junho de supervisiona o sistema ban- blema de design da própria usar essa identificação digi-
cer serviços financeiros). 2018 a junho de 2019, a empre- cário na Alemanha interpelou internet. Quando a rede que tal para fazer KYC. É esse ti- ReadeR
O termo significa “know your sa ganhou 1,5 milhão de cli- a N26 e passou a exigir medi- usamos hoje foi criada, ficou po de medida que ajudou em- Já era Imprimir só em papel
customer” (conheça seu clien- entes, atingindo 3,5 milhões. das mais rigorosas no proces- de fora uma camada capaz presas como a chinesa Ali-
te) e diz respeito a uma das ati- Uma das razões foi justamente so de KYC da empresa. Vári- de identificar pessoas. A in- pay/Ant Financial a se torna- Já é Imprimir um tênis cus-
vidades mais difíceis de fazer a desburocratização: é muito os clientes tiveram de ser rei- ternet consegue tecnicamen- rem conglomerados financei- tomizado escaneando os pés
online: certificar-se de que a fácil abrir uma conta na pla- dentificados, e a startup teve te identificar o endereço das ros gigantescos naquele país. da pessoa
pessoa do outro lado da rede taforma, e o processo de veri- de rever seus processos. máquinas que estão ligadas Outra estratégia é descen-
é realmente quem ela diz ser. ficação de identidade do con- Algo semelhante aconte- a ela, mas não a identidade tralização. Isso envolve a cri- Já vem Imprimir um jeans
Conseguir provar a identi- sumidor é simples e online. ceu com a fintech inglesa das pessoas que estão usan- ação de um ecossistema pri- customizado escaneando as
dade de um cliente é a pedra O problema é que a empre- Revolut. Investigações mos- do essas máquinas. vado de KYC. A própria N26, pernas da pessoa (com a em-
fundamental no competitivo sa passou a ser criticada sob traram que seu sistema não Essa “falha” de design traz por exemplo, usa os serviços presa Unspun)

Sauditas vão buscar o maior IPO da história

reino oficializa oferta de ações da gigante petroleira Saudi aramco, cujo valor de mercado é maior que o Pib brasileiro
-
Igor Gielow lhões de barris) e vale entre do a empresa de ecommerce apoiados pelo seu maior rival que vai destinar a maior par- par a economia do carbono.
US$ 1,5 trilhão e US$ 2 trilhões chinesaAlibaba,quelevantou no Oriente Médio, o Irã. te do dinheiro que auferir no A própria Aramco destina
SÃO PAULO Após três anos de (R$ 8 trilhões, maior valor do US$ 22 bilhões (R$ 88 bilhões Desse conflito partiramata- IPO para um fundo soberano US$ 600 milhões (R$ 2,4 bi-
suspense,aArábiaSauditaen- mundo, mais que o PIB anual hoje) em um dia em 2014. quessecundáriosapetroleiros da Arábia Saudita destinado lhões) anuais para desenvol-
fim anunciou que irá vender do Brasil, de R$ 6,8 trilhões). Mas nem tudo é triunfalis- e, no dia 14 de setembro des- a pesquisas de energia reno- vimento de alternativas e tem
ações de sua gigante petro- Para comparar, a Petrobras mo com anúncio feito em Ri- te ano, contra instalações de vável e inovação. propagandeado foco renova-
leira estatal, a Saudi Aramco, produz 3 milhões de barris di- ad pelo presidente da Aram- refino da Aramco —cortan- Há uma preocupação so- do em petroquímica.
responsávelpor11%daprodu- ários de óleo e gás, vale cerca co, Yasir al-Rumayyan, neste do a produção pela metade. cial envolvida: rico, o reino é Por fim, há a competição
ção diária de óleo no mundo. de R$ 370 bilhões e teve seu domingo (3). Al-Rumayyanafirmouquea altamente desigual e tem um vinda de lugares como a Ve-
Não há hipérbole suficien- primeiro lucro líquido em Desde que o príncipe her- ação não prejudicou o fatura- desemprego de nível brasilei- nezuela, maior detentora de
te para descrever a Aramco. quatro anos, após as desco- deiroMohammedbinSalman mento da empresa neste ano, ro, na casa dos 12%. O gover- reservas do mundo e com
Ela extrai 10 milhões de bar- bertasdecorrupçãodaOpera- assumiu o poder “de facto” no mas os números até aqui fe- no tem investido em opções uma extração baixíssima da-
ris de petróleo por dia, é a em- ção Lava Jato, em 2018: R$ 25,7 reino, em 2016, e anunciou o chados da Aramco não faci- ao óleo e em alta tecnologia. da a crise contínua do país, e
presa mais rentável do mun- bilhões. O Brasil tem a 15ª re- IPO, a Arábia Saudita passou litam a aferição da assertiva. Petróleo responde por um o Brasil, como o renovado in-
do (US$ 111 bilhões de lucro serva mundial de petróleo, por uma série de reveses po- Além disso, há uma ques- terço da matriz energética do teresse pelo rentável petróleo
líquido em 2018, ou cerca de 12,7 bilhões de barris. líticos e econômicos. tão existencial. A mudança mundo, e a demanda cresce do pré-sal explicita.
R$ 444 bilhões), controla a se- O IPO (oferta pública inici- O país está engajado em climática é uma realidade no perto de 1,5% ao ano desde o Há fatores políticos: a im-
gundamaiorreservadepetró- al, na sigla inglesa) deverá ser uma guerra civil contra rebel- mercado. Não é casual que começo da década. Ainda as- plicação do príncipe na mor-
leo mundial (cerca de 270 bi- o maior do mundo, superan- des xiitas no vizinho Iêmen, a Aramco tenha informado sim, há uma corrida para lim- te de um jornalista, o que ele
nega, e abusos apontados no
Iêmen falam contra o país.
Emsetembro,apósoataque
Banco Safra S.A. INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS
contrasuarefinaria,aAramco
CNPJ 58.160.789/0001-28 - NIRE 35.300.010.990
Edital de Convocação - Assembleia Geral Extraordinária DO ESTADO DE SÃO PAULO S.A. - IPT viu sua nota de crédito cair de
Ficam convocados os senhores acionistas desta Sociedade a se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária que será C.N.P.J. 60.633.674/0001-55 A+ para A pela agência Fitch.
realizada no dia 12 de novembro de 2019, às 11h, na sede social, Avenida Paulista, 2.100, Bela Vista, São Paulo, SP, CEP
01310-930, a fim de deliberarem sobre a seguinte ordem do dia: (i) a tomada de conhecimento do pedido de renúncia
Cotação - Processo IPT Nº DL00683.2019 - RC33810.2019
EDITAL DE CONVOCAÇÃO Assim, analistas vêm bai-
Objeto: Secador de Ar Comprimido por Refrigeração para o projeto do Laboratório FLCONE.
de membros do Conselho de Administração; e (ii) a eleição de membros para compor o Conselho de Administração.
São Paulo, 31 de outubro de 2019 - Conselho de Administração (01, 02 e 04/11/2019) Cotação - Processo IPT Nº DL00684.2019 - RC34212.2019 xando as estimativas de valor
Objeto: Aquisição de Peça Forno 13” para Analisador de Enxofre e Nitrogênio por Fluorescência - ref.: ASSEMBLEIA GERAL da gigante de US$ 2 trilhões
Declaração de Propósito - Ana Maria Christophe Torres (Passaporte Espanhol Nº Xdc791317)
103291 - marca Antek.
Cotação - Processo IPT Nº DL00688.2019 - RC34170.2019 O Sindicato dos Professores de para US$ 1,5 trilhão, o que de-
Declara, nos termos do artigo 6º do Regulamento Anexo II à Resolução nº 4.122, de 2 de agosto de 2012, sua intenção de exercer
cargo de administração na Deutsche Sparkassen Leasing do Brasil S.A. – Sociedade de Arrendamento Mercantil, devidamente Objeto: Aquisição de Barras Chatas em Aço Estrutural A36. São Paulo, nos termos estatutários, veráimpactaroIPO.Alémdis-
inscrita no CNPJ sob o nº 23.511.655/0001-20.ESCLARECE que eventuais objeções à presente declaração devem ser comunicadas
diretamente ao Banco Central do Brasil, no endereço abaixo, no prazo de quinze dias contados da divulgação, por aquela Autarquia, Cotação - Processo IPT Nº DL00689.2019 - RC34282.2019 convoca os professores associa- so, a oferta não mais será fei-
de comunicado público acerca desta, por meio formal em que os autores estejam devidamente identificados, acompanhado da
documentação comprobatória, observado que os declarantes podem, na forma da legislação em vigor, ter direito a vistas do processo
Objeto: Fornecimento e Instalação de Caixas de Passagem para Sala Limpa do Laboratório de
Biotecnologia Industrial.
dos, para reunirem-se em assembleia ta em várias Bolsas pelo mun-
respectivo. BANCO CENTRAL DO BRASIL - Departamento de Organização do Sistema Financeiro (DEORF) - Gerência Técnica em geral, no dia 07 de novembro de do, e sim em Riad.
São Paulo (GTSP2) - Av. Paulista, 1804 - 01310-922 – São Paulo - SP. São Paulo (SP), 04 e 05 de novembro de 2019. Cotação - Processo IPT Nº DL00690.2019 - RC34247.2019
Objeto: Prestação de Serviços de Limpeza e Higienização de Reservatórios de Água, Dedetização
2019, na Rua Borges Lagoa, 170 - O IPO ocorrerá depois de
São Paulo, às 13h (treze horas), em
EDITAL DE CONVOCAÇÃO - ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA
e Desratização de Ambientes no Campus do IPT.
Cotação - Processo IPT Nº DL00691.2019 - RC34067.2019 primeira convocação, havendo quo-
umareuniãocominvestidores
Pelo presente edital, o SINDICATO DOS TRABALHADORES NO MERCADO DE CAPITAIS DO ESTADO DE SÃO
PAULO, com sede na Rua São Bento, nº 290 - 2ª andar Sala 07 e 3ª andar Sala 13 -, Centro, São Paulo/SP, com base Objeto: Locação de Guindaste Bi-articulado com cesto Aéreo, com operador, com seguro, para rum, ou às 14h (quatorze horas), em no dia 9. A ideia inicial é ofer-
territorial sindical no Estado de São Paulo, por seu Presidente, no uso das suas atribuições Estatutárias, convoca todos
os trabalhadores integrantes da categoria profissional, filiados ou não filiados, a participarem da Assembleia Geral
inspeção da Ponte da Rodovia Benedito Pascoal de Franca - SP.
segunda convocação, com qualquer tar entre 2% e 5% das ações da
Cotação - Processo IPT Nº DL00692.2019 - RC34259.2019
Extraordinária, a realizar-se no dia 06/11/2019, na Rua Libero Badaró, nº 488 - Conj.4A, Centro, São Paulo/SP, em
Objeto: Cursos In Company de Mapeamento e Modelagem de Processos. número de presentes, com a seguinte empresa, reservando 50% do
primeira convocação às 18h00min e, não havendo número legal, com qualquer número de pessoas às 18h30min em
segunda convocação, a fim de deliberarem a seguinte ordem do dia: a) Ação Coletiva objetivando a substituição do Data Final para Apresentação de Proposta: 06/11/2019 até as 17:00h. ordem do dia: lote para cidadãos sauditas
atual índice de correção monetária do FGTS, bem como, a cobrança de diferenças de correção monetária dos valores
depositados na conta vinculada ao FGTS; b) Elaboração e Aprovação da Pauta de reinvindicação a ser impetrada no
Data da Publicação: 04/11/2019.
Esclarecimentos adicionais poderão ser obtidos através dos telefones/e-mail’s: ● Previsão orçamentária para o —invariavelmente, serão ri-
âmbito Judiciário e a propositura da ação coletiva; c) outorga de poderes á diretoria desta entidade para a propositura
da ação e contratação do Escritório de Advocacia para demandas no Âmbito do Judiciário. São Paulo, 30 de Outubro
(11) 3767-4035/4039 - damiao@ipt.br/sonia@ipt.br - Departamento de Compras.
ano de 2020; cos membros da família real.
de 2019. Hugo Nunes Santos - Presidente do Sindicato. ● despesas e receitas; Apesar das restrições, o di-
● mensalidade associativa. nheiro e os números suculen-
Licitações Feaes
R. Lothário Boutin, 90 PR IA
São Paulo, 04 de novembro de 2019. tos da Aramco sempre falam
mais alto. Combustíveis fós-
O
•B IM
R X

Pinheirinho – Curitiba/PR
AS T •E
ILIA
• FI A N

CEP 81.110-522
(41) 3316-5967 Prof. Luiz Antonio Barbagli seis são a mola da economia
jafonseca@feaes.curitiba.pr.gov.br, Presidente mundial, 160 anos depois do
www.feaes.curitiba.pr.gov.br início de sua exploração.
CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO Com reuters e aFP
AVISO DE LICITAÇÃO
EDITAL DE CONVOCAÇÃO DA ELEIÇÃO
A Fundação Estatal De Atenção à Saúde - Feas torna publico, para A Comissão Eleitoral, designada pelo Plenário do CRCSP, por meio das Deliberações n.ºs 37/2019
conhecimento dos interessados, que fará realizar licitação, sob a e 42/2019, no uso das suas atribuições legais e em cumprimento ao disposto na Resolução CFC
n.º 1.570/2019, convoca todos os contadores e técnicos em contabilidade com registro no CRCSP
modalidade Pregão Eletrônico, com as seguintes características (P.E. para a eleição de 1/3 (um terço) dos seus membros, e para preenchimento de vagas no terço
119/2019). complementar, a se realizar conforme o presente Edital, que estabelece, em síntese que:
DATAS: 19 e 20 de novembro de 2019
Processo Administrativo nº: 195/2019 – Feas. HORÁRIO: das 08:00 do dia 19 de novembro às 18:00 do dia 20 de novembro PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA
Pregão Eletrônico nº: 119/2019 Feas. (horário oficial de Brasília)
SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS PÚBLICAS
1. DA FORMA DE ELEIÇÃO
AMPLA CONCORRÊNCIA
A eleição será realizada por sistema eletrônico de votação, exclusivamente via internet, por meio
Objeto: Contratação de empresa especializada em prestação de Serviços de voto em uma das chapas habilitadas, formadas por lista fechada, constando, em cada chapa, AV I S O
de Alimentação e Nutrição Transportada, para fornecimento de refeições os candidatos efetivos e respectivos suplentes de cada categoria profissional.
EDITAIS DE CONCORRÊNCIA PÚBLICA Nº 023/2019 e 024/2019
a pacientes, respectivos acompanhantes e funcionários dos Centros de 2. DO VOTO

Atenção Psicossocial e Residências Terapêuticas indicadas pelo período
de 12 (doze) meses.
Valor total máximo estimado: O valor máximo estimado é de R$
4.252.054,40 (quatro milhões duzentos e cinquenta e dois mil e cinquenta
e quatro reais e quarenta centavos).
Data/horário envio de proposta: a partir do dia 05 de novembro de 2019
de 2019 das 10h até o dia 19 de novembro de 2019, às 13h29, horário de
Brasília/DF.
Abertura das propostas: As propostas serão abertas às 13h30 do dia 19
de novembro de 2019.
Data/horário envio de lances: 19 de novembro de 2019, a partir das 14h,
horário de Brasília/DF.
Justificativa Para O Certame: considerando o disposto no art. 17,
incisos I e II da LC nº 89/2014 do Município de Curitiba/PR c/c art. 49,
incisos II e III da LC nº 123/2006 Federal; no sentido de que não há 03
(três) empresas enquadradas como ME/EPP para os itens do certame,
participantes da composição do referencial de preços do presente certame,
optou- se ampliação da participação para todas as empresas neste processo.
- As propostas deverão respeitar a data e horários determinados acima.
- O edital está à disposição dos interessados no portal de compras da Feas:
http://www.publinexo.com.br, bem como no sítio eletrônico da Feas:
http://www.feas.curitiba.pr.gov.br.
- Informações contatar pelos fones: (41) 3316-5967/ (41) 3316-5927.
Curitiba, 31 de outubro de 2019.
Janaina Barreto Fonseca
Pregoeira
2.1. O voto é obrigatório, secreto, direto e pessoal e deve ser efetuado por contadores e técnicos O MUNICIPIO DE CURITIBA, através da SECRETARIA MUNICIPAL
em contabilidade com registro ativo que estiverem com seus dados cadastrais atualizados e
em situação regular no CRC quanto a débitos de qualquer natureza. DE OBRAS PÚBLICAS – SMOP da PREFEITURA MUNICIPAL DE
2.2. O voto será facultativo para os profissionais com idade igual ou superior a 70 (setenta) anos
nas datas da eleição.
CURITIBA torna público, para conhecimento dos interessados, que fará
2.3. O eleitor deverá estar em dia com suas obrigações perante o CRC, inclusive quanto a débitos realizar licitações através de CONCORRÊNCIAS PÚBLICA, visando
de qualquer natureza, até 08/11/2019, quando será encerrada a nominata dos profissionais
integrantes do colégio eleitoral, aptos a votar. à seleção e contratação de empresa empreiteira para execução das
2.4. O eleitor que deixar de votar, sem causa justificada, estará sujeito à multa no valor previsto na seguintes obras de engenharia civil:
Resolução CFC n.º 1.571/2019.
2.5. Para votar, o eleitor deverá acessar a página do CFC na internet https://www.eleicaocrc.org.br, CP/023/2019-SMOP/OPO – fornecimento, fabricação e montagem de
ou a do CRC da sua jurisdição.
2.6. O CFC remeterá aos profissionais com registro ativo, senha e instruções para a validação, passarela metálica com 24 metros de extensão, na Rua Etelvina Maria
ao endereço constante no cadastro do CRC, por via postal. No caso de não recebimento da Silveira Coelho, sobre o Arroio Boa Vista, no bairro Sitio Cercado
da senha, o profissional deverá requerê-la no sítio eletrônico do CRC ou do CFC. Serão
disponibilizadas, nos sítios eletrônicos do CFC e dos CRCs, informações necessárias sobre CP/024/2019-SMOP/OPO – implantação de galeria de águas pluviais,
a participação do profissional no processo eleitoral, bem como orientações para acesso e na extensão de 621,00m, na Rua Doutor Manoel Francisco Ferreira entre
utilização do sistema eletrônico de votação.
a rua Alberto Ruts e a rua Alfredo Jaime Felippe, no bairro Fazendinha
3. DAS VAGAS A SEREM PREENCHIDAS
Os envelopes contendo “proposta de preços” e “documentos de
Deverão ser preenchidas as vagas de 12 (doze) Conselheiros efetivos e respectivos suplentes,
contadores e/ou técnicos em contabilidade, para mandato de 1º de janeiro de 2020 a 31 de dezembro
habilitação” deverão ser protocolados no Serviço de Protocolo da SMOP
de 2023 e 5 (cinco) vagas de conselheiros suplentes, para mandato complementar de 2/3 (dois terços).
4. DAS NORMATIZAÇÕES APLICÁVEIS até às 09:00h, do dia 06 de dezembro de 2019, sendo que abertura das
A eleição reger-se-á pelas normas definidas pela Resolução CFC n.º 1.570/2019 e Regulamento propostas de preços ocorrerão, em sessão pública, às 09:30h e às 10:45h,
Geral dos Conselhos de Contabilidade (Resolução CFC n.º 1.370/2011).
respectivamente, do mesmo dia 06 de dezembro de 2019 no Auditório
5. DAS NULIDADES
da Sede da Secretaria Municipal de Obras Públicas – SMOP situada na
É nula a votação quando ocorrer fraude, falsidade ou irregularidade que comprometa sua
imparcialidade e segurança, desde que interfiram no resultado da eleição. rua Emílio de Menezes n° 450, Bairro São Francisco, Curitiba – Paraná.
6. DOS RECURSOS SOBRE O RESULTADO FINAL DA ELEIÇÃO Os Editais encontram-se disponíveis para “download” no site
Somente o responsável de chapa poderá apresentar recurso ao CFC, protocolando-o na sede do
CRC, com efeito suspensivo, no qual deverá manifestar as razões pelas quais está impugnando o
www.curitiba.pr.gov.br no banner “transparência” ou junto à Gerência de
resultado da eleição, anexando a documentação comprobatória da irregularidade alegada, no prazo Licitações e Cadastramento da SMOP, no endereço acima mencionado.
de 3 (três) dias úteis, a contar da publicação, no Diário Oficial da União (DOU), dos resultados finais.
Curitiba, 04 de novembro de 2019.
4 de novembro de 2019
Hamilton Ubirajara Meneghel RODRIGO ARAUJO RODRIGUES
Coordenador da Comissão Eleitoral
Secretário Municipal de Obras Públicas
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 A23
A24 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
mpme
Eles têm mais
de 50, gostam
de tecnologia
e podem gastar
os chamados ‘agnósticos da idade’
têm dinheiro e querem comprar, mas
ainda são ignorados pelo mercado
-
Iara Biderman observado desde o final do
século 20, mas o mercado
são paulo Quandoaempresá- ainda não presta muita aten-
ria Vânia Gomes fez 62 anos, ção”, diz Dario Caldas, soci-
em junho passado, chamou ólogo do birô de tendências
os amigos para comemorar Observatório de Sinais.
em um bar. À mesa, a quanti- A publicidade também tem
dade de pessoas nos seus 30 dificuldade de entender esse
anos era um pouco maior do consumidor. “Essa geração
que a dos convidados da fai- teve influência da contracul-
xa etária da aniversariante. tura, viu a entrada massiva
Sem se vestir como uma de mulheres no mercado de
adolescente nem ostentar trabalho, tem abertura pa-
procedimentos dermatoló- ra novos comportamentos,
gicos de rejuvenescimento, mas vive num limbo do mar-
Vânia não aparenta a idade keting”, afirma Miriam Stein-
que tem, nem tenta parecer baum, diretora da Ipsos Mar-
a novinha. Mas tem mais in- keting, empresa de pesquisa
teresse nas baladas e viagens e inteligência de mercado.
de seus amigos mais jovens Já foram chamados de “age-
do que nos programas de boa less” (sem idade), “envelhes-
parte dos velhos amigos. centes” (junção de velho e
A empresária faz parte de adolescente), mas não se re-
um grupo recém-batizado de conhecem nessas categorias.
“agnósticosdaidade”.Otermo “A visão de que todo mundo
aparece no relatório “10 Prin- tem que ser jovem é muito ca- A empresária
cipais Tendências Globais de reta”, diz o sociólogo Caldas. Vânia
Consumo2019”daempresade “Eu sou e me acho uma pes- Gomes, 62,
pesquisas de mercado Euro- soa de 74 anos, mas nunca na sala de
monitor International. achei que determinadas coi- sua casa, em
Sãoconsumidorescommais sas não são para minha idade. São Paulo;
de 50 anos com gostos e valo- Nunca me passou pela cabe- acima, a
resmaispróximos dos millen- ça que alguém de 70 ou mais professora
nials (nascidos entre os anos não anda de bicicleta pela ci- de zumba
1980 e 1990) e dispostos a con- dade”,dizoengenheiroCarlos Vera Maluf,
tinuar sendo eles mesmos pe- Augusto de Toledo Ferreira. 64, em clube
lomáximodetempopossível. Umadasmaisrecentesaqui- municipal de
Com alto poder aquisitivo, sições de Ferreira foi uma bi- Osasco, onde
bem-informado e interessa- cicleta elétrica, usada para fa- dá aulas
do por inovação e tecnologia, zer o trajeto diário de 30 mi- Keiny Andrade/
esse público tem crescido. nutos entre sua casa e o pré- Folhapress
Projeções do IBGE apontam dio da incorporadora onde
que, em 2060, o Brasil terá trabalha. Duas noites por se-
menos crianças do que ido- mana, também usa a bike pa-
sos e a população com mais ra ir à aula de danças étnicas.
de 60 anos representará 32% “Comecei a dançar no sé-
do total de brasileiros. culo passado, isso para mim
“O envelhecimento da po- é muito importante para a
pulaçãomundialjáestásendo manutenção da cabeça e do
corpo. E, confesso, ser o úni-
co homem da minha idade na
“
sala levanta minha moral”, diz
o engenheiro, pai de quatro
filhos e avô de três crianças.
A bicicleta elétrica é um
Fazemos muitas exemplo de produto que
coisas para a atende as necessidades de
quem não está no auge da
economia sob forma física, mas não foi fei-
demanda, pensada to para os mais velhos.
para os millennials, É o que Joseph Coughlin, di-
retor do AgeLab do MIT (Mas-
mas que serve melhor sachusetts Institute of Tech-
aos mais velhos nology), de Cambridge (EUA)
chama de “design transcen-
Joseph Coughlin dente”. “Não foram feitos pa-
diretor do ageLab do miT (eua) ra pessoas mais velhas, mas
a eee
são ideais para elas”, diz em
seu livro “The Longevity Eco-
nomy” (a economia da longe-
vidade, ed. Hachette).
O diretor do centro de ino-
vação do MIT voltado à pes-
quisa dos desafios e oportu-
nidades do envelhecimento
para o mercado afirma que
idosos não compram coisas
que os lembrem estar velhos.
Vânia, por exemplo, se re-
cusa a comprar “roupas pa-
ra mulher da minha idade”.
Mas às vezes tem dificulda-
de de encontrar algo com as
características de conforto,
segurança e estilo desejados.
Sapatos, por exemplo.
Resolveu parte de seu pro-
blema com uma marca de
calçados feitos com matéria-
prima sustentável, solado de
borracha e com muitos mo-
delos para viagens de aven-
tura. Compra pela internet.
A educadora física e profes-
sora de zumba Vera Maluf, 64,
resolveuseuproblemacomdi-
ferentes modelos de tênis de
cano alto, de várias cores e es-
tilos,parausarnashorasdola-
zer e no trabalho —ela dá au-
las da dança em um clube de
Osasco, na Grande São Pau-
lo. Tem 33 pares do calçado.
Vera usa o mesmo núme-
ro de roupa e sapatos da fi-
lha de 29, e diz que às vezes
as duas compartilham ves-
tuário. Mas não para pare-
cer uma menininha.
“Não escondo minha ida-
de, mas, segundo minhas co-
legas professoras de zumba
na faixa dos 30, tenho mais
pique do que elas”, diz.
Como é comum entre os ag-
nósticos da idade, Vera inves-
te em saúde e qualidade de vi-
da. Há cerca de três anos, dei-
xoudecomercarnevermelha.
Masnãoabremãodeumacer-
vejinha na happy hour.
Tecnologia é outro interes-
se dessa geração, que inves-
te nas novidades. “Fazemos
muitas coisas para a econo-
mia sob demanda, pensada
para os millennials, mas que
servemelhoraosmaisvelhos”,
afirma Coughlin, do Age Lab.
Steinbaum, da Ipsos, consi-
dera esta geração a mais mul-
tiplataforma. “Navega tanto
em telas quanto em livros.”
Consumidores dos mais di-
versos aplicativos para celu-
lar, dos serviços por deman-
da aos apps de bem-estar
(Vânia e Carlos usam alguns
para relaxar, meditar ou dor-
mir melhor), não lhes ser-
vem os celulares feitos para
idosos, com números gran-
des e recursos limitados.
Aí entra o “design trans-
cendente”. Os novos celula-
res de tela grande são perfei-
tos. Além do tamanho maior
de imagens e números, são
mais fáceis de digitar para
quem está mais acostumado
a usar o indicador do que o
dedão para escrever.
O melhor: não foram feitos
para quem tem 50 ou mais,
mas visando os gamers, mui-
tos dos quais têm idade pa-
ra ser seus netos.
cotidiano
Funcionários do Policlínico Centro em Florianópolis; cidade é precursora em consulta com enfermagem
Enfermeiro poderá fazer consultas e
prescrever remédios em novo plano
iniciativa do ministério da Saúde valerá em casos para os quais já há protocolo em outros locais
-
Cláudia Collucci
SÃO PAULO O Ministério da Sa-
úde deve lançar ainda neste
ano uma nova iniciativa em
que a enfermagem poderá so-
licitar exames, realizar con-
sultas e prescrever alguns re-
médios no SUS. As atividades
são respaldadas por lei fede-
ral, mas enfrentam resistên-
cia dos conselhos médicos.
A proposta envolve a elabo-
ração de novos protocolos de
enfermagem e foi inspirada
em experiências que já vigo-
ram em outros países, como
Reino Unido e Canadá, e em
algunsmunicípiosbrasileiros.
Uma delas, em Jaraguá do
Sul (SC), está entre as vence-
doras de um prêmio da Opas
(OrganizaçãoMundialdeSaú-
de) e do Ministério da Saúde,
que elegeu as melhores expe-
riências para ampliar o aces-
so à atenção primária no SUS.
Omunicípioadotouumpro-
tocolo de enfermagem criado
na capital catarinense, Flori-
anópolis, e, em seis meses,
conseguiu zerar a fila de es-
pera para a primeira consul-
ta na atenção primária.
Financiar SUS no longo prazo é sustentável, diz estudo
SÃO PAULO Mesmo com as
pressões para cortes de gas-
tos públicos e sob um espa-
ço fiscal restrito, o financia-
mento do SUS nas próximas
décadas é sustentável.
A conclusão é de estudo iné-
dito do IEPS (Instituto de Es-
tudos para Políticas de Saú-
de), que projetou as necessi-
dades de financiamento em
saúde no Brasil até 2060.
O aumento dos gastos nos
últimosanostemlevadosiste-
mas de saúde em todo o mun-
doadiscutiremsobreoequilí-
brio entre as necessidades de
financiamento e a sustentabi-
lidade financeira. Mas no Bra-
sil esse debate é incipiente.
O país é único com mais de
100milhõesdehabitantesque
prevêacessogratuitoeuniver-
sal à saúde, mas a proporção
dogastopúblico éapenas42%
do gasto total em saúde —em
países com modelos simila-
res, a fatia fica acima de 70%.
As despesas totais com sa-
úde equivalem hoje a 9,1% do
PIB (R$ 546 bilhões). Na pro-
jeção do estudo, as necessida-
des de financiamento da saú-
dechegarãoa12,8%doPIBem
2060 —avanço de 3,7 pontos
percentuais, ou R$ 1 trilhão.
Desse total, R$ 459 bilhões
corresponderiam a deman-
das do setor público de sa-
úde (1,6 ponto percentual a
mais do PIB em 2060).
a eee
Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
Segundo Erno Harzheim,
secretário de Atenção Primá-
ria à Saúde do ministério, es-
tão sendo elaborados proto-
colos para as principais con-
dições de saúde em que enfer-
meiros apoiariam o médico.
O primeiro será de rastre-
amento de câncer de colo do
útero e de mama e é baseado
em protocolos já vigentes em
Florianópolis e Porto Alegre.
A enfermagem faz a consulta,
o exame físico, a coleta do Pa-
panicolaoueorientaamulher
sobre o resultado. Se houver
lesão sugestiva de câncer, en-
caminha-a ao médico.
No caso de câncer de ma-
ma, se a mamografia estiver
normal, a enfermeira infor-
ma e orienta a mulher sobre
a rotina de cuidados. Se exis-
tir alguma alteração suspeita,
passa o caso para o médico.
Segundo Harzheim, os pro-
tocolos serão discutidos um
a um com os conselhos fede-
rais de medicina e de enfer-
magem (CFM e Cofen). “To-
dos estarão ajustados às nor-
mas legais para que o enfer-
meiro possa trabalhar com al-
guns aspectos clínicos.”
Parte importante deste au-
mento (R$ 299 bilhões) é atri-
buída ao envelhecimento da
população. Quanto menor o
crescimento econômico, mai-
or terá que ser o esforço para
o país atingir as necessidades
de financiamento em saúde.
“Não precisamos de muitos
pontospercentuaisdo PIBpa-
ra continuarmos funcionais,
para manter o sistema de sa-
úde em pé”, afirma Rudi Ro-
cha, professor da FGV e coor-
denador de pesquisa do IEPS.
Segundo o cientista político
MiguelLago,diretor-executivo
do IEPS, ao demonstrar que o
SUS é financiável a longo pra-
zo, o estudo desmonta o alar-
mismo que existe no setor so-
bre o custo da saúde pública.
“Não há dúvida de que ha-
verá necessidade de aumen-
tar o financiamento em saú-
de, mas esse discurso de que é
umabomba-relógioparaoEs-
tado não está totalmente an-
corado na realidade”, diz ele.
Em sua opinião, algumas
tensões entre o setor públi-
co e privado que se manifes-
tam já são reflexos dessa dis-
puta por recursos que deve
se acirrar. Cerca de um quar-
to da população brasileira é
coberta por planos de saúde.
Neste momento, as opera-
doras de saúde tentam ga-
nharmaisespaçonomercado
pressionando o Executivo e o
Em nota, o CFM diz desco-
nhecer a proposta do minis-
tério e que foi chamado para
se manifestar sobre ela. Reite-
ra que, apesar de reconhecer
a existência de protocolos es-
pecíficos para ações no cam-
po da saúde pública, a Lei do
Ato Médico estabelece que o
diagnóstico e a prescrição de
tratamentos são atribuições
exclusivas do médico.
O médico Renato Tasca, co-
ordenador de sistemas e ser-
viços da Opas no Brasil, afir-
ma que as doenças crônicas,
como diabetes e hipertensão,
járespondempormaisde70%
dascausasdeadoecimentodo
brasileiro, pondo os serviços
de saúde “de joelhos”.
Por isso, diz, é essencial re-
pensar o modelo de atenção à
saúde. “Baseados em evidên-
cias científicas, os protocolos
regulam e orientam o traba-
lho da enfermagem na aten-
çãoprimária, permitindo am-
pliar o acesso, reduzir filas e
agregar qualidade à atenção.”
Para o médico Drauzio Va-
rella, colunista da Folha e
um dos jurados do prêmio
da Opas, os protocolos rom-
Unidade Básica de Saúde em Porto Alegre
$ Congresso para uma flexibili-
Gastos em saúde
9,1%
do PIB é quanto o Brasil
gasta hoje com saúde
12,8%
do PIB é a estimativa
para 2060
B1
Lalo de Almeida-2.ago.2018/Folhapress
pem a barreira do corporati-
vismo médico ao atribuir à
enfermagem papel relevante
na atenção primária à saúde.
A capital pioneira na im-
plantação no Brasil foi Flo-
rianópolis, em 2013, em par-
ceria como Coren (Conselho
Regional de Enfermagem de
Santa Catarina). Desde então,
houveumaumentode38%do
acesso aos serviços de saúde.
O enfermeiro já é respon-
sável por até 90% do atendi-
mento da demanda espontâ-
nea (consultas sem agenda-
mento) e realiza 98% dos tes-
tes rápidos (para detecção de
HIV e hepatite, por exemplo).
“Como grande parte da de-
manda espontânea jáestánas
mãos do enfermeiro, se ele
consegue fazer a testagem, a
gente tem ampliação e reso-
lutividade do acesso”, diz Eli-
zimara Siqueira, responsá-
vel pela enfermagem da rede
municipal de Florianópolis e
conselheira do Coren.
O tratamento inicial de sí-
filis na capital quase quadru-
plicou. Antes da adoção do
protocolos de enfermagem,
só 16% de casos eram trata-
Marcos Nagelstein-14.jun.18/Folhapress
zação das regras do setor em
relação a reajustes de planos
individuais e produtos com
coberturas mais reduzidas.
Entidades de defesa do con-
sumidor e sanitaristas, por
sua vez, dizem que os usuári-
os de planos vão recorrer ao
SUS no caso de procedimen-
tos não cobertos, o que deve
sobrecarregar mais o sistema.
“Precisamos tomar muito
cuidado com qualquer tipo
de decisão que possa afetar
de maneira definitiva o siste-
dos. Neste ano, foram 60% .
Enfermeiros fazem o teste
rápidoparadetectaradoença
e, se positivo, imediatamente
medicam o paciente com pe-
nicilina. “Em 2018, todas as
gestantes identificadas com
sífilis foram acompanhadas
e tratadas até o fim”, diz ela.
Os protocolos seguem reco-
mendações do Ministério da
Saúde e do Cofen e se basei-
am em diretrizes de institu-
ições renomadas como BMJ
(British Medical Journal) e
Cochrane (rede de cientistas
independentes).
Em 2017, o CFM ingressou
com ação judicial para proibir
essas atividades da enferma-
gem sob alegação de que elas
invadiriam as atribuições dos
médicos.Ocasofoiarquivado.
Quase dois terços dos en-
fermeiros da capital catari-
nense têm formação adicio-
nal em medicina de família.
Quatro dos seis protocolos
em vigor em Florianópolis,
entre eles manejo de doen-
ças crônicas, infecções sexu-
almente transmissíveis e sa-
úde da mulher, já são adota-
dos por 48 municípios cata-
ma de saúde. É preciso dialo-
gar com todos os setores, dar
transparência e buscar mais
evidências. Não há razão para
nenhum tipo de precipitação
nessemomento”,afirmaLago.
O trabalho simulou os gas-
tos em saúde sob diferentes
cenários fiscais. Em um cená-
rio de teto ou congelamento
de gastos federais, o gasto pú-
blico como proporção do to-
tal em saúde diminuiria cer-
ca de sete pontos até 2060.
Em cenário extremo (con-
gelamento dos gastos do se-
rinenses. Jaraguá do Sul, por
exemplo, tinha há um ano fi-
la de espera de 15,5 mil con-
sultas. Com a adoção do pro-
tocolo, a fila para a primeira
consulta foi zerada em maio.
Hoje, em 70% das consultas
o usuário chega e é atendido
pela enfermagem, sem espe-
rar vaga em outro dia.
Segundo a enfermeira Sil-
via Regina Bonatto, gerente
de atenção básica em Jaraguá,
noinícioapropostaenfrentou
desafios como a desconfiança
da população de ser atendida
por enfermeiros, além da re-
sistência dos médicos.
Umanodepois,issomudou.
“Estamostrabalhandoombro
aombrocomosmédicos.Mui-
tos que eram resistentes vie-
ram nos cumprimentar.”
Mas há desafios a superar.
A prescrição da enfermagem,
por ora, não é aceita no pro-
grama federal Farmácia Po-
pular, que oferta remédios
essenciais gratuitamente ou
a preço menor. Harzheim diz
que a questão está em estudo.
Experiências no Rio
e no Pará também
são premiadas
Além da experiência de Jara-
guá do Sul, outras duas foram
eleitasas mais bem-sucedidas
na área da atenção primária:
uma na comunidade do Sal-
gueiro (Rio de Janeiro) e ou-
tra em Abaetetuba (PA).
NoSalgueiro,umaequipede
saúde da família fez um traba-
lho com crianças encaminha-
das a serviços de saúde por al-
terações de comportamento
no ambiente escolar, a maio-
ria com diagnóstico de déficit
de atenção e hiperatividade.
A proposta foi cuidar não
só das crianças, mas também
dos contextos familiar e soci-
al em que estavam inseridas.
O trabalho envolveu famílias
e educadores, conscientizan-
do, entre outras coisas, para a
cultura da não violência.
Em Abaetetuba, município
com altos índices de morta-
lidade de mulheres em ida-
de fértil, de gravidez na ado-
lescência e de casos de sífilis,
HIV e hepatites virais, o pro-
jeto envolveu ações de saúde
com adolescentes, adultos e
idosos, abordando sexuali-
dade, valorização e respeito.
Houve aumento no núme-
ro de atendimentos de pré-
natal, atendimentos de saú-
de sexual e reprodutiva, tes-
tes rápidos de hepatite, sífilis
e HIV, entre outros.
torpúblicocomoumtodo),os
gastos públicos na proporção
doPIBcairiamabaixode2%—
média da África subsaariana.
Rudi Rocha vê nos resulta-
dos a pressão para reduzir o
gasto público em saúde, o que
demanda esforço da socieda-
de para mobilizar recursos e
usá-los de forma eficiente.
Um caminho para aumen-
tar a eficiência do SUS é in-
vestir em ações de promoção
da saúde e prevenção de do-
enças, com serviços de aten-
ção básica mais resolutivos.
Estudo do Banco Mundial
divulgado em 2018 estimou
que o nível de eficiência da
atenção primária (postos de
saúde) é de 63%, enquanto na
média e alta complexidade
(ambulatórios e hospitais) é
de 29%. Estima-se que as ine-
ficiências do sistema custem
ao país R$ 22 bilhões por ano.
“A boa notícia é que a gente
pode ganhar terreno e, mes-
mo nessa situação de restri-
çõesfiscais,temmargempara
fortalecer o sistema”,diz Rudi.
Para o economista, é urgen-
te que a sociedade se aproprie
do debate sobre o financia-
mento da saúde, como ocor-
re em países desenvolvidos.
“Aqui o problema fica restri-
to aos atores do setor. Fica-
mos presos à reforma da Pre-
vidência, mas saúde é tema
central também.” CC
B2 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 a eee
cotidiano

horário de verão passou do

terceiro domingo de outubro
para o primeiro domingo de
EM SÃO ºC 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 novembro e, neste ano, o ho-
PAULO rário especial foi extinto pe-
nublado chuva lo presidente Jair Bolsonaro.
Nesta madrugada, foram
12h
10h 14h afetados aparelhos não im-
32
29 30 pactadosnodia20deoutubro.
8h
24 25
16h A mudança inesperada sur-
preendeu também passagei-
dIA ros de avião. A terapeuta Ana
20 22 18h 6h 27
NOItE Carelli, 60, pegou um táxi no
20h 4h
nasc. Poen. 22 27 bairro da Saúde para o aero-
22h 2h
5h18 18h21 0h porto de Congonhas, ambos
24 28
27 na zona sul de São Paulo, com
duas horas de antecedência
para embarcar para o Rio de
Chuva HOJE pancadas de chuva Janeiro pela manhã.
Ao chegar ao aeroporto, fi-
Q S S d S T Q Q S S mm
100
cou apreensiva porque o pai-
nel mostrava outros voos no
50 portãodeembarque indicado
para ela. Depois de conversar
0 com uma funcionária, perce-
beuqueohorárioemseucelu-
lar nãobatia com oque apare-
cia no painel e que tinha che-
umidade HOJE úmido %
100 gado ali uma hora mais cedo.
Seu celular havia mudado
50 Homem cobre relógio diante de universidade que sediou Enem em SP Matheus Moreira/Folhapress o relógio automaticamente.
Ela descreveu a experiên-

Em dia de Enem,
0 cia como bizarra. “Fiquei me
sentindo muito estranha. Eu
Lua tinha um horário na minha
d S T Q Q S s d S T Q Q S s d S T Q Q S s d S T Q mão, no celular, e o quadro de
horários estava me mostran-

celulares e relógios de
Crescente Cheia Minguante Nova
04.nov 12.nov 19.nov 26.nov dooutracoisaeeunãosabiao
07h23 10h37 18h13 12h07 que estava acontecendo”, diz.
“Dá a sensação de que o tem-
po passou e você não marcou,
deuumtranstornonomeues-

rua adiantam 1 hora

NO ºC 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 paço-tempo.”
ESTADO Como em outubro, propri-
CALOR etários de celulares foram às
PERsIstE redes sociais relatar a surpre-
mS
EM sP sa e pedir a correção do pro-
araçatuba
SP
ribeirão Preto Calor predo-
mina nas
Problema que já havia ocorrido no dia 20 de outubro blema, mais preocupante em
dia de prova do Enem.
mg
bauru
Campinas
rJ
regiões centro- está relacionado ao início do horário de verão em 2018 Para tanto, proprietários de
aparelhos Android precisam
oeste, norte e
S. J. dos
noroeste de SP. abrir o item “Configurar”; es-
Pr Sorocaba Campos -
Cristina Camargo na Barra Funda, colocaram gadas pelo Google, as modifi- colher a opção “Data e hora”;
São Deve chover
Paulo de forma fraca e Matheus Moreira folhas de papel sulfite sobre cações realizadas nos últimos desmarcaraopção“Dataeho-
na Baixada o relógio digital da prefeitura dois anos pelo governo brasi- ra automáticas” e, em segui-
Hoje amanhã Quarta Santista e São Paulo Aconteceu de no- que fica em frente ao prédio, leiro no horário de verão têm da, configurar a hora correta.
araçatuba 23 37 23 35 22 32 nas cidades vo. Mesmo com a suspen- um dos mais tradicionais lo- impacto direto no Banco de Os donos de iPhone devem
avaré 20 36 21 33 19 27 do litoral sul são do horário de verão nes- cais de prova do Enem. Dados Global da IANA (em acessar a opção “Ajustes”; em
bauru 22 37 23 34 21 28 te ano, relógios de celulares ÀFolha, um dos funcionári- português, Autoridade para seguida escolher a opção “Ge-
Campinas 21 35 22 34 20 29 e de computadores adianta- os que ajudava a tapar o equi- Atribuição de Números da In- ral”; depois tocar na opção
C. do Jordão 15 27 15 27 16 23 ram uma hora automatica- pamento disse que a faculda- ternet), usado por celulares e “DataeHora”;entãoprecisam
Catanduva 22 36 22 34 21 31 mente na madrugada deste de entrou em contato com o dispositivos eletrônicos para desabilitaraopção“Automati-
Franca 21 33 22 34 22 29 domingo (3) em todo o Brasil. governomunicipalparaavisar garantir sempre a hora certa. camente” na configuração do
iguape 18 26 18 32 18 24 O mesmo problema ocorre- do erro no horário, mas que, “Na prática, isso significa relógio e, enfim, configurar o
itapeva 18 32 19 31 17 25 ra em 20 de outubro, terceiro devido a demora no ajuste, a que alguns celulares possivel- horário correto.
marília 21 36 22 33 20 27 domingodomês,dataemque Uninove preferiu agir. mentenãotenhamainforma- O horário de verão foi ex-
Piracicaba 21 36 22 35 20 30
Pres. Prudente
tradicionalmente o relógio O próprio Ministério da ção necessáriapara evitar que tinto após 34 anos porque
24 38 24 34 22 31
ribeirão Preto 23 38 24 36 23 32
era adiantado em uma hora. Educaçãopareceterseatrapa- orelógiodosaparelhossejaal- estudos do Ministério de Mi-
Santos 22 27 24 36 20 25 Na manhã deste domingo, lhado com o problema. Uma terado automaticamente co- nas e Energia indicaram não
São Carlos 21 35 22 34 20 29 relógios de rua de São Paulo mensagememredesocialque mo se o horário de verão ain- haver economia significativa
S. J. do r. Preto 24 37 24 35 23 32 também indicavam o horá- anunciava a abertura dos por- da estivesse valendo”, afirma de energia com a mudança de
S. J. dos Campos 18 32 20 34 20 26 rio errado, uma hora a mais, tões foi publicada uma hora nota divulgada pelo Google. hora. Para Bolsonaro, a alte-
Sorocaba 20 34 21 33 19 27 o que poderia assustar quem antes do previsto. Meia ho- Foram duas as mudanças ração afetava o relógio bioló-
ubatuba 21 29 21 34 20 26 for prestar o Enem. ra depois, o tuíte foi apagado. promovidas pelo governo: gico, punindo trabalhadores.
votuporanga 23 38 23 36 22 33 Funcionários da Uninove, Segundo explicações divul- em 2018, a data de início do Colaborou guilherme Seto

NO ºC 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38
BRASIL
tEMPORAL
AtINGE O Rs
‘Dá para trabalhar umas 8, 9 horas’, diz Covas
rr aP Chove forte em São Paulo “Não tenho, claro, estômago e o esôfago, com quer “apego ao poder”. do de que a doença prevale-
parte do Rio a energia para trabalhar 14, 15 metástase no fígado. O prefeito relatou que, ça, disse estar confiante na re-
Ce
am Pa rn
Grande do Sul, horas por dia como eu traba- Eledeu aentrevistadoquar- quando recebeu o diagnós- cuperação. “Tenho certeza de
ma do Amapá e lhava. Mas dá para trabalhar to do hospital Sírio-Libanês, tico da doença, “o chão caiu”. que em breve vou estar 100%.”
Pb
Pi
Pe
do Acre nesta umas 8, 9”, brincou o prefeito onde está internado devido a “Você perde completamente Covas relatou que os médi-
aC ro To aL segunda (4). BrunoCovas(PSDB)ementre- uma embolia pulmonar. noção da realidade: mas co- coslhederamaopçãodefazer
mT ba Se Já no Nordeste vista ao Fantástico, da Rede Voltouaafirmarqueestáem mo assim?” Ele contou que um tratamento mais agressi-
dF e em áreas Globo, ao falar da sua saúde. plenas condições físicas e psi- chorou na ocasião e volta e vo, com mais efeitos colate-
go de ES, MG e Covas, 39, recebeu na se- cológicas de exercer o cargo meia se segura para não cho- rais, ou um menos agressivo.
mS
mg
eS
RJ, massa de gunda-feira (28) diagnóstico e disse que, se em algum mo- rar mais um pouco. Escolheu a primeira opção,
SP
ar quente e de câncer localizado entre o mentonãotiver,nãotemqual- Apesar de afirmar ter me- paraserecuperarmaisrápido.
rJ seco deixa o
Pr
tempo aberto
SC
rS

Hoje amanhã Quarta

MORTES coluna.obituario@grupofolha.com.br

aracaju
belém
23
23
31
32
23 32
23 34
22 32
24 32 tio Mário era velha-guarda as santos.Numa dessas vezes,
passou uma temporada com
lista. Mário morreu no últi-
mo dia 27, de insuficiência
belo Horizonte
boa vista
brasília
21
24
22
32
34
32
20 34
24 31
22 32
21 33
23 33
20 32
da velha-guarda do samba os tios em Tietê (SP). Fez sua
imersão no samba rural. Vi-
cardíaca, aos 91 anos.

