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Batuque no Rio GRande do Sul

Amigos, andei afastado do Blog, mas pretendo retomar minhas postagens, .......

:.. As origens dos Cultos Afros ..::


A Influência negra no Rio Grande do Sul

O negro aparece no Rio Grande do Sul em 1725, com a frota de João Magalhães, vinda por terra.
Estes negros, certamente escravos, realizavam o serviço pesado. Porém oficialmente a presença
negra, no território gaúcho, data de 1737, quando o Brigadeiro José da Silva Paes se estabelece na
Barra erigindo o Presídio Jesus, Maria e José, marco inicial da nossa colonização. Durante muitos
anos esta região, distante e hostil, denominada Continente, foi usada como ameaça contra os
escravos rebeldes ou preguiçosos do centro do Brasil, sendo estes enviados para este local,
considerado por eles como pior que o inferno, um autêntico degredo na solidão verde do pampa.

Assim deu-se o inicio da colonização negra no Rio Grande do Sul, estendendo para o Prata
clandestinamente. O negro marcou sua presença, indelevelmente, na História, na Geografia, no
folclore, no linguajar, nas artes, no esporte e na política.
Na historia, há uma notável participação dos negros durante a Guerra dos Farrapos e na Guerra do
Paraguai, nesta ultima lutaram substituindo o sinhozinho branco e que, após a vitória, se
recusaram a voltar para o Rio Grande.

Na Geografia são muitos os topônimos de origem negra no mapa gaúcho, inclusive alguns com o
nome de quilombos.
No folclore, algumas lendas falam de escravos entre nós: As Torres Malditas, Cambai, Santa
Josefa e o Negrinho do Pastoreio.
No linguajar, são correntes termos como: caiambola, cacimba, mondongo, mocotó.
Nas artes são inúmeras as influências de elementos negros, como o maior tambor brasileiro
atualmente, o "sopapo". Artistas negros marcaram a cultura brasileira como Lupicínio Rodrigues, e
o ator Breno Mello, o inesquecível Orfeu Negro do cinema.
No esporte bastaria a simples menção ao nome do tricampeão Everaldo e, antes dele, o grande
Tesourinha, entre muitos outros mais recentes.
Na política, o grande nome é do Deputado Carlos Santos, de notável atuação parlamentar durante
um quarto de século.
Na culinária gaúcha brasileira, três pratos têm etiologia negra: o mocotó, a feijoada e o quibebe.

Mas é na religiosidade popular que se encontra a cultura negra mais decisivamente. Desde o
século passado, nota-se a existência de cultos negros em Porto Alegre com terreiros de batuque,
que se proliferaram e hoje somam mais de 50.000 casas de Batuque em todo o Estado.

Entendemos que a história afro-brasileira, com seus ritos, crenças e mitos, é a experiência
existencial do povo africano. Nesse sentido, a experiência e existência desse povo está na base de
toda manifestação e transformação pela qual passou essa Religião. Com o tráfico de escravos
vindos para o Brasil, os negros africanos trouxeram nos navios negreiros uma única, porém, rica
bagagem: a sua religião.
Os Jêjes e os nagôs foram os primeiros a trazerem para o Brasil os ritos, as suas crenças, os seus
mitos, seus voduns e seus Orixás. Nasceu, assim, o Candomblé na Bahia, o Xangô no Recife, a
Casa de Nagô e a Casa das Minas (Jêje) no Maranhão, e, no Rio Grande do Sul o Batuque.
Arrancados violentamente de sua cultura, de seu país, os representantes dos povos africanos que
aportaram no Brasil, tiveram, no século XVIII, que encontrar meios e maneiras de reconstruir sua
religião no novo mundo. Nesse universo da exploração expressa pela escravidão, procuraram
preencher o vazio de sentido, escolhendo (re)atualizando, de sua memória cultural, elementos que
podiam simularmente "reconferir sentidos" e a sua existência.

Foram os jêjes os primeiros que trouxeram para o Brasil a sua religião, pois Ajudá era o grande
de escravos da Costa da Mina, conhecido como Costa do Leste ou Costa dos Escravos, onde
encontrava-se jêjes. Os Régulos (tribo africana) de Abomey (cidade africana em Damoey)
conquistaram os reinos litorâneos e impuseram muitas restrições aos traficantes de escravos que,
desta forma, passaram a buscar sua mercadoria em outro local, no Rio de Lagos, já nas terras dos
Nagôs. Por esta razão, os Nagôs predominaram, em número e culturalmente, na Bahia, até o final
da escravidão. Mesmo em 1763, quando a Bahia deixou de ser capital do Brasil, a sua estagnação
dava aos jêjes e nagôs lazer suficiente para revirem as suas religiões nativas.

Assim nasceu o Candomblé na Bahia. Os jêjes e nagôs reexportados da Bahia para os Recife
estiveram entre os primeiros a reviver a religião nativa segundo o modelo bahiano. Já no
Maranhão, jêjes e nagôs, tomaram caminhos diferentes. Desde o início, reuniram-se em torno de
núcleos hoje seculares como a Casa de Nagô e a Casa das Minas (jêje).

Remetendo tal questão para o Rio Grande do Sul, é importante lembrar que, em face de sua
condição periférica, o problema da história do negro neste Estado adquiriu caráter particular. De
modo geral, o Rio Grande do Sul construiu sua história a partir de circunstâncias específicas,
deixando de lado o problema da escravatura ou, na melhor das hipóteses, vendo-a como uma
cultura dominada, na medida em que valorizou sempre a celebração das elites, mitificando a
realidade através das idéias de "Democracia Racial". Isso se deu com um objetivo claro: legitimar
o velho domínio das oligarquias pastoris.

Os Orixás, os mitos, os atabaques, e uma série de outros elementos negros, encarnaram-se em


solo rio-grandense para que pudessem continuar existindo.

O Rio Grande do Sul também teve a presença dos povos jêjes e nagôs, vindos para este Estado
através dos desbravadores que trouxeram junto com suas caravanas, escravos negros
provenientes da Bahia e de outros estados brasileiros. Porém, os povos iorubás, da Nigéria,
portadores de uma mitologia complexa e altamente organizada, legaram-nos seus mitos, seus
Orixás. Estes povos eram organizados em estados poderosos, dos quais o mais importante foi o
reino de Benin Segundo Artur Ramos referindo-se, em "introdução a Antropologia Brasileira", estes
povos eram "uma espécie de autocracia teocrática onde o rei Obá gozava de uma autoridade
absoluta".

A civilização de Benin tinha atingido um grande explendor, como se pode ver na coleção de objetos
de arte que guarnecem atualmente os museus europeus e na própria África. Porém, o reino de
Benin foi destruído no final do século XIX pelos Ingleses. A destruição desse reino trouxe para o
Brasil, especificamente para o Rio Grande do Sul, o PRÍNCIPE CUSTÓDIO JOAQUIM ALMEIDA.
Custódio significou a resistência do negro neste Estado gaúcho.

Este príncipe foi a evocação da África enquanto matriz privilegiada, na qual surgia uma identidade
do negro, com a sua ancestralidade. Havendo, assim, o resgate da africanidade do negro rio-
grandense através de Custódio, em relação ao domínio da religião africanista reatualizando o
significado de seus mitos, suas crenças e seus deuses.

As religiões afro brasileiras são tradições ou transmissões orais, portanto, são fontes histórica cujo
caráter próprio está determinado pela forma em que são revividos. Elas são orais e tem a
particularidade de se cimentarem de geração em geração na memória dos homens.

::.. Um resumo sobre Os Cultos Afros - Batuque no RS: ..::

Batuque é uma Religião Afro-brasileira de culto aos Orixás encontrada principalmente no estado do
Rio Grande do Sul, Brasil, de onde se estendeu para os países vizinhos tais como Uruguai e
Argentina.

