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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS


UNIVERSIDADE ABERTA DA TERCEIRA IDADE
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA

SUICÍDIO EM IDOSOS NO BRASIL:


CARACTERÍSTICAS E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

Nome do aluno: Flavia Zambrano Dias Lopes


Orientadora: Profa. Dra. Mônica de Assis

Rio de Janeiro
Março / 2017

1
Flavia Zambrano Dias Lopes

SUICÍDIO EM IDOSOS NO BRASIL:


CARACTERÍSTICAS E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

Artigo apresentado ao Curso de


Especialização em Geriatria e
Gerontologia, como requisito parcial à
obtenção do título de especialista.

Orientadora: Profa. Dra. Mônica de Assis

Rio de Janeiro
Março/2017

2
SUICÍDIO EM IDOSOS NO BRASIL:
CARACTERÍSTICAS E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

Resumo:

O suicídio é uma questão que impacta toda a sociedade, e os idosos estão entre os mais
afetados devido à alta prevalência de depressão, uma das causas mais associadas à sua
ocorrência. É, portanto, necessário identificar intervenções eficazes para reduzir o risco
de suicídio em idosos. O objetivo desse artigo é abordar o suicídio em idosos no contexto
brasileiro e apontar estratégias para o enfrentamento desse problema. Foi feita busca
bibliográfica nas bases de dados da Medline, SciELO, Bireme, em busca livre no Google
e revisão dos artigos mais relevantes e recentes sobre o tema. No Brasil, os dados sobre
mortalidade por suicídio são claramente subestimados e ainda assim é o oitavo país em
número absoluto de suicídios. Também é importante ressaltar que as tentativas de
suicídio entre os idosos são mais letais e com intenções mais severas do que entre os
jovens. A literatura enfatiza a necessidade de aprimorar a detecção e tratamento da
depressão nesta fase da vida. Conclui-se que a identificação dos riscos e dos fatores de
proteção são componentes chave de uma estratégia nacional de prevenção do suicídio
para ajudar a determinar a natureza e o tipo das intervenções necessárias.

Palavras-chave: envelhecimento, idosos, suicídio, prevenção

1. Introdução

A população mundial está envelhecendo rápida e continuamente em diferentes


proporções ao redor do mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (1), enquanto
alguns países, como a França, levaram quase 150 anos para se adaptar às mudanças
de proporção de 10 para 20% na sua população acima de 60 anos, países como o Brasil,
China e Índia terão pouco mais de 20 anos para fazer a mesma transição. Entretanto,
deve-se ressaltar que enquanto nos países desenvolvidos o envelhecimento se deu
gradualmente e associado à melhoria das condições gerais de vida, nos países em

3
desenvolvimento este processo vem ocorrendo de forma acelerada e sem atender
adequadamente às novas demandas nas áreas sociais e de saúde (2).

O envelhecimento populacional se deve principalmente ao aumento da expectativa de


vida e à diminuição da taxa de fecundidade (1). De acordo com estatísticas da
Organização Mundial de Saúde, entre os anos de 1950 e 2025, o número de idosos no
Brasil deve aumentar em 15 vezes, enquanto a população total em cinco. Sendo assim,
o Brasil ocupará o sexto lugar em relação ao contingente de idosos, atingindo, em 2025,
cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos de idade ou mais (2). A expectativa é de
que no ano de 2050 existirão mais idosos do que crianças abaixo de 15 anos no país (3).

Com a população mundial vivendo mais, o grande desafio é alcançar longevidade com
maior qualidade de vida. O envelhecimento vem impregnado de muitos preconceitos e,
apesar da percepção cultural ser determinante neste entendimento, a representação
negativa se pauta no inevitável declínio biológico acompanhado de doenças e
dificuldades funcionais (4).

As perdas diversas no processo de envelhecimento, relacionadas às dimensões motora,


cognitiva, social, afetiva e financeira, tornam a população idosa mais vulnerável, mesmo
quando há uma estruturada rede de apoio e suporte familiar (5)(6)(7). Esse conjunto de
fatores pode levar à depressão e, em situações graves, ao suicídio. A depressão nos
idosos é um tema amplamente discutido nas áreas de saúde embora na prática seja
subdiagnosticada e comumente não tratada (8)(9) pois o atual sistema de cuidados é
fragmentado e inadequado e os profissionais são invariavelmente mal preparados para
reconhecer e tratar pacientes com depressão (8).

