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Laboratório contábil,

volume IV

Andréa Mara de Morais Carvalho


© 2013 by Universidade de Uberaba

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reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de
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por escrito, da Universidade de Uberaba.

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Pró-Reitora de Ensino Superior:


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Pró-Reitor de Logística para Educação a Distância:


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Ymiracy N. Sousa Polak

Produção de Material Didático:


• Comissão Central de Produção
• Subcomissão de Produção

Editoração:
Supervisão de Editoração
Equipe de Diagramação e Arte

Capa:
Toninho Cartoon

Edição:
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE


Sobre a autora
Andréa Mara de Morais Carvalho

Pós-graduada em Controladoria e Finanças e bacharel em Ciências


Contábeis pela Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro
(FCETM). Professora nos cursos de Administração e Ciências Contábeis
da Universidade de Uberaba (Uniube), nas modalidades presencial e
a distância, nas disciplinas de Contabilidade Básica, Contabilidade
Tributária, Contabilidade de Custos e Práticas Contábeis.
Sumário

Apresentação........................................................................................IX
Capítulo 1 Tributação da pessoa física.................................................. 1
1.1 Imposto sobre a renda das pessoas físicas..............................................................3
1.1.1 Rendimentos sujeitos a retenção na fonte – Mensalmente............................5
1.2 Deduções...................................................................................................................8
1.2.1 Dependentes....................................................................................................8
1.2.2 Pensão alimentícia.........................................................................................10
1.2.3 Contribuição previdenciária...........................................................................10
1.2.4 Proventos de aposentadoria e pensões para os maiores de 65 anos..........10
1.3 Forma de cálculo.....................................................................................................11
1.4 Carnê-Leão..............................................................................................................11
1.5 Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda (DIRPF)..................................17
1.5.1 Rendimentos Tributáveis na Declaração de Ajuste Anual.............................19
1.5.2 Rendimentos Isentos ou Não tributáveis na Declaração de Ajuste Anual....20
1.5.3 Deduções legais.............................................................................................21
1.5.4 Apuração da base de cálculo do imposto anual............................................23
1.5.5 Declaração de bens, direitos e dívidas e ônus reais.....................................25
1.5.6 Conhecendo o Programa Gerador de Dados (PGD)....................................26
1.6 Conclusão................................................................................................................30

Capítulo 2 Retenções na fonte: IR, INSS, PIS, COFINS e CSLL........ 35


2.1 Imposto de Renda Retido na Fonte.........................................................................36
2.1.1 Pessoas jurídicas obrigadas à retenção........................................................39
2.1.2 Dispensa de retenção....................................................................................40
2.1.3 Cálculo da retenção.......................................................................................40
2.1.4 Imposto de renda na fonte – Comissão de intermediação............................41
2.1.5 Prazo de recolhimento...................................................................................43
2.2 INSS – Retenção na prestação de serviço pela cessão de mão de obra e
empreitada...............................................................................................................44
2.2.1 Dispensa de retenção ...................................................................................45
2.2.2 Apuração da base de cálculo da retenção....................................................45
2.2.3 Deduções da base de cálculo .......................................................................47
2.2.4 Destaque da retenção no documento...........................................................48
2.2.5 Recolhimento do valor retido pela empresa contratante...............................48
2.2.6 Obrigações da empresa contratada..............................................................49
2.2.7 Obrigações da empresa contratante.............................................................50
2.3 INSS – Retenção do INSS devido pelos contribuintes individuais.........................52
2.3.1 Contribuinte que presta serviços a várias empresas....................................52
2.4 Retenção das contribuições sociais – PIS, COFINS e CSLL.................................53
2.4.1 Tabela prática de retenção.............................................................................56
2.4.2 Hipóteses de dispensa da retenção..............................................................57
2.4.3 Base de cálculo e alíquotas da retenção das contribuições sociais.............58
2.4.4 Prazos de recolhimento ................................................................................59
2.4.5 Tratamento dado aos valores retidos ...........................................................59
2.4.6 Comprovante de retenção e apresentação da DIRF.....................................59
2.4.7 Contabilização da retenção PIS, COFINS e CSLL pela empresa Prestadora
de Serviço................................................................................................................60
2.4.8 Contabilização da retenção PIS, COFINS e CSLL pela empresa Tomadora
do Serviço................................................................................................................62
2.5 Conclusão................................................................................................................63

Capítulo 3 Escrituração contábil e encerramento do balanço


patrimonial........................................................................... 67
3.1 A Escrituração Contábil............................................................................................69
3.1.1 O Código Civil Brasileiro ...............................................................................69
3.1.2 O Código Tributário Nacional ........................................................................71
3.1.3 Lei de Recuperação de Empresas ...............................................................71
3.1.4 Lei das Sociedades Anônimas ......................................................................72
3.1.5 Lei do Sistema Previdenciário ......................................................................73
3.2 Os livros Contábeis .................................................................................................74
3.2.1 Livro Diário ....................................................................................................74
3.2.2 Livro Razão ...................................................................................................75
3.3 Livros Fiscais...........................................................................................................76
3.4 Procedimentos a serem observados no encerramento do exercício e elaboração
do balanço patrimonial ............................................................................................78
3.4.1 Balancete de Verificação...............................................................................79
3.4.2 Conciliação dos Saldos Contábeis................................................................79
3.4.3 Considerações relevantes nas contas do disponível....................................80
3.4.4 Considerações relevantes sobre o realizável a curto prazo..........................81
3.4.5 Estoques .......................................................................................................94
3.4.6 Despesas antecipadas ..................................................................................99
3.4.7 Considerações sobre os Ativos não circulantes..........................................100
3.4.8 Passivo Circulante.......................................................................................117
3.4.9 Passivo não circulante.................................................................................123
3.4.10 Patrimônio Líquido.....................................................................................124
3.5 Conclusão..............................................................................................................124
Capítulo 4 Procedimentos fiscais para determinação do Lucro Real.... 131
4.1 Entendendo o Lucro Real......................................................................................133
4.1.1 Empresas obrigadas à tributação pelo lucro real........................................133
4.2.1 Lucro real trimestral – pagamento por trimestralidade................................135
4.2 Determinação da base de cálculo.........................................................................135
4.2.1 Lucro real trimestral – pagamento por trimestralidade................................153
4.2.2 Lucro real anual – pagamento por estimativa mensal.................................153
4.3 Alíquota do IRPJ....................................................................................................159
4.4 Alíquota da CSLL ..................................................................................................160
4.5 Exemplo prático de cálculo do IRPJ e CSLL sobre o lucro real tributável............161
4.6 Contabilização do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro....162
4.6.1 Lucro real trimestral.....................................................................................162
4.6.2 Lucro real anual............................................................................................162
4.7 Aplicando o conhecimento.....................................................................................165
4.8 Conclusão..............................................................................................................184

Capítulo 5 Demonstrativos contábeis................................................. 189


5.1 Demonstrações Contábeis....................................................................................190
5.2 Pressupostos básicos............................................................................................191
5.2.1 A continuidade..............................................................................................191
5.2.2 Regime de competência..............................................................................191
5.2.3 Materialidade................................................................................................192
5.2.4 Compensação de valores............................................................................192
5.2.5 Frequência de apresentação das Demonstrações Contábeis....................192
5.2.6 Informações Comparativas..........................................................................193
5.2.7 Informações consistentes............................................................................193
5.2.8 Identificação da empresa e do relatório ......................................................194
5.3 Balanço Patrimonial...............................................................................................194
5.3.1 Ativo Circulante............................................................................................194
5.3.2 Passivo Circulante.......................................................................................197
5.4 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE................................................204
5.5 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL.............................207
5.6 Demonstração dos Resultados Abrangentes – DRA............................................212
5.7 Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC..........................................................214
5.8 Demonstração do Valor Adicionado – DVA...........................................................219
5.9 Notas Explicativas – NEs.......................................................................................223
5.10 Conclusão............................................................................................................225
Apresentação
Caro(a) aluno(a),

Estamos entregando a você o último livro do componente de Laboratório


Contábil. Durante quatro (4) etapas, trabalhamos muito para proporcionar
a você a habilidade de unir seus conhecimentos teóricos com a prática
profissional.

Este livro foi escrito com o intuito de trazer para a sala de aula alguns
temas muito comuns na vida profissional de um contador. Pensando
nisso, este livro foi dividido em cinco (5) capítulos, de tal forma que seja
abordado um capítulo por mês.

O capítulo 1 trata da Tributação da Pessoa Física, mais especificamente


a legislação do Imposto de Renda. Importante capítulo para a formação
do profissional da Contabilidade.

O capítulo 2 mostra as retenções na fonte dos impostos e tributos: IR,


INSS, PIS, COFINS e CSLL. É notável que isso torne o contribuinte
solidário no recolhimento desses tributos.

No capítulo 3, são indicados os processos de Escrituração contábil e


encerramento do balanço patrimonial, fatos indissociáveis da moderna
gestão empresarial. A escrituração contábil, ainda que simplificada e a
publicação dos demonstrativos contábeis são exigências de diversos
dispositivos legais, sob pena de punição. A responsabilidade legal fica
a cargo de um contador legalmente habilitado, em órgão competente.
X UNIUBE

O capítulo 4 nos direciona para os procedimentos fiscais para determina-


ção do Lucro Real, que considera as ações necessárias para o encerra-
mento do exercício de uma empresa, com seus ajustes fiscais para
determinação do Lucro Real.

O capítulo 5 nos apresenta os Demonstrativos contábeis, com toda uma


recapitulação das Demonstrações Contábeis (DC´s). Acreditamos que sua
visão, agora, seja bem mais ampla do que quando começaram a estudar
este tema. A referência para elaboração e apresentação das demonstrações
contábeis obrigatórias é o CPC 26 – Apresentação das Demonstrações
Contábeis. É bom lembrar que os relatórios contábeis devem cumprir sua
finalidade, que é atender ao interesse de seus usuários.

Eis, portanto, esse livro, escrito com o cuidado que todo o curso e o tema
nos merecem.

Aproveitem-no!

Bons estudos!!!

Profª Andréa Mara de Morais Carvalho


Capítulo Tributação da pessoa física
1

Introdução
Caros(as) alunos(as),

Iniciaremos este livro, abordando sobre a tributação do imposto


de renda na pessoa física, seja como assalariado ou não.
Primeiramente, faz-se necessário relembrarmos alguns conceitos
sobre o Imposto de Renda, que é um tributo federal, ou seja,
de competência da União. Todas as suas regras aplicam-se
indistintamente a todo o país.

O artigo 43 do Código Tributário Nacional, dispõe que:


Art. 43. O imposto, de competência da União,
sobre a renda e proventos de qualquer
natureza tem como fato gerador a aquisição da
disponibilidade econômica ou jurídica:
I – de renda, assim entendido o produto
do capital, do trabalho ou da combinação de
ambos;
II – de proventos de qualquer natureza, assim
entendidos os acréscimos patrimoniais não
compreendidos no inciso anterior. (BRASIL,
1966, p.1).

Os contribuintes do imposto sobre a renda são as pessoas


físicas ou jurídicas detentora da disponibilidade econômica de
renda ou proventos de qualquer natureza. As pessoas jurídicas
2 UNIUBE

têm-se a base de cálculo definida pelo montante real, presumido


ou arbitrado de renda ou proventos tributáveis, como já foi visto
em estudos anteriores. A seguir, iniciaremos os estudos sobre a
tributação da pessoa física.

Objetivos
Após concluir o estudo deste capítulo, você estará apto(a) a:

• c alcular o imposto devido mensalmente sobre os rendimentos


auferidos pelas pessoas físicas autônomas;
• i dentificar como deve ser recolhido o imposto de renda
mensalmente pelos profissionais autônomos;
• c onhecer quais são os rendimentos tributáveis, isentos e
tributáveis exclusivamente na fonte, e também quais são as
deduções permitidas do imposto;
• u
tilizar o programa do Carnê-Leão; e elaborar a declaração
de Ajuste Anual do Imposto de Renda da pessoa física.

Esquema

Recolhimentos
Mensais

IRPF

Declaração de
Ajuste Anual
UNIUBE 3

1.1 Imposto sobre a renda das pessoas físicas

O Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, regulamenta a tributação,


fiscalização e arrecadação do Imposto de Renda. No artigo 2º, deste
decreto, ele define os contribuintes do imposto como “as pessoas físicas,
domiciliadas ou residentes no Brasil, que tenham disponibilidade
econômica de renda ou proventos de qualquer natureza, sem distinção
da nacionalidade, sexo, idade, estado civil ou profissão”.

SAIBA MAIS

Entende-se como Domicílio a residência habitual da pessoa física, ou seja,


o lugar onde ela mora. Considera-se Residente no Brasil, a pessoa física:

I – que resida no Brasil em caráter permanente;


II – que se ausente para prestar serviços como
assalariada a autarquias ou repartições do Governo
brasileiro situadas no exterior;
III – que ingresse no Brasil:
a) com visto permanente, na data da chegada;
b) com visto temporário:
1. para trabalhar com vínculo empregatí-
cio, na data da chegada;
2. na data em que complete 184 dias,
consecutivos ou não, de permanência
no Brasil, dentro de um período de até
doze meses;
3. na data da obtenção de visto permanen-
te ou de vínculo empregatício, se ocorrida
antes de completar 184 dias, consecutivos
ou não, de permanência no Brasil, dentro
de um período de até doze meses;
IV – brasileira que adquiriu a condição de
não-residente no Brasil e retorne ao País com ânimo
definitivo, na data da chegada;
V – que se ausente do Brasil em caráter temporário,
ou se retire em caráter permanente do território
nacional sem entregar a Declaração de Saída
Definitiva do País, durante os primeiros doze meses
consecutivos de ausência. (BRASIL, 2002b, p. 2).
4 UNIUBE

As pessoas jurídicas ou físicas que realizarem pagamentos a outras


pessoas físicas, em virtude do rendimento assalariado ou não, estarão
sujeitas a reterem na fonte o imposto de renda, pela utilização da Tabela
Progressiva Mensal. A seguir, apresentamos nas Tabelas 1 e 2 o cálculo
mensal do Imposto de Renda (IR) nos calendários de 2011 e 2012.

Tabela 1: Tabela Progressiva Mensal do IRPF aplicada em 2011

Base de cálculo mensal em R$ Alíquota % Parcela a Deduzir


Até 1.566,61 – –
De 1.566,62 até 2.347,85 7,5% 117,49
De 2.347,86 até 3.130,51 15,0% 293,58
De 3.130,52 até 3.911,63 22,5% 528,37
Acima de 3.911,63 27,5% 723,95

Fonte: BRASIL (2011).

Tabela 2: Tabela Progressiva Mensal do IRPF aplicada em 2012

Base de cálculo mensal em R$ Alíquota % Parcela a Deduzir

Até 1.637,11 – –

De 1.637,12 até 2.453,50 7,5% 122,78

De 2.453,51 até 3.271,38 15,0% 306,80

De 3.271,39 até 4.087,65 22,5% 552,15

Acima de 4.087,65 27,5% 756,53

Fonte: Brasil (2012).

O fato gerador do imposto de renda é o pagamento dos rendimentos


em cada mês. Ou seja, o imposto será retido por ocasião do pagamen-
to. Se no mês, houver mais de um pagamento, pela mesma fonte
pagadora, aplicar-se-á alíquota correspondente à soma dos rendimen-
tos pagos à pessoa física, compensando-se o imposto anteriormente
retido no próprio mês.
UNIUBE 5

1.1.1 Rendimentos sujeitos a retenção na fonte – Mensalmente

1.1.1.1 Rendimentos do trabalho assalariado de empregados,


dirigentes e conselheiros de Empresas, de pensões, de
proventos e de benefícios da previdência privada

São tributáveis e sujeitos à retenção na fonte, os rendimentos do trabalho


assalariado pagos por pessoas físicas ou jurídicas, as remunerações por
trabalho prestado no exercício de cargos e funções e quaisquer proventos
ou vantagens percebidas, tais como:

a) salários, ordenados, vencimentos, honorários, diárias, bolsas de


estudos e de pesquisas, remuneração de estagiários;
b) férias, inclusive as pagas em dobro;

Tratando-se de abono pecuniário de férias, após longa


discussão, a Receita Federal, por meio da Instrução Normativa
nº 936, determinou que não fosse tributado pelo imposto de
renda e nem na declaração de ajuste anual. E, ainda, as férias
indenizadas pagas em rescisão contratual também estão
amparadas pela não incidência do imposto.

c) licença especial ou licença prêmio, inclusive quando convertida em


pecúnia, ou seja, em dinheiro (moeda, valores financeiros relacionados
a câmbios);
d) gratificações, participações, interesses, percentagens, prêmios e
quotas-partes de multas ou receitas;
e) comissões e corretagens;
f) aluguel de imóvel ocupado pelo empregado e pago pelo empregador
a terceiros, ou a diferença entre o aluguel que o empregador paga pela
locação do imóvel e o que cobra a menos do empregado pela respectiva
sublocação;
6 UNIUBE

g) remunerações relativas à prestação de serviços por:

• representantes comerciais autônomos;


• conselheiros fiscais e de administração, quando decorrentes de
obrigação contratual ou estatutária;
• diretores ou administradores de sociedades anônimas, civis, ou de
qualquer espécie, quando decorrentes de obrigação contratual ou
estatutária;
• titular de empresa individual ou sócios de qualquer espécie de
sociedade, inclusive as optantes pelo Simples Nacional;
• trabalhadores que prestem serviços a diversas empresas, agrupados
ou não em sindicatos, inclusive estivadores, conferentes e asseme-
lhados;

h) benefícios recebidos de entidades de previdência privada, bem como


as importâncias correspondentes ao resgate de contribuições;
i) resgates efetuados pelo quotista de Fundo de Aposentadoria Progra-
mada Individual (FAPI);
j) outras despesas ou encargos pagos pelos empregadores a favor do
empregado;
k) benefícios e vantagens concedidos a administradores, diretores,
gerentes e seus assessores, ou a terceiros em relação à pessoa jurídica,
tais como:

• a contraprestação de arrendamento mercantil ou o aluguel ou,


quando for o caso, os respectivos encargos de depreciação, relativos
a veículos utilizados no transporte dessas pessoas e imóveis cedidos
para seu uso;
• as despesas pagas diretamente ou mediante a contratação de
terceiros, tais como a aquisição de alimentos ou quaisquer outros
bens para utilização pelo contribuinte fora do estabelecimento da
empresa, os pagamentos relativos a clubes e assemelhados, os
salários e respectivos encargos sociais de empregados postos à
disposição ou cedidos pela empresa, a conservação, o custeio e a
manutenção de bens.
UNIUBE 7

1.1.1.2 Rendimentos do trabalho não assalariado

Estão sujeitos à retenção na fonte, pela utilização da tabela progressiva,


os rendimentos do trabalho não assalariado, pagos por pessoas jurídicas,
inclusive por cooperativas, e pessoas jurídicas de direito privado a
pessoas físicas, tais como:

a) honorários de livre exercício das profissões de médico, engenheiro,


advogado, dentista, veterinário, professor, economista, contador,
jornalista etc.;

b) corretagens e comissões dos corretores, leiloeiros e despachantes


etc.;

c) emolumentos e custas dos serventuários da justiça ,como tabeliães,


notários, oficiais públicos e outros, quando não forem remunerados
exclusivamente pelos cofres públicos;

d) remuneração pela prestação de serviços no curso do processo judicial;

e) rendimentos decorrentes do serviço de transporte nos seguintes


percentuais:
i. 40% do rendimento bruto, decorrente do transporte de carga;
ii. 60% do rendimento bruto, decorrente do transporte de passageiros;

f) rendimento bruto percebido pelos garimpeiros na venda, a empresas


legalmente habilitadas, de metais preciosos, pedras preciosas, e
semipreciosas, por eles extraídos, no percentual de 10%.

1.1.1.3 Rendimentos isentos ou não tributáveis

Não serão considerados rendimentos sujeitos à retenção do imposto de


renda:

a) ajuda de custo;
b) alienação de pequeno valor;
c) alienação do único imóvel;
8 UNIUBE

d) o valor decorrente de alimentação, transporte e uniformes fornecidos


gratuitamente;
e) auxílio transporte e auxílio alimentação em pecúnia a servidor público
federal civil;
f) valores recebidos por deficientes mentais;
g) bolsas de estudos;
h) rendimentos de cadernetas de poupança;
i) doações e heranças;
j) indenização por acidente de trabalho;
k) indenização por rescisão de contrato de trabalho e FGTS;
l) lucros e dividendos distribuídos a sócios e acionistas;
m) PIS e PASEP;
n) proventos e pensões de maiores de 65 anos etc.

1.2 Deduções

Para determinarmos a base de cálculo do imposto de renda sujeita a


incidência mensal, serão permitidas as seguintes deduções:

a) dependentes;
b) pensões alimentícias;
c) contribuições previdenciárias;
d) proventos de aposentadoria para os maiores de 65 anos.

1.2.1 Dependentes

Em relação aos dependentes, poderá ser deduzido do rendimento


tributável um valor fixo por dependente, de acordo com a Tabela 3 a
seguir. É importante ressaltar que cabe ao empregado comunicar à
empresa, por escrito, os seus dependentes para fins de determinação
da base de cálculo.
UNIUBE 9

Tabela 3: Dedução por dependentes

Dedução Mensal por dependentes

Ano calendário R$ 2010 R$ 150,69

Ano calendário R$ 2011 R$ 157,47

Ano calendário R$ 2012 R$ 164,56

Ano calendário R$ 2013 R$ 171,97

Ano calendário R$ 2014 R$ 179,71

Fonte: Brasil (2011).

SAIBA MAIS

São dependentes de Imposto de Renda, conforme art. 35 da Lei nº 9.250,


de 26 dedezembro de 1995

a) Cônjuge ou Companheiro(a), desde que haja vida em comum por mais


de cinco anos, ou se da união resultou filho;
b) Filho(a) ou enteado(a) até 21 anos ou até 24 anos completos, se estiver
cursando ensino superior ou escola técnica de 2º grau, ou de qualquer idade
quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho;
c) Menor pobre, até 21 anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual
detém a guarda judicial;
d) Irmão(ã), neto(a) ou bisneto (a), sem arrimo dos pais, com idade de até
21 anos ou até 24 anos completos, se estiver cursando estabelecimento de
ensino superior ou escola técnica de 2º grau, desde que o contribuinte tenha
a sua guarda judicial, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou
mentalmente para o trabalho;
e) Pais, avós ou bisavós, desde que não recebam rendimentos superiores
ao limite de isenção, sujeitos ou não ao pagamento do imposto;
f) O absolutamente incapaz, do qual o contribuinte seja tutor ou curador
(BRASIL, 1995).
10 UNIUBE

1.2.2 Pensão alimentícia

Poderá ser deduzida na determinação da base de cálculo do imposto


devido mensalmente, a importância paga a título de pensão alimentícia
em cumprimento de decisão judicial, acordo homologado judicialmente,
ou de escritura pública. É importante mencionar que, a partir do mês
em que houver a dedutibilidade da pensão alimentícia, não poderá ser
deduzido o valor do dependente relativo ao mesmo beneficiário.

1.2.3 Contribuição previdenciária

Os contribuintes sujeitos à retenção do imposto de renda mensal poderão


deduzir na determinação da base de cálculo as contribuições para a
Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, relativo aos rendimentos assalariados.

1.2.4 Proventos de aposentadoria e pensões para os maiores de 65


anos

Na determinação da base de cálculo do imposto poderá ser deduzido o


valor correspondente à parcela isenta relativa aos proventos provenientes
de aposentadoria, pensão, transferência para reserva remunerada ou
reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, a partir do mês em que o contribuinte completar
65 anos de idade, conforme Tabela 4.

Tabela 4: Proventos de aposentadoria e pensões para os maiores de 65 anos


Proventos de aposentadoria e pensões para os maiores de 65 anos
Ano calendário R$ 2010 R$ 1.499,15
Ano calendário R$ 2011 R$ 1.566,61
Ano calendário R$ 2012 R$ 1.637,11
Ano calendário R$ 2013 R$ 1.710,78
Ano calendário R$ 2014 R$ 1.787,77
Fonte: Brasil (2011).
UNIUBE 11

1.3 Forma de cálculo

A base de cálculo do imposto devido mensal, para aplicação da tabela


progressiva mensal, é a diferença encontrada entre o somatório de todos
os rendimentos tributáveis e as deduções permitidas.

EXEMPLIFICANDO!

Suponhamos que a Empresa Modelo Ltda., no dia 22 de Março de 2011,


contratou o Sr. José das Couves, profissional autônomo, para desempenhar
determinada atividade em sua empresa.

O Sr. José das Couves cobrou o valor correspondente a R$ 3.000,00 (três


mil reais) relativos aos serviços prestados.

Assim, a título de retenção para o Imposto de Renda, teremos.

Valor do Serviço prestado................................................................ :3.000,00


(–) INSS retido (11%).......................................................................... :330,00
Base de Cálculo............................................................................. :2.670,00
Alíquota................................................................................................ :15,0%
Total 1:.................................................................................................. 400,50
(–) Parcela a deduzir......................................................................... :(293,58)
(=) IRRF.............................................................................................. :106,92

1.4 Carnê-Leão

Nos casos em que os rendimentos sejam pagos por pessoas físicas, ou


oriundos do exterior, a outras pessoas físicas, estes estarão obrigados ao
recolhimento mensal mediante utilização da tabela progressiva mensal;
a essa obrigatoriedade, chamamos de Carnê-Leão (Figura 1).
12 UNIUBE

Sujeitam-se, também, ao recolhimento mensal, os emolumentos e custas


dos serventuários da Justiça, como tabeliães, notários, oficiais públicos
e outros, independentemente de a fonte ser pessoa física ou jurídica,
exceto quando forem remunerados exclusivamente pelos cofres públicos.
O imposto deve ser apurado no mês do efetivo recebimento e pago até
o último dia útil do mês seguinte.

Os rendimentos sujeitos ao Carnê-Leão são:

a) o trabalho sem vínculo empregatício;


b) locação e sublocação de bens móveis e imóveis;
c) arrendamento e subarrendamento;
d) pensões, inclusive alimentícias;
e) prestação de serviços de representante comercial autônomo;
f) prestação de serviços de transporte de cargas ou de passageiros;
g) rendimentos decorrentes da atividade de leiloeiro.

Para a dedução na base de cálculo do Carnê-Leão ainda são admitidas:

• dependentes;
• pensão alimentícia paga em cumprimento de decisão judicial ou
acordo homologado judicialmente;
• contribuição previdenciária oficial;
• livro-caixa - as despesas escrituradas podem ser deduzidas somente
pelo trabalhador autônomo, leiloeiro e titular de serviços notariais e
de registro.
UNIUBE 13

SAIBA MAIS

Livro-caixa – é aquele no qual são relacionadas, mensalmente, as receitas


e despesas relativas à prestação de serviços sem vínculo empregatício,
sendo dispensado o seu registro na Secretaria da Receita Federal do Brasil
ou em cartórios.

A dedução das despesas relacionadas neste livro está limitada ao valor


do rendimento recebido, no mês, da pessoa física, da pessoa jurídica e do
exterior decorrentes da prestação de serviços sem vínculo empregatício.

No caso de as despesas serem superiores aos rendimentos recebidos da


pessoa física, da pessoa jurídica e do exterior, no mês, o excesso pode ser
somado às despesas dos meses seguintes, até dezembro. Esse excesso é
calculado automaticamente pelo programa Carnê-leão.

As despesas dedutíveis no livro-caixa são as consideradas despesas de


custeio, ou seja, aquelas indispensáveis à atividade profissional, como:
aluguel de sala comercial, gastos com água, luz e telefone, material
de expediente ou de consumo e contratação de pessoal. Caberá ao
contribuinte comprovar a veracidade das receitas e das despesas, mediante
documentação idônea, escrituradas em livro-caixa, que serão mantidos em
seu poder, à disposição da fiscalização, enquanto não ocorrer a prescrição
ou decadência.

O Programa utilizado para o recolhimento do Carnê-Leão é desenvolvido


pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, e está disponível no endereço:
www.receita.fazenda.gov.br. Para ter acesso ao programa, faça o download
do aplicativo e, depois, instale-o em sua máquina.
14 UNIUBE

Figura 1: Tela inicial do aplicativo do Carnê-Leão.


Fonte: Brasil (2012).

Para iniciar a escrituração do Carnê-Leão, basta clicar em novo, e o


programa irá perguntar se deseja importar dados cadastrais do ano
anterior. Caso seja a primeira vez, clique em “NÃO” e, logo em seguida,
abrirá uma tela para informar o CPF do contribuinte e a sua inclusão no
sistema (Figuras 2 e 3).

Figura 2: Inclusão do CPF do contribuinte.


Fonte: Brasil (2012).
UNIUBE 15

Figura 3: Identificação do contribuinte.


Fonte: Brasil (2012).

Para iniciar a escrituração do livro-caixa, basta clicar na aba “Livro-caixa


– Escrituração”, selecionar o mês desejado, e iniciar a inclusão das
receitas e despesas, relativas ao período selecionado (Figura 4).

Figura 4: Escrituração do livro-caixa.


Fonte: Brasil (2012).
16 UNIUBE

Após a escrituração das despesas de custeio e das receitas recebidas


sujeitas ao carnê-leão, teremos os cálculos referentes aos demonstrativos
de apuração, conforme a Figura 5.

Figura 5: Demonstrativo de apuração.


Fonte: Brasil (2012).

O programa ainda permite imprimir a guia para pagamento, conforme a


Figura 6 a seguir.

Figura 6: Boleto de impressão do Documento de Arrecadação da Receita Federal (DARF).


Fonte: Brasil (2012).
UNIUBE 17

Agora, para você conhecer melhor a funcionalidade do programa


Carnê-leão, faça download do aplicativo, instale-o em sua máquina e
navegue por todas as telas do programa. Em caso de dúvidas, você
tem ao seu dispor o AJUDA, dentro do próprio aplicativo, ou a qualquer
tempo, teclando F1.

1.5 Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda (DIRPF)

A entrega desta declaração é uma obrigação anual de cada contribuinte


do imposto de renda. As pessoas físicas estão sujeitas à entrega da
DIRPF, referente ao exercício de 2013, ano calendário 2012, conforme
artigo 2º, da Instrução Normativa RFB nº 1.333, de 18 de fevereiro de
2013 (BRASIL, 2013), que:

a) receberam rendimentos tributáveis, superiores a R$ 24.556,55 (vinte


e quatro mil quinhentos e cinquenta e seis reais e cinquenta e cinco
centavos);
b) receberam rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados
exclusivamente na fonte, cuja soma foi superior a R$ 40.000,00
(quarenta mil reais);
c) obtiveram em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens
ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações
em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas;
d) obtiveram receita bruta da atividade rural superior a R$ 122.783,25
(cento e vinte e dois mil, setecentos e oitenta e três reais e vinte
e cinco centavos) ou pretenda compensar, no ano-calendário de
2012 ou posteriores, prejuízos de anos-calendário anteriores ou do
próprio ano-calendário de 2012;
e) tiveram a posse ou a propriedade, em 31 de dezembro, de bens ou
direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300.000,00
(trezentos mil reais);
18 UNIUBE

f) passaram à condição de residente no Brasil em qualquer mês e,


nesta condição, se encontrava em 31 de dezembro;
g) optaram pela isenção do imposto sobre a renda incidente sobre
o ganho de capital auferido na venda de imóveis residenciais,
cujo produto da venda seja destinado à aplicação na aquisição de
imóveis residenciais localizados no País, no prazo de 180 (cento
e oitenta) dias contados da celebração do contrato de venda, nos
termos do art. 39, da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005.

Ficam dispensadas de entregar a Declaração de Ajuste Anual do Imposto


de Renda as pessoas físicas que se enquadrarem nas hipóteses de
obrigatoriedade, mas constarem como dependente em outra declaração,
na qual tenham sidos informados seus rendimentos, bens e direitos.

IMPORTANTE!

Os contribuintes, desobrigados de entregar a Declaração de Ajuste Anual


do Imposto de renda, poderão apresentar, sem prejuízo.

A declaração de Imposto de Renda poderá ser elaborada, através do programa


gerador (PGD), disponível no site da Secretaria da Receita Federal do Brasil
(RFB), na Internet, no endereço <http://www.receita.fazenda.gov.br>.

A declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda deverá ser entregue


no período compreendido entre 01 de Março a 30 de Abril, de cada ano,
ou seja, entre o primeiro dia útil do mês de março e o último dia útil do
mês de abril. Depois de decorrido este prazo, fica o contribuinte obrigado
a pagar multa 1% (um por cento) ao mês, calculada sobre o total do
imposto devido na declaração.

O valor mínimo da multa é de R$ 165,74 e limitado a 20% (vinte por


cento) do imposto de renda devido. A declaração poderá ser entregue
pela internet, mediante a utilização do Programa Gerador de Dados
UNIUBE 19

(PGD), nas Agências do Banco do Brasil, ou da Caixa Econômica


Federal, mediante apresentação através de mídia removível, como por
exemplo, pen drive, cartão de memória, HD externo etc.

1.5.1 Rendimentos Tributáveis na Declaração de Ajuste Anual

Podemos conceituar rendimentos tributáveis, de acordo com o Regula-


mento do Imposto de Renda (RIR), artigo 43, como sendo aqueles
provenientes do trabalho assalariado, das remunerações por trabalho
prestado no exercício de empregos, cargos e funções, e quaisquer
proventos ou vantagens percebidos, como por exemplo: salários, ordena-
dos, honorários, bolsas de estudos, férias, gratificações, licença prêmio,
comissões e corretagens, dentre outros rendimentos (BRASIL, 1999).

Ainda de acordo com este regulamento, artigo 45 (BRASIL, 1999), são


também tributáveis na declaração anual os rendimentos provenientes
do trabalho não assalariado, tais como: honorários do livre exercício das
profissões regulamentadas, como, de médico, engenheiro, advogado,
dentista, e outros; remunerações sem vínculo empregatício; emolumen-
tos e custas dos serventuários da Justiça, como tabeliães, notários,
oficiais públicos e outros, quando não forem remunerados exclusiva-
mente pelos cofres públicos; corretagens e comissões dos corretores,
leiloeiros e despachantes, seus prepostos e adjuntos, direitos autorais
de obras artísticas, didáticas, científicas, urbanísticas, projetos técnicos
de construção, instalações ou equipamentos, quando explorados direta-
mente pelo autor ou criador do bem ou da obra.

SAIBA MAIS

Acesse o Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, no site da Secretaria


da Receita Federal, para se aprofundar nos estudos sobre a legislação da
tributação da pessoa física.

Endereço eletrônico: http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/rir/default.


htm. Acesso em: 03 set. 2013.
20 UNIUBE

1.5.2 Rendimentos Isentos ou Não tributáveis na Declaração de


Ajuste Anual

São considerados rendimentos isentos ou não tributáveis na declaração


de ajuste anual do Imposto de Renda, de acordo com o RIR, artigo 39
(BRASIL, 1999), os valores provenientes de:

– ajuda de custo;
– alienação de bens de pequeno valor, ou seja, igual ou inferior a R$
20.000,00;
– alienação do único imóvel, cujo valor de alienação não exceda a R$
440.000,00 e não tenha realizada outra alienação nos últimos cinco anos;
– alimentação, transporte e uniformes, fornecidos gratuitamente pelo
empregador;
– benefícios percebidos por deficientes mentais, como pensão, pecúlio,
montepio e auxílio, quando decorrentes de prestações do regime de
previdência social ou de entidades de previdência privada;
– bolsas de estudo e de pesquisa, desde que recebidas exclusivamente
para estudos ou pesquisas e que os resultados dessas atividades não
representem vantagem para o doador, nem importem contraprestação
de serviços;
– rendimentos de cadernetas de poupança;
– doações e heranças;
– indenizações decorrentes de acidente ou acidente de trabalho;
– indenização por rescisão de contrato de trabalho e FGTS;
– lucros e dividendos pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas
tributadas com base no lucro real, presumido, arbitrado ou Simples,
a pessoas físicas residentes ou domiciliadas no país salvo os que
corresponderem a pro labore, aluguéis ou serviços prestados;
– proventos e pensões de maiores de 65 Anos; salário-família, seguro-
desemprego e outros auxílios.
UNIUBE 21

1.5.3 Deduções legais

Os valores que são dedutíveis na determinação da base de cálculo, da


declaração de ajuste anual, se referem a:

• contribuição previdenciária oficial – é o valor pago mensalmente


à Previdência Social, relativo ao seu custeio;
• pensão alimentícia judicial – importância paga a título de pensão
alimentícia judicial;
• dependentes – os valores apresentados na Tabela 5, a seguir,
são discriminados por dependente declarado. (entendido como
dependentes os já conceituados anteriormente):

Tabela 5: Dedução Anual por Dependentes

Dedução Anual por dependentes

Ano calendário R$ 2010 R$ 1.808,28

Ano calendário R$ 2011 R$ 1.889,64

Ano calendário R$ 2012 R$ 1.974,72

Ano calendário R$ 2013 R$ 2.063,64

Ano calendário R$ 2014 R$ 2.156,52

Fonte: Brasil (2011).

• despesas escrituradas no livro-caixa – o contribuinte que receber


rendimentos do trabalho não assalariado poderá deduzir da receita
da respectiva atividade, as despesas de custeio pagas, necessárias
à manutenção da atividade;
• despesas médicas – poderão ser deduzidos os pagamentos efetu-
ados, no ano-calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisiotera-
peutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem
como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos,
aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias;
22 UNIUBE

SAIBA MAIS

Para que as despesas sejam consideradas dedutíveis os pagamentos devem


ser especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) de quem os recebeu, podendo, na falta
de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi
efetuado o pagamento.

• despesas com educação – poderão ser deduzidos os pagamentos


efetuados a estabelecimentos de ensino relativamente à educação
pré-escolar, de 1o, 2o e 3o graus, cursos de especialização ou
profissionalizantes (Tabela 6) do contribuinte e de seus dependentes,
até o limite anual individual de:

Tabela 6: Dedução anual de despesa com Instrução

Despesas com instrução – Anual

Ano calendário R$ 2010 R$ 2.830,84


Ano calendário R$ 2011 R$ 2.958,23
Ano calendário R$ 2012 R$ 3.091,35
Ano calendário R$ 2013 R$ 3.230,46
Ano calendário R$ 2014 R$ 3.375,83

Fonte: Brasil (2011).

• contribuições à previdência privada e aos Fundos de


Aposentadoria Programa Individual (FAPI) – poderão ser
deduzidas as contribuições cujo ônus seja da pessoa física limitada
a doze por cento (12%) do total dos rendimentos computados na
determinação da base de cálculo do imposto devido na declaração
de rendimentos.

Podem ser deduzidas do valor do imposto devido na declaração de


ajuste anual, os seguintes valores (Tabela 7):
UNIUBE 23

• as contribuições destinadas ao incentivo às atividades


culturais, ou artísticas, atividades audiovisuais e as doações a
fundos controlados pelos conselhos dos direitos da criança e
do adolescente – tal dedução fica limitada a 6% do valor do imposto
devido na declaração;
• a contribuição patronal paga pelo empregador doméstico –
limitada ao valor da contribuição patronal calculada sobre o salário
mínimo mensal, sobre o décimo-terceiro e sobre a remuneração
adicional de férias;
• o Imposto de renda retido ou pago, inclusive a título de recolhimento
complementar, correspondente aos rendimentos incluídos na base
de cálculo;
• o imposto pago no exterior.

1.5.4 Apuração da base de cálculo do imposto anual

O Imposto de Renda, devido na declaração de Ajuste Anual, será


calculado mediante a utilização da tabela progressiva anual.

Para o exercício de 2012, ano calendário de 2011, a tabela progressiva


anual (Tabela 7) é apresentada a seguir:

Tabela 7: Tabela Progressiva Anual – Ano calendário 2011


Tabela Progressiva Anual – Ano calendário 2011

Parcela a deduzir
Base de Cálculo em R$ Alíquota %
do imposto em R$

Até 18.799,32 – –
de 18.799,33 até 28.174,20 7,50% 1.409,95
de 28.174,21 até 37.566,12 15,00% 3.523,01
de 37.566,13 até 46.939,56 22,50% 6.340,47
Acima de 46.939,56 27,5% 8.687,45

Fonte: Brasil (2011).


24 UNIUBE

Já para os anos seguintes, visualize as tabelas 8, 9 e 10, apresentadas


a seguir, sobre as alíquotas progressivas anuais, dos anos de 2012,
2013 e 2014, respectivamente, aprovadas pela Lei nº 11.482, de 31 de
maio de 2007, alterada pelo artigo 1º da Lei nº 12.469, de 26 de agosto
de 2011 (BRASIL, 2011).

Tabela 8: Tabela Progressiva Anual – Ano calendário 2012


Tabela Progressiva Anual – Ano calendário 2012
Parcela a deduzir do
Base de Cálculo em R$ Alíquota %
imposto em R$
Até 19.645,32 – –
de 19.645,33 até 29.442,00 7,50% 1.473,40
de 29.442,01 até 39.256,56 15,00% 3.681,55
de 39.256,57 até 49.051,80 22,50% 6.625,79
Acima de 49.051,80 27,5% 9.078,38

Fonte: Brasil (2011).

Tabela 9: Tabela Progressiva Anual – Ano calendário 2013


Tabela Progressiva Anual – Ano calendário 2013
Parcela a deduzir do
Base de Cálculo em R$ Alíquota %
imposto em R$
Até 20.529,36 – –
de 20.529,37 até 30.766,92 7,50% 1.539,70
de 30.766,93 até 41.023,08 15,00% 3.847,22
de 41.023,09 até 51.259,08 22,50% 6.923,95
Acima de 51.259,08 27,5% 9.486,91
Fonte: Brasil (2011).

Tabela 10: Tabela Progressiva Anual – Ano calendário 2014


Tabela Progressiva Anual – Ano calendário 2014
Parcela a deduzir do
Base de Cálculo em R$ Alíquota %
imposto em R$
Até 21.453,24 – –
de 21.453,25 até 32.151,48 7,50% 1.608,99
de 32.151,49 até 42.869,16 15,00% 4.020,35
de 42.869,17 até 53.565,72 22,50% 7.235,54
Acima de 53.565,72 27,5% 9.913,83
Fonte: Brasil (2011).
UNIUBE 25

SAIBA MAIS

A lei nº 11.482/2007, em seu artigo 1º, parágrafo único, determina que a


tabela progressiva anual, seja correspondente à soma das tabelas progres-
sivas mensais vigentes nos meses de cada ano calendário (BRASIL, 2007).

1.5.5 Declaração de bens, direitos e dívidas e ônus reais

A pessoa física sujeita à apresentação da Declaração de Ajuste Anual


deverá relacionar na declaração os bens e direitos que constam em
seu nome, e ou de seus dependentes, bem como os bens e direitos
adquiridos e alienados no decorrer do ano-calendário. Os bens e direitos
que devem ser declarados são:

• imóveis, veículos automotores, embarcações e aeronaves, indepen-


dentemente do valor da aquisição;
• bens móveis e direitos de valor de aquisição unitário igual ou superior
a R$ 5.000,00;
• saldos de contas-correntes bancárias, caderneta de poupança e
demais aplicações financeiras, de valor individual superior a R$
140,00, em 31 de dezembro de cada ano calendário;
• conjunto de ações, quotas ou quinhão de capital de uma mesma
empresa, negociadas ou não em bolsa de valores, e de ouro, ativo
financeiro, cujo valor de aquisição unitário seja igual ou superior a
R$ 1.000,00.