Batuque é fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, com as nações Jêje, Ijexá,
Oyó, Cabinda e Nagô.

A estruturação do Batuque no estado do Rio Grande do Sul deu-se no inicio do século XIX, entre os
anos de 1833 e 1859 (Correa, 1988 a:69). Tudo indica que os primeiros terreiros foram fundados
na região de Rio Grande e Pelotas. Tem-se notícias, em jornais desta região, matérias sobre cultos
de origem africana datadas de abril de 1878, (jornal do comércio, Pelotas). Já em Porto Alegre, as
noticias relativas ao Batuque, datam da segunda metade do século XIX, quando ocorreu a
migração de escravos e ex-escravos da região de pelotas e Rio Grande para Capital.

Os rituais do Batuque seguem fundamentos, principalmente das raízes da nação Ijexá, proveniente
da Nigéria, e dá lastro as outras nações como o Jêje do Daomé, hoje Benim, Cabinda (enclave
Angolano) e Oyó, também, da região da Nigéria. O Batuque surgiu como diversas religiões afro-
brasileiras praticadas no Brasil, tem as suas raízes na África, tendo sido criado e adaptado pelos
negros no tempo da escravidão. Um dos principais fundadores do Batuque foi o Príncipe Custódio
de Xapanã. O nome batuque era dado pelos brancos, sendo que os negros o chamavam de Pará. É
da Junção de todas estas nações que se originou esta cultura conhecida como Batuque, e os
nomes mais expressivos da antiguidade, que de uma maneira ou de outra contribuíram para a
continuidade dos rituais foram:

Ijexá — Paulino de Oxalá Efan, Maria Antonia de Assis (Mãe Antonia de Bará), Manoel Matias (Pai
Manoelzinho de Xapanã), e Pai Idalino de Ogum entre outros.
Oyó — Mãe Andrezza Ferreira da Silva, Pai Antoninho da Oxum, Mãe Moça de Oxum e Tim de
Ogum, entre outros.
Jêje — Mãe Chininha de Xangô, Príncipe Custódio de Xapanã, João Correa de Lima (Joãozinho de
Bará) responsável pela expansão do Batuque no Uruguai e Argentina.
Cabinda — Waldemar Antônio dos Santos de Xangô Kamuká; Maria Madalena Aurélio da Silva de
Oxum, Palmira Torres de Oxum, Pai Henrique de Oxum, entre outros.

As entidades cultuadas são as mesmas em quase todos terreiros, os assentamentos tem rituais e
rezas muito parecidos, as diferenças entre as nações é basicamente em respeito as tradições
próprias de cada raiz ancestral, como no preparo de alimentos e oferendas sagradas. O Ijexá é
atualmente a nação predominante, encontra-se associado aos rituais de todas nações.

O batuque é uma religião onde se cultuam vários Orixás, oriundos de várias partes da África, e
suas forças estão em parte dentro dos terreiros, onde permanecem seus assentamentos e na
maior parte na natureza: rios, lagos, matas, mar, pedreiras, cachoeiras etc., onde também
invocamos as vibrações de nossos Orixás.

Todo ser humano nasce sob a influencia de um Orixá, e em sua vida terá as vibrações e a
proteção deste Orixá que está naturalmente vinculado e rege seu destino, com características
individuais, em que o Orixá exige sua dedicação, onde este poderá ser um simples colaborador nos
cultos, ou até mesmo se tornar um Babalorixá ou Yalorixá.

Há uma questão de ordem etmológica no Termo Pará, onde afirma-se ser este o outro nome pelo
qual é conhecido o Batuque, ora sabe-se que todo frequentador de Terreiros chama na verdade o
Peji ou quarto-de-santo de Pará e não o ritual sagrado dos Orixás, este sim o Batuque. Esta
questão já está dimensionada desde os anos 50, nas pesquisas etnográficas de Roger Bastide
sobre a Religião Africana no Rio Grande do Sul. São consideradas Religiões Afro-Brasileiras, todas
as religiões que tiveram origem nas religiões africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos
escravos.

Batuque Candomblé Catimbó Culto aos Egungun Culto de Ifá Jurema sagrada Quibanda Macumba
Tambor-de-Mina Umbanda Xangô do Nordeste Xambá As Religiões Afro-Brasileiras são
relacionadas com a Religião Yorubá e outras Religiões africanas, e diferentes das Religiões Afro-
Caribenhas como a Santeria e o Vodu.

O culto, no Batuque, é feito exclusivamente aos Orixás, sendo o Bará o primeiro a ser
homenageado antes de qualquer outro, e encontra-se seu assentamento em todos os terreiros, no
Candomblé o chamam de Exú.

Entre os Orixás não há hierarquia, um não é mais importante do que o outro, eles simplesmente
se completam cada um com determinadas funções dentro do culto. Os principais Orixás cultuados
são: Bará, Ogum, Oiá-Iansã, Xangô, Ibeji (que tem seu ritual ligado ao culto de Xangô e Oxum),
Odé, Otim, Oba, Ossain, Xapanã, Oxum, Iemanjá, Oxalá e Orunmilá (ligado ao culto de Oxalá).

E há também divindades que nem todas nações cultuam como: Exú Elegbara, Gama (ligada ao
culto de Xapanã), Zína, Zambirá e Xanguín (qualidade rara de Bará) que só os mais antigos tem
conhecimentos suficientes para fazer seus rituais.

No Rio grande do Sul a área de conservação das religiões africanas vai de Viamão à fronteira do
Uruguai, com os dois grandes centros de Pelotas e de Porto Alegre.

No batuque, os templos terreiros são quase que em sua totalidade vinculados as casas de
moradia. É destinado um cômodo, geralmente na parte da frente da construção onde são
colocados os assentamentos dos Orixás. Neste local são feitos todos os fundamentos de matanças
e trabalhos determinados, oferendas para os Orixás, e o local é considerado sagrado, pessoas
vestidas de preto, mulheres em dias de menstruação não entram. Junto à esta parte da casa,
chamada de quarto de Santo ou Peji, há o salão onde são realizadas as festas para os orixás.

O estado do Rio Grande do Sul foi o maior responsável pela exportação dos rituais africanos para
outros países da América do Sul, entre eles Uruguai e Argentina, que também procuram seguir a
maneira de cultuar os Orixás; e a construção dos templos seguem exemplos dos seus sacerdotes.

Todos os Orixás são montados com ferramentas, Okutás (pedras) etc. e permanecem dentro da
mesma casa, com exceção do Bará Lodê e do Ogum Avagãn, que tem seus assentamentos numa
casa separada, ficando à frente do templo onde recebem suas oferendas e sacrifícios. A casa dos
Eguns também tem lugar definido, é uma construção separada da casa principal, na parte dos
fundos do terreiro, onde são feitos diversos rituais.

Em caso de falecimento do Babalorixá ou Yalorixá, dono do terreiro, fica a critério da família o


destino do templo, geralmente não tendo um familiar que possa suceder o morto o templo é
fechado. Na maioria dos casos na morte de um sacerdote, todas as obrigações são despachadas
num ritual especifico chamado de Erissum (Axexê), por este motivo é muito difícil encontrar ilês
com mais de 60 anos, são muito poucos os sacerdotes que destinam seus axés à um sucessor,
para dar prosseguimento à raiz.

Os rituais são próprios e originais e embora tenha alguma semelhança com o "Xangô de
Pernambuco", é muito diferente do Candomblé da Bahia.

Os rituais de Jêje tem suas rezas próprias (fon), e ainda se vê este belo ritual em dois grandes
terreiros na cidade de Porto Alegre, as danças são executadas de par, um de frente para o outro.
Há também muitas casas que seguem os fundamentos da nação Oyó que se aproxima muito do
ijexá, já que, estas duas provem de regiões próximas na Nigéria.

