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Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia de Materiais e Construção
Curso de Especialização em Construção Civil
Dezembro/2008
MÁRCIA TAVEIRA ROSCOE
Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
2008
Ao meu filho muito querido, fonte infindável de inspiração.
Aos meus pais e irmão, pelo amor incondicional.
Às minhas tias do coração, por estarem sempre presentes, em todas as horas.
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. Antônio Neves de Carvalho Junior, pela sua orientação, que tornou possível
este trabalho.
Ao meu filho, por abrir mão de horas e horas no computador, possibilitando a realização deste
trabalho.
This paper presents a literature review regarding outer ceramic cladding patologies. It
discusses the major issues affecting buildings, causing it not to function how it was designed
for. Its intended functions are: protect against external moisture, interior climate control, offer
wear and corrosion resistance, long life, easy cleanliness and maintenance, and provide
decorative characteristics. Basic information about ceramic cladding is supplied towards
educating the reader. It also discusses technical and practical issues during design and
execution phases. Typical patologies are cited and exemplified. We also present a case study
at an apartment building in Belo Horizonte. Its entire ceramic façade cladding is being
replaced due to the occurrence of several serious patologies, making it a real anomaly lab.
Finally, we conclude that the anomalies could have been avoided if all project phases (design,
specification, application procedures, maintenance) were correctly followed according to the
current standardization.
m2 – metro quadrado
mm – milímetros
AC-I – Argamassa Colante Tipo I
AC-II – Argamassa Colante Tipo II
AC-III – Argamassa Colante Tipo III
AC-III-E – Argamassa Colante Tipo III Especial
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANFACER – Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BSI – British Standardization Institute
CCB – Centro Cerâmico Brasileiro
EPU – Expansão Por Umidade
EPUSP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
EVA – Etil Vinil Acetato
HEC – Hidroxietil Celulose
ISO – International Organization for Standardization
ITC – Instituto de Tecnologia Cerâmica
MHEC – Metil-hidroxietil Celulose
MPa – Mega Pascal
NBR – Norma Brasileira Registrada
PEI – Porcelain Enamel Institute
PH – Potencial Hidrogeniônico
PIB – Produto Interno Bruto
PROCON – Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor
PVA – Acetato de Polivinila
PVAC – Acetato de Polivinila
RCF – Revestimento Cerâmico de Fachada
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
USP – Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO...................................................................... 12
1.1 PANORAMA DA INDÚSTRIA CERÂMICA......................................................... 12
1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 16
1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................. 17
REFERÊNCIAS........................................................................................... 76
12
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO
1
Disponível em: http://www.anfacer.org.br. Acesso em: out. 2008.
2
Disponível em: http://www.anfacer.org.br. Acesso em: out. 2008.
13
1.2 JUSTIFICATIVA
estudo detalhado de como o substrato deve ser executado. A escolha das argamassas colante e
de rejuntamento deve ser apropriada para cada caso e deve haver um dimensionamento
criterioso das juntas.
As patologias de RCF são difíceis de recuperar e requerem custos elevados.
Muitas vezes, quando manifestam-se visualmente, já há comprometimento da integridade do
revestimento. E os custos para recuperação podem facilmente suplantar os custos da execução
original.
Com o advento do Código de Defesa do Consumidor, dos PROCONs e as
exigências crescentes dos consumidores, torna-se cada vez mais importante o aprimoramento
das técnicas construtivas, especialização da mão de obra , aprimoramento dos métodos de
gerenciamento e controle de qualidade nas áreas revestidas com placas cerâmicas. Os
profissionais e construtoras que não acordarem para este fato, certamente terão prejuízos
financeiros no futuro.
1.3 OBJETIVOS
• contribuir com subsídios aos especificadores, para que adquiram uma maior
visão sistêmica no processo de elaboração e execução de revestimentos de fachadas,
assumindo a parcela que lhes cabe na responsabilidade pelo sucesso da performance do
sistema;
• fornecer informações relevantes para as equipes de mão de obra sobre a forma
mais recomendada de executar o sistema de revestimento cerâmico, visando minimizar
defeitos e falhas construtivas e eliminar perdas;
• pretendemos contribuir para a diminuição da geração de resíduos de demolição
na construção civil, evitando a poluição ambiental e sobrecarga dos depósitos de resíduos e
lixo urbanos.
