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Adriana Arebas
Copyright © 2015 Adriana Arebas
Criado no Brasil.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido
na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código
Penal.
Capítulo 1
Capítulo 16
A cordo com o corpo dolorido, e o que mais dói, é
minha alma. No quarto, agora com as cortinas fechadas, o
escuro prevalece, mas ao olhar para os lados vejo uma
fresta de luz que ainda insiste em passar pela cortina, e
iluminar a sombra observadora de Tina, sentada na mesma
poltrona de outrora.
— Me perdoe, Sra., mas ele é um bom menino. — Ela
percebeu que já estou acordada e resolveu me dar o
desprazer de ouvi-la. — Sinto-me alegre por ele ser capaz
de amar uma mulher linda como você. — Disse ela. — Ele
não está mais infeliz.
— Isso realmente não me comove, Tina, agora eu
gostaria de um banho. — Falei. O que menos preciso
agora, é saber qual é sua opinião a respeito dos
sentimentos de Blake. Levantei e me senti um pouco tonta,
não comi nada o dia inteiro e quando olhei no relógio
digital, marcava 16h30min, eu passei quase o dia
dormindo. Ao tocar com meus pés no chão, o tilintar das
correntes fez meus tímpanos coçarem, eu não me atrevi a
olhar para baixo e ver como estava meu tornozelo com
essa coisa de metal. E ele me acompanha, o som metálico
que se arrasta comigo gritando desesperado em cada passo
que dou. Ao passar pela porta do banheiro, vi pelo
espelho que Tina me acompanhava de cabeça baixa. Agora
ela é uma espécie de sombra e terei que me acostumar com
isso. Olhei para o espelho e o que vi foi uma Grace muito
abatida, triste, com raiva, muita raiva, e tudo só começou
hoje pela manhã.
— Eu vou tomar banho com isso no pé? — Perguntei.
— Sim, Sra.
— O que aconteceu com a ex. de Blake? — Perguntei
em um fio de esperança que ela pudesse me contar.
— Só ele para lhe dizer, Sra.
— Pare de me chamar de senhora, meu nome é Grace.
— Falo entre dentes.
— Desculpe.
— Devo me preparar para mais mentiras. É somente do
que ele é feito. — Falei.
— Está enganada, Blake não mente.
— Mentiu que me amava.
— Mas ele ama. — Exclamou Tina. — Ele só não
confia mais nas mulheres. — Falou quase como sussurro.
— E agora eu tenho que passar por isso, você acha
justo? — Perguntei mais não tive resposta. Tina calou-se e
abaixou a cabeça. Ela também não concordava, porém
respeitava suas escolhas de como segurar um
relacionamento.
— Você vai me dar banho? — Perguntei sabendo que
não devo descontar minha raiva nela. Tina saiu e me
deixou com a menina do espelho triste e com raiva. Tirei
minhas roupas e tomei banho, a água não lava a minha
alma, ela está quebrada. Choro todas as lágrimas e deixo
que a água leve tudo embora, e mesmo assim, a dor não
passa. “O que sou? Burra? Ingênua? Cega? Já sei, sou a
combinação perfeita das três coisas” pensei. Terminei
meu banho depois de quase quarenta minutos, vesti o
mesmo pijama porque não estava com disposição para
procurar outro, e me deitei na cama outra vez, não
demorou cinco minutos, Tina entrou no quarto trazendo
meu alimento, eu não tenho fome.
— Precisa comer. — Disse ela. Eu não respondi, mas
ela estava com razão e precisava me manter forte. Comi o
que me trouxe e permaneci calada, quando terminei, ela
tirou o prato das minhas mãos e saiu sem dizer nada.
Deitei e me cobri da cabeça aos pés e fiquei na minha
escuridão, até o sono vir outra vez.
Três dias, longos e perturbadores três dias que arrasto
essas correntes e o barulho infernal pelo quarto. Lugar
onde não me é mais atrativo, e também não consegui
pronunciar nenhuma palavra a mais com Tina. Ela fazia o
que a rotina lhe obrigara, entrava, deixava água e comida e
saia sem dizer nada, depois, voltava trazendo mais e
recolhia os pratos sujos. O sol lá fora estava com o mais
puro dos brilhos, cascatas douradas desciam do céu azul,
como se fosse ouro reluzente.
— O que tem de brilho, a vida, sol? — Perguntei. Ele
não respondeu.
— Eu odeio o sol. — Falei e puxei as cortinas para
cobrir as janelas, e então, Tina entrou no quarto mais cedo
do que eu esperava. Olhei para ela e a vi com telefone na
mão. “Alex sentiu a minha dor” pensei.
— Sra., precisa atender. — Disse ela. Aproximei e
junto com o som das correntes arrastando, peguei o
telefone de suas mãos.
— Alex? — Minha voz saiu em súplica.
— Não, meu amor, assim você me deixa triste. —
Ouvir a voz de Blake depois de três dias, fez meu
estômago torcer.
— Eu odeio você. Eu quero que você morra. Não quero
vê-lo nunca mais. — Desliguei.
Meu corpo, movimentos, cérebro, todo meu sistema
nervoso ficou em modo automático. Entreguei o telefone
para Tina e voltei para a janela, agora com as cortinas
fechadas, e fico olhando para o tecido claro até meus
braços fazerem o movimento de abri-las novamente.
Depois que atendi a ligação de Blake, tudo ficou assim,
mecânico. Foi assim que passei o resto do dia, e chegou a
noite, comi, tomei banho, deitei e dormi. Não prestei mais
atenção a datas, penso eu, que se passaram dez dias, para
que novamente a indesejável voz de Blake, entrasse pelos
meus ouvidos.
— Como você está, meu amor? — Perguntou com
cautela.
— Acho que você sabe, você me vê todos os dias
então, por que a pergunta tão idiota?
— Grace, não fique assim, tenho meus motivos.
— Eu odeio você hoje, muito mais que ontem, e vou
odiar você, muito mais amanhã. — Desliguei. “Só quero
saber onde Alex e Alice estão” pensei.
Os dias ficaram longos demais, e dentro do quarto a
única música que eu ouvia, era o som metálico arrastando
por onde eu andasse. Sentada na poltrona eu olho para meu
tornozelo com uma chapa de ferro ao redor, presa a
corrente. Sinto-me impotente. Meu tornozelo começou a
ficar muito machucado, e a coceira estava me deixando
maluca. O idiota nem para pensar que isso poderia me
fazer grande mal? A cada dia eu pensava coisas
diferentes, um dia eu estava otimista, que tudo isso eu
superaria com o tempo, no outro eu estava à beira da
morte. Um desses dias ruins, levantei da cama e fui ao
banheiro, no espelho, a imagem refletida era de uma Grace
que mesmo comendo cinco refeições por dia, estava um
pouco mais magra. O sono não me fazia descansar e por
isso grandes olheiras começou a fazer parte do meu visual.
Não tinha vontade de fazer nada, TV, música, livros não
me deixavam tranquila, era como se eu tivesse me
conformando com a situação. E mais dias se passaram
assim. À noite, eu ouvia muito barulho no próprio silêncio,
os carros, os portões se fechando e abrindo, o silêncio, o
cachorro que o dono tirou para um passeio, o silêncio, a
água que esguichava regando o jardim, o silêncio. E essa
madrugada teve um barulho a mais, vozes no corredor lá
fora, podia entender que era Tina falando, mais a outra eu
não consegui identificar. Levantei da cama pensando que
Blake voltara para casa, um sentimento estranho ocorreu
dentro de mim, medo e alívio, não sei o porquê. Abri a
porta do quarto para ver se conseguia ouvir melhor, mais o
cochicho não me deixou, andei um pouco com cuidado e a
corrente arrastada pela minha perna, não me deixou fazer o
trabalho de ouvir a conversa alheia, de repente passos vem
em minha direção, e então quando viraram o corredor,
deram de cara comigo.
— Oliver, o que faz aqui? — Perguntei. Oliver é um
dos homens de confiança e amigo de Blake, eu o conheci
na ocasião da festa com a intragável Anabelle.
