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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, NATURAIS, SAÚDE E TECNOLOGIA


CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS HUMANAS – FILOSOFIA
DISCIPLINA: EDUCAÇÃO PARA DIVERSIDADE
DOCENTE: FRANCILENE DO ROSÁRIO DE MATOS

FRANCKLAND BRAGA REIS

A DISCIPLINA EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE E A FORMAÇÃO DO


FUTURO PROFESSOR: alguns apontamentos para uma breve reflexão do papel
transformador da disciplina

Pinheiro

2019
A DISCIPLINA EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE E A FORMAÇÃO DO
FUTURO PROFESSOR: alguns apontamentos para uma breve reflexão do papel
transformador da disciplina

Por Franckland Braga Reis

"há tijolo
há quem faça dele muro
há quem faça dele ponte"
(Do respiro das coisas – Ebbios)

1. A modo de introdução

Diante da caoticidade do mundo é premente que o tema da diversidade seja objeto de


reflexões, discussões e considerações permanentes. É relevante salientar que este tema
sempre foi e será de grande complexidade, e, mesmo no momento presente observa-se que
ainda há muito por fazer, e, trazê-lo para a pauta do dia é algo verdadeiramente necessário e
urgente.

Zigmunt Bauman, sociólogo polonês, nos incita a pensar acerca da relevância de


conviver com a diversidade e do desafio de superar essa visão de que o diferente é ameaçador
e que necessita ser eliminado. Sobre isso, nos diz o autor:

A capacidade de conviver com a diferença, sem falar na capacidade de


gostar dessa vida e beneficiar-se dela, não é fácil de adquirir e não faz
sozinha. Essa capacidade é uma arte que, como toda arte, requer estudo e
exercício. A incapacidade de enfrentar a pluralidade de seres humanos e a
ambivalência de todas as decisões classificatórias, ao contrário, se
autoperpetuam e reforça: quanto mais eficazes a tendência à
homogeneidade e o esforço para eliminar a diferença, tanto mais
ameaçadora a diferença e tanto mais intensa a ansiedade que ela gera.
(BAUMAN, 2001, p. 135)

Igualmente, faz-se necessário pensar o universo da educação e seu papel no processo


de desenvolvimento humano na escola, tendo como preocupação o incremento de uma ação
pedagógica para o acolhimento da diversidade.
Nessa perspectiva, Morin propõe que:
A educação do futuro deverá ser o ensino primeiro e universal centrado na
condição humana. Estamos na era planetária; uma aventura comum conduz
os seres humanos, onde quer que se encontrem. Estes devem reconhecer-se
em sua humanidade comum e, ao mesmo tempo, reconhecer a diversidade
cultural inerente a tudo que é humano.” (MORIN, 2011 p.43)
Ainda sobre o ambiente escolar, na contemporaneidade, é realmente impossível
enfrentar tal espaço sem discuti-lo profundamente. Sobre ele, Gomes nos ajuda a pensar o
seguinte:
O ambiente escolar é um local que exerce influência intelectual e cidadã
sobre um indivíduo, vindo a afetar a formação da identidade dos alunos.
Identidade a qual é definida pelos comportamentos, atitudes e costumes de
um indivíduo e se modifica com a convivência entre sujeitos, ou seja, se
constrói tendo o Outro como referência. (GOMES, 2003)

É indubitável o fato de que se vive em sociedades repletas de complexidades,


pluralidades e diversidades e, como bem se sabe, tudo isso se encontra refletido em nossos
sistemas educacionais, exigindo de seus agentes reflexões e ponderações sobre o tema, sobre
a sua própria formação e sobre a sua lúcida atuação na perspectiva de colaborar para uma
civilização planetária que tenha como centralidade a vida, a humanidade e a Terra nas suas
mais diversas possibilidades.

