Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Processo: 07A2206
Nº Convencional: JSTJ000
Relator: FARIA ANTUNES
Descritores: RESPONSABILIDADE CONTRATUAL
CAUSALIDADE ADEQUADA
REDUÇÃO DA INDEMNIZAÇÃO
Nº do Documento: SJ200709250022061
Data do Acordão: 25-09-2007
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Sumário :
1- O artº 563º do CC consagra a teoria da causalidade adequada na variante
negativa, que é a mais ampla e que tem um sentido ético da culpa menos
restritivo, de acordo com a qual a previsibilidade do agente se reporta ao facto
e não aos danos, o que significa que o agente será sempre responsável pelos
danos que jamais previu, desde que provenham de um facto – condição deles
– que ele praticou e que visualizou, sendo um facto causal de um dano quando
é uma de entre várias condições sem as quais o dano não se teria produzido.
2- Tratando-se de responsabilidade contratual, desde que o devedor ou lesante
praticou um facto ilícito e este actuou como condição de certo dano, justifica-
se que o prejuízo recaia, em princípio, sobre quem, agindo ilicitamente, criou
a condição do dano, o que só deixa de ser razoável a partir do momento em
que o facto ilícito, na ordem natural das coisas, se pode considerar de todo em
todo indiferente para a produção do dano registado por terem concorrido
decisivamente circunstâncias extraordinárias, fortuitas ou excepcionais.
3- A redução da indemnização prevista no artº 494º do Código Civil apenas
opera em matéria de responsabilidade extraobrigacional (aquiliana).
Nº do Documento: SJ200709120006724
Data do Acordão: 12-09-2007
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Nº do Documento: SJ200707050021327
Data do Acordão: 05-07-2007
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Sumário :
1. O cálculo das indemnizações por danos futuros, deve apoiar-se tanto em
tabelas financeiras como em fórmulas matemáticas como meio de mais
facilmente se obter um valor equitativo e equilibrado da indemnização por
danos futuros. Tem-se usado em algumas decisões do S.T.J., para obtenção do
valor da indemnizações por danos futuros, tabela financeira, entre elas a
seguinte : C = Px[1/i – 1+i/(1+i)) Nx i] + P x (1+ i) –N , em que: C -
representa o valor do capital (total) com juros acumulados até ao fim dos anos
de vida activa provável do sinistrado; P - o valor do rendimento anual do
último ano de trabalho do lesado antes do sinistro; I - a taxa de juros provável
no decurso da vida activa e N - o número de anos de vida activa provável que
o sinistrado trabalharia se não fosse vítima do acidente.
2. O montante da indemnização por danos não patrimoniais deve ser
proporcional à gravidade do dano e calculado segundo as regras da prudência,
do bom senso prático e da justa medida das coisas.
3. Deve ter-se em consideração o sofrimento do lesado, durante e após o
acidente bem como as dores físicas e morais de que a vítima sofreu e sofre,
bem como o desgosto que as mazelas lhe trouxeram ou trazem.
Nº do Documento: SJ200705290013406
Data do Acordão: 29-05-2007
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Sumário :
I - O n.º 2 do art. 40.º da LBA (Lei 11/87, de 07-04, com as alterações da Lei
n.º 13/2002 de 09-02) prescreve que os cidadãos directamente ameaçados ou
lesados no seu direito a um ambiente de vida humana sadia e ecologicamente
equilibrado podem pedir no termos gerais de direito, a cessação das causa de
violação e a respectiva indemnização.
II - Por força do preceituado nos arts. 71.º, n.º 2, da Lei 267/85, de 16-07, e
498.º, 304.º, n.º 1, e 306.º, n.º 1, todos do CC, o direito de indemnização
prescreve no prazo de 3 anos, a contar da data em que o lesado teve
conhecimento do direito que lhe compete.
III - O facto praticado pelo Município - mudança da linha de água, «que
trouxe a poluição para junto das habitações dos recorrentes» - é o facto
determinante para a contagem do início do prazo para a prescrição, pois desde
então que os recorrentes passaram a saber que tinham direito à indemnização.
IV - O facto gerador da responsabilidade extracontratual conducente ao
pedido de indemnização esgotou-se na data em que ocorreu. É a ocorrência do
facto e não a permanência ou esgotamento das suas consequências que releva
para efeito da prescrição.