— Saber como você está. Volto para NY esta manhã.
Blake está preocupado com você. — Oliver baixou os
olhos para meus pés.
— Estou bem acorrentada, como pode ver. — Volto
para o quarto com Oliver e Tina atrás de mim, sentei na
cama e olhei para os dois, até Oliver tentar amenizar o
clima tenso.
— Ele também não gostou de deixá-la assim, Grace. E
esse é o jeito que ele sabe lidar com isso.
— Você está defendendo essa atitude monstruosa?
— Não. Grace, mas tem coisas que você não sabe e
isso complica o seu entendimento.
— Que coisas são essas? As que ele faz questão de
esconder?
— Grace, Blake é um ótimo homem e amigo, como
poucos no mundo. Porém ele tem medos que não o deixam
seguir em frente. E um desses medos, é perder você.
— Ele já perdeu, Oliver. Estou aqui trancada e
acorrentada, com vizinhos por todos os lados, eu vou
gritar e pedir socorro. — Ele me olhou assustado.
— Não faça isso, Grace.
— Já olhei por todo redor através dessa sacada, vou
pedir socorro. — Falei.
— Não vai adiantar, o sistema de segurança dessa casa
está configurado para os seus gritos, assim que o primeiro
grito sair de sua garganta, o som mais alto que já ouviu
começa a tocar. Blake pensa em tudo, Grace. Ele só
precisa que você confie nele e que a autoconfiança que ele
precisa sentir para voltar a confiar em uma mulher volte
outra vez a existir em sua vida. — Oliver disse sem pausa.
— Não posso continuar com ele depois dessas
correntes.
— Não diga isso nem por brincadeira. — Falou
assustado. — Por que se eu o conheço tão bem como
penso, você não verá a luz do sol se repetir isso, ou ele
pensar que realmente pode perder você. — Disse ele
olhando para o fundo dos meus olhos. — Eu tenho fé em
você, Grace, depois de anos sem uma mulher, ele se
apaixonou por você disposto a corrigir os erros e suportar
não vigiar cada passo que você der.
— Você está enganado, ele vigia todos os meus passos.
Todos os meus meios de comunicação. Ele está como
minha sombra em todos os lugares.
— Eu não disse que ele vai deixar de vigiá-la agora.
Mas pode ter certeza que um dia ele não o fará mais.
— Com certeza que não, quando eu o abandoná-lo.
Oliver e eu ficamos nos olhando, ele não tem nada para
minha raiva ser jogada contra ele. Mas é bom que ele de o
recado que desejo, sei que ele vai dizer cada palavra.
— Eu trouxe esses papéis para você. Ele não pode vir e
agora mesmo está em uma reunião com possíveis
investidores e clientes. Os problemas que tivemos com os
funcionários já foram resolvidos. — Disse um pouco
apreensivo. Abriu a pasta que tinha nas mãos e pegou
alguns papéis e me entregou. Passei meus olhos em cada
linha, demorando mais na que estava escrito Certidão de
Casamento.
Tudo o que pensei ser imaginação da minha cabeça,
agora estava em minhas mãos, não assinei contrato com
cliente e sim, a certidão do meu casamento.
— Ele é um covarde doente. — Falei em voz baixa. —
Não teve a coragem de me entregar pessoalmente e
mandou o capacho fazer? Ele não pode decidir a minha
vida. — Oliver não olhou em meus olhos, chamá-lo de
capacho foi uma ofensa grande.
— Desculpe, Oliver, eu estou com os nervos à flor da
pele.
— Eu entendo. E também não concordo com esse
casamento. No mínimo você tinha que saber o que estava
assinando.
— E por que ele não me entregou pessoalmente? —
Perguntei.
— Medo de olhar para você, e ver que você o odeia
como disse ao telefone. — Eu não falo uma palavra,
apenas sinto minhas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
— Eu vou embora agora. Ele volta para casa no
sábado, fique bem, Grace. — Disse e saiu acompanhado
por Tina, que se manteve calada todo o tempo.
“Medo de olhar para você, e ver que você o odeia
como disse por telefone”
Repito isso várias vezes na minha cabeça. Eu o odeio
mesmo. Odeio tudo em Blake. Odeio como me beija, como
faz amor comigo, como ele me olha apaixonado. Odeio
como é possessivo. Odeio quando ele sorri e me faz sorrir.
Odeio quando ele conta uma piada sem graça e eu rio por
ser realmente sem graça. Odeio quando ele me acorda de
madrugada enterrado dentro de mim, por sentir saudades
de me ter e ouvir os meus gemidos de prazer. Odeio como
ele diz tão lindamente que me ama e odeio a forma como
se casou comigo. Odeio por ter vários espasmos e vários
orgasmo em uma transa apenas. Odeio não conseguir dizer
não para ele e odeio senti-lo dentro de mim, mesmo ele
estando tão longe. Odeio o cheiro de macho que ele tem.
Eu odeio amar loucamente Blake Goldberg, mesmo depois
de ele me manter acorrentada e trancada dentro de seu
quarto. Eu o odeio.
Deitei na cama e não voltei a dormir, vi toda a
madrugada passar até o amanhecer do dia. E o que fiz, foi
o mesmo do dia anterior, comer, dormir, acordar, comer,
tomar banho, e ver a noite chegar. E assim eu vi o resto de
toda a semana se arrastar comigo.
Sábado, não consegui dormir à noite, eu senti a
presença dele, eu senti seus olhos em mim, o dia
amanheceu e ele ainda não apareceu, mas eu sei que ele
está aqui. A cada barulho lá fora eu sentia todo meu corpo
arrepiar, era como se a porta do quarto fosse abrir a
qualquer momento, a ansiedade não me deixou comer
nada, o quarto já estava pequeno para mim, o barulho do
tilintar metálico já não me incomodava como ontem, hoje o
que me incomoda mais é a sensação de saber que ele me
olha, e o que ele irá fazer. É como se meu corpo tivesse
em constante montanha russa, altos e baixos, giros de 360
muito rápidos. O dia passou, e as vezes que Tina entrou no
quarto, eu mantive minha cara de paisagem, mas por dentro
estava corroendo de ansiedade, não quis comer o dia todo,
quando Tina entrou no quarto pela milésima vez, eu olhei
para o relógio digital, marcava 17h30min, Tina é uma
mulher irritante e ao mesmo tempo interessante, sua
dedicação a Blake é admirável. Vejo a sua preocupação
em saber se vou ou não ficar com ele, seus olhos me dizem
que ela torce muito por nós dois, mesmo assim ela tem
medo, não sei por que, mas tem. Agora ela está inquieta,
vejo-a tremer um pouco quando coloca a bandeja com um
belo prato de sopa, Tina me olha de soslaio, como se
tentasse disfarçar a sua ansiedade, mas falha
miseravelmente.
— Não comeu o dia todo, Grace, por favor tome a
sopa. — Disse ela evitando olhar em meus olhos.
— Não vai me falar o que te perturba tanto? —
Perguntei.
— Não tenho nada para falar. — Respondeu.
— Então acho melhor você aprender a disfarçar, sua
voz, agora trêmula entrega sua falha. — Tina olhou nos
meus olhos dessa vez, mas continuou calada.
— Vou deixar você tranquila para se alimentar. —
Disse e saiu. Tomei a sopa, realmente estava com muita
fome, minha pequena greve de fome não fez ele sair de trás
das câmeras, é por onde me olha. Deixei o prato na
bandeja e fui para o banheiro, abri a torneira e deixei a
água na temperatura mais quente que o normal encher a
banheira, depois de colocar sais de banho e um óleo
delicioso na água, eu entrei e afundei todo meu corpo
embaixo da cheirosa espuma de banho. Peguei uma toalha
branca e dobrei para colocar como apoio na minha cabeça
encostada na borda da banheira. Fiquei mais ou menos uns
quarenta minutos desfrutando da água morna. Quando achei
que já estava bom, o motivo para ele pensar o que eu fazia
no banheiro por tanto tempo, sai da água, me sequei e fui
direto para o closet, nua, não sei porque faço isso, não sei
se é a necessidade de provocá-lo ou me provocar, pensar
que ele me olha de algum lugar deixa meu corpo em
chamas. E ao mesmo tempo com ódio de mim mesma por
me sentir assim. Coloquei um lingerie provocante e
simples, das várias que ele comprou para mim depois,
fechei as cortinas da janela, apaguei todas as luzes e fui
para cama. Agora, espero do fundo do meu coração que a
impressão que tenho dele me olhando, seja mentira, uma
falha dos meus sentimentos, ouvir o barulho que se arrasta
comigo a dias pelo chão, é o motivo pelo qual nesse exato
momento, derrame lágrimas sem controlar.