O tema do suicídio é carregado de um desconforto emocional, inúmeros prejulgamentos,


vergonha, culpa, discriminação e, sobretudo, silêncio. Seus determinantes são
multifatoriais e resultam de uma complexa relação entre fatores psicológicos, biológicos,
culturais e socioambientais. Anualmente são registrados em torno de 10 mil suicídios no
Brasil (10) e mais de 800 mil em todo o mundo (11). Um dado histórico importante é que,
a partir do século XX, os códigos penais das nações deixaram de considerar o suicídio
como crime, o que implicou em uma nova relação legal com o tema. Também neste
período, a igreja católica retirou a “responsabilidade moral” daquele que se suicida,
passando a compreender esta questão como uma decorrência de problemas psicológicos
(12).

Nos idosos, o suicídio é um problema crítico de saúde pública (13)(14)(15)(16). E como,


não há comprovação de uma intervenção eficaz na redução dos comportamentos

4
suicidas, atualmente, a melhor abordagem é aprimorar a prevenção através da detecção
e tratamento da depressão nesta fase da vida, principalmente na atenção primária à
saúde (15).

Muitas pesquisas no Brasil têm abordado o tema do suicídio em idosos e ressaltam


algumas questões relacionadas a este problema. O Brasil é o oitavo país em número
absoluto de suicídios. Em 2012 foram registradas 11.821 mortes, cerca de 30 por dia,
sendo 9.198 homens e 2.623 mulheres (10). Na década de 1980, 427 idosos suicidaram-
se no Rio de Janeiro, na década de 1990 foram 522, e 517 entre 2000 e 2006 (aumento
da média anual de 42 mortes na década de 1980 para 74 de 2000 a 2006) (17).

No plano internacional, as taxas de suicídio são mais altas em pessoas com 70 anos ou
mais para ambos os gêneros em praticamente todos os continentes (11). Devido ao fato
da população idosa crescer rapidamente em todo o mundo e ser mais vulnerável por
inúmeras razões, requer uma atenção especial também no que se refere à prevenção do
suicídio.

O objetivo desse artigo é abordar o suicídio em idosos no contexto brasileiro e apontar


estratégias para o enfrentamento desse problema, além de contribuir para a propagação
deste tema tão relevante e ainda hoje pouco discutido. Foi feita busca bibliográfica a partir
dos descritores “ageing”, “depression”, “suicide and elderly”; “suicide and older people”,
“suicide and late life” e “prevention” nas bases de dados da Medline, SciELO, Bireme, em
busca livre no Google e revisão dos artigos mais relevantes e recentes sobre o tema.

2. Envelhecimento, depressão e suicídio

“Velhice. Nós temos quase tanto pavor de envelhecer quanto


de não viver o suficiente para chegar à velhice. Os idosos em
nossa sociedade foram estereotipados e descartados como
antiquados, rígidos, senis, aborrecidos, inúteis e incômodos.”
(Froma Walsh) (18)

Envelhecer é um processo multifatorial e único, pois cada indivíduo vai experienciá-lo de


acordo com o contexto sociocultural, econômico e histórico no qual está inserido. Além
disso, os fatores psicológicos, funcionais e fisiológicos são fundamentais para determinar
esta singularidade.

No Brasil, em 1940, apenas 259 de cada 1000 pessoas que chegavam aos 65 anos de
idade atingiriam os 80 anos. Já em 2015, foram 623 que chegaram a esta idade. Pode-
se dizer que a longevidade dos brasileiros vem aumentando, e atualmente a expectativa
5
de vida aos 80 anos é de 10,1 e 8,4 anos para mulheres e homens, respectivamente,
enquanto em 1940 esses valores eram de 4,5 para mulheres e 4,0 para homens,
indicando também um aumento da longevidade da população feminina em relação à
masculina (19).

O envelhecimento não tem um marcador biofisiológico para determinar o seu início. Trata-
se de uma fase no continuum que é a vida, que começa com a concepção e termina com
a morte (20), e é caracterizado pelo declínio geral das funções fisiológicas,
musculoesqueléticas e psicossociais (7).

São inúmeros os ajustes no processo de transição para o estágio tardio da vida. Dentre
eles estão questões relacionadas à aposentadoria, que envolvem insegurança e
dependência financeira; a perda de amigos e parentes, e a perda do cônjuge, que traz a
delicada tarefa de reorganizar a rotina de vida (21). A população idosa é, desta forma,
percebida como dependente e vulnerável do ponto de vista econômico e da saúde com
diversas perdas além dos papéis sociais (22).

