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Filosofia Geral - Fábio Henrique Cardoso Leite - UNIGRAN

Aula
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ANTROPOLOGIA
FILOSÓFICA

Nesta aula, estudaremos sobre a Antropologia Filosófica, um


tema muito discutido no âmbito filosófico. Não podemos estudar a razão
sem conhecer o ser humano...
Nós educadores, devemos alcançar objetivos que favoreçam
o ser humano, uma fonte inesgotável de conhecimentos, sentimentos e,
sobretudo um ser que sabe aonde quer chegar... Caberá a nós educadores,
mostrar, indicar a trilha mais segura, mais atraente...
Nesta aula desejo que você encontre uma ancora, um porto
seguro, e qualquer dúvida favor envia-me... Vamos a mais uma aula...

Imagem extraída em: http://homem1enigma.blogspot.


com.br/2007/10/2-concepo-do-homem-na-filosofia-pr.
html

Objetivos de aprendizagem

Ao término desta aula, vocês serão capazes de:

• serem dotados de espírito crítico e responsabilidade que lhes


permita uma atuação profissional consciente, dirigida para a melhoria da
qualidade de vida da população humana;
• formar um raciocínio dinâmico, rápido e preciso na solução de
problemas dentro de cada uma de suas habilitações específicas;
• orientar a população na identificação de recursos para atendimento
e defesa de seus direitos para a sociedade como um todo.

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Seções de estudo

 SEÇÃO 1 - Antropologia Filosófica


 SEÇÃO 2 - Razão Humana
2.1 Conceituação de Conhecimento
2.2 Interdição e Transgressão
2.3 A Estrutura do Homem

SEÇÃO 1 - Antropologia Filosófica

Ao iniciarmos este nosso estudo, começo definindo o que vem a ser Antropologia:

CONCEITO
A Antropologia é o estudo do ser humano.
Este estudo é profundo, busca a origem, a essência
do ser humano, como, onde e por que surgiu, analisa
as características fundamentais: crânio, estatura,
alimentação, grupo... Na antropologia, estuda-se a
natureza do ser humano.
A Ciência antropológica surgiu do despertar
do ser humano, sobre sua origem, uma curiosidade
Imagem extraída em:
espetacular, pois conhecendo nossas origens, podemos <intelectovargas.blogspot.
com> Acesso em: 28/07/2010
conhecer a origem da humanidade, os problemas e
desafios enfrentados por eles (antepassados) que ajudarão a nós no presente,
sempre com o olhar para o futuro...
A antropologia segue uma linha de raciocínio, utilizar de todos os
mecanismos para aprimorar constantemente a descoberta cada vez mais atualizada.
Temos na Antropologia, diversas subáreas ou áreas, como podemos destacar:
Antropologia Biológica, Antropologia Cultural, Antropologia Psicológica,
Antropologia Filosóficas (dentre outras...).
Desde que Charles Darwin publicou em 1859 sua obra “A Origem das
Espécies” neste aspecto Darwin, demonstra que o ser humano surgiu através das
transformações evolutivas, ou seja, o ser humano evoluiu através das mudanças
ou mutações. Um fato que muitos conhecem é o de que o ser humano surgiu
dos macacos, mais diretamente dos chimpanzés, que para chegar ao ser humano,
passou por várias transformações (clima, alimentação, vivência em grupos...).
Deixou aqui uma diferenciação entre Antropologia e Sociologia:
Antropologia estuda a origem do ser humano. A Sociologia estuda a origem da
sociedade onde o ser humano está inserido... Gosto dessa diferenciação, pois
alguns confundem essas duas ciências, principalmente no dia de prova...

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Voltando à disciplina, podemos questionar sobre a Antropologia e o papel


do antropólogo, cuja necessidade e importância se detém em três tópicos essenciais,
para análise e discussão, como salienta (LAPLANTINE, 2003, p. 15) 25:

1) O antropólogo aceita, por assim dizer, sua morte, e volta para o âmbito
das outras ciências humanas. Ele resolve a questão da autonomia problemática de
sua disciplina reencontrando, especialmente a sociologia, e notadamente o que é
chamado de “sociologia comparada”.
2) Ele sai em busca de uma outra área de investigação: o camponês, este
selvagem de dentro, objeto ideal de seu estado, particularmente bem adequado, já
que foi deixado de lado pelos outros ramos das ciências do homem.
3) Finalmente, e aqui temos um terceiro caminho, que inclusive não exclui
o anterior (pelo menos enquanto campo de estudo), ele afirma a especialidade de
sua prática, não mais através de um objeto empírico constituído (o selvagem, o
camponês), mas através de uma abordagem epistemológica constituinte.