V - O que nada tem a ver com a indemnização são as consequências desse
facto. Essas perduram no tempo, mas sendo a consequência do facto já se
englobariam na indemnização arbitrada. Quer a indemnização seja em
dinheiro quer se reporte à restituição natural a prescrição do direito ambas
engloba.
VI - Assim o pedido de indemnização que os recorrentes peticionaram ao
Município, já se encontrava prescrito à data em que a acção foi proposta, pois
o desvio da linha de água e a destruição do caminho ocorreu pelo menos em
1988 e a acção foi intentada em 1993.
VII - Os agentes poluidores é que têm que cessar a sua actividade de modo a
que os recorrentes tenham um ambiente saudável. Para fiscalizar esses
poluidores há entidades competentes.
VIII - A cessação da poluição ambiental impende sobre o agente poluidor e
não sobre o Município, que como resulta dos factos dados como provados não
polui a linha de água a que se reportam os autos.
Nº do Documento: SJ20070517012952
Data do Acordão: 17-05-2007
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Sumário :
1. Subjacente ao levantamento de numerário de uma máquina automática de
caixa e à operação de pagamento automático está um contrato, designado por
“contrato de utilização” do cartão.
2. Trata-se de um contrato acessório instrumental, em relação ao contrato de
depósito bancário ou ao de abertura de crédito em conta corrente.
3. As cláusulas do “contrato de utilização” – contrato pré-elaborado e que
apresenta todas as características de contrato de adesão – são unilateralmente
impostas pelo banco, que é, em regra, o contraente mais forte, reduzindo-se a
liberdade contratual do titular do cartão à decisão de aderir ou não ao contrato.
4. Daí a exigência de um controlo a posteriori – controlo incidental – das
condições gerais inseridas nesse tipo de contrato, ou do seu controlo
preventivo – controlo abstracto -, através de uma acção inibitória, destinada a
erradicar do tráfico jurídico condições gerais iníquas, independentemente da
sua inclusão em contratos singulares, com vista ao restabelecimento do
adequado equilíbrio, perdido na contratação massificada.
5. Tratando-se de cartões com um prazo determinado de validade, estamos
perante contratos de prestação duradoura por tempo determinado.
6. Deste modo, a denúncia deve fazer-se para o termo do prazo da sua
renovação, não se justificando falar em falta de motivo justificado.
7. No caso de resolução, esta tem de ser motivada, só sendo legítima, quando
verificado o pressuposto, o evento, erigido em causa de resolução.
Nº do Documento: SJ2007041700701
Data do Acordão: 17-04-2007
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Sumário :
I – A teoria da causalidade adequada impõe, num primeiro momento, a
existência de um facto naturalístico, condicionante de um dano sofrido, para
que este seja reparado .
II – Depois, ultrapassado aquele primeiro momento, pela positiva, a teoria da
causalidade adequada impõe que o facto concreto apurado seja, em geral e em
abstracto, adequado e apropriado para provocar o dano .
III - A teoria da causalidade adequada apresenta duas variantes : uma
formulação positiva e uma formulação negativa .
IV- Na formulação negativa, o facto que actuou como condição do dano deixa
de ser considerado como causa adequada, quando para a sua produção tiverem
contribuído, decisivamente, circunstâncias anormais, extraordinárias ou
anómalas, que intercederam no caso concreto .
V – Por mais criteriosa, deve reputar-se adoptada pela nossa lei a formulação
negativa da teoria da causalidade adequada .
VI – Se a autora se lançou para a porta do comboio e iniciou a descida da
carruagem em direcção ao cais ou à plataforma da estação e saiu dele quando
o serviço da paragem já estava concluído, a ordem de partida já tinha sido
dada e o comboio já tinha iniciado a sua marcha, e se aquela se desequilibrou
com o impulso do andamento do comboio e caiu à linha, só a mesma autora
pode ser considerada a única culpada pelo acidente de que foi vítima, em
termos de causalidade adequada .
Nº do Documento: SJ200701230037416
Data do Acordão: 23-01-2007
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Sumário :
I - Como disposto nos arts. 122.º, 123.º, 1878.º, n.º 1, 1881.º, n.º 1 e 1885.º, n.º
1, do CC, enquanto dure a menoridade compete aos pais, no interesse dos
filhos, velar pela segurança, educação (física, intelectual e moral - que
abrange o poder de correcção) e saúde destes, e representá-los.