A principal característica do ritual do Batuque é o fato do iniciado não poder saber em hipótese
alguma que foi possuído pelo seu Orixa, sob pena de ficar louco.

Cada Babalorixá ou Yalorixá tem autonomia na prática de seus rituais, não existem nomenclaturas
de cargos como tem no Candomblé, exercem plenos poderes em seus ilês. Os filhos de santo se
revezam nos cumprimentos das obrigações.

No mínimo uma vez por ano são feitos homenagens com toques para os Orixás, mas as festas
grandes são de quatro em quatro anos. Chamamos de festa grande a obrigação que tem ebó, ou
seja quando há sacrifícios de animais de quatro patas aos Orixás, cabritos, cabras, carneiros,
porcos, ovelhas, acompanhados de aves como galos, galinhas e pombos.

Esta obrigação serve para homenagear o Orixá "dono da casa" e dos filhos que ainda não possuem
seu próprio templo. A data é geralmente a mesma que aquele sacerdote teve assentado seu Orixá,
a data de sua feitura. As festas têm um ciclo ritual longo, que antigamente duravam 32 dias de
obrigações, hoje diante das dificuldades duram no máximo 16. O começo de tudo são as limpezas
de corpo e da casa, para descarregar totalmente o ambiente e as pessoas, de toda e qualquer
negatividade; em seguida são preparados as oferendas e sacrifícios ao Bará. A partir deste
momento, os iniciados já ficam confinados ao templo, esquecendo então o cotidiano e passam a
viver para os Orixás por inteiro até o final dos rituais. No dia do serão (dia da obrigação de
matança), todos Orixás recebem sacrifícios de animais. Os cabritos e aves são preparados com
diversos temperos e servidos a todos que participarem dos rituais, tudo é aproveitado, inclusive o
couro dos animais, que sevem para fazer os tambores usados nos dias de toques.

No dia da festa o salão é enfeitado com as cores dos Orixás homenageados. A abertura se dá com
a chamada (invocação aos Orixás), feita pelo sacerdote em frente ao peji (quarto de santo),
usando a sineta (adjá), saudando todos Orixás. Ao som dos tambores, as pessoas formam uma
roda de dança em louvor aos Orixás, a cada um com coreografias especiais de acordo com suas
características.

No final das cerimônias são distribuídos os mercados, (bandejas contendo todo tipo de culinária
dos Orixás como: acarajé, axoxó (milho cozido e fatias de coco), farofa de aves, carnes de
cabritos (cozidas ou assadas), frutas, fatias de bolos etc.), alguns consomem ali mesmo, outros
levam para comer em casa.

Durante a semana são feitos outros rituais de fundamentos para os Orixás, inclusive a matança de
peixe, que para os batuqueiros significa fartura e prosperidade, os peixes oferecidos são da
qualidade Jundiá e Pintado; estes são trazidos vivos do cais do porto ou do mercado público, onde
o comércio de artigos religiosos é intenso.

No sábado seguinte é feito o encerramento das obrigações, com mesa de Ibejes e toque,
novamente em homenagem aos Orixás, neste dia são distribuídos mercados com iguarias e o
peixe frito, significando a divisão da fartura e prosperidade com os participantes das homenagens
aos Orixás. Após o encerramento, o sacerdote leva os filhos que estavam de obrigações ao rio, à
igreja, ao mercado público e à casa de alguns sacerdotes, que fazem parte da família religiosa,
para baterem cabeça em sinal de respeito e agradecimento; este passeio faz parte do
cumprimento dos rituais. Após o passeio todos estão liberados para seguirem normalmente o
cotidiano de suas vidas.

o Batuque também temos a parte dos rituais destinados ao culto dos Eguns. Este é um ritual cheio
de magia e segredos onde poucos sacerdotes têm o completo domínio.

A casa dos Eguns (espíritos dos mortos) fica numa construção separada da casa principal, nos
fundos do terreno, onde são feitos diversas obrigações em determinadas datas e quando morre
alguém ligado ao terreiro; este local é denominado Balê.

Aos Eguns também são oferecidos sacrifícios de animais, e comidas diversas que fazem parte
somente deste ritual, não podendo ser usados em outras ocasiões.

Os Eguns, assim como os Orixás, tem suas rezas (cânticos) próprias, feitos na linguagem yorubá,
e em dias de obrigações recebem toques ao som de tambores frouxos e sem o acompanhamento
de agê (instrumento feito com uma cabaça inteira trançada com cordão e contas diversas).

Cada nação tem rituais diferentes para este tipo de obrigação.

O Babalorixá ou Yalorixá tem a responsabilidade de formar novos sacerdotes, que darão


continuidade aos rituais. Para isto é preciso preparar novos filhos de santo, que durante um certo
período de tempo aprenderão todos os rituais para preservação dos cultos.

O sacerdote chefe deve passar aos futuros Pais ou Mães de Santo, todos os segredos referente
aos rituais tais como: uso das folhas (folhas sagradas), execução de trabalhos e oferendas,
interpretação do jogo de búzios, e até mesmo como preparar um novo sacerdote.

Geralmente o futuro sacerdote já nasce no meio religioso, onde conviverá acompanhando todos os
diversos rituais que darão suporte a seus afazeres dentro do culto, e terá pleno conhecimento de
todos os tipos de situações que enfrentará em seu futuro templo.

O tempo de aprendizado é longo, não se forma um verdadeiro sacerdote de Orixás com menos de
sete anos de feitura, e os ensinamentos são passados de acordo com a evolução da capacidade de
aprendizado que o noviço tem, já que os ensinamentos são feitos oralmente, não há livros para
ensinar os rituais, a melhor maneira de aprender tudo é conviver desde cedo dentro dos terreiros.
A partir do momento que um noviço se torna um sacerdote de Orixá, terá as mesmas
responsabilidades daquele que lhe passou os ensinamentos.

::.. A Realização do Batuque ..::


Daqui em diante você vai conhecer um pouco sobre o Batuque do Rio Grande do Sul, na linha de
Jêje e Ijexá.
Lembramos que cada Ilê tem o seu fundamento, passado de geração a geração.

01. Serão ou Corte aos Orixás

A Religião Africanista é em seus fundamentos voltada para o passado, mantém até hoje
ensinamentos e preceitos, desde o tempo mais remoto, do negro na África e chegou até nós
através dos escravos. Sobreviveu a todos os períodos de opressão e perseguição. Daí a enorme
importância da obrigação de corte aos Orixás, pois é a preservação da cultura que ao mesmo
tempo em que ofertava certos sacrifícios aos Orixás alimentava seu povo com a carne do sagrado.
Depois adiantando na linha do tempo, entramos nas casas comuns e nos terreiros em que os
animais andavam soltos no pátio e serviam para a subsistência familiar, ainda não existia as
facilidades que hoje são disponíveis nos supermercados.

Há a crença de que a balança não pode ser aberta, isto é, as pessoas devem permanecer de mãos
dadas até que se inicie o alujá, caso a balança arrebente algo de grave pode acontecer a um dos
participantes da balança, podendo até ser a morte. Mas caso haja alguma ameaça de arrebentar a
Balança Axé dos Presentes enquanto são saudados pelos presentes. Depois os bolos são servidos
aos convidados e o excedente é distribuído juntamente com os mercados. São de costume
também, os convidados ofertarem presentes ao Orixá do Babalorixá ou Yalorixá por ocasião de seu
aniversário de aprontamento. Os presentes mais comuns são: flores, perfumes, doces, utensílios
que podem ser usados no dia-a-dia do Ilê, etc. É neste momento o Babalorixá ou o próprio Orixá
apresenta á todos os presentes recebidos. Levantação , limpá-las e guardá-las nas prateleiras
dentro do Quarto-de-santo. Mantendo um costume desde o tempo dos escravos Passeio Saindo do
Ilê vão até o centro da cidade visitar lugares de grande significado para a comunidade.