Estudar Antropologia no Curso de Pedagogia é uma necessidade do


educador moderno, pois temos que ter a preocupação com o ser humano como
um todo, todas as crianças, todos os jovens, todos os adultos têm uma origem,
têm um significado. Com isso temos que saber lidar com todas as manifestações
culturais, sociais, econômicas e étnicas...
É com essa preocupação que começo a esboçar a necessidade da
Antropologia Filosófica. É um estudo delicado e ao mesmo tempo necessário... Falar
de Antropologia Filosófica é falar do homem como ser racional (sapiens sapiens).
Não tenho a pretensão de formar antropólogos, mas acadêmicos
capazes de entender todo processo humano... Continuando com o pensamento de
(Laplantine, 2003), podemos dizer que o estudo da Antropologia Filosófica, nos
leva a enxergar mais de perto a totalidade, dando-se como objetivo compreender
os múltiplos aspectos do ser humano. Com os estudos antropológicos voltados
para a filosofia, podemos chegar à compreensão mais sensata sobre o que é o ser
humano, como e por que surgiu e qual seu fim último...
Segundo Rabuske (1995), a Antropologia Filosófica tem a tarefa de
responder a pergunta: o que é o homem?
A tarefa que hoje se impõe ineludivelmente ao homem é, em não pequena
parte, teórica: compreender e expressar o que ele é, o que ele pode e deve ser. A
filosofia tem aqui uma posição central, pois a pergunta pela essência lhe pertence
primordialmente. Mas, a resposta não pode ser descoberta por pura reflexão.
Também se requer a participação, dum lado, daquelas formas do saber que,
embora vinculada a aspectos parciais e a um determinado método, são nutridas de

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experiência e objetividade demonstráveis – é o conhecimento científico. Doutro


lado, não se pode excluir a participação da linguagem do símbolo, não objetivável
cientificamente, da tradição religiosa, no sentido mais amplo do termo. Isto dá,
do ponto de vista metodológico, ao nosso empreendimento certa ambiguidade,
inevitável a partir do assunto mesmo. (RABUSKE, 1995)
Continuemos com a indagação: O que é o homem?
Segundo Lima Vaz (1991) 26, no campo filosófico, a interrogação sobre
o homem torna-se o tema dominante na época da Sofística antiga (séc. V a.C.)
e, a partir de então, acompanha todo o desenvolvimento histórico da Filosofia
ocidental, até encontrar expressão clássica nas célebres questões Kantianas:

 O que posso saber? (teoria do conhecimento);


 O que devo fazer? (teoria do agir ético);
 O que me é permitido esperar? (filosofia da religião);
 O que é o homem? (Antropologia Filosófica).

Podemos então dizer que a Antropologia Filosófica é uma disciplina ou


movimento filosófico preocupado com o ser humano, e com isso com todo o seu
potencial. Na Pedagogia, estudar o ser humano é muito importante, principalmente
no que diz respeito ao conhecimento, aprendizagem e saber, temos que estudar muito
bem e nos dedicarmos para que as pessoas que vêm até nós, possam “sugar” o máximo
de nós, para que eles possam “dar” o melhor deles, para aqueles que mais necessitam.
Neste parágrafo, analisaremos isso. A antropologia 27 encarada
metafisicamente é antes aquela parte da filosofia que investiga a estrutura
essencial do homem. Contudo, este ocupa o centro da especulação filosófica, na
medida em que tudo se deduz a partir dele, na medida em que ele torna acessíveis
as realidades, que o transcendem, nos modos de seu existir relacionados com
essas realidades. Ou seja, a antropologia filosófica é uma antropologia da
essência e não das características humanas. Ela se distingue da antropologia
mítica, poética, teológica e científico natural ou evolucionista por dar uma
interpretação basicamente ontológica do homem.
Estudo das estruturas fundamentais do homem. Converte-se numa
ontologia, na medida em que nos conduz à questão do significado do “Ser”. O
homem torna-se para si mesmo o tema de toda a especulação filosófica: interessa
estudar o homem e estudar tudo o mais apenas em relação a ele.
O que é mais significativo é o conhecimento do homem, e não o de nós
próprios enquanto individualidade. Estuda, também, o caráter biopsicológico do
homem, verifica o que o homem faz com suas disposições bioquímicas dentro de
seu ambiente biológico que possa diferenciá-lo de outros animais.

