arte 24 dezembro 2019

AS ARTES ENTRE AS LETRAS | 14

Isabel Ponce de Leão

prof. universitária UFP

BAUHAUS – 100 anos

Starting from zero assim se chama a exposição
hoje (01.12.19) inaugurada na Casa da Arquitec-
tura evocando o movimento artísitico funda-
do por Walter Gropius em 1919. O estudo deste
movimento não se pode dissociar do contexto
político-social, não só da 1.ª república Alemã,
como de toda uma Europa angustiada e frac-
turada, daí afirmar-se que antes de ser um mo-
vimento artístico seria uma forma de luta con-
tra as ditaduras impostas.
Convivendo com o Cubismo, o Dadaísmo, o Abs-
traccionismo ou o Futurismo, a Escola fundada
em Weimar, pelo utópico arquitecto Walter Gro-
pius, foi uma das precursoras do modernismo,
tentando reabilitar a função social da arte, reco-
locar o artista no seu espaço real e criar um ha-
bitat que servisse as necessidades humanas. Ci-
tando Heidegger, pretendia tornar-se elemento
viabilizador para que se habitasse “poeticamen-
te o mundo” estabelecendo uma forte relação
entre o artesão e a indústria, num claro exercício
de reestruturação cultural.
Ao seu fundador se juntaram nomes como
Kandinsky, Paul Klee ou Moholy-Nagy que
perseguiram ideais estéticos assim sintetiza-
dos por Louis Sullivan: “A forma segue a fun-
ção”. Há pois a abertura a uma teoria moderna
de design nas diferentes artes/áreas que deve-
riam interagir preservando ao máximo o con-
ceito de funcionalismo de que dá conta o “Dia-
grama conceptual da estrutura de ensino na
Bauhauss”.
Tudo isto e muito mais, enforma a iniciativa
levada a cabo por Isabel Patim, Acácio Vie-
gas, Bruno Marques e Fernando Reis – dando
as boas vindas, notavelmente retratados por
Afonso Pinhão Ferreira – com o apoio do espa-
ço de excelência que é a Casa da Arquitectura/
Centro Português de Arquitectura.
Na sessão de abertura, convocando as várias
artes, assistiu-se a um brilhante concerto pelo
grupo do ESMAE Ventos Satélite, motivador de
uma exploração mais inspirada e sistemática
da exposição. Também, palavras, consabida-
mente oportunas, de Salvato Trigo contextua-
lizaram a escola e o movimento lembrando o
seu papel no dealbar do modernismo.
A mostra apresenta obras de 24 artistas que co-
municam através de variadas linguagens: ar-
quitectura, deign, escultura, fotografia, objec-
tologia, pintura e textualidades. Apoiando e
teorizando esta dimensão pragmática, que se-
rá servida por visitas guiadas, decorrerão acti-
vidades como conferências, debates e projec-
ções de documentários.
Imbuídos do espírito da Bauhaus, os comissá-
rios, starting from zero (até mesmo em questão
de apoios), materializaram a expressão nor-
teadora dos jovens estudantes da Escola de
Gropius. Em boa hora.

«Imagens que não servem para ver»

O Lugar do Desenho - Fundação Júlio Resende, em Valbom, Gondomar, recebe a pri-
meira exposição individual de David Lopes, «Imagens que não servem para ver».
Está patente na Sala 3 Hiscox, até 8 de Fevereiro de 2020. “Os objectos apresenta-
dos nesta sala contam pequenas narrativas sobre a exploração espacial moderna e
o nascimento da astronomia como ciência; fazem uso da insuficiência visual como
um limite estético para conhecer o mundo”.

Obra de
Nadir Afonso

XXXIII Salão de Outono

A galeria de arte do Casino Estoril acolhe o
XXXIII Salão de Outono. Trata-se de mais
uma edição da emblemática mostra colec-
tiva de pintura e de escultura, onde se en-
contram alguns dos mais conceituados ar-
tistas plásticos contemporâneos. Com en-
trada livre, a mostra pode ser até 14 de Ja-
neiro de 2020.

A luz
que mais
brilha no
MMIPO
Até ao dia 15 de Ja-
neiro de 2020 ain-
da pode ser visita-
da, no MMIPO - Mu-
seu e Igreja da Mise-
ricórdia do Porto, a exposição «A luz que
mais brilha | Custódias de prata da cida-
de do Porto». Comissariada por Gonça-
lo de Vasconcelos e Sousa, a mostra está
patente na galeria dos Benfeitores.