O serão ocorre geralmente na quinta-feira á noite, começa entorno dás 20:00 horas e estende-se
muitas vezes até a madrugada, das obrigações de bori e de apronte que serão feitas.
No serão são imolados animais quadrúpedes (aos quais chamamos vulgarmente de quatro-pés) e
de aves. As oferendas feitas aos Orixás são de origem animal assim como vegetal (folhas, plantas,
grãos) e mineral: os ocutás, a água, etc. Os animais são ofertados os Orixás com o intuito de
fortalecer o axé do Orixá assim como a mente e espírito do filho-de-santo através do axorô
(sangue do animal) e das inhélas, certas partes dos animais que serão fritas e arriadas no Quarto-
de-santo (cabeça, pés, testículo no caso dos quatro-pés e cabeça, pés, pontas das asas, do
pescoço e da sambiqueira, pulmões e testículos das aves).

A carne dos animais imolados serão preparados em forma de canja, de amalá, assados,
enfarinhados e consumido pelo povo durante o período de obrigação e pelas pessoas que
comparecerem ao toque, Batuque. Os couros retirados dos animais, depois de preparados são
utilizados na confecção dos tambores, instrumentos tocados durante o Batuque. Nada é
desperdiçado, por exemplo, no Ilê Centro Africano Reino de Oxum Pandá é grande o número de
animais imolados, devido ao grande número de filhos que o Ilê tem, quando não é consumida a
totalidade de carne e de comida preparada, o restante é doada a entidades carentes nas
proximidades do Ilê.

02. Preparação do Toque

No dia posterior ao corte, permanecem alguns filhos-de-santo no Ilê para preparem em todos os
detalhes o toque que irá acontecer no sábado. As principais atividades acontecem na cozinha,
considerada a parte mais importante do Ilê, depois do Quarto-de-santo. É necessário que um filho-
de-santo, mais experiente e de extrema confiança do Babalorixá auxilie na organização de tudo
que deve ser feito, pois os afazeres são muitos e o tempo escasso.

Além de todas as comidas-de-santo, devem ser feitas comidas tradicionalmente sagradas e


significativas que serão servidas ás visitas que são esperadas mais tarde no toque.

Com as aves preparam-se: canja, galinha assada, galinha enfarofada. Com a carne do carneiro
faz-se o amalá, comida consagrada ao Orixá Xangô: A carne cozida e desfiada é agregada ao
molho com folhas de mostarda picada, servido com pirão de farinha de mandioca. Os cabritos e
porcos são assados e servidos em pedaços. Faz-se também canjica de milho branca e amarela,
além de uma grande variedade de doces como: sagu, pudim, ambrosia, quindim, docinhos, etc...
Para beber serve-se o atã, bebida típica do Orixá Ogum, feita com frutas minusculamente
cortadas, misturadas com guaraná e xarope de groselha.Os miúdos dos quatro-pés é cozido e
picado de forma bem miúda para se fazer o sarrabulho, uma espécie de farofa temperada com
cheiro verde, cebola e os miúdos picados. As filhas de Iansã, ajudadas por outros irmãos fazem o
acarajé, comida consagrada ao seu Orixá de cabeça. Havendo disponibilidade faz-se ainda os bolos
que serão ofertados pela ocasião do aniversário de assentamento dos Orixás.

A preparação do toque segue com a arrumação do Quarto-de-santo que deve ter: flores,
perfumes, as comidas-de-santo, atã, pelo menos uma porção de cada comida que está sendo feita
para o povo, frutas, balas enroladas em papéis coloridos, os bolos de aniversário. Além das inhélas
e das vasilhas contendo as obrigações e de outros fetiches religiosos. Há ainda a arrumação do
salão, onde acontece o toque, e das demais dependências do Ilê que depois da limpeza são
organizadas para melhor receber os convidados, Babalorixás e Yalorixás que juntamente com seus
filhos-de-santo vêm prestigiar a obrigação.

03. O Mercado

Também faz parte da preparação para o toque a confecção dos mercados que serão distribuídos
no final do Batuque.O significado e a explicação desta denominação perdeu-se nos tempos, porém
seu significado religioso continua forte.

Os mercados são pacotes onde se colocam as comidas-de-santo para serem ofertados ás visitas
simbolizando a distribuição e a extensão do axé de prosperidade, fartura e fraternidade a todos os
lares e Ilês.

O axé obrigatoriamente deve ser dividido entre os que compareceram ao toque, principalmente
quando o ebó é de quatro-pés. Cada Ilê acondiciona o mercado da maneira que lhe convém: em
bandejas, em pacotes, em caixas de papelão, etc, porém o que não muda muito é o conteúdo do
mercado.
O mercado deve conter: pedaços de carne de cabrito assada, frutas, bolo, axoxô (milho cozido,
pertence á Obá), pipoca (pertence á Bará), batata doce frita em rodelas ou acarajé (pertence á
Iansã), doces - quindim, docinhos, balas (pertence á Oxum), farofa de Xapanã (farinha de
mandioca pilada com amendoim e açúcar). No final do toque também são distribuídos, bolos,
carnes, frutas.

O babalorixá, muitas vezes presenteia os Babalorixás e Yalorixás que estão de visita com flores do
Quarto-de-Santo, para que sejam colocadas em seus Quarto-de-santo, como sinal de
agradecimento pelo comparecimento no ebó. Caso ainda sobre alguma comida ou fruta, deve ser
doado a pessoas carentes ou instituições de caridade.

04. O Toque

O toque geralmente inicia ás 23:00 horas, quando todos os filhos-de-santo devem estar presentes
e devidamente trajados de seus axós, para auxiliar o Babalorixá ou Yalorixá a recepcionar os
visitantes. O início do toque se dá com a chamada: todos em silêncio, ajoelham-se, enquanto o
Babalorixá em frente ao Quarto-de-santo, tocando o adjá (espécie de sineta) saúda a todos os
Orixás, de Bará a Oxalá, fazendo pedidos de abertura, de paz, saúde e prosperidade a todos os
presentes. Os filhos-de-santo respondem com a saudação específica de cada Orixá.
Os alabês (tamboreiros), "puxam" os erís, isto é tocam os tambores enquanto entoam os erís, para
que os presentes respondam, e a roda se forma no centro do salão, movimentando-se no sentido
anti-horário. Os erís têm coreografias adequadas a cada orixá ou a cada "passagem", (relação da
reza com alguma história daquele orixá), por exemplo: nos erís do Orixá Ogum ora dança-se
simulando com as mãos o trabalho do ferreiro na forja, ora dança-se simulando a utilização de
uma lança, relacionando com Ogum guerreiro.

Todos podem fazer parte da roda, adultos, crianças, iniciados e prontos, porém alguns detalhes
devem ser observados. Participam da roda pessoas que estejam de axó (calça comprida para os
homens, e no mínimo saia para as mulheres, desde que não seja curta), mulheres em período
menstrual não participam do Batuque, mas podem auxiliar na manutenção, na limpeza e na
recepção dos convidados. As pessoas que estiverem de luto também não podem participar do ebó,
ficando somente na assistência.

Os Orixás que "chegam" usam o centro da roda para dançarem e darem os seus axés, com
exceção dos orixás "velhos" que são encaminhados a sentarem-se nos banquinhos a eles
destinados. Os erís seguem a hierarquia dos Orixás, sendo de responsabilidade do alabê a
exatidão dos erís assim como a ordem dos acontecimentos no decorrer do toque.