Blake me faz querer ele a todo momento, mais também
me faz odiá-lo com muita força, me sinto uma idiota agora,
aquelas que os maridos fazem o que querem, batem,
exploram e às vezes até estupram, mas elas continuam lá,
apaixonadas pelas promessas e vozes mansas, pelas juras
de amor ou até, acreditam que realmente merecem passar
por aquilo. Eu não mereço isso, o que sinto por Blake
agora é uma mistura entre o bem e o mal, é um turbilhão de
vingança e piedade. Porque para mim, Blake é digno de
pena, um infeliz depressivo que não confia, não em mim ou
qualquer mulher do mundo, Blake não confia nele mesmo.
Depois de algum tempo com minhas teorias sobre a vida e
Blake, olhei para o relógio e são 22h15min, o sono já me
vencia como sempre, o desgaste emocional cansa mais do
que qualquer trabalho braçal, e eu estou muito cansada de
todos esses pensamentos e sentimentos de amor e ódio, o
bem e o mal. Assim, eu adormeci novamente, e não tive
mais a sensação que ele estava me olhando.
“Humm que bom” pensei. Tentei abrir meus olhos mais
não consegui, o alívio que senti no meu tornozelo que
estava ferido, é maravilhoso, algo muito gelado suavizava
a dor e as coceiras. “É bom, massagem, mãos firmes fazem
massagem em meus pés e isso é reconfortante, não quero
parar de sentir isso é o prazer dos deuses” “Não pare, por
favor” Sinto-me relaxada. “Mãos assim parecem as do
Blake”
— Blake. — Senti meus lábios abrirem e minha voz
sair com facilidade, ele está aqui.
— BLAKE! — Gritei ao despertar completamente,
sentando na cama rápido. Uma pequena luminária estava
acesa do lado da cama. E eu vi os seus olhos azuis em
cima de mim. Abracei minhas pernas no meu peito, e eu
não tenho mais as correntes no meu tornozelo.
— Oi, Grace. — Sua voz saiu triste pela garganta.
— O que faz aqui, Blake? — Perguntei e senti a raiva
passando por minhas veias tão quente, que pensei que iria
me queimar.
— Voltei, amor, eu precisava te ver. — Disse e
permaneceu sentado na beirada da cama e afastado de
mim. Lindo, só um pouco mais magro, essa foi a análise
imediata que fiz.
— Não precisava voltar, eu não queria te ver, Blake.
— Não diga isso, Grace, eu posso explicar. — Não sei
se é loucura da minha cabeça, mas Blake está sofrendo
tanto quanto eu. Abatido e com olheiras monstruosas em
seu rosto, que agora estava muito fino para a estrutura de
seu maxilar.
— Eu não quero ouvir o que você tem a dizer, só quero
minha liberdade de volta.
— Você está livre, Grace, isso foi só pelo tempo que
passei fora. Agora tudo está normal outra vez.
— Eu não quero mais nada de você, Blake, exijo que
me deixe sair daqui. — A raiva falou mais alto, a dor de
dias andando somente nesse quarto, olhar para meu
tornozelo ferido e para a minha ferida no coração, foi o
que me fez sair da razão. Eu pulei em cima de Blake
esmurrando o quanto eu conseguia.
— Seu miserável covarde. — Tapas e mais tapas que
minhas mãos começaram a arder, seu rosto ficou vermelho
e ele não se moveu para se defender, só me deixou bater.
— Deixe-me sair daqui seu idiota. — Blake segurou os
meus braços.
— Não toque em mim. — Gritei. Continuei na tentativa
ridícula de escapar de suas mãos, fracassei.
— Eu estou louco para ser tocado por você, Grace.
Mas entendo a sua raiva. — Ficamos olhando um para o
outro.
— Entende. Você é um covarde que não entende nada,
Blake. — Ele continuou me olhando. — A sua desculpa de
não confiar nas mulheres faz de você um monstro, só que a
verdade, é que você não confia em você mesmo, seu
animal. — Gritei muito perto de seu rosto, e ele com força
me impediu de sair de seu aperto.
Blake me empurrou e eu caí deitada em cima da cama,
não tive tempo para levantar e muito rápido ele me
prendeu com seu corpo em cima de mim.
— Sai de cima de mim seu verme. — Falei com a voz
engasgada. Ele soltou a mão que segurava a minha para
não o socar, e rasgou com toda a força a minha roupa de
dormir, jogando os trapos para o lado, olhou em meus
olhos com desejo derramando por eles.
— Não ouse, Blake, eu tenho nojo de você. — Ele não
me ouviu, abaixou a calça até os joelhos mesmo com a
dificuldade, ainda com os olhos nos meus, rasgou a minha
calcinha e senti arder na minha pele, Blake afastou minhas
pernas com o seu joelho entrando no meio delas, eu senti o
calor que vinha dele, senti o cheiro de seu membro
babando por mim.
— Eu não quero, Blake, você não pode fazer isso. —
Bato mais duas vezes em seu rosto, até que ele segura
minha mão novamente, e caí por cima de mim, e eu senti
seu membro babado encostar no meu sexo, ele fechou os
olhos e puxou forte a respiração.
— Não, não, Blake. — Ele chora com o meu desprezo,
ele abre os olhos e está um mar azul e vermelho e lágrimas
saindo sem parar, mesmo com o meu pedido, ele não deixa
de me possuir. Blake entra em mim sentindo cada polegada
de seu membro se afundar na minha carne quente, até o
fundo. Eu estou tão apertada que fechei os olhos sentindo
um pouco de dor por causa de seu tamanho.
— Eu te amo, Grace. — Abro os meus olhos e ele solta
meus braços e apoia-se na cama, e começa a entrar e sair
de mim.
— Eu odeio você. Eu tenho nojo de você. Eu não sou
sua e nunca fui. — Falei com a voz trêmula, não sei se é
pelo prazer de tê-lo dentro de mim, ou raiva por ele fazer
somente o que lhe deseja.
— Mentira. Sinta como esta babada por mim. Sinta
como você me acolhe dentro de você que mesmo que
queira, não consegue controlar os espasmos que sente
agora. — Ele afunda mais forte dentro de mim. — Engula
ele todo dentro de você, amor. — A voz rouca de prazer
que a dias eu não ouvia, entrou rasgando meus ouvidos. E
enquanto Blake me penetra com toda a força, tento
controlar meu corpo para que eu não sinta nada, mas é
impossível. Tudo dentro de mim chama por ele, eu começo
a estapeá-lo mais uma vez para me distrair, seus urros de
prazer me fodendo não deixou meu esforço de não sentir
nada vencer.
— Sai, sai, Blake, me deixe em paz. — A súplica
mentirosa não o convenceu, e então ele entrou mais fundo e
forte. Eu choro e bato nele, amando ser penetrada com
tanta força e desejo, mesmo depois de ser acorrentada por
dias, trancada dentro de uma casa e vigiada como fugitiva.
Sou fraca e burra, eu sei. Julgue-me quem um dia
descobrir isso.
— Nunca vou sair de dentro de você, amor, sei que me
quer e eu sou o único que posso fazê-la feliz. — Ele vai
até o fundo de mim, e não consigo controlar o meu corpo
que é um traidor, gozo tentando esconder dentro da minha
boca, os gemidos involuntários que dou. Meu corpo treme
embaixo dele, meu sexo mastiga o dele engolindo todo e
não deixando sair em grande aperto, espasmos fazem meu
quadril sair de cima da cama e levantá-lo com toda a força
do meu orgasmo. Então eu ouço ele gozar fundo e desejoso
do meu prazer.