Os bens e direitos alienados no decorrer do ano devem ser baixados na


declaração, explicando o fato ocorrido no campo “Discriminação”, sem
informação no campo “Situação no ano calendário correspondente”.

No campo Discriminação, além dos dados do bem ou direito alienado,


devem ser informados o nome e o CPF/CNPJ do comprador, o valor e a
data da alienação e as condições de pagamento.
26 UNIUBE

Um ponto importante no preenchimento da Declaração de Bens


e Direitos é a informação nas linhas de Situação em 31 de
dezembro de cada ano. Nesses campos devem ser informados
os valores dos bens, nos respectivos anos. E é por meio dessa
informação que o fisco fiscaliza a evolução patrimonial do
contribuinte.

Valor do bem na declaração

O valor dos bens e direitos informados na Declaração de ajuste Anual


deverá ser o custo de aquisição, ou seja, o valor efetivamente pago.
Para os bens adquiridos em parcelas ou financiados, os campos devem
ser preenchidos pelos valores efetivamente pagos em cada ano. Isso
acontece quando o bem é dado em garantia, como por exemplo,
consórcios e financiamentos junto ao Sistema Financeiro de Habitação.

Para declarar as dívidas e ônus reais, deverão ser informados também,


na declaração de ajuste anual, as dívidas e ônus reais existentes em
31 de dezembro de cada ano calendário, do contribuinte e de seus
dependentes, bem como os constituídos e extintos no decorrer de cada
ano. Não deverão ser incluídos dívidas e ônus reais de:

• valor igual ou inferior a R$ 5.000,00;


• financiamentos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) ou
sujeitos às mesmas condições, ou seja, aqueles nos quais o bem
é dado como garantia do pagamento. Ex.: alienação fiduciária,
hipoteca e penhor;
• bens adquiridos por consórcio;
• bens da atividade rural.

1.5.6 Conhecendo o Programa Gerador de Dados (PGD)

Após a instalação do programa gerador da Declaração de Ajuste Anual


do Imposto de Renda, a tela inicial mostra algumas teclas de atalho.
UNIUBE 27

A Figura 7, a seguir, apresenta a tecla inicial de “Nova” declaração.


Quando acionada, o programa fará perguntará se deseja importar dados
cadastrais relativos a anos anteriores. Caso positivo, clique em sim. Caso
contrário, clique em “Não”, e a tela seguinte será para informar no número
do CPF e nome do contribuinte.

Figura 7: Tela inicial do PGD Imposto de Renda das Pessoas Físicas 2012.
Fonte: Brasil (2012).

Em seguida, basta digitar o número do CPF do contribuinte e o NOME e


clicar em “OK”, conforme Figura 8.

Figura 8: Inclusão da declaração do contribuinte.


Fonte: Brasil (2012).
28 UNIUBE

Posteriormente, aparecerá a tela de Identificação do Contribuinte, com


ícones à esquerda de navegação, entre as fichas a serem preenchidas
na declaração, conforme demonstra a Figura 9.

Figura 9: Identificação do Contribuinte e Navegação.


Fonte: Brasil (2012).

Em seguida, o contribuinte deverá navegar por todas as fichas da


declaração, preenchendo a que couber em sua situação fiscal.
Lembrando sempre de consultar a legislação aplicável ao assunto em
caso de dúvidas, ou a tecla F1 (AJUDA), a qualquer momento. Depois
de preenchidas todas as fichas, o programa mostrará na ficha “Resumo
da Declaração” a posição do saldo a pagar ou a restituir do imposto.

Havendo saldo do imposto a pagar, este poderá ser recolhido em até


8 parcelas mensais e consecutivas, observando que nenhuma parcela
poderá ser inferior a R$ 50,00 e caso o valor do imposto a pagar seja
inferior a R$ 100,00 deverá ser recolhido em quota única.
UNIUBE 29

EXEMPLIFICANDO!

1. Determinado contribuinte apurou R$ 239,00 de imposto de renda a


pagar, relativos à declaração de ajuste anual de 2012. Neste caso, ele
poderá recolher em até 4 quotas, pois não é permitido que nenhuma
parcela seja inferior a R$ 50,00.
2. Contribuinte com imposto de renda a pagar no valor de R$ 3.220,00,
relativos a declaração de ajuste anual de 2012, poderá parcelar seu
imposto em até 8 parcelas de R$ 402,50.
3. Contribuinte com imposto de renda a pagar no valor de R$ 88,00,
referente à declaração anual de 2012, deverá realizar o pagamento em
quota única, visto que é vedado o recolhimento do imposto de renda em
parcelas inferiores a R$ 50,00.

A primeira parcela tem como data limite de pagamento o último dia de


entrega da declaração. As demais vencem no último dia útil do mês e
devem ser atualizadas pela aplicação da taxa da SELIC, acumulada
mensalmente, mais 1% no mês de pagamento. O contribuinte poderá
optar pelo pagamento por meio do débito em conta corrente bancária, a
partir da 2ª quota.

Para o Imposto a restituir, este será realizado pela Secretaria da Receita


federal, mediante disponibilização financeira, em conta corrente bancária,
indicada pelo contribuinte na declaração de Ajuste Anual. O valor do
imposto a restituir é corrigido mensalmente pela taxa da SELIC, até o
mês do efetivo recebimento. Finalizada a entrada de dados, o contribuinte
deverá imprimir a declaração, se desejar. Logo em seguida, enviar
via internet, ou gravá-la para entrega em mídia eletrônica (CD, DVD,
pendrive), nos pontos autorizados.

O programa ainda trás a possibilidade de gravação de cópias de


segurança, para evitar perdas indesejáveis de dados. Atente-se a isso!
30 UNIUBE

SAIBA MAIS

Para aprofundar seus conhecimentos, e ainda como fonte de esclarecimentos


de dúvidas, consulte o site da Secretaria da Receita Federal – “Perguntas e
Respostas do IRPF 2012”, no link:
<http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/perguntao/Irpf2012/
PerguntaseRespostasIRPF2012.pdf>.

1.6 Conclusão

É importante finalizar este capítulo, ressaltando que o Imposto de renda


da pessoa física é um imposto anual. Porém, o contribuinte está sujeito
às retenções na fonte, mensalmente, a título de antecipação do imposto.
Portanto, na declaração de ajuste anual ele deverá complementar o valor
do imposto devido, caso tenha retido valor insuficiente, ou terá direito a
restituir o valor pago a maior.

Cabe lembrar que a cada ano a Secretaria da Receita Federal


disponibiliza novos aplicativos para elaboração e entrega da Declaração
de Ajuste Anual da Pessoa Física, através de Instruções Normativas.

E, ainda, os valores citados neste capítulo, referentes às tabelas


progressivas, valores legais de dedução, e outros, são constantemente
alterados pela legislação tributária. Consulte sempre que for necessária
a legislação aplicável.

Você encontrará várias perguntas e respostas relativas à elaboração e


apresentação da Declaração de imposto de renda da pessoa física, como
por exemplo: obrigatoriedade de apresentação, retificação da declaração,
rendimentos, cálculo do imposto, bens e direitos, dentre outros.
UNIUBE 31

Resumo

Neste capítulo, desenvolvemos o estudo prático da Tributação do Imposto


de Renda das Pessoas Físicas. O imposto de renda é um imposto que
incide sobre a aquisição da disponibilidade econômica de renda, e de
proventos de qualquer natureza.

As pessoas físicas que tiverem rendimentos assalariados ou não


superiores a R$ 1.566,61, mensal, estão sujeitas a retenção na fonte do
imposto de renda. E aquelas que tiverem rendimentos superiores a R$
23.499,15, no ano calendário de 2011, por exemplo, estão obrigadas a
elaborarem a declaração de ajuste anual do imposto, para o exercício
de 2012.

As pessoas físicas que receberem rendimentos oriundos do trabalho não


assalariado, de aluguéis, e do exterior, estão sujeitas ao recolhimento do
imposto de renda mensal, que chamamos de Carnê-Leão.

Cabe ressaltar que no cálculo do imposto de renda mensal poderá ser


deduzido da base de cálculo do imposto: as contribuições previdenciá-
rias, os dependentes, as pensões alimentícias e os proventos de aposen-
tadoria para os maiores de 65 anos, nos limites fixados na legislação.

Em relação ao valor do imposto devido, poderá(ão) ainda ser deduzido(s):

• as contribuições destinadas ao incentivo às atividades culturais,


artísticas, audiovisuais, e as doações a fundos controlados pelos
Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, limitado a 6%
do valor do imposto devido;
• a contribuição patronal paga pelo empregador doméstico;
• o imposto de renda retido ou pago, inclusive a título de recolhimento
complementar, correspondente aos rendimentos incluídos na base
de cálculo;
• o imposto de renda pago no exterior.
32 UNIUBE

Na declaração de ajuste anual poderão ser deduzidas na base de cálculo


do imposto as seguintes despesas:

• as contribuições previdenciárias;
• os dependentes;
• as pensões alimentícias;
• os proventos de aposentadoria para os maiores de 65 anos, nos
limites fixados na legislação;
• livro-caixa;
• despesas médicas;
• despesas com educação.

Na declaração de ajuste anual, além do cálculo do imposto de renda


devido em virtude da renda, é obrigatório ao contribuinte informar também
os bens e direitos adquiridos e extintos no decorrer do ano, assim como
as dívidas e ônus reais, contraídas e pagas no ano.

Portanto, podemos sintetizar que o imposto de renda da pessoa física


deve ser retido e recolhido mensalmente, respeitando os limites fixados
na legislação e anualmente deverá ser apresentada a declaração de
ajuste anual para aqueles contribuintes que estiverem obrigados.

Referências

BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário


Nacional e Institui Normas Gerais de Direito Tributário Aplicáveis à União, Estados
e Municípios. Brasília. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.
br/legislacao/codtributnaci/ctn.htm>. Acesso em: 25 jul. 2011.

______. Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995. Brasília, 1995. Altera a legislação


do imposto de renda das pessoas físicas e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9250.htm>. Acesso em: 08 abr. 2013.
UNIUBE 33

______. Lei nº 12.469, de 26 de agosto de 2011. Altera os valores constantes


da tabela do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física. Brasília. Disponível em: <http:
//www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Leis/2011/lei12469.htm>. Acesso em: 26
mar. 2012.

______. Lei nº 11.482, de 31 de maio de 2007. Efetua alterações na tabela do imposto


de renda da pessoa física; dispõe sobre a redução a 0 (zero) da alíquota da CPMF nas
hipóteses que menciona. Brasília. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/
Legislacao/Leis/2007/lei11482.htm>. Acesso em: 03 ago. 2011.

______. Lei nº 11.945, de 04 de junho de 2009. Altera a legislação tributária federal


e dá outras providências. Brasília. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/
legislacao/leis/2009/lei11945.htm>. Acesso em: 25 jul. 2011.

______. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília, 2002a.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso
em: 08 abr. 2013.

______. Instrução Normativa RFB nº 1.246, de 3 de fevereiro de 2012. Dispõe sobre


a apresentação da Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda referente
ao exercício de 2012, ano-calendário de 2011, pela pessoa física residente no Brasil.
Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Ins/2012/in12462012.
htm>. Acesso em: 26 mar. 2012.

______. Instrução Normativa RFB nº 208, de 27 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre


a tributação, pelo imposto de renda, dos rendimentos recebidos de fontes situadas no
exterior e dos ganhos de capital apurados na alienação de bens e direitos situados no
exterior por pessoa física residente no Brasil e dos rendimentos recebidos e dos ganhos
de capital apurados no País por pessoa física não-residente no Brasil. Brasília, 2002b.
Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Ins/2002/in2082002.htm>.
Acesso em: 21 jun. 2011.

______. Instrução Normativa RFB nº 918, de 10 de fevereiro de 2009. Dispõe sobre


a apresentação da Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda referente
ao exercício de 2009, ano-calendário de 2008, pela pessoa física residente no Brasil.
Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Ins/2009/in9182009.htm>.
Acesso em: 27 jul. 2011.

______. Instrução Normativa RFB nº 1.095, de 10 de fevereiro de 2010. Dispõe sobre


a apresentação da Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda referente
ao exercício de 2011, ano-calendário de 2010, pela pessoa física residente no Brasil.
Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Ins/2010/in10952010.
htm>. Acesso em: 03 ago. 2011.
34 UNIUBE

______. Instrução Normativa RFB nº 1.333, de 18 de fevereiro de 2013. Dispõe sobre


a apresentação da Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda referente
ao exercício de 2013, ano-calendário de 2012, pela pessoa física residente no Brasil.
Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/
Ins/2013/in13332013.htm>. Acesso em: 08 abr. 2013.

______. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999. (RIR). Tributação das Pessoas


Físicas (Livro 1 – Art 2º a 145). Disponível em:<http://www.receita.fazenda.gov.br/
Legislacao/rir/default.htm>. Acesso em: 03 ago. 2011.

SECRETARIA da Receita Federal do Brasil. Imposto sobre a renda – pessoa física.


IRPF 2012. Perguntas e Respostas. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.
br/Publico/perguntao/Irpf2012/PerguntaseRespostasIRPF2012.pdf>. Acesso em:
21 maio 2012.
Capítulo
Retenções na fonte: IR,
INSS, PIS, COFINS e CSLL
2

Introdução
Caros(as) alunos(as).

Os contribuintes brasileiros são penalizados por uma enorme carga


de tributos, e, como se não fosse o suficiente, são responsáveis
solidários pelo recolhimento de tributos de outras empresas, por
meio das chamadas retenções na fonte.

Todas as empresas, em algum momento, são responsáveis pela


retenção e recolhimento de tributos como: Imposto de Renda
Retido na Fonte (IRRF), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
Contribuição social sobre o Lucro Líquido (CSSL), Programa de
Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (COFINS), Imposto sobre serviços (ISS), nos
pagamentos efetuados a outras empresas pela prestação de
serviços.

Isto significa que, mesmo que a empresa não realize a retenção,


é obrigada ao recolhimento do tributo que deixou de reter, isto
é, assume o ônus do recolhimento. A seguir, apresentaremos as
principais situações em que cabe a retenção destes tributos.
36 UNIUBE

Objetivos
Após a realização do estudo deste capítulo, você estará apto a:

• identificar quais são os impostos que deverão ser retidos por


ocasião do pagamento das notas fiscais de serviços a outras
pessoas jurídicas;
• calcular os impostos IRF, PIS, COFINS, CSL, INSS a serem
retidos;
• compreender a legislação pertinente às retenções a serem
efetuadas por ocasião do recebimento ou pagamento
das notas fiscais de serviços a outras pessoas jurídicas e
relacioná-las com as questões práticas.

Esquema

Retenções na fonte

IR INSS COFINS PIS CSLL

2.1 Imposto de Renda Retido na Fonte

O artigo 647, do Regulamento do Imposto de Renda (BRASIL, 1999),


determina que as importâncias pagas ou creditadas por pessoas jurídicas
a outras pessoas jurídicas – civis ou mercantis – pela prestação de
serviços caracterizadamente de natureza profissional, estão sujeitas à
retenção do imposto de renda na fonte, à alíquota de 1,5%.
UNIUBE 37

A partir de fevereiro de 2004, por disposição da Lei nº 10.833/2003


(BRASIL, 2003a), os pagamentos ou créditos efetuados por pessoa
jurídica, a título de prestação de serviços a outras pessoas jurídicas,
que tenham atividade de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de
créditos, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber,
passaram a sujeitar-se à retenção na fonte à alíquota de 1,5%.

Estão sujeitos, também, à retenção na fonte do imposto de renda, os


pagamentos ou créditos a outras pessoas jurídicas pela prestação
de serviços de limpeza, conservação, segurança, vigilância (inclusive
escolta), transporte de valores e locação de mão de obra, à alíquota
de 1%. A seguir, o Quadro 1 apresenta as alíquotas de retenção deste
imposto.

Quadro 1: Alíquotas de retenção do IRPJ

Alíquota DARF
Espécie de serviço prestado por pessoa jurídica
IRPJ Código

Limpeza 1,0%
Conservação de bens imóveis, exceto reformas e obras
1,0%
assemelhadas
Segurança, inclusive o transporte de valores 1,0%
Vigilância (inclusive escolta) 1,0%

Locação de mão de obra de empregados de locadora colocados


1,0%
a serviço da locatária, em local por esta determinado

Administração de bens ou negócios em geral (exceto consórcios 1708


1,5%
ou fundos mútuos para aquisição de bens)
Advocacia 1,5%
Análise clínica laboratorial 1,5%
Análises técnicas 1,5%
Arquitetura 1,5%
Assessoria e consultoria técnica (exceto o serviço de
assistência técnica prestada a terceiros e concernente a ramo 1,5%
de indústria ou comércio explorado pelo prestador do serviço)
38 UNIUBE

Assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção


e riscos, administração de contas a pagar e a receber, inclusive 1,5%
quando o serviço for prestado por empresas de factoring
Assistência social 1,5%
Auditoria 1,5%
Avaliação e perícia 1,5%
Biologia e biomedicina 1,5%
Cálculo em geral 1,5%
Consultoria 1,5%
Contabilidade 1,5%
Desenho técnico 1,5%
Economia 1,5%
Elaboração de projetos 1,5%
Engenharia (exceto construção de estradas, pontes, prédios e
1,5%
obras assemelhadas)
Ensino e treinamento 1,5%
Estatística 1,5%
Fisioterapia 1,5%
Fonoaudiologia 1,5% 1708
Geologia 1,5%
Leilão 1,5%
Medicina (exceto a prestada por ambulatório, banco de sangue,
casa de saúde, casa de recuperação ou repouso sob orientação 1,5%
médica, hospital e pronto socorro)
Nutricionismo e dietética 1,5%
Odontologia 1,5%
Organização de feiras de amostras, congressos, seminários,
1,5%
simpósios e congêneres
Pesquisa em geral 1,5%
Planejamento 1,5%
Programação 1,5%
Prótese 1,5%
Psicologia e Psicanálise 1,5%
Química 1,5%
Radiologia e radioterapia 1,5%
Relações públicas 1,5%
Serviço de despachante 1,5%
UNIUBE 39

Terapêutica ocupacional 1,5%


Tradução ou interpretação comercial 1,5%
Urbanismo 1,5%
Veterinária 1,5%
Comissões e corretagens pela mediação de negócios 1,5%
8045
Propaganda e publicidade 1,5%
Cooperativas de trabalho 1,5%
3280
Associações profissionais e assemelhadas 1,5%

Assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção


e riscos, administração de contas a pagar e a receber, inclusive 1,5% 5944
quando o serviço for prestado por empresas de factoring

Fonte: FISCOSOFT (2011).

Segundo Brasil (2012, p.19), o fato gerador do imposto de renda na fonte


ocorre na data em que o rendimento for pago ou creditado à empresa
beneficiária, observando-se que:
a) se considera pagamento do rendimento a entrega
de recursos, inclusive mediante crédito em instituição
financeira, a favor do beneficiário (art. 38, parágrafo
único, do RIR/99);
b) se entende por crédito o registro contábil, efetuado
pela fonte pagadora, pelo qual o rendimento é colocado,
incondicionalmente, à disposição do beneficiário (PN
CST 121/73).

2.1.1 Pessoas jurídicas obrigadas à retenção

Todas as pessoas jurídicas que efetuarem pagamento a outras pessoas


jurídicas, pelos serviços listados, estão obrigadas a efetuar a retenção:

• às associações, inclusive entidades sindicais, federações, confede-


rações, centrais sindicais e serviços sociais autônomos;
• às sociedades simples (novo Código Civil), inclusive sociedades
cooperativas;
40 UNIUBE

• às fundações de direito privado; e


• aos condomínios edilícios (condomínios de moradores).

2.1.2 Dispensa de retenção

O imposto de renda na fonte apurado a cada pagamento ou crédito de


rendimentos, está dispensado de retenção quando o imposto resultar em
valor igual ou inferior a R$ 10,00.

Também está dispensada da retenção quando a prestadora dos serviços


for optante pelo Simples Nacional, de acordo com a Instrução Normativa
RFB nº 765, de 2007 (BRASIL, 2007). Exceção a esta regra se faz aos
rendimentos e ganhos líquidos auferidos pelas pessoas jurídicas optantes
pelo Simples Nacional em aplicações de renda fixa ou variável, cuja
incidência do imposto na fonte será definitiva.

Por fim, não haverá retenção do imposto de renda, no caso de prestação


de serviços por pessoa jurídica imune ou isenta do imposto. Assim, não
estão sujeitos à retenção do imposto os serviços prestados pelos órgãos
públicos federais, estaduais, ou municipais, inclusive suas autarquias, ou
pelas associações científicas ou culturais.

2.1.3 Cálculo da retenção

O valor a ser retido de imposto de renda corresponde à multiplicação


da base de cálculo pela alíquota constante no Quadro 1, apresentado
anteriormente. Esta base de cálculo refere-se ao total pago ou
creditado, sem nenhuma dedução. Ou seja, nem mesmo as despesas
reembolsadas, previstas em contrato, podem ser deduzidas do montante
a ser utilizado no cálculo do imposto.
UNIUBE 41

Observa-se, no entanto, quatro exceções a essa regra, relativamente


aos serviços de:

• propaganda e publicidade;
• comissões e corretagens;
• cooperativas de trabalho e associações profissionais ou asseme-
lhadas;
• factoring.

O imposto retido será considerado antecipação do imposto devido pela


pessoa jurídica.

SAIBA MAIS

Aplicação da tabela progressiva

Quando a sociedade civil prestadora de serviços relativos à profissão


legalmente regulamentada for controlada, direta ou indiretamente por
pessoas físicas que sejam diretores, gerentes ou controladores da pessoa
jurídica que pagar ou creditar os rendimentos, ou, pelos seus cônjuges ou
parentes de primeiro grau, estarão sujeitos à tributação na fonte mediante a
aplicação da tabela progressiva.

Por exemplo:
Uma clínica de patologia presta serviços para um hospital. Se qualquer
um dos sócios da clínica for diretor, gerente ou controlador do hospital, a
retenção do imposto será feita mediante a aplicação da tabela progressiva
e não pela alíquota de 1,5%.

2.1.4 Imposto de renda na fonte – Comissão de intermediação

De acordo com o artigo 651, do Regulamento do imposto de renda


(BRASIL, 1999), estão sujeitas à incidência do imposto de renda na fonte,
42 UNIUBE

à alíquota de 1,5%, as importâncias pagas ou creditadas por pessoas


jurídicas a outras pessoas jurídicas a título de comissões, corretagens
ou qualquer outra remuneração pela representação comercial ou pela
mediação na realização de negócios civis e comerciais.

O recolhimento do imposto deverá ser efetuado pela pessoa jurídica que


receber de outras pessoas jurídicas importâncias a título de comissões
e corretagens relativas a:

• colocação ou negociação de títulos de renda fixa;


• operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de
futuro e assemelhadas;
• distribuição e emissão de valores mobiliários, quando a pessoa
jurídica atuar como agente da companhia emissora;
• operações de câmbio;
• vendas de passagens, excursões ou viagens;
• administração de cartões de crédito;
• prestação de serviços de distribuição de refeições pelo sistema de
refeições - convênio;
• prestação de serviços de administração de convênios.

Nos pagamentos das demais comissões, o recolhimento cabe


à fonte pagadora.

DIRF É importante ressaltar que, nas hipóteses de


Declaração do Imposto retenção do imposto de renda mencionadas
de Renda Retido na
Fonte: é a declaração anteriormente, que determina a responsabilida-
feita pela fonte
pagadora, destinada de do recolhimento pela pessoa jurídica benefi-
a informar à Receita
Federal o valor do ciária, a entrega da Declaração do Imposto de
imposto de renda Renda Retido na Fonte (DIRF) continua sendo
retido na fonte, dos
rendimentos pagos ou obrigação da fonte pagadora dos rendimentos.
creditados para seus
beneficiários (BRASIL,
2013).
UNIUBE 43

A empresa beneficiária dos rendimentos deverá fornecer para a fonte


pagadora, até 31 de janeiro do ano subsequente àquele a que se
referir a DIRF, documento comprobatório com indicação dos valores de
rendimento e imposto de renda recolhido, relativos ao ano calendário
anterior.

2.1.5 Prazo de recolhimento

O prazo para recolhimento do imposto de renda na fonte, a partir de


1º de outubro de 2008, é o último dia útil do segundo decêndio do mês
subsequente ao mês de ocorrência dos fatos geradores, ou seja, até dia
20 do mês subsequente ao da retenção.

EXEMPLIFICANDO!

A Êxitus Advogados Associados S/C Ltda. prestou serviços jurídicos em abril


de 2012, cobrando R$ 8.000,00, a empresa XPTO Comercial Ltda.

Assim, a empresa XPTO deverá efetuar a retenção do IRRF à alíquota de


1% e recolher até o dia 20 do mês de maio de 2012, ou seja, dia 20 do mês
subsequente ao da retenção.

SAIBA MAIS

Para os fatos geradores ocorridos em 1º de janeiro de 2006, até 30 de setembro


de 2008, é o último dia útil do 1º (primeiro) decêndio do mês subsequente ao
mês de ocorrência dos fatos geradores (até dia 10 de cada mês).

Anteriormente a 2006, os valores retidos deveriam ser recolhidos até o


3º (terceiro) dia útil da semana subsequente à de ocorrência dos fatos
geradores.

Os valores retidos deverão ser recolhidos ao Tesouro Nacional pela pessoa


jurídica que efetuar a retenção, de forma centralizada, pelo estabelecimento
matriz da pessoa jurídica.
44 UNIUBE

2.2 INSS – Retenção na prestação de serviço pela cessão de


mão de obra e empreitada

A Lei nº 9.711, de 20 de novembro de 1998, introduziu a obrigatoriedade


de retenção, pela empresa contratante de serviços mediante cessão de
mão de obra ou empreitada, inclusive em regime de trabalho temporário,
deverá reter 11% do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo
de prestação de serviços e recolher à Previdência Social a importância
retida, em documento de arrecadação identificado com a denominação
social e o CNPJ da empresa contratada (BRASIL, 1998).

O valor retido será compensado pela empresa contratada, referente


ao mesmo estabelecimento ou obra de construção civil da empresa
que sofreu a retenção, quando do recolhimento das contribuições
previdenciárias devidas sobre a folha de pagamento dos seus
trabalhadores, conforme o disposto no art. 149 da IN 100/2003 da
Diretoria Colegiada do INSS, que entrou em vigor em 01/04/2004
(BRASIL, 2003b).

PESQUISANDO NA WEB

A íntegra da Lei pode ser acessada em:


<http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=393>, para
conhecimento de seus detalhes e conceitos.

SAIBA MAIS

A Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, determinou que o valor retido poderá


ser compensado por qualquer estabelecimento da empresa cedente da
mão de obra, por ocasião do recolhimento das contribuições destinadas à
Seguridade Social devida sobre a folha de pagamento dos seus segurados.
(BRASIL, 2009a).
UNIUBE 45

2.2.1 Dispensa de retenção

De acordo com a IN RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, artigo 120,


a contratante estará dispensada de efetuar a retenção quando:
I – o valor a ser retido por nota fiscal, fatura ou recibo for
inferior ao limite mínimo permitido para recolhimento em
GPS – hoje de R$ 29,00.
II – a contratada não possuir empregados, o serviço for
prestado pessoalmente pelo titular ou sócio e quando
o faturamento do mês anterior for igual ou inferior a 2
(duas) vezes o limite máximo do salário de contribuição,
cumulativamente. Hipótese que, para comprovação
a contratada apresentará à tomadora declaração
assinada por seu representante legal, sob as penas da
lei, de que não possui empregados e o seu faturamento
no mês anterior foi igual ou inferior a duas vezes o limite
máximo do salário de contribuição.
III – a contratação envolver somente serviços profis-
sionais relativos ao exercício de profissão regulamen-
tada por legislação federal, ou serviços de treinamento
e ensino, desde que prestados pessoalmente pelos
sócios, sem o concurso de empregados ou outros
contribuintes individuais. Para realizar a comprovação,
a empresa contratada deverá apresentar à tomado-
ra declaração assinada por seu representante legal,
sob as penas da lei, de que o serviço foi prestado. A
declaração pode ser emitida pelo sócio da empresa,
profissional de profissão regulamentada, ou, se for o
caso, profissional da área de treinamento e ensino, e
sem o concurso de empregados ou outros contribuin-
tes individuais ou consignando o fato na nota fiscal, na
fatura ou no recibo de prestação de serviços. (BRASIL,
2009b).

2.2.2 Apuração da base de cálculo da retenção

A base de cálculo para retenção do INSS é o valor bruto da nota fiscal


ou recibo de prestação de serviços emitido pela empresa contratada.
46 UNIUBE

Os artigos 121 e 122, da IN RFB 971/99 (BRASIL, 2009b), mencionam


que a apuração da base de cálculo para retenção deverá considerar o
seguinte:
Art. 121. Os valores de materiais ou de equipamentos,
próprios ou de terceiros, exceto os equipamentos
manuais, fornecidos pela contratada, discriminados
no contrato e na nota fiscal, na fatura ou no recibo de
prestação de serviços, não integram a base de cálculo
da retenção, desde que comprovados.
§ 1º O valor do material fornecido ao contratante ou o
de locação de equipamento de terceiros, utilizado na
execução do serviço, não poderá ser superior ao valor
de aquisição ou de locação para fins de apuração da
base de cálculo da retenção.
§ 2º Para os fins do § 1º, a contratada manterá em
seu poder, para apresentar à fiscalização da RFB,
os documentos fiscais de aquisição do material ou o
contrato de locação de equipamentos, conforme o caso,
relativos a material ou equipamentos cujos valores
foram discriminados na nota fiscal, na fatura ou no
recibo de prestação de serviços.
§ 3º Considera-se discriminação no contrato os valores
nele consignados, relativos a material ou equipamentos,
ou os previstos em planilha à parte, desde que esta seja
parte integrante do contrato mediante cláusula nele
expressa.
Art. 122. Os valores de materiais ou de equipamentos,
próprios ou de terceiros, exceto os equipamentos
manuais, cujo fornecimento esteja previsto em contrato,
sem a respectiva discriminação de valores, desde que
discriminados na nota fiscal, na fatura ou no recibo de
prestação de serviços, não integram a base de cálculo
da retenção, devendo o valor desta corresponder no
mínimo a:
I – 50% (cinquenta por cento) do valor bruto da nota
fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços;
II – 30% (trinta por cento) do valor bruto da nota fiscal,
da fatura ou do recibo de prestação de serviços para os
serviços de transporte de passageiros, cujas despesas
de combustível e de manutenção dos veículos corram
por conta da contratada;
III – 65% (sessenta e cinco por cento) quando se referir
a limpeza hospitalar, e 80% (oitenta por cento) quando
se referir aos demais tipos de limpeza, do valor bruto
da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de
serviços.
UNIUBE 47

§ 1º Se a utilização de equipamento for inerente à


execução dos serviços contratados, desde que haja a
discriminação de valores na nota fiscal, na fatura ou no
recibo de prestação de serviços, adota-se o seguinte
procedimento:
I – havendo o fornecimento de equipamento e os
respectivos valores constarem em contrato, aplica-se o
disposto no art. 121; ou
II – não havendo discriminação de valores em
contrato, independentemente da previsão contratual
do fornecimento de equipamento, a base de cálculo da
retenção corresponderá, no mínimo, para a prestação
de serviços em geral, a 50% (cinquenta por cento)
do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo
de prestação de serviços e, no caso da prestação de
serviços na área da construção civil, aos percentuais
abaixo relacionados:
a) 10% (dez por cento) para pavimentação asfáltica;
b) 15% (quinze por cento) para terraplenagem, aterro
sanitário e dragagem;
c) 45% (quarenta e cinco por cento) para obras de arte
(pontes ou viadutos);
d) 50% (cinquenta por cento) para drenagem; e
e) 35% (trinta e cinco por cento) para os demais
serviços realizados com a utilização de equipamentos,
exceto os manuais.
§ 2º Quando na mesma nota fiscal, fatura ou recibo de
prestação de serviços constar a execução de mais de
um dos serviços referidos nos incisos I e II do § 1º, cujos
valores não constem individualmente discriminados na
nota fiscal, na fatura, ou no recibo, deverá ser aplicado
o percentual correspondente a cada tipo de serviço,
conforme disposto em contrato, ou o percentual maior,
se o contrato não permitir identificar o valor de cada
serviço.
§ 3º Aplica-se aos procedimentos estabelecidos neste
artigo o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 121.

2.2.3 Deduções da base de cálculo

Poderão ser deduzidas da base de cálculo da retenção as parcelas


que estiverem discriminadas na nota fiscal, na fatura ou no recibo de
prestação de serviços, que correspondam:
48 UNIUBE

• ao custo da alimentação in natura fornecida


PAT: PROGRAMA DE pela contratada, de acordo com os Programas de
ALIMENTAÇÃO DO
TRABALHADOR, instituído
alimentação do trabalhador (PAT);
pela Lei nº 6.321/76 e • fornecimento de vale transporte, de acordo com
regulamentado pelo a legislação específica. (BRASIL, 2009b)
Decreto nº 78.676/76.
Trata-se de um benefício
fiscal, em que a empresa
beneficia-se com a O INSS, no uso de suas atribuições,
dedução das despesas poderá exigir a comprovação das deduções
de custeio realizada
pelo programa. Maiores anteriormente descritas.
esclarecimentos consulte
o Regulamento do Imposto
de Renda, artigos 581 a
589 (BRASIL, 1999).

2.2.4 Destaque da retenção no documento

A empresa contratada, no ato da emissão da nota fiscal, fatura ou do


recibo de prestação de serviços, deverá destacar o valor da retenção
com o título de “RETENÇÃO PARA A PREVIDÊNCIA SOCIAL”, de
acordo com o artigo 126, IN RFB 971/2009 (BRASIL, 2009b), observado
o disposto no artigo 120.

2.2.5 Recolhimento do valor retido pela empresa contratante

O valor retido da empresa contratada deverá ser recolhido pela empresa


tomadora até o dia 20 do mês subsequente ao da emissão da nota fiscal,
da fatura ou do recibo de prestação de serviços, prorrogando-se para o
primeiro dia útil subsequente quando não houver expediente bancário. O
documento de arrecadação (GPS) deverá ser preenchido com o CNPJ da
empresa contratada, e no campo nome ou denominação social, a razão
social da prestadora, seguida da razão social da contratante. (BRASIL,
2009b).

A falta de recolhimento, no prazo legal, das importâncias retidas


configura, em tese, crime contra a Previdência Social previsto no art.
168-A do Código Penal, introduzido pela Lei nº 9.983, de 14 de julho de
UNIUBE 49

2000, ensejando a emissão de Representação Fiscal para fins Penais


(RFFP), não podendo inclusive ser objeto de parcelamento. (BRASIL,
2000)

2.2.6 Obrigações da empresa contratada

A empresa contratada para a prestação de serviços deverá elaborar, de


acordo com o artigo 134, da IN RFB 971/2009:
I – folhas de pagamento distintas e o respectivo resumo
geral, para cada estabelecimento ou obra de construção
civil da empresa contratante, relacionando todos os
segurados alocados na prestação de serviços, na forma
prevista no inciso III do art. 47;
II – GFIP com as informações relativas aos tomadores
de serviços, para cada estabelecimento da empresa
contratante ou cada obra de construção civil, utilizando
o código de recolhimento próprio da atividade, conforme
normas previstas no Manual da GFIP; e
III – demonstrativo mensal por contratante e por
contrato, assinado pelo seu representante legal,
contendo:
a) a denominação social e o CNPJ da contratante, ou a
matrícula CEI da obra de construção civil, conforme o
caso;
b) o número e a data de emissão da nota fiscal, da
fatura ou do recibo de prestação de serviços;
c) o valor bruto, o valor retido e o valor líquido recebido
relativo à nota fiscal, à fatura ou ao recibo de prestação
de serviços; e
d) a totalização dos valores e sua consolidação por
obra de construção civil ou por estabelecimento da
contratante, conforme o caso. (BRASIL, 2009b)

O contratante deverá efetuar o lançamento contábil discriminando:

a) o valor bruto dos serviços;


b) o valor da retenção;
c) o valor líquido a receber.
50 UNIUBE

EXEMPLIFICANDO!

Contratação da Empresa Zelar e Conservação Ltda., para a prestação


de Serviços de Limpeza e Conservação. Valor do serviço contratado R$
8.000,00 mensais.

Contabilização do serviço prestado:


D: Clientes/ Caixa (AC) .......................................... R$ 7.120,00
D: INSS a compensar (AC) .................................... R$ 880,00
C: Receita de Serviços (ARE) ................................ R$ 8.000,00

Registro da compensação do imposto retido:


D: INSS a recolher (PC) ....................................... R$ 880,00
C: INSS a compensar (AC) .................................. R$ 880,00

Vale ressaltar que na contabilidade em que houver lançamento pela soma


total das notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços e pela
soma total da retenção, por mês, por contratante, a empresa contratada
deverá manter em registros auxiliares a discriminação desses valores, por
contratante.

2.2.7 Obrigações da empresa contratante

A empresa contratante deverá cumprir as seguintes obrigações, de


acordo com o artigo 138 e 139, da IN RFB 971/2009 (BRASIL, 2009b):

• manter em arquivo, separado por empresa contratada, em ordem


cronológica, durante o prazo de dez anos, as notas fiscais, as faturas
ou os recibos de prestação de serviços, e as cópias das GFIP.
• manter escrituração contábil formalizada, registrando mensalmente,
em contas individualizadas, todos os fatos geradores de
contribuições sociais, inclusive a retenção sobre o valor dos serviços
contratados.
UNIUBE 51

O artigo 140, IN RFB 971/2009 (BRASIL, 2009b), determina que o


lançamento da retenção na escrituração contábil deverá discriminar:

a) o valor bruto dos serviços;


b) o valor da retenção;
c) o valor líquido a pagar.

EXEMPLIFICANDO!

Contratação da Empresa Zelar e Conservação Ltda., para a prestação


de Serviços de Limpeza e Conservação. Valor do serviço contratado R$
8.000,00 mensais.

Contabilização do Serviço Tomado

D: Serviço prestado por PJ (ARE) .......................... R$ 8.000,00


C: INSS retido na fonte a recolher (PC) ................. R$ 880,00
C: Caixa/ Serviços de Terceiros a pagar (PC) ....... R$ 7.120,00

Registro do pagamento do INSS retido

D: Caixa (AC) ......................................................... R$ 880,00


C: INSS retido na fonte a recolher (PC) ................. R$ 880,00

A empresa contratante legalmente dispensada da apresentação da


escrituração contábil deverá elaborar demonstrativo mensal, assinado
pelo seu representante legal, relativo a cada contrato, contendo as
seguintes informações (BRASIL, 2009b):

a) a denominação social e o CNPJ da contratada;


b) o número e a data da emissão da nota fiscal, fatura ou recibo de
prestação de serviços;
c) o valor bruto, a retenção e o valor líquido pago relativo à nota fiscal,
fatura ou recibo de prestação de serviços;
d) a totalização dos valores e sua consolidação por obra de construção
civil e por estabelecimento da contratada, conforme o caso.
52 UNIUBE

2.3 INSS – Retenção do INSS devido pelos contribuintes


individuais

Desde abril de 2003, as empresas são obrigadas a arrecadar a


contribuição previdenciária do contribuinte individual a seu serviço,
mediante desconto na remuneração paga, devida ou creditada a este
segurado, corresponde a 11% (onze por cento) observado o limite
máximo do salário de contribuição.

A contribuição a ser descontada pela entidade beneficente de assistência


social isenta das contribuições sociais patronais, corresponde a
20% (vinte por cento) da remuneração paga, devida ou creditada ao
contribuinte individual a seu serviço, observado o limite máximo do salário
de contribuição.

EXEMPLIFICANDO!

Pagamento em 30/07/2011 ao contribuinte individual, no valor de R$


1.000,00, pela empresa Modelo Ltda. (empresa privada).

Valor da retenção:
R$ 1.000,00 x 11% = R$ 110,00

Valor líquido a pagar para o contribuinte individual:


R$ 1.000,00 – R$ 110,00 = R$ 890,00.

2.3.1 Contribuinte que presta serviços a várias empresas

O contribuinte individual que prestar serviços a mais de uma empresa,


quando o total das remunerações recebidas no mês atingirem o limite
máximo do salário de contribuição, deverá informar o fato à empresa na
qual sua remuneração atingir o limite e às que se sucederem, mediante
a apresentação:
UNIUBE 53

• dos comprovantes de pagamento ou;


• de declaração por ele emitida, sob as penas da lei, consignando o
valor sobre o qual já sofreu desconto naquele mês ou identificando
a empresa que efetuará, naquela competência, desconto sobre o
valor máximo do salário-contribuição.

O contribuinte que, no mesmo mês, prestar serviços a empresas e,


concomitantemente, a pessoas físicas ou exercer atividade por conta
própria deverá, para fins de observância do limite máximo de salário
de contribuição, recolher a contribuição incidente sobre a remuneração
recebida de pessoas físicas ou pelo exercício de atividade por conta
própria somente se a remuneração recebida ou creditada das empresas
não atingir o referido limite.

2.4 Retenção das contribuições sociais – PIS, COFINS e CSLL

Com a instituição da Lei nº 10.833, de 2003, que regulamentou entre


outras matérias a cobrança não cumulativa da COFINS e a retenção de
tributos e contribuições federais, de acordo com o artigo 30.
Art. 30. Os pagamentos efetuados pelas pessoas
jurídicas a outras pessoas jurídicas de direito privado,
pela prestação de serviços de limpeza, conservação,
manutenção, segurança, vigilância, transporte de
valores e locação de mão de obra, pela prestação de
serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão
de crédito, seleção e riscos, administração de contas
a pagar e a receber, bem como pela remuneração de
serviços profissionais, estão sujeitos a retenção na fonte
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, da
COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP.     
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se inclusive aos
pagamentos efetuados por:
I – associações, inclusive entidades sindicais, federa-
ções, confederações, centrais sindicais e serviços
sociais autônomos;
II – sociedades simples, inclusive sociedades coopera-
tivas;
54 UNIUBE

III – fundações de direito privado; ou


IV – condomínios edilícios.
§ 2o Não estão obrigadas a efetuar a retenção a que
se refere o caput as pessoas jurídicas optantes pelo
SIMPLES.
§ 3o As retenções de que trata o caput serão efetuadas
sem prejuízo da retenção do imposto de renda na fonte
das pessoas jurídicas sujeitas a alíquotas específicas
previstas na legislação do imposto de renda. (BRASIL,
2003a).

Podemos entender como serviços profissionais, aqueles relacionados no


§1º do artigo 647, da legislação do imposto de renda, Decreto nº 3.000,
de 26 de março de 1999 (BRASIL, 1999), inclusive quando prestados por
cooperativas ou associações profissionais.

