DIA 7 – ENTRE O CAOS E A ORDEM

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(…) Você precisa entender

a tradição, precisa
respeitá-la e ser grato por
ela e precisa ter atenção
e cuidado ao mexer nela
e alterá-la com todo o
respeito [possível], para
que ela possa viver
novamente e guiar as
pessoas pelo futuro.

— Jordan Peterson em entrevista publicada pela revista

Interfaces Brasil/Canadá (v. 17, nº 1, 2017)

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índice

DETALHES BIOGRÁFICOS 04

ENTRE O CAOS E A ORDEM 07

LINKS 13

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Além do seu sucesso no YouTube, Peterson vem

utilizando bem a internet para aumentar o alcance de

suas ideias e de seus referenciais. Em seu site, preparou

uma lista de livros recomendados sobre temas variados

(https://www.jordanbpeterson.com/great-books/). Na

plataforma Research Gate, já são mais de 100 artigos

de pesquisas científicas que contam com a colaboração

do psicólogo (https://www.researchgate.net/profile/

Jordan_Peterson2). Em suas contas no Twitter, no

Facebook e no Instagram (onde milhões de pessoas o

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seguem para acompanhar as novidades), suas postagens

são uma espécie de diário de percepções somado a

recomendações de material que potencialmente servirá

para iniciar conversas com os diversos convidados de

seus podcasts e vídeos.

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Depois de toda esta jornada pela biografia de Jordan

Peterson e pela obra que o alçou à lista de mais vendidos

por todo o mundo — incluindo no Brasil —, veremos no

documentário Caos e Ordem — A Ascensão de Jordan

Peterson mais detalhes sobre os acontecimentos e as

ideias que catapultaram o homem para a fama. Tendo

acompanhado a trajetória de Peterson desde o início das

polêmicas que o envolveram até o presente momento,

ficamos com a dúvida: disso tudo, o que perdurará?

Temos tendência a sermos imediatistas — talvez por

conta das constantes situações de crise em nosso país

e em nossa cultura —, mas o leitor atento já deverá

ter intuído que, se a obra de Peterson trata de verdade

e de sinceridade, o seu intuito inicial não é o de gerar

mudanças políticas repentinas ou revoluções culturais

e sociais. Ficará a cargo do tempo gestar os frutos

dessa obra que, no primeiro momento, serve como uma

semente que lança raízes no solo de nossa era.

Em entrevista ao Estadão, Camille Paglia disse:

“Peterson é um liberal clássico que acredita no poder e

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nas prerrogativas do indivíduo, exatamente como eu”.

Esta sua colocação dá os conceitos precisos do que

poderá vir a ser o maior legado do psicólogo e autor

canadense. As polêmicas e as reações cumpriram o

seu papel; os seus projetos — tais como uma prometida

universidade clássica online, com creditação e diplomas

— são louváveis e muito aguardados. Mas é na paixão

pela redescoberta das tradições literária, filosófica e

científica, no exemplo dado pelo cuidado com a pesquisa

e a reflexão profunda e na abertura para o diálogo — às

vezes bastante incisivo e até agressivo, mas sempre

honesto e honrado — que reside o charme e a atração

que sentimos pela figura de Peterson — especialmente

nos tempos em que vivemos, em que essas parecem ser

qualidades tão raras. Marshall McLuhan, compatriota do

psicólogo, certa vez disse que “um ponto de vista pode

ser um luxo perigoso quando substitui a percepção e a

compreensão (…). Não concordo necessariamente com

tudo o que digo”. Não é justamente esta prudência que

liga os discursos diversos das conversações que são

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base da tradição em que Paglia localiza o trabalho de

Peterson?

Estudantes foram impactados por suas aulas,

pessoas começaram a criar obra de artes motivadas por

alguma nova ideia que tiveram a partir de seus vídeos,

indivíduos utilizaram suas ferramentas para analisarem

a própria vida e pensarem sobre o que verdadeiramente

são e outros ainda encontraram em Peterson um exemplo

de coragem e de firmeza — todos esses diferentes

impactos são os frutos já existentes da obra do autor.

Conhecendo a sua obra, é possível ver claramente que o

seu foco não é ele próprio e seus dramas individuais; o

seu intuito primeiro é ajudar as pessoas a desenvolverem

o seu próprio potencial buscando sempre o alívio do

sofrimento alheio e, com isso, a retomada do diálogo

público. Peterson crê firmemente que a tomada de

responsabilidade parte do indivíduo para a sociedade, e

não o contrário. Daí a importância que ele dá ao papel do

diálogo aberto e franco entre indivíduos.

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Após os momentos de euforia iniciais decorrentes

das polêmicas e dos debates que Peterson, por vontade

própria ou por “livre e espontânea pressão”, viu-se

obrigado a encarar, o que ficou foi a necessidade de

levar as suas proposições em consideração e de discutir

as suas ideias com a seriedade que elas requerem. Foi

precisamente essa a missão que buscamos cumprir por

meio desta série de e-books produzidos pela Lumine. De

qualquer forma, quem busca informar-se a respeito do

fenômeno petersoniano descobrirá que, entre apoiadores

e detratores, a repercussão das ideias do canadense

na cultura foi e continua sendo grande. É interessante

notar que, quando a poeira baixa, o que sobra é uma

base sólida de princípios pelos quais podemos nos guiar

pela vida e que são válidos mesmo se dissociados da

figura de Jordan Peterson. Segundo ele próprio, muito

do que está articulado em sua obra é, de certa forma,

uma tentativa de atualização de princípios tradicionais

antigos, testados ao longo dos milênios.

Uma das mais belas lições que tiramos da obra

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petersoniana é a de que ter um pé em cada um dos

extremos da existência é estar equilibrado e é o que

capacita termos um centro que justifica o nosso

sofrimento. Na relação entre Caos e Ordem, não existe

um fim histórico definido — mas existe sentido. Conforme

o que o autor fala na recomendação de vídeo do e-book

anterior (nº 6), tal sentido não é um fenômeno racional —

e, assim, não tem uma conclusão lógica, mas sim uma

constante possibilidade de fluxo e de expansão, que

ocorre através de nosso ser. Para lembrar uma noção

que atravessa a obra de Dostoiévski, de cuja obra o

canadense é um confesso admirador, é na aceitação do

sofrimento e do desespero que a transcendência pode

ser mais claramente intuída. Eis aí uma das chaves para

a redenção do homem — e é para ela que aponta a obra

de Peterson.

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Links

Numa conversa com o escritor britânico Roger Scruton, moderada por

Stephen Blackwood, Jordan Peterson discute o valor do transcendente
no processo civilizatório, o ensino de humanidades como um ato
de amor para com as novas gerações e a tradição ocidental como a
herança conquista através dos sacrifícios dos nossos antepassados.

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Coordenação editorial:

Matheus Bazzo

Assistente editorial:

Nathália Matychevicz

Direção de Arte:

Yuri Silva

Texto, tradução e revisão:

Ana Júlia Galvan

Pesquisa e texto:
Ismael A. Schonhorst

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