19
Este capítulo tem por objetivo abordar os conceitos básicos dos revestimentos
cerâmicos aderidos, visando situar o leitor acerca do assunto.
Os revestimentos cerâmicos tradicionais trabalham completamente aderidos sobre
bases e substratos que lhe servem de suporte e, por isso, podem ser denominados de aderidos.
Compilando as informações da NBR 13.816 (ABNT, 1997a), da NBR 13.755 (ABNT,
1996b), de Barros, Sabbatini e de Medeiros (1999), chega-se ao seguinte conceito para
revestimento cerâmico aderido:
Como cada uma das camadas tem características próprias, uma abordagem mais
específica sobre elas é realizada nos itens seguintes. As camadas que formam os
revestimentos tradicionais aderidos são constituídas dos materiais apresentados na TAB. 2.1.
TABELA 2.1
Materiais constituintes das camadas do revestimento cerâmico de fachada
2.2 BASE
2.3 SUBSTRATO
lavada com água limpa. As manchas de bolor podem ser removidas com uma solução de
hipoclorito de sódio (água sanitária ou de lavadeira).
A planicidade e prumo estão diretamente relacionadas à integridade do
revestimento. Para que o revestimento desempenhe suas funções e para manter a estética das
fachadas, é necessário a observação das tolerâncias em relação às características geométricas
do substrato, para que se evitem grandes desperdícios de material e mão de obra (FLAIN,
1995). Quando constatados desvios significativos em relação às especificações de projeto,
recomenda-se a adoção de algumas medidas como a análise e estudo do projeto de
revestimento, redefinindo-o conforme condições da obra e verificando-se as interfaces com os
demais subsistemas do edifício, tais como com as esquadrias.
2.3.1 Chapisco
2.3.2 Emboço
solicitações, tanto de origem térmica como hidráulica, as quais podem gerar movimentações
diferentes entre os componentes;
• Durabilidade: depende de todas as propriedades.
TABELA 2.2
Exigências mecânicas das argamassas adesivas industrializadas segundo a norma brasileira NBR 14.081
2.5.1 Definições
material é misturado e moído com sua umidade natural, isto é, aquela com que foi extraído.
Depois, segue para o granulador, a fim de obter um grão com forma adequada. Na via úmida,
os diversos materiais são dissolvidos em água. A mistura (ou barbotina), segue para o
atomizador que, pela injeção de gases em altas temperaturas, extrai quase toda a água do
material, que já se agrega em grãos com as características desejadas.
Depois, vem o processo de conformação da placa, decoração e esmaltação.
Ao saírem do forno, as placas são inspecionadas quanto a defeitos de fabricação.
Depois, são embaladas, ficando prontas para o consumo.
Por serem utilizadas tanto em ambientes internos como externos para a produção
de revestimentos de pisos e paredes, as placas cerâmicas estão sujeitas às mais variadas
condições de exposição. Assim, além das características estéticas, as placas cerâmicas
precisam apresentar propriedades que garantam desempenho adequado ao longo de sua vida
útil. A NBR 13.817 (ABNT, 1997b), a fim de qualificar as placas cerâmicas e facilitar sua
especificação, propõe as seguintes classificações:
• quanto à esmaltação: placas esmaltadas (Glazed) e não esmaltadas (Unglazed).
É bastante comum, também, o uso do termo vidrado como referência às placas esmaltadas. O
próprio termo Glazed faz alusão ao vidro, mesmo porque a composição do esmalte aplicado
sobre o corpo cerâmico assemelha-se à composição desse material.