Acompanhe a seqüência de tais acontecimentos, segundo a Nação Jêge-Ijexá:

4.1. Balança ou Roda-de-Prontos

Chama-se balança ou cassum em homenagem a Xangô e também por conter o axé de todos os
orixás em equilíbrio. Há um intervalo na movimentação da roda e os presentes, inclusive os orixás
afastam-se do centro do salão, deixando espaço para a roda da balança.
Só há balança quando há ebó de quatro-pés, que é constituída exclusivamente por pessoas prontas
na religião, que já tenham feito ao menos bori de quatro-pés, no mínimo 06 pessoas (conta de
Xangô) podendo ser em número múltiplo de 06: 12, 18, 24, 32. Caso o número de prontos seja
excedente, por ser feito mais de uma balança, aí então costuma-se fazer uma balança com
pessoas de orixá de frente e uma balança com o povo de praia. Os participantes colocados lado a
lado, formando uma roda de mãos dadas, dançam ao ritmo do tambor que vai gradualmente
aumentando de intensidade. É quando ocorre o maior número de ocupações ao mesmo tempo,
sendo somente de orixás jovens (Oxum, Iemanjá e Oxalá velhos só podem chegar depois do início
dos erís de Oxum). Ao terminar a balança os Orixás cumprem o fundamento: Vão ao Quarto-de-
santo, depois até a porta da rua para cumprimentar os orixás da rua e depois dançam ao som do
Alujá de Xangô e do Alujá de Iansã, erís destinados unicamente pelos orixás de frente.

Há a crença de que a balança não pode ser aberta, isto é, as pessoas devem permanecer de mãos
dadas até que se inicie o alujá, caso a balança arrebente algo de grave pode acontecer por dos
participantes da balança, podendo até ser a morte. Mas caso haja alguma ameaça de arrebentar a
Balança, cabe ao alabê, mudar imediatamente o axé indo direto para a execução do Alujá de
Xangô. Por causa desta crença, muitas pessoas esquivam-se de participar da Balança, porém é
uma obrigação muito forte onde se confirma que o ebó que está sendo realizado é de quatro-pés,
o axé que emana no salão durante a balança é algo muito forte, sentido por todos os presentes.

4.2 Alujá de Xangô e Alujá de Iansã

Logo após a Balança os Orixás que estão no "mundo" dançam o Alujá do Xangô e o Alujá de Iansã,
respectivamente, ritmos do tambor, característicos destes Orixás. Os orixás jovens dançam em
frente ao "pagodô" local mais elevado (espécie de palco) onde ficam os alabês. Durante o alujá é
contagiante o axé e a empolgação com que os orixás dançam, proporcionando um momento de
rara beleza.

4.3 A Saída do Ecó

Terminado os Erís de Obá é hora da Saída do Ecó, que nada mais é do que o despacho do axé de
Bará, e do ecó de Bará Lanã e do Bará Lodê (alguidar com água, farinha de mandioca e gotas de
epô - azeite de dendê) e do ecó de Oxum (Vasilha de vidro com farinha de milho, água, mel e
perfume e flores).

A saída do ecó simboliza a saída de toda a negatividade que existe no ambiente e nas pessoas
presentes prepara o ambiente para os erís dos Orixás de praia, que tem um toque mais brando.
Enquanto sai o ecó, os alabês continuam puxando os erís, só que agora puxam os erís dos orixás
da rua - Bará Lodê, Ogum Avagã e Iansã Timboá - não há movimento da roda e a assistência evita
olhar para o que está acontecendo, virando para a parede. Diz a crença que quem olhar a saída do
ecó atrai para si a negatividade ali contida.

4.4 Roda de Ibedji

No Batuque de Quatro-pés há a roda de Ibedjis, no Gêge-Ijexá ela acontece durante os erís de


Oxum. É o momento em que as crianças participam da obrigação e as mulheres que pretendem a
maternidade ou que estão grávidas fazem os seus pedidos e agradecimentos. Os orixás,
principalmente Oxum e Xangô, distribuem aos que estão na roda e na assistência, as frutas, os
doces - quindins, merengues, cocadas, bolos - que estão no Quarto-de-santo.

4.5 Axé dos Perfumes

Sendo Oxum a deusa da beleza adora perfumes, espelhos, em seus erís há um momento especial
em as Oxuns que estão no mundo recebem vidros de perfumes, leques e espelhos. Dançam
felizes, empunhando seus leques e espelhos enquanto outras se banham com perfume e
distribuem um axé perfumado as pessoas que estão na roda e na assistência. Este axé faz uma
referência sobre a "passagem" em que Oxum está no rio banhando-se, num ritual de beleza e
encantamento.
4.6 Axés dos Presentes

Geralmente acontece quase no final do Batuque, os orixás que estão aniversariando "apresentam"
seus bolos, tantos os orixás quanto os filhos-de-santo que não se ocupam, mostram a todos o seu
bolo com a vela acesa (correspondente aos anos de assentamento do orixá), enquanto são
saudados pelos presentes. Depois os bolo são servidos aos convidados e o excedente é distribuído
juntamente com os mercados.
São de costume também, os convidados ofertarem presentes ao Orixá do Babalorixá ou Yalorixá
por ocasião de seu aniversário de aprontamento. Os presentes mais comuns são: flores, perfumes,
doces, utensílios que podem ser usados no dia-a-dia Ilê, etc. É neste momento que o Babalorixá ou
o próprio Orixá apresenta á todos o presente recebido.

4.7 O Axé do Alá de Oxalá

Pertence aos erís do Oxalá o axé do Alá. Em determinado momento, os filhos-de-santo com
estatura mais elevada suspendem ao alto um grande Alá branco. Enquanto a roda e os erís
continuam, todos passam por baixo do Alá pedindo ao orixá do branco a paz e a proteção

4.8 O Aforiba ou a Dança do Atã

O aforiba é o momento em que Ogum e Iansã demonstram a passagem em que Iansã embebeda
Ogum para fugir com Xangô. O Babalorixá convida um Ogum e uma Iansã para fazerem o Aforiba,
então ela coloca no centro do salão duas garrafas contendo atã (aforiba) e as armas pertencentes
a estes orixás (espadas). Iansã toma as garrafas e oferece á Ogum que logo se embebeda, mas
em seguida Ogum volta a si e vai atrás de Iansã empunhando sua espada. Os dois lutam, mas
Iansã consegue acalmar Ogum e os dois reconciliam-se e voltam a dançar juntos.

Tendo um Xangô no mundo poderá vir ele fazer parte do Aforiba. Xangô vem em defesa de Iansã
e com seu machado de dois gumes entra na luta com Ogum. Aí então, Iansã acalma os dois
Orixás.

4.9 Os Axêres

Conforme o Batuque vai acontecendo, os orixás chegam (ocupam-se da consciência e do corpo de


seus filhos) e fazem o fundamento da religião, conforme o ensinamento do Babalorixá e da
Yalorixá. Feita a obrigação os Orixás "sobem", vão embora. Os orixás são despachados,
geralmente por filhos-de-santo mais antigos e experientes do Ilê, porém eles ficam em "axêre" ou
"axêro" (No Candomblé são chamados de Erês), estado intermediário entre a ocupação do orixá e
da pessoa propriamente dita. Os axêres agem como crianças, tomam refrigerante e adoram fazer
brincadeiras com as pessoas, pois seu linguajar é confuso, trocam as expressões como, por
exemplo: "tigue" (tigre) quer dizer carro, "confeitaria" quer dizer bolo, "pouco" quer dizer muito,
"feinho" quer dizer bonito, e assim por diante. È um momento de descontração, porém deve ser
mantido o respeito, pois apesar de fazerem brincadeiras, os axêres ainda conservam a essência do
orixá.

4.10 A Levantação da Obrigação

Terminada o período em que a obrigação deve ficar arriada, há a levantação, termo que se refere
ao ato de levantar as vasilhas contendo as obrigações de corte que estavam arriadas, limpa-las e
guarda-las nas prateleiras dentro do Quarto-de-santo. Mantendo um costume desde o tempo dos
escravos, as obrigações são guardadas no Quarto-de-santo e ocultas por cortinas que geralmente
tem á sua frente imagens católicas que se referem ao sincretismo religioso, assim como velas,
castiçais, comidas de santo, flores e outros objetos sagrados pertencentes aos Orixás.

