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DF CARF MF Fl.

225
S1­C4T2 
Fl. 2 
9
 
   0-6  

MINISTÉRIO DA FAZENDA  01
S1­C4T2 
/2
32
CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 
PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO 
0 01
2.0
 
83
IA
Processo nº  16832.000132/2010­69  16
S O
P
Recurso nº               Voluntário 
Acórdão nº  C ES
1402­001.534  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária  
Ó

O
Sessão de  04 de dezembro de 2013 PR
C

Matéria  R F
Auto de Infração do IRPJ e Reflexos       
A
Recorrente 
D -C
INTER CONTINENTAL DE CAFÉ S/A 
Recorrida 
PG
FAZENDA NACIONAL 
 
NO
ADOASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­ IRPJ 
R Ano­calendário: 2005, 2006 
GE CONTRATO  PARTICULAR.  PREVISÃO  DE  PAGAMENTO  DE 

D ÃO HONORÁRIOS  COM  O  EFETIVO  RECEBIMENTO  DO  RESULTADO 


DECORRENTE  DOS  SERVIÇOS.  VALORES  RECEBIDOS  E 
Ó R HONORÁRIOS  PAGOS  EM  DATA  POSTERIOR.  JUROS  DE  MORA 

A C QUE  SE  MOSTRAM  DEVIDOS.  DESPESAS  DEDUTÍVEIS. 


INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO SEM CAUSA. 
Da previsão  contratual  de  que  os  "honorários  são  devidos  com  a  venda  e  o 
efetivo  recebimento"  decorre  a  conclusão  de  que  a  obrigação,  quanto  ao 
pagamento  dos  honorários,  tem  como  termo  para  ser  adimplida  a  data  do 
recebimento  dos  valores  por  quem  contratou.  Imaginar  outro  momento, 
quanto  à  obrigação  do  pagamento  dos  honorários,  seria  afrontar  a  boa­fé 
objetiva  que deve  ser  entendida  como  um  modelo  de  conduta  social  ou  um 
padrão  ético  de  comportamento,  que  impõe,  concretamente,  a  todo  cidadão 
que, nas suas relações, atue com honestidade, lealdade e probidade. 
Havendo  previsão  para  pagamento  dos  honorários  desnecessário  a 
interpelação  ou  cobrança  judicial  para  constituir  o  devedor  em  mora  ou 
justificar a exigência de juros que, caso não adimplidos de forma espontânea, 
podem ser objeto de cobrança.  
Em não havendo previsão contratual quanto à taxa de juros aplica­se  a taxa 
Selic, conforme previsto no artigo 406 do Código Civil.  
PAGAMENTO SEM CAUSA.  
O  fato  da  devedora,  quando  do  pagamento,  além  dos  juros  de  mora,  ter 
inserido  outros  encargos  ou  acréscimos  não  previstos  no  contrato  existente 
entre as partes, é fator que enseja a glosa do excedente, mas não caracteriza 
pagamento sem causa.  
Recurso Parcialmente Provido. 
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DF CARF MF Fl. 226
Processo nº 16832.000132/2010­69  S1­C4T2 
Acórdão n.º 1402­001.534  Fl. 3 
 
 

 
 

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. 

Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  dar 
provimento  parcial  ao  recurso,  para  reconhecer  o  direito  à  dedução  dos  juros  até  o  limite  da 
IA
taxa  SELIC,  no  período,  e  cancelar  o  IRRF,  nos  termos  do  relatório  e  voto  que  passam  a 
integrar o presente julgado.  
P
 
Ó

(assinado digitalmente) 
Leonardo de Andrade Couto ­ Presidente 
C

 
(assinado digitalmente) 
Moisés Giacomelli Nunes da Silva ­ Relator 
 

Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Frederico  Augusto 


Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes 
da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto. 