SAIBA MAIS

Lista dos Serviços, de acordo com o artigo nº 647 do RIR/99 (BRASIL, 1999):

• administração de bens ou negócios em geral (exceto consórcios ou


fundos mútuos para aquisição de bens);
• advocacia;
• análise clínica laboratorial;
• análises técnicas;
• arquitetura;
• assessoria e consultoria técnica (exceto o serviço de assistência técnica
prestado a terceiros e concernente a ramo de indústria ou comércio
explorado pelo prestador do serviço);
• assistência social;
• auditoria;
• avaliação e perícia;
• biologia e biomedicina;
• cálculo em geral;
• consultoria;
UNIUBE 55

• contabilidade;
• desenho técnico;
• economia;
• elaboração de projetos;
• engenharia (exceto construção de estradas, pontes, prédios, e obras
assemelhadas);
• ensino e treinamento;
• estatística;
• fisioterapia;
• fonoaudiologia;
• geologia;
• leilão;
• medicina (exceto a prestada por ambulatório, banco de sangue, casa de
saúde, casa de recuperação ou repouso sob orientação médica, hospital
e pronto-socorro);
• nutricionismo e dietética;
• odontologia;
• organização de feiras de amostras, congressos, seminários, simpósios
e congêneres;
• pesquisa em geral;
• planejamento;
• programação;
• prótese;
• psicologia e psicanálise;
• química;
• radiologia e radioterapia;
• relações públicas;
• serviço de despachante;
• terapêutica ocupacional;
• tradução ou interpretação comercial;
• urbanismo;
• veterinária.
56 UNIUBE

2.4.1 Tabela prática de retenção

O Quadro 2, a seguir, apresenta o quadro prático com a discriminação


dos serviços prestados e os respectivos códigos de recolhimento.
Quadro 2: Alíquotas de retenção das Contribuições Sociais
Contribuições / códigos
Espécie de serviços prestados CSLL PIS COFIN SOMA
5987 5979 5960 5952
Assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção
e riscos, administração de contas a pagar e a receber, inclusive 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
quando o serviço for prestado por empresas de factoring.
Limpeza 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Conservação de bens imóveis, exceto reformas e obras asseme-
1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
lhadas
Manutenção 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Segurança 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Vigilância (inclusive escolta) 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Locação de mão de obra 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Transporte de valores (não compreende os serviços de transporte
1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
interestadual ou intermunicipal de cargos ou passageiros)
Administração de bens ou negócios, em geral 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Advocacia 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Análise clínica laboratorial 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Análises técnicas 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Arquitetura 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Assessoria e consultoria técnica 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Assistência social 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Auditoria 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Avaliação e perícia 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Biologia e biomedicina 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Cálculo em geral 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Consultoria 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Contabilidade 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Desenho técnico 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Economia 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Elaboração de projetos 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Engenharia (exceto construção de estradas, pontes, prédios e
1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
obras assemelhadas)
Ensino e treinamento 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Estatística 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Fisioterapia 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Fonoaudiologia 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Geologia 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Leilão 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Medicina 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Nutricionista e dietética 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Odontologia 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Organização de feiras de amostras, congressos, seminários,
1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
simpósios e congêneres
Pesquisa em geral 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Planejamento 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Programação 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Prótese 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Psicologia e psicanálise 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Química 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Radiologia e radioterapia 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Relações públicas 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Serviço de despachante 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Terapêutica ocupacional 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Tradução ou interpretação comercial 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Urbanismo 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Veterinária 1,00% 0,65% 3,00% 4,65%
Fonte: FISCOSOFT (2011).
UNIUBE 57

IMPORTANTE!

a) As alíquotas da tabela se aplicam nos percentuais indicados, mesmo


que a prestadora dos serviços seja contribuinte do PIS e da COFINS na
sistemática da “não cumulatividade” ou esteja enquadrada em quaisquer
outros regimes de alíquotas diferenciadas;
b) Na hipótese de pessoa jurídica contribuinte da CSLL, da COFINS e
da Contribuição para o PIS/PASEP, o recolhimento deverá ser feito
englobadamente mediante a utilização do código de receita 5952;
c) No caso de pessoa jurídica beneficiária de isenção, na forma da
legislação específica, de uma ou mais das contribuições, o recolhimento
das contribuições não alcançadas pela isenção deverá será feito
mediante a utilização do código de receita 5987 para a CSLL, 5960 para
a COFINS e 5979 para a contribuição para o PIS/PASEP.

2.4.2 Hipóteses de dispensa da retenção

É dispensada a retenção nos pagamentos de valor igual ou inferior a R$


5.000,00. Ocorrendo mais de um pagamento no mesmo mês à mesma
pessoa jurídica, deverá ser realizada a soma de todos os valores pagos
no mês para efeito de cálculo do limite de retenção, compensando-se o
valor retido anteriormente, no mesmo mês.

No caso de retenção a ser efetuada seja superior ao valor a ser pago, a


retenção será efetuada até o limite deste. Observe o exemplo a seguir:

IMPORTANTE!

Suponha-se:

a) que tenha sido realizado pagamento no dia 09 de agosto a determinado


prestador de serviços no valor de R$ 4.900,00, portanto, não houve retenção.
b) que tenha sido efetuado outro pagamento no dia 26 de agosto, ao mesmo
prestador, de mais R$ 200,00.
58 UNIUBE

Dessa forma, devemos calcular a retenção aplicando sobre o valor total


pago, de R$ 5.100,00, o percentual de 4,65%, o que resulta em R$ 237,15
de retenção.

Veja que temos de reter R$ 237,15, mas temos que pagar apenas R$
200,00. Assim, de acordo com a Instrução Normativa nº 459/2004 (BRASIL,
2004), retém-se apenas R$ 200,00, ou seja, o total que deveria ser pago.

A retenção não será exigida na hipótese de pagamentos efetuados


a: empresas estrangeiras de transporte de valores, pessoas jurídicas
optantes pelo Simples Nacional. Não haverá retenção quando o serviço
for prestado por pessoas jurídicas optantes pelo Simples Nacional.

2.4.3 Base de cálculo e alíquotas da retenção das contribuições


sociais

De acordo com o artigo 2º, da IN 459, da RFB (BRASIL, 2004), a base


de cálculo da retenção é o valor bruto do documento fiscal.

Os valores da CSLL, da COFINS e do PIS retidos serão determinados


mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, do percentual total de
4,65%, correspondente à soma das alíquotas de 1% para a CSLL, 3%
para a COFINS e 0,65% do PIS e recolhidos mediante o código de
arrecadação 5952.

As alíquotas 3,0% e 0,65% aplicam-se inclusive na hipótese de as


receitas da prestadora do serviço estarem sujeitas ao regime da não
cumulatividade da COFINS e do PIS ou aos regimes de alíquotas
diferenciadas.

No caso de pessoa jurídica beneficiária de isenção ou de alíquota zero, na


forma da legislação específica, de uma ou mais contribuições, a retenção
dar-se-á mediante a aplicação da alíquota específica, correspondente às
contribuições não alcançadas pela isenção ou pela alíquota zero.
UNIUBE 59

2.4.4 Prazos de recolhimento

Desde 1º de janeiro de 2006, os valores retidos deverão ser recolhidos


pela pessoa jurídica que efetuar a retenção, de forma centralizada, pelo
estabelecimento matriz da pessoa jurídica, até o último dia útil da semana
subseqüente àquela quinzena em que tiver ocorrido o pagamento ao
fornecedor. Se o valor a ser recolhido for inferior a R$ 10,00 (dez reais),
o seu recolhimento só será efetuado quando, adicionado a retenções
de períodos subsequentes, totalizar valor igual ou superior a R$ 10,00.
(BRASIL, 2004).

2.4.5 Tratamento dado aos valores retidos

Os valores retidos serão considerados como antecipação do que for


devido pelo contribuinte que sofreu a retenção, em relação às respectivas
contribuições, na forma descrita do artigo 7º, da IN RFB 459/2004
(BRASIL, 2004). Os valores retidos  poderão ser compensados, pelo
contribuinte, com o imposto e contribuições de mesma espécie, devidos
relativamente a fatos geradores ocorridos a partir do mês da retenção. O
valor a ser compensado, correspondente a cada espécie de contribuição,
será determinado pelo próprio contribuinte mediante a aplicação, sobre o
valor da fatura, das alíquotas respectivas às retenções efetuadas.

2.4.6 Comprovante de retenção e apresentação da DIRF

As pessoas jurídicas que efetuarem a retenção deverão fornecer, à


pessoa jurídica beneficiária do pagamento, comprovante anual da
retenção, até o dia 28 de fevereiro do ano subsequente, informando,
relativamente a cada mês em que houver sido efetuado o pagamento:
o código de retenção a natureza do rendimento o valor pago antes de
efetuada a retenção e o valor retido. O comprovante anual poderá ser
disponibilizado à pessoa jurídica beneficiária do pagamento, que possua
endereço eletrônico, por meio da Internet. (BRASIL, 2004).
60 UNIUBE

As pessoas jurídicas que efetuarem a retenção do imposto de renda ou


das contribuições sociais deverão apresentar, anualmente, à Receita
Federal do Brasil, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte
(DIRF), nela discriminando, mensalmente, o somatório dos valores pagos
ou creditados, conforme o caso, e o total retido, por contribuinte e por
código de recolhimento. (BRASIL, 2004)

2.4.7 Contabilização da retenção PIS, COFINS e CSLL pela empresa


Prestadora de Serviço

Na escrituração contábil da retenção das contribuições sociais (PIS,


COFINS e CSLL), é preciso sempre considerar o fato gerador da
retenção das contribuições, qual seja, o efetivo pagamento ao prestador
do serviço.

EXEMPLIFICANDO!

A empresa Zelar e Conservação Ltda foi contratada para a prestação de


Serviços de Limpeza e Conservação. Para isso, emitiu uma nota fiscal
de serviços no valor de R$ 8.000,00. Quais retenções a empresa deverá
destacar no documento fiscal e como a Zelar e Conservação Ltda deverá
proceder com a contabilização?

1ª Hipótese – Por ocasião de o serviço ter sido prestado à vista, as


retenções e contabilizações ficariam assim registradas (Tabelas 1 e 2):

a) Registro do Serviço Prestado:

Tabela 1: Registro do serviço prestado


D: Caixa (AC) R$ 7.628,00
D: PIS a compensar (AC) R$ 52,00
D: COFINS a compensar (AC) R$ 240,00
D: CSLL a compensar (AC) R$ 80,00
C: Receita de Serviços (ARE) R$ 8.000,00
UNIUBE 61

b) Registro da compensação do Imposto retido por ocasião do pagamento:

Tabela 2: Registro da compensação do Imposto retido por ocasião do pagamento


D: PIS a recolher(PC) R$ 52,00
D: COFINS a recolher (PC) R$ 240,00
D: CSLL a recolher (PC) R$ 80,00
C: PIS a compensar (AC) R$ 52,00
C: COFINS a compensar (AC) R$ 240,00
C: CSLL a compensar (AC) R$ 80,00

2ª Hipótese – Por ocasião de o serviço ter sido prestado a prazo, as retenções


e contabilizações ficariam registradas, conforme as Tabelas 3, 4 e 5:

a) Por ocasião da emissão da Nota Fiscal

Tabela 3: Por ocasião da emissão da Nota Fiscal


D: Clientes (AC) R$ 8.000,00
C: Receita de Prestação de Serviços (ARE) R$ 8.000,00

b) Por ocasião do recebimento do serviço prestado

Tabela 4: Por ocasião do recebimento do serviço prestado


D: Caixa (AC) R$ 7.628,00
D: PIS a compensar (AC) R$ 52,00*
D: COFINS a compensar (AC) R$ 240,00*
D: CSLL a compensar (AC) R$ 80,00*
C: Clientes (AC) R$ 8.000,00

(*) O artigo 30 da Lei nº 10.833/2003 (BRASIL, 2003a) estabelece a retenção da CSL, da


Cofins e do PIS sobre os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a outras pessoas
jurídicas de direito privado, pela prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção,
segurança, vigilância, transporte de valores e locação de mão de obra, pela prestação de
serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos e
administração de contas a pagar e a receber, bem como pela remuneração de serviços
profissionais. Assim, no caso de serviço contratado a prazo, não há que se falar em retenção
enquanto a fatura de prestação de serviços não tiver sido efetivamente paga.
62 UNIUBE

c) Registro da compensação do imposto retido

Tabela 5: Registro da compensação do imposto retido


D: PIS a recolher(PC) R$ 52,00
D: COFINS a recolher (PC) R$ 240,00
D: CSLL a recolher (PC) R$ 80,00
C: PIS a compensar (AC) R$ 52,00
C: COFINS a compensar (AC) R$ 240,00
C: CSLL a compensar (AC) R$ 80,00

2.4.8 Contabilização da retenção PIS, COFINS e CSLL pela empresa


Tomadora do Serviço

Agora, vejamos nas Tabelas 6, 7 e 8 o lançamento contábil na empresa


tomadora do serviço:

EXEMPLIFICANDO!

1ª Hipótese – Pagamento à vista:

a) Registro do Serviço Prestado

Tabela 6: Registro do Serviço Prestado


D: Despesa com serviços de terceiros (ARE) R$ 8.000,00
C: PIS, COFINS, e CSLL retidos a Recolher (PC) R$ 372,00
C: Caixa (AC) R$ 8.000,00

2ª Hipótese – Pagamento a prazo:

b) Por ocasião da emissão da Nota Fiscal

Tabela 7: Por ocasião da emissão da Nota Fiscal

D: Despesa com serviços de terceiros (ARE) R$ 8.000,00

C: Serviços de Terceiros a Pagar (PC) R$ 8.000,00


UNIUBE 63

c) Por ocasião do pagamento da Nota Fiscal de prestação de serviços:

Tabela 8: Por ocasião do pagamento da Nota Fiscal de prestação de serviços


D: Serviços de Terceiros a Pagar (PC) R$ 8.000,00
C: PIS, COFINS, e CSLL retidos a Recolher (PC) R$ 372,00
C: Caixa (AC) R$ 7.628,00

Tais retenções deverão ocorrer sem prejuízo da retenção para o


Imposto de Renda na Fonte das Pessoas Jurídicas sujeitas às alíquotas
específicas previstas na legislação do Imposto de Renda, conforme
descrito no tópico 2.1 Imposto de renda retido na fonte.

Podemos observar que essas retenções são como "antecipações" de


pagamentos e podem ser compensadas desde que não haja algum
impedimento nos preceitos legais.

2.5 Conclusão

Podemos perceber que a retenção dos tributos na fonte tem sido


de grande importância para o governo Federal, pois através deste
mecanismo, ele tem conseguido agilizar, controlar o recolhimento e
transferir para o contribuinte tomador do serviço a atividade fiscalizatória.
Diante desta obrigação tributária, cabe ressaltar a importância da
apuração, retenção e recolhimento em conformidade com a legislação
aplicável, a fim de se evitar futuras penalidades.

Resumo

As pessoas jurídicas que prestam serviços a outras pessoas jurídicas


de direito privado, estão sujeitas a retenção na fonte do Imposto
de Renda, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, da
COFINS e da Contribuição para o PIS, pela prestação de serviços de
64 UNIUBE

limpeza, conservação, manutenção, segurança, vigilância, transporte


de valores, locação de mão de obra, pela prestação de serviços de
assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e
riscos, administração de contas a pagar e a receber, bem como
pela remuneração de serviços profissionais. Estão sujeitos, ainda,
a retenção do INSS, às empresas pela prestação de serviços com
cessão de mão de obra e/ou empreitada.

Referências

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de haveres do Tesouro Nacional e do Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS, a utilização de Títulos da Dívida Pública, de responsabilidade do Tesouro
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www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9711.htm>. Acesso em: 04 ago. 2011.

______. Decreto n º 3.000, de 26 de março de 1999. Regulamento do Imposto de


Renda. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/rir/Livro3.htm>.
Acesso em: 05 ago. 2011.

______. Lei n. 9.983, de 14 de julho de 2000. Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de


dezembro de 1940 – Código Penal e dá outras providências. Disponível em: <http://
www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/rir/Livro3.htm>. Acesso em: 05 ago. 2011.

______. Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Altera a Legislação Tributária


Federal e dá outras providências. Brasília, 2003a. Disponível em: <http://www.receita.
fazenda.gov.br/Legislacao/Leis/2003/lei10833.htm>. Acesso em: 04 ago. 2011.

______. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal


relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos
casos em que especifica; institui regime tributário de transição. Brasília, 2009a.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007 – 2010/2009/lei/l11941.
htm>. Acesso em: 05 ago. 2011.

______. Instrução Normativa INSS/DC nº 100, de 18 de dezembro de 2003.


Dispõe sobre as normas gerais de tributação previdenciária e de arrecadação
das contribuições sociais administradas pelo INSS. Brasília, 2003b. Disponível
em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/38/inss-dc/2003/100.htm>
Acesso em: 04 ago. 2011.
UNIUBE 65

______. Instrução Normativa SRF nº 459, de 18 de outubro de 2004. Dispõe


sobre a retenção de tributos e contribuições nos pagamentos efetuados pelas
pessoas jurídicas de direito privado a outras pessoas jurídicas pela prestação
de serviços. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/
ins/2004/in4592004.htm>. Acesso em: 04 ago. 2011.

______. Instrução Normativa RFB nº 765, de 2 de agosto de 2007. Dispõe


sobre a dispensa de retenção do imposto de renda na fonte sobre as importâncias
pagas ou creditadas a pessoas jurídicas inscritas no Regime Especial Unificado
de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas
e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional). Disponível em: <http://www.
receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/2007/in7652007.htm>. Acesso em:
05 ago. 2011.

______. Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009.


Dispõe sobre as normas gerais de tributação previdenciária e de arrecadação
das contribuições sociais destinadas à Previdência Social e as destinadas a
outras entidades ou fundos, administradas pela Secretaria da Receita Federal
do Brasil (RFB). Brasília, 2009b. Disponível em:
<http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/ins/2009/in9712009.htm>.Acesso
em: 05 ago. 2011.

______. Manual do Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF. Brasília,


2012. Disponível em: <www.fazenda.df.gov.br/arquivos/Word/pmf_manual_
ir.doc>. Acesso em: out. 2012.

______. Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte - Dirf 2013.


Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/principal/informacoes/
infodeclara/declaradirf.htm>. Acesso em: 05 jul. 2013.

FISCOSOFT. IRPJ, CSLL, COFINS e PIS – Serviços prestados por pessoas


jurídicas – Retenção na fonte – Roteiros de Procedimentos – Federal –
2011/4068. Disponível em: <http://www.fiscosoft.com.br/main_online_frame.
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GOMES, Elizeu Domingues. Rotinas Trabalhistas e Previdenciárias. 11. ed.


Belo Horizonte: Líder, 2011.

OLIVEIRA, Luís Martins et. al.. Manual de Contabilidade Tributária. 10. ed.
São Paulo: Atlas, 2011.

PINTO, João Roberto Domingues. Imposto de Renda. 19. ed. Porto Alegre:
CRCRS, 2011.
Capítulo
Escrituração contábil
e encerramento do
3
balanço patrimonial

Introdução
Prezados(as) alunos(as).

A globalização da economia impulsionou o crescimento e


disseminação da escrituração contábil. Atualmente, é indissociável
da moderna gestão empresarial o processo de escrituração
mercantil, a transformação dos dados em informações e a geração
dos relatórios contábeis.

Assim, qualquer tipo de empresa, independente do porte, da


atividade ou da tipicidade jurídica, necessita de contabilidade,
mesmo que seja simplificada, para controlar o patrimônio e servir
como suporte à tomada de decisão, sob pena de naufrágio a
qualquer momento e lugar. Corroborando Marion (2006, p. 26)
“Uma empresa sem boa contabilidade é como um barco, em alto
mar, sem bússola.”

A escrituração contábil, ainda que simplificada, e a publicação dos


demonstrativos contábeis são exigências de diversos dispositivos
legais, sob pena de punição. A responsabilidade legal fica a cargo
de um contador legalmente habilitado, em órgão competente.
68 UNIUBE

As vantagens de se manter uma boa escrituração se relacionam:

• ao maior controle financeiro e econômico às empresas;


• à facilidade de acesso a linhas de crédito;
• à comprovação em juízo de fatos cujas provas dependam de
perícia judicial;
• à prova em juízo, à situação patrimonial em hipóteses de
questões que possam existir entre herdeiros e sucessores
de sócio falecido;
• ao cumprimento da exigência do Novo Código Civil quanto à
prestação de contas.

Importante lembrar também que uma boa escrituração é impres-


cindível no requerimento de recuperação judicial.

Percebemos, portanto, que, mediante as vantagens apresentadas,


a contabilidade é uma ferramenta essencial à gestão de qualquer
empresa. Na primeira parte deste capítulo, iremos estudar os
mecanismos legais que determinam a obrigatoriedade da escritu-
ração contábil às empresas, abordando o Código Civil, Código
Tributário, Lei das Sociedades por Ações, dentre outros. Em
seguida, você irá estudar os principais procedimentos necessá-
rios ao encerramento do resultado e levantamento do balanço
patrimonial do período.

Objetivos
Após o estudo deste capítulo você estará apto(a) a:

• compreender a escrituração contábil como uma obrigatorieda-


de e como importante ferramenta para a gestão dos negócios;
• identificar os procedimentos necessários para o encerra-
mento do balanço patrimonial, na forma exigida pelas legis-
lações comercial, societária e tributária, com base na Lei nº
11.638/2007;
UNIUBE 69

• contabilizar os principais ajustes em decorrência da apuração


do resultado do período e levantamento do balanço patrimonial.

Esquema

Escrituração contábil e encerramento


do balanço patrimonial

Escrituração Livros Livros Procedimentos ao encerrar o


contábil contábeis fiscais exercício e elaboração do
balanço patrimonial

3.1 A Escrituração Contábil

3.1.1 O Código Civil Brasileiro

O Código Civil Brasileiro, através da Lei nº 10.406/2002, artigo nº 1.179,


determina a obrigatoriedade da escrituração contábil a qualquer empresa
ou organização: 
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária
são obrigados a seguir um sistema de contabilidade,
mecanizado ou não, com base na escrituração
uniforme de seus livros, em correspondência com a
documentação respectiva, e a levantar anualmente o
balanço patrimonial e o de resultado econômico.
§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o
pequeno empresário a que se refere o art. 970.
(BRASIL, 2002a, p. 125).

Assim não resta dúvida em dizer que o empresário e a sociedade


empresária estão obrigados e a única exceção é para o produtor
rural e o pequeno empresário, conforme esta lei, no artigo nº 970: “A
70 UNIUBE

lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao


empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos
efeitos daí decorrentes.” (BRASIL, 2002a, p. 96).

Não bastasse a preocupação decorrente do artigo 1.179, redigido de


forma impositiva aos contadores, o disposto do artigo 1.009 do vigente
Código Civil é muito mais preocupante ainda, impondo uma perfeição
vinculativa, conforme apresentado no artigo 1009:
Art. 1009. A distribuição de lucros ilícitos ou fictícios
acarreta responsabilidade solidária dos administradores
que a realizarem e dos sócios que os receberem,
conhecendo ou devendo conhecer-lhes a ilegitimidade.
(BRASIL, 2002a, p. 102).

E o que seria “distribuição de lucros ilícitos ou fictícios” para o alcance


da responsabilidade solidária dos administradores e contadores? Vários
estudos sobre o tema, concluíram que qualquer distribuição de resultados
que não tenha sido apurada pela contabilidade, cujos registros não
guardem conformidade com os documentos ou esteja diferente dos
preceitos que constituem a essência dos trabalhos contratados, vai de
encontro ao disposto no artigo 1.009 do referido código civil, aprovado
pela Lei nº 10.406/02. 

A escrituração contábil deverá abranger todos os atos e fatos


administrativos da empresa, bem como os resultados apurados em
suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos
e ganhos de capital, auferidos no exterior. É facultado às empresas que
possuírem filiais, sucursais ou agências manterem a contabilidade não
centralizada, incorporar ao final de cada mês, na escrituração da matriz,
os resultados de cada uma delas.
UNIUBE 71

3.1.2 O Código Tributário Nacional

O Código Tributário Nacional, através da Lei nº 5.172/66, no artigo 195,


parágrafo único, ao tratar dos aspectos de fiscalização, estabeleceu
diversos requisitos para a legislação tributária. Ficou estabelecido que
não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas
do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos,
papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou
produtores ou da obrigação destes em exibir referidos documentos,
fixando, ainda, no caso da escrituração contábil, que os livros obrigatórios
de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos
efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos direitos
tributários decorrentes das operações a que se refiram. (BRASIL, 1966).

Assim, de acordo com o artigo 195, citado anteriormente, aplicável a


todas as empresas, independente do seu porte ou da forma de tributação
exercida – lucro real, lucro presumido, lucro arbitrado ou simples nacional
– conclui-se que, perante a ausência da escrituração contábil revestida
das formalidades que lhes sejam pertinentes, pode resultar em autuação
por evidente falta de materialidade do fato analisado.

3.1.3 Lei de Recuperação de Empresas

Outra importante norma jurídica que ancora a escrituração contábil é a


Lei n. 11.101/05 (BRASIL, 2005), que regula o instituto da recuperação
judicial, extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade
empresária.

O artigo nº 70, da referida lei, preceitua que as microempresas e as


empresas de pequeno porte podem apresentar plano especial de
recuperação judicial, desde que afirmem sua intenção de fazê-lo na
petição inicial de que trata o artigo 51 da mesma lei, restando explicitado
que os credores não atingidos pelo plano especial não terão seus créditos
habilitados na recuperação judicial.
72 UNIUBE

A petição inicial de recuperação judicial será instruída de acordo com o


enunciado no artigo 51:
Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será
instruída com: 
I. A exposição das causas concretas da situação
patrimonial do devedor e das razões da crise econômi-
co-financeira; 
II. As demonstrações contábeis relativas aos 3
(três) últimos exercícios sociais e as levantadas
especialmente para instruir o pedido, confeccionadas
com estrita observância da legislação societária
aplicável, composta obrigatoriamente de: 
a) balanço patrimonial; 
b) demonstração de resultados acumulados; 
c) demonstração do resultado desde o último exercício
social; 
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua
projeção.
III. outros documentos administrativos e certidões que
contemplam os incisos III a IX do art. 51 da Lei 11.101/
2005. (BRASIL, 2005, p.14).

Podemos concluir que a contabilidade não é somente um instrumento


de gestão empresarial, mas é também um sustentáculo nos processos
de recuperação judicial ou extrajudicial, das microempresas e das
empresas de pequeno porte, ainda que tenha sido executado sob forma
de escrituração simplificada.

3.1.4 Lei das Sociedades Anônimas

De acordo com a Lei nº 6.404/76, alterada pela Lei nº 11.638/07, que


determina as normas aplicáveis às Sociedades Anônimas, extensiva às
demais sociedades empresariais, estabelece em seu artigo 176 que,
ao final de cada período, a empresa deverá elaborar as demonstrações
contábeis obrigatórias, com base na escrituração mercantil.
UNIUBE 73

Art. 176. Ao final de cada exercício, a diretoria fará


elaborar, com base na escrituração mercantil da
companhia, as seguintes demonstrações financeiras,
que deverão exprimir com clareza a situação do
patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no
exercício:
I. balanço patrimonial; 
II. demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; 
III. demonstração de resultado do exercício; 
IV. demonstração dos fluxos de caixa; e 
V. se companhia aberta, demonstração do valor
adicionado. (BRASIL, 2007b, p.1)

O parágrafo 6º, do mesmo artigo, preceitua ainda que uma companhia


fechada com patrimônio líquido, na data do balanço inferior a R$
2.000.000,00 não será obrigada à elaboração e à publicação da
Demonstração dos fluxos de caixa.

Contudo, não restam dúvidas sobre a obrigatoriedade e a importância da


escrituração mercantil, que, agora, por força da Lei nº 11.638/07 (BRASIL,
2007b), todas as companhias fechadas, com patrimônio líquido, na data
do balanço, superior a R$ 2.000.000,00, inclusive as sociedades de
grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedade por
ações, são obrigadas a elaborar e publicar as demonstrações financeiras.

3.1.5 Lei do Sistema Previdenciário

A Lei nº 8.212/91, que dispõe sobre a organização da seguridade social,


em seu artigo 32, trata da escrituração contábil que determina que todas
as empresas são obrigadas a “lançar mensalmente em títulos próprios
de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores das
contribuições, o montante das quantias descontadas, as parcelas de
contribuições da empresa e os totais que foram recolhidos”. (BRASIL,
1991, p. 33)
74 UNIUBE

Ainda, no artigo 231 do Decreto nº 3.048/99, denominado Regulamento


da Previdência Social (BRASIL, 1999b), determina que é prerrogativa do
Ministério da Previdência Social, o exame da contabilidade da empresa,
que, desde já por si ou por seus prepostos, ficam obrigados a prestar
todos os esclarecimentos e as informações solicitadas. E, ainda, de
acordo com o artigo 235, da mesma lei, no exame da escrituração contábil
e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar
que a contabilidade não registra o movimento real da remuneração
dos segurados a seu serviço, da receita ou do faturamento e do lucro,
esta será desconsiderada, sendo apuradas e lançadas de ofício as
contribuições devidas, cabendo à empresa o ônus da prova negativa.

Portanto, fica claro que também pelo lado da Previdência Social, a


exigência da contabilidade é incontestável.

3.2 Os livros Contábeis

O Decreto 3.000/99 (BRASIL, 1999a), conhecido como Regulamento


do Imposto de Renda (RIR), determina a obrigatoriedade da adoção
dos livros diários e razão, para a completa escrituração contábil das
empresas.

3.2.1 Livro Diário

O Livro Diário é um livro contábil obrigatório pela legislação comercial,


que registra as operações da atividade da empresa, ou que modifiquem
ou possam vir a modificar a situação patrimonial, no seu dia a dia. Sua
matéria está regulamentada no Código Civil Brasileiro, Livro II, Direito de
Empresa, em seu artigo nº 1.180 (BRASIL, 2002a).

Neste livro, registram-se os fatos contábeis através das partidas


dobradas, nas quais os lançamentos obedecem a uma ordem cronológica
de dia, mês e ano, com suas folhas numeradas seguidamente e, no final
do período, encadernadas.
UNIUBE 75

Admite-se a escrituração resumida no livro diário, por valores totais


que não excedam ao período de um mês, desde que utilizados livros
auxiliares para registro analítico e conservados os documentos que
permitam sua perfeita verificação.

O livro diário, bem como os livros auxiliares, deverão conter termos de


abertura e de encerramento, e serem autenticados no órgão competente
de Registro do Comércio, ou, quando se tratar de sociedade civil, no
Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

O atraso na escrituração do livro diário não poderá ultrapassar 180


dias, sob pena de multa prevista na legislação do imposto de renda. Os
elementos básicos utilizados na escrituração do livro diário são:

a) data da operação;
b) título da conta de débito e da conta de crédito;
c) valor do débito e do crédito;
d) histórico da operação.

3.2.2 Livro Razão

O artigo nº 259, do Decreto 3.000/99, RIR, determina que a pessoa


jurídica tributada com base no lucro real deverá manter, em boa ordem
e segundo as normas contábeis recomendadas, livro razão ou fichas
utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos
efetuados no diário (BRASIL, 1999a).

A escrituração deverá ser individualizada, obedecendo a ordem


cronológica das operações, sendo dispensado seu registro por qualquer
órgão específico. Entretanto, a escrituração deverá obedecer às regras
da legislação comercial e fiscal aplicáveis aos lançamentos contábeis,
inclusive com termo de abertura e encerramento, com assinatura do
contabilista e responsável pela empresa.
76 UNIUBE

Trata-se de um livro de extrema importância para a contabilidade, pois


por meio dele é possível controlar, separadamente, a movimentação
das contas, possibilitando a apuração do resultado e a elaboração
das demonstrações contábeis. A não manutenção do livro razão, nas
condições determinadas, implicará o arbitramento do lucro da empresa,
pela autoridade tributária.

SAIBA MAIS

Em 22 de janeiro de 2007, foi instituído o Sistema Público de Escrituração


Digital (SPED), tendo como um dos objetivos principais promover a
integração dos fiscos, mediante a padronização e compartilhamento das
informações contábeis e fiscais, respeitadas as restrições legais de acesso
(BRASIL, 2007a). Assim, surgiu a Escrituração Contábil Digital (ECD) como
parte integrante do SPED e com o objetivo de substituir a escrituração em
papel pela escrituração digital. Desta forma, o diário e o razão são, para o
Sped Contábil, um livro digital único. Cabe ao Programa Validador do Sped
Contábil mostrá-los no formato escolhido pelo usuário, podendo ser:

– Diário Geral;
– Diário com escrituração resumida;
– Diário Auxiliar;
– Livro de balancetes diários e balanços.

Para saber mais sobre a ECD, acesse o endereço eletrônico:


<http://www1.receita.fazenda.gov.br/sistemas/sped-contabil/default.htm>.

3.3 Livros Fiscais

A pessoa jurídica, além dos livros de contabilidade previstos em leis e


regulamentos, deverá possuir, dentre outros, os seguintes livros fiscais,
conforme apresentado no Quadro 1 a seguir:
UNIUBE 77

Quadro 1: Livros fiscais

Tipos de Livros Estabelecimentos usuário

Livro de registro de Entradas Contribuintes do IPI e do ICMS

Livro de registro de Saídas Contribuintes do IPI e do ICMS

Livro de Controle da produção e estoque Industriais

Livro de Impressão de documentos fiscais Estabelecimentos gráficos

Livro de Utilização de documentos fiscais e termo


Comerciais e industriais
de ocorrência

Livro de registro de Inventário Comerciais e industriais

Livro de Apuração do IPI Industriais ou equiparados

Livro de Apuração do ICMS Comerciais e industriais

Controle de crédito do ICMS do ativo permanente


Comerciais e industriais
(CIAP)
Estabelecimentos Revendedores
Livro de Movimentação de combustíveis
de combustíveis
Empresas tributadas pelo Lucro
Livro Apuração do Lucro Real
Real

Fonte: Brasil (1999a, 2010).

Tais livros e documentos devem ser conservados em boa ordem,


enquanto não prescritos pela lei. Ocorrendo extravio, ou deterioração de
livros, ou documentos da escrituração, a pessoa jurídica deverá publicar,
em jornal de grande circulação, aviso concernente ao fato e deste dará
minuciosa informação, dentro de 48 horas, ao órgão competente do
Registro do Comércio, remetendo cópia da comunicação ao órgão da
Secretaria da Receita Federal de sua jurisdição.
78 UNIUBE

SAIBA MAIS

Após 2007, com a instituição do SPED, surgiu também como parte integrante
do sistema, a EFD, com o objetivo de promover a integração dos fiscos
federal, estadual e distrital, e futuramente municipal e dos órgãos de
controle mediante a padronização, racionalização e compartilhamento das
informações fiscais e substituição do meio físico – papel – por documento
eletrônico com validade jurídica para todos os fins.

Assim, através do Ajuste Sinief 02, de 26 de março de 2010 (CONFAZ,


2010), o contribuinte deverá utilizar a EFD para efetuar a escrituração dos
seguintes livros:

I – Livro Registro de Entradas;


II – Livro Registro de Saídas;
III – Livro Registro de Inventário;
IV – Livro Registro de Apuração do IPI;
V – Livro Registro de Apuração do ICMS;
VI – Documento Controle de Crédito de ICMS do Ativo
Permanente – CIAP – modelos “C” ou “D”.

3.4 Procedimentos a serem observados no encerramento do


exercício e elaboração do balanço patrimonial

Já é do conhecimento de vocês que, para apurar o resultado do exercício,


é necessário confrontar todas as receitas realizadas com o total das
despesas incorridas, no respectivo exercício.

Mas, para efetuar essa apuração, é necessário realizar preliminarmente


algumas tarefas,
como apurações de saldos de contas; elaborações
de inventários de bens, de direitos e de obrigações;
conciliações de saldos de contas; ajustes de contas
UNIUBE 79

patrimoniais e de resultado em decorrência do princípio


da competência; confrontos entre os saldos contábeis
com aqueles levantados por meio de inventários físicos,
etc. (RIBEIRO, 2009, p. 209).

Muitos desses procedimentos já foram estudados por você, em momentos


anteriores, restando, agora, algumas considerações importantes a
serem observadas, visando à apuração do resultado e a elaboração dos
demonstrativos contábeis.

3.4.1 Balancete de Verificação

Para encerrar o balanço patrimonial, o primeiro passo é a elaboração do


balancete de verificação. Trata-se de uma peça contábil elaborada com
o propósito de analisar os saldos de cada conta contábil movimentada.
Inicia-se com os saldos iniciais, em seguida com os lançamentos
contábeis ocorridos no período, e finalmente o saldo final.

Na atualidade, os sistemas de contabilidade eletrônicos já fazem uma


checagem do saldo das contas contábeis, examinando-se os somatórios
das contas de débito, seja igual somatório da conta de crédito. Ao
identificar tal diferença é necessário fazer um ajuste no saldo das contas
devedoras e credoras. É importante ressaltar que existem muitas contas
patrimoniais que não retratam a realidade a que a empresa está inserida.
Por isso, a necessidade em ajustar o saldo das contas patrimoniais e de
resultados na data do balanço.

3.4.2 Conciliação dos Saldos Contábeis

Ao final do exercício, é necessário que se faça a conciliação dos saldos


contábeis, a fim de verificar a exatidão do saldo em análise. Para isso,
será necessário confrontar o saldo da conta com outra informação
externa, ou seja, livros fiscais, extratos bancários, contratos de
financiamentos e carteiras de cobrança, folhas de pagamento etc.
80 UNIUBE

3.4.3 Considerações relevantes nas contas do disponível

O Ativo de uma empresa é disposto em ordem decrescente do grau


de liquidez, e dentro deste conceito, as contas que representam as
disponibilidades surgem como as primeiras a serem apresentadas no
Balanço Patrimonial.

3.4.3.1 Caixas e Bancos

Por ocasião do levantamento do balanço patrimonial, as contas caixa e


bancos devem ser objeto de verificações específicas:

a) por sua natureza, o saldo da conta caixa deve


Omissão de receita
sempre apresentar devedor. De acordo com a
O artigo 281, do
RIR/99 (BRASIL, legislação do imposto de renda, pelo Decreto
1999a), dispõe que
caracteriza-se como
3.000/99, artigo nº 281 (BRASIL, 1999a),
omissão de receita caracteriza-se como omissão de receita,
a ocorrência dos
seguintes eventos: passível de autuação pelo fisco, a indicação na
a) saldo credor de escrituração contábil, de saldo credor de caixa;
caixa na escrituração;
b) falta de b) outro ponto a ser observado é o saldo devedor
escrituração de
pagamentos no banco, ou seja, saldo negativo pela utilização
efetuados;
c) manutenção no de conta garantida. Neste caso, a conta Bancos
passivo de obrigações
já pagas ou cuja c/ Movimento deverá ser reclassificada para o
exigibilidade não seja
comprovada.
passivo circulante por representar empréstimo
concedido pelo banco à empresa;
c) a conta de banco deve ser conciliada a fim de explicar eventuais
diferenças encontradas entre o saldo apresentado pelo banco e o
apresentado pela empresa, por intermédio do razão.
UNIUBE 81

3.4.3.2 Aplicações de liquidez imediata

As aplicações financeiras de curtíssimo prazo são consideradas, também,


como disponíveis. De acordo com o CPC 03 (CPC–03, 2010), as aplica-
ções financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente
conversíveis em dinheiro e que estão sujeitas a um insignificante risco
de mudança de valor, são consideradas equivalentes de caixa e devem
estar inseridas no grupo do disponível.

Os saldos contábeis dessas aplicações financeiras deverão estar


conciliados com os referidos extratos de aplicações financeiras.

É comum muitos profissionais contábeis não contabilizarem a retenção


do Imposto de renda das aplicações financeiras, deixando para fazê-la no
momento do resgate, trazendo prejuízo tributário à empresa, o que deve
ser evitado, pois este montante deverá ser contabilizado na conta de
Impostos a Recuperar, o qual será reduzido do IRPJ devido, no período.

3.4.4 Considerações relevantes sobre o realizável a curto prazo

Neste subgrupo do balanço patrimonial registram-se os direitos a receber


no prazo de até 12 (doze) meses, representados pelas contas Duplicatas
a Receber, Impostos a Recuperar e outros Créditos.

3.4.4.1 Duplicatas a receber

As duplicatas a receber são originadas no curso normal das atividades da


empresa pela venda a prazo de mercadorias ou serviços, representando
um direito a cobrar de seus clientes. Estas duplicatas estão diretamente
relacionadas com as receitas operacionais da empresa, devendo ser
contabilmente reconhecidas na ocasião da emissão das notas fiscais
de vendas e transferência do direito de propriedade do bem, o que
geralmente é simultâneo. Esta conta deve estar conciliada com o relatório
de contas a receber, do departamento financeiro.
82 UNIUBE

SAIBA MAIS

A cada período ou fechamento de balanço é imprescindível solicitar


ao financeiro da empresa a posição das duplicatas a receber naquela
data (31/12 ou outra data em que encerrar o balanço patrimonial). Esse
procedimento evita erros contábeis, como por exemplo, o lançamento a
maior de receitas que proporcionam o pagamento a maior de tributos (PIS,
COFINS, IRPJ, CSLL, ICMS, Simples e outros).

A falta de conferência dos saldos consignados na contabilidade com


os saldos do relatório de contas a receber, torna a contabilidade
inconsistente, inexata, sem merecer confiança. É necessário, portanto,
haver comunicação entre os dois departamentos, pois, por mais que o
relatório do financeiro não “feche” com o contábil, a contabilidade fará a
conciliação contábil e as diferenças conciliadas serão anotadas à parte
para composição do saldo conciliado.

A conferência do saldo da conta de duplicatas a receber (ou clientes)


constante no balancete de verificação com o relatório de duplicatas a
receber do departamento financeiro deverá ser realizada da seguinte
forma:

• por amostragem, selecionando os clientes mais representativos;


• efetuando testes de recebimento subsequente (nos meses seguintes
a data do encerramento do balancete, verificar se há crédito ou
depósito em conta corrente referente ao recebimento das duplicatas
analisadas);
• conferindo o valor e a data de vencimento das duplicatas seleciona-
das para os testes com a efetiva nota fiscal;
• investigando as diferenças existentes entre o balancete e o Relatório
de Duplicatas a receber.
UNIUBE 83

Inexistindo relatório de duplicatas a receber do setor financeiro, a empresa


deverá selecionar por amostragem, os clientes mais representativos e
efetuar o teste de recebimentos subsequentes ou verificar a emissão da
nota fiscal.

As contas a receber devem ser avaliadas pelo seu valor líquido de


realização, ou seja, pelo valor que se espera receber e com o devido
ajuste a valor presente (AVP), quando decorrentes de operações de
longo prazo. Para isso, devem ser constituídos ajustes relativos à perda
do valor recuperável dos ativos, quando houver evidências de que o
montante do crédito não mais será recebido, no todo ou em parte.

O artigo 183, da Lei nº 6.404/76, alterada pela Lei nº 11.638/07, prevê o


reconhecimento dessa perda:
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão
avaliados segundo os seguintes critérios:
I – as aplicações em instrumentos financeiros,
inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos,
classificados no ativo circulante ou no realizável a longo
prazo: [...] b) pelo valor de custo de aquisição ou valor
de emissão, atualizado conforme disposições legais ou
contratuais, ajustado ao valor provável de realização,
quando este for inferior, no caso das demais aplicações
e os direitos e títulos de crédito. (BRASIL, 2007b, p.2).

a) Perdas Esperadas em Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD)

Como já visto anteriormente, as empresas deverão promover por ocasião


do balanço a estimativa de perdas no recebimento dos valores a receber.
Tal ajuste fundamenta-se no conceito de valor recuperável do ativo, ou
seja, de acordo com Iudícibus (et al. 2010, p. 57) “é o real valor que se
espera de um ativo, ou ainda, os benefícios econômicos futuros ajustados
àquilo que realmente se tem a expectativa de ser recebido”.
84 UNIUBE

A forma de apuração da PECLD varia, pois as empresas possuem


diferentes aspectos peculiares a respeito de seus clientes, ramo de
negócios, situação de créditos e o próprio mercado. Torna-se importante
considerar todos estes fatores na estimativa do risco e na expectativa de
perdas com o contas a receber.