Para a maioria dos adultos mais velhos, o receio da diminuição e perda do funcionamento
físico e mental, de uma doença crônica dolorosa ou progressivamente degenerativa, são
preocupações constantes. Entretanto, a resposta de cada indivíduo e de sua família aos
desafios desta transição do ciclo de vida estão relacionados aos padrões familiares
anteriores, desenvolvidos para manter o equilíbrio ao longo dos anos, e cada sistema
familiar vai ajustar-se às perdas e às novas exigências de formas diferentes. Assim,
apesar das transições e tarefas do estágio tardio da vida apresentarem um potencial de
perda e disfunção, também apresentam oportunidades de transformação e crescimento.
Nesse momento da busca de um equilíbrio entre perdas e potencialidades, qualquer
comprometimento pode ser amplificado pela depressão, desamparo e medo de perder o
controle (18).

A depressão está entre as maiores causas de incapacitação no mundo (23). É o


transtorno de humor mais comum na população idosa e precisa ser adequadamente
diagnosticado e diferenciado de condições médicas semelhantes (24). Em geral, a
depressão é relacionada a altos níveis de incapacitação funcional. É uma condição
frequente, recorrente, de curso crônico e comumente subdiagnosticada e subtratada (25).
Pode-se dizer que a depressão é reconhecida como sendo o principal fator associado
com o comportamento suicida na idade avançada (26), além das perdas e doenças físicas
(27). Quanto mais precoce o tratamento da depressão, mais rápida é a remissão e menor
a chance de se tornar crônica (28).

6
Muitas vezes, os pacientes idosos com depressão não relatam humor deprimido. Ao
invés disso, apresentam sintomas menos específicos como insônia, anorexia e cansaço,
atribuindo-os à uma resposta aceitável aos estresses cotidianos e como parte comum ao
processo de envelhecimento (8).

Dados epidemiológicos sugerem que idosos têm taxas de suicídio relativamente mais
elevadas comparadas com populações mais jovens, e homens mais velhos têm um maior
risco. O risco de suicídio nas populações mais idosas está associado à depressão, à falta
de esperança, comorbidades médicas e isolamento social (29). Outro dado importante é
que as tentativas de suicídio entre os idosos são mais letais e com intenções mais severas
do que entre os jovens (30). Estima-se que há mais de 20 tentativas para cada adulto
que se suicida (11).

No Brasil, os dados sobre mortalidade por suicídio são provenientes do Sistema de


Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde e estão claramente
subestimados. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) avalia que 15,6%
dos óbitos por suicídio não foram registrados e calcula que 13,7% dos óbitos ocorridos
em hospitais podem não ter sido notificados. Além disso, no caso de mortes por causas
externas, comumente o atestado de óbito traz a natureza da lesão que levou à morte sem
fazer referência à circunstância que a ocasionou (31). Portanto, em parte dos casos,
não se sabe se as mortes foram por homicídio, suicídio ou acidente, o que compromete
a correção dos dados do Sistema de Informação de Mortalidade (32).

Em 2002, um estudo avaliou uma amostra de 320 óbitos por causas externas ocorridos
em quinze cidades brasileiras com características demográficas e socioeconômicas
heterogêneas. A metodologia baseou-se em visitas aos Institutos de Medicina Legal,
Delegacias de Polícia e domicílios dos falecidos. Como resultado, constatou-se dentre
outros achados que o número real de suicídios era o dobro do que foi inicialmente
registrado (33).

3. Estratégias de Enfrentamento

A prevenção do comportamento suicida vai além da evitação da morte e deve considerar


o impacto gerado na sociedade pela ocorrência desses atos (34).

Existe uma necessidade urgente de identificar intervenções eficazes para reduzir os


fatores de risco associados ao suicídio em idosos (29). Entretanto, apesar das evidências
7
de que muitas mortes são evitáveis, o suicídio comumente não é uma prioridade para os
governos e para os responsáveis pelas diretrizes políticas, mesmo que a cada 40
segundos alguém se suicide em algum lugar do mundo (11).

Investir na saúde mental significa tanto a promoção e proteção da saúde mental como a
prevenção e o tratamento das doenças mentais (23). Por esta razão, a depressão em
idosos acompanhada de ideações suicidas é um fator de risco que justifica medidas
preventivas e imediatas (6). Portanto, a ideação suicida ou tentativa de suicídio são sinais
de alarme e é fundamental que haja um ambiente favorável e empenhado no acolhimento
daquele indivíduo (35).

