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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMARCA DE SÃO PAULO


FORO REGIONAL V - SÃO MIGUEL PAULISTA
4ª VARA CÍVEL
AV. AFONSO LOPES DE BAIÃO Nº 1736, São Paulo - SP - CEP 08040-000

SENTENÇA

Processo nº: 005.07.125039-9


Classe - Assunto Procedimento Ordinário - Assunto Principal do Processo <<
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Requerente: Antonio Joaquim da Silva
Requerido: Julio Paulino da Silva e outro

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Paulo de Tarsso da Silva Pinto

V i s t o s.

ANTONIO JOAQUIM DA SILVA ajuizou a


presente ação de indenização por danos materiais e morais em face de JULIO
PAULINO DA SILVA, aduzindo, em síntese, que no dia 03 de novembro de 2006, por
volta das 8h45min, transitava com sua moto pela Avenida Dr. José Artur Nova, 2524,
quando foi atingido pelo automóvel conduzido pelo requerido. Este realizou conversão,
pretendia retornar na direção contrária, entretanto, não visualizou a motocicleta do autor,
dando causa ao acidente. O autor padece de diversas seqüelas deixadas pelo acidente,
tornando-se totalmente incapaz para realização de atividades domésticas e laborativas.
Requereu a condenação no requerido na indenização pelos danos patrimoniais, morais e
estéticos que sofreu, além de todas despesas médicas para seu restabelecimento. Deu à
causa o valor de R$ 171.000,00 (emenda de fls. 65/67) e com a inicial juntou documentos
(fls. 09/62).
O réu foi citado e contestou (fls. 80/98).
Preliminarmente, requereu a denunciação à lide da Porto Seguro Cia de Seguros Gerais
S.A. No mérito, sustenta que o acidente se deu em razão de culpa exclusiva do autor que
tentava ultrapassar o veículo pela direita. No mais, teceu considerações sobre os danos
mencionados na inicial bem como da incapacidade do requerente. Aduziu que a
indenização pleiteada é exagerada e não guarda relação com a renda do autor. Eventual

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condenação deverá considerar a indenização recebida a título de Seguro Obrigatório


DPVAT e, no mais, teceu considerações para postular a improcedência do pedido.
Réplica (fls. 111/115).
A denunciada Porto Seguro também contestou. Aduz
inexistência de responsabilidade do segurado no acidente. Em relação à lide secundária
deverá se limitar aos valores da apólice, inexistindo cobertura para danos morais e
estéticos.
Manifestação do autor (fls. 212/217).
Decisão saneadora às fls. 227 e v. com determinação
de perícia.
Com a juntada do laudo, as partes se manifestaram e
designada audiência de instrução e julgamento (fls. 277), foram ouvidos autor e réu (fls.
283/284) e, encerrada a instrução, dada a palavra aos patronos (fls. 281/282).

É o Relatório. DECIDO.

Cuida-se de ação de indenização por ato ilícito,


fulcrada na responsabilidade civil atribuída ao réu, em razão de acidente, supostamente
por culpa, porquanto na condução do veículo de sua propriedade deu causa ao infortúnio
narrado.
Na narrativa exordial extrai-se que, no dia 03 de
novembro de 2006, o requerente trafegava pela Avenida Dr. José Artur Nova quando
próximo ao numeral 2.524, cruzou referida via e acabou por colidir com a motocicleta.
A prova oral e documental coligida aos autos trouxe à
tona a dinâmica dos fatos, da qual se extrai, sem sombra de dúvidas, a conduta imprudente
do réu, da qual decorreu o infortúnio que vitimou o autor.
Segundo restou apurado, diferentemente do quanto
sustentado pelo requerido em sua contestação, este pretendia cruzar a via para ingressar na
rua que cruza referida avenida nas proximidades do numeral 2.524.
Consta de seu depoimento pessoal, fls. 284:
(...) Estava na AV. Dr. Jose Artur Nova, sentido

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bairro; verificou que vinha uma moto, mas estava muito distante, pretendia cruzar a via
para entrar na Rua Jose Faustino da Silva (o requerido não tem certeza a respeito do
nome da via); não pretendia fazer o retorno na avenida e sim cruzá-la; referida rua se
inicia na avenida Artur Nova, só dá possibilidade de ingresso à esquerda; a batida se deu
quando cruzava a via, a motocicleta vinha na Jose Artur Nova sentido centro”.