Para proteger o desenho e conferir brilho à placa, é aplicada sobre ela uma camada
de esmalte. O esmalte é formado por materiais que, no forno, fundem-se, formando uma
camada vitrificada sobre a peça. A queima, no forno, é uma das etapas mais importantes. A
temperaturas acima de 1000°C, as argilas que compõe a base e os materiais vítreos do esmalte
fundem-se e a placa adquire as características próprias da cerâmica. Tecnicamente, a queima
chama-se sinterização, devido à reação química que ocorre no forno, a síntese, onde várias
substâncias se unem, formando outras, com propriedades diferentes das iniciais;
• quanto ao método de fabricação: as placas podem ser extrudadas (Grupo A),
prensadas (Grupo B) e outros processos (Grupo C);
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Assim, baixa absorção significa baixa penetração de pasta nos poros das placas e
pequeno efeito de ancoragem. Um exemplo desse fato ocorre com os porcelanatos, placas de
absorção quase nula, que necessitam de argamassa especial que promova aderência mesmo
sob essas condições.
Além do aspecto de aderência, outro ponto importante a ser observado é que
placas cerâmicas que serão utilizadas em ambientes externos devem ter absorção máxima de
6%, e nos casos de climas frios sujeitos ao congelamento, esse valor cai para 3%.
(GOLDBERG, 1998, p. 111)
A absorção total dos revestimentos cerâmicos deve ser baixa para limitar as
movimentações higroscópias a que o revestimento de uso externo está sujeito. A norma
brasileira NBR 13.818 (ABNT, 1997c) não estabelece um limite específico para a absorção
total das placas cerâmicas destinadas às fachadas. A norma britânica BS 5385 (BSI, 1991)
especifica para fachada absorção inferior a 3% para placas extrudadas e prensadas.
TABELA 2.3
Grupos de absorção de água segundo a NBR 13.817
número de ciclos necessários para provocar alterações no esmalte, maior é a classificação PEI
da placa. O Porcelain Ennamel Institute (PEI) é um índice usado para medir a resistência à
abrasão do esmalte das placas cerâmicas.
No caso dos porcelanatos polidos a NBR 13.818, anexo D – especifica o ensaio
para determinação do índice PEI apenas para placas esmaltadas, o que não é o caso dos
porcelanatos polidos. Mesmo que o índice PEI fosse aplicado a essas placas, sua classificação
máxima seria PEI IV, já que elas não resistem ao manchamento, mesmo antes da abrasão;
• quanto à expansão por umidade (EPU): expansão por umidade é um aumento
irreversível de tamanho que a placa cerâmica sofre, ao longo do tempo, dado ao contato com a
umidade presente no ambiente onde está assentada. É uma característica crítica para fachadas,
banheiros, piscinas, saunas e outros ambientes de elevada umidade. É medida em mm/m e
uma pequena EPU significa um revestimento mais estável, pois a EPU pode ocasionar o
destacamento, além da gretagem da placa cerâmica. A NBR 13.818 (ABNT, 1997c) limita a
EPU em, no máximo, 0,6 mm/m;
• quanto ao ataque químico e ao manchamento: em ambos os casos as placas
são submetidas à ação de agentes padronizados, sendo então avaliada a alteração da
superfície. A TAB. 2.4 mostra a classificação quanto á resistência ao manchamento.
TABELA 2.4
As classes de resistência a manchas segundo a NBR 13.818
É o espaço regular entre duas placas cerâmicas adjacentes. São funções da junta
de assentamento:
• absorver parte das tensões provocadas pela EPU da cerâmica, pela
movimentação do substrato e pela dilatação térmica;
• compensar a variação de bitola da placa cerâmica, facilitando o alinhamento;
• garantir um perfeito preenchimento e estanqueidade;
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As larguras das juntas de assentamento devem ser apropriadas para cada tipo de
placa cerâmica e local de uso, interno ou externo. Assim, recomenda-se as seguintes larguras
de juntas de assentamento para pisos e paredes:
• áreas internas: para placas com lado maior de no máximo 20 cm, deve-se usar
juntas de no mínimo 3 mm, aumentando no mínimo 1 mm para cada 10 cm de aumento da
placa. Exemplo: uma placa com lado maior de 31 cm deve ter uma junta de, no mínimo, 5
mm;
• áreas externas ou sujeitas à grande umidade: a partir de placas não teladas de
lado maior 10 cm, deve-se usar juntas de no mínimo 5 mm, aumentando 1 mm para cada 10
cm de aumento do lado da placa. Exemplo: uma placa cerâmica de lado maior de 33 cm deve
ter uma junta de, no mínimo, 8 mm;
• grês porcelanato: usar juntas de no mínimo 2 mm para áreas internas e 5 mm
para áreas externas;
• sempre seguir as especificações do fabricante da cerâmica.
são definidas as técnicas executivas a serem utilizadas. O projeto executivo deve apresentar
um nível de detalhes suficiente para que se reduza as improvisações no canteiro.