II - Provado que no dia 28-01-1983, quando descia as escadas de acesso à
Escola Secundária que frequentava, o A. foi atingido por uma pedra enviada
por outro aluno, pedra que lhe acertou na cabeça quando fazia já um trajecto
descendente, que ficou, desde logo, prostrado no chão da escada de acesso à
Escola, tendo sido conduzido à Santa Casa da Misericórdia e daí ao Hospital,
tendo sofrido traumatismo craniano com esmagamento da placa óssea, com
corte da artéria, perda da fala e hematoma subdural, lesões que obrigaram a
duas intervenções cirúrgicas onde lhe foi extraído osso craniano e implantada
uma prótese artificial na estrutura óssea, com incapacidade permanente de
50%, não pode, nestas condições, aceitar-se que o pai do agressor se
desincumbiu, tanto quanto exigível, capazmente, do dever de educação que
sobre ele impendia.
III - Provou-se ainda que o comportamento habitual do jovem agressor não
exigia que o pai o acompanhasse na escola. Nem é exigível a nenhum
obrigado à vigilância que acompanhe o vigilando para todo o lado, num
policiamento impossível e castrante. Mas o que se exige é que, desde
pequenino e dia a dia, o pai dê o pão e a criação ao filho, o eduque no respeito
pela vida e integridade física dos outros, que lhe incuta os valores, perenes, do
respeito pelos velhos e pelas crianças, pelos professores e educadores.
IV - Perante acto tão irresponsável e de tão graves resultados, praticado por
um jovem de 16 anos, é forçoso concluir que o falecido pai não conseguiu
educar o filho como devia e lhe impunha a lei. não elidindo a presunção de
culpa que sobre ele lançou o art. 491º do CC, pelo que é responsável pelos
danos causados ao A.
V - Nos termos das disposições conjugadas dos arts. 483.º, 562.º a 564.º e
566.º do CC, estão os habilitados sucessores do falecido R. obrigados a
indemnizar o A. pelos danos patrimoniais sofridos.
VI - Em consequência da pedrada sofrida, o A. perdeu o ano escolar, sofreu
dores antes e depois das intervenções cirúrgicas, passou a ter medo de brincar
com outros menores da sua idade, nomeadamente os irmãos, sentiu desgosto
por ter perdido o ano escolar e por não poder brincar livremente com menores
da sua idade, ficou a sofrer de uma incapacidade geral (fisiológica)
permanente parcial de cinquenta por cento, passou a sofrer de neurose fóbica e
obsessiva pós-traumática, traduzida por acentuada deterioração do
comportamento, requer assistência por períodos prolongados, não tem
autonomia e está dependente da família, daí que, 7.500 contos não sejam
demais para compensar os danos não patrimoniais sofridos.
VII - O autor obteve o seu primeiro emprego em 1994 como técnico de
produção, estando de baixa há mais de um ano, uma vez que começa a sentir-
se mal, designadamente com falta de ar, a tremer e sentindo uma necessidade
imperiosa de abandonar o local onde se encontra e voltar para casa. Embora se
não saiba quanto o A. auferia, quanto recebe de baixa, quando ou se será
reformado por incapacidade, certo é que a lei nos impõe que na fixação da
indemnização atendamos aos danos futuros, desde que sejam previsíveis; se
não forem concretamente determináveis, a fixação da indemnização
correspondente será remetida para decisão ulterior – n.º 2 do art. 564.º do CC
-ou o tribunal julgará equitativamente dentro dos limites que tiver por
provados – n.º 3 do art. 566.º do mesmo CC.
VIII - Como técnico de produção não aufere o A. menos que o salário
mínimo. Padecendo, como padece, de neurose fóbica e obsessiva post
traumática muito dificilmente arranjará outro emprego. A incapacidade
permanente de 50% corresponderá, na prática, a incapacidade total por cerca
de cinquenta anos: o A. arranjou o primeiro emprego aos 24 anos e a vida
activa, mais longa que a laboral, prolonga-se para lá dos setenta anos.
Considerando estes factores, a baixa taxa de juro corrente (à roda dos 3%) e
lançando mão da equidade, temos a pedida quantia de dezassete mil e
quinhentos contos por adequada a ressarcir os danos patrimoniais resultantes
da incapacidade parcial permanente de que o A. ficou a padecer.