Diversos são os desafios para detectar e tratar idosos com alto risco de suicídio. E
também, muitas são as razões para explicar as falhas em reconhecer e tratar
adequadamente os idosos com depressão e risco de suicídio na atenção primária à
saúde. Comumente, os próprios idosos e suas famílias atribuem erroneamente os
sintomas depressivos e as ideações suicidas como parte do processo de envelhecimento,
bem como a depressão um aspecto “normal” desse processo, em decorrência do efeito
de doenças fisiológicas. Ainda assim, mesmo que os sintomas psiquiátricos sejam
reconhecidos, existe uma grande probabilidade de que o tratamento na atenção primária
seja inapropriado ou inadequado (15). Os profissionais de saúde, tanto os que atuam
nos setores de emergência como os da atenção primária, lidam constantemente com
pessoas em situação de crise e que tentaram o suicídio, entretanto, inúmeras vezes,
estes profissionais não estão preparados para atender apropriadamente estes pacientes,
e têm dificuldade de atuar de forma humanizada, comprometendo assim o processo
terapêutico (36). Portanto, nos locais que deveriam ser referência de acolhimento,
invariavelmente encontramos profissionais com grande preconceito relacionado ao
suicídio (35).

Existem variados fatores de risco que agem cumulativamente para o aumento da


vulnerabilidade para o comportamento suicida (11). Sendo assim, certas caracterísiticas
na história do idoso requerem uma atenção e avaliação mais aprofundada. São algumas
delas: recente ou atual fator estressor; isolamento; autonegligência; história de doença
mental; tentativa prévia de suicídio; indicadores de depressão, tristeza ou desesperança;
estado de saúde comprometido, incluindo trajetória acelerada de doença sem
possibilidade de cura; histórico familiar de suicídio ou significativa doença psiquiátrica;
história de perda de papel social, insegurança financeira ou perdas em geral; história de
abuso de álcool ou outras drogas, além de, não possuir vínculos de uma forma geral (37).

8
Uma estratégia nacional multisetorial para a prevenção do suicídio é essencial. Os
serviços de saúde precisam incorporar a prevenção do suicídio como um componente
central e as estratégias nacionais devem incluir uma colaboração entre diferentes setores
governamentais e não governamentais (11).

As comunidades devem estar envolvidas para colaborar na promoção de um suporte


social para indivíduos vulneráveis e apoiar aqueles enlutados pelo suicídio (11). Também
é fundamental o incentivo à conscientização e questionamento de tabus na sociedade,
detecção e tratamento precoce dos transtornos mentais além da regulação do comércio
de agrotóxicos (para evitar o envenenamento por pesticidas), arquitetura segura em
locais públicos e treinamento de profissionais de saúde em prevenção de suicídio (38).
Também deve-se mencionar a restrição ao acesso aos meios letais, e o encorajamento
pela mídia para uma divulgação responsável sobre o tema (11).

Atualmente, vinte e oito países têm estratégias nacionais de prevenção do suicídio e a


Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio organiza anualmente o dia
Mundial da Prevenção que é reconhecido no dia dez de setembro (11).

O Brasil foi o primeiro país da América Latina a elaborar e apresentar Diretrizes Nacionais
de Prevenção do Suicídio (34). Em 2006, o Ministério da Saúde selecionou um grupo de
trabalho com a finalidade de elaborar um Plano Nacional de Prevenção do Suicídio, com
representantes do governo, de entidades da sociedade civil e das universidades. E em
agosto de 2006 foi publicada uma portaria com as diretrizes para orientar tal plano (32).
Desta forma, ficou estabelecido que as Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio
fossem organizadas de forma articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de
Estado e Municipais de Saúde, as instituições acadêmicas, as organizações da sociedade
civil, os organismos governamentais e os não-govenamentais, nacionais e internacionais,
permitindo:

“I. desenvolver estratégias de promoção de qualidade de vida, de educação, de proteção


e de recuperação da saúde e de prevenção de danos;

II. desenvolver estratégias de informação, de comunicação e de sensibilização da


sociedade de que o suicídio é um problema de saúde pública que pode ser prevenido;

III. organizar linha de cuidados integrais (promoção, prevenção, tratamento e


recuperação) em todos os níveis de atenção, garantindo o acesso às diferentes
modalidades terapêuticas;