— Hummmm aaahaah, Grace, amo você, amor. — Ele
cai em cima de mim ainda penetrando forte, segurando as
minhas mãos acima da minha cabeça, e enfia mais até o
fundo para não parar de me possuir. Ainda com os
espasmos do meu gozo e mole com ele em cima de mim, eu
o ouço dizer.
— Quero você até o amanhecer, Grace.
Capítulo 17
As coisas não acontecem só porque sou fraca ou
burra, às vezes, é quase impossível evitar. Agora com
meus pensamentos, em pé de frente para a grande janela do
quarto, olhando para o sol lá fora, que brilha tão
intensamente que me dá vontade de tocá-lo. Penso que, não
me culpo pelo que aconteceu a noite toda, sou uma mulher,
e forças para competir com a de Blake, eu não tenho.
Ele me quis até o amanhecer, e ele me teve. Viro-me e
olho para ele agora, deitado ocupando toda a cama,
dormindo o sono mais tranquilo que já o vi dormir. Seus
lindos fios loiros desalinhados, o braço direito jogado em
meu travesseiro, o outro próximo ao seu quadril, os lábios
um pouco abertos, tórax lindo e não muito definido,
poucos pelos saindo do peito fazendo todo o caminho até o
umbigo. O pênis que agora dorme, está posicionado de
lado em seu abdome definido, mesmo dormindo ele é
majestosamente grande e grosso, as pernas relaxadas
ocupam todo o restante do espaço da cama. Blake
Goldberg é um homem que preenche toda uma cama. E
agora ele é o meu marido. Peguei o robe de seda branca
jogado no chão e vesti, devo ter deixado ele aí por dias,
não permiti que Tina limpasse o quarto só para não ter que
olhar muito tempo para ela. Bem devagar dei passos até a
cômoda onde deixei os papéis do nosso casamento, que
Oliver me entregou, voltei e parei ao lado da cama, joguei
os papéis em cima de seu rosto para fazê-lo acordar.
— Acorde, Blake. — Falei. — Hora de conversar. —
Seus olhos azuis encontram os meus assustados. Ele
levanta e fica sentado na cama tentando entender o que
estava acontecendo. Depois de acordar de verdade, ele
pega os papéis e olha-os em silêncio. Joga-os para o lado
e olha para mim.
— Você já está acordada, por quê?
— Eu não dormi. — Afastei, indo para a janela outra
vez.
— O que quer conversar, amor? — Perguntou um pouco
grogue de sono.
— Eu assinei esses papéis confiando em você de que
seria sobre um trabalho, e não um suposto casamento,
Blake. — Falei. — Por que fez isso?
— Grace, tenho meus motivos, não quero perdê-la e foi
assim que encontrei a solução.
— Por que me acorrentar? — Lá fora o sol aquece,
aqui dentro o gelo queima a minha pele. Não olho para ele,
não quero ser seduzida por ele, de novo.
— Não confio em você. — Suas palavras me fizeram
virar e olhá-lo no olho.
— Eu não sou ela, Blake. Não sou Britt. — Falo quase
em sussurro. Ele me olha com raiva agora, com raiva.
Levanta-se e não deixa meu olhar cair por um segundo,
aproximou-se ficando muito, muito perto e invadindo a
minha zona de conforto. Senti o medo andar por minhas
veias através do meu sangue fervendo, ele tem esse poder
de intimidar qualquer pessoa.
— Nunca mais fale o nome dessa mulher dentro da
minha casa. — Sua voz cortou minha pele de tão afiada e
gélida que saiu entre seus dentes. Tremi e senti os meus
sentidos reclamarem por ar, então percebi que não estou
respirando. Puxo o ar bem devagar para dentro de mim e
solto, faço isso três vezes e sinto meu corpo voltar ao
normal lentamente. — Exijo saber quem falou a respeito
desse nome. — Disse ele. A voz é assassina e os olhos
azuis já me fazem sangrar.
— Tina. — Antes mesmo de pensar se falaria, eu já
tinha falado. Não sei se pelo medo do momento, mas agora
é o que estou sentindo.
— Ela não tinha esse direito.
— A culpa foi minha, eu praticamente puxei a sua
língua. — Não podia deixar sua ira cair em cima da
senhora que tanto lhe tem respeito.
— Deixe o meu passado, longe do nosso futuro, Grace.
— E não sei de onde, mas a coragem chegou até a mim.
— Não existe futuro para nós, Blake. — Falei. Ele me
olhou com raiva e dor. — Não posso ficar com você,
depois de tudo o que você fez.
— Você não vai me deixar, isso eu garanto. — Disse
ríspido.
— Eu não sou ela para que você não confie em mim.
Diga-me, o que ela fez a você? — A coragem não foi
embora.
— Ela destruiu a minha vida e da minha família. E já
disse que aqui, não se fala seu nome.
— Eu não falei o nome dessa vez. Você não pode
descontar em mim as suas frustrações do passado. — Falei
olhando em seus olhos. — Ela deve ter deixado você,
porque você é louco. — Cuspo as palavras em sua face.
— Eu é que a expulsei da minha vida. Eu paguei um
bom dinheiro para ela não passar na minha frente, nunca
mais, nem em Miami, e nem onde eu estiver com a planta
dos meus pés, ela nunca mais vai estar também, ou não
responderei por mim. — Gritou as últimas palavras. Ele
não se deu conta, mas estava segurando forte o meu braço,
enquanto vomitava a sua dor em minha face.
— Você está me machucando. — Sussurrei. E senti
lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto. Ele olhou
onde estava suas mãos e chocado, soltou meus braços.
— Perdoe, amor, por favor eu... eu não quis machucar
você. — Disse arrependido. Ele me abraçou forte e beijou
toda a minha face. — Desculpa, por favor, não tive a
intenção.
O que posso pensar sobre isso? Eu não consigo ter uma
linha de raciocínio.
— Você ainda a ama muito. — Mais uma vez as
palavras saíram da minha boca sem eu pensar em dizer.
— Eu nunca amei uma mulher, Grace. Sempre fui um
homem de várias mulheres, mas amor, isso nunca. — Disse
ele. — Por isso sei que, ao olhar em seus olhos pela
primeira vez, eu sei que amei você a partir daquele
momento. Foi o famoso “amor à primeira vista”. Por isso
tenho tanto medo de perdê-la. — Agora sua voz saiu doce
e sincera.
— E de onde você tirou que casar comigo e me
acorrentar em sua casa, vai fazer com que eu não o deixe?
— Perguntei ainda envolvida em seu abraço.
— Tenho medo de que você se encante por outro
homem. Tenho medo de não ocupar a sua cabeça e seu
corpo com a minha presença e o meu prazer, e você
procurar em outros braços, aquilo que não te dou. — Disse
ele.
— Eu não sou assim, Blake.
— Preciso fazer do meu jeito e com minhas regras para
que eu consiga confiar em você.
— E eu preciso respirar e ter minha liberdade de volta.
— Falei. — Não quero ser acorrentada outra vez.
— Não me peça isso, Grace. Não em tão pouco tempo
de relacionamento, eu preciso ficar de olho em você para
me sentir seguro de que você não irá me deixar, mesmo
com todas essas merdas. — Eu ouvi, mais não respondi.
Não posso permitir que ele faça isso comigo. Não posso
achar normal o modo como ele faz para confiar em mim.
Sei que estou ilhada dentro desta casa, mas também sei
que o meu sonho com Blake chegou ao fim. Compreendo
algumas coisas, mesmo não sabendo o que aconteceu, mas
aceitar, não sei se consigo.
Ficamos abraçados em silêncio, e logo foi quebrado
com sua voz apavorada.
— Não pense isso, amor, por favor, não fuja de mim.