 
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Processo nº 16832.000132/2010­69  S1­C4T2 
Acórdão n.º 1402­001.534  Fl. 4 
 
 

Relatório  

A presente autuação diz respeito aos anos­calendário de 2005 e 2006, lavrada 
em face da empresa antes indicada que é tributada com base no Lucro Real anual. 
IA
O auto de infração de fls. 104 e seguintes, lavrado em 12/02/2010, encontra­
P
se  acompanhado  do  termo  de  verificação  fiscal  de  fls.  95  e  seguintes,  foi  notificado  à 
recorrente  em  18/02/2010  (fl.  105),  exigindo  IRPJ  em  relação  ao  ano­calendário  de  2006  e 
Ó

IRRF  no  mês  de  novembro  de  2005  e  setembro  de  2006,  em  face  das  infrações  abaixo 
indicadas: 
C

 
001 IRPJ ­ CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS NO NECESSÁRIOS 
Fato gerador   Valor Tributável ou imposto    Multa 
31/12/2006    R$ 748.303,65    75% 
 
001  IRRF  ­  OUTROS  RENDIMENTOS  ­  PAGAMENTOS  SEM  CAUSA  /  OPERAÇÃO 
NÃO  COMPROVADA  FALTA  DE  RECOLHIMENTO  DO  IMPOSTO  DE  RENDA 
NA  FONTE  SOBRE  PAGAMENTOS  SEM  CAUSA  OU  DE  OPERAÇÃO  NÃO 
COMPROVADA 
 
Fato gerador   Valor Tributável ou imposto    Multa 
10/11/2005    R$ 553.446,99    75% 
15/09/2006    R$ 598.942,12    75% 
Segundo  se  extrai  do  termo  de  verificação  fiscal  e  da  planilha  de  fl.  94,  a 
autuada  contratou  a  empresa  ARBEIT  GESTÃO  DE  NEGÓCIOS  LTDA,  pelo  valor  de  5% 
(cinco  por  cento)  correspondente  ao  total  dos  benefícios  que  obteria  em  face  dos  trabalhos  a 
serem  desenvolvidos  por  esta.  Desta  forma,  como  o  total  dos  benefícios  importou  em  R$ 
52.812.376,88, o valor a ser pago deveria ser de R$ 2.640.618,84 e não R$ 3.388.923,50, como 
foi pago. Em assim sendo, em relação ao excesso pago glosou­se a despesa R$ 748.304,66, no 
ano­calendário  de  2006  e  exigiu­se  IRRF,  levando­se  em  consideração  as  datas  dos 
pagamentos, conforme quadro que segue: 

Datas dos Pagamentos  Valores  pagos  Cálculo  do  Base  de  cálculo 


pela  excesso  reajustada 
contratante 
05/09/05   R$ 1.000.000,00  0,00  0,00 
04/10/05  R$ 500.000,00  0,00  0,00 
31/10/05  R$ 500.000,00  0,00  0,00 
10/11105  R$ 1.000.000,00  359.381,16  R$ 553.446,99 
15/09/06  R$ 388.923,50  388.923,50  R$ 598.942,19 
 

Total Pago  R$ 3.388.923,50 
Remuneração Pactuada 5% (52.812.376,88)  R$ 2.640.618,84 
 

Excesso pago  748.304,66 
 
Não há controvérsia quanto à efetiva prestação dos serviços e valores pagos, 
bem como do recolhimento do IRRF sobre o que foi pago. Intimada para justificar a razão de 
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Processo nº 16832.000132/2010­69  S1­C4T2 
Acórdão n.º 1402­001.534  Fl. 5 
 
 

ter  realizado  pagamentos  no  montante  de  R$  3.388.923,50,  quando  a  simples  aplicação  do 
percentual  pactuado  de  5%  sobre  os  R$  52.812.376,88  recebidos  pela  venda  dos  créditos, 
totaliza  R$  2.640.618,85  a  autuada  informou  que  a  diferença  corresponde  à  atualização  pela 
taxa de juros desde as datas nas quais os valores foram recebidos de Kaiser até os pagamentos 
realizados à contratada. 
IA
A autoridade fiscal entendeu que não havia previsão contratual para pagar a 
correção (diferença) acima indicada, razão pela qual glosou os custos destas e exigiu IRRF por 
P
considerar pagamento sem causa. 
Ó