05. O Peixe

A obrigação do peixe é feita pela manhã bem cedinho, e só ocorre em festas grandes, com quatro-
pés. Alguém encarregado deve ir ao rio ou ao mercado público e trazer peixes ainda vivos para
serem imolados aos Orixás, de Bará á Oxalá, por isso não pode ser uma quantidade muito
pequena. Os orixás de frente recebem pintado como obrigação e os Orixás de praia recebem
jundiá. No Quarto-de-santo são imolados ao menos um peixe para cada orixá e a ele é destinado:
a cabeça, as barbatanas, a cauda e um pouco de axorô (sangue). A carne dos peixes imolados é
servida com pirão (ebó) no almoço e deve ser consumida pelos presos (filhos que estão de
Obrigação) e pelos que estão na casa, pois o ebó de peixe simboliza fartura e prosperidade.
Uma quantidade maior de peixes é preparada frita para ser servida ao povo que comparecer ao
batuque de encerramento ou no Toque do Peixe - toque realizado na noite do corte do peixe,
porém com duração mais curta quando serão consumidos o ebó do peixe e peixes fritos, além das
comidas dos orixás.

06. Mesa de Ibedji

A obrigação da Mesa de Ibedji é feita no Batuque de Encerramento e nas ocasiões em que o


Babalorixá ou Yalorixá acharem necessárias. É realizada no início da noite e antecede o Batuque de
Encerramento. Dela participam crianças de zero á doze anos, além de mulheres grávidas, ou que
queiram engravidar. São "tirados" erís de Bará, de Xangô e Oxum (que representam os Ibedji) e
dos orixás velhos. A Mesa de Ibedji é riquíssima de detalhes e constitui uma obrigação religiosa
com muito axé e beleza. Significa agradar e reverenciar aos orixás das crianças que simbolizam
pureza, paz e prosperidade.
Uma grande toalha branca é colocada ao chão e nela colocam-se 01 gamela de frutas, 01 gamela
contendo amalá, flores, 01 quartinha, brinquedinhos, bolo, doces e refrigerantes. As crianças
participam em grupos de 06, 12...(números múltiplos de 06, a "conta" de Xangô), sentam-se ao
redor da toalha, as menores acompanhadas por um adulto. Servem-se para as crianças:
primeiramente canja de galinha, depois os doces e refrigerante. Após terem comido o que foi
servido, são dados ás crianças uma colher de mel e um gole de água. Depois são lavadas e
enxugadas as mãos das crianças. Terminadas estas etapas as crianças são levantadas da mesa
por pessoas adultas ou por orixás que tenham "chegado" na mesa e conduzidos a formarem uma
roda ao som de erís de Xangô. São feitas quantas mesas forem necessárias para que todas as
crianças presentes participem da Obrigação.

Encerrada a Mesa de Ibedji, os Orixás que chegaram durante e a Mesa de Ibedji, recolhem os
itens que ainda restam na mesa e levam até o Quarto-de-santo. Os brinquedos são distribuídos
entre as crianças que participaram da Mesa.

07. Toque de Encerramento

É o toque que encerra as atividades públicas do Batuque Grande. Tem uma proporção um pouco
menor do que o primeiro toque, pois é antecedido pelo corte do peixe e do corte de confirmação,
quando são imoladas somente aves aos orixás.A cor dos axós é preferencialmente o branco e pode
acontecer a Mesa de Ibedji antes do início do toque. É nesta noite que serão dados os axés de
Obés e Ifá. Entre os alimentos servidos aos convidados prevalecem os doces, além da canja, da
canjica e do amalá (este feito com carne de peito de gado). Seguido do toque, no dia posterior há
a levantação da obrigação do corte de confirmação.

08. O Passeio

O término da obrigação para os filhos-de-santo que estão presos por motivo de seu aprontamento
ou por obrigação de Bori é o Passeio no dia posterior á Levantação, pela manhã, antes, porém o
Babalorixá ou Yalorixá leva os presos até a porta da frente do Ilê e apresenta-os à rua (aos Orixás
da Rua), liberando-os para saírem fora dos limites do Ilê.

É comum no centro de Porto Alegre reconhecermos um grupo de presos passeando juntamente


com seu Babalorixá ou Yalorixá . Saindo do Ilê vão até o centro visitar lugares de grande
significado para a comunidade batuqueira: A Igreja do Rosário construída com o trabalho do negro
escravo (antiga irmandade de negros) , o Mercado Público - lá compram cereais, grãos, e velas -,
o Rio Guaíba ( que banha a cidade) - lá reverenciam Oxum e jogam moedas ao rio pedido
prosperidade e fartura. Em seguida, vão visitar algum Ilê conhecido onde "batem cabeça"
cumprimentando os Orixás do Ilê e lá depositam parte das compras feitas no mercado. De volta ao
Ilê, batem cabeça no Quarto-de-santo e arriam o restante das compras feitas. Cumprimentam o
Babalorixá ou Yalorixá na nova condição de Filho-de-santo pronto, ou borido (conforme a obrigação
realizada).

::.. As Obrigações no Batuque ..::

1. As Quinzenas:

As quinzenas são obrigações menores que duram normalmente dois ou três dias - a matança e o
toque (Batuque) - é freqüentado por um número não muito grande de pessoas e geralmente estão
associadas a alguma data comemorativa ou a obrigação de bori de filhos-de-santo do Ilê. Há o
toque dos erís dos Orixás, as comidas-de-santo são ofertadas aos orixás e as tradicionais comidas
servidas ao povo: canja, canjica branca e amarela, amalá. Por ser uma obrigação menor, exige
um mínimo de aves a serem sacrificadas, cujo axorô e inhélas são ofertadas aos orixás. A carne
das aves é consumida nos intervalos do toque do tambor, servida enfarofada ou na canja, comidas
tradicionalmente ofertadas as pessoas que comparecem ao ebó. Há ainda as "quinzenas secas",
quando não há sacrifício de animais. Os alimentos servidos ao povo são basicamente doces.Sendo
as quinzenas obrigações menores, constituem em excelente oportunidade para a aprendizagem
dos fundamentos do Batuque, dos Erís e da organização do Ebó.

2. Os Orixás Vão Para a Guerra:

Realizada no período na semana santa, não ligada ao catolicismo, mas um período em que o
mundo entra em luto pela crença católica. Por estar em luto a humanidade fica fragilizada e
desprotegida, então se faz nos terreiros a obrigação de mandar os santos para guerra, Arriam-se
novas oferendas, além de doces e flores em sinal de agradecimento e alegria pela volta dos
Orixás, e pelo término do período de luto.
Geralmente acontece na quinta-feira santa á noite, os orixás que costumeiramente chegam,
manifestam-se em seus filhos-de-cabeça, perto da porta da entrada do Ilê e com uma expressão
mais pesada, com feições mais sérias, como se estivessem tristes. Recebem no Quarto-de-Santo
um saquinho de tecido contendo grãos que simbolizam o axé e o alimento que serão necessários
na guerra. Levam também todos os axés que estiverem arriados no Quarto-de-Santo, este
permanecendo vazio até o sábado de aleluia em sinal de luto.

No sábado de aleluia, entorno dás 10:00 horas da manhã, abre-se o Quarto-de-Santo, o


tamboreiro toca os Erís e os Orixás que foram para a guerra manisfestam-se novamente,
simbolizando a chegada da guerra. São recepcionados com muita alegria, pois o período de guerra
e de luto foi superado. Arriam-se novas oferendas, alem de doces e flores em sinal de
agradecimento e alegria pela volta dos Orixás, e pelo término do período de luto.