Na apresentação da publicação Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação


Básica, se pode ler a seguinte consideração:

A Educação Básica de qualidade é um direito assegurado pela Constituição


Federal e pelo Estatuto da Criança e Adolescente. Um dos fundamentos do
projeto de Nação que estamos construindo, a formação escolar é o alicerce
indispensável e condição primeira para o exercício pleno da cidadania e o
acesso aos direitos sociais, econômicos, civis e políticos. A educação dever
proporcionar o desenvolvimento humano na sua plenitude, em condições
de liberdade e dignidade, respeitando e valorizando as diferenças.
(BRASIL, 2013, p. 4)

2. O papel da universidade como agência de formação inicial do professor

A educação brasileira ao longo do últimos anos tem sido palco de importantes


transformações. Uma expressão disso é a expansão do ensino superior. Assim tais
transformações promovem um repensar deste nível de ensino, isto é, a universidade
empreende uma nova forma de pensar o Ensino Superior como campo de produção e dar
novos significados para o conhecimento produzido em seu ambiente.

Esse novo perfil assegura a Universidade, como agência de conhecimentos e saberes,


a possibilidade de revisão de suas propostas pedagógicas, a relação docente-discente, o seu
papel político e sociocultural, entre tantos outros aspectos.

Tais mudanças necessárias não acontecem como algo dado, mas resultam das
conquistas advindas de reivindicações de professores e estudantes, membros dos coletivos
sociais que Arroyo chamará de “Outros Sujeitos”.
Quem são essas populações que tomaram consciência política a ponto de
tornar o século XX e continuar tornando o início do XXI os mais
revolucionários de nossa história? Em nossas sociedades latino-americanas
são os grupos sociais que se fazem presentes em ações afirmativas nos
campos, nas florestas, nas cidades, questionando as políticas públicas,
resistindo à segregação, exigindo direitos. Inclusive o direito à escola, à
universidade. São os coletivos sociais, de gênero, etnia, raça, camponeses,
quilombolas, trabalhadores empobrecidos que se fazem presentes nas
escolas públicas e que exigem o acesso às universidades. São os outros
educandos. (ARROYO, 2014, p. 9)

Neste contexto em que as universidades buscam se repensar na perspectiva de


responder às demandas desses outros sujeitos, é mister dar relevo para o papel da
Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Campus V, que oferece em seu currículo das
licenciaturas, como disciplina obrigatória, o componente Educação para diversidade.

O estudo da disciplina Educação para diversidade na UFMA tem provocado não


somente em seus discentes, mas também na própria professora que ministra tal componente
uma transformação paradigmática nas suas percepções e concepções acerca da diversidade,
permitindo-lhes exercitar o que Bourdieu (2012) nomina de conversão do olhar.

Sobre esta propriedade transformadora imprimida pela disciplina, que mexe


profundamente com aqueles que por ela se deixam envolver, que se deixam comprometer
com a sua proposta, como os seus objetivos, vejamos o que afirma a professora Francilene
Matos, mestre em Educação e responsável pela disciplina, em conversa informal, via Whats
App, socializando a sua experiência com a disciplina:

A disciplina é arrebatadora. [...] Ela discute questões que me tocam


profundamente. [...] a gente acredita na proposta da existência dessa
disciplina, no plano dela, nos objetivos dela. A gente acredita muito nisso.
É como se fosse uma oportunidade ímpar de levar para a discussão esse
tipo de coisa, esse tipo de pauta. Eu gosto muito de ministrar essa
disciplina. [...] Para mim, foi e é muito importante para minha formação.
[...] Mais do que nunca eu tive absoluta consciência que eu preciso ser uma
pessoa melhor para ser professora. Para ser a professora que eu preciso ser,
e que eu quero ser, eu preciso ser uma pessoa melhor. Para mim, ser uma
pessoa melhor passa por eu ter respeito pelo outro como o outro é. Isso é
um exercício diário. (Profa. Ms. FRANCILENE MATOS)

Ao responder sobre o que espera ter atingido ao concluir a disciplina ao cabo do


período (a disciplina é ofertada no 5º período), a professora Francilene Matos diz o seguinte,
vislumbrando a transformação social de seus alunos:

O que eu mais desejo é que vocês entendam que isso é a verdade do mundo.
O que disseram antes para a gente de que existia um “padrãozinho”, e, que
a gente tem que seguir esse padrão; que a gente tinha que educar um aluno
perfeito e ideal não é verdade. A gente sempre se enganou. Essa
diversidade é que é o mundo real. O mundo real invadiu a escola, com toda
as suas belezas e podridões. E a gente não está preparado para isso. Então,
o que eu mais desejo é a elucidação dessa realidade. Enfim, se eu souber
que essa disciplina plantou essa sementinha, estou com a minha vida ganha.
(Profa. Ms. FRANCILENE MATOS)

Aluna do 5º período do curso de Ciências Humanas – História, Andressa Souza


pontua o impacto da disciplina Educação para diversidade em sua formação, declarando o
seguinte:

O estudo desta disciplina é essencial para a minha formação. Me fez


entender coisas que eu ainda não possuía plena noção e me ajudou a pensar
a diversidade no contexto escolar, já imaginando maneiras de desenvolver
sua aplicabilidade, futuramente, em sala de aula. Me ajudou a compreender
que se faz necessário que o educador tenha habilidades em elaborar
conjunturas que abordem a diversidade no espaço escolar, buscando
viabilizar a compreensão das distintas necessidades educacionais dos
futuros alunos, inspirando já maneiras de refletir sobre os acontecimentos
que são externos aos controle e vivência dos alunos. Que assim, eu encontre
meios de auxiliá-los a entender as diferenças dentro do processo de ensino-
aprendizagem. (ANDRESSA SOUZA)

A estudante Lucianna Guterres, 5º período, Ciências Humanas – História, segue


raciocínio análogo, dando depoimento que corrobora a percepção de sua colega de curso e
de sua professora, no que tange ao impacto da disciplina em sua formação:

A disciplina me possibilitou ter um olhar mais humanizado das outras


culturas, das pessoas, entendendo que cada pessoa tem o seu valor
intrínseco, e, o outro precisa ser respeitado. Então, a minha cultura, a minha
forma de viver não é superior à do outro. E a gente precisa conviver em
harmonia, entendendo que nós partilhamos e estamos em um corpo social
e cada um tem a sua função. Nenhum pode ser descartado. Então, para um
bom funcionamento da sociedade cada um tem o seu valor. Então, acho que
a disciplina fez com que a gente olhasse para o outro, tendo em vista a
importância insubstituível das outras culturas; cada cultura, cada pessoa,
cada povo, cada ser humano é importante para a sociedade. (LUCIANNA
GUTERRES)

03. Palavras finais de alguns apontamentos inacabados

Os breves apontamentos sobre Educação e sua relação com a diversidade não se


limita ao reconhecimento dos “Outros Sujeitos” como diferentes, mas sobretudo significa
pensar a relação entre o Eu e o Outro. Dessa forma, o tema da diversidade é sobremaneira
mais complexo e multifacetado do que julga a nossa vã filosofia. Logo, dedicar tempos e
espaços para a reflexão dessa temática exige de nós um necessário posicionamento crítico e
político e, também, um olhar mais alargado que nos possibilite dar conta de seus múltiplos
recortes. Como repetidas vezes se ouviu da professora Francilene Matos em suas aulas da
disciplina Educação para diversidade: “A questão está aí. O problema é nosso. Temos que
dar conta disso.”
Referências
ARROYO, Miguel G. Outros Sujeitos, Outras Pedagogias / Miguel G. Arroyo. 2 ed. –
Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida / Zygmunt Bauman; tradução Plínio Dentzien.
– Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação
continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Secretaria de Educação Profissional e
Tecnologia. Conselho Nacional de Educação. Câmara Nacional de Educação Básica.
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI,
2013.
GOMES, Nilma Lino. “Educação e Diversidade Étnicocultural” In: RAMOS, ADÃO,
BARROS (coordenadores). Diversidade na Educação: Reflexões e experiências. Brasília:
Secretaria de Educação Média e Tecnológica/MEC, 2003.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro / Edgar Morin; tradução
de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis
Carvalho. – 2. Ed. Ver. – São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2011.

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