Campo grande 22 36 25 37 22 31 MáRIO EzEquIEL dE BARROs (1927-2019) sitou festas religiosas, apren- ELISA ANGHINAH aos 91, viúva.
Cuiabá 24 38 24 38 23 37 deu a tocar tambu e matraca. Cemitério israelita do butantã, av.
Curitiba 17 30 20 28 16 23 Já moço, voltou a São Pau- eng. Heitor antonio eiras garcia,
-
Fabrício Lobel deira e todos escutavam ca- lo trazendo na memória os 5.530, Jd. educandário
Florianópolis 20 27 20 26 19 24
Fortaleza 24 32 23 33 23 32 da uma de suas frases como batuques e versos populares
goiânia 21 34 22 32 21 34 São Paulo Uma boina branca se fossem únicas. Diziam que das cantigas ouvidas. JOSE KANAREK aos 82,
João Pessoa 22 30 22 31 21 31 flutuava toda tarde de domin- quem ouvia o falar e cantar Napaulicéia,participoudos casado com Fortunee Kanarek.
macapá 24 31 23 33 23 34 go pelas ruas da Vila Carolina, de Tio Mário escutava os ecos cordões carnavalescos. Anos Cemitério israelita do butantã, av.
maceió 21 32 22 32 23 31 na zona norte de São Paulo. das antigas gerações. depois, esteve na fundação de eng. Heitor antonio eiras garcia,
manaus 23 32 24 32 24 31
natal
Protegia a cabeça de Má- “Ele é um griô [nome dado umadas quatromaistradicio- 5.530, Jd. educandário
22 31 21 31 22 30
Palmas 24 36 24 36 24 35
rio Ezequiel de Barros, que aos sábios africanos conta- nais escolas de samba paulis-
Porto alegre 18 24 18 23 17 26 todos conheciam como Tio dores de histórias]”, resume tas, a Camisa Verde e Branco, KALIL DABDAB NETO aos 82,
Porto velho 24 35 24 33 24 31 Mário. Ele caminhava até pa- Tadeu Kaçula, músico e pes- da sua Barra Funda. casado com rosa maria rosolia
recife 23 31 22 32 22 32 rar no bar onde uma roda de quisador que produziu o úni- Kaçula diz que ele é a velha dabdab. Cemitério gethsemani,
rio branco 22 32 22 33 22 30 samba o aguardava. co disco de Tio Mário. guarda da velha guarda pau- praça da ressurreição, 1, vl. Sônia
rio de Janeiro 22 33 21 38 21 30 Assim que viam Mário, os Baluarte do samba pau-
Salvador 24 31 23 32 23 30 membros da roda faziam um lista, Tio Mário nasceu em
São Luís 25 32 24 33 24 32 breve silêncio. Era reverência. 1927, numa Barra Funda que Procure o Serviço Funerário Municipal de São Paulo:
São Paulo 20 32 21 34 19 25 O silêncio só era quebrado pe- rivalizava com o Bexiga so- tel. (11) 3396-3800 e central 156; prefeitura.sp.gov.br/servicofunerario.
Teresina 23 37 23 38 23 39 lo batucar das mãos na me- bre qual era o melhor redu-
vitória 22 35 23 36 23 33 Anúncio pago na Folha: tel. (11) 3224-4000. Seg. a sex.: 10h às 20h. Sáb. e dom.: 12h às 17h.
sa de alumínio ou um acorde to sambista paulistano. Aviso gratuito na seção: folha.com/mortes até as 18h para publicação no dia seguinte
veja dados atualizados em folha.com/tempo em ré maior do cavaquinho. Mario viajava sempre com a (19h de sexta para publicação aos domingos) ou pelo telefone (11) 3224-3305 das 16h às
Fonte: Climatempo (climatempo.com.br) Mário sentava em sua ca- família para o interior nos di- 18h em dias úteis. informe um número de telefone para checagem das informações.
a eee
Sob Bolsonaro, ditadura some
da prova pela 1ª vez em 10 anos
inep criou grupo para triagem ideológica do enem; temas sociais apareceram
Participantes do Enem deixam a Uninove Barra Funda, na zona oeste de SP, após prestar a prova
-
Angela Pinho, Dhiego Maia
e Matheus Moreira
São Paulo A primeira edição
do Enem sob o governo Jair
Bolsonaro(PSL)trouxetemas
sociais, mas foi também a pri-
meiraemdezanosquenãote-
ve nenhuma questão relativa
à ditadura militar (1964-1985)
nas provas de ciências huma-
nas e linguagens.
O levantamento foi feito pe-
la Folha com base em todas
as edições do exame desde
2009, quando ele adquiriu o
atual formato.
Em 2018, o período apare-
ceu em uma questão sobre o
Redação está em sintonia com realidade, diz diretor de ‘Bacurau’
-
Eduardo Moura
e Ricardo Hiar
São Paulo O cinema e sua de-
mocratização foram os prota-
gonistasdaredaçãodoExame
Nacional do Ensino Médio, e
“espanto” é a palavra escolhi-
da por Kleber Mendonça Fi-
lhoparadescreversuareação.
“Coloca o cinema onde ele
pertence”,dizodiretorde“Ba-
curau”. “O que me espanta é a
redação do Enem estar com-
pletamenteemsintoniacoma
realidade”, diz, sobre a impor-
tância do cinema brasileiro.
“Ao mesmo tempo está vin-
do um movimento inverso de
NEGÓCIOS
COMUNICADOS
ABANDONO EMPREGO
CONVOCAMOS A COLABORA-
DOR ADRIANO BARBOZA MA-
CHADO - 155001 ,portador da
CTPS 74632 serie 00136
PARA RETORNO AO POSTO DE
TRABALHO DENTRO DO PRAZO
DE 72 HORAS SOB
PENA DE CONFIGURAÇÃO DE
ABANDONO DE EMPREGO
PARA ANUNCIAR NOS
CLASSIFICADOS FOLHA
LIGUE AGORA
11/3224-4000
discurso do presidente João
Goulart no que ficou conhe-
cido como Comício da Cen-
tral, antes da sua deposição,
e em outra com uma carta do
cartunista Henfil ao então
presidente Ernesto Geisel.
Emoutrosanos,foramabor-
dadostemascomoaOperação
Condor,queuniugovernosdo
Cone Sul para perseguir ad-
versários; a morte do jorna-
lista Vladimir Herzog; e a po-
lítica econômica do regime.
Em 2011, a prova não citou
explicitamente a ditadura,
masoperíodoimediatamente
anterior ao golpe, em questão
sobre o CPC (Centro Popular
o governo de tentar desmon-
tar a indústria do audiovisu-
al —pelo menos é essa a sen-
sação que todos que somos
trabalhadores do audiovisual
estamos tendo neste primei-
ro ano desse novo governo.”
Silvia Cruz, fundadora da
distribuidora Vitrine, prefe-
re a palavra “surpresa”. Para
ela, é “simplesmente mara-
vilhoso colocar esse assun-
to na pauta”. “Em sentidos
amplos é uma contradição,
todas as atitudes do gover-
no têm sido em sentido con-
trário à democratização da
cultura e o tema da redação
do Enem é justamente de-
CLÍNICASE
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(#-./ -#2.68,5#2'
%6!"2$#$" #-"1#0
8& 7/2# 3#28#$#
357$"%!#"#
deCultura)daUniãoNacional
dos Estudantes. A pergunta
abordava qual era o entendi-
mento dos setores conserva-
dores e de direita sobre braço
cultural da entidade estudan-
til, fechado logo após 1964 —
uma menção clara ao contex-
to que culminou na ditadura.
O ano de 2009, em que o
Enem adquiriu o atual forma-
to, foi o único desde então em
que a ditadura não apareceu
nas provas de linguagens e ci-
ênciashumanas.Umadasper-
guntas, no entanto, fazia refe-
rência às revoltas de 1968 que
ocorreram em todo o mundo.
ParaoprofessorGibaAlvarez,
mocratização do cinema.”
Profissionais da área ouvi-
dos pela Folha disseram que
comaescassezdeinvestimen-
toseafaltadeincentivogover-
namental, assistir a um filme
numa sala de cinema se tor-
noupossívelapenasparauma
pequena parte da população.
O pesquisador Paulo Sérgio
Almeida chamou de “escolha
curiosa” otema da redação do
exame.Segundoele,ocinema
do Brasil teve uma mudança
radical nos últimos anos, des-
de que as salas saíram das ru-
as e foram para os shoppings.
“A melhoria de qualidade
foi incrível, mas ficou muito
!"%!#$&'
/ !@'@!
,(620 >(+)<(+-+)
3 $*;"5
-648,)(.)
:8):- 648:8798
(1(/)0(1+-
,(*/0.*.+
@";%!#@1=$&1?"
A AACD está com deficiência de doações. Ligue 0800 771 78 78 e saiba como ajudar.
Rubens Cavallari/Folhapress
“
Cortaram uma
parte da história
do Brasil, e ficou
evidente a retirada de
temas que pudessem
gerar polêmica.
Com isso, virou uma
prova ideológica
Giba Alvarez
professor do Cursinho da Poli
mais caro ir ao cinema. Pode
ter ajudado para que ele con-
seguissecompetircomoutras
mídias, mas ao mesmo tem-
po tirou ‘a geral’ do cinema.”
Para André Gatti, pesquisa-
dor da área, o acesso do brasi-
leiro à cultura é inexpressivo.
“A parcela de pessoas que
têm acesso ao cinema é mui-
to pequena, apesar de já ter
sido uma forma de entreteni-
mento extremamente popu-
lar no país. Há relatos de pes-
soas que há algumas décadas
iam todos os dias ao cinema.
Hojeissoéimpossível,porque
falta dinheiro e não há filmes
suficientes”, pondera.
A Folha apoia esta causa. Siga a Folha.
Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
do Cursinho da Poli, chamou
a atenção também a ausên-
cia de perguntas sobre a Era
Vargas (1930-1945).
Em sua avaliação, as omis-
sões são fruto do trabalho da
comissão criada neste ano
pelo Inep para fazer uma tri-
agem ideológica da prova.
“Ficou evidente a retirada
de temas que pudessem ge-
rar polêmica. Com isso, virou
uma prova ideológica”, diz.
Ao comentar a ausência de
questõessobreditadura,omi-
nistro da Educação, Abraham
Weintraub, disse que o objeti-
vodaprova“nãoédividir,nem
polemizar, nem doutrinar”.
“A gente já pode começar fa-
lando em regime militar, dita-
dura militar. Essa é uma dis-
cussão que eu acho que a gen-
te não vai caminhar para ne-
nhum lugar”, respondeu. Ele
afirma que, antes da realiza-
ção da prova, não teve acesso
a nenhuma questão.
Ao longo de sua carreira
política, o presidente Jair
Bolsonaro teceu críticas à
historiografia predominante
sobre a ditadura. Em março,
ele pediu que as unidades mi-
litares comemorassem os 55
anos do golpe de 1964.
À Folha Alexandre Lopes,
presidente do Inep, disse há
três semanas que a mudança
de governo não impactaria o
que se espera dos candidatos.
“Vamosavaliaroconhecimen-
todoaluno,buscarumaprova
mais neutra possível.”
Embora não tenha apa-
recido menção à ditadura,
questões sociais foram te-
ma de diversas questões do
Enem deste ano, com textos
sobre quilombolas, trabalho
escravo, SUS (Sistema Único
de Saúde) e Declaração Uni-
versal dos Direitos Huma-
nos, entre outros assuntos.
As agressões a religiões
de matrizes africanas fo-
ram tema de pergunta que
pedia ao participante para
dizer por que elas são “in-
compatíveis com a dinâmi-
ca de uma sociedade laica
e democrática”.
O professor Leandro Viei-
ra, que leciona na platafor-
ma online ProEnem, do Rio
de Janeiro, chamou a primei-
“Hoje apenas cerca de 10%
dascidadesbrasileirastêmsa-
las de cinema. Isso é um pro-
blema conjuntural, estrutu-
ral”, afirma ele. Dados de 2016
divulgados pelo SistemaNaci-
onal de Informações e Indica-
dores Culturais (Sniic) apon-
tavam o funcionamento de
3.189 salas de cinema do país,
concentrada em grandes cen-
tros urbanos, principalmente
no Sul e no Sudeste.
As regiões Norte e Nordes-
teapresentammenornúmero
dos espaços destinados à exi-
bição de filmes. Muitas das ci-
dades não têm equipamento.
A produtora de cinema Ma-
A AACD – Associação de Assistência à
Criança Deficiente, instituição sem fins
lucrativos, comemora 65 anos de
existência, contribuindo significativamente
para a evolução da reabilitação física e
inclusão social em todo o país.
Acesse: www.aacd.org.br
B3
cotidiano
ra parte do exame de a “mais
filosófica da história”. “Apa-
receu um desfile de filósofos
como Michel Foucault, Kant,
Maquiavel, René Descartes,
Adam Smith, Hannah Arendt
e Jacques Derrida”, afirmou.
Diretor do colégio Oficina
do Estudante, de Campinas,
Antunes Rafael dos Santos
avalia que houve falta de pro-
porcionalidadeentreosenun-
ciados de linguagens e os de
ciências humanas. “A prova
de linguagens tinha 18 pági-
nas das 32 da prova. O aluno
precisou gastar muita energia
com essas questões mais lon-
gas e pode ter faltado tempo
para o restante da prova ou
para a redação”, disse.
Na redação, o Enem pediu
aos candidatos um texto so-
bre o tema “democratização
doacessoaocinemanoBrasil”.
Reinaldo Lopes Donadi, 36,
que fez o exame pela segunda
vez, disse que escrever o tex-
to foi sua maior dificuldade.
“O tema era cinema, eu não
acompanho muito, falar so-
bre o assunto foi complicado.”
Gabriela Vieira, 18, concor-
da que a redação foi difícil,
mas avalia que era possível
fazer com os subsídios ofere-
cidos na prova. “Eu esperava
um tema como as manchas
de óleo no Nordeste, mas os
textos de apoio ajudaram, ti-
nha dados do IBGE e de um
site de cinema”, conta.
Em uma das ocorrências da
prova, a Polícia Federal apu-
ra o vazamento de uma ima-
gem doexamequandooscan-
didatos já faziam a prova. A
suspeita recai sobre uma pes-
soa que aplicava a avaliação.
Weintraub disse que fará
o possível para punir o res-
ponsável. “O que a gente vai
tentar é escangalhar ao má-
ximo a vida dele (...) Eu sou
uma pessoa que acha que
as punições no Brasil são le-
ves”, declarou. E completou:
“Vamos atrás dele. Não esta-
mos mais no império roma-
no. Não existe mais empa-
lamento nem crucificação”.
Nodomingo (10),serãoapli-
cadas as provas de ciências da
natureza e matemática.
Colaboraram Thiago resende, de
brasília, e ricardo Hiar
rizaLeãocontaquemuitasini-
ciativas para fomentar o con-
sumo de bens culturais “não
pegaram” no Brasil.
“O parque exibidor é mui-
to pequeno, concentrado em
grandes cidades, e o ingresso
é caro. O dono do cinema po-
de fazer o preço que quiser,
mas é o preço que afasta boa
parte do público.”
Para Paulo Sérgio Almei-
da, a chegada do streaming
também afetou diretamen-
te o consumo dos filmes no
cinema. “Uma ida ao cinema
hoje é mais ou menos o pre-
çodeummêsdeassinaturade
qualquerplanodestreaming.”
B4 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
cotidiano
Nossa responsabilidade social
agenda econômica que se impôs ao país é necessária, mas não pode ser única
- taxas de mercado; simplificar
Tabata Amaral
Cientista política, astrofísica e deputada federal pelo PdT-SP. Formada em Harvard, criou o mapa educação e é cofundadora do movimento acredito
A agenda econômica que se
impôs ao país é necessária,
mas não pode ser a única.
A recessão que teve início em
2014 levou à segunda pior cri-
se econômica da nossa histó-
ria. De lá pra cá, a desigual-
dade só aumentou. Aumen-
tou também o número de po-
bres e extremamente pobres:
apenas de 2014 a 2017, foram
mais 15 milhões de pessoas. E
22,6% das crianças e dos ado-
lescentes de até 14 anos estão
na extrema pobreza.
Diante desse cenário alar-
mante e da ausência de pro-
| dom. Antonio Prata | seg. Tabata Amaral, Thiago Amparo | ter. Vera Iaconelli | qua. Ilona Szabó de Carvalho, Jairo Marques | qui. Sérgio Rodrigues | sex. Tati Bernardi | sáb. Oscar Vilhena Vieira, Luís Francisco Carvalho Filho
Sebastião Santana de Souza mostra um de seus trabalhos de restauro com as pedras portuguesas em Curitiba
De onda carioca a pinhão curitibano,
calceteiro cria desenhos pelo Brasil
ativo há meio século, Sebastião Santana de Souza hoje reforma calçadas que ajudou a construir
-
Katna Baran
CuRiTiba O olhar de Sebastião
Santana de Souza, 68, parece
sempreprocurarochão.Alin-
guagem corporal do homem
de cabelos brancos, como as
pedras do petit-pavé, e a pele
bronzeada pelas jornadas ao
ar livre denuncia a timidez e
antecipa as poucas palavras
queusaparafalardotrabalho.
Hámaisde50anos,elemon-
ta calçadas portuguesas por
todo o Brasil.
Entreasobrasmaisfamosas
do calceteiro estão o desenho
das ondas do mar, no Rio de
Janeiro, onde morou por oi-
to anos. Por lá, ajudou a cri-
ar o traçado do Aterro do Fla-
mengo. “Fizemos o desenho
demar,aquelequepassanate-
levisão”, diz, lamentando por
não ter trabalhado no icôni-
co calçadão de Copacabana.
Natural de Ponta Grossa,
Paraná, Sebastião aprendeu
com os tios a encaixar o pe-
tit-pavé preto e branco —e,
mais raro, vermelho casta-
nho— formando desenhos
que ilustram a história das ci-
dades. Primos e irmãos exer-
postas e ações do Executi-
vo, qual seria a resposta do
Congresso Nacional?
Foi respondendo a essa per-
gunta que o Presidente da Câ-
mara dos Deputados, Rodri-
go Maia, deu início à constru-
ção de uma agenda social pa-
ra o país, projeto que venho
coordenando há seis meses.
A agenda social é um esfor-
ço suprapartidário e busca ser
fiscalmente neutra, com exce-
ção do primeiro de seus cin-
co pilares, que trata da cons-
titucionalização e ampliação
do Bolsa Família. Nesse caso,
cem a função até hoje. Até o
pai se inspirou e viveu seus úl-
timos15anoscomocalceteiro.
Ele não lembra a data, mas
afirma que antes mesmo dos
18 anos já tinha os moldes de
madeira que ele fez e a marre-
ta como instrumentos de tra-
balho. “Trabalhava com meus
tios quase de graça para po-
der aprender”, diz. “Outros ti-
pos de pavimento se apren-
dem rápido. Começa hoje e
já tá trabalhando amanhã,
mas, esse, demora de dois a
três anos pra pegar [o jeito].”
Também nasceram das
mãos de Sebastião algumas
calçadas em preto e branco
de São Paulo: no Guarujá, por
exemplo, deixou andorinhas.
Mas é o Paraná que mais os-
tentaseupetit-pavé,nomeco-
mo ficou conhecido o mosai-
co português no estado. No li-
toral, montou peixes. Na regi-
ão de Curitiba, xícaras.
“Cada cidade tem um sím-
bolo”, diz o artista ao admirar
o desenho de pinhão, mar-
ca paranaense, recém-crava-
do por ele no chão da capital.
Suas habilidades são requi-
sitadas também para traba-
entendemos que parte das eco-
nomias geradas pelo ajuste fis-
cal devem ser utilizadas para a
proteção dos mais vulneráveis.
Seguindo todos os estudos
que demonstram que o investi-
mento na primeira infância é o
que tem o maior retorno para
a sociedade, propomos a cria-
ção de um benefício adicional
de R$ 100 para gestantes, lac-
tantes e crianças de até 6 anos.
A proposta atualiza as linhas
de pobreza e extrema pobreza.
Dessa forma, o Bolsa Família
passará a beneficiar 3,2 mi-
lhões de crianças hoje excluí-
lhos privados. “Às vezes, me
encomendam desenhos que
não têm muito sentido”, recla-
ma. Um dos mais inusitados
e complexos foi de labirinto.
“De tão difícil, ficou feio”, ri.
Em Curitiba, ele se orgulha
de ter construído nos anos
1970 os primeiros passeios de
modelo português, do centro,
que contribuem para marcar
a identidade local. Passadas
quatro décadas, voltou para
reformar o entorno da pra-
ça Osório, em requalificação.
O ofício se manteve idên-
tico ao longo dos anos, len-
to e artesanal. Cada pedra
tem que ser lapidada à mão
para se adaptar ao desenho
do molde. Mas o modelo te-
ve que se adequar às necessi-
dades das cidades modernas,
como acessibilidade. Na atu-
al reforma em Curitiba, o pe-
tit-pavé ocupa meia calçada,
e o outro lado está sendo as-
sentado com piso tátil.
“Algumas cidades têm ado-
tado faixas de concreto liso,
desenhadas de forma coe-
rente com os padrões do piso
português, e que permitem a
circulação segura e confortá-
das e garantirá que nenhuma
família tenha renda per capi-
ta inferior a R$ 100 mensais.
O segundo pilar da agenda, a
inclusão no mercado de traba-
lho dos beneficiários dos gru-
pos mais vulneráveis, propõe
a transferência de renda pa-
ra que mulheres cadastradas
no CadÚnico e jovens que op-
taram pela formação técnica
possam criar seus negócios.
Traz propostas de integra-
ção do novo ensino médio com
a lei do jovem aprendiz e de in-
clusão no mercado de traba-
lho de pessoas com deficiência.
Karime Xavier/Folhapress
vel de cadeirantes, idosos, ce-
gos e outras pessoas com res-
trição de mobilidade”, afirma
Marcos de Souza, integran-
te do Mobilize, entidade que
avalia a qualidade das calça-
das nas capitais brasileiras.
A Prefeitura São Paulo foi
mais drástica e anunciou, em
junho, os últimos dias das cal-
çadas portuguesas do centro,
com a substituição por placas
de concreto. Em 2007, a cida-
de eliminara esse tipo de pa-
vimento da Avenida Paulis-
ta. Mesmo em Portugal o piso
vem sendo erradicado.
Em Curitiba, a administra-
ção optou por unir tradição e
modernidadenarevitalização.
“A calçada não pode ser en-
carada de maneira menos fa-
vorecida que o imóvel edifica-
do de valor cultural”, defende
a autora do livro “Calçadas de
Curitiba: preservar é preciso”,
Lúcia Vasconcelos. “São tam-
bémrepresentativasnoplane-
jamento urbano. Nada impe-
de que o antigo, recuperado,
seja conciliado harmonica-
mentecomonovo”,completa.
Para avaliar as calçadas, o
Mobilize monitora largura,
Muito conectado a ele, o ter-
ceiro pilar trata da integração
do FGTS ao seguro-desempre-
go. O objetivo é garantir uma
remuneração das poupanças
individuais condizente com as
o acesso do trabalhador a es-
se recurso, fazendo com que
valores acima de 12 salários
mínimos possam ser sacados
a qualquer momento; incen-
tivar o trabalho formal e di-
recionar recursos aos traba-
lhadores que ganham menos.
Além disso, propomos o
pagamento mensal e dire-
to no contracheque do abo-
no salarial e o fim da obriga-
toriedade de cinco anos de
cadastro no PIS/PASEP.
O quarto pilar trata da uni-
versalização do abastecimen-
to de água e do acesso a sanea-
mento básico, além da promo-
ção de atividade econômica
em regiões com pouca água.
Já o quinto pilar propõe in-
“
Algumas cidades
têm adotado faixas
de concreto liso,
desenhadas de
forma coerente
com os padrões
do piso português,
e que permitem
a circulação segura
e confortável
de cadeirantes,
idosos, cegos e
outras pessoas
com restrição de
mobilidade
Marcos de Souza
integrante do mobilize
a eee
centivos para a redução da po-
breza multidimensional e o for-
talecimento do Sistema Único
de Assistência Social (SUAS). O
objetivo é melhorar a gover-
nança do SUAS e seu financia-
mento, incentivando a coope-
ração intersetorial entre edu-
cação, saúde e assistência, e
entre entes da Federação.
O esforço que levou à cria-
ção dessa agenda social e o
engajamento de diferentes
lideranças partidárias de-
monstram que há disposição
e coragem no Congresso pa-
ra enfrentar o aumento da
pobreza e da desigualdade.
Não poderia ser diferente.
Os protestos e ondas de popu-
lismo que vêm tomando paí-
ses mostram que, quando o
desamparo social é tão gran-
de que se torna intolerável, a
política e os políticos preci-
sam agir com urgência, sob
o risco de que a própria demo-
cracia seja questionada.
regularidadeepaisagismo.No
levantamento divulgado no
mês passado, São Paulo ocu-
pa a primeira posição, com
6,93 pontos —ainda distante
da nota 10. A última colocada
é Belém (PA), com 4,52. Já Cu-
ritiba, onde Sebastião traba-
lha, está no 11º lugar (6,02).
Para os especialistas, o pro-
blema não é o petit-pavé, mas
a manutenção após interven-
ções de obras subterrâneas.
“Nenhum piso resiste a es-
se tratamento agressivo”, diz
Marcos. Porém, o custo da
mãodeobrapararealizaresse
tipo de trabalho faz com que
as calçadas vivam “cheias de
remendo”, como ele aponta.
A importância do piso para
a história e identidade da ci-
dade, no entanto, passa des-
percebida aos olhos de Se-
bastião, depois de meio sé-
culo no ofício. “Como a gen-
te trabalha há muitos anos,
já reformamos muitas obras
que nós mesmos fizemos”,
explica com naturalidade.
Origem dos
calceteiros no Brasil
tem poucos registros
A função de calceteiro só foi
reconhecida como arte com
reforma no calçadão de Co-
pacabana.
A arquiteta Lúcia Vasconce-
los, do Instituto de Pesquisa e
PlanejamentoUrbanodeCuri-
tiba, destaca em seu livro que
o ofício de calceteiro chegou
ao Brasil com os portugueses,
mas que não há dados sobre
quemcriouprimeiroessetipo
de pavimento no país.
As primeiras calçadas no
estilo foram feitas em torno
do Teatro Amazonas, em Ma-
naus (AM), e no Rio de Janei-
ro (RJ), nos primeiros anos do
século passado. “O próprio ar-
tista da arte da calcetaria era
quem executava o serviço, e
era considerado um peão de
obra”, diz Lúcia.
Em Curitiba, a chegada do
piso ocorreu no final dos anos
1920, com a preocupação de
várias localidades em formar
suas identidades regionais.
Isso se reflete nos desenhos
no chão, a maioria aludindo à
natureza, com araucárias, pi-
nhas e pinhões, ou a símbo-
los culturais, como arte indí-
gena e remanescentes da art
nouveau e art déco francesas.
“Essascalçadas,porseusde-
senhos, representam a histó-
ria e a cultura de uma época”,
aponta a autora.
A arte, explica, só se tornou
mais reconhecida depois de
assumida por arquitetos, co-
mo o paisagista Roberto Bur-
le Marx (1909-94), que rede-
senhou o mosaico português
para Copacabana, em 1970.
O traçado é igual ao da Pra-
ça do Rocio, em Lisboa, onde
o desenho simboliza o encon-
tro do Tejo com o oceano —e,
no Rio, as ondas do mar.
a eee
saúde
Com alertas em rótulos,
78% reduziriam consumo
de refrigerante no país
Pesquisa Datafolha contratada pela ONG ACT Promoção da Saúde
mostra que preço alto também frearia ingestão de bebida açucarada
-
Phillippe Watanabe
São Paulo A maior parte dos
brasileiros (78%) diz que com
certeza ou provavelmente re-
duziria o consumo de refrige-
rantes e sucos de caixinha se
houvesse alertas de excesso
de açúcar nos rótulos, mos-
tra pesquisa Datafolha.
Para 79% dos entrevista-
dos, preços mais altos de be-
bidas açucaradas também in-
duziriam à redução do consu-
mo, segundo a pesquisa, que
foi contratada pela ONG ACT
Promoção da Saúde e entre-
vistou 2.060 pessoas entre 06
e 14 de agosto deste ano.
A Anvisa aprovou recente-
mente mudanças na rotula-
gem de alimentos, com indi-
cações de altos teores de açú-
car, sódio e gorduras satura-
das e o desenho de uma lu-
pa. O modelo se assemelha
ao que é defendido pela Opas
(Organização Pan-americana
de Saúde).
A mudança visa ajudar os
consumidores a melhorar a
alimentação com escolhas
maissaudáveise,dessaforma,
auxiliarnocombateàobesida-
denopaís,problemaqueatin-
ge quase 18,9% da população
adulta e que voltou a crescer
este ano, alcançando o mai-
or índice dos últimos 13 anos.
A indústria alimentícia, po-
rém, tem se posicionado con-
tra o modelo apresentado
pela Anvisa e pressionado a
agência governamental para
a adoção de rotulagem base-
ada em “semáforos nutricio-
nais”. Segundo o setor, os mo-
delos de advertência subesti-
mariamopoderdedecisãodo
consumidor.
Emartigopublicadonomês
de outubro na Folha, João
Dornellas, presidente-execu-
tivo da Abia (Associação Bra-
sileiradaIndústriadeAlimen-
tos), defende que o modelo
de advertências não traz in-
formações suficientes para
auxiliar o consumidor a ava-
liar e comparar os alimentos
de acordo com suas necessi-
dades pessoais e familiares.
“O que contribui para uma
dieta equilibrada é a informa-
ção”, disse.
Contudo, pesquisas recen-
tes mostram que alimentos
ultraprocessados têm rela-
ção direta com ganho de pe-
so. Entre esses alimentos es-
tãorefrigerantes,salgadinhos
depacoteealimentosprontos
congelados.
AAbiatambémjácontestou
a própria classificação de ali-
mentos como ultraprocessa-
dospor,segundo o presidente
da associação, não encontrar
“respaldo na ciência e na tec-
nologia de alimentos”, embo-
ra o termo já seja adotado por
diversos grupos de pesquisa
ao redor do mundo e conste
no “Guia Alimentar para a Po-
pulação Brasileira”, do Minis-
tério da Saúde.
“Você tem dezenas de no-
mes para açúcar e o leigo não
sabe reconhecer o que é açú-
car, porque não está escrito
açúcar. Isso é proposital, ge-
ra confusão”, diz Paula Johns,
diretora-geral da ACT. “Por is-
so que você ter com clareza se
umprodutotemexcessodeal-
gum nutriente crítico, como
açúcar, sódio, gordura, é uma
demanda. Todas as pesquisas
quejáfizemossobrerótulode-
monstram que a grande mai-
oria das pessoas não sabe de
fato ler o rótulo.”
Asrespostas obtidas napes-
quisa Datafolhadeque preços
mais altos ajudariam na redu-
çãodoconsumovaiaoencon-
tro de evidências científicas,
Quais das seguintes ações fariam segundo Johns.
você reduzir o consumo de bebidas Um estudo publicado no
açucaradas como refrigerantes, ano passado na revista cien-
chás prontos e sucos de caixinha? tífica Lancet analisou dados
de 13 países quanto aos efei-
Em % tos de impostos sobre doen-
Com certeza faria reduzir o consumo ças crônicas não transmissí-
Provavelmente faria reduzir o consumo veis (como problemas cardi-
Nem reduzir, nem aumentar o consumo ovasculares e diabetes).
Provavelmente não faria reduzir o consumo A pesquisa concluiu que so-
Com certeza não faria reduzir o consumo
Não consome
bretaxar alimentos não sau-
Não sabe dáveis, bebidas açucaradas
e alcoólicas, e tabaco podem
Preço mais alto resultar em benefícios para a
população,especialmentepa-
ra as pessoas que têm menor
59 20 7 12
renda —que são também as
Informação no rótulo com alerta de muito açúcar mais afetadas por problemas
como a obesidade.
56 21 9 11 Segundo a pesquisa Data-
folha, 61% dos brasileiros são
a favor de aumentar a tribu-
tação sobre bebidas não sau-
Informações no rótulo com alerta de muito dáveis.
açúcar fariam você reduzir o consumo de No Reino Unido, entrou em
bebidas açucaradas como refrigerantes, vigor no ano passado uma
chás prontos e sucos de caixinha? taxa sobre bebidas açucara-
das com mais de 5 g de açú-
Em % car por 100 ml, o que causou
Faria reduzir o consumo movimentação desse setor
Não faria reduzir o consumo da indústria para alteração
de fórmulas.
Em 2018, a Coca-Cola ame-
Total 78 20 açou deixar o país após redu-
ção de benefícios fiscais dos
Por idade
16 a 24 anos 69 30 quais goza. O então presiden-
25 a 34 anos 76 23 te Michel Temer cedeu à pres-
são e restituiu o benefício. O
35 a 44 anos 81 18 presidente Jair Bolsonaro, em
julho, aumentou o benefício
45 a 59 anos 83 15
fiscal para a indústria de re-
60+ 79 15 frigerantes.
A Receita Federal tem au-
Por escolaridade
Fundamental 77 18 tuado indústria do setor de
refrigerantes e outras bebi-
médio 77 22
das açucaradas por, segundo
Superior 79 19 o órgão, sobrevalorizar pre-
ços para aumentar o benefí-
cio fiscal.
Johns diz que, consideran-
Preço mais alto fariam você do as pesquisas feitas sobre
reduzir o consumo de bebidas o assunto, como as Datafo-
açucaradas como refrigerantes, lha, a conscientização sobre
chás prontos e sucos de caixinha? alimentos não saudáveis tem
aumentado.
Em % “A aceitação é muito gran-
Faria reduzir o consumo de para políticas regulatóri-
Não faria reduzir o consumo as que vão modificar o ambi-
ente e ajudar a fazer escolhas
Total
melhores. Não dá para colo-
79 18
car só nas costas do indivíduo
Por idade
83 16 a questão da escolha melhor
16 a 24 anos
quando ele está em um ambi-
25 a 34 anos 79 20 ente totalmente desfavorável
35 a 44 anos 83 16
ou inviável de optar por uma
boa alternativa”, afirma.
45 a 59 anos 75 21 Em 17 de outubro, nutrici-
onistas e ONGs estiveram em
60+ 75 18 audiência pública na Câmara
Por escolaridade
73 22 dos Deputados, na Comissão
Fundamental de Seguridade Social e Famí-
médio 82 17 lia, para pedir a aprovação de
umprojetodelei,apresentado
Superior 82 15 há 12 anos, que proíbe a ven-
da de refrigerantes em esco-
las de educação básica.
A pesquisa encomendada
Você é a favor ou contra que o governo pela ACT mostra que 77% dos
crie medidas semelhantes às do brasileiros são contra a ven-
cigarro para alimentos e bebidas da de bebidas açucaradas em
com alto teor de açúcar, de sal escolas.
ou de gordura, tais como salgadinhos, Procuradapelareportagem,
refrigerantes e sucos de caixinha? a Abia questiona a forma co-
mo o estudo foi construído.
Em % “A referida pesquisa assume a
A favor existência de alimentos ‘não
Contra saudáveis’, enquanto defen-
demos que a saudabilidade
Total 72 24 está nas dietas —que podem
Por idade ser equilibradas ou não—, e
16 a 24 anos 66 32
não em um alimento isolada-
25 a 34 anos 68 30 mente.Alémdisso,aformade
construção das questões pa-
35 a 44 anos 77 21 rece querer direcionar o res-
45 a 59 anos 75 21
pondente a concordar com
o argumento apresentado.”
A associação também diz
60+ 76 19
Por escolaridade
que as medidas apontadas na
Fundamental 67 29 pesquisa não possuem “res-
74 23 paldo técnico-científico” e,
médio
“com base em experiências
Superior 79 19 internacionais, a implemen-
tação de tais restrições não
apresenta resultados efeti-
vos nas escolhas do consumi-
Fonte: pesquisa Datafolha feita com 2.060 entrevistas
realizadas entre 6 e 14 de agosto de 2019, com margem dor ou mesmo nos índices de
de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos obesidade”.
SEGuNDA-FEirA, 4 DE NOvEmbrO DE 2019
ambiente
Área abriga espécies ameaçadas
Após chegada
de óleo, visitas
a Abrolhos são
suspensas
‘Não tenho bola de cristal’, diz o
ministro da Defesa sobre extensão de
vazamento que atingiu a costa do NE
-
João Pedro Pitombo
Salvador Após a chegada
de manchas de óleo ao Par-
que Nacional Marinho dos
Abrolhos, o ICMBio (Institu-
to Chico Mendes de Conser-
vação da Biodiversidade) de-
terminou neste domingo (3)
a suspensão por três dias da
visitação ao local.
A medida se dá para não
atrapalhar as atividades de
prevenção, controle e remo-
ção do óleo e minimizar da-
nos à saúde dos visitantes. A
dependerdoavançodaspartí-
culas de óleo na região, a sus-
pensão pode ser prorrogada.
Neste domingo (3), o mi-
nistro da Defesa, Fernando
Azevedo e Silva, sobrevoou
o parque, onde o óleo foi de-
tectado pela primeira vez no
sábado (2). Em Porto Seguro
(a 715 km de Salvador), o mi-
nistro afirmou que “não tem
bola de cristal” para estimar
o volume e a dinâmica do va-
zamento do óleo que atingiu
aspraiasdolitoralnordestino.
“É um óleo difícil, que vem
a meia água. O radar não pe-
ga,osonar não pega,osatélite
não pega. A gente tem uma vi-
sualização dele quando chega
na água. É difícil, a gente não
tem um bola de cristal em re-
lação a isso”, afirmou.
O ministro falava sobre a
possível quantidade de óleo
vazada e a chance de novas
manchas continuarem atin-
gindo a costa do país.
Isso porque neste sábado
novas manchas de óleo em
grande quantidade foram re-
gistradas em praias de Salva-
dor. Somente na praia do Rio
Vermelho, uma das mais icô-
nicas da cidade por abrigar a
festa de Iemanjá, foi retirada
mais de uma tonelada de óleo
entre sábado e domingo.
Após o sobrevoo em Abro-
lhos, oministroinformou que
não houve registro de novas
manchas de óleo no arqui-
pélago. Fernando Azevedo e
Silva ainda destacou o traba-
lho da força-tarefa montada
em torno do Arquipélago de
Abrolhos,consideradooprin-
cipalberçáriodebiodiversida-
de marinha do Atlântico Sul.
“Fiz questão de passar aqui
em Abrolhos pelo sinal de on-
tem, o aparecimento de pe-
quenos fragmentos [de óleo].
É um sinal”, disse o Azevedo
Silva, que classificou o par-
que de Abrolhos como um
B5
Rubens Cavallari 2.out.19/Folhapress
“santuário ecológico”. Des-
de 31 de outubro ele tem per-
corrido o litoral do Nordeste.
Quatro navios da Marinha e
doisdaPetrobraspatrulhama
região. Equipes de mergulha-
dores estão fazendo vistorias
periódicas nos recifes de co-
ral e uma equipe de 30 pesso-
as está atuando na limpeza.
Questionadosobreasinves-
tigações dos responsáveis pe-
lo vazamento, o ministro afir-
mou que a petroleira grega
Delta Tankers, apontada pe-
la Polícia Federal como prin-
cipal suspeita pelo vazamen-
to, foi notificada.
O ministro não quis comen-
tar sobre a nota emitida pela
Delta Tankers que negou res-
ponsabilidade sobre o vaza-
mento de óleo que vem atin-
gindo a costa brasileira. Mas
afirmou que todos os indícios
apontam apara um vazamen-
todonaviogregoBouboulina.
A área concentra alguns
principais bancos de corais
do litoral brasileiro, incluin-
do espécies ameaçadas de
extinção como os corais-de-
fogo. Também registra cerca
de 1.300 espécies de plantas e
animais, incluindo as baleias-
jubarte, que buscam as águas
calmas do santuário para o
acasalamento.
Segundo balanço do Ibama,
314 locais em mais de 100 ci-
dades já foram atingidos pe-
lo Petróleo, em todos os esta-
dos do Nordeste.
Parque de 900 km²
abriga espécies
ameaçadas de extinção
100 km
Salvador
BA
Banco
dos Abrolhos
Porto
Seguro
Parque
Nacional
Marinho dos
ES Abrolhos
Vitória
B6 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 a eee

esporte
prancheta do pvc
-
Paulo Vinícius Coelho
pranchetadopvc@gmail.com

Fla mostra que a melhor

defesa é sempre o ataque
Na polêmica entrevista cole-
tiva de sexta (1º), Carille dis-
se que haveria uma mudan-
ça em comparação com o ti-
me do último treino. A sur-
presa era Méndez. O zaguei-
ro uruguaio entrou no lugar
de Manoel e a arma secreta
proposta pelo Corinthians
para enfrentar o melhor ti-
medo Brasilera... um beque.
Nenhumtimepodeserfor-
te se passar 90 minutos re-
batendo jogadas do ataque
adversário. O Corinthians
tentou se salvar no Maraca-
nã. Fracassou.
Produziu sofrimento ao
Flamengo por 44 minutos,
momento em que Éverton
Ribeiro deixou De Arrascae-
tafrenteafrentecomCássio,
Com a bandeira do Reino Unido, Lewis Hamilton comemora a conquista do seu 6º título na F-1 Mark Thompson/Getty Images/AFP no pênalti convertido por
Bruno Henrique, no rebote.
AtuaçãoimpecáveldeBruno
Henrique, pela faixa central
doataque.Éprecisopararde
dizerqueBrunoHenriquejo-
ga aberto pela esquerda. Ele
atualmente é ponta de lan-
ça, atua pelo centro do ata-
que,pertodeGabigol,ausen-
te neste domingo. Quem jo-
ga pela esquerda é De Arras-
caeta, embora entrando em
diagonalsemprecomomeia.
Esta é uma das razões de
Bruno Henrique ser o vice-
artilheiro do campeonato,
com 15 gols. Na história do
Brasileiro, só em 1984 um
mesmo time teve os dois go-
leadores.Em1984,oVascode
Roberto Dinamite e Arturzi-
nho. Contra o Corinthians,
além dos três gols, até desar-
me na defesa ele fez, contra
Fagner. Foi no lance anteri-