Atualmente, a estimativa no recebimento de créditos de liquidação


duvidosa, é determinada da seguinte forma:

• constituição da perda estimada, conforme níveis adequados de risco


de crédito;
• realização da perda estimada pela absorção dos créditos não
recebidos, quando a administração os considerar incobráveis;
• reversão da perda, quando constituída em excesso;
• baixa dos créditos como perdas efetivas do período quando a
estimativa for constituída em valor inferior às perdas efetivamente
ocorridas.

Por ocasião da constituição da perda estimada, teremos a seguinte


contabilização conforme apresentada na Tabela 1. Quando a empresa
efetivar a perda, por considerar os créditos incobráveis, teremos a
contabilização conforme apresentada na Tabela 2.

Tabela 1: Contabilização da perda estimada


Conta Contábil Débito Crédito
Despesa com perdas estimadas em créditos de liquidação
xxxx
duvidosa (Conta de resultado)
Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa (Conta
xxxx
redutora Ativo)

Tabela 2: Contabilização da perda efetiva


Conta Contábil Débito Crédito
Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa (Conta
xxxx
redutora Ativo)
Duplicatas a receber ou clientes (Ativo) xxxx
UNIUBE 85

Por ocasião da reversão das perdas estimadas, em virtude da constituição


em excesso, a empresa deverá proceder conforme apresentado na
Tabela 3. E, pelo recebimento de direito já baixado como perda, é
importante basear no lançamento realizado conforme apresentado na
Tabela 4 a seguir.

Tabela 3: Contabilização da reversão da perda estimada


Conta Contábil Débito Crédito
Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa
xxxx
(Conta redutora Ativo)
Receita com reversão de perdas estimadas (Conta de
xxxx
resultado)

Tabela 4: Contabilização do recebimento de direito já baixado como perda


Conta Contábil Débito Crédito

Caixa ou Bancos (Ativo) xxxx


Receita com recuperação de valores baixados como perdas
xxxx
(Conta de resultado)

IMPORTANTE!

Com o pronunciamento CPC 38, as perdas esperadas não mais poderão ser
feitas, o que mudará drasticamente a forma de elaboração de estimativas
de perdas em crédito de liquidação duvidosa. Ou seja, não mais serão
perdas esperadas e sim incorridas. Entretanto, para refletir a verdadeira
realidade econômica da empresa o método mais correto seria o estimar
as perdas esperadas e não incorridas. Fica a discussão! De acordo com
Iudícibus (et al., 2010, p. 58), “o que se espera é uma modificação nas
normas internacionais”.
86 UNIUBE

b) Tratamento fiscal das perdas no recebimento de créditos

Agora, para efeito fiscal, a legislação do imposto de renda, através do


Decreto nº 3.000/99, exige tratamento contábil específico para possibilitar
a dedutibilidade das perdas, de acordo com os artigos 340 a 343, do RIR.

De acordo com tal regulamentação, somente serão dedutíveis da base


de cálculo do imposto de renda e da contribuição social os registros
contábeis relativos a perdas de créditos referentes aos seguintes casos:

I – em relação aos quais tenha havido a declaração


de insolvência do devedor, em sentença emanada do
Poder Judiciário;
II – sem garantia, de valor:
a) Até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operação,
vencidos há mais de seis meses, independentemente
de iniciados os procedimentos judiciais para o seu
recebimento;
Acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) até R$ 30.000,00
(trinta mil reais), por operação, vencidos há mais de um
ano, independentemente de iniciados os procedimentos
judiciais para o seu recebimento, porém mantida a
cobrança administrativa;
c) Superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), vencidos
há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os
procedimentos judiciais para o seu recebimento;
III – com garantia, vencidos há mais de dois anos,
desde que iniciados e mantidos os procedimentos
judiciais para o seu recebimento ou o arresto das
garantias;
IV – contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica
declarada concordatária, relativamente à parcela que
exceder o valor que esta tenha se comprometido a
pagar, observado o seguinte:
a) A dedução da perda será admitida a partir da data da
decretação da falência ou da concessão da concordata,
desde que a credora tenha adotado os procedimentos
judiciais necessários para o recebimento do crédito;
UNIUBE 87

b) A parcela do crédito cujo compromisso de pagar


não houver sido honrado pela empresa concordatária
poderá também ser deduzida como perda, nas
condições tratadas neste item.
IV – contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica
declarada concordatária, relativamente à parcela que
exceder o valor que esta tenha se comprometido a
pagar, observado o disposto no § 5o.

§ 2o  No caso de contrato de crédito em que o não


pagamento de uma ou mais parcelas implique o
vencimento automático de todas as demais parcelas
vincendas, os limites a que se referem as alíneas "a" e
"b" do inciso II do parágrafo anterior serão considerados
em relação ao total dos créditos, por operação, com o
mesmo devedor (Lei no 9.430, de 1996, art. 9o, § 2o).

§ 3o  Para os fins desta Subseção, considera-se crédito


garantido o proveniente de vendas com reserva de
domínio, de alienação fiduciária em garantia ou de
operações com outras garantias reais (Lei no 9.430, de
1996, art. 9o, § 3o).

§ 4o  No caso de crédito com empresa em processo


falimentar ou de concordata, a dedução da perda será
admitida a partir da data da decretação da falência ou
da concessão da concordata, desde que a credora
tenha adotado os procedimentos judiciais necessários
para o recebimento do crédito (Lei no 9.430, de 1996,
art. 9o, § 4o).

§ 5o  A parcela do crédito, cujo compromisso de pagar


não houver sido honrado pela empresa concordatária,
poderá, também, ser deduzida como perda, observadas
as condições previstas neste artigo (Lei no 9.430, de
1996, art. 9o, § 5o).

§ 6o  Não será admitida a dedução de perda no


recebimento de créditos com pessoa jurídica que seja
controladora, controlada, coligada ou interligada, bem
como com pessoa física que seja acionista controlador,
sócio, titular ou administrador da pessoa jurídica
credora, ou parente até o terceiro grau dessas pessoas
físicas (Lei no 9.430, de 1996, art. 9o, § 6o). (BRASIL,
1999a, p. 150).
88 UNIUBE

De acordo com o artigo 341, do RIR/99 (BRASIL, 1999a), o registro


contábil das perdas deve ser registrado das seguintes formas, para que
haja dedutibilidade fiscal:

– Nos casos em que os créditos estão vencidos há mais de seis meses


e cujo valor seja de até R$ 5.000,00, os registros contábeis devem ser
feitos conforme apresentado na Tabela 5.

– Nos demais casos, quando os critérios fiscais que caracterizam a perda


forem observados, deve-se lançar o valor dos créditos considerados
perdidos conforme a Tabela 6 a seguir.

Tabela 5: Registros contábeis cujos créditos estão vencidos há mais de 6 meses com valor até
R$5.000,00

Conta Contábil Débito Crédito


Despesa com perdas estimadas em créditos de liquidação
xxxx
duvidosa (Conta de resultado)

Duplicatas a receber ou clientes (Ativo) xxxx

Tabela 6: Lançamento do valor dos créditos considerados perdidos quando os critérios fiscais
caracterizam a perda

Conta Contábil Débito Crédito


Despesa com perdas estimadas em créditos de liquidação
xxxx
duvidosa (Conta de resultado)
Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa
xxxx
(Conta redutora Ativo)

Agora, vejamos um exemplo de contabilização da duplicata incobrável e


do registro das perdas estimadas no recebimento de créditos, conforme
Tabelas 7 e 8.
UNIUBE 89

EXEMPLIFICANDO!

Considerando que determinada duplicata esteja vencida há mais de 180


dias, sem garantia e de valor inferior a R$ 5.000,00, teremos o seguinte
lançamento:

Tabela 7: Registro contábil, referente duplicata considerada incobrável


Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito
Despesa com Valor referente à
perdas estimadas Duplicata n.2030,
em créditos com vencimento
31/12/11 R$ 4.950,00
de liquidação em 25/05/2011 não
duvidosa (Conta recebido do cliente
de Resultado) Orion Ferreira.
Valor referente à
Duplicata n.2030,
Duplicatas a
com vencimento
31/12/11 Receber – (Conta R$ 4.950,00
em 25/05/2011 não
Ativo Circulante)
recebido do cliente
Orion Ferreira.

Nos demais casos, em que o valor seja superior a R$ 5.000,00, teremos:

Tabela 8: Registro contábil das perdas conforme critérios fiscais


Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Despesa com Valor referente à


perdas estimadas Duplicata n.2124
em créditos com vencimento
31/12/11 R$ 35.000,00
de liquidação em 20/01/2011
duvidosa (Conta não recebida do
de Resultado) cliente Beta Ltda.
(–) Perdas
Valor referente à
estimadas em
Duplicata n.2124
créditos de
com vencimento
31/12/11 Liquidação R$ 35.000,00
em 20/01/2011
Duvidosa (conta
não recebida do
redutora do Ativo
cliente Beta Ltda.
Circulante)
90 UNIUBE

Você pode observar que nas duas formas de contabilização é importante


individualizar, duplicata por duplicata, no lançamento da perda, para ficar
evidenciado qual a duplicata que será baixada como perda, pois em uma
fiscalização a ela será identificada facilmente.

Os valores registrados na conta redutora dos créditos poderão ser


baixados definitivamente da escrituração contábil, a partir do momento
em que se completarem cinco anos do vencimento do crédito sem que
o mesmo tenha sido liquidado pelo devedor.

3.4.4.2 Adiantamentos e outros créditos

As contas contábeis que registram os adiantamentos e outros créditos


devem ser sempre conciliadas, evitando que haja pendências que não
reflita o valor informado no balancete, como por exemplo, créditos que
já foram recebidos e não foram baixados, registros contábeis realizados
sem documentação suporte, ou seja, contratos, recibos, notas fiscais, e
outros.

Já os adiantamentos salariais e empréstimos a empregados devem ser


conciliados com os relatórios do setor de pessoal. Os empréstimos e
outras transações devem estar fundamentados em contratos e outros
documentos hábeis.

SAIBA MAIS

São considerados outros créditos:

• títulos a receber;
• cheques em cobrança;
• dividendos a receber;
• juros a receber;
• adiantamentos a terceiros;
• créditos de funcionários;
• tributos a recuperar.
UNIUBE 91

Estas contas podem ser agrupadas e apresentadas no balanço patrimonial


em um só titulo, se seu total não for significativo, comparativamente com os
demais subgrupos. Deverão, porém, ser segregados por espécie, quando
forem de valor relevante, sendo descritos por título indicativo de sua natureza
e origem, conforme as contas descritas anteriormente.

a) Tributos a recuperar

As contas que compõem este subgrupo devem


ser conciliadas por meio de notas fiscais, e Taxa SELIC

ainda com o extrato de aplicação financeira, A SELIC é, no


Brasil, a taxa de
para os valores contabilizados como Imposto
financiamento no
de Renda retido na fonte. mercado interbancário
para operações de
um dia, ou overnight,
No caso do ICMS, o saldo credor constante que possuem lastro
em títulos públicos
na contabilidade deverá ser confrontado com federais, títulos estes
que são listados
a guia de ICMS ou com o livro de apuração e negociados
do ICMS e respectivas conciliações. E o saldo no Sistema Especial
de Liquidação e
contábil do IPI com o livro de apuração do IPI de Custódia, ou
e suas conciliações. Essa conferência deve ser Selic. Também é
conhecida como taxa
minuciosa, valor por valor, pois esses valores média do over que
regula diariamente
serão deduzidos das respectivas contas de as operações
Tributos a Pagar, no passivo circulante, e não interbancárias. A
taxa Selic reflete o
existindo o referido crédito a empresa poderá custo do dinheiro
para empréstimos
será autuada. Os créditos dos tributos federais bancários, com base
de anos anteriores ou pagos a maior deverão na remuneração dos
títulos públicos.
ser atualizados pela taxa da SELIC. Fonte: BACEN (2012).

A atualização dos tributos federais, pela Selic, é calculada a partir da data


em que o tributo foi pago. Já a atualização do IRPJ e da CSLL pagos a
maior deverá ser efetuado a partir do dia seguinte ao do encerramento
do trimestre, quando a opção for lucro real trimestral ou a partir do dia
seguinte ao encerramento anual quando a opção for pelo lucro real anual.
92 UNIUBE

É importante mencionar que a conta que registra


PERDCOMP
os tributos federais além de ser atualizada
É um aplicativo do
governo federal, pela Selic, deve ter seus valores analisados
disponibilizado e confrontados com a PERDCOMP, a fim de
através da
Secretaria certificar que os valores pagos a maior ou ainda
da Receita
Federal, para os créditos de anos anteriores estão sendo
preenchimento do
Pedido Eletrônico compensados corretamente, com outros tributos
de Restituição e
Ressarcimento federais, através do preenchimento adequado da
ou Reembolso de PERDCOMP.
Tributos Federais,
e da Declaração de
Compensação.

Como calcular a atualização dos tributos pagos a maior utilizando


a taxa SELIC?

Considerando que determinada empresa tenha realizado um pagamento


indevido de COFINS em 15 de julho de 2011. O valor a ser contabilizado
como atualização da taxa SELIC, será assim calculado.

Selic de agosto/2011 = 1,07% (A)


Selic de setembro/2011 = 0,94% (B)
Selic de outubro/2011 = 0,88% (C)
Selic de novembro/2011 = 0,86% (D)
Selic de dezembro/2011 = 0,91% (E)
*Selic Acumulada = 4,66% (A+B+C+D+E)

*Selic acumulada até o mês de dezembro. Caso seja feita a PERDCOMP, em janeiro, deverá
somar a este percentual, mais 1% relativo ao mês do envio da declaração.

Valor pago indevidamente: R$ 8.200,00


Selic acumulada: 4,66%
Atualização a contabilizar: R$ 382,12
UNIUBE 93

Na Tabela 9, a seguir, apresentamos como contabilizar a atualização dos


tributos federais pagos a maior pela utilização da taxa SELIC.

Tabela 9: Contabilização de tributos federais

Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Atualização da
COFINS a compensar
COFINS a recuperar
31/12/11 pela taxa SELIC, R$ 382,12
(Ativo Circulante)
ref. ao período de
ago a dez/2011.

Atualização da
Variação Monetária
COFINS a compensar
Ativa (Receita R$ 382,12
31/12/11 pela taxa SELIC,
Financeira – conta
ref. ao período de
de resultado)
ago a dez/2011.

SAIBA MAIS

De acordo com a Instrução Normativa SRF 900/2009, os valores pagos


a maior de IRPJ e CSLL, bem como o PIS, COFINS, IPI, SIMPLES
NACIONAL, poderão ser compensados com tributos federais de diferentes
espécies, mediante a Declaração de Compensação, feita através do
aplicativo da PERDCOMP, via internet. Essa compensação é automática,
cabendo à Secretaria da Receita Federal uma posterior verificação para
constatar a existência do crédito compensado.

Exemplo:

O IRPJ e CSLL pagos a maior com base na estimativa mensal em 31/12/2011


poderão ser compensados com o PIS, COFINS e o IRRF a pagar a partir de
01/01/2012. O saldo credor do IPI poderá ser compensado com IRPJ, CSLL, PIS
e COFINS a pagar.
94 UNIUBE

3.4.5 Estoques

A conta de estoque deve ter seu saldo confrontado com a posição do


Inventário a cada trimestre, para as empresas tributadas pelo lucro real
trimestral ou no fechamento anual do balanço, no caso do lucro real
anual, lucro presumido ou simples nacional.

As contas de estoque estão ligadas diretamente ao Custo das Mercadorias


Vendidas, Custo de Produtos Produzidos e de Serviços Prestados. Assim,
quanto maior o valor registrado no estoque (superavaliação) maior será
o lucro, pois o valor a ser transferido para o custo estará subavaliado,
consequentemente maior será o valor de IRPJ e CSLL a pagar. Quanto
menor o valor registrado no estoque (subavaliação), menor será o lucro
e, por consequência, menor o IRPJ e CSLL, os quais são calculados em
função do lucro.

3.4.5.1 Avaliação dos estoques

Por ocasião do levantamento do balanço patrimonial e


Livro Registro de
Inventário encerramento do exercício, a empresa deverá proceder
Destina-se ao ao levantamento e avaliação dos estoques de:
arrolamento das
mercadorias, a) mercadorias para revenda, nas empresas comerciais;
dos produtos
manufaturados, das b) matérias-primas, materiais auxiliares e produtos
matérias-primas,
dos produtos
acabados, nas empresas industriais;
em elaboração
e dos bens em
c) outros bens existentes em almoxarifado, em
almoxarifado qualquer empresa.
existentes na data do
balanço patrimonial.
Este livro deve ser Os estoques consignados na contabilidade devem
registrado junto
ao Fisco Estadual, estar em conformidade com o Livro Registro de
para atender as Inventário de Estoques, de acordo com o artigo
legislações do ICMS
e IPI e ainda junto 260, RIR/99. Caso contrário, o contador deverá
a Junta Comercial,
por disposição do realizar o ajuste contábil para que os saldos
Imposto de Renda.
(BRASIL, 1999a). contábeis das contas de estoques fiquem de
acordo com o Livro de Registro de Inventário.
UNIUBE 95

O custo dos estoques deve ser atribuído pelo uso dos seguintes critérios:

• Custo médio: será determinado pelo


Custo de aquisição
registro permanente de estoques, sendo que
deverá ser excluído do custo de aquisição os De acordo com
impostos recuperáveis, os quais a empresa o artigo 289, do
RIR/99, compreende
tem o direito ao crédito (ICMS, IPI, PIS, o preço de compra,
COFINS), sendo acrescidos o seguro e o os gastos de
transporte, conforme supracitado no artigo transportes e
seguros até o
289, RIR/99 (BRASIL, 1999a). estabelecimento
da empresa, os
tributos devidos
Nas empresas industriais o IPI é recuperável, na aquisição ou
importação e
porém em uma empresa que revende os gastos com
mercadoria o IPI não é recuperável, desembaraço
devendo ser parte integrante do custo da aduaneiro.
empresa. Por esse critério, o valor médio de Custo de produção
cada unidade em estoque altera-se pelas
compras de outras unidades por um preço Compreendem o
custo de aquisição
diferente. Esse método é o mais utilizado no das matérias-primas
Brasil, permitindo um estoque avaliado pelos e quaisquer outros
bens aplicados ou
valores médios de compras.
consumidos na
produção. Incluem
também os custos
• PEPS: o valor dos estoques poderá indiretos, fixos e
ser determinado pelo custo das últimas variáveis.

aquisições de mercadorias ou pelo custo Valor realizável


de produção. Nesse método, a baixa das líquido
mercadorias do estoque, é realizada pelo
Entende-se como
custo mais antigo em estoque, ou seja, o valor realizável
primeiro que entra é o primeiro que sai. líquido como sendo
o preço estimado
no curso normal
das atividades
A partir do CPC – 16 (CPC – 16, 2009): Estoque, empresariais
deduzido dos custos
o UEPS – último que entra e primeiro que sai,
estimados para sua
não é mais aceito contabilmente, assim como conclusão e dos
gastos estimados
já não era para fins fiscais. O Pronunciamento necessários para se
concretizar a venda.
96 UNIUBE

Técnico CPC 16 determina que os estoques devem ser mensurados pelo


custo de aquisição ou produção, ou valor realizável líquido, dos dois
o menor.

Assim, preceitua a Lei das Sociedades por Ações, artigo 183, inciso
II, que o valor dos estoques seja deduzido da perda estimada para
ajustá-lo ao valor de mercado, quando esse valor for menor que o custo
de aquisição ou produção. O valor que for debitado ao resultado em
contrapartida à contribuição dessa perda, deve ser adicionado ao lucro
líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo
da contribuição social sobre o lucro, pois a perda estimada para ajuste
do estoque ao valor realizável líquido não é considerada uma provisão
dedutível, conforme artigo 13, da Lei 9.249/95 (BRASIL, 1995).

Como apurar o valor realizável líquido?

Para apurar o valor do estoque, pelo custo ou valor realizável líquido,


deve ser feito o cálculo separadamente para cada subconta de estoques.
A apuração pode ser feita pelas matérias-primas e outros materiais
utilizados na produção e almoxarifado de uso geral e pelos produtos
acabados e mercadorias para revenda.

a) Matérias-primas, outros materiais utilizados na produção e


almoxarifado de uso geral

No parágrafo 1º, do artigo 183, da Lei nº 6.404/76, alterada pela Lei


nº 11.941/2009, o conceito de valor justo é “o preço pelo qual possam
ser repostos, mediante compra no mercado”, ou seja, será o custo de
reposição de cada material.
UNIUBE 97

Assim, teremos:

Na Tabela 10, você poderá verificar o custo total, realizável líquido e


abaixo do mercado. Na Tabela 11, apenas o “Material X” possui valor
realizável líquido abaixo do mercado e como deve prevalecer o menor,
registra-se na contabilidade uma perda estimada para redução ao valor
realizável líquido, a qual será debitada ao resultado.

Tabela 10: Valor justo


Valor Unitário
Custo
Materiais Quantidades Custo Total realizável abaixo do
Unitário
líquido mercado
X 2000 R$ 2,20 R$ 4.400,00 R$ 2,00 R$ 0,20
Y 3000 R$ 0,50 R$ 1.500,00 R$ 0,55  
Z 6000 R$ 0,80 R$ 4.800,00 R$ 0,80  
Fonte: Adaptado de Iudícibus (et al., 2010, p.88).

Tabela 11: Valor realizável e sua contabilização


Diferença
Valor Valor
Materiais Quantidades Total (Valor da perda
unitário contábil
estimada)

R$ R$ R$
X 2000 R$ 400,00
2,00 4.000,00 4.400,00

Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Despesa com
perda estimada Ajuste ao valor
R$
31/12/11 em estoques realizável líquido
400,00
(Outras Despesas dos estoques.
operacionais)

(-) Perda estimada Ajuste ao valor


31/12/11 em estoques realizável líquido R$ 400,00
(Ativo Circulante) dos estoques.

Fonte: Adaptado de Iudícibus (et al., 2010, p.88).


98 UNIUBE

b) Produtos acabados e mercadorias para revenda

No caso dos produtos acabados ou de mercadorias para revenda, o


valor realizável líquido de cada item é apurado pelo líquido entre o
preço de venda e as despesas estimadas para vender e receber, ou
seja, despesas relacionadas diretamente com a venda do produto e a
cobrança do seu valor, tais como comissões, fretes, embalagens, taxas
e desconto de duplicatas (Tabela 12).

Tabela 12: Preço de venda


Custo Preço de
Mercadorias Quantidades Total
Unitário venda
Alfa 50 5,00 R$ 250,00 R$ 8,00
Beta 100 12,00 R$ 1.200,00 R$ 14,00
Ômega 400 4,00 R$ 1.600,00 R$ 7,00

Fonte: Adaptado de Iudícibus (et al., 2010, p.89).

Observe na Tabela 13, a seguir, que apenas o produto Ômega apresentou


valor realizável líquido inferior ao custo de fabricação, sendo necessário
contabilizar a perda estimada para redução ao valor recuperável no
valor de R$ 640,00, ou seja, R$ 1,60 por cada unidade em estoque (400
unidades). A Tabela 14 apresenta a respectiva contabilização.

Tabela 13: Apuração


Alfa Beta Ômega
1. Preço de venda R$ 8,00 R$ 14,00 R$ 7,00
2. Despesas para vender
Embalagem R$ 0,35 R$ 1,40 R$ 0,40
Frete R$ 0,25 R$ 0,40 R$ 0,35
Comissões R$ 0,80 R$ 0,90 R$ 0,35
Despesas bancárias R$ 0,90 R$ 1,00 R$ 0,60
Total das despesas para vender R$ 2,30 R$ 3,70 R$ 1,70
3. Valor realizável (1 – 2) R$ 5,70 R$ 10,30 R$ 5,30
4. Custo de fabricação ou de aquisição R$ 4,80 R$ 8,40 R$ 6,90
5. Unitário abaixo do mercado R$ 1,60
UNIUBE 99

Tabela 14: Contabilização


Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito
Despesa com perda
Ajuste ao valor
estimada em estoques
31/12/11 realizável líquido R$ 640,00
(Outras Despesas
dos estoques.
operacionais )
(–) Perda estimada Ajuste ao valor
31/12/11 em estoques (Ativo realizável líquido R$ 640,00
Circulante) dos estoques.

Cabe aqui ressaltar que a legislação do imposto de renda trata vários


aspectos referentes aos estoques, como por exemplo, a obrigatoriedade
do registro permanente de estoques e a contabilidade de custos integrada
e coordenada com a contabilidade geral. Na falta de um sistema
integrado, a legislação fiscal prevê avaliação dos estoques através de
valores arbitrários de acordo com o que preceitua a legislação específica.
Corroborando, Iudícibus (et al., 2010, p. 93) cita:
De forma geral, pode-se dizer que os critérios fiscais
conflitam com os critérios de avaliação dos estoques
da Lei das Sociedades por Ações e com os princípios
de contabilidade, já que não admitem a dedutibilidade
das perdas estimadas para ajuste dos estoques ao valor
realizável líquido, quando este for menor.

3.4.6 Despesas antecipadas

Representam pagamentos realizados antecipadamente e cujos


benefícios ocorrerão em data posterior. Podemos citar como exemplos,
os prêmios de seguros, assinaturas de revistas e periódicos, aluguéis
pagos antecipadamente etc. As despesas pagas antecipadamente
devem ser registradas no Ativo Circulante e baixadas mensalmente pelo
valor efetivamente incorrido no período. Por ocasião do levantamento
do balanço, o saldo da conta “Despesas pagas Antecipadamente” deve
apresentar apenas o valor a ser registrado como despesa dos anos
seguintes.
100 UNIUBE

3.4.7 Considerações sobre os Ativos não circulantes

São classificados neste grupo as contas do ativo realizável a longo prazo,


investimentos, imobilizado e intangível.

3.4.7.1 Ativo realizável a longo prazo

São classificáveis nesse grupo, as mesmas contas de natureza do ativo


circulante, porém que sejam recebidas após o término do exercício
social seguinte, ou seja, após 12 meses. Exceção a esta regra, temos
os adiantamentos a sócios, acionistas, empréstimos às coligadas ou
controladas, que independentemente do prazo de vencimento são
contabilizados neste grupo, de acordo com a Lei das Sociedades por
Ações.

O saldo das contas do realizável a longo prazo deve ser suportado por
documentos hábeis e até planilhas de controle dos créditos. Várias
análises devem ser realizadas, como por exemplo, se o pagamento do
contrato de mútuo está suportado por recibo, contrato etc.

Com a instituição da Lei nº 11.638/2007 (BRASIL, 2007b), foi introduzido


expressamente na Lei das Sociedades por Ações, o desconto a valor
presente para contas a receber e a pagar de longo prazo e dependendo
da relevância para as contas do grupo de curto prazo. Assim, os ativos e
passivos devem ser apresentados na data do balanço ajustados a valor
presente.

a) Ajustes a Valor Presente – AVP

Os procedimentos a serem seguidos para o cálculo do ajuste a valor


presente estão tratados no Pronunciamento Técnico CPC – 12: Ajuste a
valor presente, e também pela resolução do CFC nº 1.151/09.
UNIUBE 101

De acordo com o CPC 12 – Ajuste a valor presente, em seu item 21,


estabelece que:
Os elementos integrantes do ativo e do passivo
decorrentes de operações de longo prazo, ou de
curto prazo quando houver efeito relevante, devem
ser ajustados a valor presente com base em taxa
de desconto que reflitam as melhores avaliações do
mercado quanto ao valor do dinheiro no tempo e os
riscos específicos do ativo e do passivo em suas datas
originais. (CPC–12, 2008, p. 8).

Assim, o ajuste a valor presente “é a estimativa do valor corrente de


um fluxo de caixa futuro”, citado pelo CPC 12 e deve ser registrado no
momento inicial da operação, mediante conta retificadora, como por
exemplo, juros a apropriar ou encargos/receitas financeiros a transcorrer,
a fim de manter os valores originais.

Para determinar o valor presente, é necessário conhecer: o valor do


fluxo futuro, a data do fluxo financeiro e a taxa de desconto. O Ajuste a
valor presente deverá ser calculado com base em taxas de desconto que
reflitam as melhores avaliações do mercado quanto ao valor do dinheiro
no tempo e os riscos específicos do ativo e do passivo em suas datas
originais.

Existem operações cuja taxa de juros é explícita, ou seja, descrita no


contrato da operação e outras em que é implícita. Em ambos os casos, é
necessário utilizar uma taxa de desconto que reflita os juros compatíveis
com a natureza, o prazo e os riscos relacionados à operação, sem
desconsiderar ainda, as taxas de mercado praticadas por outras
empresas do setor e nas mesmas condições.

Suponha que determinada empresa tenha realizado em 10 de dezembro


de 2011, uma venda de mercadorias a longo prazo, por R$ 895.000,00,
com vencimento para 18 meses, mediante a uma taxa de juros da
operação de 1,8% ao mês, teríamos os seguintes lançamentos contábeis
(Tabela 15).
102 UNIUBE

Tabela 15: Pela transação da venda


Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

Clientes a Vlr ref.


receber a longo reconhecimento
10/12/11 R$ 895.000,00
prazo (Ativo da receita bruta
não circulante) de vendas

Vlr ref.
Receita Bruta reconhecimento
10/12/11 R$ 649.176,86(1)
de vendas da receita bruta
de vendas
(–) Receita
Financeira a
Apropriar (Conta Vlr ref. do ajuste
10/12/11 R$ 245.823,14(2)
redutora de a valor presente.
Clientes a receber
a longo prazo)

Cálculo do ajuste a valor presente, utilizando a calculadora HP 12c:

R$ 895.000 em FV; 18 em N; 1,8 i; PV, ou seja: R$ 649.176,86(1) (Valor presente do fluxo futuro).
R$ 895.000,00 – R$ 649.176,86 = R$ 245.823,14(2) (Receita Financeira)

A receita financeira a ser apropriada deve ser reconhecida pelo regime de


competência, cuja mensuração deve ser feita com utilização do cálculo
exponencial e "pro rata die".

Em 31 de dezembro, por encerramento do período, deve ser apropriada


no resultado a receita financeira realizada, relativa aos 21 dias,
transcorridos. Observe na Tabela 16.

R$ 245.823,14 / 540 dias (18 meses x 30 dias) = R$ 455,23 juros diários

Em 31/12, teríamos 21 dias (10/12, data da venda, a 31/12, data do


encerramento) x R$ 455,23 = R$ 9.559,79 (Receita Financeira a ser
reconhecida no resultado).
UNIUBE 103

Tabela 16: Receita Financeira realizada


Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito

(–) Receita Financeira Pelo


a Apropriar (Conta reconhecimento
31/12/11 R$ 9.559,79
redutora de Clientes a da receita
receber a longo prazo) financeira

Pelo
reconhecimento
31/12/11 Receita Financeira R$ 9.559,79
da receita
financeira

PESQUISANDO NA WEB

Para saber mais detalhes sobre o Ajuste a valor presente, consulte no portal
do Conselho Federal de Contabilidade, o Pronunciamento Técnico CPC
12 – Ajuste a valor presente, emitido pelo Comitê de Pronunciamento
Contábeis, disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC_12.pdf>.

3.4.7.2 Investimentos

São classificados neste subgrupo os investimentos que não se destinam


à venda, ou seja, não se destinam à manutenção da atividade da
empresa. Ou seja, conforme estabelecido no inciso III do artigo 179 da
Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976), existem três modalidades de investimentos
que devem integrar este subgrupo:

a) participações permanentes em outras sociedades;


b) propriedades para investimento; e
c) direitos de qualquer natureza, não classificáveis no Ativo Circulante ou
no Ativo Realizável a Longo Prazo.
104 UNIUBE

Estes investimentos devem ser avaliados através dos seguintes critérios


de avaliação do ativo: Método da Equivalência Patrimonial, Método de
Custo e Método de Valor Justo.

a) Participações permanentes em outras sociedades

Devem ser avaliados pelo método da Equivalência Patrimonial, os


investimentos em coligadas ou em controladas, e em outras sociedades
que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum,
conforme o Artigo 248, da Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976). Tais
participações devem ser reconhecidas e mensuradas de acordo com o
CPC 18 (CPC–18, 2012) – Investimentos em coligadas.

Segundo o artigo 243, § 1º, da Lei 6.404/76, alterada pela Lei nº


11.941/2009,
são coligadas as sociedades nas quais a investidora
tenha influência significativa. E considera-se influência
significativa quando a investidora detém ou exerce o
poder de participar nas decisões das políticas financeira
ou operacional da investida, sem controlá-la, ou quando
a investidora for titular de 20% ou mais do capital
votante da investida, sem controlá-la. (BRASIL, 1976,
p. 102).

IMPORTANTE!

Portanto, ao final do período, quando necessário, a empresa investidora


deverá solicitar o balanço patrimonial às empresas investidas para efetuar
os lançamentos contábeis, lembrando que sobre o resultado positivo da
equivalência patrimonial não incide tributação (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS)
e no caso de resultado negativo são indedutíveis para fins de IRPJ e CSLL.

Existem casos, ainda, de investimentos em que a empresa possui títulos


patrimoniais de outras sociedades, sem controle ou influência significativa,
de acordo com a Lei 6.404/76. Sua classificação, neste caso, poderá ser
UNIUBE 105

feita como investimento temporário, no subgrupo do Realizável a Longo


Prazo, ou como Investimento Permanente no subgrupo de Investimentos,
dependendo do objetivo com que os investimentos foram adquiridos e da
função no patrimônio da entidade. Nestes casos, serão avaliados pelo
valor justo, a não ser quando seja impossível ou de pouca confiança
esse valor (IUDÍCIBUS, et al., 2010, p.159). Para isso, as companhias
abertas, assim como as demais sociedades, ficam obrigadas a seguir
as determinações do CPC 38, para registro de seus investimentos
permanentes em entidades não coligadas e não controladas.

b) Propriedade para investimento

São classificadas neste subgrupo, de acordo com o CPC–28: Proprieda-


des para Investimento, item 5 (CPC–28, 2009), as propriedades (terreno
ou edifício – ou parte de um edifício – ou ambos) mantidas para se obter
receita de aluguel ou valorização do capital ou para ambas. Tais proprie-
dades devem ser avaliadas pelo seu custo ou pelo valor justo.

c) Outros investimentos

Neste subgrupo são classificados os direitos de qualquer natureza, não


classificáveis no Ativo Circulante ou no Ativo Realizável a Longo Prazo,
desde que não se destinem à manutenção da atividade da empresa e
não sejam efetuados em títulos de outras empresas, como por exemplo,
aqueles efetuados em ouro, obras de arte, antiguidades etc.

A base de avaliação dos demais investimentos é o custo de aquisição,


subtraído do registro das perdas prováveis na realização do valor do
investimento.

De acordo com o CPC–01: Redução ao Valor Recuperável de Ativos


(CPC–01, 2010), o valor contábil do ativo deve ser confrontado com o
seu valor recuperável. E, nos casos em que o valor recuperável é inferior
106 UNIUBE

ao valor contábil, deverá ser reconhecida a perda por desvalorização


pela diferença entre os dois. Nesta situação, o registro da perda deve
ser reconhecida no resultado do período, exceto quando se tratar de um
ativo reavaliado, hipótese em que a desvalorização deverá ser tratada
com redução do saldo da reavaliação.

3.4.7.3 Ativo Imobilizado e Intangível

No encerramento do exercício, o contador deverá proceder uma


conciliação das contas do Ativo Imobilizado com o relatório de controle
patrimonial, objetivando certificar-se quanto à existência ou não do bem.
Caso tais controles sejam inexistentes, deve-se manter uma planilha
comprovando as despesas de depreciação e amortização contabilizadas,
bem como verificar se estão corretos os lançamentos de aquisição do
imobilizado e se nas vendas foram baixadas as depreciações e o custo
contábil dos bens vendidos.

O Pronunciamento Técnico CPC–27 (CPC–27, 2011): Ativo Imobilizado


define o ativo imobilizado como sendo um ativo tangível que é mantido
para uso na produção, comercialização de mercadorias, para aluguel a
outros ou para fins administrativos e que se espera utilizar por mais de
um ano.

Neste subgrupo, são classificáveis os bens destinados à manutenção


das atividades empresariais e que têm a capacidade de gerar benefícios
econômicos durante vários anos. Eles são avaliados pelo valor original
de aquisição, deduzidos da depreciação acumulada e da provisão para
perdas por irrecuperabilidade do capital investido, de acordo com o
determinado pelo CPC–01: Redução ao Valor Recuperável de Ativos
(CPC–01, 2010).
UNIUBE 107

Já o Ativo intangível, corresponde aos itens incorpóreos adquiridos pela


empresa e com capacidade de gerar benefícios econômicos, como por
exemplo, marcas, patentes, direitos de concessão e de exploração,
direitos de franquia, direitos autorais, gastos com desenvolvimento de
novos produtos, ágio pago por expectativa de resultado futuro (fundo de
comércio, ou goodwill).

Os direitos classificados no intangível devem ser avaliados pelo custo de


aquisição deduzido do saldo da respectiva conta de amortização, feita
em função do prazo legal ou contratual de uso dos direitos ou em razão
da sua vida útil econômica, deles o que for menor.

O artigo 183, § 3º, da Lei 6.404/76, alterado pela Lei nº 11.638/2007


determina o seguinte:
A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise
sobre a recuperação dos valores registrados no
imobilizado e no intangível, a fim de que sejam:
I – registradas as perdas de valor do capital
aplicado quando houver decisão de interromper os
empreendimentos ou atividades a que se destinavam
ou quando comprovado que não poderão produzir
resultados suficientes para recuperação desse valor;
II – revisados e ajustados os critérios utilizados para
determinação da vida útil econômica estimada e para
cálculo da depreciação, exaustão e amortização.
(BRASIL, 2007b, p. 4).

a) Depreciação

Uma das dificuldades encontradas no cálculo da depreciação está


associada a determinação do período de vida útil do ativo. O Pronunciamento
Contábil CPC–27 (CPC–27, 2011): Ativo Imobilizado – traz os fatores que
devem ser considerados na determinação da vida útil de um ativo:
108 UNIUBE

a) uso esperado do ativo que é avaliado com base na capacidade ou


produção física esperadas do ativo;
b) desgaste físico normal esperado, que depende de fatores
operacionais, tais como o número de turnos durante os quais o ativo
será usado, o programa de reparos e manutenção e o cuidado e a
manutenção do ativo enquanto estiver ocioso;
c) obsolescência técnica ou comercial proveniente de mudanças ou
melhorias na produção, ou de mudança na demanda do mercado
para o produto ou serviço derivado do ativo;
d) limites legais ou semelhantes no uso do ativo, tais como as datas de
término dos contratos de arrendamento mercantil relativos ao ativo.

Para calcular a depreciação dos itens imobilizados, dispomos de


vários métodos: métodos das quotas constantes, método dos saldos
decrescentes e o método das unidades produzidas. O método empregado
deve refletir o padrão de consumo pela entidade dos benefícios
econômicos futuros proporcionados por este ativo.

Analisando sob o aspecto fiscal, as empresas devem contabilizar o


encargo de depreciação, amortização e exaustão trimestralmente ou
mensalmente. A contabilização trimestral é direcionada para as empresas
submetidas à apuração trimestral do lucro real. A mensal, que é a melhor
alternativa, é destinada para as empresas submetidas ao pagamento
mensal do imposto por estimativa, ou por ocasião de balanços ou
balancetes de suspensão ou redução do imposto.

SAIBA MAIS

De acordo com o RIR/99 (BRASIL, 1999a) pode ser computado diretamente


como custo da produção ou despesa operacional, o custo de aquisição de:
a) bens cujo prazo de vida útil não seja superior a um ano, independente-
mente do seu custo de aquisição;
UNIUBE 109

b) bens cujo valor unitário de aquisição seja inferior a R$ 326,61, ainda que
o prazo de vida útil seja superior a um ano, exceto: bens que unitariamente
considerados, não tenham condições de prestar utilidade à empresa
adquirente, ou requeira o emprego concomitante de um conjunto desses
bens, como cadeiras, em uma escola, por exemplo.

As taxas anuais de depreciação fixadas pela legislação do imposto de


renda estão definidas conforme Instrução Normativa SRF nº 162/98
(BRASIL, 1998), sumarizadas na Tabela 17 a seguir.

Tabela 17: Taxas de Depreciação anual pelo Imposto de Renda


Grupos de bens do Imobilizado % a.a.
Bens Móveis em geral 10%
Edifícios e Construções 4%
Biblioteca 10%
Ferramentas 20%
Máquinas e Instalações 10%
Veículos em geral 20%
Tratores 25%
Computadores e Periféricos 20%

Fonte: Brasil (1998).

As empresas que adotarem taxas diferentes deverão proceder ao ajuste


contábil no livro de apuração do lucro real (LALUR), para reverter os
efeitos da utilização de métodos e critérios contábeis diferentes daqueles
previstos pela legislação tributária.

b) Redução ao valor recuperável (impairment)

Atendendo à determinação legal introduzida pela Lei nº 11.638/07,


foi publicado o Pronunciamento Técnico CPC–01 (CPC–01, 2010):
Redução ao valor Recuperável de Ativos, o qual determina que, se os
110 UNIUBE

ativos estiverem avaliados por valor superior ao valor recuperável por


meio do uso ou da venda, a empresa deverá reduzir esses ativos ao seu
valor recuperável, reconhecendo no resultado a perda referente a essa
desvalorização.

Portanto, os ativos imobilizados e intangíveis devem ser reconhecidos


no balanço pelo valor recuperável, seja por meio do fluxo de caixa
proporcionado pela venda ou por meio do fluxo de caixa decorrente do
seu emprego nas atividades empresariais.

SAIBA MAIS

No portal do Conselho Federal de Contabilidade, você pode acessar o


Pronunciamento Técnico CPC–01: Redução ao valor recuperável de
ativos, emitido pelo Comitê de Pronunciamento Contábeis e conhecer os
procedimentos que a empresa deve aplicar para assegurar que seus ativos,
sobretudo o imobilizado, estejam registrados contabilmente por valor que
não exceda seus valores recuperáveis. Para acessar este pronunciamento,
clique no link: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC01R1.pdf>.

c) Imobilizados adquiridos por meio de Arrendamento mercantil


(Leasing)

Podemos classificar um arrendamento mercantil, como sendo financeiro


e operacional. Antes da Lei nº 11.638/07, ambos eram contabilizados
como despesa na empresa arrendatária no momento do pagamento
das prestações. Ou seja, nenhum ativo ou passivo era registrado na
contabilidade.

Agora isso mudou. O artigo 179 da Lei 6.404/76, alterado pela Lei nº
11.638/2007, no seu item IV, menciona que
UNIUBE 111

devem fazer parte do ativo imobilizado os direitos


que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da companhia ou da
empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os
decorrentes de operações que transfiram à companhia
os benefícios, riscos e controle desses bens. (BRASIL,
1976, p. 68).

Desta forma, podemos conceituar como arrendamento mercantil a


operação em que o proprietário de um bem cede a terceiro o uso desse
bem por prazo determinado, recebendo para isso uma contraprestação.