3. A Entrega do Ano:

Na concepção batuqueira, cada ano é regido por um orixá que é acompanhado por outros orixás. A
determinação de qual orixá irá reger o ano é dada através do Jogo de Búzios. Esta limpeza é
diferente das demais limpezas feitas durante o ano, pois é realizada com o axé de todos os orixás,
mais 07 varas de marmelo. (que pertencem a Ogum, para cortar as demandas), a vassoura de
Xapanã (de palha ou com 07 cores de tecido, para varrer as mazelas e feitiçarias) e com 01 ave
do orixá que está entregando o ano. É feita à marcação dos que fizeram a limpeza e segurança
amarrando-se ao pulso ou tornozelo um molho de linhas com as cores de todos os orixás, o que
significa que o indivíduo está puro e seguro para enfrentar o ano que vai vir. Esta Limpeza é feita
também nas pessoas comuns que freqüentam o Ilê.

Depois da Limpeza é feito o océ nos Orixás, limpeza das ferramentas, dos ocutás e de tudo o que
pertencem aos Orixás. E finalmente é realizado o toque em homenagem aos Orixás que estão
entregando o ano e aos orixás que irão reger o próximo. A água contida nas quartinhas dos Orixás
são despachadas e trocadas por uma nova água, o que simboliza a renovação do axé. É uma
obrigação com caráter festivo, porém não deixa de ter seu caráter religioso.

4. Os Rituais Fúnebres Dentro da Religião Africanista:

O Batuque cultua seus antepassados, e embora o culto aos que já se foram faz parte do
Fundamento Religioso do Batuque, as obrigações, bem como tudo o que se refere aos rituais
fúnebres é separado e diferente do culto aos Orixás.

Há muito respeito e um certo temor ao se falar em "Egun" - espírito dos que se foram - causando
até mesmo pânico entre aqueles que não conhecem os fundamentos religiosos. Babalorixás e
Yalorixás que atingiram um grau mais elevado na Religião possuem o Balê ou "Buraco", local
específico para as obrigações ligadas aos mortos, geralmente situado no extremo oposto á entrada
do terreiro, porém quando o Balê ou Buraco não é estabelecido, os rituais e oferendas aos eguns
são feitos no mato. As obrigações de egun acontecem em períodos pré-estabelecidos (geralmente
próximo á Semana Santa e no Dia de Finados) e anualmente no dia em se comemora a abertura
do Balê, salvo ao fato de algum filho-de-santo vir a falecer.

No caso de falecimento do Babalorixá dono do terreiro, o luto no templo dura um ano, neste
período ficam suspensas obrigações de corte, toques e fetiches, sendo somente liberado o Jogo de
Ifá trinta dias depois para que se possa manter a economia do terreiro. No Balê são feitas as
oferendas aos eguns - comidas ritualísticas específicas, flores, bebidas, cigarros, perfumes, etc. -
como forma de homenagear nossos ancestrais, desde aqueles que deram início á nossa gôa
(família religiosa) até aqueles que se foram mais recentemente.
Ao falecer um iniciado na Religião Africanista é necessário realizar as Obrigações de Desligamento
e quanto maior for o grau de importância desta pessoa dentro do culto, maior e mais detalhada
será a obrigação, que significa o desligamento do espírito da pessoa falecida com a vida material e
terrena. Os cânticos que no lado dos Orixás são chamados de Erís, nos Eguns são chamados de
ateté e são acompanhados ao som do tambor xôxo, não há utilização de sineta e nem de agê, a
roda movimenta-se no sentido horário enquanto balançam-se os braços, os participantes usam
sapatos, características contrárias às das obrigações para os Orixás. Além de homenagear os
ancestrais, as Obrigações de Egun também servem para descarregar as cargas negativas.

::.. Iniciação no Batuque ..::

A iniciação na religião se faz durante um período de reclusão na casa de culto, a qual implica
vários tabus, tais como, as relações sexuais, certos alimentos, o calor do sol, etc. Durante este
período, o noviço se aprofunda nos mistérios da religião . Esta iniciação exige uma série de banhos
cerimoniais, inclusive com o sangue de animais sacrificados. Diz-se que a pessoa "está no santo"
quando seu orixá protetor se apossou de sua consciência, dela só se afastando mediante o ritual
do "despacho de santo", este realizado pelo Babalorixá ou por um filho mais velho e
experimentado. Diz-se então que o noviço "está feito": é "filho-de-santo".
A partir daí é uma aprendizagem contínua: "... a aquisição de conhecimentos é uma experiência
progressiva, iniciática, possibilitada pela absorção e pelo desenvolvimento de qualidades e
poderes". A aquisição de tais conhecimentos só é efetiva se houver contato constante com o
sagrado. O Batuque se diferencia de outras religiões porque o indivíduo aprende pela observação
direta, o que pressupõe sua presença a prática ritual. Dentro de algum tempo, após cumprir todas
as etapas da iniciação e de ter recebido todos os "axés": o direito e poderes para "olhar os búzios"
e para cortar (sacrificar animais segundo o ritual) o filho-de-santo "pronto" pode estabelecer-se
com casa de culto própria, da qual será o Babalorixá.

O cumprimento de cada uma destas etapas, se de um lado confere prestígio, direitos e privilégios
junto á comunidade batuqueira, de outro, corresponde a obrigações e comprometimentos cada vez
maiores com o sagrado. O filho-de-santo desde a iniciação até o fim da vida fica ligado ao seu
orixá por laços muito rigorosos de obediência e cultos, não só por interesse de receber do orixá as
graças e a proteção desejada, mas também para evitar castigos e as penas por ele impostas ao
seu filho que não procede com correção ou negligência os deveres religiosos. Além disso, o "filho-
de-santo" deve estrita obediência a seu "pai" ou "mãe-de-santo", subordinação esta tão extensa
que atinge até a conduta fora da casa de religião.

01. Lavagem de Cabeça

É a primeira obrigação da iniciação. O Babalorixá ou Yalorixá utiliza o Mieró (ervas sagradas


maceradas com água pura), enquanto tira-se o Erí, ou seja, a reza do Babalorixá ou Yalorixá.
Debruçado sobre uma bacia de ágata, contendo o mieró, o iniciando tem sua cabeça lavada.
Depois seca com uma toalha branca. A partir de então o iniciando passa a ser "filho-de-santo" ,
devendo respeitar e participar de todas as atividades que ocorrerem no Ilê.

OBS: O Mieró deverá ser feito para a lavação de cabeças, de obrigações (Boris, Ocutás, Vasilhas,
etc) ou mesmo um banho de descarga.

02. Aribibó

O Aribibó é a obrigação realizada com um casal de pombos pertencentes ao Orixá. Nesta


obrigação não feito nenhum tipo de assentamento, visto que trata-se de um reforço ou até mesmo
um axé de saúde.

03. Bori

O Bori de aves é a obrigação em que o filho-de-santo reafirma sua convicção dentro da religião. É
feito como uma preparação para o aprontamento, ou como um "reforço de cabeça", que tem como
objetivo melhorar as condições gerais do filho-de-santo. Na obrigação do bori são consagrados
alguns objetos que juntos também se chamam bori: uma manteigueira de vidro ou porcelana, 01
moeda antiga, alguns búzios (de acordo com o número de axé do orixá) e 01 quartinha (espécie
de vaso de barro com tampa). Estes objetos são colocados dentro de uma vasilha, juntamente
com as guias e recebem o sangue (axorô) dos animais sacrificados, vasilha esta que fica no colo
do filho que está sendo borido, enquanto este fica sentado no chão.O Babalorixá faz as marcações
no corpo do filho da mesma forma que foi feita no aribibó, com a diferença de serem sacrificados
além de pombos, galos ou galinhas, de acordo com o orixá dono da cabeça do filho-de-santo. Na
continuação da obrigação de bori conservam-se as mesmas etapas do aribibó, porém no bori há
uma testemunha a quem chamamos de padrinho ou madrinha de cabeça, devendo-se total
respeito ao padrinho, que deverá ser alguém com feitura, filho-de-santo pronto, pois é o padrinho
ou madrinha que deverá ser procurado caso o afilhado necessite de orientação e o Babalorixá
estiver impossibilitado de auxiliar o filho-de-santo.

