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Significado corrente (vulgar) ser filósofo

No sentido corrente, a expressão ser filósofo apresenta vários sentidos:


1. Ser uma pessoa que não se deixa arrastar pelo dramatismo dos acon-
tecimentos, mantendo-se calma e confiante na resolução natural das coisas.
2. Viver afastado dos problemas quotidianos, entregando-se a ideias pessoais
que, utopicamente, considera serem as ideais para reformular o mundo.
3. Ser atento e pensar nos problemas que o afectam a si e aos outros, podendo
compilar em livro as suas conclusões e deixá-las à posteridade.

Definição etimológica de filosofia.


Filosofia deriva das palavras gregas "philos" que significa amigo, o que deseja, o
que ama, e "sophia" que significa sabedoria. Filosofia é, portanto, o amor ou
desejo de saber, e filósofo é aquele que, sentindo esse desejo, se empenha em
o satisfazer, procurando a sabedoria.

Filosofia como atitude


Enquanto atitude, a filosofia é um modo de ser que se caracteriza pelo desejo de
encontrar o sentido das coisas.

Filosofia como saber


Enquanto saber, a filosofia diz respeito ao conjunto de conclusões a que o
filósofo vai chegando com as suas indagações. São estas conclusões que,
ordenadas e sistematizadas, sob forma escrita, o filósofo lega à humanidade.

A Filosofia: uma atitude interrogativa.


O homem sente-se inquieto ao deparar com fenómenos que desconhece e não
domina. A inquietação traduz-se por uma torrente de interrogações que exigem
respostas apaziguadoras. As perguntas põem-se com insistência e não se
contentam com soluções práticas, parcelares e superficiais, antes exigem razões
de fundo que esclareçam a raiz do problema, por mais longínqua que se situe.

A origem da interrogação filosófica.


A origem das interrogações filosóficas reside na capacidade de o homem se
sentir perplexo em face de coisas e acontecimentos cujo carácter inédito os
envolve de relativo mistério. A admiração ou espanto, origem das
interrogações, só pode surgir na pessoa que se abre ao mundo,
manifestando sensibilidade ao que a rodeia. Quem é fechado e nunca se
espanta não pode, de modo algum, ser filósofo.

A atitude filosófica é exclusiva dos filósofos?


A atitude filosófica não é exclusiva dos que fazem da filosofia o seu modo
principal de vida. Todo o homem, quando atingido por acontecimentos
intrigantes, possui a capacidade de se admirar com as coisas e de sentir o desejo
de saber como elas são e como se explicam. O desejo de saber surge não
apenas no adulto, mas espontânea e precocemente nas crianças e, de um modo
especial, nos adolescentes que, desejando apreciar e experimentar a vida por si,
tentam cortar as amarras que os prendem à realidade filtrada e transmitida
pelos pais e pelos adultos em geral.

A filosofia como atitude crítica.


A atitude filosófica caracteriza-se pela crítica. Se tudo é óbvio,
transparente e familiar, se as coisas são definidas, estáveis e habituais, enfim, se
tudo é quotidiano e conhecido, como pode surgir o desejo de saber? A alma da
filosofia é a consciência de que ainda não se conhece e não se sabe, é a
convicção de se viver numa realidade problemática e que tem de ser
resolvida. Esta suspeita interposta entre o homem e as coisas leva-o a duvidar
até do mais evidente, pois que o que as coisas parecem ser é diferente daquilo
que elas são. A filosofia é uma visão crítica, um exercício de fuga à sedução das
opiniões primeiras e fáceis e de indagação de verdades mais seguras.

O «só sei que nada sei» socrático?


O «só sei que nada sei» é a forma encontrada por Sócrates para exprimir a douta
ignorância. E douta, porque é ela a forma segura de partir em direcção ao saber.
O «só sei que nada sei» exprime a necessidade de resistir à tentação
fácil das primeiras impressões, que não passam de algo de ilusório. É a
convicção referente à necessidade de o pensador fazer uma autocrítica, uma
análise às suas ideias, construídas quantas vezes a partir de uma trama de erros
e preconceitos sociais. É o sinal do descontentamento em relação ao pseudo-
saber que se possui, ansiando atingir a plataforma dos conceitos correcta e
adequadamente formados.

Os tipos de dúvida típicos da filosofia.


Há quem duvide porque o seu juízo apressado não condiz com a realidade; há
quem duvide por incompreensão do que está em causa; há quem duvide por má-
fé. Precipitação, imaturidade e má intenção não têm lugar no espírito filosófico.
A dúvida que caracteriza a filosofia é a que advém de um espírito crítico
e cauteloso que, receando iludir-se com as aparências, procura ver em
profundidade, para eliminar os aspectos que deturpam ou encobrem a
verdade.