O projeto de assentamento é primordial para a segurança das fachadas revestidas
por cerâmica. Ele deve considerar juntas de movimentação no máximo a cada 3 metros na
horizontal e 6 na vertical, levando em conta ainda as interfaces com elementos como vigas,
caixilhos, varandas ou outros materiais usados no revestimento. Segundo dados do CCB, o
correto é que as juntas sejam de mástique ou elastoméricas arrematadas por selantes de
poliuretano. O silicone não é recomendado porque absorve a água da chuva, o que causa
manchas na fachada.
A TAB. 3.1 traz as características básicas que as placas cerâmicas para fachada
devem ter.
TABELA 3.1
Especificação para Fachadas
pela fachada quando chove. As superfícies horizontais devem ter inclinação de pelo menos
1%, de modo que a água verta para o exterior. É recomendável que o peitoril ressalte do pano
da fachada pelo menos 25 mm, tenha caimento entre 8 e 10% e que sua face inferior seja
provida de pingadeira.
3.3 MANUTENÇÃO
TABELA 4.1
Origens de problemas patológicos
4.1.1 Congênitas
4.1.2 Construtivas
4.1.3 Adquiridas
4.1.4 Acidentais
extensão variável, sendo que a perda de aderência pode ocorrer de diversas maneiras: por
empolamento, em placas, ou com pulverulência.
Geralmente estas patologias ocorrem nos primeiros e últimos andares do edifício,
devido ao maior nível de tensões observados nestes locais. As causas destes problemas são:
• Instabilidade do suporte, devido a acomodação do edifício como um todo;
• Deformação lenta (fluência) da estrutura de concreto armado;
• Oxidação da armadura de pilares e vigas;
• Excessiva dilatação higroscópica do revestimento cerâmico;
• Variações higrotérmicas e de temperatura;
• Características pouco resilientes dos rejuntes;
• Ausência de detalhes construtivos (contravergas, juntas de dessolidarização,
movimentação, assentamento e estrutural);
• Utilização da argamassa colante com um tempo em aberto vencido; ou mau
espalhamento da argamassa colante; ou ainda, ausência de dupla colagem, no caso de peças
com superfície maior que 400 cm2;
• Assentamento sobre superfície contaminada;
• Especificação incorreta de revestimento cerâmico, especialmente no que se
refere a: configuração do tardoz (que pode apresentar superfície lisa, sem reentrâncias ou
garras); EPU maior do que 0,6 mm/m; absorção de água superior a 6%;
• Imperícia ou negligência da mão-de-obra na execução e/ou controle dos serviços
(assentadores, mestres e engenheiros).
Tal fenômeno ocorre porque edifícios altos são mais susceptíveis ao encurtamento
e sofrem maiores deformações devido ao efeito do vento. Sem contar que as condições de
trabalho nos andaimes suspensos são mais severas, dificultando o controle da execução.