Hamilton é hexacampeão e
Até aqui, a atuação corintia-
natinhadefesa.Depois,ficou
indefensável.Gérsondeudri-
ble da vaca em Ralf e lançou
lindamenteparaBrunoHen-
or ao quarto gol rubro-ne-
gro, confirmação do mas-
sacre, marcado por Vitinho.
Como se previa, o clássico
do povo teve menos público

está a um título do recorde

inglês ficou em 2º nos eua e está perto da marca de michael Schumacher
-
Luciano Trindade
São Paulo O inglês Lewis Ha-
miltonterminouoGPdosEUA
em2ºlugarnestedomingo(3).
Ele confirmou a conquista do
título da F-1 em 2019 com du-
as corridas de antecedência.
O britânico está agora a um
título de igualar o recorde de
Michael Schumacher,omaior
campeão da categoria.
ValtteriBottas,seupersegui-
dor na luta pelo título, venceu
a prova, mas não pode mais
alcançar o colega da escude-
ria Mercedes na disputa pelo
campeonato. Max Verstap-
pen completou o pódio. Bot-
tas, ao menos, garantiu o vice
do Mundial com o resultado.
Apesar da vantagem inici-
al de 74 pontos na tabela de
classificação, Hamilton ten-
tou vencer a prova, que acon-
teceu em Austin. Adotou a es-
tratégia de fazer um pit stop a
menos que os rivais, mas aca-
bou ultrapassado pelo finlan-
dês Bottas quando faltavam
três voltas para o fim.
Oinglêschegouaos381pon-
tos e não pode mais ser alcan-
çado por Bottas, que tem 314.
É o 6º título de Hamilton,
que seria campeão indepen-
dentementedesuaposiçãoca-
so Bottas não vencesse a cor-
rida nos EUA. Como o finlan-
dês ficou em primeiro, o líder
seria campeão se terminasse
até a 8ª colocação.
“Meu pai me disse quando
eu tinha seis ou sete anos pa-
ra nunca desistir, e esse é o le-
ma da minha família. Tentei o
meumelhorparavencerhoje.
Agradeço à equipe, aos orga-
nizadores do GP e aos ame-
ricanos pela estrutura e pe-
lo apoio”, disse logo depois
da a prova.
A conquista de Hamilton
no GP dos EUA, o antepenúl-
timo desta temporada, con-
firma uma tendência recente
na F-1: a decisão do Mundial
por antecedência. É a tercei-
ra vez seguida que isso ocor-
re, em todas com o inglês le-
vando o troféu de campeão.
Dos seis títulos conquista-
dos pelo britânico, aliás, qua-
tro foram definidos antes do
fim do campeonato: em 2015,
2017, 2018 e, agora, em 2019.
No século, há um equilíbrio.
Desde 2001, 11 das 19 tempora-
das foram decididas antes do
fim do calendário, o que ine-
vitavelmente tira um pouco
do apelo das etapas restantes,
comoapróxima corridadeste
ano, o GP do Brasil, no dia 17.
Até o Mundial de Constru-
tores já está definido, com a
a quantas corridas do fim da temporada
o título foi decidido
2001 michael Schumacher
2002 michael Schumacher
2003 michael Schumacher
2004 michael Schumacher
2005 Fernando alonso
2006 Fernando alonso
2007 Kimi raikkonen
2008 Lewis Hamilton
2009 Jenson button
2010 Sebastian vettel
2011 Sebastian vettel
2012 Sebastian vettel
2013 Sebastian vettel
2014 Lewis Hamilton
2015 Lewis Hamilton
2016 nico rosberg
2017 Lewis Hamilton
2018 Lewis Hamilton
2019 Lewis Hamilton
Mercedes, de Hamilton e Bot-
tas,campeã(tem695pontos).
A segunda colocada é a fer-
rari, de Vettel e Leclerc (com
479). As últimas duas corri-
das no circuito de Interlagos
também foram com este ce-
nário. O curioso é que, mes-
mo assim, o público compa-
receu em grande número ao
último GP Brasil.
Segundo os organizadores
da prova, 150.307 torcedores
estiveram no Autódromo de
Interlagos durante o fim de
semana da etapa disputada
em 2018 —foi o melhor pú-
blico da corrida desde 2010,
ano em que 155.213 pessoas
foram ao circuito.
Desde 2004, quando o even-
to em São Paulo passou a fi-
car entre as últimas do calen-
dário, em sete oportunidades
o campeonato chegou aqui já
definido. Por outro lado, seis
vezes o campeão foi decidido
justamente no Brasil (2005,
2006, 2007, 2008, 2009 e 2012).
Lewis Hamilton, inclusive,
conquistou o primeiro títu-
lo de sua carreira em Interla-
gos, no dia 2 de novembro de
2008, em uma das corridas
mais marcantes do circuito.
O brasileiro Felipe Massa,
comsuaFerrari,chegouacru-
zar a linha de chegada em pri-
meiro e como campeão mun-
dial,mas,naúltimacurva,Ha-
milton, então piloto da McLa-
a 4 corridas
a 6 corridas
na última prova
a 4 corridas
a 2 corridas
na última prova
na última prova
na última prova
a 1 corrida
na última prova
a 4 corridas
na última prova
a 3 corridas
na última prova
a 3 corridas
na última prova
a 2 corridas
a 2 corridas
a 2 corridas
ren, ultrapassou o alemão Ti-
mo Glock, pulou para a quar-
ta posição e tirou o título de
Massa, por diferença de ape-
nas um ponto.
Hamiltonvoltariaasercam-
peãonaúltimaprovaseisanos
depois, em 2014, quando ven-
ceu o GP de Abu Dhabi, tor-
nando-se bicampeão mundi-
al, em seu primeiro título pe-
la Mercedes.
Disputar as últimas duas
provas deste ano já com o tro-
EsportE ao vivo
16h 16h Stoke x West
Bromwich
2ª div. inglesa, espn br.
18h
19h30 Unifacisa
x Botafogo
20h
basquete, DAZn
20h Coritiba x Sport
Série b, sporTV
22h
22h15 Dallas Cowboys
x New York Giants
nFL, espn
0h
féu de campeão assegurado
dará ao inglês mais tranquili-
dade para seguir em busca de
novos recordes na F-1.
Uma das marcas mais im-
portantes que ele busca é o
número de vitórias de Mi-
chael Schumacher, recordis-
ta da categoria, com 91 triun-
fos. O inglês acumula 83 e tem
mais um ano de contrato com
a Mercedes. O calendário de
2020 ainda não está fechado,
mas são previstas, ao menos,
22 provas.
Além disso, o agora hexa-
campeão já negocia com a es-
cuderia alemã a renovação de
seu contrato.
“Sempre gostei de desafios
e esta equipe mostrou que es-
tá bem preparada para reagir
a todas as mudanças”, disse,
em referência ao novo regu-
lamento da F-1, que entrará
em vigor em 2021.
Recordista de poles (87), se-
gundo piloto com mais vitó-
rias na principal categoria do
automobilismoecomseusex-
to título na bagagem, Lewis
Hamilton também está pre-
parado para a nova F-1 que
está por vir e pronto para al-
cançar novos recordes, sobre-
tudo, igualar o heptacampeo-
nato de Michael Schumacher.
Com o resultado deste ano,
deixou para trás o argenti-
no Juan Manuel Fangio (1911-
1995), que venceu o Mundial
cinco vezes.
Perguntado após a corrida
deste domingo sobre quantos
títulos pretende ganhar, Ha-
milton disse não ter um nú-
mero alvo.
O inglês tem agora o do-
bro de Mundiais que seu ído-
lo na velocidade, Ayrton Sen-
na (1960-1994), vencedor em
1988,1990 e 1991.
Quando igualou Senna no
número de pole positions na
carreira (65), em 2017, Hamil-
ton recebeu da família do bra-
sileirocomohomenagemuma
réplica do capacete do brasi-
leiro e começou a chorar.
“Estoutremendo.Estousem
palavras. Sei que para muitos
de vocês Ayrton era o piloto
favorito. Para mim também.
Ele me inspirou para que eu
pudesse estar onde estou ho-
je”, disse Hamilton à época.
Alémdosseistítulosmundi-
ais e das 83 vitórias na carrei-
ra, o britânico chegou ao pó-
dio 150 vezes, tem 87 poles e
por 46 vezes fez a volta mais
rápida de uma prova .
Somando-se todas as suas
248 corridas pela F-1 desde
sua estreia, em 2007, ele tem
3.399 pontos.
rique marcar 2 a 0. do que Flamengo e CSA, pe-
Quando nasceu a forma- la separação das torcidas. Se
ção escalada por Carille, ain- os alagoanos levaram 1 a 0,
danasexta,aprimeiraobser- a ex-melhor defesa do país
vação séria era de que não caiude4—porqueoFlamen-
haveria flecha. Se há times go teve humildade em gol...
surpreendendo o Flamen- Difícil entender como será a
go ao quebrar sua primeira recuperaçãodoCorinthians.
linha de marcação, no ata- Mas o Flamengo indica que
que, e obrigar seus zaguei- pode ser necessário um no-
ros a ficar no mano a mano, vo modelo de jogo, porque
como no gol de Michael, em o Brasileiro deste ano dá a
Goiânia, o Corinthians só ti- ideia de que o ataque pode
nha uma chance de fazer is- ser a premissa para os pró-
to, chamada Pedrinho. ximos anos. Sempre com o
Depois da parada técnica cuidado de não criar verda-
do 1º tempo, Carille tirou Pe- des definitivas.
drinho da ponta e puxou-o A goleada e a demissão de
paraomeio,como2ºatacan- Carille colocam o Corinthi-
te.Nãohouvenenhumlança- ans numa encruzilhada. O
mento para explorar sua ve- estilo pragmático vencedor
locidade.Ospassesmaislon- nos últimos dez anos pode
gos visavam Gustavo, de 1,89 dar certo nas próximas tem-
m, bom pelo alto, lento para poradas? Por esta pergunta
vencer Rodrigo Caio e Marí. tem de passar a escolha do
Foi Pedrinho quem fez o novo técnico. Ou ataca ou
passe para o gol de Mateus pode viver os próximos Bra-
Vital, deixando o jogo 3 a 1. sileiros na mesma situação.
Flamengo com reinier e Bruno henrique no ataque
arrascaeta
b. Henrique
W. arão
gérson
reinier
É. ribeiro
Corinthians: única flecha era pedrinho
m. vital
Carlos
ramiro
gil
ralf gustavo
Cássio
méndez
J. urso
Fagner
Pedrinho
ESPERaNÇa
O Palmeiras jogou mal contra o Ceará e tem mais dificul-
dades quando enfrenta times fechados, como o montado
por Adílson Batista. Mais fácil para o Palmeiras é ter cam-
po para explorar velocidade. Não é Mano x Felipão. É a ca-
racterística do time.
maldito VaR
A comissão de arbitragem da CBF provavelmente mostra-
rá vídeo para explicar em que momento se marca a bola
no pé do lançador, para definir se há ou não impedimento.
Tudo por causa do gol anulado do Ceará, no sábado (2). A
decisão do árbitro foi considerada correta.
a eee SeGUndA-FeIRA, 4 de nOVeMBRO de 2019 B7

O massacre do Maracanã tida estivesse empatada.

O Fla não deu chance para o azar. Se impôs com pose de heptacampeão. Viva!
- levou de 5 a 0, três gols de dife-
Juca Kfouri
Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP
O Flamengo está anos-luz à
frente do Corinthians e fez va-
ler a superioridade sem permi-
tir que se abrisse a gaveta da
caixinha de surpresas.
Aumentou para 55 a 53 a van-
tagem histórica no confronto
direto e para 25 a 24 no Cam-
peonato Brasileiro.
Mais: ao não permitir a apro-
ximação do Palmeiras, aproxi-
mou-se ainda mais de seu sé-
timo título brasileiro, com o
que se igualará ao Corinthi-
ans como maiores vencedo-
res desde 1971.
Como pode ser bicampeão
da Libertadores, superará o
rival alvinegro em conquistas
da taça continental.
Assim como pode empatar
em títulos mundiais caso che-
gue ao Liverpool e o derrote,
coisa que é melhor nem cogi-
tar por enquanto.
Tudo isso poderá ser mera
consequência de um clube que
entrou nos trilhos na compa-
ração com o outro que des-
carrilhou. Por enquanto o que
se viu não surpreendeu: a fla-
grante diferença técnica entre
os dois times, mesmo com o lí-
der desfalcado de seu artilhei-
ro Gabigol.
Sem Gabigol, mas com Bru-
no Henrique que fez 1 a 0, 2 a 0
e 3 a 0, os dois primeiros gols
no fim do primeiro tempo, aos
45 e 47 minutos, o terceiro aos
20 segundos do segundo tem-
po, num jogo que até a aber-
tura do placar não parecia pa-
ra tanto, até porque o zagueiro
corintiano Gil fazia uma apre-
sentação exuberante.
O gol alvinegro de Mateus
Vital deu a esperança aos fiéis
de uma derrota digna e diga-
se que o 3 a 0 era um exagero.
Facilmente explicável: a di-
ferença individual entre os 22
jogadores em campo, exem-
plificada na comparação en-
tre Bruno Henrique e Gustavo.
Além do mais, depois de duas
atuações inconvincentes contra
CSA e Goiás, o Flamengo preci-
sava mostrar firmeza e mostrou
com requintes de crueldade, até
ao perder pênalti e abrir o pla-
car no rebote de Cássio.
Para um time como o rubro-
negro, que antes da chegada de
Jorge Jesus perdia resignada-
mente, a metamorfose foi radi-
cal, porque mesmo ganhando
de 3 a 1 jogava como se a par-
Daí para o 4 a 1, com Vitinho,
foi um passo.
Ao som de olé, o único conso-
lo dos alvinegros era lembrar
que se o Grêmio que é o Grêmio
rença saía barato.
Outra vez o Maracanã lotou,
com 65 mil torcedores, e outra
vez fez a festa que o time me-
rece, não apenas porque ven-
ce e lidera o campeonato, mas
porque sempre retribui com es-
petáculo a presença dos seus
adeptos, como diz seu treina-
dor lusitano.
Para o gasto
Nem o Palmeiras agradou na
magra e sofrida vitória por 1
a 0 sobre o Ceará, nem o São
Paulo na sobre a Chapecoen-
se por mentirosos 3 a 0.
Ambas valeram apenas e tão
somente para os objetivos dos
dois clubes: manter-se vivo na
luta pelo título e por vaga na
Libertadores.
Ao ler estas mal traçadas as
raras leitores e raros leitores
alviverdes e tricolores já terão
esquecido a irritação vivida no
sábado (2) à noite e apenas vi-
vem a satisfação de constatar
a posição de seus times na tá-
bua de classificação.
Porque se contentar com
pouco é direito que todos têm.
Viva Jesus!
Três perfis exemplares de
Jorge Jesus foram apresenta-
dos na seção de Esporte des-
ta Folha.
O primeiro, de Mathias Alen-
castro, no dia 25 de outubro.
Os dois últimos, no domin-
go (3), por Bruno Rodrigues e
Toni Assis e por Ricardo Ara-
újo Pereira.
Entende-se perfeitamente
por que o Mister virou xodó
da torcida rubro-negra, coro
no Maracanã e admirado pe-
los especialistas.

| dom. Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho, Tostão | seg. Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho | | qua. Tostão | qui. Juca Kfouri | sex. Renata Mendonça | sáb. Katia Rubio

Encantado com Jesus, Brasil Fla goleia Corinthians

tem 3 campeões em Portugal
Técnicos brasileiros já fizeram sucesso no país do treinador flamenguista
Otto Glória (à esq) foi campeão pelo Benfica e 3º na Copa de 1966; Felipão foi finalista da Eurocopa
-
Marcos Guedes
são Paulo Com a vantagem
do Flamengo na liderança
do Campeonato Brasileiro, o
técnico Jorge Jesus tem boas
chancesdesetornaroprimei-
ro português a dirigir um ti-
me na conquista do torneio.
Aclamado pelo trabalho re-
alizado no clube desde junho,
o “Mister”, como é chamado,
faz caminho novo e inverso
ao trilhado pelos brasileiros
que cruzaram o Atlântico pa-
ra triunfar em Portugal.
O mais notório deles foi Ot-
to Glória (1917-1986), carioca
tratado como um dos gran-
des nomes da história do fu-
tebol lusitano. Campeão por-
tuguês 6 vezes entre os anos
1950 e 1960, ele abriu cami-
nho para o mato-grossense
Yustrich (1928-1990), vence-
dor em 1956, e o mineiro Car-
los Alberto Silva (1939-2017),
bi na década de 90.
No Benfica, as glórias são
de Otto, que chegou ao clube
aos 37 anos, após alguns tra-
balhosnoRio.Logonaprimei-
ra temporada (1954/55), con-
quistou o Português e a Taça
de Portugal, início de trajetó-
ria que lhe renderia a meda-
lha de prata da Ordem do In-
fante Dom Henrique, honra-
ria valiosa no país.
EledesembarcouemLisboa
comaresponsabilidadededar
cara mais profissional aotime
da Luz, mas o fez sem abrir
mão do paternalismo. Se im-
plantou o regime de concen-
tração e criou regras mais rí-
gidas para os jogadores, pas-
sou a protegê-los de críticas.
O vestiário passou a ser tra-
tado como lugar sagrado, no
qual era proibida até a pre-
sença do presidente do clube.
O brasileiro levou ainda de
suaterraoesquema4-2-4,que
se mostrou efetivo. Ao fim do
primeiro semestre de traba-
lho, a diretoria já comemora-
va o resultado do investimen-
to feito para contratá-lo.
“Apesar do pesado encar-
go [...], não hesitamos um mi-
nuto. A razão da nossa atitu-
de parece bem justificada pe-
la obra que o reputado técni-
co conseguiu fazer em menos
de seis meses de permanên-
ciaentrenós.Nãoserápreciso
dizer mais nada...”, afirmava o
relatório da gerência do clube
apresentado ao fim de 1954.
Após o sucesso em 1954/55,
Otaviano Martins Glória ain-
da levaria o Benfica ao título
português outras três vezes,
em 1957, 1968 e 1969. Coman-
doutambémostítulosdorival
Sporting em 1962 e 1966, diri-
giu Porto e Belenenses e este-
ve à frente da melhor campa-
nhadePortugalemMundiais.
Na Copa de 1966, na Ingla-
terra, era Otto o técnico da
seleção que fez 3 a 1 no Bra-
sil, castigou Pelé e tirou os bi-
campeões da disputa na 1ª fa-
se.Eusébio,quejáerabemco-
nhecidodotreinador brasilei-
ro, contribuiu para que o time
chegasse ao inédito 3º lugar.
Sempre lembrado pela fra-
se que lhe é atribuída –sobre
a tênue diferença entre o trei-
nador“bestial”e“umabesta”–,
Glória chegou a conviver em
Portugal com Yustrich.
Na temporada 1955/56, a se-
gunda de Otto no Benfica, o
vencedor do campeonato foi
o Porto de Yustrich –que aca-
bara de chegar ao país, tam-
bém aos 37 anos, na esteira
do sucesso do compatriota.
Nascido Dorival Knippel,
em Corumbá (antes de o Ma-
to Grosso do Sul se separar do
Mato Grosso), Yustrich vestiu
como técnico o personagem
ultradisciplinador.
Na base do “eu ganho, nós
empatamos, vocês perdem”,
colecionou desafetos. No Bra-
sil, chegou a ser perseguido
por um armado João Salda-
nha. Em Portugal, trocou so-
cos com o atacante Hernâni
daSilva,oque acabou causan-
do sua saída do Porto.
“Foi Yustrich que agrediu o
jogador, aplicando-lhe uma
‘gravata’ e atirando-o contra
a parede, onde o esmurrou”,
relatou O Comercio do Porto
na época. Yustrich regressou,
então, ao Brasil. Otto Glória fi-
cou na Europa, enfileirou tro-
féus e abriu ainda mais espa-
ço para os treinadores do pa-
ís em solo português.
Otto Bumbel e Marinho Pe-
res também conquistaram a
Taça de Portugal. Nomes co-
mo Abel Braga e Paulo Autu-
ori, que hoje trabalham no
Brasil, também passaram pe-
lo futebol português. Luiz Fe-
lipe Scolari foi o treinador da
seleção lusitana entre 2003 e
2008,conseguindoumviceeu-
ropeu e um 4º lugar na Copa
do Mundo de 2006.
Depois do último Portu-
no Maracanã e provoca
demissão de Carille
FLAMENGO 4
CORINTHIANS 1
cular. Vão sair três ou quatro
nomesamanhã[segunda,4].
Vai ter mudanças drásticas”,
são Paulo A lógica prevale- completou em seguida.
ceu neste domingo (3), no Na quarta, o Corinthians
Maracanã. O Flamengo im- recebe o Fortaleza, pela 31ª
pos seu jogo, muito superi- rodada do campeonato.
or ao Corinthians. A golea- Andrés está também insa-
da de 4 a 1 provocou a que- tisfeito com o desempenho
da de Fabio Carille, que já dealgunsjogadores,quenão
balançava no cargo nas úl- quisnominarnovestiáriodo
timas semanas. Maracanã.Apósaderrotapa-
Oanúncio dasaídado trei- raoCSA,nasemanapassada,
nador foi feito minutos após ele já havia dito que o time
a derrota que fez o Flamen- estava apático em campo.
go voltar a ter oito pontos de O nome preferido pela di-
vantagem sobre o Palmeiras retoria é o de Tiago Nunes,
na liderança do Brasileiro. que hoje está no Athletico-
Desde o início do jogo, o PR. Mas há o consenso de
Corinthians não teve res- que ele só poderia chegar
posta para o volume de jo- no início de 2020.
go dos donos da casa, que O Corinthians está há 8 jo-
venceram com três gols de gossemvencernoBrasileiro.
Bruno Henrique e um de Vi-
tinho. Mateus Vital descon- SANTOS 4
tou para os paulistas. BOTAFOGO 1
O presidente Andrés San-
chez negou que a mudança Na Vila Belmiro, o Santos
no comando aconteceu por goleou o Botafogo por 4 a
causa dos protestos de tor- 1 e evitou que o Palmeiras
cedores que aconteceu em aumentasse a distância na
Folhapress e Odd Andersen-8.jul.06/AFP frente ao centro de treina- segunda posição da tabela.
mento, no sábado (2). O time de Jorge Sampaoli
“Vamos juntar os cacos marcou com Marinho, Edu-
guês vencido por Glória, em amanhã e quarta (6) tem ou- ardo Sasha e Soteldo, duas
1969, só um brasileiro repetiu tro jogo. Infelizmente che- vezes.IgorCássiodescontou.
o feito. Carlos Alberto Silva gamos neste ponto por vári- A equipe santista chegou
foi campeão em 1992 e 1993. os motivos. Temos que rea- aos 58 pontos, ficando cinco
Quando morreu, em 2017, aos gir na quarta-feira. Nos mo- atrás do vice-líder Palmeiras
77 anos, recebeu homena- mentos difíceis a nossa tor- e seis a frente do São Paulo.
gens do clube pelos serviços cida nos apoia muito”, disse O próximo compromis-
prestados. o dirigente. so do Santos é fora de casa,
JorgeJesusconheceessasvi- “Vai ficar pouca gente. No- contra o Avaí, às 21h da pró-
tóriasejádeclarouterparticu- me não vou falar para espe- xima quarta-feira.
laradmiraçãoporOttoGlória.
Campeonato Brasileiro
P J
1º Flamengo 71 30
2º Palmeiras 63 30
3º Santos 58 30
4º São Paulo 52 30
5º Grêmio 50 30
6º Athletico-PR 46 30
7º Internacional 46 30
8º Corinthians 45 30
9º Goiás 42 30
10º Bahia 42 30
11º Vasco 39 30
12º Fortaleza 36 30
13º Atlético-MG 36 30
14º Botafogo 33 30
15º Ceará 33 30
16º Cruzeiro 33 30
17º Fluminense 31 30
18º CSA 29 30
19º Chapecoense 21 30
20º Avaí 17 30
Libertadores Sul-Americana Rebaixamento
Pontos | Jogos
30ª rodada
Sábado (2): Fortaleza 2x2 Vasco;
Palmeiras 1x0 Ceará; Fluminense 0x0
Vasco; Chapecoense 0x3 São Paulo
Domingo (3): Flamengo 4x1 Corinthians;
Grêmio 2x0 Inter; Athletico-PR 1x0
CSA; Cruzeiro 1x1 Bahia; Santos
4x1 Botafogo; Goiás 2x0 Avaí Carille durante o jogo no Maracanã Ide Gomes/ FramePhoto/O Globo
folhacorrida
boa semana a todos
monumento à Revolta do Povo de Kordun e banija em
Petrova Gora, Croácia; memoriais contra o fascismo são típicos
do brutalismo, e muitos sofrem com falta de manutenção
Países da antiga Iugoslávia
mantêm relíquias brutalistas
BELGRADO | REutERs A Torre
Genex é impossível de não
ser vista na estrada que vai
doaeroportodeBelgrado,na
Sérvia, até centro da cidade.
Seus dois blocos altos, co-
nectadosporumapontesus-
pensaecobertosporumres-
taurante rotativo que parece
uma cápsula espacial, fecha-
do há tempos, são uma visão
tão incomum que a torre de
1977 virou ímã para turistas,
apesar de anos de descuido.
Atorreéumgrandeexem-
plodobrutalismo—umesti-
loarquitetônicopopularnas
décadasde1950e1960,base-
adoemformasbrutasdecon-
creto armado. Ele foi muito
adotadoemtodooblocoori-
ental da Europa, mas a anti-
gaIugosláviacriouoseupró-
prio, aproveitando-o como
uma maneira de forjar uma
identidade visual equilibra-
daentreoLesteeoOcidente.
Depois da Segunda Guer-
ra, a Iugoslávia, liderada por
Josip Broz Tito, partiu para
Prédio residencial em nova belgrado, bairro na capital sérvia
mensageiro sideral
Vem aí o trânsito de Mercúrio
A próxima segunda-feira (11)
nos reserva um evento celes-
te fascinante, em plena luz do
dia:oplanetaMercúriotransi-
taráàfrentedodiscosolar.Se-
rá como um minieclipse. Mas
põe míni nisso. A olho nu, se-
rá totalmente imperceptível
(o que até é uma ótima notí-
cia,porqueninguémdeveficar
olhandoparaoSolaolhonu).
Dos planetas do Sistema
Solar, só os que têm órbitas
a reconstrução da terra des-
truída pelos combates. Ini-
cialmente aliado à União So-
viética, Tito rompeu com Jo-
seph Stalin em 1948.
Blocosresidenciais,hotéis,
centros cívicos e monumen-
tos, todos feitos de concre-
to, brotaram por todo o país.
Aarquiteturadeveria mos-
trar o poder de um Estado
entre dois mundos —a de-
mocracia ocidental e o les-
te comunista, procurando
seguir seu caminho e criar
uma utopia socialista.
Após a morte de Tito em
1980 e a crise econômica
que se instaurou, novas eli-
tesprocuraramsedistanciar
do regimesocialista,incluin-
do sua arquitetura. Em 1991,
começou a série de guerras
que levaram ao colapso.
Agora, o interesse por es-
se estilo está aumentando.
Veja algumas construções
típicas do movimento nos
países da antiga Iugoslávia.
TraduçãodeLuizrobertomendesgonçalves
mais internas que a da Terra
podem se colocar entre nós
e o Sol: Mercúrio e Vênus. Os
trânsitos de Vênus (dentre os
dois, o planeta maior e mais
próximo) são mais imponen-
tes e raros, ocorrendo apenas
duas vezes por século, em su-
cessão relativamente rápida.
Infelizmente, neste século 21,
jáera,poisostrânsitosvenusi-
anosforamem2004e2012.Os
próximosvirãoem2117e2125.
a eee
Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
Complexo de edifícios residenciais Portão da Cidade oriental, em belgrado
Salvador Nogueira
folha.com/mensageirosideral
Melhor não esperar por eles.
Os de Mercúrio são mais
discretos, mas também mais
frequentes, por conta da ór-
bita mais curta do planeta ao
redor do Sol. Eles acontecem
sempre em maio ou novem-
bro. O último foi em 2016 e o
próximo, caso você perca o
deste ano, virá em 2032 (ao
todo, serão 14 neste século).
Mercúrio (com 4.800 km de
diâmetro, pouco mais de um
B8
terçodoterrestre),aquase100
milhões de km de distância,
é uma bolinha minúscula. O
tamanho aparente do Sol no
céu é 158 vezes maior, apesar
de estar mais afastado (150
milhões de quilômetros), pe-
lo simples fato de ser absur-
damente maior (1,4 milhão de
quilômetrosdediâmetro).Re-
sultado:oplanetinhavagando
à frente do Sol aparece como
um pontinho, menor até que
as próprias manchas solares.
Isso significa que não bas-
tará ter um filtro adequado
(como um vidro de soldador)
Fotos marko djurica/Reuters
À esq., a torre
Karaburma,
também
conhecida
como ‘edifício
toblerone’,
em belgrado
abaixo, a
torre Genex,
em belgrado,
um dos grandes
exemplos do
brutalismo
na sérvia
para observar o trânsito. Ape-
nas com telescópios apropri-
ados para observação solar,
equipados com filtros apro-
priados e capacidade de au-
mentar a imagem, será pos-
sível ver o fenômeno.
A recomendação, portanto,
éentraremcontatocomalgu-
ma organização astronômica
na sua cidade que esteja pro-
movendo uma sessão de ob-
servação pública com equipa-
mentos adequados. Na falta
disso, a alternativa mais sim-
ples é procurar no dia uma
das muitas transmissões ao
AgendA
dA semAnA
Terça, 5
economia. equipe de Paulo
guedes divulga pacote de
reformas administrativas
manifestações. atos contra Jair
bolsonaro foram convocados
Cinema. Folha realiza sessão e
debate de “o relatório”, às 20h, no
espaço itaú de Cinema Frei Caneca
Quarta, 6
economia. ocorre o megaleilão
da cessão onerosa de petróleo
diálogos. Folha e editora Sextante
fazem conversa com o maestro Jo-
ão Carlos martins, às 18h, no Teatro
Folha, no shopping Higienópolis
Campeonato brasileiro. Corinthi-
ans enfrenta o Fortaleza às 19h30,
Santos joga contra o avaí às 21h e
Palmeiras pega o vasco às 21h30
Quinta, 7
Votação. STF retoma o julgamento
sobre prisão após condenação
em segunda instância
economia. ibge divulga a
inflação do mês de outubro
Campeonato brasileiro. São Paulo
encara o Fluminense às 19h30
Sábado, 9
Campeonato brasileiro. Santos
encara o goiás às 17h, e Palmeiras
e Corinthians jogam às 19h
Domingo, 10
Campeonato brasileiro São Paulo
duela com o athletico-Pr às 16h
acervo folha
Há 50 anos
4.nov.1969
No Rio, Orlando
Geisel assume
o Ministério
do Exército
O general Orlando Geisel as-
sumiu o Ministério do Exérci-
tonestasegunda (3), noRio.O
cargo foi transmitido pelo ge-
neral Aurélio de Lyra Tavares,
que discursou na solenidade.
“Cuidarei sem desânimo,
com os pés no chão e olhos
no futuro, da eficiência do
Exército e da total consagra-
ção de meus comandados aos
trabalhos da profissão mili-
tar. Perseverarei na ação até
o fim, com humildade e senso
de justiça”, disse Orlando Gei-
sel, irmão de Ernesto Geisel.
Três outros ministros assu-
miram também suas pastas:
Jarbas Passarinho (Educa-
ção), João Paulo dos Reis Vel-
loso (Planejamento) e Fran-
ciscodaRocha Lagoa(Saúde).
h LEIA MAIS EM
acervo.folha.com.br
vivo pela internet.
O trânsito será visível do co-
meço ao fim em todo o terri-
tório nacional. Ele começa,
pelo horário de Brasília, por
volta de 9h35 (o horário exa-
to varia com a posição no glo-
bo), e Mercúrio estará inteira-
mente à frente do disco solar
pouco mais de um minuto de-
pois. O trânsito segue adiante
comoplanetavagando àfren-
te da estrela e atinge seu ápice
(com Mercúrio mais perto do
“meio” do Sol) às 12h19. A tra-
vessia se conclui às 15h04. De-
pois disso, só daqui a 13 anos.

Pintura de Éder Oliveira, artista que usa fotografias publicadas pelos jornais para retratar pessoas detidas pela polícia
Castigo sem crime
Série faz o retrato de homens e mulheres que, por erro dos tribunais, acabaram atrás das
grades e passaram a ser vítimas de espancamento, linchamento moral e outros abusos
-
Gustavo Fioratti
São Paulo Leandro Basílio Ro-
drigues, o Maníaco de Gua-
rulhos, chutava várias vezes
a cabeça de suas vítimas, to-
das mulheres, para ter certe-
za que elas estavam mortas.
Foi o que o próprio assassi-
no, que matou ao menos qua-
tro mulheres segundo a sen-
tença, disse a Ilana Casoy. A
criminalista está no coman-
do de “Em Nome da Justiça”,
do AXN, uma série documen-
talsobrecasosdepessoasque
foram presas injustamente.
Um crime reconhecido por
Casoy como de autoria do
Maníaco de Guarulhos foi,
nos tribunais, atribuído a ou-
tros três homens. Eles acaba-
ram presos e ainda sofrem
consequências diversas por
causa da acusação. Entre eles,
está Renato Correia de Brito,
ex-namorado da vítima, cujo
cadáver apresentava vários
ferimentos na cabeça.
AcondenaçãodeCorreiade
Britoseráassuntodoprimeiro
de 13 episódios que seguem o
interessedaaudiênciaporca-
soscomoode“OlhosqueCon-
denam”, produção da Netflix
sobreoerronacondenaçãode
cinco jovens por estupro e as-
sassinatonosEstadosUnidos.
Essa onda, segundo Casoy,
atesta a “saturação no audio-
a eee
SeguNDA-FeIRA, 4 De NovemBRo De 2019
visual” de retratos de crimes
de assassinos e psicopatas.
“Só se fala disso, cara. Desde
que existe a cota nacional [lei
que desde 2012 obriga canais
pagos a exibirem produções
brasileiras], os canais têm
mil programas não só com a
mesma cara, mas até com os
mesmos crimes”, diz Casoy.
Advogada que desenvolveu
interesse pela literatura e pe-
lo audiovisual, ela é autora de
“A Prova É a Testemunha”, so-
breamortedeIsabellaNardo-
ni, e “O Quinto Mandamento
– Caso de Polícia”, sobre Suza-
ne von Richthofen, mentora
do assassinato de seus pais.
Está ainda prestando con-
sultoria para o longa “A Meni-
na que Matou os Pais” —ba-
seado nessa última história,
com estreia programada para
o ano que vem— e colaborou
com outras produções polici-
ais, entre elas “Dupla Identi-
dade”, série de 2014 da Globo.
Entre os casos que ela vai
analisar na nova série está o
de Daniele Toledo, acusada
em 2006 de matar a filha de
umanoetrêsmesesdespejan-
do cocaína na mamadeira de-
la.Toledoficou37diaspresae,
nesse período, foi espancada
por 18 detentas. Segundo Ca-
soy,assequelasincluemperda
devisãoedeaudição.AJustiça
reconheceuoerrodepoisque
C1
aperíciamostrouquenãoha-
via drogas no leite da criança.
Também será relatado, no
quinto episódio da série, o
caso de Atercino Ferreira de
Lima, condenado em 2017 a
27 anos de prisão sob a acu-
sação de ter abusado sexu-
almente de seus dois filhos.
A denúncia contra o vende-
dor foi feita em 2004, e ele foi
obrigado a se afastar das cri-
anças. Já quase adultas, elas
afirmaram na Justiça que fo-
ram espancadas por uma mu-
lher que vivia com a mãe de-
las para relatar à polícia que
haviam sido molestadas.
A ideia do seriado, conta
Casoy, nasceu depois de um
estágionoInnocenceProject,
iniciativa americana voltada
para a solução de casosseme-
lhantes,emqueaJustiçaerrou.
Ela diz que entre os princi-
pais motivos que levam tri-
bunais ao erro estão o reco-
nhecimento de suspeito, a fal-
sa confissão, a negligência de
agentes do governo, a advoca-
ciadeficitáriaeaimprobidade
de especialistas. A série pro-
cura abarcar todos esses ele-
mentos relacionados a cada
um dos casos que apresenta.
A criminalista defende que
se crie uma cultura de valori-
zação do que, no jargão jurí-
dico, é conhecido como “dú-
vida razoável” —se a certeza
Divulgação
não existir, o réu tem a seu fa-
vor a presunção de inocência.
“Se alguém me pergunta se
o cara de ‘Making a Murderer’
é culpado, minha resposta é
simples: Acho que tem dúvi-
da razoável, não é?”, diz ela,
mencionando outro caso ex-
plorado em obra audiovisual.
“Making a Murderer” retrata
a condenação injusta de Ste-
ven Avery por agressão sexu-
al e tentativa de assassinato.
Soltoapósoreconhecimen-
to do erro, Avery voltou a ser
condenado por um assassi-
nato de 2005. A série tem du-
as temporadas que põem em
dúvida essa última condena-
ção e acaba de ganhar a pro-
messa de uma continuação
no cinema. O novo desdobra-
mentocircundaumaconfissão
maisrecente—umdetentote-
ria matado a mulher que, diz
a Justiça, foi vítima de Avery.
“Em Nome da Justiça” já
tem o projeto de uma segun-
da temporada em andamen-
to. Segundo Casoy, os casos
escolhidos precisam ter com-
provação processual. “A gente
não está coletando histórias
contadas por aí e que não se
comprovemdocumentalmen-
te. Há um filtro para, em pri-
meiro lugar, saber se o caso se
comprova”, diz a criminalista.
“A gente gosta de ouvir to-
dos os lados, quem acusa e
quem defende. A gente ten-
ta eleger o caso em que isso
é possível”, diz. A criminalis-
ta conta também que as di-
ficuldades da produção pas-
sam pela recusa de entrevis-
tas. “Às vezes o próprio indiví-
Casos da duo[oréu]nãoconseguefalar,
Nova sérIE ele chora tanto. E às vezes ele
não quer mais ser visto”, diz.
assassinatos O que está fora do escopo
Renato Correia do programa são os casos que
de Brito é questionam a Justiça em sua
acusado de estrutura elementar. Esse te-
matar sua ma atravessa duas obras que
ex-namorada. falamsobreaordemsocialem
Após ser preso, que os tribunais se inserem.
o Maníaco de Aimagemqueilustraestapá-
Guarulhos ginatemcomoautorÉderOli-
diz ter sido veira,artistaqueretratapesso-
autor do asquesãodetidaseque,antes
mesmo crime mesmodeumjulgamento,têm
suas fotografias estampadas
Presa sob a nas páginas policiais. Casoy,
acusação de ter como Oliveira, pede atenção
matado a filha para o justiçamento que po-
por overdose de derivar também da forma
de cocaína, como a imprensa expõe réus
Daniele Toledo de modo prematuro.
foi espancada E voltará ao cartaz, no Sesc
por outras Belenzinho, a peça “(In) Justi-
detentas; ça”, da Companhia de Teatro
Justiça reco- Heliópolis, em que o público
nheceu o erro é posto no centro do julga-
mento de um jovem que mo-
abuso sexual ra numa favela com “o mai-
Atercino Fer- or índice de criminalidade
reira de Lima do estado”, segundo a peça.
foi condenado “Procuramos trazer à cena
a 27 anos de uma fábula próxima da reali-
prisão. Seus dade,quebuscarevelaroquan-
filhos depois to a Justiça brasileira é seleti-
alegaram va”,dizDalmaRégia,produtora
que haviam dogrupo.Nossascriaçõespar-
delatado o pai tem das nossas observações.”
sob ameaça de Em Nome da Justiça
espancamento AXN, aos sábados, às 22h
de uma amiga
(In) Justiça
da mãe deles
Sesc Belenzinho - r. Pe. Adelino,
1.000, tel. (11) 2076-9700. Sex. e sáb.,
às 20h. Dom. e feriados, às 17h. De
15/11 a 8/12. Ingr.: R$ 9 a R$ 30
C2 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 a eee
ilustrada

MÔNICA BERGAMO | monica.bergamo@grupofolha.com.br

SURDO NO LUCRO O festival SP Gas-

E MUDO
Os presidentes da Câma-
ra, Rodrigo Maia (DEM-
RJ), e do Senado, Davi Al-
columbre (DEM-AP), dis-
cutiram nasemana passa-
da,comoutrosintegrantes
do partido, a forma de re-
agir a crisesqueenvolvem
o Executivo. A ordem é fu-
gir dos temas polêmicos e
seguir tocando a agenda
econômicanoParlamento.
RODA A conversa ocorreu em
um jantar na terça (29), pou-
co depois que o Jornal Nacio-
nal revelou que o porteiro do
condomíniodeJairBolsonaro
havia citado o nome do pre-
sidente em um depoimento
no processo que apura o as-
sassinato da morte da verea-
dora Marielle Franco.
RODA 2 Na conversa estavam
tambémoprefeitodeSalvador,
ACM Neto, que preside o par-
tido, e outros parlamentares.
DE LADO De acordo com um
dos presentes, a proposta é
tratarpublicamenteeventuais
processos e investigações que
envolvem a família de Bolso-
naro como um problema de-
les, “sem trazer isso para per-
to da gente”. Ou seja, ignorar
ostemassemprequepossível.
LÍNGUA SOLTA Na quinta (31),
a regra foi rompidacom as de-
clarações do deputado Eduar-
do Bolsonaro (PSL-RJ) de que
a resposta a uma hipotética
“radicalização” da esquerda
poderia ser o AI-5.
CARONA Deputados estadu-
ais do Novo e outros parti-
dos se reuniram para rejeitar
a proposta em tramitação na
Assembleia Legislativa de SP
(Alesp) que dá aos parlamen-
tarespaulistasquaseR$4,2mil
para alugarem carros.
MANOBRA O valor seria acres-
centadoaoscercadeR$33mil
de verba de gabinete àqueles
queabriremmãodos veículos
dafrotaoferecidapelaAssem-
bleia Legislativa de SP. O pro-
jeto é de autoria da mesa di-
retora da casa e deve ser ava-
liado nesta terça (5).
CARIMBO E a Alesp enviou
umamoçãoaoSTFqueaplau-
deaintençãoBolsonarodein-
dicar um ministro evangélico
à corte. O documento diz que
“o tema homofobia adentra
aos meandros de uma socie-
dade multipartidária”. E o Su-
premoprecisariaterindicação
“de pelo menos um represen-
tante da classe evangélica”.
1 MOTE Umdosfatospitorescos
CâMERa, açãO!
O ator Paulo Betti dirige e integra o elenco do filme
“A Fera na Selva”, que foi exibido na quinta (31), no
Petra Belas Artes. A atriz Dadá Coelho 1 , o escritor e
jornalista Marcelo Rubens Paiva 2 , o cineasta Alain
Fresnot 3 e o ator Luiz Guilherme 4 passaram por
lá. Fotos Mathilde Missioneiro/Folhapress
CURTO-CIRCUITO
O jornalista e escritor
Ricardo Viveiros recebe
hoje o título de Membro
Honorário da Academia
Paulista de Educação (APE).
Alana Rox lança o “Diário
de uma Vegana 2: O
Despertar”. Às 18h30,
na Livraria da Vila da
4 Fradique Coutinho.
tronomia, realizado em outu-
bro pelo governo de São Pau-
lo, teve um impacto econômi-
co de R$ 203,9 milhões. Para
cada R$ 1 investido, o projeto
injetou R$ 4,3 na economia.
Os números são de um estu-
do da FGV encomendado pe-
la organização Amigos da Ar-
NOVO DIA, te, que gere o festival.
NOVO TEMPO
O ator Fabio RENDA O levantamento mos-
Assunção tra ainda que o poder público
é um dos arrecadou R$ 27,8 mi em im-
participantes postos e que foram gerados
da mensagem 2.992 postos de trabalho no
de fim de ano estado. No total, foram 200
da Globo, que atividades em 31 dias, com
começa a ser público de 552 mil pessoas —
veiculada sendo 31,5% turistas.
na segunda
quinzena deste DÁ CERTO O secretário de Cul-
mês; a edição tura e Economia Criativa de
de 2019 tem SP, Sérgio Sá Leitão, afirma
como conceito que esses resultados são uma
a simplicidade “demonstração de como a
e transforma economia criativa pode con-
objetos do tribuir muito para a geração
cotidiano de renda, emprego e desen-
como garrafas, volvimento”. E diz que o fes-
colheres e tival será ampliado em 2020.
latas em
instrumentos VIRADA A quadra da Escola
musicais de Samba Rosas de Ouro vai
Fábio Rocha/Globo promover 24 horas ininter-
ruptas de samba entre os dias
30 de novembro de 1º de de-
zembro, véspera do Dia Naci-
onal do Samba. A programa-
çãocontarácomobaluarteda
Mangueira, Nelson Sargento,
a cantora Leci Brandão e os
sambistas Sombrinha e To-
ninho Geraes.
MEMÓRIA AGeraçãoEditorial
começa a distribuir nesta se-
gunda (4) às livrarias o livro
“Trapaça-SagaPolíticanoUni-
verso Paralelo Brasileiro”. Ne-
le, o jornalista Luís Costa Pin-
to,quefezaentrevista-bomba
dePedroCollorqueculminou
2 noimpeachmentdopresiden-
te Fernando Collor, em 1993,
fazparalelosdaquelemomen-
to com a história atual.
é que o então senador Amir
Lando abria o relatório da
CPI do PC Farias com a frase
“João 8, 32: Conhecereis a ver-
dade, e a verdade vos liberta-
rá”. É a mesma que Bolsonaro
repete semanalmente em su-
as redes sociais.
3 MOLDURA Um total de 186
obras de artistas como Alfre-
do Volpi, Lasar Segall e Mira
Schendel será leiloado no dia
11 deste mês. Elas estão avalia-
dasemcercadeR$40milhões.
A Faap realiza amanhã (5),
às 20h30, a 16ª edição do MOLDURA 2 O evento promo-
Concurso Faap Moda. vido pelo curador Pedro Mas-
trobuono ocorre no clube A
Daniele Pisani lança o Hebraica, onde as peças fi-
livro “O Trianon do MAM cam expostas a partir des-
ao Masp”. Amanhã (5), ta segunda (4). Parte da ren-
às 19h30, no IAB-SP. da obtida será destinada ao
Projeto Felicidade, do rabino
Karina Buhr faz show no Alpern, que atende crianças
Bona amanhã (5), às 20h30. com câncer.

com Bruno B. Soraggi, Gabriel Rigoni e Victoria Azevedo

MuLTITELA | Tony Goes tonygoes@uol.com.br

Sucesso demoníaco nos EUA Um Dia para Viver

globo, 22h22, 16 anos
Vítimas Digitais
gnT, 23h30, 12 anos

chega ao streaming brasileiro Um assassino profissional

1 Evil
globoplay, 16 anos
Fenômeno de audiência des-
de que estreou na rede aber-
ta CBS no final de setembro e
já renovada para uma segun-
da temporada, esta série cri-
ada pela dupla Robert e Mi-
chelle King (autores de “The
Good Wife”) passa a ser dis-
ponibilizada na plataforma
da Globo, com um novo epi-
sódio toda sexta. Os protago-
nistas são uma psicóloga fo-
rense e um seminarista, que
juntam forças para elucidar
mistérios sobrenaturais co-
mo milagres, assombrações
e possessões demoníacas.
Roda Viva
Cultura, 22h, 12 anos
A deputada estadual Janaína
Paschoal,doPSLpaulista,elei-
ta com mais de 2 milhões de
votos, está no centro da roda
nesta segunda (4). Cotada pa-
ra vice de Bolsonaro, ela ho-
je faz críticas ao presidente.
Segundas de Chicago
universal Tv, a partir de 21h30, 14 anos
As três séries do canal ambi-
entadasemChicagoestreiam
novas safras: “Chicago Med”
(quinta temporada, 21h30),
“Chicago Fire” (oitava tem-
porada, 22h25) e “Chicago P.
D.” (sétimatemporada,23h15).
é morto durante uma mis-
são, mas logo ressuscitado.
Agora ele tem 24 horas para
terminar o trabalho.
2 Chuck Norris e
Veículos Militares
History, 23h, 12 anos
1 Oespecialtrazoastrodecine-
ma apresentando novidades
das Forças Armadas america-
nas,comoumcaminhãoanfí-
bioeumHumveedeseisrodas.
Homens da Pátria
a&e, 18h50, 12 anos
Por meio de filmes caseiros,
um jovem descobre que seu
avô integrou a Força Expedi-
cionária Brasileira, que lutou
2 na Itália na Segunda Guerra.
Fotos Divulgação
EstanovasériedirigidaporJo-
ão Jardimdramatiza casosre-
ais de pessoas que sofreram
violências na internet. Na es-
treia, uma mulher (Débora
Falabella) é chantageada pe-
lo ex-namorado, que ameaça
divulgarfotografiasqueeleti-
rousemoconsentimentodela.
Outras Brasileiras
Canal brasil, 21h, 14 anos
Com produção da AfroReg-
gae Audiovisual e direção
de Diego Dadalt, esta série
documental retrata a dura
vida das mulheres transe-
xuais da periferia. Cada um
dos cinco episódios abor-
da um tema diferente: cor-
po político, saúde, laços,
violência e trabalho.
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 C3

ilustrada

Jason Momoa protagoniza a série ‘See’, parte da primeira leva de lançamentos do serviço; ator interpreta o líder de uma tribo no futuro, quando a humanidade não consegue enxergar Divulgação