O contexto histórico-cultural interfere nas posições filosóficas


As questões são abertas, pelo que o filósofo as encara e lhes responde de acordo com
"espaço" histórico-cul
tural em que decorre a sua existên cia. Cada filósofo vive numa
época e numa sociedade cujos conceitos, valores, problemas, crenças e des
atitu
contribuíram para a estruturação da sua personalidade e para a sua forma de ver e s
situar no mundo. Por isso, por mais original que seja o seu pensamento, acaba semp
por traduzir os problemas e anseios pró
prios da sua cultura e da sua época.É o caso de
Santo Agostinho na Idade Média e F. Bacon no Renascimento cujas filosofias espelha
os respectivos contextos históricos e culturais. De acordo com o misticismo medie
val, o
primeiro propõe como socieda de ideal uma comunidade religiosa, centrada
essencialmente na cami nhada a efectuar para Deus, autor do homem e seu único
destino. Bacon, em harmonia com os ideais renascen tistas de conhecimento,
experimentaç ão e domínio técnico do mundo, apresentará como ideal uma socieda de
moderna, autónoma, e cujo desen volvimento se deve aos progressos científicos e
tecnológicos.

A filosofia é radical
Diz-se que a filosofia é radical, em primeiro lugar, pela intenção do sador
pen prosseguir
até ao fundamento das questões, atingindo a raiz dos problemas. Neste sentido, o qu
lhe interessa é a descoberta das primeiras causas, dos primeiros princípios, da razão de
ser das coisas. Em segundo lugar , a radicalidad e sig ca
nifia não aceitação de posições
que não sejam devidamente fundamentadas. Para que uma afirmação seja credível
deve possuir, na base, argumentos racionais que a sustentem de modo consistente.

A filosofia é universal
Diz-se que a filosofia é universal por várias razões:
1. Porque possui um objecto total ou integral, não haven
do nenhum assunto que,à
partida, possa ser excluído da sua reflexão.
2. Porque é uma actividade susceptível de ser desenvolvida por todo o ser humano.
3. Porque as questões que levanta e as soluções que apresenta, escapam aos aspec
concretos e particulares do pensador, atingindo um nível de generalidade e -de abs
tracção que abrangem a humanida de inteira.

A filosofia é autónoma
A filosofia é autónoma porque procura furtar-se a todo o tipo de cons
trangimentos ou de
tutelas.É uma actividade exclusivamente racional, procurando exercer-se na maior
isenção relativamente a ideias feitas, simpatias, conveniências pessoais, opiniões
correntes, interesses parti
culares, preconceitos ou paixões par
tidárias. A razão torna-se
livre, exerc endo-se independentemente de qualquer interesse que não seja a
compreensão lógica das coisas.

Filosofia, ciência e senso comum

A radicalidade distingue a filosofia da ciência e do senso comum. Este, apostado na v


prática, satisfaz-secom perguntas e respostas parcelares e superficiais, desde que
resolv am os problemas com que se deba te: Como fazer isto? Como resolver isto? Como
sair disto? A ciência é mais exigente, procurando com rigor a relação entre os
fenómenos para os explicar em termos de causa-efei to. Simplesmente, a causa que pro
-
cura como responsável pelo efeito é uma causa próxima, é um antece
dente imediato. A
radicalidade da filosofia manifesta-se por ir além destes antecedentes, tentando
- des
cobrir as causas remotas, os elementos que constituem os começos, as primeiras
origens, a verdadeira razão de ser das coisas.

Filosofia e ciência: objectos de natureza diferente

O objecto da ciência é de natureza diferente do objecto da filosofia. O primeiro é um


objecto parcelar, o segundo é um objecto total ougral.
inte Isto significa que cada
ciência se dedica a uma parcela delimitada da realidade, o que está de acordo com a
especialização das ciências e per
mite, com relativa facilidade, reco
nhecer o objecto de
cada uma. Já a filosofia pode incidir sobre qualquer aspecto da realidade, nenhum se
furtando ao seu alcance. Daí, a difi
culdade em definir a filosofia pelo objecto,
estabelecer os seus limites, ou dizer com facilidade e precisão aquilo de que trata.

Filosofia e religião
Religião não é filosofia . E, isto, por várias razões:
1. A religião diz respei
to a uma adesão afectiva do homem ao sobrenatural, mantida
essencialmente pela fé. Já a filosofia é autó
noma em relaçãoà afectividade,
manifestando-se exclusivamente pelo exercício da razão.
2. Ser religioso é ser dogmático, ou seja, aceitar,
à partida, um corpo doutrinário de
afirmações reveladas, tidas por verda deiras, sem reclamar qualquer tipo de prova. Ser
filósofo é ser antidog
mático, é ser crítico, é rejeitar tudo o que é ideia feita, ou seja,
estabelecida sem o sustentáculo lógico de pre missas verdadeiras.
3. Na religião, as verdades são o ponto de partida e todo o seu desenvolvimento- se p
cessa sem as discutir ou pôr em causa. Na filosofia, a verdade é o possível ponto de
chegada, é o objectivo a atingir, e este objectivo é mais facilmente alcançável se não
existirem pressupostos ou precon ceitos de base.
de
Um outro olhar sobre o mundo (livro do professor), Maria Antónia
Abrunhosa e Miguel Leitão
(com adaptações)

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