O Pronunciamento Contábil CPC–06: Operação de arrendamento


mercantil foi emitida com o objetivo de correlacionar as normas brasileiras
às internacionais, que conceitua Arrendamento mercantil como um
acordo pelo qual o arrendador transmite ao arrendatário em troca de um
pagamento ou série de pagamentos o direito de usar um ativo por um
período de tempo acordado (CPC–06, 2010, item 4).

As operações de arrendamento mercantil podem ser classificadas


de duas formas, de acordo com suas características, em financeiro e
operacional, levando em consideração de quem são os riscos e benefícios
inerentes à propriedade do bem, do arrendador ou do arrendatário. Ou
seja, pode ser considerado como arrendamento mercantil financeiro se
forem transferidos todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade.
E como arrendamento mercantil operacional se não forem transferidos
os riscos e benefícios.

A classificação de um arrendamento mercantil como financeiro ou


operacional depende da essência da transação e não da forma do
contrato, pois pode acontecer, uma situação em que o contrato é
elaborado como leasing operacional, mas na prática é leasing financeiro.
112 UNIUBE

Nos itens 10 e 11, do CPC 06 (CPC–06, 2010), são evidenciadas algumas


situações que, individualmente ou em conjunto, levariam normalmente um
arrendamento mercantil ser classificado como arrendamento mercantil
financeiro.

SAIBA MAIS

No portal do Conselho Federal de Contabilidade, você pode acessar o


Pronunciamento Técnico CPC–06: Arrendamento Mercantil, emitido pelo
Comitê de Pronunciamento Contábeis e conhecer os procedimentos
estabelecidos para arrendatários e arrendadores, sobre as políticas
contábeis e divulgações apropriadas aos arrendamentos mercantis. Para
acessar este pronunciamento, clique no link: <http://www.cpc.org.br/pdf/
CPC06_R1.pdf>.

• Contabilização do arrendamento mercantil financeiro

No início do prazo, deve-se registrar no ativo e passivo da empresa


arrendatária, ou seja, o direito de uso do bem ficará registrado no ativo
e a dívida assumida no passivo, pelo valor justo do bem arrendado, ou
se inferior, ao valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento
mercantil.

Corroborando, Iudícibus cita que:


Para calcular o valor presente dos pagamentos
mínimos, a taxa de desconto a ser utilizada no cálculo
é a taxa de juros implícita no arrendamento mercantil,
se for praticável determinar essa taxa; se não for, deve
ser usada a taxa incremental de financiamento do
arrendatário. (IUDÍCIBUS et al., 2010, p.256).

E no passivo deve ser reconhecida a obrigação de efetuar futuros


pagamentos decorrentes do arrendamento mercantil, segregada em
passivo circulante e não circulante. Deve-se, ainda, separar no seu
UNIUBE 113

registro o valor dos juros a transcorrer como conta redutora da dívida. E


ao final do mês, o encargo financeiro deve ser reconhecido, de acordo
com o regime de competência, como uma despesa financeira.

A depreciação dos bens arrendados deve ser a mesma aplicável a outros


ativos de natureza igual ou semelhante. Se não houver certeza de que o
arrendatário obterá a propriedade do bem no fim do prazo do contrato, o
ativo deve ser totalmente depreciado durante o prazo do arrendamento
ou sua vida útil, dos dois o menor. Se houver certeza razoável de que
o arrendatário virá a obter a propriedade do bem no fim do prazo do
contrato, o ativo deve ser depreciado de acordo com as regras aplicáveis
aos ativos imobilizados em geral.

Para exemplificar a forma de contabilização do arrendamento mercantil


financeiro, vejamos a seguinte situação:

EXEMPLIFICANDO!

Determinada empresa adquiriu uma máquina para utilizar em seu processo


produtivo, de acordo com os seguintes dados:

• valor da contraprestação mensal: R$ 5.000,00


• prazo de arrendamento: 36 meses
• valor residual a ser pago ao final do contrato: R$ 1.000,00
• taxa de juros implícita no contrato: 1,020745%
• valor do bem adquirido à vista: R$ 160.000,00 (Valor Justo)
• riscos e benefícios transferidos para o adquirente
• prazo de vida útil da máquina: 10 anos

O primeiro passo é calcular o valor presente das prestações mínimas para


verificar se este é maior ou menor do que o valor justo do bem.
114 UNIUBE

Assim teremos:

Cálculo do ajuste a valor presente, utilizando a calculadora HP 12c:

R$ 5.000 CHS PMT; 36 em N; 1,020745i; PV, ou seja: R$ 150.000,00 (Valor


presente do fluxo futuro).

De acordo com o cálculo do valor presente, podemos verificar que o valor


presente, ou seja, R$ 150.000,00 é inferior ao valor justo de R$ 160.000,00.
E a partir do valor obtido, se inferior ao valor justo, fazer o quadro de
amortização da dívida, e o registro contábil conforme demonstrado na Tabela
18 a seguir:

Tabela 18: Amortização de uma dívida – registro contábil


Saldo Pagamento Juros a Amortização
Devedor Mensal Transcorrer da Dívida
Na contratação 150.000,00
1 146.531,12 5.000,00 1.531,12 3.468,88
2 143.026,83 5.000,00 1.495,71 3.504,29
3 139.486,77 5.000,00 1.459,94 3.540,06
4 135.910,57 5.000,00 1.423,80 3.576,20
5 132.297,87 5.000,00 1.387,30 3.612,70
6 128.648,29 5.000,00 1.350,42 3.649,58
7 124.961,47 5.000,00 1.313,17 3.686,83
8 121.237,00 5.000,00 1.275,54 3.724,46
9 117.474,52 5.000,00 1.237,52 3.762,48
10 113.673,64 5.000,00 1.199,12 3.800,88
11 109.833,96 5.000,00 1.160,32 3.839,68
12 105.955,08 5.000,00 1.121,12 3.878,88
13 102.036,61 5.000,00 1.081,53 3.918,47
14 98.078,15 5.000,00 1.041,53 3.958,47
15 94.079,27 5.000,00 1.001,13 3.998,87
16 90.039,58 5.000,00 960,31 4.039,69
17 85.958,66 5.000,00 919,07 4.080,93
18 81.836,08 5.000,00 877,42 4.122,58
19 77.671,41 5.000,00 835,34 4.164,66
20 73.464,24 5.000,00 792,83 4.207,17
21 69.214,12 5.000,00 749,88 4.250,12
22 64.920,62 5.000,00 706,50 4.293,50
23 60.583,30 5.000,00 662,67 4.337,33
24 56.201,70 5.000,00 618,40 4.381,60
25 51.775,38 5.000,00 573,68 4.426,32
26 47.303,87 5.000,00 528,49 4.471,51
27 42.786,72 5.000,00 482,85 4.517,15
28 38.223,46 5.000,00 436,74 4.563,26
UNIUBE 115

29 33.613,63 5.000,00 390,16 4.609,84


30 28.956,74 5.000,00 343,11 4.656,89
31 24.252,31 5.000,00 295,57 4.704,43
32 19.499,87 5.000,00 247,55 4.752,45
33 14.698,91 5.000,00 199,04 4.800,96
34 9.848,95 5.000,00 150,04 4.849,96
35 4.949,48 5.000,00 100,53 4.899,47
36 – 6.000,00 50,52 5.949,48
Total 181.000,00 29.999,97 151.000,03

Desta forma, o arrendamento deve ser contabilizado pelo seu valor presente,
no inicio do contrato, conforme apresentado na Tabela 19. A Tabela 20
apresenta o pagamento da 1a prestação e o lançamento contábil ao final
do 1o mês.

Tabela 19: Conta contábil


Conta Contábil Débito Crédito
Veículos arrendados (Ativo Imobilizado) 150.000,00
Encargos Financeiros a transcorrer (PC) 15.955,08
Encargos Financeiros a transcorrer (PNC) 14.044,92
Arrendamento Mercantil Financeiro a pagar (PC) 60.000,00
Arrendamento Mercantil Financeiro a pagar (PNC) 121.000,00

Tabela 20: Pagamento da 1ª prestação e lançamento contábil ao final do 1º mês


Conta Contábil Débito Crédito
Arrendamento Mercantil Financeiro a pagar (PC) 5.000,00
Caixa 5.000,00
Conta Contábil ao final do 1º mês Débito Crédito
Encargos Financeiros (Conta de resultado) 1.531,12
Encargos Financeiros a transcorrer (PC)
1.531,12
(Pelo reconhecimento da despesa financeira)

Arrendamento Mercantil Financeiro a pagar (PNC) 5.000,00


Arrendamento Mercantil Financeiro a pagar (PC) 5.000,00
(Pelo decurso do tempo)
116 UNIUBE

Encargos Financeiros a transcorrer (PC) 1.081,53


Encargos Financeiros a transcorrer (PNC) 1.081,53
(Pelo decurso do tempo)

Despesa de Depreciação * 1.250,00


Depreciação Acumulada de máquinas arrendadas 1.250,00

Por meio dessa técnica contábil, observa-se que as contraprestações


mensais não serão registradas em conta de resultado, somente os encargos
financeiros e, logo, não são deduzidas no lucro líquido. Em contrapartida,
no entanto, o bem registrado no ativo imobilizado poderá ser depreciado, na
forma aplicável aos demais ativos de natureza igual ou semelhante.

*Depreciação do bem
Neste exemplo, a depreciação será calculada sobre a vida útil esperada do bem, 10 anos,
ou seja, 120 meses, o valor da depreciação mensal será de R$ 1.250,00.

d) Contabilização do arrendamento mercantil operacional

Os pagamentos das prestações referentes ao arrendamento mercantil


operacional devem ser contabilizados como despesa durante o prazo
do arrendamento mercantil, exceto se outra base sistemática for mais
representativa do modelo temporal do benefício do usuário, segundo
determinação do CPC 06, item 33 (CPC–06, 2010).

Assim, a contabilização do arrendamento mercantil operacional não


mudou. Ou seja, não se reconhece o passivo total nem tampouco o ativo
arrendado no balanço patrimonial, apenas a despesa em contrapartida a
exigibilidades ou disponibilidades, como se fosse um contrato de aluguel.
UNIUBE 117

3.4.8 Passivo Circulante

São apresentadas nesse subgrupo todas as obrigações com prazo de


vencimento em até 12 (doze) meses, após a data do balanço, ou quando
vencerem durante o ciclo operacional da empresa. Como, por exemplo,
podemos citar fornecedores, empréstimos e financiamentos salários a
pagar, provisão para férias, obrigações sociais, fiscais e tributárias.

Por ocasião do encerramento do período, o contador deverá conciliar as


contas do passivo circulante de forma que lhe permita constatar se todas
as dívidas da empresa foram devidamente registradas na contabilidade
e confrontar se estes registros estão suportados por documentos
comprobatórios.

3.4.8.1 Revisão nas contas de fornecedores

As contas de Fornecedores devem ser conciliadas com o relatório das


contas a pagar emitido pelo setor financeiro. Em casos de divergências,
estas deverão ser apontadas a parte, em um relatório de conciliação de
contas.

Esta confrontação permite a Contabilidade a clareza e a confiabilidade de


suas informações geradas. Inexistindo o confronto entre a Contabilidade
e o relatório de contas a pagar, existe um forte indício de descontrole,
tanto contábil como financeiro, podendo acarretar desembolsos a maior
de tributos ou desnecessário de multas e juros, por atraso no pagamento
dos fornecedores.

Nestes casos, onde inexiste o relatório do setor financeiro, a empresa


poderá adotar, alternativamente, os seguintes procedimentos:
118 UNIUBE

• selecionar os fornecedores, por amostragem, mais representativos:


verificar se as duplicatas constantes no balanço de 31.12. estão
sendo pagas nos meses subsequentes ao encerramento do balanço;
• verificar se os saldos contábeis estão respaldados pelas respectivas
notas fiscais dos fornecedores. E ainda, questionar aos fornecedores
pendentes de pagamento de longa data, o motivo da pendência e
se realmente existe a dívida.

Os juros pagos, em virtude de duplicatas em atraso, devem ser contabi-


lizados como despesa financeira, e não contra a conta de fornecedores,
como acontece muitas vezes quando essa conta não está conciliada.

3.4.8.2 Empréstimos e Financiamentos

As contas de Empréstimos e Financiamentos devem ser conciliadas


com os respectivos contratos objetivando a contabilização dos juros e
das atualizações pelo período de competência. O setor Financeiro ou a
Contabilidade deve manter planilha de controle dos encargos cobrados,
que servirá como suporte na contabilização dos encargos financeiros
pelo regime de competência.

O simples fato de manter os empréstimos financeiros atualizados gera


uma economia tributária de IRPJ, CSLL.

Vejamos agora um exemplo:

EXEMPLIFICANDO!

A empresa Xpto captou um empréstimo bancário em 05 de Abril de 2011, no


valor de R$ 120.000,00, nas seguintes condições:

• forma de pagamento: em 5 parcelas, sendo a 1a em 05/01/2012, e as


demais subsequentes;
• encargos financeiros: juros de 1,5% a.m.
UNIUBE 119

Pela obtenção do empréstimo, no dia 05 de abril, teríamos o seguinte


lançamento, conforme apresentado na Tabela 21:

Tabela 21: Lançamento de um empréstimo


Data Conta Contábil Débito Crédito
Banco conta movimento (AC) 120.000,00
05/04/2011 Empréstimos e Financiamentos a
120.000,00
Pagar (PC)

IOF: Na contratação de qualquer empréstimo bancário, é cobrado o Imposto


sobre Operações Financeiras (IOF), sendo que, na maioria das vezes este
imposto é financiado pela Instituição Financeira no mesmo prazo de duração
do contrato.

O IOF deve ser contabilizado como despesa financeira na data da


assinatura do contrato, conforme demonstrado na Tabela 22, pois mesmo
que a empresa antecipe o pagamento do contrato não haverá o desconto
respectivo na dívida. O IOF é definitivo, sendo que a Instituição Financeira
deverá recolhê-lo no terceiro dia útil da semana seguinte da liberação.

O mesmo raciocínio é aplicado com relação às taxas de confecção de


contratos e de cadastros que são despesas incorridas, mas são inseridas
nos empréstimos e financiamentos bancários.

Os valores não são muito representativos, mas para quem vai desembolsar
34% de IRPJ e CSLL, faz diferença.

Tabela 22: Contabilização do IOF


Data Conta Contábil Débito Crédito
IOF (Despesa financeira ) 1.800,00
05/04/2011 Empréstimos e Financiamentos a
1.800,00
Pagar (PC)
120 UNIUBE

Percebemos que, mesmo que o IOF esteja diluído entre as parcelas, a


contabilização deverá ser realizada na liberação do contrato. Em 31 de
dezembro de 2011, a Xpto deverá reconhecer as despesas financeiras,
referentes ao ano de 2011, no valor de R$ 17.190,49, conforme
demonstrado a seguir, na Tabela 23, sobre a amortização da dívida:

Tabela 23: Amortização da dívida


Data Histórico Débito crédito Saldo
05/04/2011 Liberação 120.000,00   120.000,00
05/04/2011 IOF 1.800,00   121.800,00
05/05/2011 juros 1,5% a.m. 1.827,00   123.627,00
05/06/2011 juros 1,5% a.m. 1.854,41   125.481,41
05/07/2011 juros 1,5% a.m. 1.882,22   127.363,63
05/08/2011 juros 1,5% a.m. 1.910,45   129.274,08
05/09/2011 juros 1,5% a.m. 1.939,11   131.213,19
05/10/2011 juros 1,5% a.m. 1.968,20   133.181,39
05/11/2011 juros 1,5% a.m. 1.997,72   135.179,11
05/12/2011 juros 1,5% a.m. 2.027,69   137.206,80
31/12/2011 juros 1,5% a.m. 1.783,69   138.990,49
05/01/2012 juros 1,5% a.m. 274,41   139.264,90
05/01/2012 Pagamento 1ª parcela   41.824,90 97.440,00
05/02/2012 juros 1,5% a.m. 1.461,60   98.901,60
05/02/2012 Pagamento 2ª parcela   25.821,60 73.080,00
05/03/2012 juros 1,5% a.m. 1.096,20   74.176,20
05/02/2012 Pagamento 3ª parcela   25.456,20 48.720,00
05/04/2012 juros 1,5% a.m. 730,80   49.450,80
05/04/2012 Pagamento 4ª parcela   25.090,80 24.360,00
05/05/2012 juros 1,5% a.m. 365,40   24.725,40

05/05/2012 Pagamento 5ª parcela   24.725,40 0,00


Total de Juros de 2011................: R$ 17.190,49 (1)

(1)
Os juros referentes 2011 deverão ser contabilizados no regime de competência, isto
é, em cada mês em que vão incorrendo, mesmo que o contrato tenha seu vencimento
final em 2012, e em 2011 não tenha sido feito nenhum pagamento.
UNIUBE 121

A contabilização das despesas financeiras deverá ser realizada em


31/12/2011, conforme Tabela 24.

Tabela 24: Reconhecimento da despesa financeira no resultado.


Data Conta Contábil Débito Crédito
Juros (Despesa financeira ) 17.190,49
31/12/2011 Empréstimos e Financiamentos a
17.190,49
Pagar (PC)

Neste exemplo, contabilizamos de uma só vez, ao final do exercício,


porém, como mencionado anteriormente, deve ser contabilizado mês a
mês, até para evitar o pagamento a maior de IR e CSLL pela estimativa
mensal.

3.4.8.3 Registro de despesas incorridas e não pagas

Por ocasião do encerramento do balanço, deve-se ter especial cuidado


com o registro adequado de despesas gerais incorridas e não pagas,
como:

a) salários a pagar e respectivos encargos sociais a cargo da empresa;


b) aluguéis e arrendamento mercantil a pagar;
c) contas de consumo em geral (água, luz, telefone etc.) a serem pagas.

Tais contas geram uma economia tributária, em virtude, da obediência do


regime de competência. Muitas vezes, são valores pouco expressivos,
mas somadas representam uma boa economia de IRPJ e CSLL, sem
falar no PIS e COFINS não cumulativos.

3.4.8.4 Provisões

De acordo com o CPC–25: Provisões, Passivos Contingentes e Ativos


Contingentes (CPC–25, 2009), o termo “provisão” somente seria
aplicável àqueles valores oriundos de situações em que o fato gerador
122 UNIUBE

do passivo já ocorreu, mas a entidade não consegue determinar de


forma precisa o montante que será pago ou a data em que a dívida será
quitada.

IMPORTANTE!

Cabe ressaltar aqui, a diferenciação entre as provisões propriamente ditas e


as provisões derivadas de apropriações por competência (accruals). Estas
últimas são caracterizadas como obrigações já existentes, atendendo ao
princípio da competência e ao grau de incerteza que é baixo, podendo-se
chamá-las de passivos genuínos. São exemplos desses passivos: férias,
13º salários, encargos sociais devidos sobre estes, dividendos mínimos
obrigatórios, gratificações e participações a empregados, dentre outros.
Devendo ser contabilizados como: férias a pagar, 13º salário a pagar,
dividendos a pagar etc.

Para reconhecimento de uma provisão, fazem-se necessárias três


condições, de acordo com o item 14 do CPC 25:
a) a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não
formalizada) como resultado de evento passado;
b) seja provável a necessidade de uma saída de
recursos que incorporam benefícios econômicos para
liquidar a obrigação; e
c) possa ser feita uma estimativa confiável do valor da
obrigação. (CPC–25, 2009, p. 7)

Na contabilidade é importante reconhecer provisões relacionadas:

a) às garantias de produtos, mercadorias e serviços;


b) aos riscos fiscais, trabalhistas e cíveis;
c) à reestruturação;
d) aos danos ambientais causados pela entidade;
e) às compensações ou penalidades por quebra de contratos;
f) aos benefícios a empregados;
g) aos contratos de construção.
UNIUBE 123

O registro contábil dessas provisões será realizado de acordo com a


Tabela 25, nas seguintes contas:

Tabela 25: Registro contábil das provisões


Data Conta Contábil Débito Crédito
Despesa com Provisão (Conta de
xx
31/12/11 resultado)
Provisão para ............... (PC ou PNC) xx

Dos exemplos citados anteriormente, possuem pronunciamentos técnicos


específicos, a Provisão para benefícios a empregados (CPC–33, 2012)
e Provisão para contratos de construção (CPC–17, 2012).

Atualmente, existem restrições fiscais quanto à dedutibilidade das


provisões, para efeito de determinação do lucro real, sendo permitida
apenas a dedução da provisão para férias, 13º salário e seus respectivos
encargos. Além das provisões técnicas das companhias de seguro e de
capitalização, das entidades de previdência privada, cuja constituição é
exigida pela legislação especial a elas aplicável, de acordo com os artigos
35 a 338 do RIR/1999 (BRASIL, 1999a).

Deve ser observado que, para as empresas tributadas com base no


lucro real, por serem consideradas indedutíveis as provisões, os valores
debitados em conta de resultados, deverão ser adicionados ao lucro
líquido, para fins de apuração do lucro real, no LALUR.

3.4.9 Passivo não circulante

Este novo grupo foi criado em substituição ao grupo anterior denominado


"Passivo exigível a longo prazo", com a seguinte composição:
obrigações da empresa, inclusive financiamentos para aquisição de
direitos do ativo não circulante, se tiverem vencimento no longo prazo,
ou seja, após o fim do exercício social seguinte.
124 UNIUBE

Ao final de cada exercício social, o contador deverá realizar uma concilia-


ção dos saldos destas contas, a fim de verificarem se foram corretamente
contabilizadas e confrontar tais registros com os documentos originários.

3.4.10 Patrimônio Líquido

No balanço patrimonial, a diferença entre o valor dos ativos e dos


passivos representa o Patrimônio Líquido, que é o valor contábil perten-
cente aos acionistas ou sócios. De acordo com a Lei nº 6.404/76, com
alteração dada pela Lei nº 11.941/09 (BRASIL, 2009a), o Patrimônio
Líquido é dividido em:

• Capital Social;
• Reservas de Capital;
• Ajustes de Avaliação Patrimonial;
• Reservas de Lucro;
• Ações de Tesouraria;
• Prejuízos Acumulados.

Cabe destacar que os lucros que não forem destinados para as reservas
(legal, estatutária, contingência, de incentivos fiscais, de lucros a realizar
e de retenção de lucros) deverão ser distribuídos a título de dividendos.

3.5 Conclusão

Vários são os ajustes necessários para encerramento de um Balanço


Patrimonial. Nosso intuito aqui foi fazer uma abordagem sobre as
principais providências. Cabe a cada um o aprofundamento sobre
o tema, considerando a atividade da empresa e a complexidade das
operações, não nos esquecendo das alterações na Legislação Societária,
determinações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do próprio
Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
UNIUBE 125

No próximo capítulo, falaremos sobre os ajustes fiscais obrigatórios para


as empresas tributadas pelo Lucro Real, a fim de calcular o Imposto de
Renda e a Contribuição Social devidos sobre o resultado do período.

Até lá.

Resumo
O mercado tem se alterado muito nos últimos anos, por várias razões.
O impacto dessa nova realidade exigiu das empresas aprimoração do
sistema de informação, visto que é responsável a fornecer informações
sobre grande parte dos recursos das entidades necessárias ao controle,
gerenciamento e ao planejamento.

Uma entidade seja ela pública ou privada, que mantém uma escrituração
contábil regular pode gerar informações estratégicas para seus gestores.
A escrituração contábil é uma exigência legal, que tem por objetivo
atender aos interesses da empresa e demais usuários no que se refere
às informações nela contidas, em especial para a tomada de decisões.
As conveniências da administração pública, no campo da arrecadação
de tributos, como imposto de renda e contribuições federais, deverão
ser atendidas através de outros elementos, tais como livros fiscais e de
ajustes nos resultados, quando for o caso, a exemplo dos ajustes que
são feitos no Livro de Apuração do Lucro Real.

As Demonstrações Contábeis constituem um dos pontos culminantes da


atividade contábil. Por intermédio delas são prestadas as informações
indispensáveis aos acionistas, administradores, governo e sociedade em
geral sobre a situação patrimonial e financeira das empresas.

O produto final da escrituração contábil são as demonstrações contábeis,


que para serem elaboradas, necessitam de alguns lançamentos
preliminares, tais como: levantamento do balancete de verificação,
126 UNIUBE

conciliação das contas contábeis, ajustes de contas patrimoniais e de


resultado respeitando o princípio da competência, confrontos entre saldos
contábeis e levantamentos físicos, dentre outros.

Após a realização de todos os ajustes necessários ao encerramento


do resultado do exercício, elaboram-se os demonstrativos contábeis
necessários e obrigatórios, para servirem de fonte para tomada de
decisões dos mais diversos tipos de usuários.

Referências

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contabilistas do Brasil de empresa pequena, média e grande porte (S/A e LTDA)”.
São Paulo: IOB, 2012.

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Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>.
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______. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário


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______. Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Altera a legislação do imposto


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UNIUBE 127

______. Instrução Normativa SRF nº 162, de 31 de dezembro de 1998. Fixa prazo


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10 maio 2012.

______. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999. Regulamenta a tributação,


fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e
Proventos de Qualquer Natureza. Brasília, 1999a. Disponível em: <http://www.
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______. Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o Regulamento


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br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6022.htm>. Acesso em: 08 maio 2012.

______. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei


no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976,
e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração
e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, 2007b. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em:
08 maio 2012.

______. Instrução Normativa da SRF nº 900, de 30 de dezembro de 2008.


Disciplina a restituição e a compensação de quantias recolhidas a título de
tributo administrado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, a restituição e
a compensação de outras receitas da União arrecadadas mediante Documento
128 UNIUBE

de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) ou Guia da Previdência Social


(GPS), o ressarcimento e a compensação de créditos do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para
o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), o reembolso de salário-família e
salário-maternidade e dá outras providências. Disponível em: <http://www.receita.
fazenda.gov.br/legislacao/ins/2008/in9002008.htm>. Acesso em: 10 maio 2012.

______. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária


federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede
remissão nos casos em que especifica; institui regime tributário de transição.
Brasília, 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm>. Acesso em: 10 de maio 2012.

______. Instrução Normativa da SRF nº 949, de 16 de junho de 2009. Regulamenta


o Regime Tributário de Transição (RTT), institui o Controle Fiscal Contábil de Transição
(FCONT) e dá outras providências. 2009. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.
gov.br/legislacao/ins/2009/in9492009.htm>. Acesso em: 10 maio 2012.

______. Decreto n° 7.212, de 15 de junho de 2010. Regulamenta a cobrança,


fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos
Industrializados – IPI. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2010/decreto/d7212.htm>. Acesso em: 10 maio 2012.

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Recuperável de Ativos. 2010. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC_01.pdf.>
Acesso em: 10 maio 2012.

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de caixa. 2010. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/cpc03.pdf>. Acesso em:
10 maio 2012.

COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis – CPC. CPC–06: Operações de Arrendamento


Mercantil. 2010. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC_06n.pdf>. Acesso em:
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2008. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/cpc_12.pdf>. Acesso em:
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Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC_16.pdf>. Acesso em: 11 maio 2012.
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COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis – CPC. CPC–17: Contratos de Construção.


2012. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC%2017%20(R1)%2019102012.
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COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis – CPC. CPC–18: Investimento em coligada.


2012. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC%2028.pdf>. Acesso em:
29 jun. 2012.

COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis – CPC. CPC–25: Provisões, Passivos


Contingentes e Ativos Contingentes. 2009. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/
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COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis – CPC. CPC–27: Ativo Imobilizado. 2011.


Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC%2027.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2012.

COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis – CPC. CPC–28: Propriedade para


Investimento. 2009. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC%2028.pdf>.
Acesso em: 29 jun. 2012.

COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis – CPC. CPC–33: Benefícios a


Empregados. 2012. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC%2033%20_
R1_%2014out12%20audiencia.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2012.

COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis – CPC. CPC–38: Instrumentos


Financeiros: Reconhecimento e Mensuração. 2009. Disponível em: <http://
www.cpc.org.br/pdf/CPC_38.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2012.

COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis – CPC. Resolução CFC nº 1.151/2009: Ajuste


a Valor Presente. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC_16.pdf>. Acesso
em: 11 maio 2012.

CONFAZ - Ajuste Sinief 02, de 26 de março de 2010. Dispõe sobre a


escrituração fiscal digital - EFD. 2010. Disponível em: <http://www.fazenda.gov.
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IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Contabilidade Comercial. São Paulo:
Atlas, 2009.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; et al. Manual de Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2010.
130 UNIUBE

MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. São Paulo: Atlas, 2006.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica. São Paulo: Saraiva, 2009.


Capítulo Procedimentos fiscais para
4 determinação do Lucro Real

Introdução
Considerando as ações necessárias para o encerramento do
exercício de uma empresa, faz-se necessário proceder alguns
ajustes fiscais para determinação do Lucro Real. Primeiramente,
vamos relembrar o conceito de Lucro Real, segundo o artigo nº
247, RIR/1999: “Lucro Real é o lucro líquido do período ajustado
pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou
autorizadas pelo Regulamento do Imposto de Renda”. (BRASIL,
1999, p. 1).

A expressão “Lucro Líquido”, descrita no conceito do artigo 247, do


RIR/99, não é a mesma definida no artigo 191, da Lei nº 6.404/76.
O lucro líquido, como definido pela Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976),
é o resultado do valor do exercício menos as seguintes parcelas:

• dos prejuízos acumulados;


• da provisão para o Imposto de Renda;
• das participações nos lucros atribuídas a administradores,
empregados, partes beneficiárias, fundos de previdência e
assistência de empregados e debêntures.
132 UNIUBE

Assim, pode-se concluir que, para a determinação do lucro líquido


pela legislação fiscal, não são considerados os prejuízos fiscais
e a provisão para Imposto de Renda. O Lucro Real para algumas
empresas é obrigatório e para as outras que não estão obrigadas
a tributação pode representar economia de tributos. A opção
pelo lucro real pressupõe contabilidade em dia, conciliada e com
composição de saldo das contas.

As empresas tributadas pelo lucro real deverão manter sua


escrituração contábil em dia e conciliada. Não basta apenas que a
documentação esteja lançada na contabilidade, mas que os saldos
das contas contábeis estejam conferidos e conciliados de forma
que a contabilidade tenha a composição dos saldos constantes
no balanço contábil.

Objetivos
Ao final deste capítulo de estudo, você será capaz de:

• apurar os tributos devidos pelo Lucro Real;


• definir a melhor forma de tributação pelo Lucro Real –
Trimestral ou Anual;
• levantar os balancetes de suspensão e/ou redução do imposto
mensalmente.

Esquema
Lucro Real

Base de cálculo Alíquota do Alíquota da Cálculo do Contabilização


(trimestral e IRPJ CSLL IRPJ e CSLL do Imposto e
anual) Contr. social
UNIUBE 133

4.1 Entendendo o Lucro Real

A determinação do lucro real é precedida do resultado contábil apurado


conforme a legislação societária de um determinado período, com os
devidos ajustes prescritos pela legislação fiscal. Como nos diz Chaves;
Muniz (2010, p. 337), “o lucro real, portanto, é a base de cálculo do
Imposto de Renda, partindo do resultado apresentado na contabilidade,
com os devidos ajustes”.

A opção pela tributação pelo lucro real dar-se-á com o recolhimento


do imposto correspondente ao mês de janeiro ou ao mês de início de
atividade (seja por estimativa ou por balanço de redução ou suspensão);
ou ainda, quando do recolhimento do imposto apurado trimestralmente,
correspondente ao 1º trimestre ou ao trimestre de início de atividade.
Cabe ressaltar que, uma vez escolhido o recolhimento pelos períodos de
apuração trimestral ou anual, será irretratável para todo o ano calendário.

É de fundamental importância que seja realizada uma análise detalhada


de qual é a melhor forma de tributação, antes do pagamento da 1ª quota
do imposto, pois após a opção pelo lucro real (anual ou trimestral) não
poderá modificar no mesmo ano-calendário para o lucro presumido e
vice-versa. Lembrando que a opção de tributação feita para o Imposto
de Renda deve ser a mesma para a Contribuição Social sobre o Lucro.

4.1.1 Empresas obrigadas a tributação pelo lucro real

São obrigadas ao recolhimento do Imposto de Renda e da Contribuição


Social sobre o lucro com base no lucro real, de acordo com regulamento
do imposto de renda, artigo 247 (BRASIL, 1999), as empresas que:

a) tiveram receita total, no ano-calendário anterior, superior ao limite de


R$ 48.000.000,00, ou proporcional ao número de meses do período,
quando inferior a doze meses (R$ 4.000.000,00 por mês de atividade);
134 UNIUBE

IMPORTANTE!

O que deverá ser considerado no somatório da receita total, para


determinação deste limite?

Para fins de verificação deste limite, deverá ser considerado o somatório das
seguintes receitas e resultados:

• receitas de vendas de mercadorias e de serviços, excluídos os impostos


cujo vendedor seja mero depositário (IPI, e ICMS Substituição Tributá-
ria), os descontos incondicionais e as vendas e serviços cancelados;
• demais receitas e ganhos de capital não incluídos no objeto social da
empresa, como, por exemplo, os juros recebidos, descontos obtidos,
aluguéis, ganhos de capital na alienação de bens e direitos do ativo
imobilizado, e as variações monetárias ativas;
• ganhos líquidos obtidos em operações realizadas no mercado de renda
variável;
• rendimentos das aplicações de renda fixa;
• juros sobre o capital próprio.

Não deverão ser incluídos, para determinação do limite, os valores referentes:

• às recuperações de créditos que não representem ingressos de novas


receitas;
• à reversão de provisões anteriormente constituídas;
• aos lucros e dividendos recebidos;
• aos ganhos com equivalência patrimonial.

b) exerçam atividades de bancos comerciais, bancos de investimentos,


bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades
de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito
imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários
e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas
UNIUBE 135

de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de


seguros privados e de capitalização e entidades de previdência
privada aberta;
c) tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;
d) autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais
relativos à isenção ou redução do imposto;
e) no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal
pelo regime de estimativa;
f) explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços
de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção
e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de
direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de
prestação de serviços (factoring);
g) exerçam atividade de securitização de créditos imobiliários, financeiros
e do agronegócio.

As empresas que não são obrigadas a tributação pelo lucro real,


podem optar por este regime, se acharem conveniente para a
sua empresa, geralmente após realizarem um planejamento
tributário.

4.2 Determinação da base de cálculo

As empresas tributadas pelo lucro real poderão escolher entre fazer o


recolhimento do Imposto de renda e da Contribuição social sobre o lucro,
através da apuração trimestral (Lucro Real Trimestral) ou com base na
estimativa mensal (Lucro Real Anual).

4.2.1 Lucro real trimestral – pagamento por trimestralidade

Os procedimentos aqui mencionados servirão tanto para a apuração


do lucro real trimestral em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e
31 de dezembro, como para a apuração do lucro real anual em 31 de
dezembro.
136 UNIUBE

A base de cálculo para a apuração do lucro real trimestral, e também para


o lucro real anual a ser calculado em 31 de dezembro, é o próprio Lucro
Real, que corresponde ao lucro líquido do período de apuração ajustado
pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizada pela
legislação do imposto de renda.

De acordo com a legislação, o cálculo do lucro real será precedido da


apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância
das disposições das leis comerciais, ou seja, via contabilidade, e
observando o regime de competência.

Os valores que, por competirem a outro período de apuração, forem,


para efeito de determinação do lucro real, adicionados ao lucro líquido
do período de apuração, ou dele excluídos, serão, na determinação do
lucro real do período de apuração competente, excluídos do lucro líquido
ou a ele adicionados, respectivamente.

As empresas optantes pelo pagamento do imposto de renda e da


contribuição social sobre o lucro líquido com base no lucro real trimestral
deverá escriturar, trimestralmente, o livro de registro de inventário. E
transcrever no livro diário, o balanço ou balancete que serviu de base
para pagamento do imposto. Na Figura 1, a seguir, apresentamos um
esquema de apuração do lucro real.

Lucro líquido contábil


( + ) Adições
( – ) Exclusões
( = ) Lucro Ajustado
( – ) Compensações
( = ) LUCRO REAL
Figura 1: Esquema de apuração do lucro real.
UNIUBE 137

4.2.1.1 Ajustes ao Lucro Real

Após a apuração do lucro líquido com base na contabilidade, é necessário


efetuar alguns ajustes para determinação da base de cálculo do IR e
da CSLL. Tais ajustes são conhecidos como adições e exclusões, que
deverão estar escriturados no Livro LALUR.

Os registros contábeis que forem necessários para a observância


de preceitos da lei tributária relativos à determinação do lucro real,
quando não devam, por sua natureza exclusivamente fiscal, constar
da escrituração comercial, ou forem diferentes dos lançamentos dessa
escrituração, serão feitos no LALUR ou em livros auxiliares conforme
consta no artigo 270 do RIR/99 (BRASIL, 1999).

Assim, valores lançados na contabilidade, que diminuem o lucro, mas que


pela legislação do IR e da CSLL são indedutíveis, devem ser adicionados
ao resultado, pelo LALUR.

Da mesma forma, valores que foram acrescentados ao resultado contábil,


mas que pela legislação não devem compor a base de cálculo do IR,
serão excluídos no LALUR.

As alterações introduzidas pela Lei nº 11.638, de 2007 (BRASIL,


2007), e pelos artigos 37 e 38 da Lei nº 11.941 de 2009 (BRASIL,
2009a), que modifiquem o critério de reconhecimento de
receitas, custos e despesas computadas na apuração do lucro
líquido do exercício, definido no artigo 191 da Lei nº 6.404 de
1976 (BRASIL, 1976), não terão efeitos para fins de apuração
do lucro real da pessoa jurídica sujeita ao Regime Tributário de
Transição (RTT), devendo ser considerados, para fins tributários,
os métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro
de 2007.
138 UNIUBE

a) Adições ao lucro líquido aplicáveis ao IRPJ e à CSLL

Serão adicionadas ao lucro líquido do período de apuração, de acordo


com o art. 249, do RIR/99, e art. 38 e 54, da IN SRF, nº 390, de 2004, os
seguintes valores:
a) os custos, despesas, encargos, perdas, provisões,
participações e quaisquer outros valores deduzidos
na apuração do lucro líquido que, de acordo com a
legislação, não sejam dedutíveis na determinação do
lucro real;
b) os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer
outros valores não incluídos na apuração do lucro
líquido que devam ser computados na determinação do
lucro real. (BRASIL, 1999, p. 1).

Incluem-se nas adições, conforme preceitua o parágrafo único do art.


249, do RIR/99 (BRASIL, 1999) e art. 38, da IN SRF, nº 390, de 2004
(BRASIL, 2004):

• ressalvadas as disposições especiais, as quantias tiradas dos


lucros ou de quaisquer fundos ainda não tributados para aumento
do capital, para distribuição de quaisquer interesses ou destinadas a
reservas, quaisquer que sejam as designações que tiverem, inclusive
lucros suspensos e lucros acumulados;
• os encargos de depreciação, apropriados contabilmente, correspon-
dentes ao bem já integralmente depreciado em virtude de gozo de
incentivos fiscais previstos na legislação, a partir do momento em
que a depreciação utilizada via LALUR atingir 100% do custo de
aquisição do bem;

SAIBA MAIS

Depreciação de Bens do Ativo Imobilizado – Dedutibilidade – art. 305


RIR/99 (BRASIL, 1999)

A quota de depreciação é considerada dedutível a partir da data em que o


bem é instalado, posto em serviço ou em condições de produzir.
UNIUBE 139

Somente será permitida depreciação de bens móveis e imóveis intrinse-


camente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e
serviços.

Em qualquer hipótese, o montante acumulado das quotas de depreciação


não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem.

A Secretaria da Receita Federal, através da IN SRF nº 162, de 1998, fixou


o prazo de vida útil e a taxa de depreciação da maioria dos bens utilizados
pelas pessoas jurídicas em seu ativo imobilizado.

É facultado ao contribuinte o direito de aplicar diferentes taxas de deprecia-


ção, adequando-se a quota efetivamente às condições de depreciação de
seus bens, desde que faça a prova dessa adequação.

Havendo dúvidas, a pessoa jurídica ou a autoridade lançadora do imposto


poderá requerer perícia ao Instituto Nacional de Tecnologia, ou de outra
entidade oficial de pesquisa científica ou tecnológica.

Quando o registro do imobilizado for feito por conjunto de instalação ou


equipamentos, sem especificação suficiente para permitir aplicar as
diferentes taxas de depreciação de acordo com a natureza do bem, e o
contribuinte não tiver elementos para justificar as taxas médias adotadas
para o conjunto, será obrigado a utilizar as taxas aplicáveis aos bens de
maior vida útil que integrem o conjunto.

Depreciação Acelerada Contábil

A depreciação acelerada contábil é reconhecida e registrada contabilmente,


relativa à diminuição acelerada do valor dos bens móveis, resultante do
desgaste pelo uso em regime de operação superior ao normal, calculada
com base no número de horas diárias de operação.
140 UNIUBE

Em relação aos bens móveis, poderão ser adotados, em função do número


de horas diárias de operação, os seguintes coeficientes de depreciação
acelerada, conforme artigo 312, do RIR/99:

I. para um turno de 8 horas de operação, coeficiente de 1,0;


II. para dois turnos de 8 horas de operação, coeficiente de 1,5;
III. para três turnos de 8 horas de operação, coeficiente de 2,0.

Esse encargo será registrado na escrituração comercial e não no LALUR.

É importante ressaltar que o teste de recuperabilidade dos bens do ativo


imobilizado, previsto no § 3º do art. 183, da Lei nº 6.404/76, não deve gerar
efeitos para fins de apuração do lucro real da pessoa jurídica, de acordo com
o Parecer Normativo RFB nº 1/2011 (BRASIL, 2011b).