Aliado a esses fatores, o uso de placas maiores também tem exigido técnicas e
materiais compatíveis com essa nova realidade de construção, ressalta Sabbatini, em
entrevista à Revista Techne. (CICHINELLI, 2006)
4.2.2 Eflorescências
TABELA 4.2
Formas de manifestação da eflorescência
Uma vez que existe uma grande quantidade de sais envolvidos no fenômeno da
eflorescência e seu comportamento é influenciado pela temperatura, concentração, PH,
qualidade da água disponível, presença de outros sais, etc., torna-se praticamente impossível
antever o surgimento de alguma manifestação. É igualmente inviável a apresentação de uma
regra geral para a solução dos problemas ocasionados. Alguns autores, entretanto, apresentam
as seguintes orientações:
– as manchas de aspecto escorrido e de cor esbranquiçada formadas pelo
carbonato de cálcio podem ser eliminadas, mas será um processo trabalhoso e de resultado
não garantido. Como os sais não são solúveis em água, será necessário o uso de escovas,
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ácidos (muriático ou acético) e até abrasivos. Essa técnica, mesmo que aplicada após
molhagem abundante, pode deixar resíduos prejudiciais de cloro no local e pode danificar a
superfície atingida;
– eflorescências de cor marrom, amarela e preta são, no geral, provenientes de
oxidação e devem levar a um estudo sério das causas e integridade do local atingido. A
limpeza com ácido muriático e soda cáustica pode ser utilizada de acordo com o sal
envolvido;
– manchas de cor castanha, ferruginosas, podem ocorrer caso a areia contenha
minério de ferro ou caso a argila dos materiais cerâmicos contenha pirita (FeS2);
– eflorescências pulverulentas brancas e solúveis em água podem ser eliminadas
com lavagem e escovação com escovas de cerdas duras (piaçava ou aço). No geral, a própria
chuva é suficiente para sua remoção e o uso de sabões deve ser cuidadoso, já que alguns
produtos à base de estereatos e oleatos de sódio podem até aumentar o teor de sais;
– a impermeabilização da superfície para evitar a entrada de água pode não ser
uma solução para a eflorescência. No caso da origem da água estar no interior da parede
(vazamentos, infiltração pelo topo), a aplicação de uma película impedirá a saída da água
líquida. No entanto, próximo da superfície a água se transformará em vapor e atravessará a
película, provocando a cristalização dos sais imediatamente abaixo da superfície. Caracteriza-
se, então, a cripto eflorescência, que pode causar a destruição da base pelo efeito expansivo da
cristalização dos sais.
Segundo Uemoto (1988), alguns cuidados gerais podem ser tomados para
minimizar a ocorrência do fenômeno:
– não utilizar materiais e/ou componentes com alto teor de sais solúveis;
– evitar tijolos com altos teores de sulfatos;
– molhar os componentes cerâmicos demasiadamente secos, minimizando a
absorção da água de amassamento e a reação com o cimento;
– sempre proteger da chuva a alvenaria recém acabada;
– evitar entrada de umidade com a ajuda de boa impermeabilização e vedação;
– usar argamassa mista (cimento:cal:areia) para minimizar a reação com os
componentes cerâmicos;
– usar cimento pozolânico ou de alto forno, que liberam menor teor de cal na
hidratação.
59
4.2.5 Gretamento
revestimentos cerâmicos como um todo, já que estes componentes são responsáveis pela
estanqueidade do revestimento cerâmico e pela capacidade de absorver deformações.
Os sinais de que está ocorrendo uma deterioração das juntas são: perda de
estanqueidade da junta e envelhecimento do material de preenchimento. A perda da
estanqueidade pode iniciar-se logo após a sua execução, através de procedimentos de limpeza
inadequados. Estes procedimentos de limpeza podem causar deterioração de parte do material
aplicado (uso de ácidos e bases concentrados), que, somados a ataques de agentes
atmosféricos agressivos e/ou solicitações mecânicas por movimentações estruturais, podem
causar fissuração (ou mesmo trincas), bem como infiltração de água, levando o revestimento
ao colapso (desplacamento/descolamento).
Pode acontecer, também, que a junta esteja preenchida apenas superficialmente,
formando uma capa frágil que pode desagregar-se após alguns meses da entrega da obra. Esta
situação pode acontecer em casos onde a junta é muito estreita (ex.: porcelanatos) ou quando
o rejunte perde a trabalhabilidade rapidamente devido à temperatura ambiente elevada.
62
5.1 CARACTERIZAÇÃO
No muro de divisa observa-se uma trinca enorme, que pode ter sido gerada não
somente pelo fato de não existir qualquer junta vertical ao longo de todo o muro, como
também devido a um possível recalque de acomodação da estrutura. Observa-se que a trinca
se desenvolve em toda a extensão da base de alvenaria e do substrato, com deslocamentos
superiores a 4 cm em alguns pontos. Ver FOTO 5.3.
Em outro local, observa-se que a ferragem da viga está exposta e oxidada. A falta
de cobrimento adequado da armadura, aliada ao fator umidade, provocou a expansão e
descolamento do substrato e da placa. Ver FOTO 5.5.