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Mostrar exatamente como a estrutura fundamental do ser humano,


estendida na forma pela qual a descrevemos brevemente (espírito; homem), “explica
todos os monopólios, todas as funções e obras específicas do homem: linguagem,
consciência moral, as ferramentas, as armas, as ideias de justiça e de injustiça, o
Estado, a administração, as funções representativas das artes, o mito, a religião e a
ciência, a historicidade e a sociabilidade, a fim de ver se há algo nessas atividades,
bem como em seus resultados, que seja especificamente humano.

Vamos conhecer um pouco mais sobre a Antropologia Filosófica. Estudaremos a


seguir a construção da Razão Humana.

O texto a seguir foi extraído do livro de Rabuske (1995) 28 Não é


minha intenção dificultar o entendimento da Antropologia Filosófica, mas sim
ajudar a entender que o essencial do ser humano está nele mesmo, basta cada
um desenvolver o conhecimento e consequentemente aprimorar a busca pelas
respostas que fazemos diariamente, sobre nós mesmos.
Na Educação, não fugimos dessa realidade, devemos conhecer
constantemente, para aprimorarmos no outro o saber...

SEÇÃO 2 - Razão Humana

Conhecemos o homem a partir dos seus atos. Pelos atos


o homem se relaciona com a realidade. Todos os atos humanos
e todas as relações com a realidade estão penetrados pelo
conhecimento. O conhecimento não é um elemento isolado, ao
lado de outros atos, mas participa de toda a conduta humana.
No nosso conhecimento, colaboram percepções
sensoriais. Recolhemos impressões sensíveis. Com isso o
mundo exterior não apenas age sobre nós, mas penetra na luz da
Imagem extraída
consciência. Vemos algo como, por exemplo, o quadro-negro, em: <www.
padremachado.edu.
e sabemos que o vemos. No homem o conhecimento sensível br> Acesso em:
sempre é atravessado, assumido e elaborado pelo conhecimento 28/07/2010.

intelectivo, que perfaz o conhecimento propriamente humano.

2.1 - Conceituação de Conhecimento


Conhecer é um ato de identidade do conhecedor como tal e do conhecido
como tal. Conhecer é um agir, que precisa dum outro, dum objeto. Sujeito e
objeto do agir são correlativos. O específico do conhecer reside nisto: o sujeito e
o objeto estão no mesmo ato, se identificam no ato. Isso exprimimos dizendo: o
conhecedor como tal, e o conhecido como tal se identificam. Mas essa identidade,
posta no ato, pressupõe a diferença do conhecedor em si e do conhecido em si.

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Quando conheço, torno-me idêntico com o outro, não


fisicamente, mas intencionalmente. Em outros termos: estou
totalmente junto do outro, a distância se anula. O mero ser-
atingido dos órgãos por estímulos ainda não é conhecer. Posso
estar de olhos abertos diante duma coisa e, contudo, não ver
nada, porque mentalmente “estou em outra parte”.
Conhecer também é julgar, formar juízos. Não
falamos apenas em palavras isoladas, não pensamos em Imagem extraída em:
<www.esferamaster.
conceitos isolados, mas unimos as palavras numa frase que com.br/raciocinio.
htm>. Acesso em:
exprime um juízo. Por exemplo, isto é uma mesa. 28/07/2010.
Juízo é mais que ligação de conceitos. Também
“mesa verde” é uma ligação de conceitos. O essencial do juízo consiste nisto, que
o todo da proposição é afirmado, referido à realidade: Pedro “é” um bom amigo.
No dizer “é” o conhecimento tem uma enorme pretensão: dizer a verdade, atingir
a realidade com uma validade incondicional. Se conheço aquilo que é, então sei
que é assim apenas “para mim”, mas que é assim “em si” e que nesta validade
absoluta do seu ser se afirma perante todos os outros seres.
Além do conceito e do juízo, o conhecimento também se realiza no
raciocínio. A partir de ideias e juízos conquistados avançamos para outros
conhecimentos – “dis-corremos”, deduzimos. O pensar lógico-conclusivo é um
conhecimento medializado. Não estamos presos ao aqui e agora, mas possuímos
a liberdade do espírito, transcendemos o sensível e o limitado.
Não se pode afirmar: “Tudo deve ser demonstrado”. Cada raciocínio supõe
noções já conhecidas – as premissas e as regras de dedução ou conclusão. Mas,
não posso regredir ao infinito: para provar as premissas eu deveria recorrer a outras
premissas, etc. Portanto, deve haver intuições não deduzíveis, evidentes em si mesmas,
que não precisam nem podem ser provadas. São intuições primordiais que, mesmo que
não expressamente conscientes, comandam todo pensar. É um saber primordial do ser
e de suas leis. Claro, numa Filosofia, que quer ser uma ciência crítico-metodologica,
essas intuições devem ser criticamente refletidas e metodicamente relevadas.