Nesse passo, em que pese a alegação do requerido na


contestação, no sentido de que a motocicleta pretendia ultrapassá-lo pela direita, tal fato
restou contrariado por seu depoimento pessoal.
Não observada a mínima diligência ao cruzar a
avenida, exigível na espécie, era plenamente previsível que acidente como o ocorrido com
o autor, ou quiçá até mesmo mais grave, se verificasse.
Não há qualquer elemento a indicar que a motocicleta
vinha em velocidade incompatível com o local.
A culpa, caracterizadora do ilícito perpetrado pelo réu,
segundo o autorizado escólio de Aguiar Dias, é a falta de diligência na observância da
norma de conduta, isto é, o desprezo, por parte do agente, do esforço necessário para
observá-la, com resultado, não objetivado, mas previsível, desde que o agente se detivesse
na consideração das conseqüências eventuais de sua atitude.
Como decorrência do ato culposo do réu, a vítima
sofreu lesões de natureza grave, porquanto em razão das mesmas restou incapacitada,
temporariamente, para o exercício de suas atividades habituais, como confirma a prova
oral e pericial, de forma uníssona, prestigiando a prova documental carreada aos autos.
Não há dúvida de que os danos experimentados pelo
autor guardam inequívoco nexo de causalidade para com a conduta culposa do réu.
O direito aplicável à espécie encontra-se positivado no
art. 949 e 950 do Código Civil, cuja interpretação correta e subsunção ao caso concreto,
exige sejam tecidas algumas considerações.
Trata-se, como se viu acima, de hipótese de lesão
corporal de natureza grave, ou seja, lesão que deixou marcas, acarretando aquilo que na
doutrina se costuma denominar de dano estético.

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Evidentemente, suas cicatrizes bem como a fratura


extra-articular dos ossos do antebraço esquerdo se prestam a causar em terceiros,
impressão penosa ou desagradável, sujeitando a vítima a vexame, como se verificam das
fotos de fls. 32/35.
Assim, a indenização devida à autora deve ser aquela
prevista no art. 949 do Código Civil, ou seja, despesas de tratamento e lucros cessantes até
o fim da convalescença.
Em relação ao disposto no artigo 950 do Código Civil,
referente à indenização relativa à redução da capacidade laborativa do requerente. Merece
ser observado que a inabilitação mencionada no artigo em comento diz respeito à profissão
exercida pela vítima e não há nos autos dados precisos a respeito da redução em relação ao
labor desempenhado pelo autor. Pese embora a determinação da decisão de fls. 63, no
sentido da especificação e comprovação deste, manteve o requerente pedido genérico
destituído de qualquer elemento a demonstrar a redução de sua capacidade laborativa.
De outro lado, o laudo pericial concluiu pela
incapacidade temporária, sem dano patrimonial a ser calculado, devendo o periciando
evitar atividades que exijam esforço físico com os membros superiores, enquanto não for
submetido ao tratamento.
As despesas médicas, até o momento, segundo informa
o requerente, foram todas custeadas pelo plano de saúde com posterior participação do
conveniado no custeio das despesas médicas hospitalares, exames e próteses. Estes serão
objeto de liquidação de sentença, com a comprovação de todos os pagamentos ao
restabelecimento do autor.
Devida, outrossim, a indenização por danos morais em
razão do sofrimento, das dores, dos sentimentos, da tristeza e frustração do autor.
Assim, tendo em vista as condições econômicas das
partes e os demais elementos consubstanciadores da reparação pelo dano moral, quais
sejam: o punitivo - para que o causador do dano, pelo fato da condenação, seja castigado
pela ofensa perpetrada, mormente se considerado o omisso comportamento do réu, alheio
ao sofrimento experimentado pela vítima - e o compensatório - para o autor, que
receberá uma soma em dinheiro que lhe proporcione prazeres como contrapartida pelo mal