• as despesas com alimentação de sócios, acionistas e administra-


dores, salvo se esses valores forem tributados como remuneração
indireta na pessoa física;
• as contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a
custear seguros e planos de saúde, e benefícios complementares
assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos
empregados e dirigentes da pessoa jurídica;
• as despesas com brindes;
• importâncias declaradas como pagas ou creditadas a título de
comissões, bonificações, gratificações ou semelhantes, quando não
for indicada a operação ou a causa que deu origem ao rendimento
e quando o comprovante do pagamento não individualizar o
beneficiário do rendimento;
• resultado negativo da avaliação, pela equivalência patrimonial, de
participações societárias em sociedades coligadas, controladas e
em sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam
sob controle comum, sobre cuja administração tenha influência
significativa, ou de que participe com 20% ou mais do capital votante;
UNIUBE 141

• os juros, relativos a empréstimos, pagos ou creditados a empresa


controlada ou coligada, independente do local de seu domicílio,
incidentes sobre valor equivalente aos lucros não disponibilizados
por empresas controladas, domiciliadas no exterior;
• a parcela da soma das despesas com contribuições para entidades
de previdência privada e com contribuições para o Fundo de
Aposentadoria Programada Individual (Fapi), cujo ônus seja da
pessoa jurídica, que exceder ao limite de 20% do total dos salários
dos empregados e da remuneração dos dirigentes da empresa,
vinculados ao referido plano, de acordo com o art. 361, § 1º e 2º do
RIR/99 (BRASIL, 1999);
• depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, im-
postos, taxas, seguros, contraprestações de arrendamento mercantil
e aluguel de bens, móveis ou imóveis, não relacionados intrinse-
camente com a produção ou com a comercialização dos bens e
serviços;
• contrapartida da constituição de provisões, com exceção das
provisões relativas às férias e 13º salário de empregados; e para
reservas técnicas das companhias de seguro e de capitalização,
bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição
é exigida pela legislação especial a elas aplicável;
• multas. Entretanto, são indedutíveis as multas por infrações fiscais
e transgressões às normas de natureza não tributada. Em relação
às infrações fiscais não consideramos indedutíveis as de natureza
compensatória (multas de mora) e as impostas por infrações de que
não resulte falta ou insuficiência de pagamento de tributo. Quanto às
transgressões consideramos as normas de natureza não tributada,
tais como as previstas em leis administrativas (como por exemplo:
de trânsito, de vigilância sanitária, de controle de poluição ambiental,
trabalhistas etc.);
• as doações, exceto as referidas como DEDUTÍVEIS;
142 UNIUBE

SAIBA MAIS

Doações Dedutíveis

Todas as doações em regra geral são indedutíveis, com exceção das


descritas na Lei nº 9.249/95, artigo 13º, §2º, que poderão deduzir o lucro real:
I – as efetuadas às instituições de ensino e pesquisa
cuja criação tenha sido autorizada por lei federal e
que preencham os requisitos dos incisos I e II do art.
213 da Constituição, até o limite de um e meio por
cento do lucro operacional, antes de computada a
sua dedução;
II – as doações, até o limite de dois por cento do
lucro operacional da pessoa jurídica, antes de
computada a sua dedução, efetuadas a entidades
civis, legalmente constituídas no Brasil, sem fins
lucrativos, que prestem serviços gratuitos em benefí-
cio de empregados da pessoa jurídica doadora e
respectivos dependentes (ex.: grêmios e associa-
ções para empregados), ou em benefício da comuni-
dade onde atuem. A entidade civil beneficiária das
doações deverão ainda ser reconhecidas como
de utilidade pública (CNAS) ou de OSCIP renova-
da anualmente pelo órgão competente da União,
mediante ato formal (BRASIL, 1995).

• tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa, em virtu-


de de: depósito do seu montante integral; reclamações e os recursos
em processo tributário administrativo; concessão de medida liminar
em mandado de segurança e concessão de medida liminar ou de
tutela antecipada em outras espécies de ação judicial;
• prejuízos e perdas em operações realizadas no exterior, exceto
prejuízo em operações a termo ou de futuro realizadas diretamente
pela empresa brasileira em bolsas no exterior, caracterizadas como
de cobertura "hedge";
• parcela do custo de bens, serviços e direitos adquiridos no exterior,
de pessoas físicas ou jurídicas vinculadas à empresa adquirente
ou residentes ou domiciliadas em país que não tribute a renda ou
que a tribute à alíquota máxima inferior a 20% ("paraíso fiscal"),
que exceder o valor apurado de acordo com as regras de preços de
transferência;
UNIUBE 143

• parcela da depreciação ou amortização de bens e direitos adquiridos


no exterior das pessoas referidas anteriormente, calculada sobre
a parcela do custo de aquisição dos bens que exceder o valor
determinado de acordo com as regras de preços de transferência;
• parcela da receita de exportações realizadas com pessoas vincula-
das ou domiciliadas em país que não tribute a renda ou a tribute à
alíquota máxima inferior a 20% ("paraíso fiscal"), determinada se-
gundo as normas sobre preços de transferência, que exceder o valor
apropriado na escrituração da empresa no Brasil;
• juros remuneratórios do capital próprio que excederem os limites de
dedutibilidade ou houverem sido contabilizados sem observância
das respectivas normas.

SAIBA MAIS

Juros sobre o Capital Próprio

As empresas poderão deduzir, para efeitos de apuração do lucro real e


da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, os juros pagos
ou creditados a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do
capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados
à variação, pro rata die, da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), conforme
apresentado no Quadro 1 a seguir.

Quadro 1: Composição do Patrimônio Líquido


Capital Social
Capital Subscrito
(–) Capital a Integralizar
Reservas de Capital
Ágio na Emissão de Ações
Ajustes de Avaliação Patrimonial
Decorrentes de Instrumentos financeiros
Reservas de Lucros
Reserva Legal
Reserva Estatutária
Reserva para Contingência
Reserva Orçamentária
Reserva de Lucros a Realizar
(–) Ações em tesouraria
(–) Prejuízos Acumulados
144 UNIUBE

Na determinação da base de cálculo dos juros sobre o capital próprio, não


devem ser considerados, salvo se forem adicionados na determinação do
lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro, os
seguintes valores:

• reserva de reavaliação de bens e direitos


Reservas de Reavaliação
da pessoa jurídica;
A Legislação Societária,
• reserva especial relativa à correção por força do artigo 182, §
monetária facultativa de bens do Ativo 3º, da Lei 6.404/76, admitia
até 31 de dezembro
Imobilizado. (BRASIL, 1999, art. 460); de 2007 a reavaliação
dos elementos do Ativo.
• parcela ainda não realizada (não Agora, por força da Lei
computada na apuração do lucro real) nº 11.638/2007 e da Lei
11.941/2009, a conta de
da reserva de reavaliação de imóveis Reserva de Reavaliação
integrante do Ativo Não Circulante, e de deixou de existir. Os
eventuais saldos existentes
patentes ou direitos de exploração de nesta conta devem ser
patentes, que tenha sido incorporada mantidos até sua efetiva
realização ou estornados.
ao capital social.

Também não deve ser considerado como integrante do Patrimônio Líquido,


para efeito de cálculos dos juros remuneratórios do capital próprio, o lucro
do próprio período de apuração.

Dedutibilidade dos Juros

As pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real, observado o regime de


competência, poderão considerar os juros pagos ou creditados sobre o
capital próprio como dedutíveis. Para fins de dedutibilidade existem dois
critérios que devem ser observados, limitando-se ao maior valor entre:

• 50% do lucro líquido do período de apuração antes da dedução desses


juros, após a dedução da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e
antes da provisão para o imposto de renda IRPJ;
• 50% do somatório dos lucros acumulados e reservas de lucros.
UNIUBE 145

Exemplo de Cálculo dos Juros

A Tabela 1 a seguir apresenta informações de uma empresa que poderá


contabilizar como despesa financeira dedutível em 31/12/2011, o valor de R$
7.500,00 relativos aos Juros sobre o Capital Próprio, visto que não excedeu
o maior limite de R$ 15.000,00. No Quadro 2, você visualizará a respectiva
contabilização.

Tabela 1: Cálculo de juros de uma empresa


PATRIMÔNIO LIQUIDO $
Capital Social 100.000,00
Reserva de Reavaliação 50.000,00
Reserva de Lucros 30.000,00
Total Patrimônio Liquido 180.000,00

Lucro do Exercício de 2011, antes dos juros s/ capital próprio 13.000,00

Taxa anual – TJLP 5%

Demonstrativo do Cálculo
(+) Total Patrimônio Líquido 180.000,00
(–) Reserva de Reavaliação (50.000,00)

(=) Base de Cálculo 150.000,00

Alíquota 5%
Valor dos Juros sobre Capital Próprio 7.500,00

Limite de Dedutibilidade
Maior valor de:
50% Lucro do Exercício (13.000 x 50%) 6.500,00
Ou
50% Lucros Acumulados ou Reserva de Lucros (30.000 x 50%) 15.000,00

Valor Dedutível a ser contabilizado 7.500,00


146 UNIUBE

Quadro 2: Contabilização
Data Conta Contábil Histórico Débito Crédito
Despesas Valor juros s/
Financeiras – capital próprio
31/12/2011
Juros s/ capital ref exercício R$ 7.500,00
próprio de 2011.

Vlr juros s/
Juros Cap. Prop
capital próprio
a Pagar – sócio
31/12/2011 ref exercício de
A – Passivo R$ 3.750,00
2011 a pagar
Circulante
p/ sócio A.
Vlr juros s/
Juros Cap. Prop
capital próprio
a Pagar – sócio
31/12/2011 ref exercício de R$ 3.750,00
B – Passivo
2011 a pagar
Circulante
p/ sócio B.

• encargos financeiros incidentes sobre débitos vencidos e não pagos,


incorridos a partir da data da citação inicial em ação de cobrança
ajuizada pela empresa credora.

b) Exclusões ao lucro líquido aplicáveis ao IRPJ e à CSLL

Na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, poderão


ser excluídos do lucro líquido do período de apuração:

• os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação e que não


tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período
de apuração;
• os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores
incluídos na apuração do lucro líquido que não sejam computados
no lucro real. Como, por exemplo, os dividendos recebidos e o
resultado positivo relativo à equivalência patrimonial.
UNIUBE 147

Também poderão ser excluídos:

• os rendimentos e ganhos de capital nas transferências de imóveis


desapropriados para fins de reforma agrária, quando auferidos pelo
desapropriado;
• resultado positivo da avaliação, pela equivalência patrimonial, de
participações societárias em sociedades coligadas, controladas e
em sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam
sob controle comum, sobre cuja administração tenha influência
significativa, ou de que participe com 20% ou mais do capital votante;
• lucros e dividendos recebidos de participações societárias não
sujeitas à avaliação pela equivalência patrimonial;
• parcela do lucro de empreitada ou fornecimento de bens ou serviços
contratados com pessoa jurídica de direito público ou empresa
sob seu controle, empresa pública, sociedade de economia mista
ou sua subsidiária, proporcional ao valor das receitas desses
contratos computadas no resultado e não recebidas até a data de
encerramento do período-base, observadas as condições previstas
em legislação específica;
• provisões indedutíveis adicionadas ao lucro líquido em período de
apuração anterior que, no período base, tenham sido utilizadas para
absorver despesas dedutíveis realizadas, ou tenham sido revertidas
a crédito de conta de resultado;
• resultado positivo das atividades econômicas de proveito comum,
sem fins lucrativos, realizadas pelas sociedades cooperativas
que obedecerem a legislação específica, exceto cooperativas de
consumo que tenham por objeto a compra e o fornecimento de bens
aos consumidores, associados ou não (não se aplica esta exceção
às cooperativas mistas;
• encargos financeiros incidentes sobre créditos vencidos e não
recebidos, auferidos após decorridos 2 meses do vencimento do
crédito, observadas as condições previstas na legislação;
• encargos financeiros incidentes sobre débito vencido e não pago
(incorridos a partir da data da citação inicial em ação de cobrança
ajuizada pela empresa credora) que hajam sido adicionados ao lucro
líquido de período de apuração anterior, caso o débito tenha sido
liquidado no período base.
148 UNIUBE

c) Adições ao lucro líquido aplicáveis somente ao IRPJ

Algumas adições devem ser realizadas somente na apuração da base


de cálculo do IRPJ, sendo, portanto dedutíveis na apuração da base de
cálculo da CSLL, de acordo com o regulamento do imposto de renda.

Portanto, incluem-se nas adições, de acordo com art. 249 do RIR/99


(BRASIL, 1999):

• os pagamentos efetuados à sociedade civil de prestação de


serviços de profissão regulamentada quando esta for controlada,
direta ou indiretamente, por pessoas físicas que sejam diretores,
gerentes, controladores da pessoa jurídica que pagar ou creditar os
rendimentos, bem como pelo cônjuge ou parente de primeiro grau
das referidas pessoas (pai, mãe, filho(a), sogro(a), genro ou nora);

SAIBA MAIS

Pagamento a Pessoa Vinculada


Conforme dispõe o art. 302 do RIR/99 (BRASIL, 1999), os pagamentos,
de qualquer natureza, a titular, sócio ou dirigente da pessoa jurídica, ou a
parente dos mesmos, poderão ser impugnados pela autoridade lançadora,
se o contribuinte não provar:

I. no caso de compensação por trabalho assalariado, autônomo ou profis-


sional, a prestação efetiva dos serviços;
II. no caso de outros rendimentos ou pagamentos, a origem e a efetividade
da operação ou transação.

Incluem-se entre os pagamentos as despesas feitas, direta ou indiretamente,


pelas empresas, com viagens ao exterior, equiparando-se os gerentes a
dirigentes de firma ou sociedade.
UNIUBE 149

• gratificações ou participações no resultado,


Day-trade
atribuídas aos dirigentes ou administradores
da pessoa jurídica; De acordo com o
art. 8º da Lei nº
• as perdas incorridas em operações iniciadas 9.959/2000 (BRASIL,
2000), é considerado
e encerradas no mesmo dia (day-trade), day-trade a operação
realizadas em mercado de renda fixa ou ou a conjugação de
operações iniciadas
variável, exceto as apuradas por instituição e encerradas em
financeira, sociedade de seguro, de previ- um mesmo dia,
com o mesmo
dência e de capitalização, sociedade corre- ativo, em uma
tora de títulos, valores mobiliários e câmbio, mesma instituição
intermediadora, em
sociedade distribuidora de títulos e valores que a quantidade
mobiliários ou sociedade de arrendamento negociada tenha sido
liquidada, total ou
mercantil; parcialmente.
• o valor da contribuição social sobre o lucro Swap
líquido (CSLL), registrado como despesa
A palavra inglesa
operacional; swap significa
“troca”, ou seja,
• as perdas apuradas nas operações realizadas é um instrumento
nos mercados de renda variável e de swap, financeiro muito
utilizado por
que excederem os ganhos auferidos nas mes- empresas, bancos
mas operações (exceto perdas decorrentes de e instituições
financeiras, onde
operações de cobertura – hedge); elas trocam fluxos
de caixa indexados
• a remuneração indireta de administradores, a uma variável
diretos, gerentes e seus assessores, do mercado,
conforme critérios
quando não identificados e individualizados preestabelecidos.
os beneficiários, bem como o imposto de
renda retido na fonte incidente sobre essa
remuneração, devem ser adicionados para fins de IRPJ;
• prejuízo na alienação ou baixa de investimentos adquiridos mediante
incentivo fiscal de dedução do Imposto de Renda;
• o prejuízo por desfalque, apropriação indébita ou furto, praticados
por empregados ou terceiros, se não houver sido instaurado inquérito
administrativo nos termos da legislação trabalhista ou apresentada
queixa perante a autoridade policial;
• os prejuízos havidos em virtude de alienação de ações, títulos ou
quotas de capital, com deságio superior a 10% dos respectivos
valores de aquisição, salvo se a venda houver sido realizada em
bolsa de valores ou, através de leilão público;
150 UNIUBE

• a parcela, realizada no período base, do saldo do lucro inflacionário


a tributar;
• a parcela do ganho de capital auferido na alienação de bens do
Ativo Não Circulante, na venda a longo prazo, realizada em período
de apuração anterior, cuja tributação tenha sido diferida para fins
de determinação do lucro real, proporcional à parcela do preço da
alienação recebida no período base.

d) Exclusões ao lucro líquido aplicáveis somente ao IRPJ

Poderão ser excluídos do lucro líquido, para determinação do lucro real,


os seguintes valores:

• a parcela das perdas adicionadas relativas às perdas nas apurações


de swap, a qual poderá, nos períodos de apuração subsequentes,
ser excluída do lucro real até o limite correspondente à diferença
positiva entre os ganhos e perdas decorrentes das operações
realizadas nos mercados de renda variável e operações de swap;
• o ganho de capital auferido na alienação de bens do ativo não circulante
realizada no período base (venda a longo prazo), cujo preço deva
ser recebido, no todo ou em parte, após o término do ano calendário
subsequente ao da contratação, se houver diferimento da tributação;
• o valor dos investimentos em atividades audiovisuais, observada a
legislação específica;
• o valor adicionado ao lucro líquido e registrado na Parte “B” do
Lalur em período de apuração anterior, relativo à amortização de
ágio pago na aquisição de participações societárias permanentes,
avaliadas pela equivalência patrimonial, que tenham sido alienadas
ou liquidadas no período base;
• valor controlado na Parte “B” do Lalur, corrigido monetariamente até
31.12.1995, relativo a tributos e contribuições adicionados ao lucro
real dos anos calendários de 1993 e 1994 que tenham sido pagos
no período base.
UNIUBE 151

e) Adição ao lucro líquido aplicável somente à CSLL

A única adição exclusiva da CSLL refere-se às despesas de depreciação,


amortização e exaustão, bem como a parcela do custo do bem baixado
a qualquer título, correspondente à correção monetária complementar
pela diferença IPC/BTNF, de 1990.

f) Exclusões ao lucro líquido aplicáveis somente à CSLL

Corroborando o artigo 39 da IN SRF nº 390/2004, poderão ser excluídos


do lucro líquido do período de apuração:

• os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação da CSLL e


que não tenham sido deduzidos na apuração do lucro líquido;
• os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores
incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com essa
mesma legislação, não devam ser computados na determinação do
resultado ajustado.

g) Compensação de prejuízos fiscais

A legislação do imposto de renda, através do artigo 509, do RIR/99


permite à pessoa jurídica reduzir o lucro real apurado no período-base
mediante compensação de prejuízos fiscais apurados em períodos
anteriores, trimestrais ou anuais. O prejuízo compensável é o apurado
na demonstração do lucro real e registrado no LALUR.

A compensação poderá ser total ou parcial, em um ou mais períodos de


apuração, à opção do contribuinte, observado o limite de 30% do lucro
líquido ajustado.
152 UNIUBE

Assim se a empresa teve prejuízos em anos anteriores de R$ 150.000,00


e no ano apurou lucro de R$ 110.000,00, poderá compensar apenas
30% do lucro, deste ano, ou seja compensa apenas R$ 33.000,00 do
prejuízo fiscal anterior, devendo pagar IRPJ e CSSL sobre R$ 77.000,00
(R$ 110.000,00 – R$ 33.000,00).

A pessoa jurídica não poderá compensar seus próprios prejuízos


fiscais se entre a data da apuração e da compensação houver ocorrido,
cumulativamente, modificação de seu controle societário e do ramo de
atividade.

Havendo incorporação, fusão ou cisão, a pessoa jurídica sucessora


não poderá compensar prejuízos da sucedida. Exceto nos casos de
cisão parcial, em que a pessoa jurídica cindida poderá compensar os
seus próprios prejuízos, proporcionalmente à parcela remanescente do
patrimônio líquido.

O prejuízo apurado pela pessoa jurídica que explorar atividade rural


poderá ser compensado com o resultado positivo obtido em períodos de
apuração posteriores, não aplicando-lhe o limite de 30%.

4.2.1.2 Exemplo prático de cálculo do Lucro Real trimestral

Considerando que a pessoa jurídica apurou no encerramento do trimes-


tre, prejuízo contábil de R$ 15.000,00, em virtude de suas operações
comerciais. As despesas e custos não dedutíveis e as exclusões do
período, após análise, importaram em R$ 90.000,00 e R$ 6.000,00,
respectivamente. E ainda, a pessoa jurídica tem um prejuízo acumulado
de períodos anteriores de R$ 8.000,00.

O Quadro 3 a seguir apresenta a apuração da base de cálculo do lucro


real trimestral:
UNIUBE 153

Quadro 3: Apuração da base de cálculo (lucro real trimestral)

1. Lucro líquido contábil antes do IRPJ (R$ 15.000,00)

2. (+) Adições R$ 90.000,00

3. (–) Exclusões (R$ 6.000,00)

4. (=) Lucro Ajustado R$ 69.000,00

5. (–) Compensações de Prejuízos Fiscais (R$ 8.000,00)

6. (=) LUCRO REAL TRIMESTRAL R$ 61.000,00

4.2.2 Lucro real anual – pagamento por estimativa mensal

A opção pela tributação do lucro real anual implica em recolhimentos


mensais, seja por meio de estimativas, ou ainda, por balanços e
balancetes de suspensão ou redução do imposto. O imposto calculado
por estimativa mensal vence no último dia útil do mês seguinte ao do
fato gerador.

Vejamos, a seguir, como deverão ser os cálculos do Imposto de renda e


a Contribuição Social, através da estimativa mensal.

4.2.2.1 Determinação da base de cálculo do Imposto de Renda (IRPJ)

A base de cálculo do imposto de renda é determinada a partir da


aplicação de um percentual sobre a receita bruta do mês, acrescidos
dos ganhos de capital e demais receitas. Os percentuais aplicáveis sobre
a receita bruta, para cálculo do imposto de renda, variam de acordo com
a atividade da pessoa jurídica e consta no artigo 15 da Lei nº 9.249/95
(BRASIL, 1995).

Observem no Quadro 4 a seguir os percentuais aplicáveis, para


determinação da base de cálculo do imposto de renda.
154 UNIUBE

Quadro 4: IRPJ – Percentuais aplicáveis sobre a receita bruta

Percentual Ramo de atividade

Receita bruta auferida na revenda, para consumo, de combustível


1,60%
derivado de petróleo e álcool etílico hidratado para fins carburantes;

receita bruta auferida nas atividades comerciais, industriais, transporte


de carga, serviços hospitalares, venda de unidades imobilárias, obras
por empreitada com fornecimento de material, venda de produtos
8%
rurais, industrialização quando a matéria-prima, produto intermediário
e material de embalagem forem fornecidos pelo encomendante e
outras não mencionadas nos demais percentuais;

a partir de 1o de janeiro de 2009, com base no art 29 da Lei no


11.727/2008, os seguintes serviços deixaram de ter a sua base de
cálculo apurada pelo percentual de 32% e passaram para 8%: serviços
de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia,
8%
anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises
e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda as normas
da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária);

entidades financeiras e assemelhadas, empresas de arrendamento


mercantil, seguradoras, cooperativas de crédito, entidades de
previdência privada aberta; transporte de passageiros; exclusivamente
16% prestadoras de serviços com receita bruta anual inferior a R$
120.000,00, exceto no caso de transporte de cargas, serviços
hospitalares e sociedades civis de prestação de serviços legalmente
regulamentada;

prestação de serviços, pelas sociedades civis, relativa ao exercício


de profissão legalmente regulamentada; intermediação de negócios;
administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e
direitos de qualquer natureza; construção por administração ou por
empreitada, unicamente de mão de obra; prestação cumulativa
32%
e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,
gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar
e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas
mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); prestação
de serviços de qualquer outra espécie não mencionada anteriormente.
UNIUBE 155

Serão acrescidos à base de cálculo estimada e tributada diretamente em


15%, os ganhos de capital e demais receitas e resultados positivos não
integrantes da receita bruta mensal, como por exemplo:

a) rendimentos auferidos em operações de mútuo realizadas entre


pessoas jurídicas controladoras, controladas coligadas ou interligadas;
b) ganhos de capital na alienação de bens e direitos do ativo imobilizado;
c) receita de locação de imóvel, quando não constar no contrato social,
podendo ser deduzidas as despesas necessárias à percepção do
rendimento;
d) juros recebidos;
e) descontos obtidos;
f) variações monetárias ativas.

Não deverão ser incluídos na base de cálculo do imposto de renda,


os rendimentos produzidos por aplicações financeiras de renda fixa e
variável, lucros e dividendos recebidos lançados como receita, resultado
positivo da avaliação de investimentos pela equivalência patrimonial,
recuperações de créditos que não representem ingresso de novas
receitas, reversão de provisões anteriormente constituídas e os juros
remuneratórios do capital próprio.

4.2.2.2 Determinação da base de cálculo da Contribuição Social


sobre o lucro

A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido devida


pelas empresas tributadas com base no lucro real, com recolhimentos
por estimativa mensal, corresponderá a:

• 12% da receita bruta mensal de vendas de mercadorias e/ou


produtos; serviços de transporte de cargas, de passageiros, serviços
hospitalares; serviços de auxílio diagnóstico e terapia, patologia
clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina
156 UNIUBE

nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora


destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade
empresária e atenda as normas da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA);
• 32% da receita bruta, para as pessoas jurídicas que desempenham
atividades de prestação de serviços, pelas sociedades civis,
relativas ao exercício de profissão legalmente regulamentada;
intermediação de negócios; administração, locação ou cessão de
bens imóveis, móveis e direito de qualquer natureza; construção
por administração ou por empreitada, unicamente de mão de obra;
prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia,
mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração
de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios
resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços
(factoring); demais serviços não especificados anteriormente.

Serão acrescidos a base de cálculo estimada, os ganhos de capital,


os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras,
as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas
não abrangidas na atividade da empresa e demais valores auferidos na
mesma competência. Como por exemplo, temos:

a) os rendimentos auferidos em operações de mútuo realizadas


entre pessoas jurídicas controladoras, controladas coligadas ou
interligadas;
b) as receitas de locação de imóvel, quando não constar no contrato
social, podendo ser deduzidas as despesas necessárias à percep-
ção do rendimento;
c) os juros auferidos;
d) os descontos obtidos;
e) os ganhos de capital na alienação de bens e direitos do ativo imobili-
zado;
f) os rendimentos de aplicações financeiras em geral (renda fixa e
variável);
g) as variações monetárias ativas.
UNIUBE 157

Não deverão ser acrescidos a base de cálculo da contribuição social


sobre o lucro líquido, as recuperações de créditos que não representem
o ingresso de novas receitas, reversão do saldo de provisões constituídas
anteriormente, lucros e dividendos recebidos lançados como receita e
ganhos com equivalência patrimonial.

4.2.2.3 Lucro real anual – pagamento mediante balanços ou


balancetes de suspensão e redução do imposto

A empresa que estiver efetuando os recolhimentos do imposto de renda


e da contribuição social sobre o lucro líquido por estimativa, poderá
suspender ou reduzir o pagamento dos tributos devidos em cada mês,
desde que demonstre por meio de balanços ou balancetes mensais
acumulados que o valor acumulado já pago excede ao valor do imposto,
inclusive com o adicional, bem como da contribuição social calculada com
base no lucro real do período em curso, da seguinte forma:

a) Redução: A redução ocorre quando a empresa, em um determinado


mês, demonstra que o valor apurado do imposto menos o valor já pago
durante o período acumulado é inferior ao cálculo pela estimativa como
base na receita, conforme apresentado no exemplo do Quadro 4.

EXEMPLIFICANDO!

No mês de junho, a forma mais viável é a opção pelo pagamento com base
no balancete de redução de janeiro a junho, apesar de apurar R$ 60.000,00
de imposto, serão deduzidos os tributos já pagos, retidos ou compensados
nos respectivos meses (R$ 25.000,00), restando saldo a pagar de apenas
R$ 35.000,00. Sendo que o recolhimento com base na receita bruta custaria
para a empresa R$ 50.000,00, pois os valores pagos nos meses anteriores
não podem ser deduzidos, por não comporem a base de cálculo do mês.
Esse estudo deve ser feito a cada mês do ano (Quadro 5).
158 UNIUBE

Quadro 5: Pagamento mediante redução do imposto


Valor do imposto devido com base nos percentuais aplicados
= R$ 50.000,00
sobre a receita no mês de junho
Valor do imposto apurado com base no balancete acumulado
= R$ 60.000,00
de jan a jun.
Valor do imposto pago, retido ou compensado de jan a jun = R$ 25.000,00
Saldo a pagar no mês de junho (60.000,00 – 25.000,00) = R$ 35.000,00
Se a empresa optar pelo balancete de redução haverá um desembolso de apenas
R$ 35.000,00, ao invés de R$ 50.000,00.

O balancete utilizado para suspender ou reduzir o imposto deverá ser


transcrito no livro diário e no LALUR.

b) Suspensão: a suspensão do recolhimento do imposto ocorre quando


a empresa demonstra através de balancete que, em um determinado
mês, o resultado acumulado de janeiro até esse mês, resultou em
prejuízo fiscal, inexistindo imposto a pagar, como apresentado no Quadro
6 a seguir:

Quadro 6: Pagamento mediante suspensão do imposto


Prejuízo contábil de R$ 150.320,00, conforme balancete
contábil levantado em 30/jun. (resultado acumulado de janeiro = (R$ 150.320,00)
a junho)
Adições ao Lucro Real = R$ 30.150,00
Prejuízo Fiscal (R$ 150.320,00 – R$ 30.150,00) = (R$ 120.170,00)

Como houve prejuízo fiscal no mês de junho (resultado acumulado de janeiro a junho),
não há IRPJ nem CSSL a recolher neste mês, sendo necessário apenas a transcrição
do prejuízo no LALUR e manter balancete no Diário Contábil, comprovando o
resultado.
UNIUBE 159

A outra forma de suspensão do recolhimento do imposto e da contribuição


social ocorre quando a empresa demonstra através de balancete, com
resultado acumulado, que os valores pagos nos meses anteriores são
superiores ao valor do imposto apurado nesse mês, como veremos a
seguir:

Por exemplo, no balancete do mês julho, que contempla o resultado


acumulado de janeiro a julho, apurou-se um imposto a pagar de R$
65.000,00, porém nos meses de janeiro a junho a empresa já recolheu
imposto no valor de R$ 70.000,00, ou seja, R$ 5.000,00 a mais do que o
devido, com isso poderá suspender o pagamento em julho.

O mesmo critério adotado para o cálculo do imposto de renda


deverá ser também adotado para a Contribuição Social sobre o
Lucro, por isso deve ser analisada a melhor alternativa calculando
os dois tributos.

4.3 Alíquota do IRPJ

O imposto de renda devido sobre a base de cálculo determinada pelo


lucro real trimestral ou anual, será calculado mediante a aplicação da
alíquota de 15%.

Sobre a parcela da base de cálculo, que exceder a R$ 20.000,00 no mês


ou R$ 60.000,00 no trimestre, ou ainda R$ 240.000,00 no ano, ficará
sujeita ao adicional do imposto de renda, à alíquota de 10%.

Do valor do imposto devido, poderão ser deduzidos:

• o IR fonte pago ou retido sobre as receitas que integrarem a base


de cálculo, inclusive relativos a órgãos públicos;
• incentivos relativos a: PAT, atividades audiovisual, atividades culturais
ou artísticas; doações aos fundos da criança e do adolescente;
atividades de caráter desportivo; fundo nacional do idoso.
160 UNIUBE

4.4 Alíquota da CSLL

Sobre a base de cálculo determinada pelo lucro real trimestral ou anual


para cálculo da contribuição social, será aplicada a alíquota de:

• 9% para as empresas em geral, inclusive as entidades financeiras


e assemelhadas, de acordo com o art. 37, da Lei nº 10.636/2002
(BRASIL, 2002), a partir de janeiro de 2003.

SAIBA MAIS

São entidades financeiras e assemelhadas:


Bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento,
caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimentos,
sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de
títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, coopera-
tivas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes
autônomos de seguros privados e de crédito, entidades de previdência
privada abertas e fechadas e as sociedades corretoras de seguro.

• 15% para as empresas a seguir citadas, a partir de maio de 2008,


por meio da Lei nº 11.727/2008, art. 17 (BRASIL, 2008):
a) Seguros privados;
b) Capitalização;
c) Os bancos de qualquer espécie;
d) Distribuidoras de valores mobiliários;
e) Corretoras de câmbio e de valores mobiliários;
f) Sociedades de crédito, financiamento e investimento;
g) Sociedades de crédito imobiliário;
h) Administradoras de cartões de crédito;
i) Sociedades de arrendamento mercantil;
j) Administradoras de mercado de balcão organizado;
k) Cooperativas de crédito;
UNIUBE 161

l) Associações de poupança e empréstimo;


m) Bolsas de valores e de mercadorias e futuros;
n) Entidades de liquidação e compensação.

4.5 Exemplo prático de cálculo do IRPJ e CSLL sobre o lucro


real tributável

Nas Tabelas 2 e 3 a seguir considerando que a empresa Agatha Comercial


Ltda., apurou a seguinte base de cálculo, teríamos os seguintes:

Tabela 2: Cálculo trimestral do IRPJ


Apuração Trimestral do IRPJ
Lucro líquido contábil antes do IRPJ (R$ 15.000,00)
(+) Adições R$ 90.000,00
(–) Exclusões (R$ 6.000,00)
(=) Lucro Ajustado R$ 69.000,00
(–) Compensações de Prejuízos Fiscais (R$ 8.000,00)
(=) LUCRO REAL R$ 61.000,00
Cálculo do IRPJ
Base de cálculo do IRPJ R$ 61.000,00
(x) Alíquota do IRPJ 15%
(=) Valor do IRPJ devido R$ 9.150,00
Cálculo do AIR (Adicional do IR)
Base de Cálculo AIR (R$ 61.000,00 – R$ 60.000,00) R$ 1.000,00
Valor AIR (R$ 1.000,00 x 10%) R$ 100,00
IRPJ Devido R$ 9.250,00

Tabela 3: Cálculo trimestral da CSLL


Apuração Trimestral da CSLL
Lucro líquido contábil antes do IRPJ (R$ 15.000,00)
(+) Adições R$ 90.000,00
(–) Exclusões (R$ 6.000,00)
(=) Lucro Ajustado R$ 69.000,00
(–) Compensações de Prejuízos Fiscais (R$ 8.000,00)
(=) LUCRO REAL R$ 61.000,00
Cálculo do CSLL
Base de cálculo da CSLL R$ 61.000,00
(x) Alíquota da CSLL 9%
(=) Valor da CSLL devida R$ 5.490,00
162 UNIUBE

4.6 Contabilização do Imposto de Renda e da Contribuição


Social sobre o Lucro

4.6.1 Lucro real trimestral

O valor dos tributos Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre


o Lucro deverá ser contabilizado ao final de cada trimestre, no passivo
circulante. Sendo que no resultado, a despesa com o imposto de renda
e a contribuição social deverão estar consideradas antes de chegar no
lucro líquido do exercício.

Observe atentamente como ficará a contabilização:

a) Valor do IRPJ devido


Débito: Despesa com Imposto de Renda (resultado)
Crédito: Imposto de renda a pagar (Passivo Circulante)

b) Valor da CSLL devida


Débito: Despesa com Contribuição social sobre o lucro (resultado)
Crédito: Contribuição social sobre o lucro a pagar (Passivo Circulante)

c) No momento do recolhimento do IRPJ devido


Débito: Imposto de renda a pagar (Passivo Circulante)
Crédito: Disponibilidade (Ativo Circulante)

d) No momento do recolhimento da CSLL


Débito: Contribuição social sobre o lucro a pagar (Passivo Circulante)
Crédito: Disponibilidade (Ativo Circulante)

4.6.2 Lucro real anual

O recolhimento dos tributos sobre o lucro, através da estimativa, implica


em recolhimentos mensais que são considerados antecipação do
valor dos tributos devidos por ocasião do encerramento do período de
apuração.
UNIUBE 163

Os recolhimentos por estimativa, de acordo com Iudícibus (et al. 2010 p.


332), devem "reduzir o Imposto de renda a pagar, no passivo, pois não
obstante o recolhimento ser por estimativa, a empresa deve reconhecer
o passivo sobre o resultado do período. A opção de recolhimento por
estimativa é fiscal e não altera o conceito contábil".

Assim, os lançamentos contábeis serão realizados da seguinte forma:

4.6.2.1 Com base na estimativa:

a) Pela apuração mensal do imposto de renda:

Débito: Provisão para Imposto de renda (Resultado)


Crédito: Imposto de renda a pagar (Passivo Circulante)

b) Pela apuração mensal da contribuição social:

Débito: Provisão para Contribuição social (Resultado)


Crédito: Contribuição social a pagar (Passivo Circulante)

c) Pelo recolhimento do imposto de renda mensal estimado:

Débito: Imposto de renda estimado (Passivo Circulante – conta


redutora)
Crédito: Disponibilidades (Ativo Circulante)

d) Pelo recolhimento da contribuição social mensal estimada:

Débito: Contribuição social estimada (Passivo Circulante – conta


redutora)
Crédito: Disponibilidades (Ativo Circulante)
164 UNIUBE

4.6.2.2 Com base em balanços ou balancetes de suspensão ou


redução do imposto:

a) Pela apuração mensal do imposto de renda:

Débito: Provisão com Imposto de renda (Resultado)


Crédito: Imposto de renda a pagar (Passivo Circulante)

b) Pela apuração mensal da contribuição social:

Débito: Provisão com Contribuição social (Resultado)


Crédito: Contribuição social a pagar (Passivo Circulante)

c) Pelo recolhimento do imposto de renda:

Débito: Imposto de renda a pagar (Passivo Circulante)


Crédito: Disponibilidades (Ativo Circulante)

d) Pelo recolhimento da contribuição social mensal:

Débito: Contribuição social a pagar (Passivo Circulante)


Crédito: Disponibilidades (Ativo Circulante)

4.6.2.3 No encerramento do período:

No final do período, apuram-se os valores devidos no balanço a título de


IRPJ e CSLL, contabilizando-os em conta do passivo e transferem-se os
saldos das contas de IRPJ por Estimativa e CSLL por Estimativa para
tais contas.

a) Ajuste anual do imposto de renda:

Débito: Imposto de renda a pagar (Passivo Circulante)


Crédito: Imposto de renda estimado (Passivo Circulante – conta redutora)
UNIUBE 165

4.6.2.4 No ajuste anual da contribuição social:

Débito: Contribuição social a pagar (Passivo Circulante)


Crédito: Contribuição social estimada (Passivo Circulante – conta redutora)

Ao final do exercício havendo prejuízo, transferem-se os saldos para


"IRPJ a compensar" e "CSLL a compensar".

Se o montante pago a título de estimativa mensal for superior ao valor


devido de IRPJ e CSLL, transfere-se para a conta de IRPJ a pagar e CSLL
a pagar, somente o valor suficiente para compensar os valores devidos.
A diferença refere-se a "IRPJ a compensar" e "CSLL a compensar".

4.7 Aplicando o conhecimento


Agora, vamos simular o cálculo do imposto de renda e da contribuição
social devidos pela empresa "Moura e Mourão Comércio e Serviços S.A".
Iniciaremos considerando que a empresa seja tributada pelo lucro real
anual, com recolhimentos mensais, através da estimativa.

Observe nas Tabelas 4 e 5 o cálculo do IRPJ e da CSLL, devidos pela


estimativa mensal – JANEIRO.

Tabela 4: Estimativa mensal do IRPJ, no mês de Janeiro/x8


Base de
Imposto de Renda – Estimativa Valores em Percentuais
Cálculo
Mensal – Janeiro R$ de Presunção
R$
Receita de Venda de Produtos 2.390.000,00
(–) IPI (205.100,00)
(–) Devoluções (58.600,00)
(=) Subtotal de Venda de Produtos 2.666.300,00 8,00% 213.304,00
Receita de Venda de Mercadorias 293.000,00 8,00% 23.440,00
Receita de Serviços Prestados 146.500,00 32,00% 46.880,00
166 UNIUBE

ACRÉSCIMOS À BASE DE CÁLCULO


Outras receitas operacionais 5.960,00 100% 5.960,00
Ganho de Capital na venda Ativo
1.720,00 100% 11.720,00
Imobilizado
BASE DE CÁLCULO TOTAL 301.304,00
(x) Alíquota do IRPJ 15%
IRPJ devido 45.195,60
R$ 301.304,00 –
Adicional do IRPJ R$ 20.000,00 = 10% 28.130,40
R$ 281.304,00
IRPJ a Recolher 73.326,00

Tabela 5: Estimativa mensal da CSLL, no mês de Janeiro/x8


Contribuição Social Sobre o Base de
Valores Percentuais
Lucro Líquido – Estimativa Cálculo
em R$ de Presunção
Mensal – Janeiro R$

Receita de Venda de Produtos 2.930.000,00

(–) IPI (205.100,00)

(–) Devoluções (58.600,00)

(=) Subtotal de Venda de Produtos 2.666.300,00 12,00% 319.956,00

Receita de Venda de Mercadorias 293.000,00 12,00% 35.160,00

Receita de Serviços Prestados 146.500,00 32,00% 46.880,00

ACRÉSCIMOS À BASE DE CÁLCULO

Outras receitas operacionais 5.960,00 100% 5.960,00

Ganho de Capital na venda Ativo


11.720,00 100% 11.720,00
Imobilizado
BASE DE CÁLCULO TOTAL 419.676,00
(x) Alíquota de CSLL 9%
CSLL a Recolher 37.770,84
UNIUBE 167

Através do recolhimento mensal obrigatório, na apuração do lucro real


anual, a empresa terá um recolhimento no mês de janeiro/x8 de:

IRPJ = R$ 73.326,00
CSLL = R$ 37.770,84
TOTAL = R$ 111.096,84

Mas, opcionalmente a empresa poderá suspender ou reduzir o pagamen-


to destes tributos, mediante o levantamento do balanço ou balancete de
suspensão.

Analise, com atenção, o balancete do mês de Janeiro, conforme Tabela


6, na qual você poderá observar que neste mês houve prejuízo. Neste
período, tanto o IRPJ como a CSLL podem ter o seu recolhimento
suspenso (Balancete de suspensão), ou seja, não haverá recolhimento
do IRPJ e nem da CSLL.

Para isso, a empresa deverá escriturar no livro diário, o balancete relativo


ao mês de janeiro, bem como, deverá escriturar o LALUR apenas na
parte “A”, onde ficará demonstrado, tanto no livro diário, através do
balancete, como no LALUR que não houve base de cálculo para o IRPJ
e para a CSLL.

Lembramos que a parte “B” do LALUR não deverá ser preenchida.

Além das contas conciliadas, a legislação dispõe que deverá ser mantida
uma listagem dos produtos existentes no estoque, na data do fechamento
do balancete, constando a quantidade física de cada produto, o preço
unitário e o total em Reais do produto ou mercadoria existente. Não é
necessária a escrituração do Livro registro de Inventário, o qual deverá
ser escriturado apenas na data de 31 de dezembro.
168 UNIUBE

A opção, no mês, feita para o IRPJ deverá ser a mesma para a CSLL.
Desta forma, se a opção foi a apuração do IRPJ com base no balancete
de suspensão ou redução, o mesmo critério deverá ser adotado em face
da apuração da CSLL.

Tabela 6: Balancete Contábil – Janeiro/x8

Balancete encerrado em: Saldo 31/01/20x1 em R$

Receita Bruta 3.369.500,00


Venda de Produtos 2.930.000,00
Venda de Mercadorias 293.000,00
Venda de Serviços 146.500,00
Dedução de Receitas (872.319,60)
IPI (205.100,00)
Outros impostos (ICMS, PIS, CONFINS, ISS) (608.619,60)
Devoluções (58.600,00)
Receita Líquida 2.497.180,40
Custos das vendas e serviços (1.758.000,00)
LUCRO BRUTO 739.180,40
Despesas e Receitas Operacionais (830.686,00)
Despesas financeiras (275.420,00)
Despesas c/ vendas (386.760,00)
Despesas gerais e administrativas (181.660,00)
Doações (3.000,00)
Brindes (1.320,00)
Alimentação dos sócios (2.500,00)
Provisões indedutíveis (4.000,00)
Multas de trânsito (1.000,00)
Depreciação veículos sócios (2.861,00)
Resultado da avaliação de investimentos 23.440,00
Dividendos recebidos 16.115,00
Descontos obtidos 5.960,00
Outras despesas operacionais (17.580,00)
Ganho na venda do ativo imobilizado 11.720,00
Resultado operacional (79.685,60)

Lucro/Prejuízo antes IR e CSLL (79.685,60)


UNIUBE 169

Dados complementares extraídos do LALUR

Prejuízos de exercícios anteriores .................................... R$ 1.015.190,00

Considerando que a empresa tenha um saldo de R$ 1.015.190,00


referente prejuízos de exercícios anteriores, os quais serão compensados,
dentro da limitação legal, no exercício seguinte, teríamos a seguinte
demonstração do Lucro real, conforme demonstra a Tabela 7.