9
IV. identificar a prevalência dos determinantes e condicionantes do suicídio e tentativas,
assim como os fatores protetores e o desenvolvimento de ações intersetoriais de
responsabilidade pública, sem excluir a responsabilidade de toda a sociedade;

V. fomentar e executar projetos estratégicos fundamentados em estudos de custo-


efetividade, eficácia e qualidade, bem como em processos de organização da rede de
atenção e intervenções nos casos de tentativas de suicídio;

VI. contribuir para o desenvolvimento de métodos de coleta e análise de dados,


permitindo a qualificação da gestão, a disseminação das informações e dos
conhecimentos;

VII. promover intercâmbio entre o Sistema de Informações do SUS e outros sistemas de


informações setoriais afins, implementando e aperfeiçoando permanentemente a
produção de dados e garantindo a democratização das informações; e

VIII. promover a educação permanente dos profissionais de saúde das unidades de


atenção básica, inclusive do Programa Saúde da Família, dos serviços de saúde mental,
das unidades de urgência e emergência, de acordo com os princípios da integralidade e
da humanização (39).”

Nas diretrizes, estão incluídos alguns aspectos como a promoção da qualidade de vida,
a elaboração de estratégias de comunicação e sensibilização, a promoção de cuidados
à população, incluindo modalidades terapêuticas, estímulo à pesquisa e a propagação de
informações sobre tentativas e suicídio propriamente dito, assim como a promoção de
educação permanente de profissionais da saúde pública.

Pode-se concluir que a identificação dos riscos e dos fatores de proteção é componente
chave para uma estratégia nacional de prevenção do suicídio para ajudar a determinar a
natureza e o tipo das intervenções necessárias (40).

10
4. Considerações finais

Envelhecer é um grande desafio. Buscamos uma maior sobrevida com qualidade cada
vez melhor, para assim chegarmos à uma idade avançada com autonomia e dignidade.
Por esta razão, as políticas de saúde devem contribuir para que mais pessoas alcancem
idades avançadas com o melhor estado de saúde possível, sendo o envelhecimento ativo
e saudável o principal objetivo (2).

Melhorar os serviços da atenção primária à saúde, reforçar o apoio social, aperfeiçoar os


procedimentos diagnósticos e subsequente tratamento dos transtornos mentais, além de
incentivar a pesquisa na área de prevenção do suicídio e evitar a duplicação dos registros
estatísticos, são recursos necessários para a elaboração de ações a favor da prevenção
do suicídio. É importante ressaltar que o Brasil dispõe de instrumentos legais que devem
garantir os direitos dos idosos. Em 1994, foi decretada a Política Nacional do Idoso (PNI),
que tem como objetivo “assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para
promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade” (41).
Entretanto, o Estado está distante do que foi definido por lei e não assumiu a Política
Nacional do Idoso como uma prioridade, já que o orçamento público não fornece os
recursos específicos estabelecidos em lei, e não respeita o controle social legalmente
instituído. Também é imprescindível que a administração pública cumpra o dever
constitucional de apresentar meios eficazes para promoção da Política Nacional do Idoso
(42). Desta forma, o grande desafio é que a PNI seja efetivamente colocada em prática,
assim como inúmeros programas e projetos, para que o suporte social neles previsto
garanta a proteção e o cuidado que esta população tanto necessita.

A responsabilidade sobre a prevenção é de todos e deve ser liderada não somente pelos
governos, mas também pela sociedade civil em todo o mundo. Uma ação abrangente de
saúde pública para cuidar do envelhecimento e de seus desdobramentos é extremamente
necessária e cada um deve fazer a sua parte.

Resignificar as perdas vividas ao longo da vida e ter um sentimento de pertencimento é


fundamental para estabelecer vínculos e encontrar sentido nas mais básicas atividades
diárias. A qualidade de vida tem que ser priorizada e regularmente avaliada. Por isso, é
imprescindível que o idoso tenha um envolvimento pleno e constante nesta avaliação do
que é melhor, mais prazeroso e significativo para ele.

Assim, é fundamental que todos aqueles que, em algum momento, entram em contato
com o idoso vulnerável tenham o conhecimento básico para uma escuta atenta e

11
acolhedora e possam encaminhá-lo para obter o suporte necessário e adequado para
lidar com esta desafiadora fase do ciclo de vida.

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