Notificada,  a  parte  interessada  apresentou  a  impugnação  de  fls.  123  e 


seguintes, sustentando a insubsistência do lançamento com base no seguinte esclarecimento já 
C

prestado quando do procedimento fiscal: 
"(...)  Cabe  esclarecer  que  além  dos  R$  52.812.376,88  pagos  a 
Inter — Continental de Café S/A, a Kaiser pagou diretamente ao 
advogado do processo judicial que gerou o crédito, um valor de 
R$ 2.087.764,13 correspondente ao percentual de êxito da parte 
negociada  e  recebida.  Totalizando,  portanto,  um  paramento 
total  de  RS  54.900.141,00.  Sobre  este  valor  calcula­se  o 
percentual  de  5%,  ou  seja  um  valor  devido  pela  prestação  de 
serviço  de  R$  2.745.007,  05.  A  razão  da  diferença  entre  este 
valor e o valor da N.F da Arbeit é que os valores eram devidos 
nas  respectivas  datas  de  recebimento  da  Kaiser,  ou  seja  28/o 
ut/2004,  29/Nov12004,  29/dez/2004,  26/jan/2005  e  25/fev/2005. 
E  foram  efetivamente  pagos  em  05/set/2005,  04/out/2005, 
31/out/2005,  10/nov/2005  e  15/set/2006,  portanto  foram 
atualizados  pela  taxa  de  juros  que  renderam  neste  período." 
(grifo no original). 

A DRJ julgou improcedente a impugnação com base no entendimento de que 
"Sujeitam­se a incidência de que trata o art 674 do RIR/1999 os pagamentos cujas causas sejam 
desconhecidas."  

Intimada  do  acórdão  em  22/11/2012  (fl.  179),  a  contribuinte,  de  forma 
tempestiva,  ingressou  com  o  recurso  de  fls.  182  e  seguintes,  repisando  os  fundamentos 
destacados quando da impugnação e reiterando a tese de insubsistência do lançamento. 

Em  síntese,  diz  a  recorrente  que  tendo  pago  os  valores  com  atraso,  eram 
devidos os juros de mora. Em defesa de sua tese cita jurisprudência do STJ quanto ao marco 
inicial dos juros de mora (RESP 1.151.873). 

É o relatório. 

 
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Processo nº 16832.000132/2010­69  S1­C4T2 
Acórdão n.º 1402­001.534  Fl. 6 
 
 

Voto             

IA  

Conselheiro MOISÉS GIACOMELLI NUNES DA SILVA ­ Relator 
P

 
Ó

Quanto ao recurso voluntário o mesmo está previsto no artigo 33 do Decreto 
C

nº 70.235, de 1972, é tempestivo, encontra­se devidamente fundamentado e foi interposto por 
parte  legítima  que  pretende  ver  a  decisão  da  DRJ  reformada  .  Assim,  por  preencher  os 
requisitos de admissibilidade, conheço­o e passo ao exame do mérito. 

Conforme contrato de honorários correspondente à prestação de serviços  de 
fls.  61/62,  datado  de  23/10/2003,  firmado  Inter  Continental  assumiu  a  obrigação  de  pagar  à 
empresa  contratada  5%  (cinco  por  cento)  sobre  o  valor  total  dos  créditos  negociados  e 
efetivamente recebidos, atualizados até a data da venda efetiva pela CONTRATANTE. 

Pelo  que  se  extrai  do  item  2.2  do  referido  contrato,  o  preço  dos  créditos 
tributários a serem negociados tinha como piso mínimo de venda 60% (sessenta por cento) de 
seu valor integral. 

Ao  tratar  dos  honorários  e  forma  de  pagamento,  a  cláusula  segunda  do 
referido contrato assim dispõe: 
CLÁUSULA  SEGUNDA  ­  HONORÁRIOS  E  FORMA  DE 
PAGAMENTO 

 2.1. A remuneração da CONTRATADA pelos serviços prestados 
somente  será  devida  caso  a  CONTRATANTE  negocie 
efetivamente os créditos tributários mencionados na cláusula 1.2 
deste Instrumento. 

2.2. Atendendo ao disposto na cláusula 2.1 deste Instrumento, a 
CONTRATADA  fará jus  remuneração  equivalente  a 5  %  (cinco 
por  cento)  sobre  o  valor  total  dos  créditos  negociados  e 
efetivamente  recebidos,  atualizados  ate  a  data  da  venda  efetiva 
pela  CONTRATANTE,  desde  que  o  custo  de  aquisição  dos 
créditos, entendido como prego devido à CONTRATANTE, tenha 
como  piso  mínimo  60%  (sessenta  por  cento)  do  seu  valor 
integral. 