Tabela 7: Demonstração do Lucro Real

ESTIMATIVA COM BASE NOS RESULTADOS ACUMULADOS –


JANEIRO/X8
LUCRO REAL ANUAL

Lucro Antes da Contribuição Social e do imposto de Renda (79.685,60)(1)

ADIÇÕES(2)

(+) Doações 3.000,00

(+) Brindes 1.320,00

(+) Alimentação dos sócios 2.500,00

(+) Provisões não dedutíveis 4.000,00

(+) Multas por Infração Fiscal (multas de ofício, trânsito etc.) 1.000,00

(+) Depreciação veículo dos sócios 2.861,00

TOTAL DAS ADIÇÕES 14.681,00

EXCLUSÕES(3)

(–) Resultado Positivo da Equivalência Patrimonial (23.440,00)

(–) Dividendos Recebidos (16.115,00)

TOTAL DAS EXCLUSÕES (39.555,00)

Base de cálculo antes da compensação (4) (104.559,60)


170 UNIUBE

PARADA OBRIGATÓRIA

Detalhamento do cálculo:

(1)
Lucro antes da provisão do IRPJ e da CSLL

Para fins de cálculo do Lucro Real é aconselhável partir do lucro contábil


antes das provisões do IRPJ e da CSLL, pois as mesmas são indedutíveis
e não vão interferir no cálculo.
Prejuízo contábil antes das provisões, conforme balancete..............
(R$ 79.685,60)

(2)
Adições

a) Doações, exceto as expressamente admissíveis como dedutíveis,


conforme a Lei 9.249/95, art. 13, inciso VI (BRASIL, 1995);
Doações feitas a diversas entidades que não são de utilidade
pública, conforme balancete contábil................................R$ 3.000,00

b) Despesas com brindes, conforme a Lei 9 249/95, art. 13, inciso VII
(BRASIL, 1995);
Brindes enviados aos clientes, conforme balancete........R$ 1.320,00

c) Despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores,


ressalvada a hipótese em que são considerados salários indiretos,
conforme a Lei 9.249/95, art. 13, inciso IV (BRASIL, 1995);
Despesas com almoços e jantar dos sócios, conforme balancete.
..............................................................................................................R$ 2.500,00

d) Qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de


empregados e de décimo terceiro salário, conforme a Lei 9 249/95, art.
13, inciso I (BRASIL, 1995);
UNIUBE 171

Diversas provisões, tais como perdas de estoque e outras


contingências, as quais são indedutíveis por não haver previsão
legal no Regulamento do Imposto de Renda, sendo dedutíveis
apenas as provisões de férias e 13º Salário e perdas de estoque de
livros......................................................................................R$ 4.000,00

e) A vedação à dedutibilidade de multas refere-se especificamente às multas


impostas pela legislação tributária, pois diz respeito à dedutibilidade de
multas por infrações fiscais (PN CST nº 61, de 1979, item 6), conforme
DIPJ–2011 nº033 (BRASIL, 2011a).

As multas decorrentes de infração às normas de natureza não


tributária, tais como as decorrentes de leis administrativas, penais,
trabalhistas etc. (como por exemplo: multas de trânsito, multas
trabalhistas etc), embora não se caracterizem como fiscais, são
indedutíveis na determinação do lucro real por não se enquadrarem
no conceito de despesa operacional dedutível para fins do imposto
de renda e não atenderem ao disposto no art. 299 do RIR/1999,
que condiciona a dedutibilidade das despesas a que elas sejam
necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva
fonte produtora. Multas de trânsito conforme balancete....................
R$ 1.000,00

f) Depreciação de carros de luxo, barcos, apartamentos e outros bens


utilizados pela Diretoria da empresa e que não estejam ligados intrinse-
camente com a atividade da empresa, conforme inciso III, art. 13, da Lei
9.249/95 (BRASIL, 1995);
Depreciação do veículo BMW utilizado pelo sócio........ R$ 2.861,00
Valor do veículo R$ 171.660,00 – depreciação anual – 20%
DEPRECIAÇÃO = R$ 171.660,00 x taxa de depreciação: 12 x nº de mês
DEPRECIAÇÃO = R$ 171.660,00 x 20%: 12 x 1
DEPRECIAÇÃO = R$ 34.332,00 : 12 x 1
172 UNIUBE

DEPRECIAÇÃO = R$ 2.861,00 x 1
DEPRECIAÇÃO = R$ 2.861,00

(3)
Exclusões

a) O resultado da equivalência patrimonial, para as empresas com investi-


mentos relevantes, conforme determina a lei, serão excluídos do Lucro
Real.
Resultado da equivalência patrimonial no mês, conforme
balancete...................................................................R$ 23.440,00

b) Os dividendos recebidos das participações em outras empresas serão


excluídos do Lucro Real, conforme o artigo 10, da Lei nº 9.249/95
(BRASIL, 1995).
Dividendos recebidos conforme balancete.....................R$ 16.115,00

(4)
Base de Cálculo antes das compensações do IRPJ e da CSLL
BC = (Lucro antes da CSLL e do IRPJ + Adições – Exclusões)......
......................................................................................... R$ 79.685,60
BC = (R$ 79.685,60) + R$ 14.681,00 – R$ 39.555,00
BC = (R$ 104.559,60) ( prejuízo)

(5)
Cálculo do IRPJ e da CSLL

Não há o cálculo do IRPJ e da CSLL, pois a base de cálculo é negativa.

(6)
Cálculo do adicional do IRPJ – 10%

Não há o cálculo do adicional do IRPJ, pois a base de cálculo do IRPJ é


negativa.

(7)
Cálculo do PAT

Não há o cálculo do PAT, pois a base de cálculo do IRPJ é negativa.


UNIUBE 173

A empresa tributada pelo lucro real deverá escriturar o livro LALUR,


conforme determina o art. 262, do RIR/99 (BRASIL, 1999). Nos casos
em que a empresa levantar balanços, balancetes para fins de suspensão
ou redução do imposto de renda, as adições, exclusões e compensações
deverão ser discriminadas na parte A, do LALUR, conforme demonstra
a Tabela 8 a seguir:

Tabela 8: LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real


PARTE A – REGISTRO DOS AJUSTES DO LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

ADIÇÕES EXCLUSÕES
DATA HISTÓRICO
(R$) (R$)
31/01/20X8 Demonstração do Lucro Real
1. Resultado antes do IRPJ e da CSLL (79.685,60)
2. Adições 14.681,00 14.681,00
2.1 Doações conta – 4122001 3.000,00
2.2 Brindes conta – 4122003 1.320,00
2.3 Alimentação Sócio conta – 4122005 2.500,00

2.4 Provisões não dedutíveis – conta 4122006 4.000,00

2.5 Multas de Trânsito – conta 4122007 1.000,00

2.6 Depreciação veículos sócios – conta 4122008 2.861,00

3. Exclusões (39.555,00) 39.555,00

3.1 Resultado Positivo Equivalência Patrimonial 23.440,00

3.2 Lucros e dividendos distribuídos 16.115,00


4. Prejuízo Fiscal em 31/janeiro/20x8 (104.559,60)

Reconhecemos a exatidão da
presente declaração.

Uberaba-MG, 31 de janeiro de 20x8

João de Deus
Sócio Gerente

Fulano de Tal
Contador – CRC
174 UNIUBE

Vamos continuar nosso exemplo prático, calculando, ainda, o mês de


Fevereiro e Março, através da estimativa mensal, balancetes de suspen-
são/redução e apuração trimestral.

Observem!

Continuando a apuração do Imposto de Renda e da Contribuição Social


sobre o lucro relativo ao mês de Fevereiro. Vejamos nas Tabelas 9 e 10
a seguir como fica o cálculo com base no recolhimento mensal, através
da estimativa.

Tabela 9: Estimativa mensal do IRPJ, no mês de Fevereiro/x8


Percentuais Base de
Imposto de Renda – Estimativa
Valores em R$ de Cálculo
Mensal – Fevereiro
Presunção R$

Receita de Venda de Produtos 2.700.000,00

(–) IPI (270.000,00)

(–) Devoluções (54.000,00)

(=) Subtotal de Venda de Produtos 2.376.000,00 8,00% 190.080,00

Receita de Venda de Mercadorias 270.000,00 8,00% 21.600,00

Receita de Serviços Prestados 135.000,00 32,00% 43.200,00

ACRÉSCIMOS À BASE DE CÁLCULO

Descontos obtidos 5.423,00 100% 5.423,00

BASE DE CÁLCULO TOTAL 260.303,00

(x) Alíquota de CSLL 15%

IRPJ devido 39.045,45

R$ 260.303,00 – R$ 20.000,00
Adicional do IRPJ 10% 24.030,30
= R$ 240.303,00

IRPJ a Recolher 63.075,75


UNIUBE 175

Tabela 10: Estimativa mensal do CSLL, no mês de Fevereiro/x8

Contribuição social sobre Percentuais Base de


Valores
o lucro líquido – Estimativa de Cálculo
em R$
Mensal – Fevereiro Presunção (R$)

Receita de Venda de Produtos 2.700.000,00

(–) IPI (270.000,00)

(–) Devoluções (54.000,00)

(=) Subtotal de Venda de Produtos 2.376.000,00 12,00% 285.120,00

Receita de Venda de Mercadorias 270.000,00 12,00% 32.400,00

Receita de Serviços Prestados 135.000,00 32,00% 43.200,00

ACRÉSCIMOS À BASE DE CÁLCULO

Descontos obtidos 5.423,00 100% 5.423,00

0,00

BASE DE CÁLCULO TOTAL 366.143,00

(x) Alíquota de CSLL 9%

CSLL a Recolher 32.952,87

Recolhendo o imposto pela estimativa Mensal, a empresa teria um


recolhimento total, no mês de fevereiro/x8 de:

IRPJ = R$ 63.075,75
CSLL = R$ 32.952,87
TOTAL = R$ 96.028,62

Levantando o Balancete de suspensão ou redução do imposto, teríamos


a seguinte posição, conforme Tabela 11 a seguir.
176 UNIUBE

Tabela 11: Balancete Contábil Acumulado Fevereiro/x8

Saldo
Saldo Movimentação
Acumulado
Balancete encerrado em: 31/01/20x8 fev/20x8
em 28/02/20x8
(R$) (R$)
(R$)

Receita Bruta 3.369.500,00 3.105.000,00 6.474.500,00


Venda de Produtos 2.930.000,00 2.700.000,00 5.630.000,00
Venda de Mercadorias 293.000,00 270.000,00 563.000,00
Venda de Serviços 146.500,00 135.000,00 281.500,00
Dedução de Receitas (872.319,60) (884.844,00) (1.757.163,60)
IPI (205.100,00) (270.000,00) (475.100,00)
Outros impostos (ICMS etc.) (608.619,60) (560.844,00) (1.169.463,60)
Devoluções (58.600,00) (54.000,00) (112.600,00)
Receita Líquida 2.497.180,40 2.220.156,00 4.717.336,40
Custos das vendas e serviços (1.758.000,00) (1.404.000,00) (3.162.000,00)
LUCRO BRUTO 739.180,40 816.156,00 1.555.336,40
Despesas e Receitas Operacionais (818.866,00) (681.790,25) (1.500.656,25)
Despesas financeiras (275.420,00) (197.100,00) (472.520,00)
Despesas c/ vendas (386.760,00) (356.400,00) (743.160,00)
Despesas gerais e administrativas (181.660,00) (140.400,00) (322.060,00)
Doações (3.000,00) (2.500,00) (5.500,00)
Brindes (1.320,00) (1.000,00) (2.320,00)
Alimentação dos sócios (2.500,00) (2.500,00) (5.000,00)
Provisões indedutíveis (4.000,00) (3.900,00) (7.900,00)
Multas de trânsito (1.000,00) (796,50) (1.796,50)
Depreciação veículos sócios (2.861,00) (2.861,00) (5.722,00)

Resultado da avaliação de investimentos 23.440,00 21.600,00 45.040,00

Dividendos recebidos 16.115,00 14.913,25 31.028,25


Descontos obtidos 5.960,00 5.423,00 11.383,00
Outras despesas operacionais (17.580,00) (16.269,00) (33.849,00)

Ganho na venda do ativo imobilizado 11.720,00 11.720,00

Resultado operacional (79.685,60) 134.365,75 54.680,15


Lucro/Prejuízo antes IR e CSLL (79.685,60) 134.365,75 54.680,15
UNIUBE 177

Analisando o balancete acumulado em Fevereiro/x8, podemos constatar


que a empresa obteve um resultado positivo de R$ 54.680,15. Ou seja,
neste mês a empresa deverá recolher IRPJ e CSLL.

Vejamos através da Tabela 12 a seguir como ficará o cálculo do IRPJ


e CSLL devidos, com base nos balancetes de suspensão/redução do
imposto.

Tabela 12: Demonstração do lucro real - Fevereiro/x8

ESTIMATIVA COM BASE NOS RESULTADOS JANEIRO/ Acumulado JAN


ACUMULADOS – LUCRO REAL ANUAL x8 (R$) a FEV/x8 (R$)

Lucro antes da Contribuição Social e do Imposto de Renda (79.685,60) 54.680,15

ADIÇÕES    
(+) Doações 3.000,00 5.500,00
(+) Brindes 1.320,00 2.320,00
(+) Alimentação dos sócios 2.500,00 5.000,00
(+) Provisões não dedutíveis 4.000,00 7.900,00
(+) Multas por Infração Fiscal ( multas de ofício etc) 1.000,00 1.796,50
(+) Depreciação veículo dos sócios 2.861,00 5.722,00
TOTAL DAS ADIÇÕES 14.681,00 28.238,50
EXCLUSÕES    
(–) Resultado Positivo da Equivalência Patrimonial (23.440,00) (45.040,00)
(–) Lucros e Dividendos Recebidos (16.115,00) (31.028,25)
TOTAL DAS EXCLUSÕES (39.555,00) (76.068,25)
Base de Cálculo Antes Compensação (104.559,60) 6.850,40
Compensação de Prejuízos anteriores – limitado a 30% do lucro real 2.055,12

Base de Cálculo do IRPJ  4.795,28

IRPJ 15 %  719,29
Adicional IRPJ – limite mensal:  Não tem
Total IRPJ devido  719,29

Base de Cálculo da CSLL  4.795,28

CSLL – 9%  431,58


CSLL a recolher  431,58
178 UNIUBE

Os valores devidos com base no Balancete de Suspensão/Redução do


Imposto totalizaram em:

IRPJ = R$ 719,29
CSLL = R$ 431,58
TOTAL = R$ 1.150,87

Podemos concluir que os valores devidos de IRPJ e CSLL com base


no balancete são inferiores, ao valor dos mesmos tributos devidos com
base na estimativa mensal; desta forma, a empresa deverá optar pelo
recolhimento com base nos balancetes de redução do imposto.

A opção de recolhimento com base na estimativa ou no balancete de


suspensão/redução do imposto é facultativa à pessoa jurídica. Sendo que
a mesma opção feita no mês, para o IRPJ, deverá ser utilizada para a
CSLL e vice-versa. Desta forma, se a opção foi a apuração do IRPJ com
base no balancete de suspensão ou redução, o mesmo critério deverá
ser adotado em face da apuração da CSLL.

A escrituração do LALUR ficará conforme demonstra a Tabela 13.

Tabela 13: LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real - Fevereiro/x8

  PARTE A – REGISTRO DOS AJUSTES DO LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

ADIÇÕES EXCLUSÕES
DATA HISTÓRICO
(R$) (R$)

28/02/20x8 Demonstração do Lucro Real      

1. Resultado antes do IRPJ e da CSLL 54.680,15    


2. Adições 28.238,50 28.238,50  
2.1 Doações cta – 4122001   5.500,00  
2.2 Brindes cta – 4122003   2.320,00  
2.3 Alimentação Sócios cta – 4122005   5.000,00  
2.4 Provisões não dedutíveis – cta 4122006   7.900,00  
2.5 Multas de Trânsito – cta 4122007   1.796,50  
2.6 Depreciação veículos sócios – cta 4122008   5.722,00  
3. Exclusões (76.068,25)   76.068,25
UNIUBE 179

3.1 Resultado Positivo Equivalência Patrimonial     45.040,00


3.2 Lucros e dividendos distribuídos     31.028,25
4. Lucro em 28/fevereiro/20x8 6.850,40    
5. Compensação de prejuízo fiscal (2.055,12)    
6. Lucro após compensação de prejuízo 4.795,28    
7. Cálculo do IRPJ
7.1 Base de Cálculo do IRPJ 4.795,28    
7.2 IRPJ Devido – 15% 719,29    
7.3 Adicional de IRPJ – 10% Não tem.     
7.4 Total IRPJ Devido 719,29     
8. Cálculo da CSLL       
8.1 Base de Cálculo da CSLL 4.795,28     
8.2 CSLL Devida – 9% 431,58     
8.3 CSLL a recolher 431,58     
         
  Reconhecemos a exatidão da presente declaração.      
         
  Uberaba-MG, 28 de fevereiro de 20x8.      
         
João de Deus
       
Sócio Gerente
 Fulano de Tal
       
Contador – CRC

Agora, para finalizar esta aplicação prática, segue apuração do Imposto


de Renda e da Contribuição Social relativos ao mês de Março, conforme
disposto nas Tabelas 14 e 15 a seguir:

Tabela 14: Estimativa mensal do IRPJ, no mês de Março/x8

Imposto de Renda – Estimativa Percentuais Base de


Valores em R$
Mensal – Março de Presunção Cálculo (R$)

Receita de Venda de Produtos 3.840.000,00

(–) IPI (384.000,00)

(–) Devoluções (76.800,00)


(=) Subtotal de Venda de Produtos 3.379.200,00 8,00% 270.336,00
Receita de Venda de Mercadorias 499.200,00 8,00% 39.936,00
Receita de Serviços Prestados 65.280,00 32,00% 20.889,60

ACRÉSCIMOS À BASE DE CÁLCULO


Descontos obtidos 7.680,00 100% 7.680,00
180 UNIUBE

Ganho de Capital na venda Ativo Imobilizado 10.000,00 100% 10.000,00

BASE DE CÁLCULO TOTAL 348.841,60

(x) Alíquota de CSLL 15%

IRPJ devido 52.326,24

R$ 348.841,60 – R$ 20.000,00 =
Adicional do IRPJ 10% 32.884,16
R$ 328.841,60

IRPJ a Recolher 85.210,40

Tabela 15: Estimativa mensal da CSLL, no mês de Março/x8

Contribuição Social sobre o lucro Percentuais Base de


Valores em R$
líquido Estimativa Mensal – Março de Presunção Cálculo (R$)

Receita de Venda de Produtos 3.840.000,00

(–) IPI (384.000,00)

(–) Devoluções (76.800,00)

(=) Subtotal de Venda de Produtos 3.379.200,00 12,00% 405.504,00


Receita de Venda de Mercadorias 499.200,00 12,00% 59.904,00
Receita de Serviços Prestados 65.280,00 32,00% 20.889,60

ACRÉSCIMOS À BASE DE CÁLCULO

Descontos obtidos 7.680,00 100% 7.680,00

Ganho de Capital na venda Ativo Imobilizado 10.000,00 100% 10.000,00

BASE DE CÁLCULO TOTAL 503.977,60


(x) Alíquota de CSLL 9%
CSLL a Recolher 45.357098

No mês de Março/x8, os tributos devidos pela estimativa, totalizaram em


R$ 130.568,38, sendo R$ 85.210,40 de IRPJ e R$ 45.357,98 de CSLL.

Vejamos, agora, pelo balancete contábil (Tabela 16), como ficaria o


resultado acumulado da empresa relativo aos meses de Janeiro a Março,
e consequentemente a apuração do lucro real (Tabela 17).
UNIUBE 181

Tabela 16: Balancete contábil acumulado / Março


Saldo Saldo
Movimentação
Balancete encerrado em: Acumulado Acumulado
mar/20x8
em 28/02/20x8 em 31/03/20x8
Receita Bruta 6.474.500,00 4.404.480,00 10.878.980,00
Venda de Produtos 5.630.000,00 3.840.000,00 9.470.000,00
Venda de Serviços 281.500,00 65.280,00 346.780,00
Dedução de Receitas (1.757.163,60) (1.258.444,80) (3.015.608,40)
IPI (475.100,00) (384.000,00) (859.100,00)
Outros impostos (ICMS etc.) (1.169.463,60) (797.644,80) (1.967.108,40)
Devoluções (112.600,00) (76.800,00) (189.400,00)
Receita Líquida 4.717.336,40 3.146.035,20 7.863.371,60
Custo das vendas e serviços (3.162.000,00) (1.728.000,00) (4.890.000,00)
LUCRO BRUTO 1.555.336,40 1.418.035,20 2.973.371,60
Despesas e Receitas Operacionais (1.500.656,25) (702.355,70) (2.203.011,95)
Despesas financeiras (472.520,00) (203.520,00) (676.040,00)
Despesas c/ vendas (743.160,00) (403.200,00) (1.146.360,00)
Despesas gerais e administrativas (322.060,00) (122.880,00) (444.940,00)
Doações (5.500,00) (4.500,00) (10.000,00)
Brindes (2.320,00) (1.499,50) (3.093,00)
Alimentação dos sócios (5.000,00) (3.500,00) (8.500,00)
Provisões indedutíveis (7.900,00) (5.900,00) (13.800,00)
Multas de trânsito (1.796,50) (1.296,50) (3.819,50)
Depreciação veículos sócios (5.722,00) (2.861,00) (8.583,00)
Resultado da avaliação de investimentos 45.040,00 15.360,00 60.400,00
Dividendos recebidos 31.028,25 17.601,30 48.629,55
Descontos obtidos 11.383,00 7.680,00 19.063,00
Outras despesas operacionais (33.849,00) (3.840,00) (37.689,00)

Ganho na venda do ativo imobilizado 11.720,00 10.000,00 21.720,00

Resultado Operacional 54.680,15 715.679,50 770.359,65


Resultado antes IR e CSLL 54.680,15 715.679,50 770.359,65

De acordo com o balancete contábil, anteriormente analisado,


constata-se que o lucro acumulado nos meses de janeiro a março é
de $ 770.359,65, antes das provisões do IR e CSLL. Assim, teremos a
seguinte demonstração do lucro real:
182 UNIUBE

SAIBA MAIS

Lembre-se de que: o cálculo por estimativa com base na receita bruta é feito
utilizando apenas as receitas do mês, ao contrário do cálculo com base no
balancete de suspensão ou redução que se utiliza o resultado acumulado
de janeiro ao mês em que se está calculando.

Tabela 17: Demonstração do lucro real - Março/x8

ESTIMATIVA COM BASE NOS RESULTADOS JAN a


ACUMULADOS LUCRO REAL ANUAL MAR (R$)

Lucro Antes da Contribuição Social e do Imposto de Renda 770.359,65


ADIÇÕES
(+) Doações 10.000,00
(+) Brindes 3.819,50
(+) Alimentação dos sócios 8.500,00
(+) Provisões não dedutíveis 13.800,00
(+) Multas por Infração Fiscal (multas de ofício, trânsito etc.) 3.093,00
(+) Depreciação veículo dos sócios 8.583,00
TOTAL DAS ADIÇÕES 47.795,50
EXCLUSÕES
(–) Resultado Positivo da Equivalência Patrimonial (60.400,00)
(–) Lucros e Dividendos Recebidos (48.629,55)
TOTAL DAS EXCLUSÕES (109.029,55)
Base de Cálculo Antes Compensação 709.125,60
Compensação de Prejuízos anteriores, limitado a 30% da linha anterior 212.737,68
Base de Cálculo de IRPJ 496.387,92
IRPJ 15% 74.458,19
Adicional IRPJ – limite mensal: 43.638,79
Total IRPJ devido 118.096,98

Base de Cálculo da CSLL 496.387,92


CSLL – 9% 44.674,91
Total CSLL a recolher 44.674,91
UNIUBE 183

Neste mês de março/x8, a melhor opção é recolher os tributos com base


na estimativa mensal, visto que os valores a recolher são menores.
Observe:

IRPJ:
Valor do imposto devido com base na receita estimada: R$ 85.210,40
Valor do imposto apurado com base no balancete: R$ 118.096,48
Valor do imposto pago, de jan a março: R$ 719,29
Saldo a pagar no mês de abril: R$ 117.377,19

CSLL:
Valor do imposto devido com base na receita estimada: R$ 45.357,98
Valor do imposto apurado com base no balancete: R$ 44.674,91
Valor do imposto pago, de jan a março: R$ 431,58
Saldo a pagar no mês de abril: R$ 44.243,33

SAIBA MAIS

No mês em que é determinada a base de cálculo do IRPJ e da CSLL com


base na receita bruta mensal, não é necessário o preenchimento da parte
“A” do LALUR, nem da listagem dos estoques.

A empresa deverá proceder, mês a mês, observando qual é a melhor


forma de determinar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, quando for
tributada pelo LUCRO REAL ANUAL, conforme demonstrados nestes
meses de JANEIRO a MARÇO.

Em dezembro, a empresa deverá realizar o recolhimento, tanto do IRPJ


como da CSLL, com base no balancete de suspensão/redução, o qual
será considerado definitivo para o cálculo dos tributos.
184 UNIUBE

Ou ainda, poderá realizar o recolhimento do mês de dezembro com base


na estimativa mensal, e depois realizar a apuração do lucro real anual, o
qual terá a obrigatoriedade de fazer o recolhimento complementar até 31
de março do ano seguinte, devendo ser acrescido pela taxa da SELIC,
a partir de fevereiro, conforme artigo 6º, da Lei nº 9.430/96, transcrito a
seguir:
Art. 6º O imposto devido, apurado na forma do art.
2º, deverá ser pago até o último dia útil do mês
subsequente àquele a que se referir.
§ 1º O saldo do imposto apurado em 31 de
dezembro será:
I – pago em quota única, até o último dia útil do mês
de março do ano subsequente, se positivo, observado o
disposto no § 2º;
II – compensado com o imposto a ser pago a partir
do mês de abril do ano subsequente, se negativo,
assegurada a alternativa de requerer, após a entrega da
declaração de rendimentos, a restituição do montante
pago a maior.
§ 2º O saldo do imposto a pagar de que trata o
inciso I do parágrafo anterior será acrescido de juros
calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a
partir de 1º de fevereiro até o último dia do mês anterior
ao do pagamento e de um por cento no mês do
pagamento. (BRASIL, 1996, p. 3).

Tratando de uma empresa tributada pelo LUCRO REAL TRIMESTRAL


ela levantará ao final de cada trimestre o balancete para determinação
da base de cálculo e cálculo dos tributos devidos, conforme demonstrado
na Tabela 12, anteriormente.

4.8 Conclusão

Finalizando este capítulo, cabe ressaltar que as empresas tributadas pelo


lucro real, devem observar as novas regras contábeis, ou seja, utilizar os
métodos e critérios contábeis definidos pela Lei nº 6.404/1976, alterada
pelas Leis 11.638/2007 e 11.941/2009.
UNIUBE 185

Em decorrência do reflexo dessas novas regras no resultado do


exercício, as empresas tributadas pelo lucro real que optaram pelo RTT
(Regime Tributário de Transição) apuram o lucro societário de acordo
com as novas regras de IFRS e ajusta no livro de apuração do lucro real
(LALUR) adicionando ou excluindo valores decorrentes de lançamentos
não reconhecidos pelo fisco, para se obter a base de cálculo do IRPJ e
da CSLL.

Com o fim do RTT em 31.12.2012, as normas emitidas pelo CPC passam


a valer também para o fisco, e isso será positivo no sentido da adoção
completa dessas normas.

Tudo indica que a Receita Federal irá absorver as normas contábeis que
passarão a ter o peso de Lei fiscal, além de contábil.

Resumo
De acordo com a legislação do imposto de renda, lucro real é diferente de
lucro contábil. Lucro real é o próprio lucro líquido do período de apuração,
ajustado pelas adições, exclusões e compensações, permitidas pela
legislação do imposto de renda.

O período de apuração dos tributos é facultado às pessoas jurídicas


escolherem entre o recolhimento trimestral e definitivo e o recolhimento
mensal e antecipado do imposto, que será ajustado com a apuração do
Lucro real, ao final do período de apuração.

O Lucro real trimestral é o lucro líquido do período ajustado pelas adições,


exclusões e compensações prescritas e autorizadas pela lei. Ao final de
cada período de apuração “trimestre”, a empresa deverá escriturar no
livro LALUR - Livro de apuração do lucro real, os ajustes necessários
à apuração do lucro real. Determinada a base de cálculo, calcula-se a
alíquota de 15% para o imposto de renda e alíquota de 9% para CSLL,
para as empresas em geral.
186 UNIUBE

Já o lucro real anual deverá ter seus recolhimentos antecipados através


da base de cálculo estimada, de acordo com a receita bruta mensal.
Nesta hipótese, deverá fazer a apuração anual do lucro real em 31 de
dezembro do respectivo ano calendário. Poderá, ainda, a critério da
pessoa jurídica, suspender ou reduzir o pagamento destes tributos,
através do balancete de suspensão ou redução do tributo. Assim, a
pessoa jurídica que levantou balanço ou balancete para suspender ou
reduzir o pagamento do imposto de renda, em determinado mês do
ano-calendário, deve apurar a base de cálculo da CSLL sobre o mesmo
resultado do período, ajustado pelas adições determinadas, pelas
exclusões permitidas e pelas compensações.

Concluindo, é fundamental uma análise detalhada de qual é a melhor


forma de tributação, antes do pagamento da primeira quota do imposto,
pois se a empresa optou pelo lucro real (anual ou trimestral) não poderá
modificar no mesmo ano-calendário para o lucro presumido e vice-versa.
Lembrando de que a opção de tributação feita para o Imposto de Renda
deve ser a mesma para a Contribuição Social sobre o Lucro, observados
os limites definidos na legislação pertinente.

Referências

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nº 11.638/2007. Lei das Sociedades por Ações. Disponível em: <http://www.
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______. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999. Regulamenta a tributação,


fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos
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dos recursos originários da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico –
Cide. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10636.
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da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro
de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração
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______. Lei nº 11.727/2008, de 23 de junho de 2008. Dispõe sobre medidas tributárias


destinadas a estimular os investimentos e a modernização do setor de turismo,
a reforçar o sistema de proteção tarifária brasileiro, a estabelecer a incidência de
forma concentrada da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para
o Financiamento da Seguridade Social – Cofins. Disponível em: <http://www.receita.
fazenda.gov.br/Legislacao/leis/2008/lei11727.htm>. Acesso em: 10 mai. 2012.

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federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão
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HIGUCHI, Hiromi; et al. Imposto de Renda das Empresas: Interpretação e prática.


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PINTO, João Roberto Domingues. Imposto de Renda. 19. ed. Porto Alegre: CRCRS, 2011.
Capítulo Demonstrativos contábeis
5

Introdução
Neste capítulo, encerramos uma sequência de procedimentos
contábeis, desenvolvida pela disciplina de Laboratório Contábil.
Agora, faremos uma recapitulação das Demonstrações Contábeis,
(DCs) e acreditamos que sua visão, agora, é bem mais ampla do
que quando começaram a estudar este tema.

A referência para elaboração e apresentação das demonstrações


contábeis obrigatórias é o CPC–26: Apresentação das Demons-
trações Contábeis (CPC–26, 2011). É bom lembrar que os relató-
rios contábeis devem cumprir sua finalidade, que é atender ao
interesse de seus usuários. As demonstrações contábeis estuda-
das neste capítulo são de propósito geral, ou seja, aquelas que
atendam uma grande maioria dos usuários externos.

Objetivos
Ao final de seus estudos, espera-se que você seja capaz de:

• elaborar e apresentar demonstrações contábeis, conforme


definido pelo CPC–26;
• conhecer os novos procedimentos contábeis necessários à
apresentação das demonstrações contábeis, diretrizes para
sua estrutura e os requisitos mínimos para seu conteúdo.
190 UNIUBE

Esquema
Demonstrativos
contábeis

Balanço Resultado Mutações do Fluxos de Valor Notas


patrimonial dos patrimônio caixa adicionado explicativas
exercícios líquido

5.1 Demonstrações Contábeis

As demonstrações contábeis elaboradas de acordo com as normas


contábeis vigentes no Brasil – Lei 6.404/76, art. 176, Pronunciamentos,
Interpretações e Orientações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(BRASIL, 1976) são:

• Balanço Patrimonial;
• Demonstração do resultado dos exercícios;
• Demonstração dos lucros e prejuízos acumulados;
• Demonstração dos fluxos de caixa;
• Demonstração do Valor adicionado, se companhia aberta; e
• Notas explicativas.

Tais demonstrativos devem representar apropriadamente a posição


financeira e patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade
que sejam úteis a um grande número de usuários em suas avaliações e na
tomada de decisões econômicas, conforme CPC–26 (2011, itens 9 e 15).

Para cumprirem com esses objetivos, conforme CPC–26 (2011), item 9,


as demonstrações contábeis da empresa proporcionam informações de:
UNIUBE 191

a) ativos;
b) passivos;
c) patrimônio líquido;
d) receitas e despesas incluindo ganhos e perdas;
e) alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietá-
rios e distribuições a eles; e
f) fluxos de caixa.

5.2 Pressupostos básicos

Alguns pressupostos devem ser observados, na elaboração e publicação


dos demonstrativos contábeis, de acordo com CPC–26 (2011), item 22 a
46. A seguir apresentamos os principais:

5.2.1 A continuidade

As Demonstrações contábeis devem ser elaboradas considerando que


a empresa vai continuar operando no futuro (pelo menos nos próximos
12 meses), pois caso contrário, mudam-se os critérios ou as bases de
elaboração de tais demonstrativos e esta informação deve ser divulgada.

5.2.2 Regime de competência

As demonstrações contábeis, conforme CPC–00 (2011), item 22, devem


expressar a posição patrimonial e econômica, apurados pelo regime de
competência, ou seja, “os efeitos das transações e outros eventos são
reconhecidos quando ocorrem (e não quando caixa ou outros recursos
financeiros são recebidos ou pagos) e são lançados nos registros
contábeis e reportados nas demonstrações contábeis dos períodos a
que se referem.” (CPC–00, 2011).
192 UNIUBE

5.2.3 Materialidade

Os itens que forem considerados relevantes devem ser classificados


separadamente nas demonstrações contábeis. Aqueles que não sejam
considerados, individualmente, material, devem ser sempre agrupados
com elementos semelhantes no próprio demonstrativo ou mesmo em
Notas Explicativas.

5.2.4 Compensação de valores

De forma geral, as informações que refletem a atividade operacional


(ativos, passivos, despesas e receitas) devem ser informadas separa-
damente nas demonstrações contábeis, de forma a não prejudicar a
compreensão dos usuários. No entanto, em alguns casos, é possível que
a informação seja apresentada de forma simplificada, como por exemplo,
a conta clientes, apresentada pelo seu valor líquido das provisões para
perdas com devedores duvidosos. Essa simplificação, todavia, não se
caracteriza como uma compensação de contas.

As compensações, entretanto, são permitidas para representação de


outras transações, não necessariamente ligadas às principais atividades
geradoras de receita. É o caso, por exemplo, de ganhos e perdas na
alienação de ativos não circulantes, que devem ser registrados pelo seu
valor líquido de realização, ou seja, valor recebido menos valor contábil
e menos as despesas de vendas relacionadas. Da mesma forma, os
ganhos e perdas com variação cambial e com instrumentos financeiros
disponíveis para venda.

5.2.5 Frequência de apresentação das Demonstrações Contábeis

As demonstrações contábeis deverão ser apresentadas pelo menos


anualmente. Caso a empresa tenha necessidade de apresentar relatórios
em períodos menores ou maiores (para coincidir com o seu ciclo
UNIUBE 193

operacional, por exemplo), deverá divulgar tal informação. Via de regra,


as demonstrações contábeis deverão ser encerradas coincidentemente
com o ano civil, ou seja, 31 de dezembro de cada ano, de forma a
satisfazer a legislação fiscal.

5.2.6 Informações Comparativas

A orientação do CPC–26 (2011) é que as demonstrações contábeis


devem ser divulgadas de forma comparativa, com informação de, pelo
menos 2 anos, ou seja, com saldos do período corrente e indicando os
do período anterior, para todas as contas constantes dos relatórios atuais.

A empresa deverá apresentar três Balanços Patrimoniais (no mínimo) e


dois das demais demonstrações, para fins de comparação, se acontecer
uma das seguintes situações:

a) reclassificar algum item das demonstrações contábeis;


b) decidir aplicar uma política contábil que retroaja; ou ainda,
c) se estiver fazendo uma divulgação retrospectiva de itens das
demonstrações.

5.2.7 Informações consistentes

As demonstrações contábeis devem ter seus itens classificados e


apresentados de forma consistente, ou seja, mantido um mesmo padrão,
de um período para outro, facilitando a comparação para fins de análise.
A menos que a modificação na apresentação do item proporcione maior
confiabilidade ou relevância, a entidade deve manter a apresentação e
a classificação adotada no ano anterior.
194 UNIUBE

5.2.8 Identificação da empresa e do relatório

O CPC–26 (2011) determina que as Demonstrações contábeis (DCs)


devem ser claramente identificadas, até mesmo com destaque e
repetição, se necessário, de forma a auxiliar o usuário na compreensão
de qual período se refere (data-base), de qual entidade se trata, se são
demonstrações de uma única empresa ou de um grupo, qual é a moeda
utilizada na apresentação e qual é o nível de arredondamento aplicado.
Lembrando de que as Notas Explicativas integram o conjunto das DCs.

As Demonstrações contábeis podem ser apresentadas com a informação


de que os valores ali expressos estão em milhares ou em milhões, desde
que isso facilite a compreensão do usuário. Notem, entretanto, que,
caso a empresa assim proceda, não poderá omitir informação material e
deverá ainda informar o nível do arredondamento utilizado.

5.3 Balanço Patrimonial

As contas patrimoniais são segregadas em Circulante e não circulante,


em ordem decrescente do grau de liquidez dos elementos nelas registra-
dos.

5.3.1 Ativo Circulante

Ciclo operacional Para ser classificado em Ativo Circulante, o


O ciclo operacional da elemento patrimonial deve satisfazer o seguinte:
entidade é o tempo entre
a aquisição de ativos
para processamento a) espera-se que seja realizado, vendido
e sua realização
em caixa ou seus ou consumido no decurso normal do ciclo
equivalentes. Quando o
ciclo operacional normal operacional da entidade ou até doze meses
da entidade não for
claramente identificável,
após a data do balanço;
pressupõe-se que sua b) seja mantido essencialmente com o propósi-
duração seja de doze
meses (CPC – 26, 2011, to de ser negociado;
item 68).
c) seja caixa ou equivalente de caixa.
UNIUBE 195

Todos os demais ativos devem ser classificados como não circulante.

O ativo não circulante deve ser subdividido em realizável a longo


prazo, investimentos, imobilizado e intangível.

Conforme você já deve ter estudado, não há um modelo padrão,


pré-fixado, de Balanço Patrimonial. No entanto, o CPC estabeleceu os
elementos mínimos que devem conter tal demonstrativo, os quais são:

a) caixa e equivalentes de caixa – este grupo é comumente agrupado


como Disponível ou Disponibilidades, e sempre deverá ter sua
composição desmembrada em notas explicativas;
b) clientes e outros recebíveis – a conta contábil denominada “Contas
a Receber” pode vir com valor fechado no Balanço e com nota
explicativa abrindo a sua composição, ou mesmo se subdividir em
outras contas, diferenciando o valor a receber de seus clientes, a
provisão para devedores duvidosos e os valores a receber de outros (partes
relacionadas, por exemplo); quanto aos outros recebíveis, as empresas têm
subagrupado seus elementos em contas com nomes como “Outros Títulos
a Receber” ou “Outras Contas a Receber”, os quais também normalmente
são explicados em notas explicativas. Estes dois elementos podem vir
em rubricas diferentes ou mesmo agrupados;
c) estoques – por ser um elemento patrimonial de grande relevância, em
grande parte das empresas, também é um item que deverá ter uma
nota explicativa para decompô-lo. Os estoques são subdivididos em
mercadorias para revenda, insumos, materiais, produtos em processo
e produtos acabados;
d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”, “b” e “g”);
podem ser aqui classificadas as demais aplicações financeiras, que
não as de curtíssimo prazo, como por exemplo, em CDB, RDB, LFTN
os derivativos etc.;
196 UNIUBE

e) valor do total de ativos classificados como disponíveis para


venda (essa é uma orientação do CPC–38 (2009) – Instrumentos
Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) – a empresa deve trazer
tal informação, seja no corpo do próprio demonstrativo ou em notas
explicativas;
f) ativos biológicos – caso a empresa possua tais ativos, deverá
apresentar o valor separadamente no Balanço, podendo mesmo ser
informado apenas em NE do grupo Imobilizado; pode acontecer de
aparecer, também, dentro do grupo de estoques no Ativo Circulante,
desde que tais ativos sejam destinados à venda;
g) investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial
(MEP) – esta informação pode vir com o codinome “Participações
Societárias” ou “Participações em Coligadas e Controladas” ou apenas
“Investimentos” no Balanço, sendo sua decomposição obrigatória
em notas explicativas. Representam a aplicação de recursos que
empresa faz adquirindo cotas do capital de outras. Lembrando que
os investimentos que não forem realizados em coligadas (onde
a investidora tenha influência significativa) ou em coligadas, o
investimento não pode ser classificado como avaliado pelo MEP;
no entanto, tal ativo deverá figurar no grupo dos Investimentos no
Ativo não Circulante. Com relação ao grupo dos Investimentos, a
empresa deverá divulgar ainda, em notas explicativas, o valor do ágio
sobre investimentos, inclusive demonstrando suas perdas pela não
recuperabilidade, se houver;
h) propriedades para investimento – são aquelas que mantidas para
auferir aluguel ou mesmo para valorização do ativo; a empresa que
possua tal ativo deverá fazer as divulgações sobre o método de
avaliação que adota na sua avaliação: se do valor justo ou do custo;
i) imobilizado – este item normalmente é divulgado (nas publicações
das Cias) com seu valor fechado no balanço, ou seja, se o usuário
quiser saber o que o compõe, deverá recorrer às notas explicativas,
UNIUBE 197

que, por sua vez, deverão decompor tal informação ao menor nível
possível (segregação em classes), inclusive indicando seu custo, as
depreciações e o impairment do período, nas referidas notas;
j) intangível – também aparece com informação fechada no balanço;
tal grupo indica os valores aplicados em marcas adquiridas, inclusive
com o registro do goodwill de forma separada, porém neste mesmo
grupo estão: patentes registradas, desenvolvimento de produtos ou
serviços, direitos autorais etc.

5.3.2 Passivo Circulante

Segundo CPC–26 (2011), itens 69 a 70, devem ser assim classificados


os elementos patrimoniais que satisfizer qualquer dos seguintes critérios:

a) deverá ser liquidado durante o ciclo operacional normal da entida-


de ou em até doze meses após a data do balanço;
b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
c) todos os outros passivos devem ser classificados como não
circulantes.