Streaming da Apple
estreia com astros,
mas pouco conteúdo
Sem parceria com estúdios, empresa traz catálogo enxuto
e aposta alto na qualidade com fortes nomes da indústria
-
Rodrigo Salem táculos. “The Morning Show” também teria pedido a todos
foi criada para ser uma série osautoresquetomassemcui-
Los AngeLes Aguerradostrea- leve sobre a vida das pessoas dadocomcríticasàChina,ba-
mingacabadeganharumdos que comandam um progra- se das suas maiores fábricas.
seuscapítulosmaisimportan- ma, mas foi alterada quando Em todo caso, o conteúdo
tes.AgiganteAppleinaugurou notícias de assédio passaram nãodeveemnadaaotomsom-
na semana passada o Apple a assombrar noticiários reais. brio de produções da HBO
TV+,serviçodeconteúdoque O showrunner foi demitido ou da Netflix. “See”, de Steven
deseja rivalizar com a Netflix. e substituído, e o piloto preci- Knight, se passa no futuro da
Com uma mensalidade de sou ser reescrito e refilmado. Terra,quandohumanosperde-
R$ 9,90 no Brasil, ela chega a “Quandocomeçamosopro- ramacapacidadedever.Jason
mais de cem países com um jeto,nadadissotinhaaconteci- Momoa faz o líder de uma tri-
conteúdomodestoemquanti- do.Seriairresponsávelnãotra- boeprecisaprotegerosfilhos,
dade, mas apostando na qua- tar sobre o assunto”, resumiu caçados porque conseguem
lidade. Ao contrário das con- Witherspoon, em entrevista enxergar. Atores deficientes
correntes, o serviço não tem ao Yahoo Entertainment. “Is- visuais integram o elenco.
o apoio de um catálogo pré- so abriu outra porta e encon- “Não gosto de comparar
existente, nem a parceria de tramoshistórias queacrescen- com ‘Game of Thrones’, por-
estúdios de cinema ou TV. taram complexidade à serie”, que estamos falando de algo
A empresa, portanto, inves- acrescentouAniston,quetam- quevirouumadasmaioressé-
tiucercadeUS$6bilhões,qua- bém é produtora executiva. riesdahistória.Masasduases-
se R$ 24 bilhões, para come- Alena Smith, criadora de tão no mesmo nível de quali-
çar do zero —com mais US$ 1 “Dickinson”, uma reimagi- dade”,dizMomoaaorepórter.
bilhão anual, ou R$ 4 bilhões, nação da vida de Emily Dic- Seguindo o tom contro-
para criar conteúdo original. kinson, confirma que existi- verso e sexual da criação de
“Dois anos atrás, quando ram desentendimentos du- George R. R. Martin, “See” tem
vendemos nossa série para a rante a produção, mas que uma vilã que reza enquanto
companhia, o escritório era teve apoio dentro da Apple. se masturba. “Não tivemos
dentro do prédio da Beats “Servant”,quetemoprimei- nenhum problema em rela-
[empresadeLosAngelescom- ro episódio dirigido por Shy- ção a isso. Ninguém nos cen-
prada pela Apple em 2014] e amalan, fala sobre uma estra- surou”, conta Francis Law-
só havia cinco ou seis pesso- nhababáqueprecisacuidarde rence. “Essas histórias sur-
as trabalhando lá. Agora, vi- umbebêaindamaisesquisito. gem porque é o lançamento
rou uma emissora completa”, RumoresapontamqueaApple do serviço, mas todos os es-
lembra o diretor Francis Law- pediu mudanças numa cena túdios têm problemas. Nos-
rence, responsável pela série com um crucifixo. A empresa sa experiência foi fantástica.”
de fantasia “See”, parte da pri-
meira onda de lançamentos.
O Apple TV+ estreia com
apenas nove atrações origi-
nais. O carro-chefe é “The
Morning Show”, série dramá-
tica sobre um programa ma-
tinal de TV sacudido por de-
núncias de assédio sexual. Ela
é protagonizada pelo trio Jen-
nifer Aniston, Reese Withers-
poon e Steve Carell. A progra-
maçãoaindatemHaileeStein-
feld (“Dickinson”), Joel Kin-
naman (“For All Mankind”) e
Oprah Winfrey (“Oprah’s Bo-
ok Club”) como chamarizes.
Nospróximosmeses,oservi-
çoterásériesdeM.NightShy-
amalan, J. J. Abrams e Steven
Spielberg, mas sem a volúpia
dos concorrentes. “Estamos
concentrados em conteúdo
originaldealtaqualidade.Ofo-
conãoécatálogo”,disseJamie
Erlicht,chefedeprogramação
ao lado de Zack Van Amburg,
ao jornal Los Angeles Times.
Para chegar a tal conclusão,
os executivos reuniram suas
equipes para formar uma lis-
ta de séries preferidas. A in-
tenção era compreender não
só a razão por trás de alguns
sucessos, mas mergulhar em
programas de pouca audiên-
cia, porém de público fiel. De-
pois,osdoisbasearamsuases-
colhas em princípios de “hu-
manidade” e “simplicidade”.
As diretrizes foram imple-
mentadas, mas não sem obs-
C4 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
ilustrada
Bichos falam em nova superprodução da HBO
baseada em trilogia infantojuvenil de Philip Pullman, ‘His dark materials’ estreia hoje com primeira leva de oito episódios
-
Manoella Smith
São Paulo Uma lenda chinesa
dizquenascemosconectados
anossaalmagêmeaporumfio
vermelho invisível e que esta-
mos fadados a passar o resto
dasnossasvidascomessapes-
soa. Na nova série da HBO em
parceriacomaBBC,“HisDark
Materials”, que estreia agora,
este eterno companheiro é,
na verdade, um animal.
A trama adapta a trilogia
infantojuvenil “Fronteiras do
Universo”,lançadaem1994pe-
lo americano Philip Pullman
—oprimeirovolume,“Bússola
deOuro”,viroufilmeem2007.
Oautor,quetemmaisdedez
livros publicados no país, é o
produtor executivo da série.
A adaptação foi escrita por
Jack Thorne, de “Harry Potter
and the Cursed Child”, e Tim
A protagonista Lyra (Dafne Keen) e seu daemon em cena de ‘His Dark Materials’; série ainda escalou atores como James McAvoy para viverem os clássicos personagens da trilogia
Timothée Chalamet é rei em filme inspirado em Shakespeare
-
Janaina Pereira
Veneza Elearrastouumamul-
tidão duranteoFestivaldeVe-
neza. Desde que interpretou
o tímido Elio em “Me Chame
pelo Seu Nome”, papel que
lhe rendeu uma indicação ao
Oscar, Timothée Chalamet se
tornou o ator mais cobiçado
de sua geração. Etemsemos-
trado capaz de correr riscos.
Recusado há quatro anos
nos testes paraser onovoHo-
mem-Aranha,desdeentãotem
escolhido projetos ousados e
personagensincomuns.Vene-
zaviu,foradecompetição,seu
novotrabalho,“ORei”,inspira-
doem“Henrique4º”e“Henri-
que5º”,peçasdeShakespeare.
Ofilmeéumambiciosopro-
jeto do australiano David Mi-
Governo promete não fechar Museu Diretor do Museu de Arte do Rio
da Casa Brasileira, mas falta acordo deixa posto e critica a prefeitura
São Paulo OsecretáriodaCul-
tura e Economia Criativa do
Estado, Sérgio Sá Leitão, disse
neste sábado (2) que o Museu
da Casa Brasileira não será fe-
chado. O imóvel que o museu
ocupapertenceàFundaçãoPa-
dre Anchieta e foi cedido por
comodatopor50anosem1971.
AFolhapublicoureportagem
sobre o fim do acordo após o
presidentedafundação,Rober-
toMaluf,afirmarquepediriao
Hooper, de “O Discurso do
Rei”, dirige a superprodução.
A narrativa acompanha a
protagonista Lyra Belacqua,
uma menina de 11 anos inter-
pretada por Dafne Keen, de
“Logan”. Assim como todas as
pessoas daquele mundo fictí-
cio ela tem um daemon, uma
manifestação de sua própria
alma em forma de animal que
fala e tem vontade própria.
Quando criança, o daemon
muda de forma —por isso
Pantalaimon se transforma
num inseto quando ele e Lyra
precisam espiar alguma con-
versa ou num felino quando
estão em perigo.
A transição da infância pa-
ra a vida adulta é marcada
pelo momento em que o dae-
mon adquire a sua forma de-
finitiva como reflexo da per-
sonalidade do companheiro
chôd —diretor em ascensão
conhecido pelo road movie
“A Caçada”, de 2014. Depois
da première em Veneza e de
uma estreia limitada nos ci-
nemas americanos, o filme
chega agora ao streaming. É,
também, uma das apostas da
Netflix para o Oscar, especial-
mentenascategoriastécnicas.
Além de Timmy, como é
chamado pelos amigos e fãs,
o longa tem Joel Edgerton, co-
produtoreroteiristadatrama
aoladodeMichôd,RobertPat-
tinson, Ben Mendelsohn, Li-
ly-Rose Depp e Sean Harris.
Chalamet interpreta Hal,
prínciperebeldeobrigadoaas-
sumirotronoinglêsdepoisda
morte do pai. Mesmo contra-
riado,passaaserchamadode
Henrique 5º e precisa enfren-
imóvel de volta. Até sexta (1º),
asecretarianãohaviamencio-
nado mudança neste cenário.
“Ocomodatodoimóvelserá
renovado. Haverá a reforma
e a ampliação”, disse Sá Lei-
tão no novo posicionamento.
A direção da fundação, por
sua vez, diz que “está em con-
versa com o governador, com
Sá Leitão e com o conselho
curador da fundação sobre
questões relativas ao imóvel”.
humano. Ter um leão, um
cachorro ou um corvo co-
mo extensão de si próprio é
uma pista sobre quem você é.
Lyra é uma órfã criada sob a
guarda da Faculdade Jordan,
emOxford,equesonhaemvi-
ajar com seu tio, o Lorde As-
riel, um explorador que apa-
rece de vez em quando entre
suas viagens ao polo Norte.
Numa dessas visitas, Asri-
el divide com os catedráticos
da faculdade suas descober-
tas, entre elas a possível exis-
tência de mundos paralelos.
Entre suspiros de espanto e
acusações de heresia, os es-
tudiosos parecem ter medo
das consequências daque-
la conversa —politicamen-
te, o mundo é dominado pe-
lo Magisterium, uma espécie
de estado-igreja militarizado.
A visita coincide com uma
tar a descrença dos súditos.
“Eu e Joel somos grandes
amigos e quando ele me falou
sobre adaptarmos as peças,
sabia que seria intenso. Pre-
cisava de um ator que absor-
vesse isso e Timmy foi a nossa
única escolha”, disse Michôd.
Joel Edgerton, que interpre-
tou Hal no teatro, reforçou a
decisão. “Quando eu e David
começamos a escrever o ro-
teiro, pensamos em alguém
jovem que pudesse se trans-
formar na tela. Claro que eu,
que já fiz o personagem, pen-
sei em mim para fazê-lo ou-
tra vez, mas não posso mais
ser um jovem rei coroado aos
26 anos. Embora Timmy se-
ja mais novo, ele tem a essên-
cia que o papel exige”, elogia.
Chalamet correspondeu às
RIodejaneIRo Fazendocríticas
à Prefeitura do Rio de Janeiro
pelo “profundo desmantela-
mento de aparatos culturais”,
odiretordoMuseudeArtedo
Rio, o MAR, Evandro Salles,
deixou o cargo no sábado (2),
trêsanosapósasuaindicação.
Inaugurado pelo então pre-
feito Eduardo Paes em 2013, o
MARvemenfrentandodificul-
dades financeiras e é alvo de
disputa entre o prefeito Mar-
onda de desaparecimentos
de crianças, incluindo o me-
lhor amigo de Lyra. É então
que a influente Senhora Coul-
ter, interpretada por Ruth
Wilson, aparece e leva a me-
nina para viver em Londres,
com as promessas de levá-la
em expedições que Lyra so-
nha em ir e de encontrar seu
amigo sumido. Isso marca
o início das suas aventuras.
No livro, acompanhamos
os detalhes do mundo parti-
cular da menina, que come-
ça com suas brincadeiras nos
telhados, sua relutância em
tomar banho e se portar co-
mo uma “mocinha”. Afinal,
é uma trilogia que acompa-
nha o crescimento de uma
criança que, mesmo com 11
anos, tem uma importância
crucial para o destino daque-
le mundo que ela ainda não
expectativas —sua atuação é
um dos destaques de “O Rei”.
O ator de 23 anos falou sobre
os motivos que o levaram a
entrar nesse projeto. “Com
o sucesso de ‘Me Chame pe-
lo Seu Nome’ e ‘Querido Me-
nino’, era natural que as pes-
soas ficassem ansiosas em me
ver atuando novamente, mas
eu queria fazer algo diferente
do que esperavam de mim.”
“O Rei” faz uma reflexão so-
bre um jovem alçado ao po-
der,tentandodarumrumodi-
ferente ao país. Os roteiristas
optaram por não incluir fra-
sesmarcantesdeShakespeare
paratornarofilmemaisatual.
“O Joel e o David tiveram o
cuidado de fazer uma adapta-
ção livre, então o fundamen-
tal está lá, mas podemos fa-
celo Crivella e a Fundação Ro-
bertoMarinho,parceiradePa-
es na construção do museu.
“Deixo o posto em meio
à uma profunda crise finan-
ceira e política vivida pela
instituição, devido às difi-
culdades insuperáveis do po-
der público em entender o
papel cultural, educacional e
socioeconômico do mu-
seu”, afirmou Salles, em nota
divulgada nas redes sociais.
consegue —e nem nós leito-
res— entender a princípio.
Os mistérios vão sendo des-
vendados na medida em que
a garota precisa enfrentá-los.
Já no primeiro episódio, a
série abandona o olhar único
da protagonista. No lugar de
suas sapequices, mostra per-
sonagens que só apareceri-
am mais para a frente na es-
crita de Pullman e cria situa-
ções inéditas que dão con-
texto para o espectador en-
tender aquele novo mundo.
OMagisterium,tramasegíp-
cias e a própria importância
do destino da protagonista
são logo apresentados. Tais
elementos, aliás, dão um tom
menos juvenil à narrativa.
Na seleção de atores, James
McAvoy, de “It”, vive Lorde As-
riel e Ruth Wilson, de “The Af-
fair”, consegue captar muito
cilmente enxergar nos per-
sonagens o que vivemos atu-
almente. O filme é sobre al-
guém com boas intenções,
que acaba sendo jogado nu-
ma situação que não quer. E,
mesmo tentando seguir na
direção oposta da de seu pai,
não consegue por causa das
instituições”, diz Chalamet.
O ator se mostra bastan-
te sério quando o assunto
é sua carreira: “Quero fazer
projetos interessantes, estar
em filmes que me desafiem”.
Nos próximos meses, ele
será visto no novo filme de
Woody Allen, “Um Dia de
Chuva em Nova York”, no re-
make de “Adoráveis Mulhe-
res”, de Greta Gerwig, em
“The French Dispatch”, de
Wes Anderson, e ainda no
Obra furtada que estava no Itaú
Cultural volta à Biblioteca Nacional
RIodejaneIRo A Biblioteca Na-
cional recebeu do Itaú Cultu-
ralnasexta(1º)maisumaobra
furtadaem2005,quandocerca
demilitenssumiramdosacer-
vos da instituição. Trata-se de
“AGlóriaTomadadaEstrada”,
doartistasuíçoLouisBuvelot,
quefazpartedoálbum“Riode
Janeiro Pitoresco”, realizado
na cidade entre 1842 e 1845.
A devolução foi feita após
análise de um perito contra-
a eee
bem a personalidade seduto-
ra da Senhora Coutler. Geor-
gina Campbell, Anne-Marie
Duff,JamesCosmo,ClarkePe-
ters, Ariyon Bakare e o vence-
dor do Tony, Lin-Manuel Mi-
randa, também estão elenco.
O filme de 2007 não ficou
atrás na escalação do elenco
—Daniel Craig, Nicole Kid-
man e Eva Green— e ain-
da foi vencedor do Oscar de
efeitos visuais, mas teve re-
cepção abaixo da esperada.
O ritmo acelerado não des-
pertou o encantamento que
poderia ter no imaginário.
Com uma primeira tempo-
rada de oito episódios, a série
temmaismargemparaencon-
trar um bom equilíbrio que
contribua para o fascínio do
mundo criado por Pullman.
His Dark Materials
estreia nesta seg. (4), às 23h, na Hbo
Divulgação
aguardado “Duna”, de Den-
nis Villeneuve. “Passei os úl-
timos 22 meses dentro de
sets de filmagens e só posso
agradecer por isso, porque
estou fazendo o que amo.”
Sobre a fama e o assédio do
público, demonstra tranqui-
lidade. “Não penso muito so-
bre isso. Faço meu trabalho e
fico feliz que os jovens quei-
ram assistir. É legal inspirar
coisas boas”, finaliza, antes
de sair para mais uma série
de entrevistas com seu cabe-
lo despenteado e sem o me-
norjeito de estrelade cinema.
O Rei
reino unido/Hungria/austrália,
2019. direção: david michôd. Com:
Timothée Chalamet, Joel edgerton e
robert Pattinson. 18 anos. disponível
no serviço de streaming netflix
tado pelo próprio Itaú Cultu-
ral, que identificou sinais na
gravuradeBuvelotmaistarde
comprovadospelabiblioteca.
A colaboração aconteceu
após a Folha receber carta do
ladrão Laéssio de Oliveira e
publicar, em março de 2018,
que as obras haviam sido ven-
didas a representante do Itaú
Cultural. Algumas delas esta-
vam expostas na sede do ins-
tituto, na avenida Paulista.
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 C5

ilustrada

Neil Young prega da, em seu segundo álbum,

de 1969, com “Cowgirl in
the Sand” (10 minutos) e
“Down By the River” (9 minu-

para convertidos tos). Também deu certo em

1994, com “Change My Mind”
(14 minutos). Mas desta vez
não passa de encheção.

em álbum com
Quanto às letras, nada de
novo —amor e necessidade
de salvar a natureza.
Como em diversos álbuns,

velhos parceiros
gravado ao vivo, ‘Colorado’ é 39º disco
do canadense e seu primeiro trabalho
com a banda Crazy Horse desde 2012
CrítiCa
Colorado
*****
neil Young. gravadora: reprise.
uS$ 15 (Cd), uS$ 40 (vinil) e nas
plataformas de streaming
-
Ivan Finotti
Já faz pouco mais de uma
década que Roberto Carlos,
78, desistiu de lançar um
álbum por ano. Seu último
de inéditos é de 2012. Mas
Neil Young, 73, segue firme
nesse propósito um tanto
insano, típico dos anos
1960 e 1970. Desde 2010, ele
lançou dez discos. Dez!
Ainda que um deles tenha
sido de covers (“Americana”)
e outro, o resgate da grava-
ção de uma fabulosa noi-
te solitária em estúdio em
1976 (“Hitchhiker”), o artista
canadense impressiona por
sua produção sem fim.
“Colorado”, considerado
seu 39º álbum de estúdio,
saiu no fim de outubro. Tem
esse nome porque foi grava-
do num estúdio nas monta-
nhas do estado de Colorado,
nos Estados Unidos, onde o
roqueiro mora com sua mu-
lher, a atriz Daryl Hannah.
A 2.700 metros de altura e
com idade média da banda
de 74 anos, Young, Nils Lof-
gren (guitarra), Billy Talbot
(baixo) e Ralph Molina (ba-
teria) tiveram de lidar com
câmeras —que gravaram o
processo todo— e tanques
de oxigênio.
O resultado é bom, mas
não é nada que chegue às
alturas. Não há canções po-
derosas o suficiente para
conquistar novos ouvintes.
Em “Colorado”, o artista pre-
ga só para os convertidos.
“Think of Me” abre o dis-
co de uma forma que os fãs
adoram —com gaita. Outras
baladas mostram a força de
Young na melodia “Olden
Days”, “Green Is Blue”, “Eter-
nity”, “Milky Way” e “I Do”.
Essas duas últimas são ex-
celentes, lembrando aquele
clima e entrega de clássicos
da desesperança que ele lan-
çou no disco “On The Beach”,
obra de 1974, como a faixa-
título, “Motion Pictures” e
“Ambulance Blues”.
São os rocks mais pesados
que ficam a desejar, especi-
almente a enfadonha “She
Showed Me Love”, com in-
suportáveis 13 minutos. É
uma estratégia recorrente
de Young pôr sempre uma
canção pesada para que ele
possa solar indefinidamente.
A fórmula funcionou mui-
to bem quando inaugura-
Neil Young e seu Crazy Hor-
se —com quem ele não gra-
vava junto desde “Psyche-
delic Pill”, de 2012— toca-
ram ao vivo no estúdio. Is-
so significa que, em vez de
cada um tocar sozinho pa-
ra os instrumentos serem
mixados depois, os quatro
tocam e cantam ao mesmo
tempo, como num show.
E é isso o que se escuta no
disco. Eventuais erros e im-
perfeições são considerados
parte do processo.
Se, em alguns casos, es-
se método pode capturar
a energia real de uma ban-
da, em outros pode parecer
só uma forma mais fácil de
entregar um trabalho. No
caso, acontecem os dois.
De acordo com o que Nils
Lofgren contou à revista
americana Rolling Stone,
quando os 11 dias de gra-
vações terminaram, Young
considerou o trabalho como
“um grande começo”. Pouco
depois, entretanto, afirmou
que achava que o álbum era
aquilo mesmo. E assim foi.
Lofgren, que tocou no
grande álbum “After the Gol-
drush”, de 1970, e no sensa-
cional “Tonight’s the Night”,
de 1975, está de volta ao Cra-
zy Horse depois de um hia-
to de 44 anos. Ele substitui
o aposentado Frank Sampe-
dro, que tocava guitarra na
banda de apoio desde 1975.
Desde 1986, Lofgren tam-
bém faz parte da E Street
Band, que acompanha Bru-
ce Springsteen. Daí se cogita
um show duplo para o ano
que vem, com Young e Sprin-
Aos 73 anos, músico canadense Neil Young lança seu 39º álbum de estúdio, ‘Colorado’, que foi gsteen dividindo o palco e
gravado nas montanhas dos Estados Unidos Kevin Winter/Getty Images/AFP também o guitarrista.

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De 5 a 28/11. Ter. e qui., 12h30. Nublu Jazz Festival 2018.
Dom., 10h30. Bom Retiro Dia 6. Qua., 22h.
C6 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 a eee
deltafolha

Sulglobalcrescesobotermo‘músicasurbanas’
Categoria resume um vasto repertório de novidades musicais dos continentes latino-americano, africano e asiático
-
Felipe Maia cobrir não só a música negra musicais do mundo. Méxicotêmatéumnomeespe-
americana,mastambémadas Um elemento particular cial. São as “cidades-gatilho”,
Paris “Eu odeio a world mu- periferias de grandes cidades do rap —a rítmica das letras ondeoelevadonúmerodeusu-
sic”, escreveu David Byrne no do mundo. Esses sons têm mais próxima da fala que do ários pode determinar quem
New York Times há 20 anos. em comum aspectos rítmicos canto— é característica co- sobeoudescenaslistasdemais
Era um manifesto com tom e produção eletrônica que re- mum entre as mais ouvidas ouvidos em todo o mundo.
de mea culpa. O britânico era monta ao “faça você mesmo”. de países latinos e europeus. Elas“consomemmúsicaem
apaixonado pelas tais “músi- Éumacategoriacabíveltan- A França está à frente até uma taxa muito mais alta que
cas do mundo” de Fela Kuti to ao rapper britânico Skep- dosEstadosUnidosnesseque- cidades dos Estados Unidos
ou do amigo Caetano Veloso. ta quanto ao cantor congolês sito. Nomes de sucesso como oudaEuropa”,dizJasonJoven,
Tão apaixonado que, anos MaitreGimseaoreggaetonero osMCsSofiano,ShayeAlonzo da consultoria Chartmetrics,
antes,haviaajudadoapopula- panamenho Sech. Mas, ainda acabam inclusive chegando a umdoscriadoresdoconceito.
rizarotermoaotocarcommú- que esses nomes apresentem outrospaísesfrancófonos,co- “PessoasemSãoPaulopodem
sicosafricanos,latinoseasiáti- semelhanças,existemdiferen- mo Suíça e Costa do Marfim. ser fator de mudança do que
cos.Oqueeleodiava,naverda- ças fundamentais entre eles. A África também é impor- é ouvido em outros países.”
de,eraveraquelaetiquetaco- OnigerianoBurnaBoy,mui- tante para o pop atual. Sua in- Em se tratando de música
lada a tudo que não fosse mú- to ouvido em Londres, é tido fluênciaaumentoucomocres- pop, a ascensão do sul glo-
sica anglófona ou ocidental. comourbanmusic,apesardo cimento demográfico, avan- bal também está sujeita a di-
Vinte anos se passaram e a diálogocomgênerosjamaica- çossociaiseeconômicoseim- retrizes do mercado. Isso se
músicapopmudou.Adebacle nos e tradições locais. Segun- plementaçãoderedes3Ge4G. vê nas modas e nos formatos.
das gravadoras com a chega- dodadosdoSpotify,otrap,por Essesfatorestambémestão Ohit“ElaÉdoTipo”,deKevin
da da internet nos anos 2000 exemplo,émaisdançanteque portrásdoschamadosdiálogos O Chris, por exemplo, só lem-
já parece distante com a re- o funk brasileiro. Já o k-pop, “sul-sul” do mundo —pontes bra a faixa homônima que to-
cente ascensão do streaming. com elementos do hip-hop, criativasqueatravessampaíses ca nos bailes do Rio de Janei-
Aideiadeworldmusic,cris- é menos dançante que o rap. africanos,latino-americanose ro.Neles,intervençõesdeDJs,
talizadanaplaquinhaqueiden- Comtodasassuasparticula- asiáticossempassarpelastra- duraçãoeatéletrasãooutras.
tificava uma prateleira na loja ridades, Skepta, Maitre Gims, dicionaismetrópolesdoplane- RegravadaagoraporDrake,
de CDs, cheira a mofo. Mas is- Sech e Burna Boy são repre- ta,comoLondreseNovaYork. a canção ecoou antes na Áfri-
so não impediu que a indús- sentantes de gêneros funda- Artistas latinos têm se apro- ca. Em Angola, o cantor Preto
triacriasseumnovotermoge- mentais no pop global atual. veitado dessas conexões, es- Show faz sucesso com a faixa
neralista. A bola da vez é a ur- Segundo levantamento do pecialmente com parcerias. O “150 BPM” —referência dire-
banmusic,oumúsicaurbana. DeltaFolha —que analisa as colombiano Maluma tem 50 ta ao funk acelerado do Rio.
Aideianãoénova.NosEsta- faixasmaistocadasnoSpotify singles em que canta com no- Para além do termo reduci-
dosUnidos,cresceunasúltimas de51países—,músicasquedi- mes tão diversos quanto XXX- onista, esse triângulo atlânti-
décadas englobando ritmos alogam com rap e ritmos pop Tentacion e Enrique Iglesias. co mostra que há muito mais
como soul, funk, R&B e rap. da África e da América Latina No mercado do streaming, namúsicadosulglobaldoque
Hoje, a urban music é um sãomajoritariamenteouvidas grandescentrosurbanoscomo possa ser contido pela classi-
guarda-chuva que pretende em 75% de grandes mercados Jacarta,SãoPauloeCidadedo O britânico Skepta, rapper que faz urban music Reprodução ficação de “música urbana”.

Semelhanças e diferenças de gêneros considerados ‘urban music’

Termo surgiu para englobar ritmos populares entre negros americanos (soul, funk, R&B e rap), mas outros gêneros foram inseridos com o tempo
(reggaeton e latin); análise da Folha mostra semelhanças, mas também diferenças musicais desses gêneros, segundo métricas feitas pelo Spotify
“speechiness” médio:
avalia quanto a
música é "falada" E U R O PA E E UA A S I ÁT I C O S
hip-hop trap
0.20
Fazem mais sucesso gêneros K-pop é considerado "urban
Onde cada ritmo rap muito dançantes e com music", mas é diferente dos
de “urban music” músicas muito "faladas" demais gêneros
é mais ouvido PRINCIPAIS
1º Pop 1º Pop
2º K-pop RITMOS
0.15 europa e eua 2º Hip-hop
Em % média dos
Países de língua espanhola funk 3º rap 3º rap gêneros presentes nos
países em cada grupo
0 25 50 0 25 50
Países asiáticos r&b
ritmos fora do "urban music" reggaeton
L Í N G UA E S PA N H O L A Brasil I L H A M US I C A L
0.10 pop Metodologia e
tropical fonte: Análise
electropop sertanejo gênero “urbano” Gêneros muito dançantes, Funk é o único "urban considera as
latina
mais ouvido no mas que são menos music" com boa participação músicas que
indie entraram no top
punk k-pop edm house Brasil calcados nas falas na lista de sucessos 200 diário de 51
rock países no Spotify,
cantor e 1º Pop 1º Pop desde janeiro de
0.05 letrista soul disco 2017; a plataforma
country 2º música latina 2º Funk também fornece o
dançabilidade estilo dos artistas,
3º reggaeton 3º Sertanejo assim como suas
0.55 0.60 0.65 0.70 0.75 média: avalia 0 25 50 0 25 50 métricas musicais
quanto a música
é dançante
O sucesso da ‘urban music’ por país
Em % de músicas no top 200 que contém esses gêneros Europa e EUA Cor da mancha representa
Língua espanhola o grupo onde o ritmo é
mais ouvido Brasil
Hong Kong

Asiáticos
ador
ésia

Uruguai

Hip hop
ai

Ilhas Musicais
Brasil
sia

El Salv
Indon

Rap Trap Reggaeton Funk

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Austr ália Colômbia
Bélgica Chile
Canadá França
Canadá Bolívia Tailândia
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Ch é Tur R&B Latina Tropical K-pop
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Noruega

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Japão
da

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elândia

Noruega

Clássicos curiosos ainda representam o Brasil no mundo todo muito conhecido do Brasil.
“Noto que pouco a pouco o
forró tem ganhado espaço no
meio da música folk na Eu-
Paris O funk pode ser a nova ouvidas em Portugal. Mi- linhos Brown em 1992. ainda perdura é “Samba de Ja- Buarque, e “Lambada”, do Ka- ropa”, diz Thiago Lima, DJ e
música de exportação bra- chel Teló, com “Ai Se Eu Te A faixa conquistou o 14oº neiro”.Amúsicausaumsample oma,foramtemasdecomerci- produtor de festas há mais de
sileira, mas nem só de Ke- Pego”, ainda é um sucesso lugar entre as mais ouvidas improvávelde“Tomboin7/4”, ais de TV na França nos anos dez anos na Europa. “Ele não
vinho e Anitta se faz a cons- na Finlândia e na Dinamar- da Espanha em 2004, mas a composição de Airto Moreira, 1990 —ambos de refrescos rivaliza com o samba, mas
trução do imaginário grin- ca. Sérgio Mendes e sua ver- versão que fez sucesso é um com percussão genérica e pa- com sabores ditos tropicais. tem aberto novos caminhos.”
go sobre o país. A música do são de “Mas Que Nada” tam- remix do desconhecido trio lavras sortidas em português. Outra música que ainda po- As canções deLuiz Gonzaga
“Brasil com Z” é formada por bém tem lugar de destaque brasileiro Mendonça de Rio. Lançada originalmente em voaoimagináriodosfranceses e Dominguinhos são das pou-
clássicos e nomes que soam nas mais ouvidas da Suécia. Aquele ano, aliás, foi pro- 1997, a faixa alçou o grupo ale- é “Bate Forte o Tambor”, do cas representantes do Brasil
curiosos à primeira vista. Emfestascomtemáticabra- veitoso para a música eletrô- mãoBelliniaparadasdesuces- grupoCarrapicho.Notadapelo num dos maiores eventos de-
Algumas surpresas apare- sileira espalhadas pelo mun- nica brasileira, que exporta- so no leste europeu. Eles che- ator Patrick Bruel quando ele dicadosàmúsicafolknaEuro-
cem no levantamento do Del- do, não é improvável ouvir o va DJs do drum ‘n’ bass ao garamasertemadaEurocopa estava rodando o filme “Le Ja- pa, o Grand Bal de l’Europe. O
taFolha, realizado a partir sertanejo chiclete de Teló ou funk, como Marky, Patife e 2008etrilhasonoradegames. guar”,ambientadonafloresta samba não entra no festival,
das 200 músicas mais ouvi- o clássico de Jorge Ben revisto Marlboro. Foi um momento O audiovisual, inclusive, re- amazônica,abandaésucesso nem em formato de gafieira.
das no Spotify em 51 países. por Mendes. O pianista tam- fértil para emplacar faixas forçaresistentessucessosbra- tambémnaRússiaenaBélgica. “Nas ‘festas brasileiras’, ca-
A canção “Presente de Na- bém entra nessa lista com de pista que uniam percus- sileiros pelo mundo. Queridi- A lista de músicas identifi- da vez mais ouço e pedem
tal”, de João Gilberto, por outra canção —“Magalenha”, são a marcações eletrônicas. nhasatéhoje,ascanções“Essa cadas com o Brasil no exteri- funk”, afirma o DJ. “E o sam-
exemplo, é uma das mais gravada em parceria com Car- Outro hit daquele ano que Moça Tá Diferente”, de Chico or ainda inclui um gênero há ba vem perdendo espaço.” FM
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 C7

ilustrada

A casa menos vigiada do Brasil zis e empunhando o maior de

todos. Orgulhoso, o pai provi-
denciaria um selfie com a pro-
le para mandar ao seu prínci-
‘os bolsonaros’, um reality show para os dias futuros pe das Arábias. Visite nossas
praias, nem têm tanto óleo as-
- sim. Aproveite para aumentar
Claudia Tajes seu harém. Já o novo presiden-
escritora e roteirista, tem 11 livros publicados. em novembro lança a novela ‘macha’ te argentino receberia uma ar-
minha com a legenda entendi-
da em qualquer língua: kkkkkk.
Na hipótese de que um dia to- Assim como Kim, Kourtney segurança mais forte. O papai umaagressividadetãoexagera- Nem nos pitis “Os Bolsona-
dos saiam do poder, e para e Khloé revelam suas rotinas mais bonito é empate técnico. dadevia esconder umrecalque- ros”, o reality, ficaria atrás das
aproveitar os últimos vestígi- de compras e tratamentos de Como é de praxe nos reali- zinho. O povo é mau, faz cada Kardashians. Chiliquentos que
os de sua, digamos, celebrida- beleza para os telespectadores, ties, com as câmeras neles 24 insinuação. Alheio a tudo, 02 se só eles, os quatro passariam
de, imagine-se um reality show conheceríamos momentos da horas, os Bolsonaros acabari- manteria nas letras, mezzo ins- brigando, ameaçando, vou
do tipo o das Kardashians com intimidade do clã. Eles brin- am por mostrar mais que o re- pirado, mezzo desvairado. “Es- cortar isso, não vou renovar
eles.OsBolsonaros.Estrelando, cando de polícia e ladrão comendado. Menos 01, o aris- tou preparado! Eles não toma- aquilo, quem não se enquadrar
óbvio, aquele que deu origem à (participação especial de al- co, que conta com consultoria rão o Brasil para o Foro de SP.” vai tomar etc., todo o monte
série e seus herdeiros mais fa- guns moleques da vizinhança especializada em chá de sumi- Assim como as Kardashi- de bravatas que despejaram
mosos, 01, 02 e 03. Ao 04, o no- que nunca mais seriam vistos). ço. Comenta-se que, filmado no ans se divertem na Versace, os em seus pouco saudosos anos
vinho, falta biografia para inte- Fazendoconcursodequem tem banho, 03 não teria muito a es- Bolsonaros se entreteriam em de vida pública. Mas, enquan-
grar o elenco —apesar do na- o muque maior. Ou a cara de conder.Nojáantológicodebate tours pela Taurus. O 03 faria to eles continuam lá, a gente
moro com a filha do vizinho mi- mais malvadão. Ou o que grita de ideias que travou com o de- outra daquelas fotos de perfil segue aqui, só dando uma es-
liciano, sempre uma emoção. mais alto. Ou o que anda com o putado Frota, ficou no ar que de que ele gosta, cercado de fu- piadinha na casa. A casa 58.
Cynthia Bonacossa

| dom. Ricardo Araújo Pereira | seg. Claudia Tajes | ter. Manuela Cantuária | qua. Gregorio Duvivier | qui. Flávia Boggio | sex. Renato Terra | sáb. José Simão

aSTroLoGIa quadrão SudoKu

PERSONARE A RECREATIVA www.recreativa.com.br/fsp
www.personare.com.br/signos Jan Limpens FÁCIL

ÁRIES
21.mar a 20.abr
Sua atenção se volta para
ações coletivas. você se sente
frágil e faz drama diante dos
problemas e tem de se con-
ter para continuar produtivo.
TOURO
21.abr a 20.mai
aumenta a produção coleti-
va, mas há disputas por espa-
ço. entenda o que gera con-
flito entre as pessoas para
minimizar essa tendência.

GÊMEOS
21.mai a 20.jun
Sua atitude está exagera-
da diante das adversidades
o Sudoku é um tipo de desafio
presentes, e você tem de sa-
SOLUÇÃO
lógico com origem europeia e
ir desse círculo vicioso. vi- aprimorado pelos eua e pelo
Japão. as regras são simples:
va prazeres fora do comum. o jogador deve preencher o
quadrado maior, que está di-
CÂNCER vidido em nove grids, com no-
21.jun a 21.jul ve lacunas cada um, de forma
que todos os espaços em
atritos com amigos e com- branco contenham números
plicações orçamentárias de 1 a 9. os algarismos não
podem se repetir na mesma
com lazer demandam cui- coluna, linha ou grid
dado. Junte-se àqueles com
quem tem afinidades. CruZadaS
HORIZONTAIS
LEÃO 1. armação para proteger móveis e outros objetos, quando
22.jul a 22.ago transportados / uma multinacional da informática 2. difi-
existem conflitos na condu- culdade, empecilho 3. embalagem feita de folha de flandres
ção coletiva da rotina, e vo- / mover-se no ar 4. o dental é próprio para a higiene dos
cê tem de equalizar os inte- dentes / 20 5. não mais em atividade / usado 6. Preencher
um espaço 7. Círculo metálico que envolve a roda da bicicleta
resses. entenda que os de- / a top model mineira beatriz barros 8. Fora do comum,
mais têm vulnerabilidades. estupendo 9. grande recipiente para guardar vinho / (Pop.)
Cheiro ruim de suor 10. Pequena argola / (red.) Cinco vezes
VIRGEM campeão 11. interromper o sono de 12. as iniciais do cantor
23.ago a 22.set e compositor montenegro / Contagem 13. Limpar (o nariz)
as frustrações com o coti- de mucosidades.
diano atrapalham as rela-
VERTICAIS
ções, e você tem de ser raci- 1. um esporte praticado em campos, ao ar livre / Lugar em
onal para conduzir os proble- montes e rochedos em que há muitas cavernas ou grutas 2.
mas sem dramas. associe-se. o antônimo de acima / uma dúvida com duas alternativas
3. opõe-se a aquilo / (do Jordão) um destino turístico de
LIBRA inverno, no interior de SP 4. um pouco de... ricota / menina
23.set a 22.out / a nota musical usada para dar a entoação 5. (mús.) a nota
usada para afinar instrumentos / (Pop.) Trem de ferro / a
aumenta o ritmo no meio moeda do uruguai 6. agência nacional de vigilância Sanitária
social. Seja responsável / Próximo 7. Que, ou aquele que transgride uma lei, um pacto
com o orçamento e conte- 8. Qualquer lacuna entre duas coisas / Líquido açucarado que
nha sua impulsividade. as plantas segregam em várias de suas partes 9. Sugestão
a não ir adiante, não alcançar / arquipélago pertencente à
ESCORPIÃO espanha.
23.out a 21.nov
você tem insatisfações des- 1 2 3 4 5 6 7 8 9
de antes, mas não tem de
1
ser controlado pelas frustra-
ções. Fortaleça-se com isso.
2

SAGITÁRIO
22.nov a 21.dez 3
reações dramáticas são fru-
tos de seu desequilíbrio emo- 4
cional frente aos problemas.
aproxime-se de quem confia. 5

CAPRICÓRNIO 6
22.dez a 20.jan
vá na direção de suas con- 7
quistas, mas não permi-
ta que esse pragmatis- 8
mo atrapalhe as relações.
9
AQUÁRIO
21.jan a 19.fev 10
um esgotamento emocio-
nal traz fragilidade peran- 11
te as demandas. invista em
práticas que promovam a 12
neutralização das tensões.
13
PEIXES
20.fev a 20.mar traventor, 8. Hiato, néctar, 9. Pare, baleares.
Com a confiança em si mes- 4. ota, guria, Pés, 5. Lá, vapor, Peso, 6. anvisa, acerca, 7. Con-
mo e sua saúde abaladas VERTICAIS: 1. golfe, Lapedo, 2. abaixo, dilema, 3. isto, Campos,
por suas instabilidades in- Cecê, 10. elo, Penta, 11. despertar, 12. om, escore, 13. assoar.
ternas, procure se energi-
vinte, 5. ex, gasto, 6. ocupar, 7. aro, ana, 8. admirável, 9. Pipa,
HORIZONTAIS: 1. gaiola, HP, 2. obstância, 3. Lata, voar, 4. Fio,
zar e manejar o estresse. | seg. Jan Limpens, Luiz Gê, Ricardo Coimbra, Angeli, Laerte
C8 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
ilustrada
Ricardo Cammarota
Covarde chique
nós, como idiotas da ética que somos, retiramos a coragem da equação da vida
- si mesmo porque tanto cora-
Luiz Felipe Pondé
escritor e ensaísta, autor de ‘dez mandamentos’ e ‘marketing existencial’. É doutor em filosofia pela uSP
Poucos dias atrás, fui indaga-
do por uma jovem aluna so-
bre como evitar o medo de não
ter emprego no futuro. Os jo-
vens, na sua maioria, estão em
pânico com o mundo do tra-
balho que enfrentarão. Não
confunda seu filho na Euro-
pa brincando de evoluído —
graças à grana que você tem—
com o resto do mundo. Pou-
cos anos atrás, num programa
dom. Drauzio Varella, Fernanda Torres | seg. Luiz Felipe Pondé | ter. João Pereira Coutinho | qua. Marcelo Coelho | qui. Contardo Calligaris | sex. Djamila Ribeiro | sáb. Mario Sergio Conti
Folha faz pré-estreia e debate
de filme sobre tortura da CIA
“ORelatório”,deScottZ.Burns,
é tema de pré-estreia e deba-
te promovidospelaFolhanes-
ta terça (5), às 20h, no Espaço
Itaú do shopping Frei Caneca
(r.FreiCaneca,569,SãoPaulo).
Othriller,comAdamDriver
e Annette Bening, narra a in-
SayeghTV
Está chegando!
06/11 às 20h35
Corrente de
ouro branco
10x R$ 150,00
Leilão de Joias na TV
Assista pelo Canal Terra Viva
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na R. Oscar Freire, 213 - SP
Participe ao vivo:
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11 3062.2999
de rádio com jovens, em que
eles escolheram a pauta, dis-
cutimos por que, afinal, eles
sentem tanto medo.
Iniciei minha resposta à jo-
vem aluna dizendo que temos
medo porque temos muitas ra-
zões para tê-lo. Se uma jovem
tem medo hoje do mercado de
trabalho futuro, ela tem toda
razão em ter medo.
O mercado de trabalho fu-
vestigação sobre métodos de
torturausadospelaCIAapóso
11 de Setembro. As repórteres
daFolhaFernandaMenaePa-
trícia Campos Mello, além de
Laura Greenhalgh, discutem
o filme. Deve-se retirar os in-
gressos,grátis,umahoraantes.
Anel de ouro branco com
topázios azuis
10x R$ 100,00
11 97770.8545
turo se delineia um tanto apa- um pouco de adaptação no
vorante. Para além das men- paradigma darwiniano, sa-
tiras do povo da inovação e bemos que muitos perecerão
seus orgasmos com impres- no processo. A espécie sobre-
soras 3D, ninguém tem a mí- vive, não necessariamente eu.
nima ideia de como evitar a Quem viveu na Europa en-
devastação causada pela re- tre 1939 e 1945, pra ficar num
volução cognitiva em curso: clichê, tinha mais razões pa-
a IA vai devastar o mercado ra ter medo do que nós agora.
de trabalho sim. Claro que Mas, nem por isso, não te-
nos adaptaremos, mas, co- mos nós as nossas razões: de-
mo todo mundo que entende semprego, imaturidade cres-
É HOJE Autor passeia por obras de quatro figuras
MÚSICA
solares do pensamento de língua alemã
Mauricio Pereira
Centro da Terra - r. Piracuama, 19, Livro
Perdizes. Às 20h. ingr.: r$ 20. Tempo de Mágicos
O cantor mostra os resul- *****
tados de buscas por rascu- autor: Wolfram eilenberger.
nhos musicais e relê seu Trad.: Claudia abeling. ed.:
repertório no show “Cli- Todavia. r$ 79,90 (448 págs.)
pes, Grampos, Tônicos”.
-
André Jobim Martins
O motivo de “Tempo de Mági-
cos”, de Wolfram Eilenberger,
é abertamente inspirado no
romance “A Montanha Mági-
ca”,deThomas Mann. Noclás-
sico de Mann, dois pedagogos
eruditos, um liberal-iluminis-
ta, o outro, romântico-reacio-
nário,disputamaadesãoespi-
ritual de um jovem engenhei-
rorecém-formadoqueposter-
ga sua entrada num sanatório
para tuberculosos nos Alpes.
O paralelo se torna ainda
mais claro quando nos lem-
bramos da interpretação de
que Hans Castorp alegoriza-
va, no livro de Mann, a Ale-
manha pré-Primeira Guerra.
Omal-estareraexpresso,na
época, pelo termo “décaden-
Brinco de ce”, frequente na filosofia de
Friedrich Nietzsche, em que
Valores referentes ao lance inicial das peças. Peças aumentadas para melhor visualização.
ouro branco
se encontra talvez o primei-
10x R$ 140,00 ro diagnóstico consequente
da crise da cultura moderna.
Mas o livro de Eilenberger
tem uma diferença impor-
tante com relação ao roman-
ce. O cenário da trama não é
uma montanha isolada, e já
Walter Mercado, o astrólogo
do ‘ligue djá’, morre aos 87 anos
O astrólogo porto-rique-
nho Walter Mercado, que
ficou conhecido no Brasil
pelo bordão “ligue djá”, nos
anos1990,morreuna noite de
sábado (2), em Porto Rico.
Segundo o porta-voz da
família,OmarMatos,Mercado
sofreu de uma “aparente insu-
ficiência renal”. Em outubro,
jáeranoticiadoqueeleenfren-
tava problemas de saúde.
Nesta semana, o apresenta-
cente —até na política, nos
dois espectros ideológicos—,
longevidade e solidão, devas-
tação da privacidade, acele-
ração do narcisismo como
cultura empoderada, chati-
ces em geral como progra-
ma de reflexão sistemática,
enfim, um bode.
Mas há um detalhe interes-
sante no modo de vivermos o
medo nesses tempos contem-
porâneos ridículos.
O sociólogo húngaro-britâ-
nico Frank Furedi, no seu ter-
ceiro livro dedicado ao medo
(não há nada traduzido no
Brasil dele) “How Fear Works:
Culture of Fear in the Twenty-
First Century” (como o medo
funciona, cultura do medo no
século 21), de 2018, identifica,
entre outras grandes sacadas
em termos de comportamento
contemporâneo (sua especia-
lidade sociológica), uma mu-
dança na proposta de como
lidarmos com o medo: antes,
na cultura ocidental, o medo
estava a serviço da coragem
ou da salvação da alma, ago-
ra, o medo está a serviço de
gem quanto salvação da alma
estão fora de moda. A moda
mesmo é ser covarde chique.
O medo se tornou um oce-
ano em si, inundando a vida,
sem qualquer virtude que lhe
seja oposta. A ideia é, ape-
nas, oferecer fórmulas supos-
tamente científicas de como
lidar com ele. O medo perdeu
sua estatura na dinâmica éti-
ca da vida. Virou um lixo afeti-
vo a nos afogar cada vez mais.
Tragamos o grande Aristóte-
les para a conversa.
Na ética de Aristóteles, a
virtude é um comportamen-
não estamos na belle époque,
mas numa Europa conturba-
da que choca, a olhos vistos,
o ovo do nazi-fascismo.
Em 1919, não se podia mais
falar apenas em mal-estar ou
“décadence” —a guerra resul-
tara na ruína moral e mate-
rial do continente. Em meio
aos escombros, porém, surgi-
am novas e empolgantes ma-
nifestações culturais. A déca-
da imediatamente posterior
à guerra presenciou o último
grande jorro de vitalidade
intelectual daquele mundo.
O livro acompanha quatro
figuras solares do pensamen-
to de língua alemã ao longo
do período de 1919 a 1929:
Ludwig Wittgenstein, Wal-
ter Benjamin, Ernst Cassirer
e Martin Heidegger.
A filosofia da linguagem de
Wittgenstein, a crítica cultu-
ral teorizante de Benjamin, a
filosofia das formas simbóli-
cas de Cassirer e a analítica
existencial de Heidegger são
formas de conhecimento di-
ficilmente compatíveis entre
si, mas partem todas da cons-
tatação básica de que o meio
cultural moderno, assim co-
mo toda a tradição ocidental,
oferecealgunsobstáculosséri-
osaumareflexãosignificativa
sobre a experiência humana.
Os quatro se voltam para
a cultura e para a linguagem
dorFernanVélezdissequeoas-
trólogo, nascido em 9 de mar-
ço de 1932, havia sido interna-
doemumhospitaldeSanJuan,
masestavaemsituaçãoestável.
Conhecido pelas roupas ex-
travagantes, Mercado fez su-
cesso no Brasil ao participar
de uma campanha publicitá-
ria na qual oferecia seus ma-
pas astrais. Além da astrolo-
gia, ele também trabalhou co-
mo ator, dançarino e escritor.
a eee
to entre dois vícios opostos,
que deverá se fazer hábito, ou
uma segunda natureza, pela
repetição contínua. Não se
trata do papinho de busca
do equilíbrio comum no bu-
dismo de butique (que não é o
budismo de verdade).
Fiquemos no caso da cora-
gem, uma das maiores virtu-
des para Aristóteles (a mai-
or das virtudes práticas para
ele é a justiça).
A coragem é um comporta-
mento que se constitui num
embate contínuo entre os ví-
cios opostos, temeridade e co-
vardia. O primeiro é a não ava-
liação dos riscos, o segundo é
o derretimento diante dos ris-
cos. A coragem é uma força (a
palavra “aretê” em grego dei-
ta raízes na ideia de força) que
resiste tanto à inconsciência
para com os riscos de uma de-
terminada situação quanto à
paralisação da ação pelo “ex-
cesso” de consciência desses
mesmos riscos.
A virtude vai se construindo
nesse embate, se fortalecen-
do, e ao mesmo tempo, dan-
do sentido ao combate: os ris-
cos são muitos na vida, e, ao
final, sempre perdemos a ba-
talha. Um combate sem virtu-
de é um combate sem sentido.
Nós, como idiotas da ética
que somos, retiramos a cora-
gem da equação e pusemos a
noção de estratégia pragmá-
tica de sucesso no seu lugar.
O resultado é que buscamos
fórmulas e dicas pra enfren-
tar o medo. Não há nenhuma
que preste pelo simples fato de
que temos todas as razões do
mundo para ter medo. Torna-
mo-nos uma espécie apavora-
da e paranoide.
comofimderecomeçarotra-
balho que, iniciado pelos gre-
gos,pareceterperdidoorumo.
Wittgenstein aposta numa
distinção mais apurada en-
tre coisas que somos ou não
capazes de dizer, Benjamin
se volta para os artefatos cul-
turais como portadores de
imagens que nos permitem
vislumbrar uma linguagem
pura que emana de Deus e da
eternidade, Heidegger elabo-
ra todo um novo vocabulá-
rio para livrar a filosofia do
entulho dualista despejado
pela tradição desde Aristó-
teles e Cassirer, o mais bem-
comportado dos quatro, se
lança numa enciclopédica
investigação histórico-an-
tropológica dos fundamen-
tos simbólicos da cultura.
Suas complexas ideias vão
se revelando gradualmente,
em paralelo com o desenro-
lar de suas singulares traje-
tórias. Começando em doses
modestas e pelos elementos
mais simples, as obras mai-
ores dos quatro autores vão,
quase sem queseperceba,ilu-
minando umas às outras, re-
velando um quadro espiritual
mais amplo e altamente esti-
mulante de uma época de cri-
se. Essa, mais do que os qua-
tro gênios e suas obras, é a en-
volvente personagem princi-
pal de “Tempo de Mágicos”.
Divulgação
O astrólogo Walter Mercado
em comercial do ano passado
semináriosfolha
mobilidade e inovação
a eee
Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 1