Não procure por mais motivos para você me deixar. Olhe
para mim. — Pediu, segurando meu rosto com as duas
mãos, seus olhos estão banhados em lágrimas. — Eu não
quero persuadir você, ou forçá-la a aceitar as minhas
condições. Só quero fazê-la compreender alguns pontos.
— Disse. — Olhe pelo lado bom entre nós. Você me ama
eu posso sentir isso, mesmo agora com toda essa raiva que
sai pelos seus poros. E eu te amo, você é minha vida
agora, não sou um monstro, porém preciso fazer algumas
coisas fora das normas só por um tempo, até minha
confiança em você permanecer para sempre.
“Isso é ridículo” pensei. Eu o amo, mas aceitar isso é
totalmente doentio. Vejo em seus olhos o desespero e a
capacidade de fazer coisa pior, caso eu não concorde com
ele. Blake precisa de ajuda profissional, já vejo isso e sei
onde vai nos levar. Para chamar minha atenção e me fazer
ficar ao seu lado, ele é capaz de tudo. Na minha mente, é
Blake enfiando uma arma dentro da boca de meu irmão.
— Eu amo você, Blake, e vou esperar o seu tempo sem
reclamar. Com uma condição. — Falei e ele franziu a testa
em dúvida.
— E qual seria?
— Exijo que não me afaste da minha família e Alice.
Jamais irei suportar tais coisas que você tem necessidades
sem ao menos vê-los de vez em quando, ou ouvi-los por
telefone. — Falei e ele suavizou a expressão em seu rosto.
— Prometo não contar nada do que aconteceu, ou do que
está por vir. Esses dias me senti muito sozinha, preciso
deles comigo. E sei que Alex não ficaria todo esse tempo
sem falar comigo, você fez alguma coisa e isso acaba aqui.
Se você me acorrentar outra vez e eu ficar isolada do
mundo, talvez quando você voltar, me encontrará morta.
— Não diga isso. — Gritou.
— Então não me prive deles, por favor. As correntes eu
posso suportar, já a solidão, isso não.
— Tudo bem, obrigado por compreender. Não vou
afastá-la deles, me desculpe, minha viagem foi repentina e
precisei tomar atitudes que nem eu achei que seria capaz
de fazer.
— Internet não é só para e-mails ou pedir socorro. De
toda forma, meu computador é monitorado por você o
tempo todo, então, não precisa ficar tão inseguro quanto ao
meu uso, e também não preciso da Tina ao meu lado
quando eu for usá-lo.
— Claro, você está certa. Preciso ir para a Blake’s,
você vem comigo? — Perguntou como se tudo tivesse
resolvido e normal entre nós. Agir com naturalidade é o
que preciso agora. E preciso descobrir o que aconteceu
com Britt.
— Com certeza, estou nessa casa há dias, o que mais
quero é trabalhar e ver as pessoas andando nas ruas.
— Então se arrume amor, e vamos trabalhar. Teremos o
dia cheio hoje. — Disse ele.
— Você tem que me deixar saber sobre sua agenda. —
Falei o mais natural possível.
— Está tudo no iPad, amor, verifique as reuniões e
agende tudo para as datas que tenho disponíveis.
— Tudo bem. Como foi em NY?
E assim começou o nosso dia, como um casal normal,
sem problemas e grandes conversas. Enquanto ele
escovava os dentes e falava tudo sobre NY, eu entrei no
chuveiro e comecei a tomar banho, prestando bastante
atenção e colhendo tudo o que era possível de
informações, para arquivá-las em minha memória, já que
telefone e computador não era possível.
Olhando para ele enquanto tomava banho e
conversávamos, pensei o quanto eu o amava, agora vendo-
o depois de dias de raiva, angustia e solidão sem fim,
pensei também em como sou doente, e em quanto o mundo
está cheio de amores assim, avassaladores e capazes de
suportar coisas absurdas. Quem um dia descobrir isso,
mais uma vez peço, não me julgue, poderia ser você aqui
no meu lugar, é difícil amar assim com tantos altos e
baixos, é difícil deixá-lo ir ou fugir, é difícil saber que um
dia vou deixá-lo, vou fugir.
Blake é um homem perturbado com o passado, ele
sofre, posso ver em seus olhos. Vi também o quanto estava
triste ao olhar a pequena ferida que tenho agora em meu
tornozelo. Ele não ficou nada satisfeito de ter feito o que
fez, me deixado como deixou, acorrentada. É nesse
momento que uma luz se acende na minha cabeça, antes de
deixá-lo, não posso fazer isso sem lutar por ele, meu
marido precisa de ajuda e grita por isso, um grito no meio
do deserto onde somente ele pode ouvi-lo, mais os ecos
chegam aos meus ouvidos. E antes de desistir, eu vou lutar.
Mas, infelizmente, não sei até quando poderei suportar,
sem fugir.
Ele se juntou a mim no box, a água quente banhando
nossos corpos agora, grudados um no outro. Ele me tem
mais uma vez, o sexo é forte, duro, fundo e delicioso. Meu
corpo não sabe dizer não, eu não sei dizer não, ou talvez
só não quero dizer não agora.
Quatro reuniões, Blake voltou ágil e forte para
trabalhar, um dos funcionários de NY fez coisas
inaceitáveis na empresa, se não fosse Oliver ser o
profissional competente que é, hoje o nome da Blake’s
Arquitetura estaria estampado nas revistas de fofocas e
jornais de todo o mundo, sendo acusada de sonegação de
impostos e uso de materiais indevidos. Com essa viagem
que ele fez para NY, todas as irregularidades foram
resolvidas. Com isso, Blake estava como um tubarão dono
do mar, expulsando tudo e todos somente com sua
presença. Com ele em reuniões o dia todo, tive tempo de
fazer uma análise de como pedir ajuda para meu irmão e
Alice, sendo assim, peguei um papel e comecei a escrever
os contras:
Ele pode ver pelas câmeras, mas não ouvir o que eu
falo, ele pode receber e ler todos os meus e-mails,
ligações, mas não pode ler o que escrevo em papéis e
principalmente, o banheiro é um lugar seguro para fazer
algumas coisas das quais ele nem perceba se eu for
esperta. Eu só tinha que pensar em tudo, para não me
machucar e não machucar a Blake.
Eu aproveitei as reuniões e liguei para Alice do
telefone do escritório, falei que precisava muito falar com
ela e que quando eu contasse, ela não ficasse desesperada,
ou ia colocar tudo a perder. Ela concordou e marcamos um
encontro. Depois que desliguei o telefone, busquei na
minha mente se ele já tinha me dito, se o telefone do
escritório também era grampeado, realmente não me
lembrei disso, e então, a tensão começou outra vez andar
por todo meu corpo.
Depois desse deslize, o dia foi tranquilo, andei pelas
ruas sentindo o sol na minha pele, sem correntes
arrastando atrás de mim, o barulho insuportável se foi, e é
quase como véspera de natal para mim. Fiz meu lanche
devagar, e enquanto estava comendo, ele mandou uma
mensagem perguntando onde eu estava. Tirei uma foto do
meu lanche e do local onde eu estava e mandei para ele.
“Obrigado por me dizer, amor” ele respondeu.
“Sempre” fiz a minha parte também. Se é para
conquistar sua confiança, então vou fazer o possível para
isso. Quando voltei para o escritório, ele estava em sua
sala com mais três pessoas, uma delas era a intragável
Anabelle. O alívio em me ver entrando na recepção fez o
sorriso em seu rosto brilhar e todos olharem para ver o
que ele estava olhando e o motivo do sorriso de “Graças a
Deus ela voltou”. Trinta minutos depois, eles saíram de
sua sala e então fomos para casa. Ele me contou o quanto
estava satisfeito com os projetos, principalmente os de
Anabelle, coisa que não gostei de ouvir, e com o seu
contratante. Conversamos todo o caminho sobre o
casamento, e Blake admitiu que foi uma loucura querer me
prender a todo custo, e depois se justificou que me amava
muito para me perder. Perguntei quando ele irá me contar
sobre Britt, e percebi o quanto isso o perturba e o deixa
triste. É como se ela tivesse tirado o rumo de sua vida por
muito tempo, e agora que estamos juntos, ele encontrou seu
caminho de volta. Essas foram um pouco de suas palavras,
junto com um pedido de perdão, e também, um pedido de
ajuda para esquecer, como as pessoas podem ser tão
mentirosas e articulosas para destruírem alguém. Foi como
se ele quisesse me contar, mas a dor de lembrar faz com
que ele se bloqueie. Então lembrei-me do desprezo que
sente por Anabelle, de Oliver o advertindo de alguma
coisa referente ao passado, mas não consegui me lembrar
com exatidão. Blake tem aversão a mulheres levianas, e só
posso crer que tudo do seu passado leva para esse
caminho.