Nº do Documento: SJ200609210027397
Data do Acordão: 21-09-2006
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Nº do Documento: SJ200607180019796
Data do Acordão: 18-07-2006
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Nº do Documento: SJ200602260038347
Data do Acordão: 26-02-2006
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Sumário :
I - Um clube desportivo com um campo de futebol acessível a crianças tem de
manter as balizas do campo fixadas por forma a não caírem, quer os
utilizadores sejam sócios ou não sócios.
Nº do Documento: SJ200512130035191
Data do Acordão: 13-12-2005
Votação: UNANIMIDADE
Tribunal Recurso: T REL PORTO
Processo no Tribunal 1481/05
Recurso:
Data: 09-05-2005
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Nº do Documento: SJ200510250030546
Data do Acordão: 25-10-2005
Votação: UNANIMIDADE
Tribunal Recurso: T REL LISBOA
Processo no Tribunal 1083/05
Recurso:
Data: 27-04-2005
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Nº do Documento: SJ200506220015262
Data do Acordão: 22-06-2005
Votação: UNANIMIDADE
Tribunal Recurso: T REL LISBOA
Processo no Tribunal 7539/04
Recurso:
Data: 14-12-2004
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Meio Processual: REVISTA.
Decisão: NEGADA A REVISTA.
Nº do Documento: SJ200504070044742
Data do Acordão: 07-04-2005
Votação: UNANIMIDADE
Tribunal Recurso: T REL LISBOA
Processo no Tribunal 4882/03
Recurso:
Data: 03-07-2003
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Nº do Documento: SJ200502030045702
Data do Acordão: 03-02-2005
Votação: UNANIMIDADE
Tribunal Recurso: T REL LISBOA
Processo no Tribunal 5428/04
Recurso:
Data: 08-07-2004
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Nº do Documento: RL
Data do Acordão: 26-04-2007
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Nº do Documento: RL
Data do Acordão: 28-06-2007
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
«Art. 1.º
1. Não existe o dever de indemnização quando o facto,
segundo a sua natureza geral e as regras da vida
corrente, era de todo indiferente para que surgissem
danos da espécie dos produzidos, de sorte que apenas
por circunstâncias extraordinárias se tornou tal facto
uma condição dos mesmos danos.
2. Não é necessário que o facto tido como causa
jurídica do dano dê só por si lugar a este, bastando que
seja condição do mesmo dano e satisfaça ao requisito
do parágrafo antecedente.
......»
· Chamo a atenção dos alunos para dois aspectos:
No número 1, propõe-se a consagração de uma
fórmula que pode ser reconduzida à teoria da
adequação (ou da «causalidade adequada»), embora
não se use o termo «probabilidade» (a probabilidade ex
ante de o dano surgir). A fórmula da adequação aqui
adoptada é uma fórmula negativa, como acontece em
muitos autores. Ou seja, não se exige, para haver
obrigação de indemnizar, que, à partida, fosse
«normal», «previsível» ou «provável» a ocorrência do
dano (isto seria uma fórmula positiva). Pelo contrário,
diz-se que só não há obrigação de indemnizar quando, à
partida, o facto responsabilizador era «totalmente
indiferente» para a produção de daqueles danos, que só
surgiram devido a «circunstâncias extraordinárias»,
«altamente improváveis», «absolutamente
imprevisíveis», etc. A formulação negativa da teoria da
adequação permite alargar os casos em que surge a
obrigação de indemnizar.
O número 2 tem ainda mais interesse, devido à parte
final. VAZ SERRA mostra que, para haver imputação do
dano ao facto («nexo de causalidade») e, portanto,
obrigação de indemnizar, são necessárias, em princípio,
duas coisas:
a) Que o facto responsabilizador «seja condição do
mesmo dano» e
b) Que esse facto «satisfaça ao requisito do parágrafo
antecedente».
· Ou seja, a exigência de «causalidade em sentido
naturalístico» (ou «condicionalidade» ou «causalidade
em sentido estrito») não é afastada pela exigência de
«adequação». A teoria da adequação não afasta a
condicio sine qua non. Impõe é um novo requisito para
a existência de responsabilidade civil. Outras teorias,
como a teoria do fim da norma, também não
prescindem (na maioria dos casos) do requisito da
causalidade em sentido estrito.