Terminada as etapas da matança o borido é auxiliado a trocar de roupa e deita-se no chão


mantendo-se o mais próximo de sua obrigação. Os animais sacrificados vão para a cozinha, onde
são preparadas as inhélas (partes extremas e vitais das aves, fritas em óleo) que serão servidas
aos orixás e com o restante do corpo das aves serão preparadas as refeições para alimentar o
povo que permanecerá no Ilê durante o período de obrigação, ou então serem servidas durante a
noite de Batuque.

A reclusão do filho de santo que está sendo borido varia de 03 a 04 dias em média. Durante este
período o borido reduz ao máximo suas atividades e movimentos, permanecendo a maior parte do
tempo deitado ao chão. Após o batuque e o término do período de reclusão levanta-se a obrigação
e monta-se o bori: Faz-se uma cama de algodão dentro da manteigueira e põe-se a moeda ao
centro rodeada pelos búzios

Cobre-se com bastante mel. Agora o filho-de-santo tem o Bori (a mantegueira com os búzios e a
quartinha cheia d'água), que ficará guardado no Quarto-de-Santo, numa prateleira coberto por
cortinas, juntamente com os Boris dos demais filhos do terreiro, até que este filho se apronte e
tenha seu próprio terreiro. O Bori é considerado a "cérebro" do indivíduo, portanto exige certos
cuidados, não deve ser mexido, a quartinha deve estar sempre com água e deve ser reforçado de
tempos em tempos com nova obrigação.
Há vários tipos de Bori:

Bori de Aves: quando são sacrificados galos ou galinhas da cor pertencente ao orixá de cabeça e
para o orixá que rege o corpo da pessoa. É uma obrigação de iniciação para o filho-de-santo novo
ou de reforço para o filho que fez bori e que precisa renovar sua força espiritual.

Bori de Meio Quatro-Pé: como é chamado vulgarmente, pois é considerado como preparação
para o aprontamento, isto é, antecede o Bori de Quatro-pés. Esta obrigação é feita para filhos que
já tenham feito bori de aves e também pode ser feito como reforço, para os que já são filhos
prontos. É sacrificado um casal de galinhas d'angola se o filho-de-santo pertence a um orixá de
frente, casal de marrecos se o filho-de-santo pertencer á Oxum ou Oxalá ou então, um casal de
patos se for filho de Iemanjá. A feitura de um Bori de Meio Quatro-Pés, vai depender da
necessidade do indivíduo e/ou da exigência de seu orixá, o que será verificado junto ao Babalorixá
ou Yalorixá através do Ifá.

Bori de Quatro-Pés: considerado como apronte de cabeça, principalmente quando junto ao Bori
ocorre o assentamento do Orixá de cabeça do filho-de-santo. Ocasião onde se consagra não
somente o Bori, mas também os objetos místicos: as ferramentas e o ocutá onde será fixado o
orixá e a guia delegum, guia com vários fios de contas que variam em número e cor de acordo
com o axé do orixá. È sacrificado um animal de quatro patas de acordo com o orixá do indivíduo. A
partir desta obrigação, aumentam as responsabilidades do filho-de-santo, assim como seu
prestígio junto á sociedade batuqueira. O período de obrigação, em que o filho fica "preso" no Ilê é
maior do que no Bori de Aves, variando de 06 até 20 dias ou mais, isto vai depender da situação e
das regras dadas pelo Babalorixá.

04. Aprontamento:

O aprontamento corresponde ao estabelecimento oficial e definitivo do vínculo místico


indivíduo/orixá. Entretanto este vínculo precisa ser renovado de tempos em tempos, pois o ato de
colocar axorô na cabeça implica na idéia de alimentar o orixá e fortalecer o seu filho.O
aprontamento sempre ocorre na obrigação que chamamos de matança e os principais passos do
aprontamento são muito semelhantes em todos os terreiros, e são eles:

1. O corte dos animais ofertados a cada um dos orixás a serem assentados em cima da vasilha
que contém os objetos a serem consagrados.

2. No caso do aprontamento de cabeça o axorô do animal também é derramado sobre a cabeça do


filho-de-santo que está se aprontando, tal como é feito no bori.

3. Os animais sacrificados são coureados, para que possam ser preparados e servidos no Batuque
que será realizado. Geralmente a matança se dá numa Quinta-feira, sendo uma obrigação
fechada, comparecendo somente os filhos do Ilê.No sábado dá-se o Batuque grande, quando
comparecem ao Ilê grande número de pessoas, pertencentes ao batuque ou não.

Após as etapas da matança segue-se a preparação para o Batuque que será dado em homenagem
aos orixás que estão sendo assentados. A preparação do Batuque compreende desde a decoração
do salão, até a confecção dos alimentos que serão servidos.

5. Axés de Obé e Ifá ( facas e búzios)

O filho-de-santo é agraciado com os axés de Obé e Ifá, quando o Babalorixá ou Yalorixá


perceber o desenvolvimento, o empenho e o merecimento do filho para com suas
obrigações e o comprometimento com seus Orixás e com os fundamentos da Religião.
Significa que o Babalorixá tem extrema confiança no filho que irá receber os axés, tanto em
relação aos seus conhecimentos, quanto ao seu caráter e honestidade, pois é através do Ifá
que se auxilia quem precisa de orientação e com o Obé realizamos os fetiches para os
Orixás.
A entrega destes axés ocorre no Batuque de terminação, geralmente no sábado posterior ao
Batuque Grande.

Quando for entregue os axés, os objetos que compõe o jogo de Ifá e as facas deverão ser
colocados em uma bandeja enfeitada com flores e folhas e se fará o ritual de entrega. O
padrinho ou madrinha segurará uma vela acesa testemunhando a obrigação. Antes de dar
início à entrega dos axés o babalorixá dirá um pequeno discurso sobre a importância e a
utilidade dos axés que estão sendo entregues perante todos os presentes. A partir de então
o filho-de-santo é considerado pronto, isto é tem sua obrigação completa com o
assentamento de todos os orixás e os axés de obé e ifá. Depende agora de seu
desenvolvimento e aptidão e, com o consentimento de seu orixá-de-cabeça e de seu
Babalorixá poderá ter seu próprio Ilê.

06. O Axé de Fala para o Orixá

As primeiras manifestações do orixá são muito rudes, diz-se que o orixá nasceu ao chegar
pela primeira vez ao mundo. O Babalorixá ou Yalorixá começa então a ensinar ao orixá
certos comportamentos e fundamentos necessários para o bom desempenho do ebó. O
orixá não necessita falar para dar o seu axé, porém após atingir um certo nível de
desenvolvimento o Babalorixá concede a permissão da fala para que o Orixá possa auxiliá-lo
durante o Batuque nos afazeres que acontecem durante o ebó, além de auxiliar com os
orixás que são mais novos e que estão em pleno desenvolvimento.

É um axé de muito segredo e fundamento. O Babalaô deve jogar para ver se pode dar a fala
e se o Orixá aceita. Deve apresentar o axé para as testemunhas e dar início à obrigação,
que consiste numa prova para verificar a veracidade da possessão ou não.

A confirmação positiva da veracidade e da força do orixá é algo de muita comemoração.


Todos os que participaram da prova da fala, testemunhas, orixás, babalaôs, entram no salão
e o orixá que recebeu a fala é vestido com uma capa e saudado por todos os presentes ao
batuque.

Postado por Eduardo d' Oxum

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