Quando chegamos em casa, ele devolveu meu telefone
celular.
— Você não fugiu de mim hoje, e teve oportunidade
para isso, obrigado por ficar. — Disse ele. E acho que
devolver meu telefone foi um tipo de recompensa. Ele só
não sabia que eu sei que já sabia onde eu estava. O
precioso presente que ele me deu quando eu cheguei na
Blake’s, uma maravilhosa tornozeleira caríssima, ainda
estava no meu pé como ele pediu, e sei que tem um
rastreador GPS nela. “Blake, Blake, Blake, não sei se te
mato ou se te amo” pensei.
Me acomodei na cama e comecei a mexer no telefone.
Blake deixou todas as mensagens que ele e Alex trocaram,
se passando por mim claro, e Alice, que percebeu alguma
coisa, mas logo foi despistada pelo esperto Blake. Foi
fácil para ele se passar por mim, estudar as mensagens
anteriores e chamá-los como eu sempre os chamo, não
levantou muitas suspeitas. Mas Alex é um tubarão como
Blake, ele comentou coisas de quando éramos crianças, e
entre elas, o nome do meu ursinho de pelúcia que ele
rasgou, e eu chorei muito dizendo que ele morreu, e Alex
limpando minhas lágrimas, falou que o ursinho agora
estava livre. Quando fazíamos algumas coisas erradas,
nosso código para quando íamos ter ou não castigo, era se
nós estaríamos livres como o ursinho, ou presos como o
passarinho de papai que ficava na gaiola.
A saudade bateu no meu peito e ouvir a voz de Alex,
era tudo o que eu precisava. E foi exatamente isso que fiz,
liguei para Alex e no segundo toque, ele atendeu.
— Irmã, resolveu sair da toca e falar comigo? —
Perguntou sério.
— Oi, irmão, senti sua falta.
— Também senti a sua, como você está?
— Bem, e você?
— Tudo ok. Papai e mamãe estão com saudades. —
Disse ele.
— Eu também estou, diga-lhes que em breve irei visitá-
los.
— Sim, livre. — Disse ele em tom normal, mas sei que
foi uma pergunta velada. Ele não acreditou em nada das
mensagens de Blake. Olhei para a frente e vi Blake com o
telefone no ouvido olhando para mim.
— Não. — Blake não entendeu. — Como estão os
preparativos para o casamento? — Mudar de assunto,
também era um bom código para Alex.
— Muito bem, a cerimônia das rosas, será melhor do
que o casamento na igreja que é só para agradar o papai e
a mamãe. Gostaria que viesse nela também.
— Eles não sabem dessa outra festa?
— Claro que não. Imagine a mamãe vendo minha noiva
entrar vestida com a roupa maravilhosa de submissa que
mandei fazer para ela? — Ele sorriu tenso. Sei que Alex
está sentindo alguma coisa.
— Verdade, deixe isso somente entre vocês,
pervertidos. — Sorri quebrando o clima estranho. Blake
também sorriu baixo, e a pequena gargalhada que Alex
deu, não chegou em meu coração.
— Pervertidos não, irmãzinha, somente com gostos
peculiares para sexo.
— Sei. Irmão, preciso te falar uma coisa. — Blake me
olhou franzindo a testa.
— Se for sobre o ridículo casamento que Blake armou
e você caiu, eu já sei.
— Quem te contou.
— Ele. Blake tem coragem para me enfrentar, tenho que
admitir. — Blake sorriu.
Conversar com Alex sob a supervisão de Blake, era
muito difícil. Ele estava atento a todas as vírgulas que eu
colocava no assunto. Lembrar dele com uma arma na boca
do meu irmão, me dava uma boa ideia do que ele era capaz
de fazer. Conversei com Alex por mais dez minutos e
desliguei, Blake sorriu e se aproximou.
— Obrigado. — Disse ele.
— Pelo quê?
— Por não pedir socorro, não fugir de mim. Jamais
machucaria você, Grace, só não quero perdê-la. Sei que é
errado e irracional o que fiz, só que me vi sem opções
quando precisei viajar e o medo de você conhecer alguém
foi maior que qualquer outra coisa.
— Seu jeito de amar é estranho para mim. Conhecer
pessoas eu vou a todo tempo, você nunca poderá me
prender no seu mundo. Basta confiar em você mesmo, e no
nosso amor. — Falei.
— Um dia você vai entender. — Disse ele.
— Espero que não demore muito.
Ele me abraçou e eu senti que sua vontade era de falar,
mas sei que o que Blake tem a revelar, vai tirar todas as
merdas de dentro de mim. Esse é o seu medo, de revelar e
eu desaparecer por medo dele. De mostrar o que ele fez e
tudo isso no passado, se transformar em um reflexo para o
futuro. O medo de tudo vir à tona, o medo de como
machucaria as pessoas que soubessem e como a ferida
aberta traria de volta a sua dor. Esse é o seu medo.
Capítulo 18
Black
Grace acordou não muito bem, seus olhos tristes
olhando para mim, senti na alma que ela queria chorar. O
beijo de bom dia, não foi igual ao de todos os dias. Todo
esse tempo, até mesmo os meses intermináveis da minha
insanidade de acorrentá-la, ela não meu olhou como me
olha agora. Ela está linda em pé, com seu vestido branco
floral, o vento que entra pela janela faz o seu lindo e longo
cabelo negro dançar em sintonia. Ela passa a mão na linda
barriga crescida, que protege o nosso pequeno Ben. Ela
me olha de soslaio, ela me acha um monstro. Estou doente,
eu sei. Há anos eu estou assim, o que aconteceu com meu
irmão Benjamim, não é motivo para eu fazer o que faço
com minha pequena Grace. Mas é uma força obscura que
me persegue, aquela mulher conseguiu destruir qualquer
tipo se confiança que um dia, eu tive nas mulheres.
Vou homenagear meu irmão dando o nome dele ao meu
filho, Benjamim.
Grace é minha força, minha vida e aos poucos estou
conseguindo deixar o passado no passado, por ela.
“Mentira, a quem estou querendo enganar?” pensei.
Fico em pânico quando penso que um dia ela terá que sair
dessa casa. Quero tê-la sempre debaixo dos meus olhos,
não suporto quando um homem a olha, parece que rasga
minha pele com faca quente. Tenho medo de Grace me
deixar, medo maior, é se um dia ela me trair. A traição é
algo sujo. Seja ela qual for, jamais deixará a alma de
alguém em paz. Traição é o coração sangrar até não existir
mais uma gota no corpo, é a pele se romper com tamanha
dor. Eu sei. Eu conheço essa dor.
A traição que sofri, foi a minha morte por anos, até
olhar nos lindos olhos de Grace no meu escritório. Ali eu
tive esperança de amor.
— Você está calado. — Disse ela.
— Estou só pensando em algumas coisas. Você também
não está no seu normal, está sentindo alguma coisa?
— Não. Estou bem. — Disse ela ainda em pé de frente
para a grande porta da sacada do nosso quarto olhando
para o tempo lá fora.
— Como programou o seu dia hoje com Alice? —
Perguntei. Grace virou-se para me olhar, e se aproximou
devagar, sentou na cama e ficou me olhando. Até que ela
sorriu.