Herman Tacasey

Quanto perde uma cidade travada

Estudo mostra que custo socioeconômico da ‘imobilidade’ urbana no Brasil cresceu 7% em um ano e se aproxima de meio trilhão de
reais; só o tempo que as pessoas gastam no deslocamento entre casa-trabalho-casa resulta em um prejuízo de mais de R$ 111 bilhões

-
Claudia Rolli
São Paulo O gasto com trans-
porte já pesa mais no bolso
das famíliasbrasileiras doque
asdespesascomalimentação.
Não é só: no Brasil, crescem
também as perdas globais
com falta de planejamento
urbano, ausência de políticas
públicas adequadas e horas
perdidas nos deslocamentos.
O custo socioeconômico da
mobilidadeurbanafoiestima-
do em R$ 483,3 bilhões anuais
no estudo que a ANTP (Asso-
ciação Nacional de Transpor-
tes Públicos) divulgou no ano
passado, partindo de dados
de 2016. Na comparação com
o ano imediatamente anteri-
or, o número representa uma
alta de 7%.
O cálculo considerou as in-
formaçõesde533cidadescom
mais de60milhabitantes,nas
quais vivem 133,5 milhões de
pessoas (65% da população) e
por onde circulam 39 milhões
de veículos.
Entram na conta os gastos
individuais de usuários de
transporte ou de emprega-
dores (quando há uso de va-
le-transporte), os recursos do
poder público para manter o
sistema em funcionamento e
os impactos sociais da movi-
mentação das pessoas.
Noaspectosocial,sãoconsi-
derados os pesos da emissão
de poluentes, de acidentes de
trânsito e da poluição sonora.
Reflexo da aposta histórica
do Brasil no modelo de trans-
porteindividual,apesquisare-
vela que menos de um terço
de todas as viagens é feito de
carro ou de moto, mas corres-
ponde a 82% do total de gas-
tosdas pessoas. Amaioria dos
brasileiros se desloca a pé ou
debicicleta,e28%usamtrans-
porte coletivo.
Além de custar mais e be-
neficiar uma parcela menor
da população, o transporte
individual “consome quase o
dobro de energia e polui du-
as vezes mais”, diz Luiz Carlos
Mantovani Néspoli, superin-
tendente da ANTP. A compa-
ração considera a emissão di-
áriadepoluentesdequemusa
ocarroequemusaotranspor-
te público.
Prejuízo econômico e soci-
al se multiplicam pelo tempo
que os brasileiros jogam fora
nosdeslocamentosentreaca-
sa e o trabalho.
Sabe-se que as cidades bra-
sileiras cresceram em velo-
cidade superior à capacida-
de de planejamento urbano
e à oferta de transporte, co-
mo repetem os especialistas.
O estudo da ANTP mostra
que, embora existam mais de
mil quilômetros de corredo-
res de transporte público em
55 cidades brasileiras, somen-
te 20% da população de nove
regiões metropolitanas mo-
ra perto de uma estação que
dá acesso a essas vias. Os in-
dicadores são do ITPD Bra-
sil (Instituto de Políticas de
Transporte e Desenvolvimen-
to), que monitora a mobilida-
de no país.
Em 37 regiões metropolita-
nasde20 estados enoDistrito
Federal, 17,6 milhões de pes-
soas levaram, em média, 114
minutos para fazer o trajeto
casa-trabalho-casa. No Rio e
em São Paulo, o tempo gasto
foi o maior: 141 e 132 minutos,
respectivamente.
O tempo de deslocamento
dos trabalhadores causa pre-
juízos de R$ 111 bilhões por
ano, segundo dados da Fir-
jan, a federação das indústri-
as do Rio de Janeiro.
“Esse tempo perdido afeta
não só a produtividade das
empresas, mas a saúde do tra-
balhador. E poderia ser usa-
do em qualificação profissi-
onal ou lazer”, diz Luiz Césio
Caetano, presidente da Firjan
Leste e Fluminense. Os dados
foram divulgados em 2015, a
partirdeinformaçõesde2012.
“Mas essa realidade não mu-
dou. A lógica é a mesma”, afir-
ma o empresário.
Continua na pág. 2

futuro debate
# Três em cada dez moradores de São Paulo já # Periferias são excluídas dos avanços
admitem abrir mão do carro para viver melhor p. 4 da mobilidade por falta de informações p. 11
2 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 a eee

semináriosfolha mobilidade e inovação

O custo econômico e social da mobilidade no Brasil

No bolso das famílias O tempo do deslocamento nas principais áreas
urbanas do Brasil
Transporte já pesa mais que alimentação no orçamento
Em minutos, deslocamento casa-trabalho-casa*
dos brasileiros

Participação na despesa de consumo das famílias, em % 1h 2h

rio de Janeiro (rJ) 141
25
São Paulo (SP) 132

20,8 Salvador (ba) 128

19,8
20 Transporte 18,1
belo Horizonte (mg) 125
19,6
18,4
Alimentação 17,5 recife (Pe) 122

15 Curitiba (Pr) 122

2002- 2008- 2017-
2003 2009 2018 goiânia (go) 120

manaus (am) 120

grande vitória (eS) 119

Por região, quanto pesa o transporte no bolso
Em % maceió (aL) 118

grande São Luís (Pi) 118

distrito Federal (dF) 118

16,6% belém (Pa) 117

Norte
baixada Santista (SP) 116

16,2%
Nordeste
R$ 111 bilhões Mais de 17 milhões
é o valor estimado do que deixou de trabalhadores demoraram,
21% de ser produzido na economia em média, 114 minutos para
Centro-oeste devido ao tempo perdido (114 se deslocar no trajeto
minutos, em média) nos casa-trabalho-casa
deslocamentos feitos em 37
17,5% áreas metropolitanas do país,
18,1% Sudeste segundo a federação das
é a média de gastos indústrias do rio de Janeiro
com transporte no país

A mobilidade urbana no mundo

20,6%
Sul
São Paulo é a penúltima em ranking da mobilidade
urbana que avaliou 31 cidades do mundo**

1º berlim alemanha • Amsterdã e Copenhague

2º auckland nova Zelândia abrigam os passageiros
Gastos com transporte no país por área “superciclistas” do mundo
3º moscou rússia
Em % 4º nova York eua • moradores de Tóquio e
5º munique alemanha Manchester são aqueles que
urbana 17,9 6º milão itália mais andam a pé do mundo
Herman Tacasey 7º montreal Canadá • o sudeste asiático lidera
rural 20 8º varsóvia Polônia o uso de aplicativos de
9º Londres reino unido viagem: habitantes de
Quanto custa uma cidade travada 10º Paris França mumbai e Jacarta utilizam,
em média, mais de cinco
30º São Paulo Brasil ferramentas para navegar
Continuação da pág.1 ters e áreas de serviços. O uso Gasto por faixa de renda da familiar 31º nairóbi Quênia dentro e fora da cidade
A imobilidade urbana pesa. gerareceitasqueeconomizam Em R$ por mês
Na Pesquisa de Orçamentos recursos públicos. 39%
Familiares 2017-2018 do IBGE, Em Hong Kong, a MTR alimentação Transporte dos viajantes urbanos dirigem sozinhos para trabalhar
pela primeira vez as despe- (Mass Transit Railway), es-
sas dos brasileiros com trans- pécie de linha de trem ultrar-
porte superaram os gastos rápida, tem cerca de 220 qui- Investimentos feitos em infraestrutura no país
média
com alimentação: deu 18,1% lômetros deextensãoe159es- Em R$ bilhões, por setor, em 2018
658
a 17,5%. Na série histórica, a tações. Atende as regiões ur-
lógica sempre foi outra. Em banas do território e faz 5 mi- 680 Setor público Setor privado
2002-2003, por exemplo, ali- lhões de viagens diárias. Transportes 25,4 17,4
mentação consumiu 20,8% “Existem muitas formas de até r$ 1.908 (2 salários mínimos)
do orçamento, e transporte repensar e explorar as esta- 329 rodoviário 17 6,8
levou 18,4%. ções para que não sejam mau-
A discussão sobre o peso soléus, como muitas são hoje. 140 Ferroviário 0,7 4,7
do transporte para as famíli- Uma máquina de refrigeran-
as passa pelo modelo de sub- te em uma estação de metrô mais de r$ 1.908 a r$ 2.862 (3 mínimos) aeroportos 0,5 1,7
sídios. No Brasil, fica em tor- em Madri, Londres ou Milão 444
no de 35% dos custos totais rende mais de 11 mil euros por Portos 0,5 3,1
do sistema. Nas regiões me- ano só de aluguel do espaço”, 259
tropolitanas da Europa, va- diz o economista. Hidrovias 0,7 0,1
ria entre 40% e 60%. O professor Marcus Quin- mais de r$ 2.862 a r$ 5.724 (6 mínimos)
Para o economista Cláu- tella, coordenador da FGV 632 mobilidade urbana 6,2 1,2
dio Frischtak, presidente da Transportes, tem avaliação
516
Inter.B Consultoria, o desa- semelhante. “O Brasil deve
fio da mobilidade brasileira se preparar, com projetos de
é duplo: investir mais e me- engenharia de longo prazo. mais de r$ 5.724 a r$ 9.540 (10 mínimos) energia elétrica 9 30,8
lhor, com um planejamento Quando a economia voltar a 856
eficiente dos recursos. ficar aquecida, vai ser aquele Telecomunicações 0,2 27,3
1.028
“O Brasil investe em mo- corre-corre para resolver tu- 11,6
Saneamento 2,5
bilidade um quarto do valor do de uma vez, sem planeja-
que deveria investir por du- mento e com um desperdício mais de r$ 9.540 a r$ 14.310 (15 mínimos)
1.115 Total 46,2 78
as décadas para garantir ao enorme de recursos”, afirma.
menos um sistema que fun- Para Rafael H. M. Pereira, 1.490
cione”, afirma o economista. pesquisadordoIpea(Instituto
Os investimentos no setor de Pesquisa Econômica Apli- 40,7% 16,6%
mais de r$ 14.310 a r$ 23.850 (25 mínimos) do total dos r$ 42,85 bilhões do valor total de
de transporte devem somar cada), a eficácia das políticas
1.472 feitos em investimentos na área r$ 7,33 bilhões investidos
R$ 43,85 bilhões neste ano, ou de transporte tem de ser me-
de transporte em 2018 vieram em mobilidade urbana foram
0,62% do PIB. O razoável se- dida pela facilidade com que 2.294
do setor privado, segundo dados realizados pela iniciativa privada
ria investir 2%. E, se o inves- as pessoas de diferentes gru-
da inter. b Consultoria interna-
timento é escasso, a partilha pos sociais e níveis de renda
também não ajuda a destra- conseguem acessar oportu- mais de r$ 23.850 cional de negócios
var as cidades. nidades de emprego, serviços 2.061
No ano passado, do total de de saúde e educação. 4.155 Investimento em transporte
recursos investidos no setor “É preciso pensar em aces-
(R$ 42,85 bilhões), 17% foram sibilidade e políticas inclusi- Em R$ bilhões % do PIB
destinadosparamobilidade.A vas, não apenas em aumentar $ 680
maiorparte(55%)ficoucomo a velocidade nas vias para di- é o gasto mensal médio das famílias com transporte, média de 2001-2017 39,7 0,7
transporte rodoviário. minuir o tempo dos conges- enquanto o com alimentação é R$ 658
Para Frischtak, o transpor- tionamentos”, afirma. 2018 42,9 0,63
tepúblicometropolitanodeve Um projeto piloto do Ipea São 69 milhões de famílias no brasil, com 3 pessoas,
privilegiara integração multi- em 20 cidades começou a me- 2019 (previsão) 43,9 0,62
em média, por família
modal, ser acessível por meio dir, a partir de cada quartei-
de bilhete único e adotar no- rão, o acesso a serviços bási- Fonte: POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) de 2002-2003, 2008-2009, 2017-2018, do IBGE; Carta de Infraestrutura, realizada pela Inter. B Consultoria Internacional de
vos modelos de negócio. cos por bicicleta, ônibus ou a Negócios e Kantar
*Estudo elaborado pela Firjan, a partir de dados da PNAD/IBGE e Ministério do Trabalho e Emprego em 2012
Um exemplo são as esta- pé. O objetivo é subsidiar po- **Considera viagens econômicas e facilidade de acesso à variedade de infraestrutura de transporte público e serviços de compartilhamento de viagens; estudo da consultoria
ções de Hong Kong, que fun- líticas de transporte para di- Kantar realizado a partir de 20 mil entrevistas com usuários de diferentes meios de transporte e viajantes frequentes em 31 cidades do mundo, além de entrevistas com 53 dos
cionam como shoppings cen- minuir a desigualdade social. principais especialistas em mobilidade
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 3

A P R E S E N TA

COMO A TECNOLOGIA AJUDA NOS DESLOCAMENTOS NA CIDADE

QUICKO
Startup que lançou aplicativo que
mostra ao usuário a melhor forma
de se deslocar em determinado
momento, cruzando informações
sobre ônibus, metrô, trem, carros
por aplicativos, bicicletas, entre
outros, criando rotas mais rápidas,
econômicas e convenientes
DETECÇÃO POR INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL MONITOR DE INTERVALO
PRÓXIMO TREM
Na CCR Metrô Bahia, algoritmos desenvolvidos PARA O PRÓXIMO TREM
para analisar informações captadas pela rede Monitores exibem cronômetro que
de fibra ótica instalada ao longo dos trilhos do faz a contagem regressiva com o
metrô são capazes de identificar incidentes, tempo estimado para a chegada
como objetos caídos na via do próximo trem

Estação
ão TRENS DRIVERLESS
Trens com sistema
automático operados
sem condutor, permitem
intervalos menores entre
composições e um
carregamento maior
de passageiros

PORTAS DE PLATAFORMA ESPAÇO NO TREM

Além de aumentar a segurança dos passageiros, Monitores nas plataformas
isolando os trilhos da plataforma, ajudam a indicam aos passageiros, em
organizar o embarque ao indicar precisamente a tempo real, quais os carros mais
localização das portas dos trens vazios no próximo trem

Alta tecnologia a favor da mobilidade

Empresas usam análise de dados e inteligência artificial para que passageiro tenha viagem mais rápida, segura e confortável

A
busca por uma melhor
mobilidade nos grandes
centros urbanos conta
cada vez mais com uma alia-
da quase invisível, a tecnologia.
Utilização de aplicativos, análise
inteligente de dados com o cru-
zamento de informações sobre
diferentes modais disponíveis
e inteligência artificial em co-
nexões com fibra ótica ajudam a
otimizar o uso da infraestrutura
com ganho para os passageiros,
que conseguem se deslocar com
mais rapidez e menor custo.
Empresasdo Grupo CCRsãoum
bom exemplo do uso inteligente da
tecnologia. Seja no recém-lançado
aplicativo desenvolvido pela star-
tup de mobilidade Quicko (leiatex-
to abaixo) seja nas linhas de metrô
operadas em São Paulo e Salvador.
Muito da tecnologia de ponta
é criada pelo braço de desenvol-
vimento de soluções do grupo,
chamado CCR EngelogTec. Foi
onde nasceu o Painel de Lota-
ção do Próximo Trem, já em uso
na Linha 4-Amarela e que estará
também na Linha 5-Lilás, ambas
em São Paulo.
O sistema mede o nível de
ocupação de cada carro do trem
e exibe os dados em monitores
espalhados pelas estações, an-
tes que a composição chegue à
plataforma.
Isso permite que os usuários
sigam para as portas que darão
acesso às partes mais vazias, au-
mentando o conforto da viagem.
Painel em estação da Linha 4-Amarela (SP) mostra nível de ocupação de cada carro e o tempo para o próximo trem chegar
Também na Linha 4-Amarela
os monitores exibem a contagem
regressiva que avisa aos passa-
geiros o tempo para a chegada do
próximo trem. Outros diferenciais
da Linha 4-Amarela são o siste-
ma driveless (que prescinde de
condutor e permite a supervisão
permanente da velocidade e me-
nor intervalo entre os trens) e a
existência de portas que impedem
o acesso aos trilhos.
As portas só abrem quando o
trem já parou, o que, além de au-
mentar a segurança dos passagei-
ros, ajuda a organizar o embarque
ao mostrar precisamente a loca-
lização das entradas dos carros.
Informações em tempo real
atendemàexpectativadosusuários,
diz Francisco Pierrini, presidente
das concessionárias ViaQuatro e
ViaMobilidade, que operam as li-
nhas 4 e 5, respectivamente.
A ViaQuatro já investiu mais de
US$ 450 milhões –por exemplo, na
compra dos trens e de sistemas
operacionais que estão entre os
mais modernos da malha metro-
ferroviária brasileira, diz Pierrini.
O valor também inclui melho-
rias no sistema de telecomuni-
cação, no Centro de Controle
Operacional (CCO) e nas con-
dições de acessibilidade para os
2,8 milhões de pessoas com ne-
cessidades especiais que vivem
na cidade de São Paulo.
As empresas estudam continu-
amente como melhorar a integra-
ção com outros modais e o acesso
físico às estações.
Exemplo disso, afirma Pierrini,
foi a conclusão, no mês passado,
de uma série de ações de reade-
Emiliano Capozoli/Estúdio Folha
A CCR Metrô Bahia segue o
mesmo caminho de investir em
tecnologia. No mês passado, im-
plantou um sistema baseado em
inteligência artificial para ana-
lisar informações captadas por
meio de sensores instalados ao
longo da via dos trens, que iden-
tificam as condições normais de
operação do metrô e detectam
eventos que fogem ao padrão.
Importante para aumentar a
segurança e a confiabilidade do
serviço, o sistema deve ser im-
plantado em outras linhas ope-
radas pela CCR.
André Costa, diretor da CCR
EngelogTec, revela que está em
estudo outro uso da inteligên-
cia artificial no metrô. Desta
vez na manutenção preventiva
de trens e vias permanentes. A
ideia é fazer o monitoramento,
acompanhamento e inspeção
das condições de funcionamen-
to dos equipamentos.
quação na estação Capão Redon- A importância da otimização
do, feitas pela ViaMobilidade. Elas permitida pela tecnologia fica
não estavam previstas no contrato clara quando se sabe que o Gru-
de concessão, mas a empresa per- po CCR vai ser responsável por
cebeu que atenderiam ao expres- quase um terço das viagens do
sivo aumento de demanda. transporte metroviário na cida-
Para facilitar o acesso à es- de de São Paulo quando come-
tação, por onde passam 100 mil çar a operar a Linha 15-Prata.
pessoas por dia, foi ampliada a À espera da assinatura do
linha de bloqueios, criado acesso contrato com o governo do
exclusivo para o terminal de ôni- Estado de São Paulo, o Grupo
bus, instalada rampa de acessibi- CCR já prevê investimentos da
lidade à estação e reposicionadas ordem de R$ 4 bilhões em ope-
as máquinas de autoatendimento ração, manutenção e conserva-
de recarga de bilhetes. ção da linha.

C
om a multiplicação de çado aplicativo da Quicko para trô, trem, bicicletas, táxi ou carros da rede de transporte leva os ligados à mobilidade, como a

App de meios de se locomo-

ver nas cidades (ônibus,
iOS e Android. Ele permite aos
usuários do sistema de transporte
chamados por aplicativos. O Qui-
cko calcula tudo nahora, tornando
usuários a precisarem de ajuda.
“O Quicko é o aplicativo mais ca-
SPTrans.
O Quicko permite saber a lo-

ajuda a
trem, metrô, bicicletas, carros urbano otimizar a utilização da mais inteligente cada viagem. paz de oferecer solução de mo- calização exata das estações de
por aplicativo…), fica evidente infraestrutura disponível. “Nosso foco é olhar a mobilida- bilidade urbana e comodidade.” bikes compartilhadas e a quan-
a necessidade de serviços que Graças à integração inteligen- de integrada, ajudando a montar Isso porque, Somma explica, tidade disponível em cada uma,

encontrar permitam aos usuários tirarem

o maior proveito da intermoda-
te de informações dos diversos
modais disponíveis para cada
a melhor rota e o melhor meio de
se chegar ao destino”, diz Pedro
é feito o monitoramento de to-
dos os sistemas de transporte
onde estão os pontos de ônibus,
quais linhas param ali, a posição

o melhor lidade. O que importa é sair de

um ponto e chegar onde se quer,
deslocamento, o App da Quicko
permite saber qual é a forma mais
Somma, diretor de relações insti-
tucionais da Quicko.
disponíveis, graças a acordos da
Quicko com outros aplicativos e
aproximada dos veículos no ma-
pa e os horários de chegada de

caminho
da forma preferida, seja a mais rápida ou mais barata de ir de Há, segundo Somma, muitas startups de mobilidade urbana, cada um em tempo real. Além
rápida ou a mais barata. um local a outro. São múltiplas opções para o deslocamento, e e das informações fornecidas disso, emite alertas sobre os
É a proposta do recém-lan- combinações entre ônibus, me- esse aumento da complexidade por empresas e órgãos públicos acontecimentos no trajeto.

Ateliê de produção de conteúdo para estratégia de marcas e mercado publicitário em todas as plataformas | ESTUDIO.FOLHA.COM.BR
4 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 a eee

semináriosfolha mobilidade e inovação

Futuro desejado é multimodal, velocidade podem ter senso-

res para monitorar a situação
dos veículos em circulação”,
diz a executiva da federação
Ranking mundial de
mobilidade urbana*
Posição Pontuação

compartilhado e sustentável
Para economizar ou mudar de vida, 30% dos paulistanos topam largar carro
São Paulo Especialistas de to-
de de São Paulo ocupa a 30ª
das indústrias paulistas. 1 berlim 90.7
Para Elias de Souza, diretor
de infraestrutura e setor pú- 2 auckland 90.0
blico da consultoria Deloitte, 3 moscou 84.1
ascidadespoderiamsetornar
mais “inteligentes” e econo- 4 nova York 82.9
mizar deslocamentos facili-
tando o acesso da população 5 munique 79.5
a informações essenciais so-
mobilidade tem um papel”, ículos); 230 mil têm 30 anos bre seus serviços de saúde, 6 milão 79.0

das aspartesdo mundo proje-
tam um futuro em que a mo-
bilidade urbana será compar-
tilhada, conectada, inclusiva,
multimodal,mastambémsus-
tentável e eficiente. E alguns
consumidores brasileiros já
pensam em dar sua contri-
buição pessoal para chegar lá.
Em uma pesquisa realizada
pela empresa Ipsos, 3 em ca-
da 10 entrevistados paulista-
nos responderam que aceita-
riam abrir mão do carro para
posição geral em um ranking
de mobilidade urbana feito
pela consultoria Kantar. A lí-
der é Berlim.
Nessa pesquisa, que ouviu
mais de 20 mil pessoas em 31
metrópoles do mundo, a ca-
pital paulista já ocupa a 8ª po-
sição em utilização de aplica-
tivos de viagem: são quatro
por pessoa, em média, para
transitar dentro e fora da ci-
dade. Nesse recorte, em pri-
meiro lugar estão os morado-
diz Isabelle.
Além de ouvir usuários de
diferentes meios de transpor-
te e viajantes frequentes na-
quelas 31 cidades, a consul-
toria fez entrevistas detalha-
das com 53 dos principais es-
pecialistas em mobilidade do
mundo. Vem deles a visão da
mobilidade conectada, inclu-
siva e eficiente.
“Municípios e governo são
responsáveis pelo planeja-
mento urbano, investimen-
ou mais.
A ideia é criar um plano de
financiamento para que os
veículos velhos saiam de cir-
culação e sejam substituídos
por mais novos. Os antigosse-
riam destruídos, e seus com-
ponentes, reciclados.
Para sair do papel, o pro-
grama começa a ser discutido
também com representantes
dos caminhoneiros.
“Existe um estímulo para
que o dono fique com cami-
consumo de energia, despe- 7 montreal 78.5
sas em compras e locomoção.
Souza avalia que 40% das 8 varsóvia 78.4
cidades do Brasil serão mais
inteligentes até 2030, com o 9 Londres 75.1
avanço de tecnologias como 10 Paris 74.7
IoT (internet das coisas). “No
que depender do setor priva- 30 São Paulo 29.7
do, a mudança será rápida.
Em relação ao setor público,
será preciso aguardar por um Ranking de cidades com
amadurecimento.” usuários mais conscientes**
No âmbito do governo fede-
ral, desde 2012 existe o Plano 1 Tóquio 84.7

usar outro meio de transpor-
te. Estão longe de ser maioria
(70% dos entrevistados recu-
saram a proposta), mas o le-
vantamento mostra uma ten-
dência importante.
Entre os que poderiam dei-
res de Mumbai (Índia) e Jacar-
ta (Indonésia), que na média
usam mais de cinco aplicati-
vos para navegar dentro e fo-
ra da cidade.
Na pesquisa da Kantar, São
Paulo também aparece em
tos e decisões sobre regula-
mentos. Mas os atores priva-
dostambém têm decontribu-
ir fortemente, trazendo solu-
ções e ofertas que terão im-
pacto na vida e no compor-
tamento dos cidadãos”, afir-
nhãovelhonoBrasil,porqueo Municipal de Mobilidade Ur-
2 Pequim 78.6
IPVAdoantigoémuitomenor bana, para cidades com mais
que o dos novos. E não exis- de 20 mil habitantes. Até se- 3 Singapura 73.3
te inspeção veicular”, diz Lu- tembro, 834 municípios já ha-
iz Carlos Moraes, presidente viam informado que o docu- 4 nairóbi 72.3
da Anfavea. mento estava pronto ou em
Para Anícia Pio, gerente da elaboração. Do total, 43% têm 5 Londres 69.6

xar o carro de lado, 21% citam
a economia como motiva-
ção principal. Mas outros 21%
mencionam o fato de que es-
tão mudando o estilo de vida,
oitavo lugar no ranking de
cidades com “usuários mais
conscientes”, que avalia quan-
tos usam meios de transpor-
te com taxas baixas de emis-
ma a executiva.
Um exemplo é o programa
derenovaçãodafrotadecami-
nhões que está sendo discuti-
do pelo governo federal com
área de meio ambiente e sus- mais de 250 mil habitantes e 6 Copenhague 68.5
tentabilidade da Fiesp, o uso 79% estão localizados nas re-
de sensores inteligentes e re- giões Sul e Sudeste. 7 Seul 68.1
motos, que já existem na Eu- O Ministério do Desenvol-
ropa e nos Estados Unidos, é vimento Regional tem o pro- 8 São Paulo 66.4

fazendo deslocamentos cur-
tos ou interessados na pra-
ticidade de outros meios de
transporte.
A pesquisa foi feita com
1.500entrevistadosentreabril
e maio deste ano.
São mudanças que come-
çam a chamar a atenção em
outroslevantamentos.Acida-
são de dióxido de carbono. A
primeira colocada é Tóquio.
ParaIsabelleRio-Lopes,exe-
cutiva da consultoria Kantar,
o estudo mostra como são va-
riados os desafios e as histó-
rias de cada cidade.
“É importante pensar na
mobilidade como um ecos-
sistema: cada participante da
a Anfavea (Associação Nacio-
nal dos Fabricantes de Veícu-
los Automotores). Ela contri-
buiria para diminuir a polui-
ção do ar e melhorar as con-
dições de mobilidade urbana.
Hoje, 23% dos mais de 2 mi-
lhões de caminhões que cir-
culam no Brasil têm 25 anos
ou mais (cerca de 460 mil ve-
uma saída que pode ser ado-
tadanocurtoprazoparaiden-
tificar veículos poluidores.
“Usar a tecnologia que já
existeéumaformadeaumen-
taraeficiênciadagestão,reto-
mar a inspeção veicular e cui-
dardasaúdedapopulação.Os
mesmos radares usados para
aplicar multas por excesso de
grama Avançar Cidades, que
financia ações de mobilida-
de para melhorar o sistema
viário e de transporte públi-
co urbano não motorizado. O
programa trabalha com 1.948
propostasde1.370cidadesem
26 estados, com mais de R$ 11
bilhões em financiamentos.
Claudia Rolli
9 amsterdã 65.2
10 moscou 64.6
* Levantamento realizado com mais de
20 mil pessoas em 31 metrópoles do
mundo
** Avalia quantos dos entrevistados usam
meios de transporte com taxas baixas de
emissão de dióxido de carbono
Fonte: consultoria Kantar

Herman Tacasey

Pagamento digital de ônibus em São Paulo serve para poucos

-
Carolina Moraes
São Paulo Doze linhas de ôni-
bus da cidade de São Paulo
passaram a aceitar pagamen-
to por aproximação de car-
tões,celularesesmartwatches
no mês passado, em um pro-
jeto-piloto que terá duração
de três meses —ou até atin-
gir 500 mil usuários.
O método é um alívio para
quem está de passagem pe-
la cidade, ou para quem não
usa o sistema público com
frequência. Hoje, para conse-
guir um bilhete único, é pre-
ciso fazer um cadastro pelo
site, com foto, e retirar o car-
tão em um dos 30 postos de
atendimento da cidade —27
deles são 24 horas.
Atecnologianãoénovidade
no mundo nem no país. A pri-
meiracidadeaimplementaro
sistema foi Londres, em 2012.
Jundiaí, no interior do estado
de São Paulo, foi pioneira na
América Latina. Desde 2017,
toda a frota da cidade, que
atende mais de 100 mil usuá-
rios, opera com a tecnologia.
“Isso faz com que o trans-
porte coletivo não exija um
crédito restrito dentro de um
cartão que só tem essa utiliza-
ção”, diz Guillermo Petzhold,
especialista de mobilidade ur-
bana do instituto de pesquisa
WRI Brasil.
Para ele, um dos pontos
maisrelevantesdaimplemen-
tação do método é a possibi-
lidade de integração com ou-
tros modais. Em países como
aFinlândia,exemplifica,atec-
nologia integra metrôs e ôni-
bus com serviços como pati-
neteebicicleta.Nessesistema,
o passageiro não precisa rea-
lizar múltiplos pagamentos.
ClaudioMarte,professordo
departamento de engenharia
de transporte da Escola Poli-
técnica da Universidade de
São Paulo, afirma que o car-
tãovemsendoutilizadocomo
uma mídia integradora de pa-
gamentos. “Desde que surgi-
ram novos modais de trans-
porte, começou a necessida-
de de pagar de maneira mais
rápida”, afirma.
Para Pedro Somma, diretor
de relações institucionais da
Quicko, startup brasileira de
mobilidade, a inovação é uma
forma de atrair novos usuári-
os ao sistema público.
Mas não é o caso desse mé-
todo de pagamento, de acor-
do com Luiz Renato Muno de
Mattos,diretor-executivoeco-
fundador da OnBoard Mobili-
ty, startup que desenvolve so-
luções para recarga online de
cartõesdetransportecoletivo.
“OBrasil ainda éumpaís em
que poucas pessoas têm aces-
so a cartões”, diz. “Além disso,
não é todo cartão bancário
queécompatívelcomatecno-
logia”. Para funcionar, os car-
tões, de crédito ou de débito,
devem apresentar um símbo-
lo semelhante ao do wi-fi. As
bandeiras Mastercard e Visa
já são aceitas e a bandeira Elo
está em processo de inclusão.
Em Londres, exemplifica
Mattos, mesmo com a adoção
dessa tecnologia, o cartão de
transporte ainda é muito re-
levante porque os benefícios
são maiores.
É o caso do desconto nas
passagens em integrações en-
tre ônibus e metrô ou entre
ônibus, possível com o bilhe-
te único em São Paulo, mas
ainda fora dos testes do no-
vo método.
Segundo a SPTrans, a es-
colha das linhas foi feita pa-
ra atender um grande núme-
ro de passageiros. Juntas, elas
concentram 2,9 milhões de
usuários por mês.
As ações para implantar o
novo sistema de pagamen-
to de forma definitiva serão
traçadas apenas depois da fa-
se de testes. Não há previsão
das próximas etapas.
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 5

SÓ PARAMOS MESMO 11 VEZES

TOP OF MIND
17 VEZES
TOP OF MIND

PARA TE AGRADECER. MASCULINO CATEGORIA

PNEUS

No trânsito, dê sentido à vida.

Estar na memória dos

brasileiros, poder acompanhar
de perto seus caminhos e ser
seu companheiro de histórias.
É o nosso sentido.

Pirelli é eleita a marca mais lembrada entre os homens

pela 11ª vez consecutiva e pela 17 ª vez a marca de
pneus mais lembrada pelos brasileiros.
6 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
semináriosfolha mobilidade e inovação
Empresas aceleram infraestrutura
para veículos elétricos no Brasil
rodovias de SP devem receber até o final de 2020 rede com 30 postos de recarga rápida
-
Graciliano Toni
São Paulo O que vem antes,
o carro elétrico ou a infraes-
trutura para abastecê-los? No
Brasil, aparentemente, a rede
de recarga vai chegar antes.
No dia 22 de outubro, a em-
presadosetorenergéticoEDP
anunciou, em conjunto com
Volkswagen, Audi, Porsche,
ABB, Electric Mobility Brasil e
Siemens, um investimento de
R$ 32,9 milhões na instalação
de uma rede de recarga rápi-
da com 30 postos espalhados
ao longo de rodovias do esta-
do de São Paulo —o primeiro
desses postos deverá ser en-
tregue ainda este ano.
Quando a rede estiver im-
plantada, até o final de 2020,
vai se juntar a 34 pontos de
abastecimento já existentes
no Rio de Janeiro, no Espírito
Santo e no Paraná, permitin-
do assim que veículos elétri-
cos percorram até 2.500 qui-
lômetros sem risco de não ter
onde abastecer.
A rede planejada pela EDP
faz parte de um pacote de in-
vestimentos aprovado em se-
tembro pela Agência Nacio-
nal de Energia Elétrica (Ane-
el), que é responsável pela re-
gulamentação do setor.
São 30 propostas, em um
projeto chamado Desenvolvi-
mento de Soluções em Mobi-
lidade Elétrica Eficiente, que
prevê a injeção de R$ 463,8
milhões. Desse valor, R$ 72,2
milhões serão aportados por
empresas do setor de energia
e R$ 391,6 milhões serão pro-
venientes do Programa de
Pesquisa e Desenvolvimento
gerido pela Aneel.
Hoje, 80% dos veículos elé-
tricos que rodam no país são
recarregados em casa ou no
escritório, explica Nuno Mi-
guel Pinto, head de Negócios
B2C e Mobilidade Elétrica da
EDP Smart. “Os outros 20%
são fora de casa, por exemplo
emviagens,eesses,aEDPpre-
tende cobrir em parte”, diz.
“Nossa expectativa é que
haja alguma ociosidade no
início, mas que se reduzirá
ao longo do tempo. Veremos
um dia em que haverá filas, e
então, teremos que fazer no-
vos postos. Com milhões de
carros circulando no Brasil
talvez seja uma realidade.” A
expectativa da empresa é que
até 2030 existam 2 milhões de
veículos elétricos no Brasil.
SegundoaAssociaçãoBrasi-
leiradeVeículosElétricos(AB-
VE), foram licenciados 4.172
carros e veículos comerciais
leves de janeiro a agosto des-
te ano, número já superior ao
total de 2018 (3.970).
Desde 2012, foram emplaca-
dos 14,8 mil elétricos. A asso-
ciação estima um crescimen-
to da frota de ônibus elétricos
e híbridos no Brasil de quase
600% até 2030, passando das
atuais 891 unidades licencia-
das para mais de 6.000, gra-
ças aos programas de troca
da matriz de combustível no
transporte público em vári-
as cidades do país, e especi-
almente em São Paulo.
Até o final da próxima déca-
da, o volume de venda de elé-
tricos ainda será restrito, de
3% a 5% do mercado, calcula
Henry Joseph Jr., diretor téc-
nico da Anfavea (associação
de fabricantes de veículos).
A eletrificação é cara, exi-
ge infraestrutura, e os carros
têm preço acima da média
dos modelos mais vendidos
no Brasil, argumenta. Mes-
mo assim, ele afirma que, até
por uma questão de imagem,
em dois ou três anos pratica-
mente todas as empresas au-
tomobilísticas venderão mo-
deloselétricosnopaís.Ainfra-
estrutura e a vinda dos carros
devem crescer de forma mais
oumenossimultânea,analisa.
Joseph Jr. lembra que a difi-
culdade é maior no caso dos
veículos comerciais. “Cami-
nhões de uso urbano, como
os empregados na coleta de li-
xo, tudo bem, mas nossa ma-
lha para atender a área agrí-
“
A eletrificação é cara,
exige infraestrutura,
e os carros têm
preço acima da
média dos modelos
mais vendidos
no Brasil. Mesmo
assim, até por uma
questão de imagem,
em dois ou três
anos praticamente
todas as empresas
automobilísticas
venderão modelos
elétricos no país
Henry Joseph Jr.
diretor técnico da anfavea
cola teria que ser gigantesca.”
Além disso, frisa o diretor,
transporte na estrada é pro-
blema, por perda de capaci-
dade de carga, devido ao pe-
so das baterias e ao tempo pa-
ra abastecimento.
Marco Marini, diretor supe-
rintendente da ABB Eletrifi-
cação do Brasil, fornecedora
da rede de recarga ultrarrá-
pida da EDP, afirma esperar
que “dobre no próximo ano”
o mercado de carregadores
elétricos, sem citar o total de
equipamentos hoje.
Principal fornecedora de
carregadores rápidos de ele-
tropostos de rodovias, a ABB
tem equipamentos utiliza-
dos por diversas empresas de
energia,comoaCPFL(primei-
ra eletrovia do país, nas rodo-
vias Bandeirantes e Anhan-
guera),aCopel(730kmdeele-
trovia, de Porto de Paranaguá
a Foz do Iguaçu, no Paraná) e
a EDP, em sua rede de recarga
rápida e ultrarrápida.
“A infraestrutura não vem
mais a reboque da venda de
carros elétricos”, diz Renato
Povia, gerente de inovação e
transformação da CPFL Ener-
gia. Ele acredita que não ha-
verá dificuldade de abasteci-
mento para os carros elétri-
cos que estão vindo.
Entreosprojetosaprovados
pela Aneel está um da CPFL,
que pretende desenvolver no-
vo conceito de estação de re-
carga, com painel solar para
geração de energia e bateria
acoplada, o que reduz a exi-
gência extra sobre a rede elé-
trica e pode facilitar a instala-
ção de eletropostos.
Outra proposta aprovada é
a eletrificação de metade da
frota operacional da empresa
a eee
Carros elétricos à venda
no país
Modelo Preço
bmW i3 r$ 237 mil
JaC iev 40 r$ 154 mil
Jaguar i-Pace r$ 437 mil
nissan Leaf r$ 195 mil
em Indaiatuba, para permitir
renault Zoe r$ 150 mil
a comparação entre a opera-
ção de caminhões movidos a Modelos prometidos para 2020
combustível e a dos elétricos. audi e-tron e Porsche Taycan
Mais difícil que saber o nú-
mero de veículos elétricos em Frota atual de veículos
circulação é descobrir o total
elétricos no país
de postos de recarga. Segun-
Cerca de 15 mil
do o aplicativo Plugshare, que
tem seus números usados co-
Previsão para 2030
mo estimativa aproximada
2 milhões
por entidades como a ABVE,
são cerca de 200 espalhados
Eletropostos já
pelo Brasil, com grande con-
implantados
centração em São Paulo. A
200 a 270 (estimativa)
CPFL estima que sejam 270.
Nas áreas urbanas, há locais
Pontos de recarga
que oferecem recarga de gra-
em 2030
ça,comosupermercados ees-
400 mil (principalmente
tacionamentos de shoppings.
recarga doméstica)
A startup Zletric anunciou
a instalação de 50 estações de
recarga em estacionamentos
de Porto Alegre (RS) e Flori- A rede ultrarrápida
da EDP
anópolis (SC), e pretende im-
plantar mais 400 em 2020. A 30 novas estações
empresa também fornece re- de recarga no estado
des de carregadores para re- de São Paulo
sidências e empresas.
Algumas construtoras ins- Distância média
entre postos
talam pontos de recarga nas
150 km
vagas de garagem de novos
prédios. Também é possível
Postos em
fazer o abastecimento de ele-
outros estados
tricidade em casa, mas o pro-
cesso é lento —normalmente 34
leva em torno de oito horas.
Uma alternativa é instalar Cidades ligadas
São Paulo, rio de Janeiro,
carregadores rápidos, que re-
duzem à metade o tempo de vitória, Curitiba e
Florianópolis
abastecimento. Há produtos
a partir de R$ 5.500.
Em cada posto previsto pe- Extensão total do
la EDP para as estradas pau- corredor atendido
listas haverá uma estação ul- 2.500 km
trarrápida (capaz de reabas-
tecer 80% da bateria de um Tempo de carregamento
carro entre 25 e 30 minutos) nos eletropostos
25 a 30 minutos
e uma semirrápida, podendo
abastecer três carros ao mes- (80% da carga)
mo tempo.
Herman Tacasey
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 7
 8 Segunda-Feira, 4 de nOVembrO de 2019
semináriosfolha mobilidade e inovação
Tóquio usa Olimpíada
para testar primeiro
micro-ônibusautônomo
Com capacidade para 20 passageiros, veículo elétrico
da Toyota fará o transporte de atletas na Vila Olímpica
-
Eduardo Sodré
Japão Tóquio se prepara pa-
ra os Jogos Olímpicos de 2020
com novas soluções de mobi-
lidade. Asideiasapresentadas
nos últimos cinco anos come-
çam a ganhar forma, embora
a ousadia tenha dado lugar ao
que é possível.
Por ser patrocinadora do
evento, a Toyota monopoliza
os projetos. A empresa plane-
java utilizar veículos autôno-
mos em larga escala para fa-
zer o transporte de especta-
dores e atletas. No fim, a so-
lução vai se limitar a algo en-
tre 10 e 20 micro-ônibus elé-
tricos chamados E-Palette.
O veículo tem formato de
caixa e comprimento de se-
dã médio. O teto é alto e há ca-
pacidade para 20 passageiros,
com quatro áreas determina-
das para cadeirantes.
Takahiro Muta, responsável
pelo projeto, diz que o E-Pa-
lette só vai circular dentro da
Vila Olímpica a uma velocida-
de de, no máximo, 19 km/h.
As cores e os grafismos dos fa-
róis, que imitam os olhos de
um robô, indicam qual será a
manobra seguinte e emitem
alertas aos pedestres.
Embora restrito, o proje-
to deve ser uma das imagens
mais marcantes da Olimpía-
da. Faz parte de uma estraté-
gia de marketing: a monta-
dora japonesa ambiciona se
tornar uma empresa de mo-
bilidade para acompanhar as
iniciativas de fabricantes eu-
ropeias e americanas.
Ao assumir essa postura, a
sempre conservadora Toyo-
ta confirma que o setor au-
tomotivo já enxerga lucro em
alternativas que substituem
carros de passeio individuais
pormeiosmaisinteligentesde
mobilidade urbana.
A ideia é atender a deman-
das de cidades que, embora
ofereçam várias alternativas,
têmtráfegocongestionadoco-
mo regra. É o caso de Tóquio.
Os viadutos sobrepostos da
capital japonesa são prodígi-
os da engenharia que não re-
solvem os problemas. O trân-
sito é caótico nos horários de
pico, com ruas repletas de tá-
xis, vans vazias e carros com-
pactos. Mesmo um dos me-
lhores sistemas de metrô do
planeta é incapaz de desatar
os nós sobre o asfalto.
Ideias como o E-Palette vi-
sam colocar mais gente den-
tro de veículos que ocupam
o mesmo espaço de um auto-
móvel médio. Por serem au-
tônomos e elétricos, têm a ca-
pacidade de traçar rotas mais
eficientessemaumentarapo-
luição nos grandes centros.
Takahiro afirma que o mi-
cro-ônibus segue em fase de
validação, ainda sem condi-
ção de ser emplacado ou in-
corporado ao serviço públi-
co. Os próximos passos de-
pendem mais de mudanças
na legislação de trânsito do
Toyota E-Palette será usado na Vila Olímpica de Tóquio para o transporte de atletas
que da tecnologia. A Nissan
provou isso durante o teste
de um carro semiautônomo.
O sedã Skyline Hybrid equi-
pado com sensores e coman-
dado via GPS conseguiu ro-
dar por vários quilômetros
sem que o motorista preci-
sasse frear, acelerar ou colo-
car as mãos no volante. A tec-
nologia faz parte de um paco-
te opcional que custa o equi-
valente a R$ 20 mil no Japão.
A precisão do navegador
permite ao carro se manter
dentro dos limites da pista
sem ficar sambando entre as
faixas do asfalto. Também é
possível fazer curvas.
O equipamento da Nissan
só funciona em rodovias e é
preciso queomotorista esteja
em seu posto e sempre aten-
to. Uma câmera monitora os
olhos de quem está ao volan-
te e emite alertas ao detectar
sinaisdesonooudedistração.
Todas essas tecnologias ele-
vam os custos de automóveis
e de veículos usados no trans-
porte público.
ShingekiTerashi,vice-presi-
dente da Toyota, diz que um
Corolla100%elétricoteriapre-
ço 50% maior do que a versão
híbrida, vendida no Brasil por
R$ 125 mil.
A solução para conciliar
trânsito mais fluido com me-
nor custo e menos poluição
urbana passa pela adoção de
microcarros populares, com
baterias pequenas e, por con-
sequência, baixa autonomia.
A aliança Renault Nissan já
ofereceoTwizy,emqueopas-
sageiro vai atrás do condutor.
A opção da Toyota, que es-
treia no Japão no segundo se-
mestrede2020, terádoisluga-
res lado a lado e ar-condicio-
nado, sendo mais semelhan-
te a um automóvel conven-
cional. O modelo deverá ser
testado durante a Olimpíada.
Por ocuparem menos espa-
ço, esses veículos poderiam
dar mais fluidez ao tráfego e
acessar locais estreitos ou de
trânsito restrito, o que ajuda-
ria na locomoção de pessoas
com dificuldades motoras.
Poroutrolado,permitirque
microcarros circulem sobre
calçadas, por exemplo, tende
a restringir a passagem de pe-
destres. Esse é um dos pontos
que não foram abordados nas
apresentações sobre mobili-
dade em Tóquio, que terá nos
JogosOlímpicosaoportunida-
de de avaliar na prática o que
parece ser solução, mas pode
virar problema.
O jornalista viajou a convite da anfavea
Divulgação
Fabricantes de caminhões
conectam frotas e se
preparam para automação
Tóquio Fabricantes de veí-
culos de carga e empresas
de transporte conectam su-
as frotas e se preparam pa-
ra a eletrificação e a auto-
mação. Essas ações, que de-
mandam altos investimen-
tos em indústria e serviços,
começam a transformar o
setor de entregas urbanas.
A divisão de caminhões
do grupo Volkswagen aplica
R$ 4,7 bilhões globalmente
em tecnologias que reduzi-
rão as emissões de poluen-
tes. No Brasil, a montadora
fornecerá 1.600 caminhões
elétricos para a Ambev, que
serão entregues até 2023. A
empresa de bebidas já uti-
liza alguns desses veículos.
Essa solução deve chegar
em breve a vans de diferen-
tes marcas, que mudarão a
forma como mercadorias
são entregues nos grandes
centros urbanos.
Por rodar em silêncio, elas
poderão operar na madru-
gada, a depender de leis mu-
nicipais. Já o diesel deverá se
restringir ao transporte ro-
doviário de longa distância.
Serviços básicos também
podem aproveitar a eletro-
mobilidade para aumentar
a eficiência. Caminhões das
empresas de limpeza urba-
na são um bom exemplo,
pois se beneficiariam da
própria caraterística de uso.
O anda e para durante o
processo de recolhimento
do lixo colabora com a re-
carga das baterias, que re-
cuperam energia cada vez
que os freios são acionados.
Enquanto as novas alter-
nativas ainda fazem parte
do futuro, as empresas ofe-
recem sistemas de gerenci-
amento de frotas para raci-
onalizar o transporte por
meio da conectividade.
O negócio começa a ser lu-
crativo no setor de transpor-
te, com soluções que prome-
tem reduzir custos operaci-
onais e dar agilidade.
O grupo PSA Peugeot Ci-
troën batizou sua solução de
Connect Fleet. A ferramen-
ta online monitora a rotina
de caminhões e vans e cruza
dados para verificar o quan-
to está sendo gasto de com-
bustível e as condições me-
cânicas do veículo.
Pablo Averame, vice-presi-
a eee
Herman Tacasey
dente da área de veículos co-
nectados do grupo PSA, afir-
ma que o sistema é capaz de
diagnosticar a forma como
o motorista acelera, freia e
faz curvas. A partir daí, in-
dica mudanças em prol da
eficiência. Hoje, a ferramen-
ta tem cerca de 300 mil veí-
culos de diferentes marcas
conectados no mundo.
O sistema Rio, apresenta-
do pela Volkswagen Cami-
nhões e Ônibus, também
faz gerenciamento de fro-
tas e envia relatórios de efi-
ciência.
Ricardo Alouche, vice-pre-
sidente de vendas da empre-
sa, afirma que o uso da co-
nectividade levou a uma re-
dução de 28% no consumo
de combustível dos veícu-
los utilizados por uma re-
de de drogarias São Paulo.
De olho no próximo pas-
so, o Connect Fleet oferece
suporte para empresas que
pretendem entrar na onda
dos elétricos. Porém, esse
serviço não é oferecido no
Brasil. “Eletrificação é um
processo muito caro, será
difícil repassar esses cus-
tos aos clientes”, diz Pablo.
As novas tecnologias de
conectividade têm a reali-
dade do Brasil como bar-
reira. Para receber sistemas
de gerenciamento online,
os veículos precisam ter en-
tradas adequadas à instala-
ção dos aparelhos de moni-
toramento. Ou seja, têm de
ser produzidos a partir dos
anos 2000.
De acordo com a Anfavea
(Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Au-
tomotores), cerca de 230 mil
dos 2 milhões de caminhões
em circulação no Brasil fo-
ram fabricados há mais de
30 anos. Para ser plenamen-
te implementada, a conecti-
vidade depende de um pro-
grama de renovação.
A última fronteira será a
dos caminhões autônomos,
que começam atuar em es-
paços controlados, a exem-
plo de áreas de mineração.
As tecnologias já existem,
a fase atual é de adequação
de leis e aprimoramento da
segurança para que, na pró-
xima década, veículos sem
motoristas sejam usados na
entrega de mercadorias. ES
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 9