2.2 - Interdição e Transgressão 29


O homem é o ser que produz interdições. A vida social, com as suas
normas e as suas hierarquizações, as suas instituições e os seus sistemas
simbólicos, exige necessariamente uma rede de interdições que assinalam os
lugares de ruptura entre o homem e o animal.
Mas o que define o homem é a transgressão. Não quer isso dizer que se
pretenda um regresso à natureza, mas sim um tipo de transgressão que não suprima
as interdições, mas as mantenha transgredidas. Existe, assim, "uma cumplicidade

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profunda da lei e de sua violação". (A transgressão é o rasgar das normas, é a


subversão de uma ordem). Existem inúmeras formas de existência inautêntica,
que são aquelas que nos indicam as diversas figuras da alienação. A existência
autêntica é a que se lança na exploração do possível rumo ao impossível que lhe
acena e a obceca, lugar absoluto da ação, limiar da loucura.
A existência inautêntica pode subordinar-se à Lei, retificá-la nas formas
instituídas da alienação, projetá-la nos instrumentos opressivos do capitalismo: teremos
o universo modelar do catecismo e da "moralina", das boas ações e dos bons sentimentos,
dos discursos de inauguração e dos artigos de fundo, do adocicado e viscoso da palavra
virtuosa, da mediocridade resignada e quase feliz no seu destino dócil, dos mitos da
autoridade e da identidade, do comportamento íntegro que não oferece dúvidas.
[...] Devemos distinguir entre a transgressão autêntica e a
pseudotransgressão a que a nossa civilização repressiva nos habituou. Como nota
Sollers, "uma tal libertação é apenas a máscara de uma repressão redobrada".
As pseudotransgressões são brechas abertas na muralha da moral que apenas
servem para consolidar a resistência dessa muralha. É por isso que certas atitudes
"escandalosas" são toleradas, e até mesmo cultivadas, porque elas constituem
a face demoníaca que estabelece, numa sutil contabilidade, o equilíbrio da
repressão social. Determinados meios, determinadas camadas (a juventude como
momento de purificação que antecede a austeridade de uma vida), determinadas
ruas, determinadas formas de clandestinidade, são apenas álibis por meio dos
quais a sociedade obtém a dosagem exata da sua moral.

2.3 - A Estrutura do Homem


Tentaremos explicitar mais detalhadamente as conclusões a que chegamos
até aqui. Como se dá o entrelaçamento de responsabilidade, liberdade e necessidade?
É preciso examinar a estrutura do homem, e para tal usaremos o esquema
utilizado pelo filósofo Van Riet como ponto de partida para sua teoria do
conhecimento. Embora originalmente o ponto de referência para o filósofo tenha
sido o homem enquanto sujeito que conhece, vamos fazer a adaptação à questão
da liberdade, isto é, o homem enquanto ser livre.
Para Kant (2008)30, nosso conhecimento emana de duas fontes principais do
espírito: a primeira consiste na capacidade de receber as representações (a receptividade
das impressões), e a segunda, na faculdade de conhecer um objeto por meio dessas
representações (a espontaneidade dos conceitos). Pela primeira nos é dado um objeto, pela
segunda é pensado em relação a essa representação (como pura determinação do espírito).
Constituem, pois, os elementos de todo nosso conhecimento, a intuição
e os conceitos; de tal modo, que não existe conhecimento por conceitos sem a
correspondente intuição ou por intuições sem conceitos. Ambos são puros ou