— Alice está louca para pintar o quarto do bebê, eu
disse que você não vai deixá-la fazer isso. — Ela sorri
lindamente. — Mas ela insiste e vai chegar com um monte
de coisas para o quarto do Benjamim. — Disse com os
olhos um pouco mais felizes.
— Vejo que você está animada com isso.
— Sim, estou. Faz tempo que não tenho sua companhia,
e agora com esse garotão aqui. — Ela olha para a barriga
de quase cinco meses. — Tudo gira em torno dele. Até
Alice não quer mais saber de mim, só dele. — Ela sorri.
— Você é nosso tesouro, Grace. Alice está feliz por ser
madrinha babona dele. — Falei.
— Sim, está. Acho que vamos ter trabalho para segurar
os ânimos dela quando o Ben nascer. — Seus olhos
estavam tristes outra vez. O que será que está
acontecendo?
— Eu vou tomar um banho e esperar por ela. Você vai
trabalhar aqui hoje? — Perguntou. Preciso dirigir uma
reunião muito importante, mas penso que não tem perigo
em deixá-las sozinhas. Em todo caso, Antony vai ficar
aqui.
— Vou para a Blake’s, preciso resolver umas coisas
importantes. Mas Antony vai ficar aqui, caso você precise
de alguma coisa urgente.
— Tudo bem. — Disse ela. Prestei bem atenção em
suas feições, ela não fez nada que eu pudesse suspeitar
então, acho que posso ficar calmo a respeito de deixá-la
aqui.
— Vamos tomar banho juntos amor, estou com sede de
você. — Falei.
— É uma ótima ideia. — Disse ela, mas não sorriu.
Fazer amor com Grace, vai muito além de todas as
minhas expectativas. Nunca tive mulher mais saborosa que
ela. O cheiro, a pele quente linda e viva, o jeito que me
olha quando eu a faço gozar, é único, é néctar para meu
deleite de predador que sou.
Peguei em suas mãos e a levei para o banheiro, ela
ficou de frente para o espelho, minha sede por ela não me
faz ser tão carinhoso. Tirei o vestido e deixei cair no chão,
os seios grandes e inchados pela gravidez, me deixam
salivando feito lobo de olho na presa suculenta. Suguei
seus mamilos com todo desejo possível, ela geme e fecha
os olhos sentindo minha posse.
— Vire-se e fique de frente para o espelho. — Falei,
ela obedeceu. Tracei o caminho dos seus ombros até a
nuca com minha língua, afastando seu cabelo, mordi
levemente e chupei em cima, ela gemeu, isso acordou o
seu corpo. Seguro os seios e desço com a língua babando e
chupando toda sua pele, ela se apoia na pia curvando o
corpo para a frente e empinando a bunda para mim.
Belisquei seus mamilos e vi quando seus pelos ficaram
arrepiados, sua pele vermelha de desejo, o sexo acendeu
dentro dela, sempre foi assim na entrega para mim. Deixei
seus seios e coloquei minhas mãos em cada lado da
calcinha, de joelhos, coloquei meu nariz na carne dura e
arredondada da bunda empinada, e cheirei, roçando o
nariz e assoprando para ela sentir por dentro da calcinha,
ela geme. E eu sinto o seu cheiro afrodisíaco, abaixei a
calcinha passando o nariz na bunda macia e lisa, vejo e
gosto de como ela reage, seus pelos todos para cima me
deixa babando por ela. Tirei a calcinha e cheguei na
bancada da pia. Nua e linda. Minha mulher. A sua
excitação exala com o cheiro do seu corpo que para mim,
é doce, único.
Abri a bunda com minhas mãos segurando firme na
carne dura, e a ouvi gemer, ela sabe o que gosto de fazer.
— Abre mais as pernas amor, e empina essa bunda para
mim.
Ela fez. Abriu e empinou colocando a bunda na minha
cara, senti o cheiro suave do seu sexo, abri mais a sua
carne e vi o ânus piscando para mim. “Amo essas pregas”
pensei.
Tão pequeno e louco para ter meu pau dentro dele.
Chupei seu cuzinho apertado, babando nele e sentindo-o
piscar na minha língua.
— Ahahaha. — Ela geme, ela treme. Grace rebola
mexendo a bunda na minha cara e ela sabe que isso me
deixa louco. Passei os dedos entre sua carne agora,
alagada da boceta suculenta, encharcada que mais parecia
um lago do que uma boceta. E eu não comecei nada ainda.
Ela está assim, os hormônios da gravidez fazem com que
um toque apenas, ela abra as pernas para mim. Chupei o
cuzinho, e a pressão no clitóris inchado a fez gritar de
prazer. Amo ver seu corpo sentindo prazer, mas hoje está
diferente, um pouco tenso, mesmo assim, ela se entrega
toda para mim.
— Quero você dentro de mim. — Ela tem pressa.
— Onde amor? — Perguntei. Ultimamente Grace tem
muito tesão na bunda. Ela goza como uma cadela quando
fodo seu cuzinho.
— Aqui. — Mostrou, passando os dedos e para meu
deleite, vejo as preguinhas piscarem para mim.
— Você é uma garota má, Sra. Goldberg.
— Então use essa garota e entra logo dentro de mim,
amor.
O seu pedido é uma ordem. Levantei e fui até o
armário, peguei um lubrificante para facilitar a penetração.
Eu sou muito grande e grosso, ela é forte, aguenta bem,
mas posso aliviar para ela, então, é muito mais prazer para
nos dois. Grace apoia os antebraços na bancada da pia,
abre as pernas e se concentra para me receber, lambuzo
todo meu pau de lubrificante, e passo também na bunda
suculenta e apertada dela. Ela geme. Amo seus gemidos.
— Agora eu vou foder você, amor, forte e rápido como
você gosta. — Ela geme mais. Com o rabo todo empinado
para mim, passo a cabeça do meu pau subindo da boceta
até o cuzinho apertado, ela geme e treme. Ela rebola no vai
e vem para entrar a cabeça, eu vejo o cuzinho piscando e
babo todo nele.
— Ohhhoho, gostoso demais, Grace. — Ela é uma
provocadora, se movimenta para frente e para trás em seu
ritmo, para não sentir tanta dor. Eu gosto de vê-la
rebolando com o cuzinho no meu pau, entrou a cabeça e
vejo as pregas se abrindo e abraçando a tora grossa. Ela
geme e para, respira e continua, eu a deixo em seu tempo e
quanto mais ela rebola, mais eu babo e fico duro. Não
aguento esperar e abro a carne da sua bunda e forço para
entrar tudo, sinto cada prega relaxar a força com meu pau.
— Ahahaha, Grace.
— Blake aí. — Gemeu, sentindo meu pau bater no
fundo do seu cuzinho.
— Cada dia melhor sua safada.
Espero até ela se acostumar, quando ela olha para mim
através do espelho e sorri, eu sei que já posso pegar
pesado com o cuzinho safado dela.
— Você é muito valente, amor. — Soco até o talo. —
Huhuhmm. — Entro e saio entro e saio, segurando seu
corpo pelo quadril. “Essa garota é forte” pensei. Grace
colocou seus dedos no clitóris e começou a se masturbar e
rebolar mais, recebendo meu pau na sua bunda.
— Toma, toma, toma no seu cuzinho cadelinha grávida.
— Seus olhos estão moles e os pelos arrepiados, e o
cuzinho apertado e quente engolindo meu pau até as bolas.
Ela é uma guerreira, vinte e cinco centímetros de pica no
rabo, só para as fortes.
“Grace me ama, me ama muito. Sei que preciso
libertá-la, mais não posso perdê-la” pensei. “Foca nesse
cuzinho, Blake” Meto mais forte e sinto os espasmos de
seu corpo, ela treme e sorri de olhos fechados, vejo tudo
pelo espelho. Eu apoio os meus pés, nos pés dela, para
que não escorregue e se machuque, porque agora vou
aumentar a potência das estocadas nesse cuzinho.