No momento em que o contrato estabelece que os honorários seriam devidos 
"sobre o valor total dos créditos negociados e efetivamente recebidos" tenho que existem duas 
condições aqui previstas, quais sejam, a venda e o efetivo recebimento. 

Se os honorários passavam a ser devidos com a venda e o recebimento, tem­
se que uma vez recebido, sobre a parcela recebida, a contratante já fazia jus aos honorários. 
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Processo nº 16832.000132/2010­69  S1­C4T2 
Acórdão n.º 1402­001.534  Fl. 7 
 
 

Ainda que não havendo disposição expressa no contrato, no momento em que 
o  referido  instrumento  menciona  que  "os  honorários  são  devidos  com  a  venda  e  o 
recebimento",  não  se  pode  imaginar  outra  data  à  obrigação  da  contratante  de  efetuar  o 
pagamento  dos  honorários  senão  a  data  em  que  recebeu  o  crédito.  Imaginar  outro  momento 
seria afrontar a boa­fé objetiva1 cuja função é estabelecer um padrão ético de conduta para as 
IA
partes nas relações obrigacionais que deve decorrer dos contratos. 

O  argumento  do  acórdão  recorrido  de  que  não  havia  prazo  ou  termo  para 
P
pagamento  da  dívida,  razão  pela  qual  não  podia  se  contar  juros,  a  não  ser  por  cobrança  ou 
interpelação judicial, não subsiste. 
Ó

À fl. 72 a recorrente juntou aos autos a planilha abaixo indicando ter recebido 
C

os seguintes valores da Cervejaria Kaiser decorrentes dos serviços prestados pela contratante: 
RECEBIMENTO DE CERVEJARIA KAISER BRASIL S/A 
DATA DO  BANCO/AGENCIA/CORRENTE  VALOR 
RECEBIMENTO 
28­OUT­04  BRADESCO S/A AG.26 C/C 422072  515.309,05 
28­OUT­04  BRADESCO S/A AG.26 C/C 422072  9.790.871,89 
29­NOV­04  BRADESCO S/A AG.26 C/C 422072  696.938,75 
29­NOV­04  BRADESCO S/A AG.26 C/C 422072  9.729.683,36 
29­NOV­04  BRADESCO S/A AG.26 C/C 422072  616.920,00 
29­NOV­04  BRADESCO S/A AG.26 C/C 422072  9.934.124,81 
26­JAN­05  BRADESCO S/A AG.26 C/C 422072  625.533,60 
26­JAN­05  BRADESCO S/A AG.26 C/C 422072  10.072.827,69 
25­FEV­05  BRADESCO S/A AG.26 C/C 422072  633.240,33 
25­FEV­05  BRADESCO S/A AG.26 C/C 422072  10.196.927,40 
Os  extratos  bancários  de  fls.  fls.  64  e  seguintes,  da  conta  bancária  da 
recorrente  junto  ao  Banco  Sudameris  e  Banco  Bradesco  e  os  registros  contábeis  juntado  aos 
autos e já analisados pela autoridade fiscal, não deixam dúvida quanto ao efetivo recebimento 
dos valores acima indicados e, tampouco quanto ao pagamento dos honorários à Arbeit Gestão 
de Negócios nas seguintes datas e valores: 

Pagamentos à Arbeit Gestão de Negócios 
Data  Valor 
05/09/05  R$ 1.000.000,00 
04/10/05  R$ 500.000,00 
31/10/05  R$ 500.000,00 
10/11105  R$ 1.000.000,00 
15/09/06  R$ 388.923,50 
 

 Total Pago   R$ 3.388.923,50 
Quando  se  confronta  a  data  do  recebimento  dos  créditos  acima  elencados  com  as 
datas dos pagamentos dos honorários verifica­se, claramente, que houve atraso no adimplemento, não 
podendo a devedora pretender negar os encargos decorrentes da mora, sob pena de afrontar o disposto 
no artigo 422 do Código Civil que assim dispõe: 

"Art.  422.  Os  contratantes  são  obrigados  a  guardar,  assim  na 


conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de 
probidade e boa­fé." 