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empíricos: empíricos se neles se contém uma sensação (que supõe a presença


real do objeto); puro, se na representação não se mescla sensação alguma. Pode
chamar-se à sensação, a matéria do conhecimento sensível.
A intuição pura, portanto, contém unicamente a forma pela qual é
percebida alguma coisa, e o conceito puro a forma do pensamento de um objeto
em geral. Somente as intuições e conceitos puros são possíveis “a priori”; os
empíricos só o são “a posteriori”.
Se denominamos de sensibilidade à capacidade que tem nosso espírito
de receber representações (receptividade), quando é de qualquer modo afetado,
pelo contrário, chamar-se-á entendimento à faculdade que temos de produzir nós
mesmos representações ou a espontaneidade do conhecimento.
Pela índole da nossa natureza a intuição não pode ser senão sensível,
de tal sorte, que só contém a maneira de como somos afetados pelos objetos.
O entendimento, pelo contrário, é a faculdade de pensar o objeto da intuição
sensível. Nenhuma dessas propriedades é preferível à outra. Sem sensibilidade,
não nos seriam dados os objetos, e sem o entendimento, nenhum seria pensado.
Pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem certos conceitos, são cegas.
Assim, é necessário tornar sensíveis os conceitos (quer dizer, fornecer-
lhes o objeto dado na intuição), bem como tornar inteligíveis as intuições
(submetendo-as a conceitos).
Essas duas faculdades ou capacidades não podem trocar de funções. O
entendimento não pode perceber e os sentidos não podem pensar coisa alguma.
Somente quando se unem, resulta o conhecimento.
O entendimento foi definido, antes, de uma maneira puramente negativa:
uma faculdade de conhecer não sensível. Pois bem; como não pode mos ter nenhuma
intuição independente da sensibilidade, não é, portanto, o entendimento uma faculdade
intuitiva. Mas fora da intuição, não há outra maneira de conhecer senão por conceitos.
É, por conseguinte, o conhecimento do entendimento, pelo menos o do homem, um
conhecimento por conceitos, quer dizer, não intuitivo, mas discursivo.
Todas as intuições enquanto sensíveis apoiam-se nas afeições, mas os
conceitos supõem funções. Entendo por função a unidade de ação para ordenar
diferentes representações sob uma comum a todas elas. Fundam-se, pois, os
conceitos na espontaneidade do pensamento, do mesmo modo que as intuições
sensíveis na receptividade das impressões. O entendimento não pode fazer destes
conceitos outro uso senão julgar por seu intermédio.
O pensamento é o conhecimento por conceitos. Mas os conceitos se
relacionam como predicados de juízos possíveis com uma representação qualquer
de um objeto ainda indeterminado. Assim, o conceito de corpo significa algo, por
exemplo, um metal que pode ser conhecido mediante aquele conceito. É, pois,

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somente, conceito conquanto diante as quais pode referir-se a objetos. É, pois, o


predicado de um juízo possível, por exemplo, deste: todo metal é um corpo. As
funções do entendimento podem ser achadas se se expõem com certeza as funções de
unidade no juízo. A seção que segue mostrará que isso pode ser feito perfeitamente.
Pensar e conhecer um objeto não é a mesa coisa. Ao conhecimento pertencem
duas partes: primeiramente, o conceito pelo qual em geral se pensa um objeto (a
categoria); e, depois, a intuição pela qual ele é dado; porque não pudesse dar-se ao
conceito uma intuição correspondente, o conceito seria um pensamento quanto à forma,
mas sem objeto algum, e nenhum conhecimento seria possível mediante ele, pois não
teria nem haveria coisa alguma, que eu saiba a que pudesse aplicar-se meu pensamento.
Com isso podemos dizer que a filosofia traz ao homem 31 o desejo do
conhecimento de si próprio, faz refletir sobre a sua posição no universo, sempre
buscando a verdade e almejando uma utopia, está disponível para todos, mas
poucos a usufruem, como é definido entre o sábio e as massas.
Se o homem começasse a pensar filosoficamente, teria que mudar toda a sua
vida radicalmente, pois seus conceitos mudariam. Entretanto, o medo do novo, do
desconhecido e o comodismo da vida, acostumados aos problemas sociais e econômicos
do dia a dia, não o fazem buscar a filosofia, vivendo assim em uma antifilosofia.
Entretanto, a antifilosofia também é um tipo de filosofia. Se o homem
em busca da sua verdade adota a filosofia, passará a interrogar sempre sobre tudo
em seu universo, prevendo assim tendências nesse mesmo universo, criando uma
fusão entre a verdade atual e a revelação de seu futuro.
É conveniente para o homem moderno afastar-se da filosofia, pois,
em meio de uma falsa democracia a qual vivemos, além de corrupta, tem seu
domínio nas mãos de poucos que determinam a linha de vida política, econômica
e social de muitos, objetivando só e exclusivamente o poder, ficando cegos para
o que realmente acontece em seu meio.
Assim, cria-se uma tranquilidade infinita, do pressuposto de que o seu
amanhã será igual ao seu hoje, só com visões de melhoria socioeconômicas, não
vendo que a nossa verdade hodierna tende a uma consequente extinção de toda
a vida terrena, já que fingindo não ver, seguidas construções de máquinas para
aniquilações, bombas, conflitos, poluições, armas e doenças químicas, terrorismo
com atos cada dia mais hediondos, manipulação da radioatividade, violência e
mortes nas cidades e estradas mundiais, alterações na natureza, modificando
irresponsavelmente o meio ambiente e afetando seu ciclo natural e seu equilíbrio,
escassez de viveres, violência entre os semelhantes, e tudo isso se passa por
despercebido como normal e cotidiano sem a preocupação de onde nos levará.
Embora desprezada e vítima de preconceito, a filosofia iria abrir a mente das
civilizações, não se deixando iludir por uma falsa sensação de confiança e considerar