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sofrido, fixo a indenização dos danos morais devidos ao autor no valor correspondente a
R$ 37.000,00 atualizado monetariamente e acrescido de juros moratórios compostos de
12% anuais a partir da presente data.
Recorde-se, a propósito, que “A eficácia da
contrapartida pecuniária está na aptidão para proporcionar tal satisfação em justa
medida; de modo que tampouco signifique enriquecimento despropositado da
vítima; mas está também em produzir no agressor, impacto bastante para persuadí-
lo a não perpetrar novo atentado. Trata-se então, de uma estimação prudencial, que
não dispensa sensibilidade para as coisas da dor e da alegria ou para os estados
d'alma humana, e que, destarte, deve ser feita pelo mesmo Juiz, ou, quando não, por
outro jurista - inútil por em ação a calculadora do técnico em contas ou em
economia. É nesta direção que o citado Brebbia, em sua excelente monografia,
aponta elementos a serem levados em conta na fixação da paga: a gravidade objetiva do
dano, a personalidade da vítima (situação familiar, social e reputação), gravidade da
falta e da culpa, que repercutem na gravidade da lesão e a personalidade (condições) do
autor do ilícito. (“Essa Inexplicável Indenização Por Dano Moral”, Des. Walter Moraes,
Repertório IOB de Jurisprudência, nº 23/89, pag. 417).
Por fim, responderá o réu pela necessária reparação do
dano estético bem como tratamento médico, neste incluído, cirúrgico, fisioterápico, bem
como exames e próteses, o que será apurado em liquidação de sentença com vistas ao
levantamento do montante necessário à correção do aspecto estético e “troca do material e
enxertia óssea para tentar a consolidação do osso e a correção da deformidade” (fls. 261),
ou, ainda, outro tratamento apontado por profissional indicado pelo autor para correção
das lesões experimentadas.
Por fim, a denunciação da Porto Seguro merece
procedência.
Incontroverso a condição da denunciada que
confirmou a existência do contrato de seguro com a o requerente.
Cumpre considerar a responsabilidade contratual da
denunciada à importância segurada, qual seja: R$ 20.000,00 para danos materiais; e, R$
20.000,00 para danos corporais.

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Finalmente, quanto à exclusão da cobertura securitária


no que se refere à indenização devida a título de danos morais, não assiste razão ao
denunciado, vez que, como é assente, o dano moral está incluído na categoria de danos
pessoais.
Dessa maneira, prevista na apólice a indenização por
danos corporais ou pessoais, nos quais estão incluídos os danos morais, não pode fugir, a
seguradora, a essa responsabilidade.
Para que se eximisse da responsabilidade pelo
ressarcimento de tais verbas, era imprescindível estar expressamente previsto na apólice o
que, in casu, não ocorre.
Só se encontra menção à exclusão da indenização por
danos morais no manual do segurado juntado pela Porto Seguro, que é documento
impresso, produzido de forma unilateral, sem assinaturas, entregue após a celebração do
contrato.
Cumpre observar ainda, que, por se tratar de contrato
de adesão, suas cláusulas devem ser interpretadas em favor da parte aderente.
Aliás, esse é o comando do artigo 779, do Código
Civil, que assim dispõe:
"O risco do seguro compreenderá todos os prejuízos
resultantes ou conseqüentes, como sejam os estragos ocasionados para evitar o sinistro,
minorar o dano, ou salvar a coisa".
Ora, como o contrato prevê o seguro de danos
materiais e corporais, parece evidente que dano moral é espécie de dano corporal, eis que
o dano moral tem como pressuposto ontológico a dor, seja ela física ou psíquica.
Sobre a matéria, o Extinto Primeiro Tribunal de
Alçada, já se posicionou:
"Cuidando-se de contrato de seguro visando a
cobertura de indenização decorrente de responsabilidade civil, e se esta abranger
pagamento de indenização por dano moral, não estando essa verba especificamente
excluída da mencionada cobertura, o pagamento é devido, pois, tratando-se de contrato
de adesão, suas cláusulas devem ser interpretadas em favor do aderente, conforme o

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artigo 54, parágrafo quarto do CDC" (grifamos)(1º TACiv/SP, 2ª Câmara Especial, Apel.
nº 698.188-0, Rel. Juiz ALBERTO TEDESCO, in RT 740/308)"

Por fim, anote-se que deverá ser descontado o valor


recebido pelo requerente a título de seguro obrigatório (fls. 238).

Ante o exposto e o que mais dos autos consta,


JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido deduzido por ANTONIO
JOAQUIM DA SILVA em face de JULIO PAULINO DA SILVA e o faço para
CONDENAR o réu: (A) ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de
R$ 37.000,00, atualizado monetariamente e acrescido de juros moratórios de 12% ao
ano, a partir da presente data; (B) ao ressarcimento das despesas necessárias à
correção do dano físico e estético a serem apuradas em liquidação de sentença, nos
termos desta decisão; (C) ao pagamento das custas processuais despendidas e
honorários advocatícios do D. Patrono do autor, fixados estes em 15% do valor da
condenação, considerada a sucumbência recíproca, em menor parte em desfavor do
requerente.
Deverá ser descontado o valor recebido a título de
seguro obrigatório.
JULGO PROCEDENTE a lide secundária,
condenando a denunciada PORTO SEGUROS CIA DE SEGUROS GERAIS S.A. a
pagar ao denunciante o que este desembolsar na presente demanda, limitado a R$
20.000,00, valor este corrigido e acrescido de juros legais, a partir do evento.

Diante da sucumbência, arcará a denunciada com


as custas, despesas e honorários, estes no valor de 15%, em relação à lide secundária.

P.R.I.C.

São Paulo, 06 de outubro de 2010.

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