A P R E S E N TA

SCOOTERS S
ão Paulo é a cidade ideal pa-
ra fazer negócios, para comer
bem, para sair à noite ...e para
pegar trânsito. Não à toa, a pesquisa
“Origem e Destino 2017”, conduzida
da Honda, são boas referências para o
modal. Leves, ágeis, compactas e eco-
nômicas,parecemtersidodesenhadas
para uma cidade como São Paulo.
“Comprei a Elite recentemente e
opera com Smart Key, que permite li-
gá-la sem tirar a chave do bolso.
Porseremveículos de transmissão
automática, a Elite e a PCX são fáceis
de pilotar, sendo acessíveis tanto para

ACESSÍVEIS
pelo Metrô e publicada no ano passa-
do, demonstrou que o uso de veículos
motorizadossobreduasrodascresceu
expressivamente na cidade: 48% de
achei excepcional para o transporte pessoas experientes como para ini-
urbano. Eu avalio que é um bom cus- ciantes. E também são seguras.A Elite
to-benefício”, afirma Daniel Spat, 50. opera com um sistema de frenagem
Como comerciante, Daniel tem CBS, que aciona os freios traseiros e

são alternativas
aumento entre 2007 e 2017. que fazer entregas pela cidade e, com dianteiros em conjunto, evitando o
É uma alternativa funcional ao a scooter, ganhatempo ao selocomo- risco de derrapagens. O modelo PCX
trânsito da cidade, já que muita ver. “O atendimento também me sur- usa o sistemaABS, ainda mais eficien-

aos carros e ao
gente fica mais de duas horas no
percurso casa-trabalho-casa todos
os dias. O Estúdio Folha comparou
o tempo para fazer um trajeto entre
preendeu muito. Eu pedi a scooter na te em caso de frenagem brusca.
segunda e ela chegou na quarta-feira. São práticas e confortáveis, pois
Foi muito rápido”, conta. têm tamanho suficiente para levar
Considerado uma porta de en- dois passageiros e ainda assim são

transporte público o Estádio do Morumbi e a avenida

Paulista numa quarta-feira à tarde.
O mais rápido (19 minutos) e mais
barato (menos de R$ 1,00, levando-
-se em conta apenas o combustível)
foi o realizado com uma scooter.
Além da rapidez, comodidade e
Modelos como PCX e Elite, da economia, a tecnologia embutida
nesses veículos está mais aprimo-
Honda, são boas opções para rada, de modo que hoje já é possível
trafegar com mais segurança.
quem quer driblar o trânsito OsmodelosdescootersPCXeElite,
trada para quem quer começar a
andar de scooter, o modelo Honda
Elite tem iluminação LED, freios
CBS, design inovador e transmissão
automática do tipo CVT a R$ 8.500.
E se a Elite é referência em acessi-
bilidade e custo-benefício,aPCXé um
exemplo de como a tecnologia desse
meio detransporte avançou. Com sis-
temaIdlingStop,omotordesligaquan-
doelaestáparada,reduzindoemissões
econsumodecombustível.Alémdisso,
convenientes para estacionar e se
deslocar com agilidade.
A performance e a autonomia de
ambos os modelos são ideais para a
cidade. A Honda PCX percorre em
média 47,5 km por litro de combustí-
vel,a depender da pilotagem. A Elite,
53,8 km por litro. Ou seja, é possível
percorrer 344 km pagando aproxi-
madamente R$ 27. Um bom negócio
para quem quer economizar tanto
tempo quanto dinheiro.

HONDA PCX AUTONOMIA

Referência em Em km/litro de gasolina
tecnologia, o modelo
HONDA ELITE tem sistema Idling 53,8
Stop (desliga quando
Porta de entrada para o ela está parada) e
universo das scooters, opera com Smart Key 47,5
o modelo tem faróis de (permite ligar sem
LED, freios CBS e tirar a chave do bolso)
transmissão CVT

12*

PCX Elite Carro

Popular
é possível percorrer

344km
com a Elite pagando
aproximadamente
R$ 27

*Média, na cidade
AGILIDADE E PRATICIDADE
Além de ser um meio mais rápido, as scooters são leves e têm um
tamanho ideal na hora de estacionar. Compare com um carro popular
VANTAGENS DO FREIO CBS 4m
Os freios traseiro e dianteiro são acionados simultaneamente, e a frenagem é é a média de comprimento de um carro popular
distribuída de modo inteligente. O sistema é considerado mais eficiente e seguro

Comparação entre as distâncias

percorridas após a frenagem Freio a disco
CBS comum

Usando os
dois freios
20,4m 22,9m

Usando o
freio traseiro
28,4m 38,5m
Resultado do teste de frenagem feito pelo Instituto Mauá, mostrando a diferença entre
moto com CBS e as com o STD, que significa sistema standard, ou tradicional 1,931m 1,735m
Honda Elite Honda PCX

TRAJETO MUITO MAIS RÁPIDO E ECONÔMICO

Foram realizados os trajetos entre o Estádio do Morumbi e a avenida Paulista. Todos
iniciaram simultaneamente. Compare a performance em cada meio de transporte

Estádio do Morumbi Paulista GASTOS

total (Em R$)

TRANSPORTE
43 min
PÚBLICO
16:24 7,48
(ônibus Estação Morumbi
+ metrô) 16:05 do Metrô 16:48
total

CARRO DE
37 min
16:24 4,40*
PASSEIO
Av. Nove de Julho,
altura do nº 4.400
16:05 16:42
total
19 min O trajeto de 11,4 km feito com a scooter economiza
SCOOTER 18 minutos se comparado com o carro e 26 minutos 0,89*
se comparado com o transporte público
* só de combustível
16:05 16:24

Ateliê de produção de conteúdo para estratégia de marcas e mercado publicitário em todas as plataformas | ESTUDIO.FOLHA.COM.BR
10 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 a eee

semináriosfolha mobilidade e inovação

“
Quanto menor a
“
Não é verdade que
“
No Brasil de hoje,
renda das pessoas, não existe energia parece que está fora
mais elas estão e que não temos de moda valorizar e
afastadas de pontos infraestrutura defender inovação
de transporte, porém suficiente para a no serviço público.
mais elas precisam do eletrificação [dos Tudo faz pensar que
transporte público. A transportes] no a inovação só cabe
maioria da população Brasil. O grande nos meios privados,
tem dificuldade de desafio do ônibus mas não é verdade. É
fazer outras escolhas elétrico é o preço possível, sim, tornar
por causa do custo das baterias, não o transporte coletivo
Camille Bianchi é a infraestrutura mais competitivo
professora da escola da Cidade e Carlos Roma Edmundo Pinheiro
sócia do escritório readymake diretor de vendas da bYd presidente do conselho de
brasil inovação da nTu

Allan Magalhães (esq.), coordenador-geral de manutenção e restauração rodoviária do Dnit, Joubert Flores, presidente do conselho administrativo da ANPTrilhos, Luís Valença, presidente
da CCR Mobilidade, e Fabrício Lobel, jornalista da Folha, em debate do 3º Seminário Mobilidade e Inovação Reinaldo Canato/Folhapress

Autoridades metropolitanas podem obras são licitadas sem estu-

dos técnicos ou projetos deta-
lhados, comprometendo a vi-
abilidade econômica dos pro-

otimizar projetos de transporte público

regulação supramunicipal e melhor estruturação de projetos foram defendidos por especialistas
-
Eduardo Sombini
São Paulo Uma a uma, gran-
des empreiteiras brasileiras
se viram envolvidas na Ope-
ração Lava Jato a partir de
2014, produzindo um cenário
de paralisia no setor. A crise
econômica dos últimos anos
derrubou o investimento pú-
blico e comprometeu o finan-
ciamento a projetos de mobi-
lidade urbana no país.
Além dessa conjuntura bas-
tante negativa, é difícil avan-
çarnainfraestruturadetrans-
porte por causa deproblemas
persistentes no Brasil, como
falhas na estruturação dos
projetos e a fragmentação po-
lítico-administrativa das regi-
ões metropolitanas.
A criação de autoridades
metropolitanas detransporte
possibilitaria otimizar inves-
timentos e impulsionar pro-
jetos estruturais de mobilida-
de urbana, defenderam espe-
cialistas reunidos no 3º Semi-
nário Mobilidade e Inovação,
realizadopela Folha,naterça-
feira (30), em São Paulo.
Joubert Flores, presidente
do conselho administrativo
da ANPTrilhos (Associação
Nacional dos Transportado-
res de Passageiros sobre Tri-
lhos), lembrou que a mobi-
lidade urbana é um direito
constitucional e argumentou
que, para efetivá-lo, é preciso
planejamento adequado e in-
tegração física e tarifária em
todas as cidades que formam
uma região metropolitana.
Flores, que foi por 12 anos
diretor-executivo do Metrô
do Rio, considera que órgãos
supramunicipais consegui-
riam definir os modais mais
adequados em cada eixo de
transporte —metrô em cor-
redores mais carregados, por
exemplo— e permitiriam o
deslocamento de passageiros
com um bilhete único.
Luís Valença, presidente da
CCR Mobilidade, também se
mostrou favorável à propos-
ta. Em sua avaliação, prefei-
turas resistem a aderir a ór-
gãos desse tipo para não per-
derem poder de decisão nas
políticas de transporte, des-
considerando os benefícios
que seriam criados.
Hoje, cada prefeitura defi-
ne as rotas das linhas de ôni-
bus e a localização dos termi-
nais —e, mais importante, es-
colhe uma ou mais empresas
de ônibus para prestar os ser-
viços no município.
A criação de uma instância
metropolitana vai de encon-
tro a essa lógica, já que tende
a enfraquecer o poder políti-
coeeconômicodeempresári-
os do setor de transporte, que
seriam submetidos a uma au-
toridade unificada.
Valença citou a transferên-
cia da gestão dos transportes
metropolitanos para os go-
vernos estaduais como uma
solução possível. “O governo
do estado tem mais poder, di-
nheiro e organização que os
municípios individualmente.”
Apesar de os municípios
serem os responsáveis pelo
transporte coletivo, confor-
me definido pela Constitui-
ção de 1988, há mecanismos
que permitem que cidades se
associem para implementar
[ políticas conjuntas, como os
consórcios públicos.
Além da atual Para Joubert Flores, consór-
conjuntura cios podem ser o passo inicial
rumo à integração dos trans-
nebulosa, obras portes nas metrópoles. Ele se
de infraestrutura mostroucético,porém,emre-
de transporte lação a modelos de autorida-
des de transportes muito cen-
sofrem com tralizadas, como a que existe
outros problemas em Londres.
O modelo espanhol é mais
persistentes no apropriado para o caso brasi-
Brasil, como falhas leiro, afirmou, já que se baseia
na adesão de cada município
na estruturação por meio de incentivo no pre-
dos projetos e a ço das passagens —morado-
fragmentação res de cidades participantes
podem usar vários modais e
político- têm tarifas menores.
administrativa Projetos de baixa qualida-
de são outro entrave à am-
das regiões pliação de investimentos em
metropolitanas mobilidade no Brasil. Muitas
jetos, argumentou Luís Valen-
ça, que defendeu uma revisão
no marco regulatório atual.
Para Valença, faltam instru-
mentos para obrigar gover-
nos a cumprir suas obriga-
ções em contratos com a ini-
ciativa privada e facilitar a de-
volução de concessões em ca-
so de revés. “Os projetos pre-
cisam ter mecanismos para
se atualizar gradativamente.
Se der errado, tem que reco-
nhecer que deu errado e en-
cerrar o projeto.”
Além de direito, a mobilida-
de urbana é fator de produti-
vidadeeconômicaequalidade
de vida para a população, afir-
mouJoubertFlores.Linhasde
metrô e corredores de ônibus
exigem investimentos eleva-
dos, mas a ausência de siste-
mas de transporte de alta ca-
pacidade gera custos sociais
e ambientais, como a depen-
dência de combustíveis fós-
seis e os prejuízos com aci-
dentes de trânsito.
“Éimportantelevaremcon-
taasdeseconomiasqueafalta
deinfraestruturadetranspor-
te causa e fugir do mito que o
investimento é muito caro. Às
vezesécaronomomento,mas
se analisar todo o ciclo de vi-
da, ocustoporpassageironão
é tão alto”, afirmou.
O evento contou com pa-
trocínio da CCR Mobilidade.
a eee
$
Entenda as instituições
representadas no seminário
DniT
departamento nacional de
infraestrutura de Transpor-
tes, implantado em 2002, é
vinculado ao ministério da
infraestrutura. É uma das
autarquias com maior or-
çamento do país (cerca de
r$ 7 bilhões anuais). de-
sempenha as funções rela-
tivas à construção, manu-
tenção e operação da infra-
estrutura em rodovias, fer-
rovias e hidrovias federais.
É o responsável por estabe-
lecer padrões e normas téc-
nicas para projetos e cons-
truções no setor. É dirigi-
do por um conselho admi-
nistrativo e por cinco dire-
tores nomeados pelo pre-
sidente da república
AnPTRilHoS
associação nacional dos
Transportadores de Passa-
geiros sobre Trilhos, cria-
da em 2010, é a principal re-
presentante das operadoras
metroferroviárias no país,
como o metrô de São Paulo,
a CPTm (Companhia Pau-
lista de Trens metropolita-
nos), o metrô rio e a Super-
via, do rio. defende o de-
senvolvimento do trans-
porte sobre trilhos no país
CCR MobiliDADe
divisão do grupo CCr res-
ponsável pelas concessio-
nárias de mobilidade urba-
na: viaQuatro, operadora da
Linha 4-amarela de metrô
de São Paulo; viamobilida-
de, que opera as Linha 5-Lilás
de metrô e Linha 17-ouro de
São Paulo; além da CCr me-
trô bahia, CCr barcas e vLT
Carioca. o grupo CCr é a mai-
or companhia de concessões
de infraestrutura da améri-
ca Latina com atuação tam-
bém nos segmentos de rodo-
vias, aeroportos e serviços
eSColA DA CiDADe
instituição de ensino
superior em arquitetura e
urbanismo localizado no
centro de São Paulo. É
conhecida pelo currículo
interdisciplinar. oferece um
curso de pós-graduação lato
sensu em mobilidade
“
Teremos mobilidade
para atender à
população se for feito
um planejamento
adequado, com
integração física e
tarifária. Não é a
questão de trilho
contra pneu. A
mobilidade é feita
da integração
desses modais
Joubert Flores
presidente do conselho
administrativo da anPTrilhos
nTU
associação nacional das
empresas de Transpor-
tes urbanos, fundada em
1987, representa opera-
doras de ônibus urbanos
e metropolitanos. atual-
mente, reúne 70 associa-
ções, federações e sindi-
catos regionais afiliados
QUiCko
Criado em 2018, é um apli-
cativo que usa big data pa-
ra calcular trajetos multi-
modais em São Paulo. a
plataforma oferece suges-
tões de caminhos que in-
tegram meios de transpor-
te como metrô, ônibus, bi-
cicleta e aplicativos de car-
ros particulares. recebeu
r$ 10 milhões em investi-
mentos da CCr e do fun-
do de capital privado J2L
bYD bRASil
empresa de origem chinesa,
está no brasil desde 2015. É
a maior fabricante de bateri-
as recarregáveis, sistemas de
armazenamento de energia e
veículos elétricos do mundo
UFAbC
a universidade Federal do
abC, com campi em San-
to andré e São bernardo do
Campo, ocupa o 38º lugar ge-
ral no ranking universitário
da Folha. É a única universi-
dade federal brasileira com
100% de professores douto-
res. os cursos de graduação
da instituição estão agrupa-
dos em duas grandes áreas:
humanidades e tecnologias
SAe-bRASil
a Sociedade dos engenhei-
ros da mobilidade é afilia-
da brasileira da principal as-
sociação norte-america-
na de engenheiros automo-
tivos. nos estados unidos,
foi criada em 1905, e che-
gou ao brasil em 1991, on-
de tem 6.000 associados
— no mundo todo, são 138
mil associados. está presen-
te em sete estados brasilei-
ros e promove mais de 100
eventos temáticos por ano
“
O investimento
inicial em ônibus
elétricos é maior
[do que em ônibus
de combustão],
praticamente o
dobro, mas dado o
interesse público
pela eletrificação,
o governo deveria
apoiá-la por meio de
incentivos fiscais
Paulo Henrique Sant’Ana
professor da uFabC
Falta de dados tira periferia da
rota de avanços em mobilidade
integração de diferentes meios de transporte é limitada em áreas mais pobres
-
Bianka Vieira
São Paulo Às vésperas da dé-
cada de 20, mobilidade ur-
bana e inovação tecnológica
tornaram-se temas indissoci-
áveis. Basta um smartphone
para ter em mãos aplicativos
de toda a sorte, seja para mo-
nitorar a chegada do ônibus,
fugir do trânsito ou usar uma
patinete encontrada no cami-
nho para o trabalho.
A dinâmica dessa realidade,
noentanto,poucoseintegraà
rotina daqueles que habitam
territórios periféricos.
Exemplo disso é a Yellow,
marca do aplicativo de bici-
cletas amarelas que dizia ser
possível alugar e deixar suas
bikes em qualquer canto da
cidade. A proposta teve vi-
da curta: em outubro do ano
passado, dois meses após sua
estreia, a empresa optou por
delimitar a área de atuação,
excluindo bairros da perife-
ria de São Paulo.
Cidade Dutra e Grajaú, no
extremo da zona sul, e Bra-
silândia e Pirituba, na zona
norte, foram apagados no no-
vo mapa.
Quem insiste em extrapo-
lar o limite estabelecido está
sujeito a multa de R$ 30. Por
outro lado, a empresa recom-
pensa quem resgata uma bi-
cicleta que esteja fora da área
decoberturacom5cuponsno
valor de R$ 1 a unidade (cada
real corresponde a 15 minu-
tos de uso do equipamento).
À época, procurada pelaFo-
lha,aempresajustificouamu-
dança afirmando que a con-
centração de bicicletas em re-
giõescommuitademandaera
necessária para um bom fun-
cionamento do serviço.
Naalçadadoscarros,aplica-
tivos de transporte de passa-
geiros impõem uma restrição
virtual ao embarque daque-
les que estão localizados em
áreas consideradas de risco.
Em abril deste ano, a Uber
anunciou testes para marcar
mobilidade e inovação semináriosfolha
“
Projetos de
infraestrutura em
mobilidade nos
grandes centros
devem ser vistos
como da região
metropolitana.
Deveria existir
uma autoridade
metropolitana
[para mobilidade],
mas nenhum
prefeito adere
luís Valença
presidente da CCr mobilidade
presença em regiões perifé-
ricas. Em Heliópolis, favela
localizada na zona sul de São
Pauloeumadasmaioresdaci-
dade, foram disponibilizados
quatro pontos de embarque
nos entornos do complexo.
Na região metropolitana de
São Paulo, apenas uma a ca-
da cinco pessoas tem aces-
so a um ponto de transpor-
te público a menos de 15 mi-
nutos de caminhada de ca-
sa, segundo estudo publica-
do pelo Instituto de Políticas
de Transporte e Desenvolvi-
mento (ITDP) em 2018.
O levantamento ainda mos-
tra que apenas 15% da popu-
lação de baixa renda está co-
berta pela rede de transpor-
tes na região onde mora. Na
faixa de ganhos mais alta, o
índice é de 39%.
“Essas pessoas não têm
acesso a novas tecnologias
ouamuitasinformaçõesesão
asquemaissofremcomodes-
locamento”, afirmou Camille
Bianchi, professora da Esco-
la da Cidade e fundadora do
escritório franco-brasileiro
de arquitetura Readymake.
Bianchi participou do 3º se-
minário Mobilidade e Inova-
ção, promovido pela Folha
na última quarta-feira (30) no
auditório do Unibes Cultural,
em São Paulo. O evento con-
tou com patrocínio da CCR.
Entender o deslocamento
a pé do domicílio dessas pes-
soas até o primeiro ponto de
ônibus, metrô ou trem é fun-
damental para que cada uma
possa fazer a melhor escolha
e tenha acesso pleno à mobi-
lidade, destacou a arquiteta.
“A experiência da viagem é
uma experiência do territó-
rio. Patinete no Jardim Ân-
gela [zona sul de São Paulo],
dada a topografia e a situação
das calçadas, é quase impos-
sível”, disse.
A ausência de informações
sobre bairros e rotas consi-
derados informais é um obs-
táculo para a formulação de
“
Hoje a gente é
capaz de falar
individualmente
com as pessoas,
entender o desejo
delas e, a partir
disso, criar rotas
mais inteligentes. É
possível otimizar e
reduzir a necessidade
de intervenção
na cidade
Pedro Somma
diretor comercial da Quicko
Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
políticas públicas.
Para contornar o proble-
ma, a combinação de dados
do poder público e de iniciati-
vas privadas seria uma possi-
bilidade, afirmou Pedro Som-
ma, diretor comercial da star-
tup de big data e inteligência
em mobilidade Quicko.
“Hoje a gente é capaz de
falar individualmente com
as pessoas, entender o dese-
jo delas e, a partir disso, cri-
ar rotas mais inteligentes. É
possível otimizar consideran-
do ganhos que a própria ma-
lha já oferece e reduzir dras-
ticamente a necessidade de
intervenção na cidade”, disse.
Falta, no entanto, conheci-
mento por parte de organiza-
ções públicas para lidar com
dados de forma eficiente, res-
salvou Somma.
Tornar as redes de trans-
porte coletivo mais flexíveis
com a introdução de um sis-
tema de ônibus por deman-
da, como já acontece em Goi-
ânia, foiaalternativasugerida
por Edmundo Pinheiro, pre-
sidente do conselho de inova-
ção da NTU (Associação Naci-
onal das Empresas de Trans-
portes Urbanos).
Na modalidade, os veícu-
los são solicitados por meio
de um aplicativo que indica
ao usuário o melhor trajeto.
As rotas são mais flexíveis, e
as viagens, feitas em vans ou
micro-ônibus, mais rápidas
queemônibusconvencionais.
“[O serviço] tem atendido
exatamente aquela deman-
da que as rotas fixas não es-
tavam respondendo. É um
custo menor que o do trans-
porte individual por aplicati-
vo e um pouco maior que o do
transporte coletivo, mas com
ganho de tempo e redução de
automóveis nas vias”, disse.
O ônibus por demanda ope-
ra por concessão, o que per-
mite um modelo regulatório
mais desenvolvido que o dos
aplicativos de carros. Segun-
do Pinheiro, o modelo come-
11
“
Temos 12% das
rodovias avaliadas
de ruins a péssimas.
Comparando com
outros anos, vemos
que isso é diretamente
proporcional ao
investimento.
Com o cenário
de recursos mais
restritos, é preciso
otimizar as verbas
Allan Magalhães
coordenador-geral no dnit
çará a ser testado na cidade
de Fortaleza ainda neste ano.
“Tudo faz pensar que a ino-
vação só cabe nos meios pri-
vados, mas não é verdade. É
possível, sim, tornar o trans-
portecoletivomaiscompetiti-
vo”,disseopresidentedaNTU.
Questões de gênero
devem influenciar
planejamento
Aperfeiçoar a mobilidade
urbana exige ainda um olhar
paragruposespecíficos,como
é o caso das mulheres. Entre
2007 e 2017, os deslocamen-
tos feitos por elas no trans-
porte coletivo na região me-
tropolitana de São Paulo tive-
ram um aumento de 10%, de
acordo com a última pesqui-
saOrigemeDestinodoMetrô.
O índice supera as viagens
feitas por homens, reduzidas
em 3% no período de 10 anos.
Apenas no metrô, mulheres
representam 56% dos passa-
geiros transportados.
Em seus trajetos, elas en-
frentam problemas de segu-
rança —ruas mal iluminadas,
assédio e, quando gestantes
e com mobilidade reduzida,
tempo insuficiente para atra-
vessarsemáforos,comoapon-
ta pesquisa organizada pelos
institutos Ethos e Friedrich
Naumann.
O número de registros de
crimes sexuais ocorridos em
metrôs, trens e outros meios
de transporte público em São
Paulo cresceu 265% no perío-
dode2008a2018,segundoda-
dos da Secretaria da Seguran-
ça Pública do estado.
“O assédio e a dificuldade
das mulheres para transpor-
tar seus filhos dificultam mui-
toaexperiênciaenãosãopen-
sadas de forma integrada [ao
planejamento de mobilidade
urbana] para facilitar”, con-
cluiu Camille Bianchi.
“
Tenho uma
preocupação grande
com a formação de
mão de obra. Não tem
problema depender
inicialmente de
importação, mas
com o tempo é
preciso desenvolver
competência local
em ônibus elétricos
Ricardo Takahira
vice-coordenador do comitê de
veículos elétricos da Sae-brasil
12 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
semináriosfolha mobilidade e inovação
Estudo aponta ônus do transporte alternativo
aplicativos de carros particulares causam impacto no trânsito; bicicletas e patinetes elétricas também poluem o ambiente
-
Ricardo Ampudia
São Paulo A popularização do
smartphone acrescentou car-
ros de aplicativo, bicicletas e
patinetes aos meios de loco-
moção tradicionais nas cida-
des. Mas não existe almoço
sem louça suja.
Pesquisas apontam que es-
sas novas formas de desloca-
mento causam impacto signi-
ficativo na própria mobilida-
de e no meio ambiente.
NosEstadosUnidos,cientis-
tas da Universidade do Ken-
tucky em parceria com o de-
Como compartilhar o chão da
metrópole de maneira mais justa
OpiniãO
-
Vinicius Torres Freire
São Paulo A partir do come-
ço do ano que vem, um robô
vai buscar um pedido no res-
taurante e carregar a comida
até uma central de distribui-
ção. De lá, entregadores hu-
manos levarão a encomenda
até os clientes. Aqui no Brasil.
É o plano do iFood.
Novidades tecnológicas e
soluções de mercado para o
transporte de coisas e pes-
soas parecem mais sensacio-
nais do que o debate de polí-
ticas públicas destinadas de
fato a melhorar a circulação
na grande cidade.
Robôs,veículosinteligentes,
aplicativos com cardápios de
opções de viagem, comparti-
lhamento de patinetes ou car-
ros ocupam o centro da dis-
cussão mais pop sobre mo-
bilidade urbana.
Patinetes elétricas são um
sucesso para viagens curtas
emcanteiroscentraisdegran-
desavenidas,aexemplodaFa-
partamento de trânsito de
San Francisco avaliaram co-
mo os aplicativos influenci-
am nos congestionamentos.
Cerca de 15% das viagens de
carro feitas naquela cidade
são via aplicativos.
O tempo de locomoção dos
carros aumentou 62% em ho-
rários de pico, contra 22% em
um cenário simulado sem a
frota digital, segundo o estu-
do, publicado na revista Sci-
ence Advances, da Associa-
ção Americana para o Avanço
da Ciência, entre 2010 e 2016.
O resultado reforça críti-
ria Lima, na zona oeste de São
Paulo. Mas, a 700 metros dali,
o cidadão espera por mais de
um hora antes que seja possí-
velembarcaremumtremme-
nos lotado da linha que mar-
geia o rio Pinheiros.
É claro que ninguém imagi-
na o disparate de dar conta de
umproblema como odotrem
lotado com microveículos in-
dividuais.
Mas a melhoria da mobili-
dade passa pela combinação
dos diversos meios de trans-
porte de modo a atender ra-
zoavelmente as necessidades
sociais e econômicas das pes-
soas. Patinete, bicicleta elétri-
ca, minimotos ou até minicar-
ros elétricos não são “micro-
mobilidade”.
O termo, utilizado com fre-
quênciaporstartupsdetrans-
porte e bastante controverso
na comunidade que estuda o
assunto (por ser conceitual-
mente equivocado), refere-
se em geral a alternativas de
transporte feitas por meio de
veículos que pesam menos de
500 quilos e são equipados
cas de urbanistas segundo as
quaisamobilidadedeveriaco-
locar foco em transporte pú-
blico massivo, não em mais
carros particulares.
“Se nos preocupamos com
número de veículos nas ruas,
congestionamentoseemissão
de gases, o modelo não se sus-
tenta. Não melhora o trânsito
e dá ao poder público a chan-
cedenãoinvestirnotranspor-
tepúblico”,diz Clarisse Cunha
Linke, diretora do ITDP (sigla
em inglês para Instituto para
Políticas de Transporte e De-
senvolvimento).
com motor elétrico.
Mas patinete, bicicleta elé-
trica etc. são apenas equipa-
mentos. Esse é o centro dos
debates sobre o assunto.
Tampouco aplicativos de
transporte são, em si, solu-
ções. Desde 2016, em Helsin-
que (Finlândia), uma empre-
sa, a MaaS Global, oferece um
aplicativo que apresenta um
cardápio de opções para se
ir de um ponto a outro da ci-
[ de cada usuário).
Novidades
tecnológicas e
soluções de mercado
para o transporte
de coisas e pessoas
parecem mais
sensacionais do que
o debate de políticas
públicas destinadas
de fato a melhorar
a circulação
A percepção da população
de que o transporte público
é caro, pouco eficiente e inse-
guro empurra passageiros pa-
ra os carros privados, diz ela.
“Esses modelos incentivam
o desinvestimento em trans-
porte público e podem per-
petuar desigualdades sociais.”
A eletrificação da micromo-
bilidade (patinetes e bicicle-
tas) também pesa na equa-
ção que contrapõe benefíci-
os e ônus. Embora os equipa-
mentos sejam opções a deslo-
camentos curtos em veículos
movidos a combustível fóssil,
dade, combinando meios e
preços à escolha do freguês.
É possível escolher, digamos,
uma combinação de carona,
trem e bicicleta compartilha-
da. É tratar a mobilidade co-
mo serviço (MaaS, “mobility
as a service”), que substitui a
propriedade de veículos.
Para que sistemas assim
funcionem, é necessário que
ainfraestruturapermitaouso
seguro e prático das alterna-
tivas de transporte, além da
integração tarifária e da con-
corrência entre elas.
“Micromobilidade”,enfim,é
solução para viagens curtas,
em geral o trecho final e mais
individualizadodeumpercur-
so (da estação de trem, metrô
ou ônibus até o destino final
Para que faça alguma dife-
rença,éprecisoqueasviagens
mais longas sejam mais rápi-
das, baratas e cômodas. Para
tanto,épreciso quemais chão
seja dedicado ao que se cha-
mava de transporte de massa.
Sim, veículos micro e com-
partilhamento vão contribuir
para a redistribuição menos
injusta de chão para transpor-
te, reduzindo o uso de auto-
móveis particulares.
Mas a solução tem de ser
planejada de maneira inte-
grada, o que depende, mais
suaprodução,recarga,descar-
teetransportegeramgasesdo
efeito estufa em quantidade
equivalente a quase a metade
da produzida por um carro.
“As baterias usadas nesses
modelos contêm metais pe-
sados. Se forem descartadas
incorretamente, podem con-
taminar solo, ar e águas”, diz
FernandaIwasaka,analistade
conteúdosdoInstitutoAkatu.
Para ela, o descarte correto
e a manutenção para prolon-
gar a vida útil de bicicletas e
patinetes deveriam ser priori-
dade para as empresas.
Herman Tacasey
uma vez, de política pública.
Além da apropriação de vi-
asparaotransportepúblico,a
intermodalidade depende de
outras infraestruturas físicas:
chão para pedestres, ciclistas
e, depois, outros equipamen-
tos micromóveis.
Éprecisocriarpontosdepa-
rada para os veículos “micro”
e compartilhados (garagens),
afimdeintegrá-losa meiosde
transportedemassa. Sãoidei-
asquejáaparecemnosplanos
oficiais de mobilidade, em ge-
ral no papel: sem isso, haverá
apenas tentativas localizadas
eanedóticas,quandonãocaó-
ticas, de resolver o problema.
O planejamento e o uso efi-
caz dessa infraestrutura de-
pendemdeinformaçãopúbli-
ca. Desde 2016, a prefeitura de
São Paulo tenta usar dados de
aplicativosdetransporteeen-
tregas para pensar o fluxo de
tráfego e pessoas. Seria infor-
mação relevante para definir
onde instalar facilidades pa-
ra o uso de veículos “micro”.
Mas também é preciso re-
pensar a integração dos mei-
os e de tarifas, hoje tema ape-
nas das discussões sobre uso
integrado de ônibus e trens.
A discussão micro depen-
de de um plano macro para
mudar o uso do chão e a mo-
vimentação pela cidade.
a eee
Um estudo da Universida-
de da Carolina do Norte, nos
EUA, somou todos os impac-
tos associados a uma patinete
elétrica tipo “dockless”, desde
a produção dos metais e bate-
rias usados, passando por seu
transporte da fábrica, na Chi-
na, ao destino, até a recarga.
A matéria-prima e as recar-
gas de bateria respondem pe-
la maior parte das emissões:
50% e 43%, respectivamente.
No total, são 202 g de CO2 por
milha (1,6 km) percorrida por
passageiro,sendoqueumôni-
bus lotado produz 82 g.
$
Glossário
Bike sharing Serviço de uso
de bicicleta de uma frota por
meio de aluguel ou empréstimo
BRT Ônibus que rodam em vi-
as segregadas e que contam
com características como ultra-
passagem nas estações, embar-
que em nível e pré-pagamento
da tarifa
Calçada compartilhada Parte
da via separada por sinalização
para pedestres, cadeirantes e ci-
clistas montados
Calçada partilhada Parte da
calçada exclusiva para a circula-
ção de ciclos
Carpooling Uso de um carro
particular por duas ou mais pes-
soas. Partilhamento conhecido
como “carona”
Carsharing Serviço de aluguel
de veículos por curto período,
pago por hora ou por assinatura
mensal. A frota fica estacionada
em locais de fácil acesso
Ciclo Veículo de pelo menos
duas rodas, movido por força
humana
Ciclofaixa Parte da via urbana
sinalizada e destinada apenas à
circulação de ciclos
Ciclorrotas Sinalização de vias
urbanas compartilhadas por to-
dos os veículos
Ciclovia Pista destinada à cir-
culação de ciclos, separada fisi-
camente do tráfego de veículos
Corredor dedicado Espaço de
circulação reservado a um ou
mais meios, evidenciado por di-
ferenças de pintura e material
do piso, separações físicas etc
Faixa livre (passeio) Parte da
calçada ou da pista de rolamen-
to destinada à circulação de pe-
destres
Frota digital Conjunto de veí-
culos rastreados e monitorados
em tempo real
Gestão da mobilidade Pro-
grama para induzir mudanças
de comportamento de modo a
implementar o transporte sus-
tentável
Intermodal Sistema que per-
mite o uso de diferentes meios
de deslocamento conectados
Micromobilidade Termo con-
troverso por ser genérico no
sentido e no debate de aplica-
ções práticas. Refere-se a al-
ternativas de transporte urba-
no com veículos com menos de
500 kg e motor elétrico
Meios suaves Transportes não
motorizados
Mobilidade Capacidade dos
indivíduos de se deslocarem de
acordo com suas necessidades
Modal Qualquer meio de des-
locamento ou de viagem ou de
transporte de um ponto a outro
Fontes: Cadernos Técnicos para Proje-
tos de mobilidade urbana – ministério
dos Transportes 2016; dicionário de Ter-
mos de gestão urbana; instituto da mo-
bilidade e dos Transportes de Portugal
cotidiano
Funcionários do Policlínico Centro em Florianópolis; cidade é precursora em consulta com enfermagem
Enfermeiro poderá fazer consultas e
prescrever remédios em novo plano
iniciativa do ministério da Saúde valerá em casos para os quais já há protocolo em outros locais
-
Cláudia Collucci
SÃO PAULO O Ministério da Sa-
úde deve lançar ainda neste
ano uma nova iniciativa em
que a enfermagem poderá so-
licitar exames, realizar con-
sultas e prescrever alguns re-
médios no SUS. As atividades
são respaldadas por lei fede-
ral, mas enfrentam resistên-
cia dos conselhos médicos.
A proposta envolve a elabo-
ração de novos protocolos de
enfermagem e foi inspirada
em experiências que já vigo-
ram em outros países, como
Reino Unido e Canadá, e em
algunsmunicípiosbrasileiros.
Uma delas, em Jaraguá do
Sul (SC), está entre as vence-
doras de um prêmio da Opas
(OrganizaçãoMundialdeSaú-
de) e do Ministério da Saúde,
que elegeu as melhores expe-
riências para ampliar o aces-
so à atenção primária no SUS.
Omunicípioadotouumpro-
tocolo de enfermagem criado
na capital catarinense, Flori-
anópolis, e, em seis meses,
conseguiu zerar a fila de es-
pera para a primeira consul-
ta na atenção primária.
Financiar SUS no longo prazo é sustentável, diz estudo
SÃO PAULO Mesmo com as
pressões para cortes de gas-
tos públicos e sob um espa-
ço fiscal restrito, o financia-
mento do SUS nas próximas
décadas é sustentável.
A conclusão é de estudo iné-
dito do IEPS (Instituto de Es-
tudos para Políticas de Saú-
de), que projetou as necessi-
dades de financiamento em
saúde no Brasil até 2060.
O aumento dos gastos nos
últimosanostemlevadosiste-
mas de saúde em todo o mun-
doadiscutiremsobreoequilí-
brio entre as necessidades de
financiamento e a sustentabi-
lidade financeira. Mas no Bra-
sil esse debate é incipiente.
O país é único com mais de
100milhõesdehabitantesque
prevêacessogratuitoeuniver-
sal à saúde, mas a proporção
dogastopúblico éapenas42%
do gasto total em saúde —em
países com modelos simila-
res, a fatia fica acima de 70%.
As despesas totais com sa-
úde equivalem hoje a 9,1% do
PIB (R$ 546 bilhões). Na pro-
jeção do estudo, as necessida-
des de financiamento da saú-
dechegarãoa12,8%doPIBem
2060 —avanço de 3,7 pontos
percentuais, ou R$ 1 trilhão.
Desse total, R$ 459 bilhões
corresponderiam a deman-
das do setor público de sa-
úde (1,6 ponto percentual a
mais do PIB em 2060).
a eee
Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
Segundo Erno Harzheim,
secretário de Atenção Primá-
ria à Saúde do ministério, es-
tão sendo elaborados proto-
colos para as principais con-
dições de saúde em que enfer-
meiros apoiariam o médico.
O primeiro será de rastre-
amento de câncer de colo do
útero e de mama e é baseado
em protocolos já vigentes em
Florianópolis e Porto Alegre.
A enfermagem faz a consulta,
o exame físico, a coleta do Pa-
panicolaoueorientaamulher
sobre o resultado. Se houver
lesão sugestiva de câncer, en-
caminha-a ao médico.
No caso de câncer de ma-
ma, se a mamografia estiver
normal, a enfermeira infor-
ma e orienta a mulher sobre
a rotina de cuidados. Se exis-
tir alguma alteração suspeita,
passa o caso para o médico.
Segundo Harzheim, os pro-
tocolos serão discutidos um
a um com os conselhos fede-
rais de medicina e de enfer-
magem (CFM e Cofen). “To-
dos estarão ajustados às nor-
mas legais para que o enfer-
meiro possa trabalhar com al-
guns aspectos clínicos.”
Parte importante deste au-
mento (R$ 299 bilhões) é atri-
buída ao envelhecimento da
população. Quanto menor o
crescimento econômico, mai-
or terá que ser o esforço para
o país atingir as necessidades
de financiamento em saúde.
“Não precisamos de muitos
pontospercentuaisdo PIBpa-
ra continuarmos funcionais,
para manter o sistema de sa-
úde em pé”, afirma Rudi Ro-
cha, professor da FGV e coor-
denador de pesquisa do IEPS.
Segundo o cientista político
MiguelLago,diretor-executivo
do IEPS, ao demonstrar que o
SUS é financiável a longo pra-
zo, o estudo desmonta o alar-
mismo que existe no setor so-
bre o custo da saúde pública.
“Não há dúvida de que ha-
verá necessidade de aumen-
tar o financiamento em saú-
de, mas esse discurso de que é
umabomba-relógioparaoEs-
tado não está totalmente an-
corado na realidade”, diz ele.
Em sua opinião, algumas
tensões entre o setor públi-
co e privado que se manifes-
tam já são reflexos dessa dis-
puta por recursos que deve
se acirrar. Cerca de um quar-
to da população brasileira é
coberta por planos de saúde.
Neste momento, as opera-
doras de saúde tentam ga-
nharmaisespaçonomercado
pressionando o Executivo e o
Em nota, o CFM diz desco-
nhecer a proposta do minis-
tério e que foi chamado para
se manifestar sobre ela. Reite-
ra que, apesar de reconhecer
a existência de protocolos es-
pecíficos para ações no cam-
po da saúde pública, a Lei do
Ato Médico estabelece que o
diagnóstico e a prescrição de
tratamentos são atribuições
exclusivas do médico.
O médico Renato Tasca, co-
ordenador de sistemas e ser-
viços da Opas no Brasil, afir-
ma que as doenças crônicas,
como diabetes e hipertensão,
járespondempormaisde70%
dascausasdeadoecimentodo
brasileiro, pondo os serviços
de saúde “de joelhos”.
Por isso, diz, é essencial re-
pensar o modelo de atenção à
saúde. “Baseados em evidên-
cias científicas, os protocolos
regulam e orientam o traba-
lho da enfermagem na aten-
çãoprimária, permitindo am-
pliar o acesso, reduzir filas e
agregar qualidade à atenção.”
Para o médico Drauzio Va-
rella, colunista da Folha e
um dos jurados do prêmio
da Opas, os protocolos rom-
Unidade Básica de Saúde em Porto Alegre
$ Congresso para uma flexibili-
Gastos em saúde
9,1%
do PIB é quanto o Brasil
gasta hoje com saúde
12,8%
do PIB é a estimativa
para 2060
B1
Lalo de Almeida-2.ago.2018/Folhapress
pem a barreira do corporati-
vismo médico ao atribuir à
enfermagem papel relevante
na atenção primária à saúde.
A capital pioneira na im-
plantação no Brasil foi Flo-
rianópolis, em 2013, em par-
ceria como Coren (Conselho
Regional de Enfermagem de
Santa Catarina). Desde então,
houveumaumentode38%do
acesso aos serviços de saúde.
O enfermeiro já é respon-
sável por até 90% do atendi-
mento da demanda espontâ-
nea (consultas sem agenda-
mento) e realiza 98% dos tes-
tes rápidos (para detecção de
HIV e hepatite, por exemplo).
“Como grande parte da de-
manda espontânea jáestánas
mãos do enfermeiro, se ele
consegue fazer a testagem, a
gente tem ampliação e reso-
lutividade do acesso”, diz Eli-
zimara Siqueira, responsá-
vel pela enfermagem da rede
municipal de Florianópolis e
conselheira do Coren.
O tratamento inicial de sí-
filis na capital quase quadru-
plicou. Antes da adoção do
protocolos de enfermagem,
só 16% de casos eram trata-
Marcos Nagelstein-14.jun.18/Folhapress
zação das regras do setor em
relação a reajustes de planos
individuais e produtos com
coberturas mais reduzidas.
Entidades de defesa do con-
sumidor e sanitaristas, por
sua vez, dizem que os usuári-
os de planos vão recorrer ao
SUS no caso de procedimen-
tos não cobertos, o que deve
sobrecarregar mais o sistema.
“Precisamos tomar muito
cuidado com qualquer tipo
de decisão que possa afetar
de maneira definitiva o siste-
dos. Neste ano, foram 60% .
Enfermeiros fazem o teste
rápidoparadetectaradoença
e, se positivo, imediatamente
medicam o paciente com pe-
nicilina. “Em 2018, todas as
gestantes identificadas com
sífilis foram acompanhadas
e tratadas até o fim”, diz ela.
Os protocolos seguem reco-
mendações do Ministério da
Saúde e do Cofen e se basei-
am em diretrizes de institu-
ições renomadas como BMJ
(British Medical Journal) e
Cochrane (rede de cientistas
independentes).
Em 2017, o CFM ingressou
com ação judicial para proibir
essas atividades da enferma-
gem sob alegação de que elas
invadiriam as atribuições dos
médicos.Ocasofoiarquivado.
Quase dois terços dos en-
fermeiros da capital catari-
nense têm formação adicio-
nal em medicina de família.
Quatro dos seis protocolos
em vigor em Florianópolis,
entre eles manejo de doen-
ças crônicas, infecções sexu-
almente transmissíveis e sa-
úde da mulher, já são adota-
dos por 48 municípios cata-
ma de saúde. É preciso dialo-
gar com todos os setores, dar
transparência e buscar mais
evidências. Não há razão para
nenhum tipo de precipitação
nessemomento”,afirmaLago.
O trabalho simulou os gas-
tos em saúde sob diferentes
cenários fiscais. Em um cená-
rio de teto ou congelamento
de gastos federais, o gasto pú-
blico como proporção do to-
tal em saúde diminuiria cer-
ca de sete pontos até 2060.
Em cenário extremo (con-
gelamento dos gastos do se-
rinenses. Jaraguá do Sul, por
exemplo, tinha há um ano fi-
la de espera de 15,5 mil con-
sultas. Com a adoção do pro-
tocolo, a fila para a primeira
consulta foi zerada em maio.
Hoje, em 70% das consultas
o usuário chega e é atendido
pela enfermagem, sem espe-
rar vaga em outro dia.
Segundo a enfermeira Sil-
via Regina Bonatto, gerente
de atenção básica em Jaraguá,
noinícioapropostaenfrentou
desafios como a desconfiança
da população de ser atendida
por enfermeiros, além da re-
sistência dos médicos.
Umanodepois,issomudou.
“Estamostrabalhandoombro
aombrocomosmédicos.Mui-
tos que eram resistentes vie-
ram nos cumprimentar.”
Mas há desafios a superar.
A prescrição da enfermagem,
por ora, não é aceita no pro-
grama federal Farmácia Po-
pular, que oferta remédios
essenciais gratuitamente ou
a preço menor. Harzheim diz
que a questão está em estudo.
Experiências no Rio
e no Pará também
são premiadas
Além da experiência de Jara-
guá do Sul, outras duas foram
eleitasas mais bem-sucedidas
na área da atenção primária:
uma na comunidade do Sal-
gueiro (Rio de Janeiro) e ou-
tra em Abaetetuba (PA).
NoSalgueiro,umaequipede
saúde da família fez um traba-
lho com crianças encaminha-
das a serviços de saúde por al-
terações de comportamento
no ambiente escolar, a maio-
ria com diagnóstico de déficit
de atenção e hiperatividade.
A proposta foi cuidar não
só das crianças, mas também
dos contextos familiar e soci-
al em que estavam inseridas.
O trabalho envolveu famílias
e educadores, conscientizan-
do, entre outras coisas, para a
cultura da não violência.
Em Abaetetuba, município
com altos índices de morta-
lidade de mulheres em ida-
de fértil, de gravidez na ado-
lescência e de casos de sífilis,
HIV e hepatites virais, o pro-
jeto envolveu ações de saúde
com adolescentes, adultos e
idosos, abordando sexuali-
dade, valorização e respeito.
Houve aumento no núme-
ro de atendimentos de pré-
natal, atendimentos de saú-
de sexual e reprodutiva, tes-
tes rápidos de hepatite, sífilis
e HIV, entre outros.
torpúblicocomoumtodo),os
gastos públicos na proporção
doPIBcairiamabaixode2%—
média da África subsaariana.
Rudi Rocha vê nos resulta-
dos a pressão para reduzir o
gasto público em saúde, o que
demanda esforço da socieda-
de para mobilizar recursos e
usá-los de forma eficiente.
Um caminho para aumen-
tar a eficiência do SUS é in-
vestir em ações de promoção
da saúde e prevenção de do-
enças, com serviços de aten-
ção básica mais resolutivos.
Estudo do Banco Mundial
divulgado em 2018 estimou
que o nível de eficiência da
atenção primária (postos de
saúde) é de 63%, enquanto na
média e alta complexidade
(ambulatórios e hospitais) é
de 29%. Estima-se que as ine-
ficiências do sistema custem
ao país R$ 22 bilhões por ano.
“A boa notícia é que a gente
pode ganhar terreno e, mes-
mo nessa situação de restri-
çõesfiscais,temmargempara
fortalecer o sistema”,diz Rudi.
Para o economista, é urgen-
te que a sociedade se aproprie
do debate sobre o financia-
mento da saúde, como ocor-
re em países desenvolvidos.
“Aqui o problema fica restri-
to aos atores do setor. Fica-
mos presos à reforma da Pre-
vidência, mas saúde é tema
central também.” CC
B2 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 a eee
cotidiano