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a hipótese de uma inevitável catástrofe letal, que poderá extinguir a vida na terra.
Podemos então concluir dizendo que o homem é capaz de conhecer. Isso ninguém
nega. A nossa tese é que o homem é capaz de conhecer no sentido forte do termo, isto é,
de atingir o outro em seu em-si. O ser não permanece fechado ao conhecimento humano,
como julga o agnosticismo e todas as formas de relativismo e ceticismo.

Retomando a Conversa Inicial

No término desta aula, vamos fazer um retrospecto do


que vimos:

 SEÇÃO 1 - Antropologia Filosófica


Aqui estudamos a importância de conhecer a origem do ser humano, e
mais particular sua origem como ser pensante. Devemos conhecer toda a estrutura
do ser humano, ou seja, primeiramente o eu e depois o outro. Com isso nos tornamos
equilibrados e virtuosos nesta busca constante da verdade. Estudar Antropologia
Filosófica é estar pronto para uma análise mais profunda do próprio eu.
 SEÇÃO 2 - Razão Humana
Vimos neste tema uma contribuição para o nosso conhecimento. Essa
contribuição é a necessidade de sabermos como, por que e para que, utilizar da filosofia
para um encontro do entendimento do ser humano. Vimos vários conceitos importantes
e com isso precisamos nos adaptarmos para a estrutura da razão e da reflexão.

Glossário

 Intuição: é o nome dado ao processo de apreensão racional não


discursiva de um fenômeno ou de uma relação. Se a razão discursiva se caracteriza
por um processo paulatino que culmina numa conclusão, a intuição é compreensão
direta, imediata de algo.
 Alienação: estado patológico de indivíduo que se tornou alheio a si
mesmo; nesse estado a pessoa não é responsável plenamente por seus atos; aquele
que se encontra em estado de alienação; louco.

Sugestões de Filmes

 Derzu Uzala; 1975 – Japão/URSS – A amizade inabalável de dois


homens aparentemente diferentes entre si, um humilde caçador e um militar que

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mapeia regiões inóspitas da URSS, e os ensinamentos que este absorve sobre a


natureza através do experiente nativo.
O Enigma de Kaspar Hauser. 1975 – Alemanha – Garoto é criado
num porão, longe de qualquer contato com outro ser humano, até completar
18 anos. Sem saber falar, andar ou sua própria identidade, ele é levado para a
cidade, onde é objeto de curiosidade e desprezo da população local.
 Germinal – 1993 – Bélgica/França/Itália – Adaptação para o cinema de
romance homônimo do escritor Francês Emile Zola, publicado em 1885. Retrata as
condições de trabalho e vida dos trabalhadores das minas de carvão na segunda metade
do século XIX, bem como a emergência dos movimentos, greves e revoltas operárias.
 O show de Truman – 1998 - EUA – História que se passa numa
pequena comunidade racionalizada a partir da mais avançada tecnologia. Truman
tem sua vida exposta a milhões de telespectadores, tendo sua imagem vinculada à
propaganda de produtos diversos.

OBS: Não esqueçam! Em caso de dúvidas, acessem as ferramentas “fórum” ou


“quadro de avisos”.

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