66
Como se pode ver, quase todas as patologias estudadas neste trabalho estão
presentes em um único edifício. Os principais fatores que levaram ao colapso do revestimento
de fachada do edifício foram a mão de obra deficiente, despreparada, falhas na especificação
de materiais e deficiências de projeto.
O resultado é o colapso total do revestimento usado na fachada, que está sendo
integralmente demolido, gerando dezenas de metros cúbicos de resíduos de construção civil.
Os transtornos causados aos moradores são muito grandes. A obra está prevista para durar 9
meses, provocando sujeira, barulho, falta de privacidade devido aos andaimes, interdição das
áreas de lazer, etc. O prejuízo financeiro é muito grande. A área de fachada que está sendo
refeita é da ordem de 4.000 m2. Segundo informações do Síndico, o custo da reforma é de
R$380.000,00, ou seja R$95,00 por metro quadrado. A troca do revestimento cerâmico por
argamassa decorativa (tipo textura) foi opção do condomínio, cujos moradores não queriam
correr o risco, novamente, de instalar um revestimento que gerasse problemas futuros.
74
Este trabalho teve por objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre os problemas
que ocorrem em revestimentos cerâmicos aderidos em fachadas, identificando suas causas,
mecanismos de formação e possíveis soluções.
A abordagem propicia ao leitor o conhecimento que induz à idéia de que os
componentes do revestimento cerâmico se relacionam de maneira dinâmica e constante, não
podendo ser tratados de forma individual e estática.
Outro ponto importante é a existência de normas que especificam de maneira clara
as características técnicas dos componentes do revestimento cerâmico, pois só assim pode
haver uma uniformização de conceitos que auxilia na execução de um projeto suficientemente
detalhado e embasado em aspectos técnicos coerentes. Esse fato é um ponto necessário para o
bom desempenho do revestimento cerâmico, embora não seja suficiente. Assim, torna-se
equivocado o uso de componentes individuais de alta qualidade técnica se sua aplicação é
feita de forma incorreta, ou seja, se não há coerência e compatibilidade de comportamento
entre componentes que se inter-relacionam. Cabe ao projetista do revestimento conhecer e
entender os produtos com que trabalha e especificá-los de forma correta.
As condições de exposição climática de um edifício refletem diretamente na vida
útil e manutenção dos revestimentos utilizados. O sistema da fachada é muito crítico, pois tem
que ser considerado a grande variedade de fenômenos naturais que o afetam (ventos,
temperatura, chuvas, radiação solar, maresia, etc.).
A rapidez de execução, o uso de grandes vãos e a esbeltez dos elementos
estruturais são fatores que contribuem para o surgimento de novos esforços de difícil
mensuração e que propiciam o aparecimento de patologias. O ITC (1994, p. 295) expõe um
estudo da Sociedade Francesa de Cerâmica que conclui que a estabilidade do revestimento
cerâmico depende fundamentalmente da idade da base e da presença de juntas de
assentamento. Essa idade da base envolve as duas camadas do revestimento, fixação e
regularização, e também o próprio substrato, gerando uma interdependência entre elas.
Devido às imposições do cronograma da obra, entretanto, os intervalos entre a confecção das
camadas tendem a ser diminuídos em detrimento dos aspectos técnicos envolvidos e que
deveriam ser observados.
75
REFERÊNCIAS
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e com utilização de argamassa colante: procedimento. Rio de Janeiro, 1996b.
______. NBR 13.816. Placas cerâmicas para revestimento: terminologia. Rio de Janeiro,
1997a.
77
______. NBR 13.817. Placas cerâmicas para revestimento: classificação. Rio de Janeiro,
1997b.
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FACHADAS e paredes estão doentes. Revista Téchne, 76. ed. p. 48-52, 2003.
GOLDBERG, R. P. Direct adhered ceramic tile, stone and thin brick facades: technical
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PADILHA JR, M.; AYRES, G.; LIRA, R.; JORGE, D.; MEIRA, G. Levantamento
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80
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VERÇOZA, ÊNIO JOSÉ. Patologia das edificações. Porto Alegre: Sagra, 172p. 1991.