                                                           
1
Documento assinado   A digitalmente
boa­fé  objetiva  constitui 
conforme MP nº um  modelo 
2.200-2 de  conduta  social  ou  um  padrão  ético  de  comportamento,  que  impõe, 
de 24/08/2001
concretamente, a todo cidadão que, nas suas relações, atue com honestidade, lealdade e probidade. 
Autenticado digitalmente em 04/02/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e
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Processo nº 16832.000132/2010­69  S1­C4T2 
Acórdão n.º 1402­001.534  Fl. 8 
 
 

Tanto  os  juros  de  mora  calculados  sobre  débitos  fiscais  recolhidos  com 
atraso,  quanto  as  multas  e  juros  efetivamente  suportadas  pela  empresa,  em  virtude  de 
cumprimento de obrigação contratual, desde que vinculadas a legítimas transações comerciais, 
são  despesas  necessárias  que  decorrem  da  lei  e  dedutíveis  da  base  de  cálculo  do  imposto  de 
renda,  sendo  que  o  respectivo  pagamento  de  tais  encargos  não  se  constitui  em  mera 
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liberalidade da empresa e, tampouco, caracteriza a existência de pagamento sem causa. 

No caso concreto, ao atrasar o recolhimento dos tributos retidos quando dos 
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pagamentos  realizados  à  empresa  Arbeit  Gestão  de  Negócios,  a  recorrente  estava  obrigada  a 
quitá­los com os encargos previstos no artigo 406 do Código Civil2. 
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No  caso  dos  autos,  para  efeito  de  apuração  do  valor  cuja  glosa 
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permanece,  na  execução  deve  ser  pego  o  valor  de  cada  parcela  quando  do  vencimento, 
aplicar  a  taxa  Selic  até  a  dada  do  efetivo  pagamento,  apurando  o  valor  devido.  O  que 
exceder entre o valor apurado e o valor pago constitui despesa cuja glosa se mantém. 

Todavia, o valor objeto da glosa não se constitui em pagamento sem  causa. 
No caso dos autos existia contrato que justificava o pagamento. O fato da devedora, quando do 
pagamento,  além  dos  juros  de  mora,  ter  inserido  outros  encargos  ou  acréscimos  é  fator  que 
enseja a glosa do excedente, mas não caracteriza pagamento sem causa. Neste sentido aponta­
se o acórdão abaixo da CSRF: 
R FONTE ­ PAGAMENTO SEM CAUSA ­ ART. 61 DA LEI Nº. 
8.981,  de  1995  ­  LUCRO  REAL  ­  REDUÇÃO  DE  LUCRO 
LÍQUIDO  ­  MESMA  BASE  DE  CÁLCULO  ­ 
INCOMPATIBILIDADE ­ A aplicação do art. 61 está reservada 
para aquelas situações em que o fisco prova a existência de um 
pagamento  sem causa ou a beneficiário não identificado, desde 
que  a  mesma  hipótese  não  enseje  tributação  por  redução  do 
lucro  líquido,  tipicamente caracterizada por  omissão  de receita 
ou glosa de custos/despesas, situações próprias da tributação do 
IRPJ  pelo  lucro  real  (Precedente  da  CSRF.  Ac.  04­01.094. 
Sessão de 03/11/2008. Rel. Conselheira Ivete Malaquias Pessoa 
Monteiro). 

Em 2009 a matéria aqui referida voltou a ser objeto pela CSRF, nos autos do 
processo  nº  10730.004442/2002­12,  de  minha  relatoria,  tendo  o  Colegiado,  em  nova 
composição, mantido o entendimento sintetizado na ementa acima. 

                                                           
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  Art.  406.  Quando  os  juros  moratórios  não  forem  convencionados,  ou  o forem  sem  taxa  estipulada,  ou  quando 
provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de 
impostos devidos à Fazenda Nacional 

Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001


Autenticado digitalmente em 04/02/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e
m 04/02/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/02/2014 por LEONARDO
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DE ANDRADE COUTO
 

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DF CARF MF Fl. 232
Processo nº 16832.000132/2010­69  S1­C4T2 
Acórdão n.º 1402­001.534  Fl. 9 
 
 

ISSO  POSTO,  voto  no  sentido  de  dar  provimento  parcial  ao  recurso,  para 
reconhecer o direito à dedução dos juros até o limite da taxa SELIC, no período, e cancelar o 
IRRF. 
(assinado digitalmente) 
MOISÉS GIACOMELLI NUNES DA SILVA 
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