São assim classificados no passivo circulante:

a) contas a pagar comerciais e outras; este subgrupo de contas poderá


ser classificado tanto no passivo circulante como no passivo não
circulante, no entanto, é mais comum que as obrigações registradas
neste grupo sejam de vencimento rápido, por isso classificadas no
circulante. Decompõe-se, normalmente, em dívidas oriundas da
compra de mercadorias a prazo, contas de energia, água, telefone,
aluguel, serviços ou materiais, em que o consumo já tenha ocorrido,
mas cujo pagamento só ocorrerá no ano subsequente ao balanço.
Podem se subdividir em várias contas ou mesmo vários subgrupos;
198 UNIUBE

b) provisões – são contas representativas de dívidas decorrentes de


fatos geradores já ocorridos, mas cujos valores ainda não são líquidos
e certos, podendo acontecer variação; refletem uma dívida que a
empresa já possui e que será liquidada no futuro. As mais comuns
são as provisões com pessoal e encargos, provisão de tributos e as
contingências; estas, comumente advindas de discussões judiciais (as
mais comuns são trabalhistas e tributárias);
c) obrigações financeiras (exceto as referidas nas alíneas “a” e “b”
acima) – são segregadas nesta classificação as obrigações provoca-
das pelas alternativas de financiamento, sou seja, os empréstimos
e financiamentos. Tais obrigações podem ser vencíveis no curto ou
longo prazo, e por isso assumem a classificação de circulante e não
circulante, respectivamente;
d) obrigações e ativos relativos à tributação corrente – devem ser
classificados separadamente os impostos a recuperar ou a recolher,
do período, das obrigações ou direitos diferidos;
e) impostos diferidos ativos e passivos – são os impostos devidos ou
pagos levando em consideração as normas contábeis vigentes e que
não são ou deveriam ser recolhidos pela legislação tributária; Passivo
fiscal diferido é o valor do tributo sobre o lucro devido em período
futuro relacionado às diferenças temporárias tributáveis, enquanto
Ativo Fiscal diferido é o valor do tributo sobre o lucro recuperável em
período futuro;
f) obrigações associadas a passivos financeiros – outros passivos
circulantes não são liquidados como parte do ciclo operacional normal,
mas está prevista a sua liquidação para o período de até doze meses
após a data do balanço ou estão essencialmente mantidos com a
finalidade de serem negociados. Exemplos disso são os passivos
financeiros classificados como disponíveis para venda de acordo
com o Pronunciamento Técnico CPC–38 (2009), saldos bancários a
descoberto e a parte circulante de passivos financeiros não circulantes,
dividendos a pagar, imposto de renda e outras dívidas a pagar não
UNIUBE 199

comerciais. Os passivos financeiros que proporcionem financiamento


a longo prazo (ou seja, não façam parte do capital circulante usado
no ciclo operacional normal da entidade) e cuja liquidação não esteja
prevista para o período de até doze meses após a data do balanço
são passivos não circulantes (CPC–26, 2011, item 71).

Um passivo será registrado como Não Circulante se o credor tiver


concordado, até a data do balanço, em proporcionar um período de
carência a terminar pelo menos doze meses após a data do balanço,
dentro do qual a entidade pode retificar o descumprimento e durante
o qual o credor não pode exigir a liquidação imediata do passivo em
questão.

Patrimônio Líquido

O patrimônio Líquido de uma entidade está dividido em:

a) Capital Social – a conta capital social discriminará o montante


subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada.
b) Gastos com emissão de ações – o registro inicial dos recursos
captados por intermédio da emissão de ações e outros instrumentos
patrimoniais deve evidenciar os valores líquidos disponibilizados
para utilização, o que significa que serão classificados, de forma
destacada, em conta redutora de patrimônio líquido todos os custos
incrementais incorridos na obtenção desses recursos; assim, não mais
serão reconhecidos como despesas da entidade na demonstração do
resultado, a não ser quando frustrada essa operação de captação.
E os prêmios eventualmente recebidos nessa emissão serão
reconhecidos em conta de reserva de excedente de capital, conforme
CPC–08 (2010).
200 UNIUBE

c) Reservas de Capital – com a alteração do artigo 182, da Lei 6.404/76,


pela Lei 11.638/07 (BRASIL, 2007) são registrados como reservas de
capital os valores recebidos, a título de ágio na subscrição de ações,
que ultrapassarem a importância destinada à formação do Capital
Social e o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de
subscrição.
d) Opções outorgadas reconhecidas – criação dessa conta junto com
as reservas de capital, quando o pagamento for baseado em ações e
liquidado com instrumentos patrimoniais, conforme CPC–10 (2010).
e) Reservas de Lucros – são contabilizadas como reservas de lucros, as
contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia, como
por exemplo, temos a Reserva Legal, por imposição legal, Reservas
estatutárias, por determinação estatutária, e reservas propostas
aprovadas pelos proprietários, sócios e acionistas, como Reservas
para contingências, Reserva para expansão etc.
f) Ações em tesouraria – “são representadas no Balanço Patrimonial
como contas redutoras do Patrimônio Líquido”, pois representam
capital devolvido a certos sócios (ações ou quotas emitidas pela
própria empresa e por ela readquiridas) (IUDÍCIBUS, et al., 2010,
p.168).
Valor justo g) Ajuste de Avaliação Patrimonial (AAP) – “são
Valor justo é o valor representadas pelas contrapartidas de aumentos
pelo qual um ativo
pode ser negociado, ou diminuições de valor atribuído aos ativos e
ou um passivo
liquidado, entre passivos, em decorrência da avaliação em valor justo,
partes interessadas,
conhecedoras enquanto não computadas no resultado do exercício”
do negócio e
independentes (IUDÍCIBUS, et al., 2010, p.168). Podemos citar como
entre si, com a
ausência de fatores
exemplo, a diferença entre o valor atribuído aos
que pressionem imobilizados, já deduzida, as depreciações, com o
para a liquidação
da transação ou valor justo. Tal diferença deverá ser contabilizada
que caracterizem
uma transação no Ativo imobilizado e a contrapartida em ajuste de
compulsória.
(CPC–12, 2008, avaliação patrimonial (AAP).
item 33).
UNIUBE 201

h) Prejuízos acumulados – Do resultado do exercício serão deduzidos,


antes de qualquer participação, os prejuízos acumulados e a provisão
de imposto de renda. O prejuízo será obrigatoriamente absorvido pelas
contas de reservas de lucros e reserva legal, nessa ordem, conforme
o art. 189, da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976).

De acordo com o item 79 do CPC–26 (2011), a empresa deve divulgar,


seja no BP, na DMPL ou em NEs, as seguintes informações, com relação
a cada classe de ação:

• a quantidade de ações autorizadas;


• a quantidade de ações subscritas e inteiramente integralizadas, e
subscritas mas não integralizadas;
• o valor nominal por ação, ou informar que as ações não têm valor
nominal;
• a conciliação da quantidade de ações em circulação no início e no
fim do período;
• os direitos, preferências e restrições associados a essa classe
de ações, incluindo restrições na distribuição de dividendos e no
reembolso de capital;
• ações ou quotas da entidade mantidas pela própria entidade (ações
ou quotas em tesouraria) ou por controladas ou coligadas;
• ações reservadas para emissão em função de opções e contratos
para a venda de ações, incluindo os prazos e respectivos montantes.

Além disso, deve indicar também uma descrição da natureza e da


finalidade de cada reserva existente no patrimônio líquido. O modelo,
segundo as colocações anteriores, pode ser expresso conforme
apresentado no Quadro 1. Para ilustrar este modelo, apresentamos na
Tabela 1, um balanço patrimonial (ativo) publicado pela Cia Arezzo, e,
na Tabela 2, um balanço patrimonial (passivo), ambos disponíveis na
internet.
202 UNIUBE

Quadro 1: Modelo Balanço Patrimonial


Balanço Patrimonial da Cia Alfa, em 31 de dezembro de 20X1 e 20X0 (em milhares de Reais)
ATIVO X1 X0 PASSIVO X1 X0
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa e Equivalente de Caixa Fornecedores
Aplicações Financeiras Obrigações Fiscais e sociais
Clientes e Outros créditos Obrigações Trabalhistas
Estoques Empréstimos e financiamentos
Despesas Antecipadas Outras Obrigações

Ativo Não circulante Ativo Não circulante


Realizável a Longo Prazo Empréstimos e Financiamentos
Aplicações Financeiras Provisão para Contingências
Créditos Partes relacionadas Parcelamento Impostos
Obrigações c/Partes
Depósitos Judiciais
Relacionadas
Impostos diferidos
Outros créditos Patrimônio Líquido
Investimentos Capital Social
Imobilizado Reservas de Capital
Intangível Ajuste de Avaliação Patrimonial
Reservas de Lucros
Proposta Distrib. Dividendo Adic.

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO E DO PL

Tabela 1: Balanço Patrimonial – Ativo (31 de dezembro de 2011 e 2010)


Controladora
Nota explicativa
2011 2010
Ativo circulante
Caixa e equivalentes de caixa 5 6.217 5.585
Aplicações financeiras 6 157.901 5.000
Contas a receber de clientes 7 167.471 122.286
Estoques 8 22.900 17.650
Impostos a recuperar 9 7.625 6.362
Outros créditos 10 9.548 5.443
Total do ativo circulante 371.662 162.326

Ativo não circulante


Realizável a longo prazo
Aplicações financeiras 6 – 27
UNIUBE 203

Partes relacionadas 12 11.000 8.717


Depósitos judiciais 20 3.902 2.266
Impostos a recuperar 9 358 3.903
Imposto de renda e
11 9.534 13.996
contribuição social diferidos
Outros critérios 10 489 12
25.283 28.921

Investimento 13 73.158 44.734


Imobilizado 14 8.303 6.245
Intangível 15 7.236 5.622
88.697 56.601
Total do ativo não circulante 113.980 85.522

Total do ativo 485.642 247.848

Fonte: Arezzo (2011).

Tabela 2: Balanço Patrimonial – Passivo


Nota Controladora
explicativa 2011 2010
Passivo circulante
Empréstimos e financiamentos 16 20.845 27.330
Fornecedores 17 27.311 18.586
Obrigações fiscais e sociais 5.706 4.392
Obrigações trabalhistas 18 7.489 8.908
Dividendos e juros sobre
22 14.327 11.964
capital próprio a pagar
Outras obrigações 1.226 1.538
Total do passivo circulante 76.904 72.718

Passivo não circulante


Empréstimos e financiamentos 16 17.689 19.273
Partes relacionadas 12 – 1.539
Provisões para riscos
20 2.712 3.294
trabalhistas, fiscais e cíveis
Parcelamento de impostos – –
Adiantamentos de terceiros 85 425
204 UNIUBE

Provisão para passivo a descoberto 13 3.132 3.184


Outras obrigações 1.073 1.197
Total do passivo não circulante 24.691 28.912

Patrimônio líquido
Capital social 21.1 40.917 21.358
Reserva de capital 21.2 237.723 71.019
Reservas de lucros 21.3 105.407 37.779
Proposta de distribuição de
22 – 16.062
dividendos adicional
384.047 146.218

Total do passivo e patrimônio líquido 485.642 247.848


Fonte: Adaptado de Arezzo (2011).

Observem que, conforme mencionamos, alguns grupos de contas estão


com seus saldos fechados, sendo tais informações “abertas” nas Notas
Explicativas. Aliás, percebam que, logo após a descrição da conta, há
uma coluna nos demonstrativos publicados, indicando o número da NE
que trata daquela conta ou grupo de contas.

5.4 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE


Assim como o Balanço Patrimonial, a Demonstração de resultados do
exercício não tem um modelo único, mas também existem diretrizes do
CPC–26 (2011) para sua estrutura. De acordo com este dispositivo, a
DRE deve conter, no mínimo, as seguintes informações:

a) receitas – o CPC não fala da necessidade de demonstrar as


receitas brutas separadamente das receitas líquidas, mas para fins de
aprofundamento da informação, esta observação continua valendo.
As demonstrações publicadas têm seguido o padrão de iniciar essa
demonstração evidenciando apenas as receitas líquidas de vendas;
UNIUBE 205

b) custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos;

c) lucro bruto – é obtido deduzindo os custos da receita líquida;

d) despesas com venda, gerais, administrativas e outras despesas


e receitas operacionais (observem que aqui também são incluídos
outros tipos de receitas, que não as provenientes da venda de serviços,
mercadorias ou produtos);

e) resultados (ganhos ou perdas) obtidos com investimentos avaliados


pelo método de equivalência patrimonial;

f) resultado antes das receitas e despesas financeiras – esta é uma


novidade do CPC que já vinha sendo utilizada pelas empresas, em suas
publicações. Esta informação é importante, pois revela o resultado gerado
pelos ativos, independente de serem financiados por fontes próprias ou
de terceiros;

g) despesas e receitas financeiras;

h) resultado antes dos tributos sobre o lucro – este resultado é obtido


pela dedução das despesas financeiras líquidas do resultado operacional;

i) despesa com tributos sobre o lucro – aqui devem ser segregados


os tributos correntes dos diferidos;

j) resultado líquido das operações continuadas quando não há


descontinuação de unidades esta seria a última informação constante
da DRE;

k) valor líquido dos seguintes itens:


• resultado líquido após tributos das operações descontinuadas, por
exemplo, resultado obtido na venda de elementos patrimoniais de
filiais que foram fechadas;
206 UNIUBE

• resultado após os tributos decorrentes da mensuração ao valor


justo menos despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do
grupo de ativos à disposição para venda que constituem a unidade
operacional descontinuada;

l) resultado líquido do período.

Esta última parte da DRE (letras K e l) estão relacionadas com as


receitas e despesas decorrentes da operação de descontinuação de
alguma unidade ou filial. Caso a empresa não incorra em tal situação,
seu demonstrativo não conterá estas informações. Por exemplo, se a
empresa resolve fechar uma filial, ela terá que vender seus imobilizados,
e esta operação gerará um ganho ou uma perda, que deverá ser
demonstrada nesta parte do relatório.

Assim, a DRE poderia ter a seguinte forma, conforme apresentado nas


Tabelas 3 e 4 (que apresenta o DRE da Arezzo).

Tabela 3: Modelo da Demonstração do Resultado do Exercício


Demonstrações dos Resultados, exercícios findos em 31 dezembro 20X1 20X0
Receita Operacional Líquida
(–) CPV ou CMV ou CSP
(=) Resultado Bruto
(+/–) Receitas (despesas operacionais)
Despesas Comerciais ou de Vendas
Despesas Administrativas e Gerais
Resultado da Equivalência Patrimonial
Outras receitas/despesas operacionais líquidas
(=) Resultado Operacional antes dos Encargos Financeiros Líquidos
(+) Receitas Financeiras
(–) Despesas Financeiras
(=) Resultado Líquido antes do IR e CSLL
(–) Imposto de Renda e Contribuição Social – Correntes
(–) Imposto de Renda e Contribuição Social – Diferidos
(=) Resultado Líquido do Exercício
Resultado atribuível a acionistas controladores
Resultado atribuível aos minoritários ou não controladores
(=) Lucro por ação
UNIUBE 207

Tabela 4: Demonstração de Resultados do Exercício


Arezzo Indústria e Comércio S.A
Demonstrações dos resultados
Exercícios em 31 de dezembro de 2011 e 2010
(Em milhares de reais, exceto lucro por ação)
Nota Controladora
explicativa 2011 2010
Receita operacional líquida 24 622.634 527.914
Custo dos produtos vendidos e dos serviços
(401.847) (347.517)
prestados
Lucro bruto 220.787 180.397
Receitas (despesas) operacionais:
Comerciais (72.508) (59.225)
Administrativas e gerais (45.736) (43.335)
Resultado de equivalência patrimonial 13 3.923 5.426
Outras receitas operacionais, líquidas 29 936 3.341
(113.385) (93.793)
Lucro antes do resultado financeiro 107.402 86.604
Resultado financeiro 28
Despesas financeiras (6.167) (5.978)
Receitas financeiras 20.651 4.527
Variações cambiais, líquidas 546 57
15.030 (1.394)
Lucro antes do imposto de renda e contribuição
122.432 85.210
social
Imposto de renda e contribuição social 11
Corrente (21.553) (15.654)
Diferido (9.266) (5.022)
Lucro liquído do exercício 91.613 64.534
Lucro por ação básica e diluído – R$ 23 1,05 0,82
Fonte: Adaptado de Arezzo (2011).

5.5 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL

Este demonstrativo ganhou preponderância com a edição do


CPC–26 (2011), pois foi considerado parte do conjunto completo das
demonstrações contábeis. Dessa forma, a elaboração do relatório se
208 UNIUBE

estabelece como obrigatório, uma vez que a própria lei societária sugere
a substituição da Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados
(DLPAc) por este.

Nesse relatório é feita uma “abertura” em todas as contas do patrimônio


líquido, informando os saldos iniciais e finais e toda movimentação,
decorrente do resultado do período, alterações de políticas contábeis
e correção de erros, além das mutações decorrentes das transações
com os proprietários, como por exemplo, integralização e distribuição de
capital. Também deve trazer as modificações causadas no patrimônio
líquido em virtude de transações com controladas, que não implicam em
perda de controle.

Assim, as contas que aparecem nesse demonstrativo são: o capital


integralizado, as reservas de capital, os ajustes de avaliação patrimonial,
as reservas de lucros, ações ou quotas em tesouraria, os prejuízos
acumulados, os lucros acumulados (se permitido por lei) e o resultado
abrangente do período.

O resultado abrangente deve ser incluído dentro da DMPL, indicando,


separadamente, o montante do PL que é atribuível aos proprietários da
entidade controladora e o montante correspondente à participação de
não controladores.

Uma inovação do CPC–26 (2011) foi incluir a Demonstração do Resultado


Abrangente entre os Demonstrativos Obrigatórios. Lembrando de que é
vedada a apresentação deste demonstrativo, apenas na demonstração
das mutações do patrimônio líquido (BRASIL, 2011).

A seguir, o Quadro 2 apresenta um modelo da DMPL, no qual podemos


observar a DRA inclusa neste demonstrativo:
UNIUBE 209

Quadro 2: Modelo da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

Outros Resultados Abrangentes


Ajuste de Avaliação Patrimonial

PL sócios da Controladora
Lucros ou Prej. Acumul.

Part. não controladores


Ações em Tesouraria

PL das Controladas

PL Consolidado
Capital Social

Reservas de
Reservas

Lucros
Capital
 
SALDOS INICIAIS
 
Aumento de Capital
 
Gastos com emissão de ações
 
Ações em Tesouraria adquiridas
 
Ações em Tesouraria vendidas
 
Dividendos
 
TRANSAÇÕES DE CAPITAL
COM OS SÓCIOS
 
Lucro Líquido do Período
 
Ajustes de Instrumentos
Financeiros
 
Tributos s/ajustes de
instrumentos financeiros
 
Equiv. Patrim. s/ Ganhos
Abrang. De Coligadas
 
Ajustes de Conversão do Período
 
Tributos sobre ajustes de
conversão do período
 
OUTROS RESULTADOS
ABRANGENTES
 
Ajustes de Instrum. Financ.
Reclas. p/ Resultado
 
Resultado abrangente total
 
Constituição de Reservas
 
Realização da Reserva
de Reavaliação
 
Tributos s/realização da
reserva de reavaliação
 
Saldos Finais

Fonte: CPC–26, Apêndice A (2011).


210 UNIUBE

Este modelo é adaptável a cada organização, dependendo de sua


necessidade. Vejam na Tabela 5, por exemplo, a DMPL da Cia Hering,
publicada em seu sítio:

Tabela 5: Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – Cia Hering


Reservas

de Capital,
Capital Lucros ou Outros
Código Descrição Opções Reservas Patrimônio
Social Prejuízos Resultados
da Conta da Conta Outorgadas de Lucro Líquido
Integralizado Acumulados Abrangentes
e Ações em

Tesouraria

Saldos
5.01 226.293 2.091 299.840 0 0 528.224
Iniciais
Saldos
5.03 Iniciais 226.293 2.091 299.840 0 0 528.224
Ajustados

Transações
de Capital
5.04 3.586 1.820 66.767 – 171.602 0 – 99.429
com os
Sócios

Aumentos
5.04.01 3.586 0 0 0 0 3.586
de Capital

Planos de
5.04.08 opções de 0 1.820 0 0 0 1.820
ações

Pagamento
de
5.04.09 0 0 – 39.463 0 0 – 39.463
Dividendos
2010

Dividendos e
Juros Sobre
5.04.10 0 0 0 – 65.372 0 – 65.372
Capital
Próprio

Dividendos e
Juros Sobre
5.04.11 Capital 0 0 106.230 – 160.230 0 0
Próprio
Propostos

Resultados
5.05 Abrangentes 0 0 0 294.878 0 294.848
Totais

Lucro
5.05.01 Líquido do 0 0 0 297.274 0 297.274
Período
UNIUBE 211

Outros
5.05.02 Resultados 0 0 0 – 2.396 2.396 0
Abrangentes

Ajuste

atuarial

benefícios a

5.05.02.06 empregados 0 0 0 0 – 2.396 – 2.396

– Plano

previdência
privada

Transferência

Ganhos
5.05.02.07 0 0 0 – 2.396 2.396 0
ou Perdas

Atuariais

Mutações

Internas do
5.06 0 0 110.414 – 123.276 0 – 12.862
Patrimônio

Líquido

Realização

da Correção

5.06.04 Monetária 0 0 – 352 352 0 0

de Ativos

Próprios

Constituição

5.06.05 Reserva 0 0 14.864 – 14.864 0 0

Legal

Constituição
Reserva
5.06.06 0 0 46.655 – 46.566 0 0
Incentivos

Fiscais

Constituição

Reserva de
5.06.07 0 0 49.247 – 49.247 0 0
Retenções

de Lucros

Ajuste

Atuarial

Benefícios a
5.06.08 0 0 0 – 12.862 0 – 12.862
Empregados

– Plano de

Saúde

5.07 Saldos Finais 22.879 3.911 477.021 0 0 710.711

Fonte: Cia Hering (2012).


212 UNIUBE

Este modelo lembra bastante o modelo tradicional de DMPL já estudado


na 3a Etapa do curso.

5.6 Demonstração dos Resultados Abrangentes – DRA


Segundo o CPC–26 (2011), as empresas devem apresentar a
Demonstração dos resultados abrangentes e incluir no mínimo as
seguintes informações:

a) resultado líquido do período – é a última linha constante da DRE;

Além de demonstrado na DRE, também pode ser relacionado na DRA,


as receitas e despesas financeiras, os tributos correntes e diferidos, os
ganhos e perdas das atividades descontinuadas, entre outras, na medida
em que seja considerada informação relevante para compreensão do
desempenho da empresa. Tais rubricas ou contas, no entanto, não
deverão ser descritas como extraordinários;

b) cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme


sua natureza (exceto montantes relativos ao item (c)), como por exemplo:
ganhos não realizados na alienação de ativo financeiro disponível para
venda; ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício;
ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis
de operações no exterior; ajuste de avaliação patrimonial relativo aos
ganhos e perdas na remensuração de ativos financeiros disponíveis para
venda;

c) parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas


reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; e

d) resultado abrangente do período.


UNIUBE 213

De acordo com Iudícibus (et al., 2010, p. 482) “essa demonstração


apresenta receitas, despesas e outras mutações que afetam o patrimônio
líquido, mas que não são reconhecidas (ou não foram reconhecidas
ainda) na Demonstração do Resultado do Exercício (...)”.

De acordo com o CPC–26, item 7 (2011), resultado abrangente é a


mutação que ocorre no patrimônio líquido durante um período que resulta
de transações e outros eventos que não derivados de transações com
os sócios na sua qualidade de proprietários.

O Quadro 3 a seguir apresenta um modelo sugestivo de Demonstração


do Resultado Abrangente, conforme orientação do CPC–26 (2011). A
Tabela 6 exibe a Demonstração de resultado abrangente publicada pela
Cia Hering.

Quadro 3: Modelo da Demonstração do resultado abrangente


Demonstração de resultado abrangente (em milhares de R$)
Descrição 20x1 20x0
Resultado do período
Outros resultados abrangentes
Diferenças cambiais de conversão das demonstrações contábeis
referentes às operações no exterior
Variação líquida de hedge de investimento líquido em operações
no exterior
Parcela efetiva das mudanças no valor justo dos hedges de fluxo
de caixa
Variação líquida no valor justo de ativos financeiros disponíveis
para venda
Ganhos (perdas) atuariais de plano de benefícios
Imposto de renda e contribuição social sobre outros resultados
abrangentes
Outros resultados abrangentes, líquidos de IR e CSLL
Resultado abrangente total
Resultado abrangente atribuível aos:
Acionistas controladores
Acionistas não controladores
214 UNIUBE

Agora, vejamos a Demonstração de resultado abrangente publicada pela


Cia Hering.

Tabela 6: Demonstração do resultado abrangente


Último Penúltimo Antepenúltimo
Código
Descrição exercício exercício exercício
da
da Conta 01/01/2011 à 01/01/2010 à 01/01/2009 à
Conta
31/12/2011 31/12/2012 31/12/2009
Lucro Líquido
4.01 297.274 212.017 137.530
do Período
Outros
4.02 Resultados – 2.396 – 2.095 1.106
Abrangentes
Benefícios a
empregados –
4.02.01 – 2.396 – 2.095 1.106
Plano previdência
privada
Resultado
4.03 Abrangente 294.878 209.922 138.636
do Período
Fonte: Cia Hering (2012).

Lembre-se de que cada empresa deverá elaborar sua demonstração de


resultados abrangentes, com as contas do período que sejam relevantes
para a compreensão do desempenho da empresa.

5.7 Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC


Esse demonstrativo substituiu a Demonstração das Origens e Aplicação
de Recursos – DOAR, tornando-se sua elaboração e publicação obriga-
tória desde 2008.

De acordo com o CPC–26 (2011, item 111), a informação sobre fluxos


de caixa proporciona aos usuários das demonstrações contábeis uma
base para avaliar a capacidade da entidade para gerar caixa e seus
equivalentes e a sua necessidade de utilização desses fluxos de caixa.
UNIUBE 215

A Demonstração do Fluxo de Caixa deve seguir os requisitos exigidos


através do CPC– 3 – Demonstração dos fluxos de caixa (2010).

A empresa deverá apresentar a demonstração dos fluxos de caixa, classi-


ficando por atividades operacionais, de investimento e de financiamento.
A classificação por atividade proporciona informações que permitem ao
usuário avaliar o impacto de tais atividades sobre a posição financeira da
empresa e o montante de seu caixa e equivalentes de caixa (CPC–03,
2010, item 11).

A seguir, apresentamos um modelo sugestivo da DFC, conforme Tabelas


7 e 8:

Tabela 7: Demonstração dos fluxos de caixa – Método direto


Demonstração dos Fluxos de Caixa – Método direto (em milhares de R$) 20x1 20x0
Fluxos de caixa das atividades operacionais  
Recebimentos de clientes  
Pagamentos a fornecedores e empregados  
Pagamento de despesas operacionais  
(=) Caixa gerado pelas operações  
Juros pagos  
Imposto de renda e contribuição social pagos  
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos  
(=)Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais  
 
Fluxos de caixa das atividades de investimento  
Compra de ativo imobilizado  
Recebimento pela venda de equipamento  
Juros recebidos  
Dividendos recebidos  
(=) Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento  
 
Fluxos de caixa das atividades de financiamento  
Recebimento pela emissão de ações  
Recebimento por empréstimo a longo prazo  
Pagamento de passivo por arrendamento  
Dividendos pagos  
(=) Caixa líquido consumido pelas atividades de financiamento  
 
Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa  
Caixa e equivalentes de caixa no início do período  
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período
216 UNIUBE

SAIBA MAIS

Observações:

a) Notem que no grupo das atividades operacionais, houve um subtotal


evidenciando claramente o fluxo específico das atividades operacionais.
b) A conta juros pagos pode ser classificada como pertencente às atividades
operacionais, embora haja um entendimento dos acadêmicos para que
sejam consideradas no grupo das atividades de financiamento, por se
tratar de encargos/desembolsos provocados por tais atividades. Nesse
caso, quando considerada no grupo de atividades operacionais, é bom
que se faça um destaque, conforme proposto anteriormente.
c) Observação semelhante pode ser feita com relação às contas juros
e dividendos recebidos, que podem ter sua classificação tanto como
atividade operacional como de investimentos.

O modelo da DFC, pelo método indireto será apresentado a seguir


(Tabela 8). Observe que apenas o grupo das atividades operacionais
muda os demais; de investimento e financiamento mantêm-se inalterados,
independente do método de elaboração.

Tabela 8: Demonstração dos fluxos de caixa – Método indireto


Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Indireto (em
20x1 20x0
milhares de R$)
Fluxos de caixa das atividades operacionais  
Lucro líquido antes do IR e CSLL  
Ajustes por:  
Depreciação  
Perda cambial  
Resultado de equivalência patrimonial  
Despesas de juros  
   
Aumento nas contas a receber de clientes e outros  
Diminuição nos estoques  
Diminuição nas contas a pagar – fornecedores  
Caixa gerado pelas operações  
Juros pagos
UNIUBE 217

Imposto de renda e contribuição social pagos  


Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos  
(=) Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais  
   
Fluxos de caixa das atividades de investimento  
Compra de ativo imobilizado  
Recebimento pela venda de equipamento  
Juros recebidos  
Dividendos recebidos  
(=) Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento  
 
Fluxos de caixa das atividades de financiamento  
Recebimento pela emissão de ações  
Recebimento por empréstimo a longo prazo  
Pagamento de passivo por arrendamento  
Dividendos pagos  
(=) Caixa líquido consumido pelas atividades de financiamento  
 
Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa  
Caixa e equivalentes de caixa no início do período  
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período  

Agora, vejamos a Demonstração dos Fluxos de Caixa, publicada pela


Cia Arezzo, pelo método indireto, conforme Tabela 9.

Tabela 9: Demonstração dos fluxos de caixa – Método indireto – Cia Arezzo

Controladora
2011 2010
Das atividades operacionais
Lucro antes do imposto de renda e contribuição
122.432 85.210
social
Ajustes para conciliar o resultado às disponibilida-
des geradas pelas atividades operacionais:
Depreciações e amortizações 2.014 1.296
Resultado na venda de ativos permanentes 396 14
Resultado de equivalência patrimonial (3.923) (5.426)
Provisão para riscos trabalhistas, fiscais e cíveis (582) 538
Juros e variação cambial 3.987 2.031
218 UNIUBE

Rendimento de aplicação financeira (14.948) –


Complemento de provisão para perdas no
(4) –
estoque
Complemento de provisão para créditos de
(69) –
liquidação duvidosa
Outros – (315)
Decréscimo (acréscimo) em ativos
Contas a receber de clientes (45.115) (27.823)
Estoques (5.245) (11.984)
Impostos a recuperar 2.283 (2.889)
Variação de outros ativos circulantes (4.595) 2.911
Depósitos judiciais (1.635) 347
(Decréscimo) acréscimo em passivos
Fornecedores 8.725 (6.662)
Obrigações trabalhistas (1.419) 532
Obrigações fiscais e sociais 3.577 6.720
Variação de outras obrigações (778) (835)
Pagamento de Imposto de renda e contribuição
(25.033) (19.828)
social

Disponibilidades líquidas geradas pelas atividades


40.068 23.837
operacionais
Das atividades de investimento
Aquisições de imobilizado e intangível (6.082) (4.442)
Aplicações financeiras (347.703) (1.392)
Resgate de aplicações financeiras 209.777 2.666
Integralização de capital em controladas (10.654) (4.625)

Caixa líquido utilizado pelas atividades de investi-


(154.662) (7.793)
mento
Das atividades de financiamento com terceiros
Captações de financiamentos 23.774 55.669
Pagamentos de empréstimos (35.831) (50.415)
Débitos com partes relacionadas, exceto sócios (17.930) (6.323)

Caixa líquido gerado nas (utilizado pelas) ativida-


(29.987) (1.069)
des de financiamento com terceiros
Das atividades de financiamento com acionistas
Juros sobre o capital próprio (8.442) (4.906)
Distribuição de lucros (28.026) (39.485)
UNIUBE 219

Créditos (débitos) com sócios 222 482


Emissão de ações 195.588 –
Custos de transação para emissão de ações (14.129) –

Caixa líquido gerado nas (utilizado pelas) ativida-


145.213 (43.909)
des de financiamento com acionistas
Aumento (redução) das disponibilidades 632 (28.934)
Disponibilidades

Fonte: Arezzo (2011).

A demonstração dos fluxos de caixa é de elaboração e publicação obriga-


tória para as sociedades anônimas, exceto aquelas que apresentarem
Patrimônio Líquido inferior a 2 milhões de reais.

5.8 Demonstração do Valor Adicionado – DVA


A apresentação da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) não
era obrigatória no Brasil até a alteração da Lei 6.404/76. Após a
promulgação da Lei 11.638/07 (BRASIL, 2007), que introduziu severas
alterações na Lei 6.404/76, tornou-se obrigatória para as companhias
abertas, sua elaboração e publicação como parte integrante dos demais
demonstrativos contábeis obrigatórios.

A DVA está fundamentada em conceitos macroeconômicos, buscando


apresentar, eliminados os valores que representam dupla-contagem,
a parcela de contribuição que a entidade tem na formação do Produto
Interno Bruto (PIB), conforme CPC–09, item 10 (2008). Demonstra como
as empresas agregaram riqueza, pela diferença entre o valor das vendas
e os insumos adquiridos de terceiros, no seu processo produtivo, ou
em sua operação e como esta riqueza é distribuída entre a sociedade,
governo, funcionários, terceiros e acionistas.

Tem como fonte de informações para elaboração da DVA a


Demonstração dos resultados do exercício (DRE), embora o enfoque e
o entendimento em alguns itens sejam totalmente diferentes, como por
220 UNIUBE

exemplo, as compras e as vendas são consideradas com a inclusão dos


impostos e não pelo valor líquido, como é visto na DRE.

A finalidade da DVA também é totalmente diferente, sendo considerada


a uma forma de reporte social. Enquanto a DRE tem a finalidade de
demonstrar o resultado obtido pela empresa no período, a DVA tem a
intenção de revelar a riqueza adicionada pela empresa, e a forma como
esta riqueza é distribuída entre os diversos atores.

Como forma de orientar a elaboração e publicação da DVA, o Comitê de


Pronunciamentos Contábeis emitiu o CPC–09 – Demonstração do valor
adicionado (2008), o qual foi aprovado pela Deliberação da CVM nº 557,
para as companhias abertas e pela Resolução do CFC nº 1.138/08 para
as demais entidades não sujeitas a regulação contábil da CVM.

O CPC–09 (2008) sugere um modelo para empresas em geral, conforme


Tabela 10. Já a Tabela 11 apresenta um exemplo da DVA publicada pela
Cia Arezzo.

Tabela 10: Demonstração do Valor Adicionado


Demonstração do valor adicionado (em milhares de R$) 20x1 20x0
1 – RECEITAS  
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços  
1.2) Outras receitas  
1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios  
1.4) Provisão p/ crédito de liquidação – Reversão / (Constituição)
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
 
(inclui o valor dos impostos – ICMS, PIS, COFINS e IPI)
2.1) Custo dos produtos, das mercadorias e serviços vendidos  
2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros  
2.3) Perda/Recuperação de valores ativos  
2.4) Outras (especificar)  
3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)  
UNIUBE 221

4 – RETENÇÕES  
4.1) Depreciação, amortização e exaustão  
5 – VR. ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)  
6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA  
6.1) Resultado de equivalência patrimonial  
6.2) Receitas financeiras  
6.3) Outras
7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)  
8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO  
8.1) Pessoal e encargos  
8.1.1) Remuneração Direta
8.1.2) Benefícios
8.1.3) FGTS
8.2) Impostos, taxas e contribuições  
8.2.1) Federais
8.2.2) Estaduais
8.2.3) Municipais
8.3) Juros e alugueis  
8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos  
8.5) Lucros retidos/prejuízos do exercício  

SAIBA MAIS

Observações importantes:

• o valor a ser informado no item 8.2 é a soma dos tributos IR, CSLL, INSS
e ainda a diferença entre os impostos incidentes sobre as vendas e os
impostos embutidos no valor das compras, haja vista que estes foram
informados pelos seus valores brutos, tanto no valor da receita como no
valor das compras ou CPV/CMV;

• caso a empresa sinta necessidade, poderá abrir mais as informações


anteriores, ou mesmo sintetizá-las como, por exemplo, o valor
distribuído a pessoal, em forma de salários; benefícios e FGTS podem
ser informados em uma única linha, ou pode, ser informados de forma
segregada.
222 UNIUBE

Tabela 11: Demonstração do valor adicionado


Demonstração do valor adicionado
Exercícios findos em 31 de dezembro de 2011 e 2010
(Em milhares de reais)

Controladora
2011 2010
Receitas 754.405 634.738
Insumos adquiridos de terceiros (576.035) (498.375)
Custo das mercadorias vendidas e serviços prestados (510.279) (441.291)
Energia, serviços de terceiros e outras despesas (64.575) (54.419)
Outros custos de produtos e serviços prestados (1.181) (2.665)

Valor adicionado bruto 178.370 136.363


Depreciação e amortização (2.014) (1.296)

Valor adicionado líquido produzido pela entidade recebi-


176.356 135.067
do em transferência
Valor adicionado recebido em transferência 27.499 18.912
Resultado de equivalência patrimonial 3.923 5.426
Receitas financeiras, incluindo variação cambial ativa 22.640 10.145
Outras receitas 936 3.341

Valor adicionado total a distribuir 203.855 153.979


Pessoal 40.641 37.092
– Salários, beneficios e FGTS 36.298 28.873
– Participação dos empregados no lucro 4.343 10.219

Tributos 61.931 39.275


– Federais 58.932 39.550
– Estaduais 2.873 (355)
– Municipais 126 80

Remuneração de capitais de terceiros 9.670 13.078


– Juros 1.537 2.078
– Aluguéis 2.060 1.538
– Despesas financeiras, incluindo variação cambial
6.073 9.462
passiva

Remuneração de capitais próprios 91.613 64.534


– Juros sobre o capital próprio e dividendos 23.985 32.932
– Lucros retidos do exercício 67.628 31.602

Distribuição do valor adicionado 203.855 153.979


Fonte: Arezzo (2011).
UNIUBE 223

5.9 Notas Explicativas – NEs

Para finalizar, vamos discorrer sobre as Notas Explicativas – NEs, que


de acordo com o artigo 176 da Lei nº. 6.404/76 (BRASIL, 1976) devem
complementar as demonstrações contábeis e segundo o CPC–26 (2011)
devem compor o conjunto completo das demonstrações.

As empresas devem se utilizar das NEs com o fim de “fornecer as


informações necessárias para esclarecimento da situação patrimonial, ou
seja, de determinada conta, saldo ou transação, ou de valores relativos
aos resultados do exercício, ou para menção de fatos que podem alterar
futuramente tal situação patrimonial.” (PORTAL, 2013, p. 1).

Segundo o artigo 176, §5º da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976), alterado pela
Lei nº 11.941/09, as notas explicativas devem:
I. apresentar informações acerca da base para a
elaboração das demonstrações contábeis e das políti-
cas contábeis específicas, selecionadas e aplicadas
para negócios e eventos significativos;
II. divulgar a informação requerida pelos Pronuncia-
mentos Técnicos, Orientações e Interpretações do CPC
que não tenha sido apresentada nas demonstrações
contábeis;
III. prover informação adicional que não tenha sido
apresentada nas demonstrações contábeis, mas que
seja relevante para sua compreensão; e
IV. indicar:
a) os principais critérios de avaliação dos elementos
patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos
de depreciação, amortização e exaustão, de consti-
tuição de provisões para encargos ou riscos, e dos
ajustes para atender a perdas prováveis na realiza-
ção de elementos do ativo;
b) os investimentos em outras sociedades, quando
relevantes (art. 247, parágrafo único); 
c) o aumento de valor de elementos do ativo
resultante de novas avaliações (art. 182, § 3o ); 
224 UNIUBE

d) os ônus reais constituídos sobre elementos do


ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras
responsabilidades eventuais ou contingentes; 
e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as
garantias das obrigações a longo prazo; 
f) o número, espécies e classes das ações do capital
social; 
g) as opções de compra de ações outorgadas e
exercidas no exercício; 
h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1o);

V. os eventos subsequentes à data de encerramento
do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito
relevante sobre a situação financeira e os resultados
futuros da companhia. (BRASIL, 2009, p. 31).

A empresa deverá publicar ainda, caso não tenha realizado em outro


lugar, as seguintes informações CPC–26, item 138 (2011, p. 39):
a) o domicílio e a forma jurídica da entidade, o seu país
de registro e o endereço da sede registrada (ou o local
principal dos negócios, se diferente da sede registrada);
b) a descrição da natureza das operações da entidade e
das suas principais atividades;
c) o nome da entidade controladora e a entidade
controladora do grupo em última instância;
d) se uma entidade constituída por tempo determinado,
informação a respeito do tempo de duração.

SAIBA MAIS

Cabe ressaltar que as peças contábeis elaboradas pela Cia Aberta e pela
Sociedade de Grande Porte devem ser obrigatoriamente submetidas a
Auditoria, por auditores independentes registrados na Comissão de Valores
Mobiliários.

Já as Empresas de Médio e Pequeno porte (PME), deverão aplicar os


mesmos critérios descritos aqui, com as seguintes observações (BRASIL,
2009b):
UNIUBE 225

a) Às PMEs é facultada as apresentação da Demonstração dos Lucros ou


Prejuízos

Acumulados no lugar da Demonstração do resultado abrangente e da


demonstração das Mutações do patrimônio líquido, desde que as únicas
alterações sejam derivadas de:

a) pagamento de dividendos ou de outra forma de distribuição de lucro;


b) correção de erros de períodos anteriores; e
c) mudanças de políticas contábeis.

b) A Demonstração do Valor adicionado está desobrigada para as empresas


de médio e grande porte.

5.10 Conclusão

Os relatórios contábeis têm como objetivo subsidiar os usuários no


processo de tomada de decisão econômico-financeira. Por isso, esse
conjunto de relatórios é o produto final da contabilidade. A escrituração
contábil deverá ser realizada de forma ordenada, completa, pautada
pelos preceitos legais e de acordo com os princípios e normas contábeis,
devendo observar métodos e critérios contábeis uniformes no tempo e
registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência.

Desta forma, teremos relatórios contábeis confiáveis, uniformes, padroni-


zados e que nos permita a comparabilidade tanto com as demonstrações
contábeis de períodos anteriores da mesma empresa quanto com as
demonstrações contábeis de outras empresas.
226 UNIUBE

Resumo
Com as alterações ocorridas na Lei nº 6.404/76 e a convergência às
normas internacionais – IFRS, ao novo padrão de normas contábeis
internacionais que possa ser universalmente aceito, o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis, através do CPC – 26 (2011), definiu
as normas a serem seguidas para elaboração e apresentação das
Demonstrações Contábeis.

O conjunto completo dos demonstrativos contábeis é composto


pelo balanço patrimonial, demonstração de resultados do exercício,
demonstração de resultados abrangentes, demonstração das mutações
do patrimônio líquido, demonstração dos fluxos de caixa, demonstração
do valor adicionado (CPC–09, 2008, item 10) e pelas notas explicativas
(CPC–00, 2011, item 7).

Os demonstrativos devem ser elaborados e apresentados anualmente,


ao fim de cada exercício social, que deverão exprimir com clareza a
situação patrimonial da empresa e as alterações ocorridas.

Referências
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com.br/list.aspx?idCanal=qBkvd2C50gZX7NTZ8O1i6A==>. Acesso em: 10 abr. 2013.

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UNIUBE 227

_____. Lei nº 9.249/1995, de 26 de dezembro de 1995. Disponível em: <http://


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______. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei


no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976,
e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso
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Transformação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários. 2010.
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COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis – CPC. CPC–10 (R1):


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Anotações
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