português, Autoridade para

Atribuição de Números da In-
ternet), usado por celulares e
EM SÃO ºC 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 dispositivos eletrônicos para
PAULO garantir sempre a hora certa.
nublado chuva “Na prática, isso significa
que alguns celulares possivel-
12h
10h 14h mentenãotenhamainforma-
32
29 30 ção necessáriapara evitarque
8h
24 25
16h orelógiodosaparelhossejaal-
terado automaticamente co-
dIA mo se o horário de verão ain-
20 22 18h 6h 27
NOItE da estivesse valendo”, afirma
20h 4h
nasc. Poen. 22 27 nota divulgada pelo Google.
22h 2h
5h18 18h21 0h Foram duas as mudanças
24 28
27 promovidas pelo governo:
em 2018, a data de início do
horário de verão passou do
Chuva HOJE pancadas de chuva terceiro domingo de outubro
para o primeiro domingo de
Q S S d S T Q Q S S mm
100
novembro e, neste ano, o ho-
rário especial foi extinto pe-
50 lo presidente Jair Bolsonaro.
Nesta madrugada, foram
0 afetados aparelhos não im-
pactadosnodia20deoutubro.
A mudança inesperada sur-
preendeu também passagei-
umidade HOJE úmido %
100 ros de avião. A terapeuta Ana
Carelli, 60, pegou um táxi no
50 bairro da Saúde para o aero-
porto de Congonhas, ambos
0 na zona sul de São Paulo, com
duas horas de antecedência
Lua para embarcar para o Rio de
d S T Q Q S s d S T Q Q S s d S T Q Q S s d S T Q Janeiro pela manhã.
Ao chegar ao aeroporto, fi-
Crescente Cheia Minguante Nova
04.nov 12.nov 19.nov 26.nov cou apreensiva porque o pai-
07h23 10h37 18h13 12h07 nel mostrava outros voos no
portãodeembarque indicado
para ela. Depois de conversar
com uma funcionária, perce-
NO ºC 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 beuqueohorárioemseucelu-
ESTADO lar nãobatia com oque apare-
CALOR Homem cobre relógio diante de universidade que sediou Enem em SP Matheus Moreira/Folhapress cia no painel e que tinha che-
PERsIstE gado ali uma hora mais cedo.

Em dia de Enem,
mS
EM sP Seu celular havia mudado
araçatuba
SP
ribeirão Preto Calor o relógio automaticamente.
mg predomina nas Ela descreveu a experiên-
bauru regiões centro- cia como bizarra. “Fiquei me
rJ sentindo muito estranha. Eu
Campinas oeste, norte e

celulares e relógios de
S. J. dos
noroeste de SP. tinha um horário na minha
Sorocaba Campos
Pr
São Deve chover mão, no celular, e o quadro de
Paulo de forma fraca horários estava me mostran-
na Baixada dooutracoisaeeunãosabiao
que estava acontecendo”, diz.

rua adiantam 1 hora

Hoje amanhã Quarta Santista e
araçatuba 23 37 23 35 22 32 nas cidades “Dá a sensação de que o tem-
avaré 20 36 21 33 19 27 do litoral sul po passou e você não marcou,
bauru 22 37 23 34 21 28 deuumtranstornonomeues-
Campinas 21 35 22 34 20 29 paço-tempo.”
C. do Jordão 15 27 15 27 16 23 Como em outubro, propri-
Catanduva
Franca
22
21
36
33
22 34
22 34
21 31
22 29
Problema que já havia ocorrido no dia 20 de outubro etários de celulares foram às
redes sociais relatar a surpre-
iguape
itapeva
18
18
26
32
18 32
19 31
18 24
17 25
está relacionado ao início do horário de verão em 2018 sa e pedir a correção do pro-
blema, mais preocupante em
marília 21 36 22 33 20 27 dia de prova do Enem.

“
Piracicaba 21 36 22 35 20 30 -
Cristina Camargo e que fica em frente ao prédio, Para tanto, proprietários de
Pres. Prudente 24 38 24 34 22 31
ribeirão Preto 23 38 24 36 23 32
Matheus Moreira um dos mais tradicionais lo- aparelhos Android precisam
Santos 22 27 24 36 20 25 cais de prova do Enem. abrir o item “Configurar”; es-
São Carlos 21 35 22 34 20 29 São Paulo Aconteceu de no- ÀFolha, um dos funcionári- Eu tinha um horário colher a opção “Data e hora”;
S. J. do r. Preto 24 37 24 35 23 32 vo. Mesmo com a suspen- os que ajudava a tapar o equi- na minha mão, no desmarcaraopção“Dataeho-
S. J. dos Campos 18 32 20 34 20 26 são do horário de verão nes- pamento disse que a faculda- ra automáticas” e, em segui-
Sorocaba 20 34 21 33 19 27 te ano, relógios de celulares de entrou em contato com o celular, e o quadro da, configurar a hora correta.
ubatuba 21 29 21 34 20 26 e de computadores adianta- governomunicipalparaavisar de horários [de Os donos de iPhone devem
votuporanga 23 38 23 36 22 33 ram uma hora automatica- do erro no horário, mas que, acessar a opção “Ajustes”; em
mente na madrugada deste devido a demora no ajuste, a Congonhas] estava seguida escolher a opção “Ge-
domingo (3) em todo o Brasil. Uninove preferiu agir. me mostrando ral”; depois tocar na opção
NO ºC 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38
O mesmo problema ocorre- O próprio Ministério da “DataeHora”;entãoprecisam
BRASIL ra em 20 de outubro, terceiro Educaçãopareceterseatrapa-
outra coisa e eu não desabilitaraopção“Automati-
tEMPORAL domingodomês,dataemque lhado com o problema. Uma sabia o que estava camente” na configuração do
rr
AtINGE O Rs tradicionalmente o relógio mensagememredesocialque acontecendo. Dá a relógio e, enfim, configurar o
aP Chove forte em era adiantado em uma hora. anunciava a abertura dos por- horário correto.
parte do Rio Na manhã deste domingo, tões foi publicada uma hora sensação de que o O horário de verão foi ex-
Ce
am Pa rn
Grande do Sul, relógios de rua de São Paulo antes do previsto. Meia ho- tempo passou e você tinto após 34 anos porque
ma do Amapá e também indicavam o horá- ra depois, o tuíte foi apagado. estudos do Ministério de Mi-
Pi
Pb
do Acre nesta rio errado, uma hora a mais, Segundo explicações divul-
não marcou, deu um nas e Energia indicaram não
Pe
aC ro To aL segunda (4). o que poderia assustar quem gadas pelo Google, as modifi- transtorno no meu haver economia significativa
mT ba Se Já no Nordeste for prestar o Enem. cações realizadas nos últimos espaço-tempo” de energia com a mudança de
dF e em áreas Funcionários da Uninove, dois anos pelo governo brasi- hora. Para Bolsonaro, a alte-
go de ES, MG e na Barra Funda, colocaram leiro no horário de verão têm Ana Carelli ração afetava o relógio bioló-
mS
mg
eS
RJ, massa de folhas de papel sulfite sobre impacto direto no Banco de terapeuta com voo marcado gico, punindo trabalhadores.
SP
ar quente e o relógio digital da prefeitura Dados Global da IANA (em Colaborou guilherme Seto
rJ seco deixa o
Pr
tempo aberto
SC
rS

Hoje amanhã Quarta

MORTES coluna.obituario@grupofolha.com.br

aracaju
belém
23
23
31
32
23 32
23 34
22 32
24 32 tio Mário era velha-guarda as santos.Numa dessas vezes,
passou uma temporada com
lista. Mário morreu no último
dia 27, de insuficiência cardí-
belo Horizonte
boa vista
brasília
21
24
22
32
34
32
20 34
24 31
22 32
21 33
23 33
20 32
da velha-guarda do samba os tios em Tietê (SP). Fez sua
imersão no samba rural. Vi-
aca, aos 91 anos.

Campo grande 22 36 25 37 22 31 MáRIO EzEquIEL dE BARROs (1927-2019) sitou festas religiosas, apren- ELISA ANGHINAH aos 91, viúva.
Cuiabá 24 38 24 38 23 37 deu a tocar tambu e matraca. Cemitério israelita do butantã, av.
Curitiba 17 30 20 28 16 23 Já moço, voltou a São Paulo eng. Heitor antonio eiras garcia,
-
Fabrício Lobel deira e todos escutavam ca- trazendo na memória os ba- 5.530, Jd. educandário
Florianópolis 20 27 20 26 19 24
Fortaleza 24 32 23 33 23 32 da uma de suas frases como tuques e versos populares das
goiânia 21 34 22 32 21 34 São Paulo Uma boina branca se fossem únicas. Diziam que cantigas ouvidas. JOSE KANAREK aos 82, casado
João Pessoa 22 30 22 31 21 31 flutuava toda tarde de domin- quem ouvia o falar e cantarde Napaulicéia,participoudos com Fortunee Kanarek. Cemitério
macapá 24 31 23 33 23 34 go pelas ruas da Vila Carolina, TioMárioescutavaosecosdas cordões carnavalescos. Anos israelita do butantã, av. eng. Heitor
maceió 21 32 22 32 23 31 na zona norte de São Paulo. antigas gerações. depois, esteve na fundação de antonio eiras garcia, 5.530, Jd.
manaus 23 32 24 32 24 31
natal
Protegia a cabeça de Mário “Ele é um griô [nome dado umadas quatromaistradicio- educandário
22 31 21 31 22 30
Palmas 24 36 24 36 24 35
Ezequiel de Barros, que todos aos sábios africanos conta- nais escolas de samba paulis-
Porto alegre 18 24 18 23 17 26 conheciam como Tio Mário. dores de histórias]”, resume tas, a Camisa Verde e Branco, KALIL DABDAB NETO aos 82,
Porto velho 24 35 24 33 24 31 Ele caminhava até parar no Tadeu Kaçula, músico e pes- da sua Barra Funda. casado com rosa maria rosolia
recife 23 31 22 32 22 32 bar onde uma roda de sam- quisador que produziu o úni- Kaçula diz que ele é a velha dabdab. Cemitério gethsemani,
rio branco 22 32 22 33 22 30 ba o aguardava. co disco de Tio Mário. guarda da velha guarda pau- praça da ressurreição, 1, vl. Sônia
rio de Janeiro 22 33 21 38 21 30 Assim que viam Mário, os Baluarte do samba paulis-
Salvador 24 31 23 32 23 30 membros da roda faziam um ta, Tio Mário nasceu em 1927,
São Luís 25 32 24 33 24 32 breve silêncio. Era reverência. numa Barra Funda que rivali- Procure o Serviço Funerário Municipal de São Paulo:
São Paulo 20 32 21 34 19 25 O silêncio só era quebrado pe- zava com o Bexiga sobre qual tel. (11) 3396-3800 e central 156; prefeitura.sp.gov.br/servicofunerario.
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vitória 22 35 23 36 23 33 Anúncio pago na Folha: tel. (11) 3224-4000. Seg. a sex.: 10h às 20h. Sáb. e dom.: 12h às 17h.
sa de alumínio ou um acorde ta paulistano. Aviso gratuito na seção: folha.com/mortes até as 18h para publicação no dia seguinte
veja dados atualizados em folha.com/tempo em ré maior do cavaquinho. Mario viajava sempre com a (19h de sexta para publicação aos domingos) ou pelo telefone (11) 3224-3305 das 16h às
Fonte: Climatempo (climatempo.com.br) Mário sentava em sua ca- família para o interior nos di- 18h em dias úteis. informe um número de telefone para checagem das informações.
a eee
Sob Bolsonaro, ditadura some
da prova pela 1ª vez em 10 anos
inep criou grupo para triagem ideológica do enem; temas sociais apareceram
Participantes do Enem deixam a Uninove Barra Funda, na zona oeste de SP, após prestar a prova
-
Angela Pinho, Dhiego Maia
e Matheus Moreira
São Paulo A primeira edição
do Enem sob o governo Ja-
ir Bolsonaro (PSL) trouxe te-
mas sociais, mas foi também
a primeira em dez anos que
não trouxe nenhuma ques-
tão relativa à ditadura militar
(1964-1985) nas provas de ci-
ências humanas e linguagens.
O levantamento foi feito pe-
la Folha com base em todas
as edições do exame desde
2009, quando ele adquiriu o
atual formato.
Em 2018, o período apare-
ceu em uma questão sobre o
Redação está em sintonia com realidade, diz diretor de ‘Bacurau’
-
Eduardo Moura
e Ricardo Hiar
São Paulo O cinema e sua de-
mocratização foram os prota-
gonistasdaredaçãodoExame
Nacional do Ensino Médio, e
“espanto” é a palavra escolhi-
da por Kleber Mendonça Fi-
lhoparadescreversuareação.
“Coloca o cinema onde ele
pertence”,dizodiretorde“Ba-
curau”. “O que me espanta é a
redação do Enem estar com-
pletamenteemsintoniacoma
realidade”, diz, sobre a impor-
tância do cinema brasileiro.
“Ao mesmo tempo está vin-
do um movimento inverso de
Mulher grávida de sete meses perde prova, passa mal
com calor e é amparada por anônimos em São Paulo
São Paulo Um corredor for-
madoporpessoasquevieram
ajudar os candidatos na pri-
meira etapa do Enem (Exa-
me Nacional do Ensino Mé-
dio) deste domingo (3) não
foi suficiente para que Kari-
ne da Souza Veiga, 22, con-
seguisse chegar a tempo pa-
ra fazer a prova.
A jovem, que está grávida
de sete meses, precisou ser
amparada após passar mal,
segundo ela, por causa do ca-
lor e da quantidade de pesso-
as ao seu redor —termôme-
tros deruaemSãoPaulo mar-
caram 37ºC neste domingo.
Veiga acordou por volta das
11h20, mora perto do termi-
nal Cachoeirinha (zona nor-
te) e foi ao local de prova, na
Barra Funda (zona oeste), de
ônibus. Ela percebeu que es-
tava atrasada quando desceu
do ônibus e um homem, com
discurso do presidente João
Goulart no que ficou conhe-
cido como Comício da Cen-
tral, antes da sua deposição,
e em outra com uma carta do
cartunista Henfil ao então
presidente Ernesto Geisel.
Emoutrosanos,foramabor-
dadostemascomoaOperação
Condor,queuniugovernosdo
Cone Sul para perseguir ad-
versários; a morte do jorna-
lista Vladimir Herzog; e a po-
lítica econômica do regime.
Em 2011, a prova não citou
explicitamente a ditadura,
masoperíodoimediatamente
anterior ao golpe, em questão
sobre o CPC (Centro Popular
o governo de tentar desmon-
tar a indústria do audiovisu-
al —pelo menos é essa a sen-
sação que todos que somos
trabalhadores do audiovisual
estamos tendo neste primei-
ro ano desse novo governo.”
Silvia Cruz, fundadora da
distribuidora Vitrine, prefe-
re a palavra “surpresa”. Para
ela, é “simplesmente mara-
vilhoso colocar esse assun-
to na pauta”. “Em sentidos
amplos é uma contradição,
todas as atitudes do gover-
no têm sido em sentido con-
trário à democratização da
cultura e o tema da redação
do Enem é justamente de-
uma camiseta do site “Quero
Bolsa”, pegou sua bolsa e sua
mão para ajudá-la a correr.
Auxiliar de estoque no
shopping Itaquera, na zona
leste da capital paulista, Vei-
ga já havia ingressado no en-
sino superior. Ela cursou um
ano de psicologia no campus
da Uninove, na Barra Funda,
mas precisou trancar o cur-
so após ficar desempregada.
Agora, ela faria a prova pa-
ra tentar um desconto que a
ajudasse a voltar aos estudos.
“Não adianta ficar nervo-
sa, né? Não sei nem quem me
puxou, acho que foi quem es-
tava tocando pagode, estava
uma muvuca”, diz, mas com
a ressalva de que no próximo
ano tentará de novo.
Quem ajudou a candidata a
deixar a aglomeração foi Car-
los Bazuca, músico e vocalis-
ta do “Pagode da Ofensa”, que
deCultura)daUniãoNacional
dos Estudantes. A pergunta
abordava qual era o entendi-
mento dos setores conserva-
dores e de direita sobre braço
cultural da entidade estudan-
til, fechado logo após 1964 —
uma menção clara ao contex-
to que culminou na ditadura.
O ano de 2009, em que o
Enem adquiriu o atual forma-
to, foi o único desde então em
que a ditadura não apareceu
nas provas de linguagens e ci-
ênciashumanas.Umadasper-
guntas, no entanto, fazia refe-
rência às revoltas de 1968 que
ocorreram em todo o mundo.
ParaoprofessorGibaAlvarez,
mocratização do cinema.”
Profissionais da área ouvi-
dos pela Folha disseram que
comaescassezdeinvestimen-
toseafaltadeincentivogover-
namental, assistir a um filme
numa sala de cinema se tor-
noupossívelapenasparauma
pequena parte da população.
O pesquisador Paulo Sérgio
Almeida chamou de “escolha
curiosa” otema da redação do
exame.Segundoele,ocinema
do Brasil teve uma mudança
radical nos últimos anos, des-
de que as salas saíram das ru-
as e foram para os shoppings.
“A melhoria de qualidade
foi incrível, mas ficou muito
apesar nome, vem à Uninove
Barra Funda há quatro anos
não para ofender, mas para
tocarpararelaxarcandidatos.
“Nóscomeçamosporquevi-
mos que tinha gente que vi-
nha com cadeira de praia e
cerveja ver gente que chega
atrasado.Comoessecaraaqui
[aponta para um jovem, em
cadeiradepraiacomumacer-
veja na mão]. Viemos ajudar
animar os candidatos”, diz.
Gustavo Souza Guilhen, 21,
é o jovem para quem Bazuca
apontou. Ele diz que está no
3º ano da graduação de En-
genharia Civil e que costuma
fazer o Enem todos os anos
por hobby, mas que já foi um
dos que se atrasou. “Pensei, o
queeuvoufazernodomingo?
Acho que vou ver os atrasa-
dos do Enem! Ficar até umas
14h”, disse à reportagem.
Matheus Moreira
Rubens Cavallari/Folhapress
“
Cortaram uma
parte da história
do Brasil, e ficou
evidente a retirada de
temas que pudessem
gerar polêmica.
Com isso, virou uma
prova ideológica
Giba Alvarez
professor do Cursinho da Poli
mais caro ir ao cinema. Pode
ter ajudado para que ele con-
seguissecompetircomoutras
mídias, mas ao mesmo tem-
po tirou ‘a geral’ do cinema.”
Para André Gatti, pesquisa-
dor da área, o acesso do brasi-
leiro à cultura é inexpressivo.
“A parcela de pessoas que
têm acesso ao cinema é mui-
to pequena, apesar de já ter
sido uma forma de entreteni-
mento extremamente popu-
lar no país. Há relatos de pes-
soas que há algumas décadas
iam todos os dias ao cinema.
Hojeissoéimpossível,porque
falta dinheiro e não há filmes
suficientes”, pondera.
Imagem da prova vaza antes da hora; Weintraub
diz que falha de segurança não compromete exame
São Paulo | uol O ministro da
Educação, Abraham Wein-
traub, confirmou na tarde
deste domingo (3) que uma
foto da prova do Enem que
circuladesdeàs15héverídica.
Apesar da falha de segu-
rança, ele disse a divulgação
da imagem enquanto os can-
didatos ainda faziam a pro-
va não prejudicou o anda-
mento do exame.
“Todos os procedimentos
já haviam sido realizados,
de segurança, a prova já ha-
via sido distribuída e alguém
tirou uma foto e colocou nas
redes”, afirmou em vídeo pu-
blicado na nas redes sociais.
“Agora a Polícia Federal vai
identificar essa pessoa res-
ponsável e vai tomar as devi-
das providências legais con-
traela”,completouoministro.
Ele afirmou que a suspei-
ta é que o vazamento tenha
Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 B3
cotidiano
do Cursinho da Poli, chamou
a atenção também a ausên-
cia de perguntas sobre a Era
Vargas (1930-1945).
ao participante para dizer
por que motivo elas são “in-
compatíveis com a dinâmi-
ca de uma sociedade laica
Em sua avaliação, as omis- e democrática”.
sões são fruto do trabalho da O professor Leandro Viei-
comissão criada neste ano ra, que leciona na platafor-
pelo Inep para fazer uma tri- ma online ProEnem, do Rio
agem ideológica da prova. de Janeiro, chamou a primei-
“Ficou evidente a retirada ra parte do exame de a “mais
de temas que pudessem ge- filosófica da história”.
rar polêmica. Com isso, virou “Apareceuumdesfiledefiló-
uma prova ideológica”, diz. sofos como Michel Foucault,
Ao comentar a ausência de Kant, Maquiavel, René Des-
questõessobreditadura,omi- cartes, Adam Smith, Hannah
nistro da Educação, Abraham ArendteJacquesDerrida”,afir-
Weintraub, disse que o objeti- mou. “Surpreendeu-me essa
vodaprova“nãoédividir,nem quantidade de teóricos dian-
polemizar, nem doutrinar”. te do discurso do presidente
“A gente já pode começar fa- Jair Bolsonaro”, disse.
lando em regime militar, dita- Diretor do colégio Oficina
dura militar. Essa é uma dis- do Estudante, de Campinas,
cussão que eu acho que a gen- Antunes Rafael dos Santos
te não vai caminhar para ne- avalia que houve falta de pro-
nhum lugar”, respondeu. Ele porcionalidadeentreosenun-
afirma que, antes da realiza- ciados de linguagens e os de
ção da prova, não teve acesso ciências humanas. “A prova
a nenhuma questão. de linguagens tinha 18 pági-
Ao longo de sua carreira nas das 32 da prova. O aluno
política, o presidente Jair precisou gastar muita energia
Bolsonaro teceu críticas à com essas questões mais lon-
historiografia predominante gas e pode ter faltado tempo
sobre a ditadura. Em março, para o restante da prova ou
ele pediu que as unidades mi- para a redação”, disse.
litares comemorassem os 55 Na redação, o Enem pediu
anos do golpe de 1964. aos candidatos um texto so-
Dias após ganhar a eleição bre o tema “democratização
de 2018, Bolsonaro criticou doacessoaocinemanoBrasil”.
umaquestãodoexamedaque- Reinaldo Lopes Donadi, 36,
le ano, que mencionava um que fez o exame pela segunda
dialeto usado por gays e tra- vez, disse que escrever o tex-
vestis, e afirmou que sua ges- to foi sua maior dificuldade.
tão iria “tomar conhecimento “O tema era cinema, eu não
da prova” antes da aplicação. acompanho muito, falar so-
À Folha Alexandre Lopes, bre o assunto foi complicado.”
presidente do Inep, disse há Gabriela Vieira, 18, concor-
três semanas que a mudança da que a redação foi difícil,
de governo não impactaria o mas avalia que era possível
que se espera dos candidatos. fazer com os subsídios ofere-
“Vamosavaliaroconhecimen- cidos na prova. “Eu esperava
todoaluno,buscarumaprova um tema como as manchas
mais neutra possível.” de óleo no Nordeste, mas os
Embora não tenha apareci- textos de apoio ajudaram, ti-
do menção à ditadura, ques- nha dados do IBGE e de um
tões sociais foram tema de site de cinema”, conta.
diversas questões do Enem O tema da redação foi anun-
deste ano, que trabalharam ciadoporWeintraubemvídeo
com textos sobre a popula- publicado nas suas redes so-
ção quilombola, trabalho ciais em frente a um colégio
escravo, SUS (Sistema Úni- da Polícia Militar de Palmas,
co de Saúde) e Declaração a capital do Tocantins.
Universal dos Direitos Hu- No próximo domingo (10),
manos, entre outros. os participantes do Enem fa-
As agressões a religiões de rão as provas de ciências da
matrizes africanas foram te- natureza e matemática.
ma de pergunta que pedia Colaborou Thiago resende, de brasília
“Hoje apenas cerca de 10% rizaLeãocontaquemuitasini-
dascidadesbrasileirastêmsa- ciativas para fomentar o con-
las de cinema. Isso é um pro- sumo de bens culturais “não
blema conjuntural, estrutu- pegaram” no Brasil.
ral”, afirma ele. Dados de 2016 “O parque exibidor é mui-
divulgados pelo SistemaNaci- to pequeno, concentrado em
onal de Informações e Indica- grandes cidades, e o ingresso
dores Culturais (Sniic) apon- é caro. O dono do cinema po-
tavam o funcionamento de de fazer o preço que quiser,
3.189 salas de cinema do país, mas é o preço que afasta boa
concentrada em grandes cen- parte do público.”
tros urbanos, principalmente Para Paulo Sérgio Almei-
no Sul e no Sudeste. da, a chegada do streaming
As regiões Norte e Nordes- também afetou diretamen-
teapresentammenornúmero te o consumo dos filmes no
dos espaços destinados à exi- cinema. “Uma ida ao cinema
bição de filmes. Muitas das ci- hoje é mais ou menos o pre-
dades não têm equipamento. çodeummêsdeassinaturade
A produtora de cinema Ma- qualquerplanodestreaming.”
ocorrido em um local de pro- som durante a prova.
va em Pernambuco. A ocorrência deste domin-
No sábado (2), o ministro go abre a possibilidade de
havia reforçado, em cadeia que que ao menos um can-
nacional de TV, que endure- didato possa ter burlado as
ceria o rigor quanto ao uso regras de segurança, não en-
de equipamentos eletrôni- tregado seu aparelho de ce-
cos no Enem deste ano. lular, fotografado o exame
Os candidatos seriam eli- e publicado a imagem na
minados até mesmo se o ce- web. Com acesso à internet,
lular guardado em envelo- pode ter ainda consultado
pe lacrado emitisse algum respostas às perguntas.
EDITAL DE LEILÃO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - PRESENCIAL E ONLINE
1º LEILÃO: 14 de novembro de 2019 às 14h30min *. 2º LEILÃO: 26 de novembro de 2019 às 14h30min *. - *(horário de Brasília)
Ana Claudia Carolina Campos Frazão, Leiloeira Oficial, JUCESP nº 836, escritório na Rua da Mooca, 3.547, Mooca, São Paulo/SP, FAZ SABER a
todos quanto o presente EDITAL virem ou dele conhecimento tiver, que levará a PÚBLICO LEILÃO de modo PRESENCIAL E ON-LINE, nos termos
da Lei nº 9.514/97, artigo 27 e parágrafos, autorizada pelo Credor Fiduciário BANCO SANTANDER (BRASIL) S/A - CNPJ nº 90.400.888/0001-42,
nos termos da Cédula de Crédito Bancário datado de 19/09/2016, cujos Fiduciantes são ELTON CEZAR ALVES, CPF/MF nº 120.757.638-79, e
sua mulher ALESSANDRA APARECIDA GRIZANTE ALVES, CPF/MF nº 195.512.608-99; Emitente: GUAÇU COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA,
CNPJ nº 010.277.502/0001-18, em PRIMEIRO LEILÃO (data/horário acima), com lance mínimo igual ou superior a R$ 1.011.015,54 (Um Milhão
Onze Mil Cento e Quinze Reais e Cinquenta e Quatro Centavos - atualizado conforme disposições contratuais), o imóvel constituído pelo “Prédio
Residencial com 185,58m² de área construída e um prédio comercial com área construída de 867,46m², totalizando 1.053,04m² de área construída
e seu respectivo terreno, com área total de 695,17m², situado na Rua Iracema Ramos Pedrini, nº 305, com a Rua Waldomiro Caveanha, nº 275 e
285 da Rua João Perina, do loteamento denominado Jardim Rosacruz, em Mogi Guaçu/SP, melhor descrito na matrícula nº 61.820 do Cartório
de Registro de Imóveis da Comarca de Mogi Guaçu/SP.” Imóvel ocupado. Venda em caráter “ad corpus” e no estado de conservação
em que se encontra. Caso não haja licitante em primeiro leilão, fica desde já designado o SEGUNDO LEILÃO (data/horário acima), com lance
mínimo igual ou superior a R$ 780.500,00 (Setecentos e Oitenta Mil e Quinhentos Reais). O leilão presencial ocorrerá no escritório da Leiloeira.
Os interessados em participar do leilão de modo on-line, deverão se cadastrar no site www.FrazaoLeiloes.com.br, encaminhar a
documentação necessária para liberação do cadastro 24 horas do início do leilão. Forma de pagamento e demais condições de venda,
VEJA A INTEGRA DESTE EDITAL NO SITE: www.FrazaoLeiloes.com.br. Informações pelo tel. 11-3550-4066 (5202_21 Sc).
B4 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
cotidiano
Nossa responsabilidade social
agenda econômica que se impôs ao país é necessária, mas não pode ser única
- taxas de mercado; simplificar
Tabata Amaral
Cientista política, astrofísica e deputada federal pelo PdT-SP. Formada em Harvard, criou o mapa educação e é cofundadora do movimento acredito
A agenda econômica que se
impôs ao país é necessária,
mas não pode ser a única.
A recessão que teve início em
2014 levou à segunda pior cri-
se econômica da nossa histó-
ria. De lá pra cá, a desigual-
dade só aumentou. Aumen-
tou também o número de po-
bres e extremamente pobres:
apenas de 2014 a 2017, foram
mais 15 milhões de pessoas. E
22,6% das crianças e dos ado-
lescentes de até 14 anos estão
na extrema pobreza.
Diante desse cenário alar-
mante e da ausência de pro-
| dom. Antonio Prata | seg. Tabata Amaral, Thiago Amparo | ter. Vera Iaconelli | qua. Ilona Szabó de Carvalho, Jairo Marques | qui. Sérgio Rodrigues | sex. Tati Bernardi | sáb. Oscar Vilhena Vieira, Luís Francisco Carvalho Filho
Sebastião Santana de Souza mostra um de seus trabalhos de restauro com as pedras portuguesas em Curitiba
De onda carioca a pinhão curitibano,
calceteiro cria desenhos pelo Brasil
ativo há meio século, Sebastião Santana de Souza hoje reforma calçadas que ajudou a construir
-
Katna Baran
CuRiTiba O olhar de Sebastião
Santana de Souza, 68, parece
sempreprocurarochão.Alin-
guagem corporal do homem
de cabelos brancos, como as
pedras do petit-pavé, e a pele
bronzeada pelas jornadas ao
ar livre denuncia a timidez e
antecipa as poucas palavras
queusaparafalardotrabalho.
Hámaisde50anos,elemon-
ta calçadas portuguesas por
todo o Brasil.
Entreasobrasmaisfamosas
do calceteiro estão o desenho
das ondas do mar, no Rio de
Janeiro, onde morou por oi-
to anos. Por lá, ajudou a cri-
ar o traçado do Aterro do Fla-
mengo. “Fizemos o desenho
demar,aquelequepassanate-
levisão”, diz, lamentando por
não ter trabalhado no icôni-
co calçadão de Copacabana.
Natural de Ponta Grossa,
Paraná, Sebastião aprendeu
com os tios a encaixar o pe-
tit-pavé preto e branco —e,
mais raro, vermelho casta-
nho— formando desenhos
que ilustram a história das ci-
dades. Primos e irmãos exer-
postas e ações do Executi-
vo, qual seria a resposta do
Congresso Nacional?
Foi respondendo a essa per-
gunta que o Presidente da Câ-
mara dos Deputados, Rodri-
go Maia, deu início à constru-
ção de uma agenda social pa-
ra o país, projeto que venho
coordenando há seis meses.
A agenda social é um esfor-
ço suprapartidário e busca ser
fiscalmente neutra, com exce-
ção do primeiro de seus cin-
co pilares, que trata da cons-
titucionalização e ampliação
do Bolsa Família. Nesse caso,
cem a função até hoje. Até o
pai se inspirou e viveu seus úl-
timos15anoscomocalceteiro.
Ele não lembra a data, mas
afirma que antes mesmo dos
18 anos já tinha os moldes de
madeira que ele fez e a marre-
ta como instrumentos de tra-
balho. “Trabalhava com meus
tios quase de graça para po-
der aprender”, diz. “Outros ti-
pos de pavimento se apren-
dem rápido. Começa hoje e
já tá trabalhando amanhã,
mas, esse, demora de dois a
três anos pra pegar [o jeito].”
Também nasceram das
mãos de Sebastião algumas
calçadas em preto e branco
de São Paulo: no Guarujá, por
exemplo, deixou andorinhas.
Mas é o Paraná que mais os-
tentaseupetit-pavé,nomeco-
mo ficou conhecido o mosai-
co português no estado. No li-
toral, montou peixes. Na regi-
ão de Curitiba, xícaras.
“Cada cidade tem um sím-
bolo”, diz o artista ao admirar
o desenho de pinhão, mar-
ca paranaense, recém-crava-
do por ele no chão da capital.
Suas habilidades são requi-
sitadas também para traba-
entendemos que parte das eco-
nomias geradas pelo ajuste fis-
cal devem ser utilizadas para a
proteção dos mais vulneráveis.
Seguindo todos os estudos
que demonstram que o investi-
mento na primeira infância é o
que tem o maior retorno para
a sociedade, propomos a cria-
ção de um benefício adicional
de R$ 100 para gestantes, lac-
tantes e crianças de até 6 anos.
A proposta atualiza as linhas
de pobreza e extrema pobreza.
Dessa forma, o Bolsa Família
passará a beneficiar 3,2 mi-
lhões de crianças hoje excluí-
lhos privados. “Às vezes, me
encomendam desenhos que
não têm muito sentido”, recla-
ma. Um dos mais inusitados
e complexos foi de labirinto.
“De tão difícil, ficou feio”, ri.
Em Curitiba, ele se orgulha
de ter construído nos anos
1970 os primeiros passeios de
modelo português, do centro,
que contribuem para marcar
a identidade local. Passadas
quatro décadas, voltou para
reformar o entorno da pra-
ça Osório, em requalificação.
O ofício se manteve idên-
tico ao longo dos anos, len-
to e artesanal. Cada pedra
tem que ser lapidada à mão
para se adaptar ao desenho
do molde. Mas o modelo te-
ve que se adequar às necessi-
dades das cidades modernas,
como acessibilidade. Na atu-
al reforma em Curitiba, o pe-
tit-pavé ocupa meia calçada,
e o outro lado está sendo as-
sentado com piso tátil.
“Algumas cidades têm ado-
tado faixas de concreto liso,
desenhadas de forma coe-
rente com os padrões do piso
português, e que permitem a
circulação segura e confortá-
das e garantirá que nenhuma
família tenha renda per capi-
ta inferior a R$ 100 mensais.
O segundo pilar da agenda, a
inclusão no mercado de traba-
lho dos beneficiários dos gru-
pos mais vulneráveis, propõe
a transferência de renda pa-
ra que mulheres cadastradas
no CadÚnico e jovens que op-
taram pela formação técnica
possam criar seus negócios.
Traz propostas de integra-
ção do novo ensino médio com
a lei do jovem aprendiz e de in-
clusão no mercado de traba-
lho de pessoas com deficiência.
Karime Xavier/Folhapress
vel de cadeirantes, idosos, ce-
gos e outras pessoas com res-
trição de mobilidade”, afirma
Marcos de Souza, integran-
te do Mobilize, entidade que
avalia a qualidade das calça-
das nas capitais brasileiras.
A Prefeitura São Paulo foi
mais drástica e anunciou, em
junho, os últimos dias das cal-
çadas portuguesas do centro,
com a substituição por placas
de concreto. Em 2007, a cida-
de eliminara esse tipo de pa-
vimento da Avenida Paulis-
ta. Mesmo em Portugal o piso
vem sendo erradicado.
Em Curitiba, a administra-
ção optou por unir tradição e
modernidadenarevitalização.
“A calçada não pode ser en-
carada de maneira menos fa-
vorecida que o imóvel edifica-
do de valor cultural”, defende
a autora do livro “Calçadas de
Curitiba: preservar é preciso”,
Lúcia Vasconcelos. “São tam-
bémrepresentativasnoplane-
jamento urbano. Nada impe-
de que o antigo, recuperado,
seja conciliado harmonica-
mentecomonovo”,completa.
Para avaliar as calçadas, o
Mobilize monitora largura,
Muito conectado a ele, o ter-
ceiro pilar trata da integração
do FGTS ao seguro-desempre-
go. O objetivo é garantir uma
remuneração das poupanças
individuais condizente com as
o acesso do trabalhador a es-
se recurso, fazendo com que
valores acima de 12 salários
mínimos possam ser sacados
a qualquer momento; incen-
tivar o trabalho formal e di-
recionar recursos aos traba-
lhadores que ganham menos.
Além disso, propomos o
pagamento mensal e dire-
to no contracheque do abo-
no salarial e o fim da obriga-
toriedade de cinco anos de
cadastro no PIS/PASEP.
O quarto pilar trata da uni-
versalização do abastecimen-
to de água e do acesso a sanea-
mento básico, além da promo-
ção de atividade econômica
em regiões com pouca água.
Já o quinto pilar propõe in-
“
Algumas cidades
têm adotado faixas
de concreto liso,
desenhadas de
forma coerente
com os padrões
do piso português,
e que permitem
a circulação segura
e confortável
de cadeirantes,
idosos, cegos e
outras pessoas
com restrição de
mobilidade
Marcos de Souza
integrante do mobilize
a eee
centivos para a redução da po-
breza multidimensional e o for-
talecimento do Sistema Único
de Assistência Social (SUAS). O
objetivo é melhorar a gover-
nança do SUAS e seu financia-
mento, incentivando a coope-
ração intersetorial entre edu-
cação, saúde e assistência, e
entre entes da Federação.
O esforço que levou à cria-
ção dessa agenda social e o
engajamento de diferentes
lideranças partidárias de-
monstram que há disposição
e coragem no Congresso pa-
ra enfrentar o aumento da
pobreza e da desigualdade.
Não poderia ser diferente.
Os protestos e ondas de popu-
lismo que vêm tomando paí-
ses mostram que, quando o
desamparo social é tão gran-
de que se torna intolerável, a
política e os políticos preci-
sam agir com urgência, sob
o risco de que a própria demo-
cracia seja questionada.
regularidadeepaisagismo.No
levantamento divulgado no
mês passado, São Paulo ocu-
pa a primeira posição, com
6,93 pontos —ainda distante
da nota 10. A última colocada
é Belém (PA), com 4,52. Já Cu-
ritiba, onde Sebastião traba-
lha, está no 11º lugar (6,02).
Para os especialistas, o pro-
blema não é o petit-pavé, mas
a manutenção após interven-
ções de obras subterrâneas.
“Nenhum piso resiste a es-
se tratamento agressivo”, diz
Marcos. Porém, o custo da
mãodeobrapararealizaresse
tipo de trabalho faz com que
as calçadas vivam “cheias de
remendo”, como ele aponta.
A importância do piso para
a história e identidade da ci-
dade, no entanto, passa des-
percebida aos olhos de Se-
bastião, depois de meio sé-
culo no ofício. “Como a gen-
te trabalha há muitos anos,
já reformamos muitas obras
que nós mesmos fizemos”,
explica com naturalidade.
Origem dos
calceteiros no Brasil
tem poucos registros
A função de calceteiro só foi
reconhecida como arte com
reforma no calçadão de Co-
pacabana.
A arquiteta Lúcia Vasconce-
los, do Instituto de Pesquisa e
PlanejamentoUrbanodeCuri-
tiba, destaca em seu livro que
o ofício de calceteiro chegou
ao Brasil com os portugueses,
mas que não há dados sobre
quemcriouprimeiroessetipo
de pavimento no país.
As primeiras calçadas no
estilo foram feitas em torno
do Teatro Amazonas, em Ma-
naus (AM), e no Rio de Janei-
ro (RJ), nos primeiros anos do
século passado. “O próprio ar-
tista da arte da calcetaria era
quem executava o serviço, e
era considerado um peão de
obra”, diz Lúcia.
Em Curitiba, a chegada do
piso ocorreu no final dos anos
1920, com a preocupação de
várias localidades em formar
suas identidades regionais.
Isso se reflete nos desenhos
no chão, a maioria aludindo à
natureza, com araucárias, pi-
nhas e pinhões, ou a símbo-
los culturais, como arte indí-
gena e remanescentes da art
nouveau e art déco francesas.
“Essascalçadas,porseusde-
senhos, representam a histó-
ria e a cultura de uma época”,
aponta a autora.
A arte, explica, só se tornou
mais reconhecida depois de
assumida por arquitetos, co-
mo o paisagista Roberto Bur-
le Marx (1909-94), que rede-
senhou o mosaico português
para Copacabana, em 1970.
O traçado é igual ao da Pra-
ça do Rocio, em Lisboa, onde
o desenho simboliza o encon-
tro do Tejo com o oceano —e,
no Rio, as ondas do mar.
a eee
saúde
Com alertas em rótulos,
78% reduziriam consumo
de refrigerante no país
Pesquisa Datafolha contratada pela ONG ACT Promoção da Saúde
mostra que preço alto também frearia ingestão de bebida açucarada
-
Phillippe Watanabe
São Paulo A maior parte dos
brasileiros (78%) diz que com
certeza ou provavelmente re-
duziria o consumo de refrige-
rantes e sucos de caixinha se
houvesse alertas de excesso
de açúcar nos rótulos, mos-
tra pesquisa Datafolha.
Para 79% dos entrevista-
dos, preços mais altos de be-
bidas açucaradas também in-
duziriam à redução do consu-
mo, segundo a pesquisa, que
foi contratada pela ONG ACT
Promoção da Saúde e entre-
vistou 2.060 pessoas entre 06
e 14 de agosto deste ano.
A Anvisa aprovou recente-
mente mudanças na rotula-
gem de alimentos, com indi-
cações de altos teores de açú-
car, sódio e gorduras satura-
das e o desenho de uma lu-
pa. O modelo se assemelha
ao que é defendido pela Opas
(Organização Pan-americana
de Saúde).
A mudança visa ajudar os
consumidores a melhorar a
alimentação com escolhas
maissaudáveise,dessaforma,
auxiliarnocombateàobesida-
denopaís,problemaqueatin-
ge quase 18,9% da população
adulta e que voltou a crescer
este ano, alcançando o mai-
or índice dos últimos 13 anos.
A indústria alimentícia, po-
rém, tem se posicionado con-
tra o modelo apresentado
pela Anvisa e pressionado a
agência governamental para
a adoção de rotulagem base-
ada em “semáforos nutricio-
nais”. Segundo o setor, os mo-
delos de advertência subesti-
mariamopoderdedecisãodo
consumidor.
Emartigopublicadonomês
de outubro na Folha, João
Dornellas, presidente-execu-
tivo da Abia (Associação Bra-
sileiradaIndústriadeAlimen-
tos), defende que o modelo
de advertências não traz in-
formações suficientes para
auxiliar o consumidor a ava-
liar e comparar os alimentos
de acordo com suas necessi-
dades pessoais e familiares.
“O que contribui para uma
dieta equilibrada é a informa-
ção”, disse.
Contudo, pesquisas recen-
tes mostram que alimentos
ultraprocessados têm rela-
ção direta com ganho de pe-
so. Entre esses alimentos es-
tãorefrigerantes,salgadinhos
depacoteealimentosprontos
congelados.
AAbiatambémjácontestou
a própria classificação de ali-
mentos como ultraprocessa-
dospor,segundo o presidente
da associação, não encontrar
“respaldo na ciência e na tec-
nologia de alimentos”, embo-
ra o termo já seja adotado por
diversos grupos de pesquisa
ao redor do mundo e conste
no “Guia Alimentar para a Po-
pulação Brasileira”, do Minis-
tério da Saúde.
“Você tem dezenas de no-
mes para açúcar e o leigo não
sabe reconhecer o que é açú-
car, porque não está escrito
açúcar. Isso é proposital, ge-
ra confusão”, diz Paula Johns,
diretora-geral da ACT. “Por is-
so que você ter com clareza se
umprodutotemexcessodeal-
gum nutriente crítico, como
açúcar, sódio, gordura, é uma
demanda. Todas as pesquisas
quejáfizemossobrerótulode-
monstram que a grande mai-
oria das pessoas não sabe de
fato ler o rótulo.”
Asrespostas obtidas napes-
quisa Datafolhadeque preços
mais altos ajudariam na redu-
çãodoconsumovaiaoencon-
tro de evidências científicas,
Quais das seguintes ações fariam segundo Johns.
você reduzir o consumo de bebidas Um estudo publicado no
açucaradas como refrigerantes, ano passado na revista cien-
chás prontos e sucos de caixinha? tífica Lancet analisou dados
de 13 países quanto aos efei-
Em % tos de impostos sobre doen-
Com certeza faria reduzir o consumo ças crônicas não transmissí-
Provavelmente faria reduzir o consumo veis (como problemas cardi-
Nem reduzir, nem aumentar o consumo ovasculares e diabetes).
Provavelmente não faria reduzir o consumo A pesquisa concluiu que so-
Com certeza não faria reduzir o consumo
Não consome
bretaxar alimentos não sau-
Não sabe dáveis, bebidas açucaradas
e alcoólicas, e tabaco podem
Preço mais alto resultar em benefícios para a
população,especialmentepa-
ra as pessoas que têm menor
59 20 7 12
renda —que são também as
Informação no rótulo com alerta de muito açúcar mais afetadas por problemas
como a obesidade.
56 21 9 11 Segundo a pesquisa Data-
folha, 61% dos brasileiros são
a favor de aumentar a tribu-
tação sobre bebidas não sau-
Informações no rótulo com alerta de muito dáveis.
açúcar fariam você reduzir o consumo de No Reino Unido, entrou em
bebidas açucaradas como refrigerantes, vigor no ano passado uma
chás prontos e sucos de caixinha? taxa sobre bebidas açucara-
das com mais de 5 g de açú-
Em % car por 100 ml, o que causou
Faria reduzir o consumo movimentação desse setor
Não faria reduzir o consumo da indústria para alteração
de fórmulas.
Em 2018, a Coca-Cola ame-
Total 78 20 açou deixar o país após redu-
ção de benefícios fiscais dos
Por idade
16 a 24 anos 69 30 quais goza. O então presiden-
25 a 34 anos 76 23 te Michel Temer cedeu à pres-
são e restituiu o benefício. O
35 a 44 anos 81 18 presidente Jair Bolsonaro, em
julho, aumentou o benefício
45 a 59 anos 83 15
fiscal para a indústria de re-
60+ 79 15 frigerantes.
A Receita Federal tem au-
Por escolaridade
Fundamental 77 18 tuado indústria do setor de
refrigerantes e outras bebi-
médio 77 22
das açucaradas por, segundo
Superior 79 19 o órgão, sobrevalorizar pre-
ços para aumentar o benefí-
cio fiscal.
Johns diz que, consideran-
Preço mais alto fariam você do as pesquisas feitas sobre
reduzir o consumo de bebidas o assunto, como as Datafo-
açucaradas como refrigerantes, lha, a conscientização sobre
chás prontos e sucos de caixinha? alimentos não saudáveis tem
aumentado.
Em % “A aceitação é muito gran-
Faria reduzir o consumo de para políticas regulatóri-
Não faria reduzir o consumo as que vão modificar o ambi-
ente e ajudar a fazer escolhas
Total
melhores. Não dá para colo-
79 18
car só nas costas do indivíduo
Por idade
83 16 a questão da escolha melhor
16 a 24 anos
quando ele está em um ambi-
25 a 34 anos 79 20 ente totalmente desfavorável
35 a 44 anos 83 16
ou inviável de optar por uma
boa alternativa”, afirma.
45 a 59 anos 75 21 Em 17 de outubro, nutrici-
onistas e ONGs estiveram em
60+ 75 18 audiência pública na Câmara
Por escolaridade
73 22 dos Deputados, na Comissão
Fundamental de Seguridade Social e Famí-
médio 82 17 lia, para pedir a aprovação de
umprojetodelei,apresentado
Superior 82 15 há 12 anos, que proíbe a ven-
da de refrigerantes em esco-
las de educação básica.
A pesquisa encomendada
Você é a favor ou contra que o governo pela ACT mostra que 77% dos
crie medidas semelhantes às do brasileiros são contra a ven-
cigarro para alimentos e bebidas da de bebidas açucaradas em
com alto teor de açúcar, de sal escolas.
ou de gordura, tais como salgadinhos, Procuradapelareportagem,
refrigerantes e sucos de caixinha? a Abia questiona a forma co-
mo o estudo foi construído.
Em % “A referida pesquisa assume a
A favor existência de alimentos ‘não
Contra saudáveis’, enquanto defen-
demos que a saudabilidade
Total 72 24 está nas dietas —que podem
Por idade ser equilibradas ou não—, e
16 a 24 anos 66 32
não em um alimento isolada-
25 a 34 anos 68 30 mente.Alémdisso,aformade
construção das questões pa-
35 a 44 anos 77 21 rece querer direcionar o res-
45 a 59 anos 75 21
pondente a concordar com
o argumento apresentado.”
A associação também diz
60+ 76 19
Por escolaridade
que as medidas apontadas na
Fundamental 67 29 pesquisa não possuem “res-
74 23 paldo técnico-científico” e,
médio
“com base em experiências
Superior 79 19 internacionais, a implemen-
tação de tais restrições não
apresenta resultados efeti-
vos nas escolhas do consumi-
Fonte: pesquisa Datafolha feita com 2.060 entrevistas
realizadas entre 6 e 14 de agosto de 2019, com margem dor ou mesmo nos índices de
de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos obesidade”.
SEGuNDA-FEirA, 4 DE NOvEmbrO DE 2019
ambiente
Área abriga espécies ameaçadas
Após chegada
de óleo, visitas
a Abrolhos são
suspensas
‘Não tenho bola de cristal’, diz o
ministro da Defesa sobre extensão de
vazamento que atingiu a costa do NE
-
João Pedro Pitombo
Salvador Após a chegada
de manchas de óleo ao Par-
que Nacional Marinho dos
Abrolhos, o ICMBio (Institu-
to Chico Mendes de Conser-
vação da Biodiversidade) de-
terminou neste domingo (3)
a suspensão por três dias da
visitação ao local.
A medida se dá para não
atrapalhar as atividades de
prevenção, controle e remo-
ção do óleo e minimizar da-
nos à saúde dos visitantes. A
dependerdoavançodaspartí-
culas de óleo na região, a sus-
pensão pode ser prorrogada.
Neste domingo (3), o mi-
nistro da Defesa, Fernando
Azevedo e Silva, sobrevoou
o parque, onde o óleo foi de-
tectado pela primeira vez no
sábado (2). Em Porto Seguro
(a 715 km de Salvador), o mi-
nistro afirmou que “não tem
bola de cristal” para estimar
o volume e a dinâmica do va-
zamento do óleo que atingiu
aspraiasdolitoralnordestino.
“É um óleo difícil, que vem
a meia água. O radar não pe-
ga,osonar não pega,osatélite
não pega. A gente tem uma vi-
sualização dele quando chega
na água. É difícil, a gente não
tem um bola de cristal em re-
lação a isso”, afirmou.
O ministro falava sobre a
possível quantidade de óleo
vazada e a chance de novas
manchas continuarem atin-
gindo a costa do país.
Isso porque neste sábado
novas manchas de óleo em
grande quantidade foram re-
gistradas em praias de Salva-
dor. Somente na praia do Rio
Vermelho, uma das mais icô-
nicas da cidade por abrigar a
festa de Iemanjá, foi retirada
mais de uma tonelada de óleo
entre sábado e domingo.
Após o sobrevoo em Abro-
lhos, oministroinformou que
não houve registro de novas
manchas de óleo no arqui-
pélago. Fernando Azevedo e
Silva ainda destacou o traba-
lho da força-tarefa montada
em torno do Arquipélago de
Abrolhos,consideradooprin-
cipalberçáriodebiodiversida-
de marinha do Atlântico Sul.
“Fiz questão de passar aqui
em Abrolhos pelo sinal de on-
tem, o aparecimento de pe-
quenos fragmentos [de óleo].
É um sinal”, disse o Azevedo
Silva, que classificou o par-
que de Abrolhos como um
B5
Rubens Cavallari 2.out.19/Folhapress
“santuário ecológico”. Des-
de 31 de outubro ele tem per-
corrido o litoral do Nordeste.
Quatro navios da Marinha e
doisdaPetrobraspatrulhama
região. Equipes de mergulha-
dores estão fazendo vistorias
periódicas nos recifes de co-
ral e uma equipe de 30 pesso-
as está atuando na limpeza.
Questionadosobreasinves-
tigações dos responsáveis pe-
lo vazamento, o ministro afir-
mou que a petroleira grega
Delta Tankers, apontada pe-
la Polícia Federal como prin-
cipal suspeita pelo vazamen-
to, foi notificada.
O ministro não quis comen-
tar sobre a nota emitida pela
Delta Tankers que negou res-
ponsabilidade sobre o vaza-
mento de óleo que vem atin-
gindo a costa brasileira. Mas
afirmou que todos os indícios
apontam apara um vazamen-
todonaviogregoBouboulina.
A área concentra alguns
principais bancos de corais
do litoral brasileiro, incluin-
do espécies ameaçadas de
extinção como os corais-de-
fogo. Também registra cerca
de 1.300 espécies de plantas e
animais, incluindo as baleias-
jubarte, que buscam as águas
calmas do santuário para o
acasalamento.
Segundo balanço do Ibama,
314 locais em mais de 100 ci-
dades já foram atingidos pe-
lo Petróleo, em todos os esta-
dos do Nordeste.
Parque de 900 km²
abriga espécies
ameaçadas de extinção
100 km
Salvador
BA
Banco
dos Abrolhos
Porto
Seguro
Parque
Nacional
Marinho dos
ES Abrolhos
Vitória
B6 Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 a eee

esporte
prancheta do pvc
-
Paulo Vinícius Coelho
pranchetadopvc@gmail.com

Fla mostra que a melhor

defesa é sempre o ataque
Na polêmica entrevista cole-
tiva de sexta (1), Carille dis-
se que haveria uma mudan-
ça em comparação com o ti-
me do último treino. A sur-
presa era Méndez. O zaguei-
ro uruguaio entrou no lugar
de Manoel e a arma secreta
proposta pelo Corinthians
para enfrentar o melhor ti-
medo Brasilera... um beque.
Nenhumtimepodeserfor-
te se passar 90 minutos re-
batendo jogadas do ataque
adversário. O Corinthians
tentou se salvar no Maraca-
nã. Fracassou.
Produziu sofrimento ao
Flamengo por 44 minutos,
momento em que Éverton
Ribeiro deixou De Arrascae-
tafrenteafrentecomCássio,
Com a bandeira do Reino Unido, Lewis Hamilton comemora a conquista do seu 6º título na F-1 Mark Thompson/Getty Images/AFP no pênalti convertido por
Bruno Henrique, no rebote.
çãoimpecáveldeBrunoHen-
rique, pela faixa central do
ataque.Éprecisoparardedi-
zer que Bruno Henrique jo-
ga aberto pela esquerda. Ele
atualmente é ponta de lan-
ça, atua pelo centro do ata-
que,pertodeGabigol,ausen-
te neste domingo. Quem jo-
ga pela esquerda é De Arras-
caeta, embora entrando em
diagonalsemprecomomeia.
Esta é uma das razões de
Bruno Henrique ser o vice-
artilheiro do campeonato,
com 15 gols. Na história do
Brasileiro, só em 1984 um
mesmo time teve os dois go-
leadores.Em1984,oVascode
Roberto Dinamite e Arturzi-
nho. Contra o Corinthians,
além dos três gols, até desar-
me na defesa ele fez, contra
Fagner. Foi no lance anteri-

Hamilton é hexacampeão e
Até aqui, a atuação corintia-
natinhadefesa.Depois,ficou
indefensável.Gérsondeudri-
ble da vaca em Ralf e lançou
lindamenteparaBrunoHen-
or ao quarto gol rubro-ne-
gro, confirmação do mas-
sacre, marcado por Vitinho.
Como se previa, o clássico
do povo teve menos público

está a um título do recorde

inglês ficou em 2º nos eua e está perto da marca de michael Schumacher
-
Luciano Trindade
São Paulo O inglês Lewis Ha-
miltonterminouoGPdosEUA
em2ºlugarnestedomingo(3).
Ele confirmou a conquista do
título da F-1 em 2019 com du-
as corridas de antecedência.
O britânico está agora a um
título de igualar o recorde de
Michael Schumacher,omaior
campeão da categoria.
ValtteriBottas,seupersegui-
dor na luta pelo título, venceu
a prova, mas não pode mais
alcançar o colega da escude-
ria Mercedes na disputa pelo
campeonato. Max Verstap-
pen completou o pódio. Bot-
tas, ao menos, garantiu o vice
do Mundial com o resultado.
Apesar da vantagem inici-
al de 74 pontos na tabela de
classificação, Hamilton ten-
tou vencer a prova, que acon-
teceu em Austin. Adotou a es-
tratégia de fazer um pit stop a
menos que os rivais, mas aca-
bou ultrapassado pelo finlan-
dês Bottas quando faltavam
três voltas para o fim.
Oinglêschegouaos381pon-
tos e não pode mais ser alcan-
çado por Bottas, que tem 314.
É o 6º título de Hamilton,
que seria campeão indepen-
dentementedesuaposiçãoca-
so Bottas não vencesse a cor-
rida nos EUA. Como o finlan-
dês ficou em primeiro, o líder
seria campeão se terminasse
até a 8ª colocação.
“Meu pai me disse quando
eu tinha seis ou sete anos pa-
ra nunca desistir, e esse é o le-
ma da minha família. Tentei o
meumelhorparavencerhoje.
Agradeço à equipe, aos orga-
nizadores do GP e aos ame-
ricanos pela estrutura e pe-
lo apoio”, disse logo depois
da a prova.
A conquista de Hamilton
no GP dos EUA, o antepenúl-
timo desta temporada, con-
firma uma tendência recente
na F-1: a decisão do Mundial
por antecedência. É a tercei-
ra vez seguida que isso ocor-
re, em todas com o inglês le-
vando o troféu de campeão.
Dos seis títulos conquista-
dos pelo britânico, aliás, qua-
tro foram definidos antes do
fim do campeonato: em 2015,
2017, 2018 e, agora, em 2019.
No século, há um equilíbrio.
Desde 2001, 11 das 19 tempora-
das foram decididas antes do
fim do calendário, o que ine-
vitavelmente tira um pouco
do apelo das etapas restantes,
comoapróxima corridadeste
ano, o GP do Brasil, no dia 17.
Até o Mundial de Constru-
tores já está definido, com a
a quantas corridas do fim da temporada
o título foi decidido
2001 michael Schumacher
2002 michael Schumacher
2003 michael Schumacher
2004 michael Schumacher
2005 Fernando alonso
2006 Fernando alonso
2007 Kimi raikkonen
2008 Lewis Hamilton
2009 Jenson button
2010 Sebastian vettel
2011 Sebastian vettel
2012 Sebastian vettel
2013 Sebastian vettel
2014 Lewis Hamilton
2015 Lewis Hamilton
2016 nico rosberg
2017 Lewis Hamilton
2018 Lewis Hamilton
2019 Lewis Hamilton
Mercedes, de Hamilton e Bot-
tas,campeã(tem695pontos).
A segunda colocada é a fer-
rari, de Vettel e Leclerc (com
479). As últimas duas corri-
das no circuito de Interlagos
também foram com este ce-
nário. O curioso é que, mes-
mo assim, o público compa-
receu em grande número ao
último GP Brasil.
Segundo os organizadores
da prova, 150.307 torcedores
estiveram no Autódromo de
Interlagos durante o fim de
semana da etapa disputada
em 2018 —foi o melhor pú-
blico da corrida desde 2010,
ano em que 155.213 pessoas
foram ao circuito.
Desde 2004, quando o even-
to em São Paulo passou a fi-
car entre as últimas do calen-
dário, em sete oportunidades
o campeonato chegou aqui já
definido. Por outro lado, seis
vezes o campeão foi decidido
justamente no Brasil (2005,
2006, 2007, 2008, 2009 e 2012).
Lewis Hamilton, inclusive,
conquistou o primeiro títu-
lo de sua carreira em Interla-
gos, no dia 2 de novembro de
2008, em uma das corridas
mais marcantes do circuito.
O brasileiro Felipe Massa,
comsuaFerrari,chegouacru-
zar a linha de chegada em pri-
meiro e como campeão mun-
dial,mas,naúltimacurva,Ha-
milton, então piloto da McLa-
a 4 corridas
a 6 corridas
na última prova
a 4 corridas
a 2 corridas
na última prova
na última prova
na última prova
a 1 corrida
na última prova
a 4 corridas
na última prova
a 3 corridas
na última prova
a 3 corridas
na última prova
a 2 corridas
a 2 corridas
a 2 corridas
ren, ultrapassou o alemão Ti-
mo Glock, pulou para a quar-
ta posição e tirou o título de
Massa, por diferença de ape-
nas um ponto.
Hamiltonvoltariaasercam-
peãonaúltimaprovaseisanos
depois, em 2014, quando ven-
ceu o GP de Abu Dhabi, tor-
nando-se bicampeão mundi-
al, em seu primeiro título pe-
la Mercedes.
Disputar as últimas duas
provas deste ano já com o tro-
EsportE ao vivo
16h 16h Stoke x West
Bromwich
2ª div. inglesa, espn br.
18h
19h30 Unifacisa
x Botafogo
20h
basquete, DAZn
20h Coritiba x Sport
Série b, sporTV
22h
22h15 Dallas Cowboys
x New York Giants
nFL, espn
0h
féu de campeão assegurado
dará ao inglês mais tranquili-
dade para seguir em busca de
novos recordes na F-1.
Uma das marcas mais im-
portantes que ele busca é o
número de vitórias de Mi-
chael Schumacher, recordis-
ta da categoria, com 91 triun-
fos. O inglês acumula 83 e tem
mais um ano de contrato com
a Mercedes. O calendário de
2020 ainda não está fechado,
mas são previstas, ao menos,
22 provas.
Além disso, o agora hexa-
campeão já negocia com a es-
cuderia alemã a renovação de
seu contrato.
“Sempre gostei de desafios
e esta equipe mostrou que es-
tá bem preparada para reagir
a todas as mudanças”, disse,
em referência ao novo regu-
lamento da F-1, que entrará
em vigor em 2021.
Recordista de poles (87), se-
gundo piloto com mais vitó-
rias na principal categoria do
automobilismoecomseusex-
to título na bagagem, Lewis
Hamilton também está pre-
parado para a nova F-1 que
está por vir e pronto para al-
cançar novos recordes, sobre-
tudo, igualar o heptacampeo-
nato de Michael Schumacher.
Com o resultado deste ano,
deixou para trás o argenti-
no Juan Manuel Fangio (1911-
1995), que venceu o Mundial
cinco vezes.
Perguntado após a corrida
deste domingo sobre quantos
títulos pretende ganhar, Ha-
milton disse não ter um nú-
mero alvo.
O inglês tem agora o do-
bro de Mundiais que seu ído-
lo na velocidade, Ayrton Sen-
na (1960-1994), vencedor em
1988,1990 e 1991.
Quando igualou Senna no
número de pole positions na
carreira (65), em 2017, Hamil-
ton recebeu da família do bra-
sileirocomohomenagemuma
réplica do capacete do brasi-
leiro e começou a chorar.
“Estoutremendo.Estousem
palavras. Sei que para muitos
de vocês Ayrton era o piloto
favorito. Para mim também.
Ele me inspirou para que eu
pudesse estar onde estou ho-
je”, disse Hamilton à época.
Alémdosseistítulosmundi-
ais e das 83 vitórias na carrei-
ra, o britânico chegou ao pó-
dio 150 vezes, tem 87 poles e
por 46 vezes fez a volta mais
rápida de uma prova .
Somando-se todas as suas
248 corridas pela F-1 desde
sua estreia, em 2007, ele tem
3.399 pontos.
rique marcar 2 a 0. do que Flamengo e CSA, pe-
Quando nasceu a forma- la separação das torcidas. Se
ção escalada por Carille, ain- os alagoanos levaram 1 a 0,
danasexta,aprimeiraobser- a ex-melhor defesa do país
vação séria era de que não caiude4—porqueoFlamen-
haveria flecha. Se há times go teve humildade em gol...
surpreendendo o Flamen- Difícil entender como será a
go ao quebrar sua primeira recuperaçãodoCorinthians.
linha de marcação, no ata- Mas o Flamengo indica que
que, e obrigar seus zaguei- pode ser necessário um no-
ros a ficar no mano a mano, vo modelo de jogo, porque
como no gol de Michael, em o Brasileiro deste ano dá a
Goiânia, o Corinthians só ti- ideia de que o ataque pode
nha uma chance de fazer is- ser a premissa para os pró-
to, chamada Pedrinho. ximos anos. Sempre com o
Depois da parada técnica cuidado de não criar verda-
do 1º tempo, Carille tirou Pe- des definitivas.
drinho da ponta e puxou-o A goleada e a demissão de
paraomeio,como2ºatacan- Carille colocam o Corinthi-
te.Nãohouvenenhumlança- ans numa encruzilhada. O
mento para explorar sua ve- estilo pragmático vencedor
locidade.Ospassesmaislon- nos últimos dez anos pode
gos visavam Gustavo, de 1,89 dar certo nas próximas tem-
m, bom pelo alto, lento para poradas? Por esta pergunta
vencer Rodrigo Caio e Marí. tem de passar a escolha do
Foi Pedrinho quem fez o novo técnico. Ou ataca ou
passe para o gol de Carlos, pode viver os próximos Bra-
deixando o jogo 3 a 1. Atua- sileiros na mesma situação.
Flamengo com reinier e Bruno henrique no ataque
arrascaeta
b. Henrique
W. arão
gérson
reinier
É. ribeiro
Corinthians: única flecha era pedrinho
m. vital
Carlos
ramiro
gil
ralf gustavo
Cássio
méndez
J. urso
Fagner
Pedrinho
ESPERaNÇa
O Palmeiras jogou mal contra o Ceará e tem mais dificul-
dades quando enfrenta times fechados, como o montado
por Adílson Batista. Mais fácil para o Palmeiras é ter cam-
po para explorar velocidade. Não é Mano x Felipão. É a ca-
racterística do time.
maldito VaR
A comissão de arbitragem da CBF provavelmente mostra-
rá vídeo para explicar em que momento se marca a bola
no pé do lançador, para definir se há ou não impedimento.
Tudo por causa do gol anulado do Ceará, no sábado (2). A
decisão do árbitro foi considerada correta.
a eee Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019 B7

esporte

O massacre do Maracanã tida estivesse empatada.

o Fla não deu chance para o azar. Se impôs com pose de heptacampeão. viva!
- levou de 5 a 0, três gols de dife-
Juca Kfouri
Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela uSP
O Flamengo está anos-luz à
frente do Corinthians e fez va-
ler a superioridade sem permi-
tir que se abrisse a gaveta da
caixinha de surpresas.
Aumentou para 55 a 53 a van-
tagem histórica no confronto
direto e para 25 a 24 no Cam-
peonato Brasileiro.
Mais: ao não permitir a apro-
ximação do Palmeiras, aproxi-
mou-se ainda mais de seu sé-
timo título brasileiro, com o
que se igualará ao Corinthi-
ans como maiores vencedo-
res desde 1971.
Como pode ser bicampeão
da Libertadores, superará o
rival alvinegro em conquistas
da taça continental.
Assim como pode empatar
em títulos mundiais caso che-
gue ao Liverpool e o derrote,
coisa que é melhor nem cogi-
tar por enquanto.
Tudo isso poderá ser mera
consequência de um clube que
entrou nos trilhos na compa-
ração com o outro que des-
carrilhou. Por enquanto o que
se viu não surpreendeu: a fla-
grante diferença técnica entre
os dois times, mesmo com o lí-
der desfalcado de seu artilhei-
ro Gabigol.
Sem Gabigol, mas com Bru-
no Henrique que fez 1 a 0, 2 a 0
e 3 a 0, os dois primeiros gols
no fim do primeiro tempo, aos
45 e 47 minutos, o terceiro aos
20 segundos do segundo tem-
po, num jogo que até a aber-
tura do placar não parecia pa-
ra tanto, até porque o zagueiro
corintiano Gil fazia uma apre-
sentação exuberante.
O gol alvinegro de Mateus
Vital deu a esperança aos fiéis
de uma derrota digna e diga-
se que o 3 a 0 era um exagero.
Facilmente explicável: a di-
ferença individual entre os 22
jogadores em campo, exem-
plificada na comparação en-
tre Bruno Henrique e Gustavo.
Além do mais, depois de duas
atuações inconvincentes contra
CSA e Goiás, o Flamengo preci-
sava mostrar firmeza e mostrou
com requintes de crueldade, até
ao perder pênalti e abrir o pla-
car no rebote de Cássio.
Para um time como o rubro-
negro, que antes da chegada de
Jorge Jesus perdia resignada-
mente, a metamorfose foi radi-
cal, porque mesmo ganhando
de 3 a 1 jogava como se a par-
Daí para o 4 a 1, com Vitinho,
foi um passo.
Ao som de olé, o único conso-
lo dos alvinegros era lembrar
que se o Grêmio que é o Grêmio
rença saía barato.
Outra vez o Maracanã lotou,
com 65 mil torcedores, e outra
vez fez a festa que o time me-
rece, não apenas porque ven-
ce e lidera o campeonato, mas
porque sempre retribui com es-
petáculo a presença dos seus
adeptos, como diz seu treina-
dor lusitano.
Para o gasto
Nem o Palmeiras agradou na
magra e sofrida vitória por 1
a 0 sobre o Ceará, nem o São
Paulo na sobre a Chapecoen-
se por mentirosos 3 a 0.
Ambas valeram apenas e tão
somente para os objetivos dos
dois clubes: manter-se vivo na
luta pelo título e por vaga na
Libertadores.
Ao ler estas mal traçadas as
raras leitores e raros leitores
alviverdes e tricolores já terão
esquecido a irritação vivida no
sábado (2) à noite e apenas vi-
vem a satisfação de constatar
a posição de seus times na tá-
bua de classificação.
Porque se contentar com
pouco é direito que todos têm.
Viva Jesus!
Três perfis exemplares de
Jorge Jesus foram apresenta-
dos na seção de Esporte des-
ta Folha.
O primeiro, de Mathias Alen-
castro, no dia 25 de outubro.
Os dois últimos, no domin-
go (3), por Bruno Rodrigues e
Toni Assis e por Ricardo Ara-
újo Pereira.
Entende-se perfeitamente
por que o Mister virou xodó
da torcida rubro-negra, coro
no Maracanã e admirado pe-
los especialistas.

| dom. Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho, Tostão | seg. Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho | | qua. Tostão | qui. Juca Kfouri | sex. Renata Mendonça | sáb. Katia Rubio

Encantado com Jesus, Brasil Fla goleia Corinthians

tem 3 campeões em Portugal
Técnicos brasileiros já fizeram sucesso no país do treinador flamenguista
Otto Glória (à esq) foi campeão pelo Benfica e 3º na Copa de 1966; Felipão foi finalista da Eurocopa
-
Marcos Guedes
são Paulo Com a vantagem
do Flamengo na liderança
do Campeonato Brasileiro, o
técnico Jorge Jesus tem boas
chancesdesetornaroprimei-
ro português a dirigir um ti-
me na conquista do torneio.
Aclamado pelo trabalho re-
alizado no clube desde junho,
o “Mister”, como é chamado,
faz caminho novo e inverso
ao trilhado pelos brasileiros
que cruzaram o Atlântico pa-
ra triunfar em Portugal.
O mais notório deles foi Ot-
to Glória (1917-1986), carioca
tratado como um dos gran-
des nomes da história do fu-
tebol lusitano. Campeão por-
tuguês 6 vezes entre os anos
1950 e 1960, ele abriu cami-
nho para o mato-grossense
Yustrich (1928-1990), vence-
dor em 1956, e o mineiro Car-
los Alberto Silva (1939-2017),
bi na década de 90.
No Benfica, as glórias são
de Otto, que chegou ao clube
aos 37 anos, após alguns tra-
balhosnoRio.Logonaprimei-
ra temporada (1954/55), con-
quistou o Português e a Taça
de Portugal, início de trajetó-
ria que lhe renderia a meda-
lha de prata da Ordem do In-
fante Dom Henrique, honra-
ria valiosa no país.
EledesembarcouemLisboa
comaresponsabilidadededar
cara mais profissional aotime
da Luz, mas o fez sem abrir
mão do paternalismo. Se im-
plantou o regime de concen-
tração e criou regras mais rí-
gidas para os jogadores, pas-
sou a protegê-los de críticas.
O vestiário passou a ser tra-
tado como lugar sagrado, no
qual era proibida até a pre-
sença do presidente do clube.
O brasileiro levou ainda de
suaterraoesquema4-2-4,que
se mostrou efetivo. Ao fim do
primeiro semestre de traba-
lho, a diretoria já comemora-
va o resultado do investimen-
to feito para contratá-lo.
“Apesar do pesado encar-
go [...], não hesitamos um mi-
nuto. A razão da nossa atitu-
de parece bem justificada pe-
la obra que o reputado técni-
co conseguiu fazer em menos
de seis meses de permanên-
ciaentrenós.Nãoserápreciso
dizer mais nada...”, afirmava o
relatório da gerência do clube
apresentado ao fim de 1954.
Após o sucesso em 1954/55,
Otaviano Martins Glória ain-
da levaria o Benfica ao título
português outras três vezes,
em 1957, 1968 e 1969. Coman-
doutambémostítulosdorival
Sporting em 1962 e 1966, diri-
giu Porto e Belenenses e este-
ve à frente da melhor campa-
nhadePortugalemMundiais.
Na Copa de 1966, na Ingla-
terra, era Otto o técnico da
seleção que fez 3 a 1 no Bra-
sil, castigou Pelé e tirou os bi-
campeões da disputa na 1ª fa-
se.Eusébio,quejáerabemco-
nhecidodotreinador brasilei-
ro, contribuiu para que o time
chegasse ao inédito 3º lugar.
Sempre lembrado pela fra-
se que lhe é atribuída –sobre
a tênue diferença entre o trei-
nador“bestial”e“umabesta”–,
Glória chegou a conviver em
Portugal com Yustrich.
Na temporada 1955/56, a se-
gunda de Otto no Benfica, o
vencedor do campeonato foi
o Porto de Yustrich –que aca-
bara de chegar ao país, tam-
bém aos 37 anos, na esteira
do sucesso do compatriota.
Nascido Dorival Knippel,
em Corumbá (antes de o Ma-
to Grosso do Sul se separar do
Mato Grosso), Yustrich vestiu
como técnico o personagem
ultradisciplinador.
Na base do “eu ganho, nós
empatamos, vocês perdem”,
colecionou desafetos. No Bra-
sil, chegou a ser perseguido
por um armado João Salda-
nha. Em Portugal, trocou so-
cos com o atacante Hernâni
daSilva,oque acabou causan-
do sua saída do Porto.
“Foi Yustrich que agrediu o
jogador, aplicando-lhe uma
‘gravata’ e atirando-o contra
a parede, onde o esmurrou”,
relatou O Comercio do Porto
na época. Yustrich regressou,
então, ao Brasil. Otto Glória fi-
cou na Europa, enfileirou tro-
féus e abriu ainda mais espa-
ço para os treinadores do pa-
ís em solo português.
Otto Bumbel e Marinho Pe-
res também conquistaram a
Taça de Portugal. Nomes co-
mo Abel Braga e Paulo Autu-
ori, que hoje trabalham no
Brasil, também passaram pe-
lo futebol português. Luiz Fe-
lipe Scolari foi o treinador da
seleção lusitana entre 2003 e
2008,conseguindoumviceeu-
ropeu e um 4º lugar na Copa
do Mundo de 2006.
Depois do último Portu-
no Maracanã e provoca
demissão de Carille
FLAMENGO 4
CORINTHIANS 1
cular. Vão sair três ou quatro
nomesamanhã[segunda,4].
Vai ter mudanças drásticas”,
são Paulo A lógica prevale- completou em seguida.
ceu neste domingo (3), no Na quarta, o Corinthians
Maracanã. O Flamengo im- recebe o Fortaleza, pela 31ª
pos seu jogo, muito superi- rodada do campeonato.
or ao Corinthians. A golea- Andrés está também insa-
da de 4 a 1 provocou a que- tisfeito com o desempenho
da de Fabio Carille, que já dealgunsjogadores,quenão
balançava no cargo nas úl- quisnominarnovestiáriodo
timas semanas. Maracanã.Apósaderrotapa-
Oanúncio dasaídado trei- raoCSA,nasemanapassada,
nador foi feito minutos após ele já havia dito que o time
a derrota que fez o Flamen- estava apático em campo.
go voltar a ter oito pontos de O nome preferido pela di-
vantagem sobre o Palmeiras retoria é o de Tiago Nunes,
na liderança do Brasileiro. que hoje está no Athletico-
Desde o início do jogo, o PR. Mas há o consenso de
Corinthians não teve res- que ele só poderia chegar
posta para o volume de jo- no início de 2020.
go dos donos da casa, que O Corinthians está há 8 jo-
venceram com três gols de gossemvencernoBrasileiro.
Bruno Henrique e um de Vi-
tinho. Mateus Vital descon- SANTOS 4
tou para os paulistas. BOTAFOGO 1
O presidente Andrés San-
chez negou que a mudança Na Vila Belmiro, o Santos
no comando aconteceu por goleou o Botafogo por 4 a
causa dos protestos de tor- 1 e evitou que o Palmeiras
cedores que aconteceu em aumentasse a distância na
Folhapress e Odd Andersen-8.jul.06/AFP frente ao centro de treina- segunda posição da tabela.
mento, no sábado (2). O time de Jorge Sampaoli
“Vamos juntar os cacos marcou com Marinho, Edu-
guês vencido por Glória, em amanhã e quarta (6) tem ou- ardo Sasha e Soteldo, duas
1969, só um brasileiro repetiu tro jogo. Infelizmente che- vezes.IgorCássiodescontou.
o feito. Carlos Alberto Silva gamos neste ponto por vári- A equipe santista chegou
foi campeão em 1992 e 1993. os motivos. Temos que rea- aos 58 pontos, ficando cinco
Quando morreu, em 2017, aos gir na quarta-feira. Nos mo- atrás do vice-líder Palmeiras
77 anos, recebeu homena- mentos difíceis a nossa tor- e seis a frente do São Paulo.
gens do clube pelos serviços cida nos apoia muito”, disse O próximo compromis-
prestados. o dirigente. so do Santos é fora de casa,
JorgeJesusconheceessasvi- “Vai ficar pouca gente. No- contra o Avaí, às 21h da pró-
tóriasejádeclarouterparticu- me não vou falar para espe- xima quarta-feira.
laradmiraçãoporOttoGlória.
Campeonato Brasileiro
P J
1º Flamengo 71 30
2º Palmeiras 63 30
3º Santos 58 30
4º São Paulo 52 30
5º grêmio 50 30
6º athletico-Pr 46 30
7º internacional 45 30
8º Corinthians 43 30
9º bahia 42 30
10º goiás 39 29
11º vasco 39 30
12º Fortaleza 36 30
13º atlético-mg 36 30
14º botafogo 33 30
15º Ceará 33 30
16º Cruzeiro 33 30
17º Fluminense 31 30
18º CSa 29 30
19º Chapecoense 21 30
20º avaí 17 29
Libertadores Sul-americana rebaixamento
Pontos | Jogos
30ª rodada
Sábado (2): Fortaleza 2x2 vasco;
Palmeiras 1x0 Ceará; Fluminense 0x0
vasco; Chapecoense 0x3 São Paulo
Domingo (3): Flamengo 4x1 Corinthians;
grêmio 2x0 inter; athletico-Pr 1x0
CSa; Cruzeiro 1x1 bahia; Santos
4x1 botafogo; goiás x avaí*
*não encerrado até a conclusão desta edição Carille durante o jogo no Maracanã Ide Gomes/ FramePhoto/O Globo
folhacorrida
boa semana a todos
monumento à Revolta do Povo de Kordun e banija em
Petrova Gora, Croácia; memoriais contra o fascismo são típicos
do brutalismo, e muitos sofrem com falta de manutenção
Países da antiga Iugoslávia
mantêm relíquias brutalistas
BELGRADO | REutERs A Torre
Genex é impossível de não
ser vista na estrada que vai
doaeroportodeBelgrado,na
Sérvia, até centro da cidade.
Seus dois blocos altos, co-
nectadosporumapontesus-
pensaecobertosporumres-
taurante rotativo que parece
uma cápsula espacial, fecha-
do há tempos, são uma visão
tão incomum que a torre de
1977 virou ímã para turistas,
apesar de anos de descuido.
Atorreéumgrandeexem-
plodobrutalismo—umesti-
loarquitetônicopopularnas
décadasde1950e1960,base-
adoemformasbrutasdecon-
creto armado. Ele foi muito
adotadoemtodooblocoori-
ental da Europa, mas a anti-
gaIugosláviacriouoseupró-
prio, aproveitando-o como
uma maneira de forjar uma
identidade visual equilibra-
daentreoLesteeoOcidente.
Depois da Segunda Guer-
ra, a Iugoslávia, liderada por
Josip Broz Tito, partiu para
Prédio residencial em nova belgrado, bairro na capital sérvia
mensageiro sideral
Vem aí o trânsito de Mercúrio
A próxima segunda-feira (11)
nos reserva um evento celes-
te fascinante, em plena luz do
dia:oplanetaMercúriotransi-
taráàfrentedodiscosolar.Se-
rá como um minieclipse. Mas
põe míni nisso. A olho nu, se-
rá totalmente imperceptível
(o que até é uma ótima notí-
cia,porqueninguémdeveficar
olhandoparaoSolaolhonu).
Dos planetas do Sistema
Solar, só os que têm órbitas
a reconstrução da terra des-
truída pelos combates. Ini-
cialmente aliado à União So-
viética, Tito rompeu com Jo-
seph Stalin em 1948.
Blocosresidenciais,hotéis,
centros cívicos e monumen-
tos, todos feitos de concre-
to, brotaram por todo o país.
Aarquiteturadeveria mos-
trar o poder de um Estado
entre dois mundos —a de-
mocracia ocidental e o les-
te comunista, procurando
seguir seu caminho e criar
uma utopia socialista.
Após a morte de Tito em
1980 e a crise econômica
que se instaurou, novas eli-
tesprocuraramsedistanciar
do regimesocialista,incluin-
do sua arquitetura. Em 1991,
começou a série de guerras
que levaram ao colapso.
Agora, o interesse por es-
se estilo está aumentando.
Veja algumas construções
típicas do movimento nos
países da antiga Iugoslávia.
TraduçãodeLuizrobertomendesgonçalves
mais internas que a da Terra
podem se colocar entre nós
e o Sol: Mercúrio e Vênus. Os
trânsitos de Vênus (dentre os
dois, o planeta maior e mais
próximo) são mais imponen-
tes e raros, ocorrendo apenas
duas vezes por século, em su-
cessão relativamente rápida.
Infelizmente, neste século 21,
jáera,poisostrânsitosvenusi-
anosforamem2004e2012.Os
próximosvirãoem2117e2125.
a eee
Segunda-Feira, 4 de novembro de 2019
Complexo de edifícios residenciais Portão da Cidade oriental, em belgrado
Salvador Nogueira
folha.com/mensageirosideral
Melhor não esperar por eles.
Os de Mercúrio são mais
discretos, mas também mais
frequentes, por conta da ór-
bita mais curta do planeta ao
redor do Sol. Eles acontecem
sempre em maio ou novem-
bro. O último foi em 2016 e o
próximo, caso você perca o
deste ano, virá em 2032 (ao
todo, serão 14 neste século).
Mercúrio (com 4.800 km de
diâmetro, pouco mais de um
B8
terçodoterrestre),aquase100
milhões de km de distância,
é uma bolinha minúscula. O
tamanho aparente do Sol no
céu é 158 vezes maior, apesar
de estar mais afastado (150
milhões de quilômetros), pe-
lo simples fato de ser absur-
damente maior (1,4 milhão de
quilômetrosdediâmetro).Re-
sultado:oplanetinhavagando
à frente do Sol aparece como
um pontinho, menor até que
as próprias manchas solares.
Isso significa que não bas-
tará ter um filtro adequado
(como um vidro de soldador)
Fotos marko djurica/Reuters
À esq., a torre
Karaburma,
também
conhecida
como ‘edifício
toblerone’,
em belgrado
abaixo, a
torre Genex,
em belgrado,
um dos grandes
exemplos do
brutalismo
na sérvia
para observar o trânsito. Ape-
nas com telescópios apropri-
ados para observação solar,
equipados com filtros apro-
priados e capacidade de au-
mentar a imagem, será pos-
sível ver o fenômeno.
A recomendação, portanto,
éentraremcontatocomalgu-
ma organização astronômica
na sua cidade que esteja pro-
movendo uma sessão de ob-
servação pública com equipa-
mentos adequados. Na falta
disso, a alternativa mais sim-
ples é procurar no dia uma
das muitas transmissões ao
AgendA
dA semAnA
Terça, 5
economia. equipe de Paulo
guedes divulga pacote de
reformas administrativas
Cinema. Folha realiza sessão e
debate de “o relatório”, às 20h, no
espaço itaú de Cinema Frei Caneca
Quarta, 6
economia. ocorre o megaleilão
da cessão onerosa de petróleo
diálogos. Folha e editora Sextante
fazem conversa com o maestro Jo-
ão Carlos martins, às 18h, no Teatro
Folha, no shopping Higienópolis
Campeonato brasileiro. Corinthi-
ans enfrenta o Fortaleza às 19h30,
Santos joga contra o avaí às 21h e
Palmeiras pega o vasco às 21h30
Quinta, 7
Votação. STF retoma o julgamento
sobre prisão após condenação
em segunda instância
economia. ibge divulga a
inflação do mês de outubro
Campeonato brasileiro. São Paulo
encara o Fluminense às 19h30
Sábado, 9
Campeonato brasileiro. Santos
encara o goiás às 17h, e Palmeiras
e Corinthians jogam às 19h
Domingo, 10
Campeonato Brasileiro. São Paulo
duela com o athletico-Pr às 16h
acervo folha
Há 50 anos
4.nov.1969
No Rio, Orlando
Geisel assume
o Ministério
do Exército
O general Orlando Geisel as-
sumiu o Ministério do Exérci-
tonestasegunda (3), noRio.O
cargo foi transmitido pelo ge-
neral Aurélio de Lyra Tavares,
que discursou na solenidade.
“Cuidarei sem desânimo,
com os pés no chão e olhos
no futuro, da eficiência do
Exército e da total consagra-
ção de meus comandados aos
trabalhos da profissão mili-
tar. Perseverarei na ação até
o fim, com humildade e senso
de justiça”, disse Orlando Gei-
sel, irmão de Ernesto Geisel.
Três outros ministros assu-
miram também suas pastas:
Jarbas Passarinho (Educa-
ção), João Paulo dos Reis Vel-
loso (Planejamento) e Fran-
ciscodaRocha Lagoa(Saúde).
h LEIA MAIS EM
acervo.folha.com.br
vivo pela internet.
O trânsito será visível do co-
meço ao fim em todo o terri-
tório nacional. Ele começa,
pelo horário de Brasília, por
volta de 9h35 (o horário exa-
to varia com a posição no glo-
bo), e Mercúrio estará inteira-
mente à frente do disco solar
pouco mais de um minuto de-
pois. O trânsito segue adiante
comoplanetavagando àfren-
te da estrela e atinge seu ápice
(com Mercúrio mais perto do
“meio” do Sol) às 12h19. A tra-
vessia se conclui às 15h04. De-
pois disso, só daqui a 13 anos.