— Segura amor, porque agora eu vou começar a te
foder. — Falei. Grace se apoiou mais na pia, e não
abandonou seu clitóris, ela estava quase gozando e eu
também. Estoquei no cuzinho com toda força e os seus
gemidos me dão mais energia, sinto seu corpo balançar
com os tremores dos espasmos. Fechei meus olhos
saboreando a sensação de sentir a carne quente engolir
meu pau e de repente, Grace goza feito uma cadela por
meu pau no seu rabo.
— Ahahahah, Blake. — Ela treme toda, eu a seguro no
quadril e nos pés para ela não cair. Sinto minha porra
passando por todo meu canal, chegando com força e
arrastando tudo de dentro de mim como tornado furioso,
até que...
— Aahahahooooo. — Esporro tudo dentro dela, até o
fundo do cuzinho apertado. — Safada gostosa. — Caí por
cima dela tremendo e jorrando minha porra toda nela.
— Quer me matar, Grace? — Perguntei brincando.
— Não, mas acho que outra dessa, vamos precisar de
uma ambulância. — Ela sorri. Olhei para ela no espelho e
mesmo depois de um orgasmo intenso, seu sorriso não
chegou aos olhos.
— Eu te amo, pequena.
— Também te amo, Blake. — Depois de nossas forças
recuperadas, tomamos banho e nos amamos outra vez, só
que dessa vez por vias normais e devagar, não podia
assustar o nosso Benjamim. Ela disse que ele não sente
nada, que é seguro, mais vai saber, né?
Grace continuou calada e com seus pensamentos longe
de mim, eu a deixei assim por algum tempo, entendo que
não deve ser fácil para ela amar um homem como eu.
Reconheço os meus erros, mas não posso correr o risco de
ela ser seduzida, ou ela seduzir alguém, não posso deixá-la
sair do nosso mundo, eu construí a nossa rotina e nada vai
atrapalhar isso. Alex está uma fera, sua vontade é de me
matar. Grace não sabe, mais eu dou um relatório de como
ela está toda semana para ele. Quando ele chegou na
Blake’s passando por cima de todo mundo para falar
comigo, eu achei melhor contar para ele o que estava
acontecendo, e como eu me sentia em relação a muitas
coisas e medo. Ele não entendeu, ninguém entende. Oliver
também, assim como Alex, acha que devo procurar uma
ajuda médica. Falei tudo sobre o meu passado com Alex, e
o que aconteceu com Benjamim, ele ficou chocado e não
aceitou que eu fizesse Grace minha prisioneira por conta
disso. Ele me deu um prazo que está se esgotando, se até lá
eu não falar tudo com Grace e deixá-la livre, eu iria sofrer
as consequências dos meus atos por suas mãos e pela
justiça. Mas antes disso eu vou estar longe com minha
mulher e meu filho, só estou esperando ele nascer.
— Eu já estou indo para o escritório, amor. — Falei
tirando-a de seus devaneios.
— Tudo bem, pode pedir a Tina para me trazer o café
da manhã?
— Claro, amor, que horas Alice vem?
— Acho que para almoçar. Pede também para Tina
fazer aquele bolo de chocolate que amo. — Pediu e eu a vi
salivar de desejo.
— Sim, meu amor, tudo por você. — Beijei os seus
lábios, e senti que ela estava deixando a alma comigo. Ela
me olhou um pouco e pude ler o que seus olhos diziam. Ela
ainda tinha esperança de que eu me tornasse um homem
diferente, ela tinha fé em mim. E um pouco de lágrima
escorreu pelo canto do olho, tímida, mas estava lá em seus
lindos olhos.
— O que está acontecendo com você hoje? —
Perguntei.
— Nada, amor, são os hormônios, eu estou assim
ultimamente.
— Percebi. Fique bem, amor e divirta-se com Alice.
— Obrigada.
Deixei Grace sentada na nossa cama, ela com os olhos
cheios de lágrimas. Passei na cozinha e dei as instruções
para Tina sobre o café e o almoço. Na garagem, Antony já
estava à minha espera com a porta do carro aberta.
— Bom dia, senhor.
— Bom dia, Antony, hoje você fica aqui. — Ele me
olhou confuso. — Alice Lunieri vem passar o dia com
Grace, quero você de olho nas duas o tempo inteiro.
— Sim, senhor.
— Elas terão o acesso livre a toda a casa, basta não
deixá-las vir para a garagem ou jardim, entendeu?
— Perfeitamente, senhor.
— Ótimo, me dá a chave do carro. — Antony me
entregou e então assim que me coloquei atrás da direção,
meu coração sofreu uma longa aceleração. No caminho até
a Blake’s, eu fiquei mais calmo e respirando
pausadamente. Eu não gostei do que senti, parecia que eu
nunca mais fosse vê-la outra vez.
Duas reuniões, estou na segunda agora. Eu tive que
fazê-la sem opções de dizer não. O projeto que Grace
estava trabalhando, incrivelmente ela concluiu essa
semana e não me deixou saber. Ela mesmo marcou essa
reunião surpresa, e não gostei nada da “surpresa”. Tudo
estava perfeitamente organizado por ela, vi cada detalhe
de sua marca e profissionalismo. Ela quis que eu ficasse
muito ocupado, e não saber o porquê me deixa irritado.
Talvez ela pensou em sua linda cabecinha inocente que eu
não perceberia as suas artimanhas para me manter longe.
Ela conseguiu. Uma hora de reunião a mais que o normal.
“O que Grace está fazendo com Alice?” pensei. Por
nenhum momento eu consegui espiá-la pelas câmeras, a
finalização de um projeto é mais burocrático do que a
iniciação dele. Trinta minutos depois de divagar com meus
pensamentos, o meu telefone de emergência, que só Antony
e Tina tem o número, tocou em um som alto e dolorido aos
meus ouvidos. Todos na sala ficaram assustados com a
minha rápida reação ao pegar o telefone e atender em
pânico.
— O que está acontecendo? — Perguntei.
— Sr. me desculpe, mas é muito urgente.
— Diga-me, Antony, rápido. — Gritei e saí da sala
deixando todos para trás me olhando. Sei que a nova
secretária vai pôr fim a reunião. Meu corpo começou a
esfriar, pensei em várias coisas ao mesmo tempo. Grace
caída nos degraus e sangrando, o nosso bebê e sua vida em
perigo, tudo passou em uma fração de segundos.
— Sra. Grace. — Ele pausou. — Ela não está mais
aqui, ela foi embora. Grace fugiu.
Eu não consegui ouvir mais nada do que ele disse. “Ela
fugiu, minha Grace foi para longe de mim” Conclui com
lágrimas nos olhos e sabor amargo dos meus atos na boca.
Entrei em minha sala com o telefone no ouvido, sei que
Antony falava alguma coisa, mas eu não entendia nada.
Sento-me no sofá no canto da sala, eu não consegui chegar
até a minha mesa.
— Ela deixou uma carta, Sr., está em um envelope
vermelho em cima da cama. — Ouvi sua voz fraca ao
fundo. “Uma carta”
— Ant... Ant... Antony. — Consegui falar. — Vem me
buscar, eu não consigo levantar. — Ouvi o bip que ele
desligou o telefone. Não sei quantos minutos se passaram,
não sei o que pensei, ou se pensei em alguma coisa. Não
desviei meus olhos da parede branca à minha frente. Senti
mãos firmes no meu ombro, então eu acordei do meu
pequeno transe.
— Sr. — Ouvi a voz sôfrega de Antony. — Vamos sair
daqui, Blake. — Ele colocou para longe o profissional e
deu lugar ao amigo que sempre foi. — Vamos para casa.
Antony me ajudou a levantar, tudo em minha volta
estava como um borrão. Meus passos trêmulos me fizeram
cambalear e Antony teve trabalho para me ajudar a ficar
de pé novamente. Ele me colocou dentro do carro e dirigiu
olhando sempre pelo retrovisor, ele estava preocupado.
Chegamos em casa e fui diretamente para meu quarto, sem
esperar por sua ajuda, me agarrei as paredes para não cair,
eu não estava em meu estado normal. Quando entrei no
meu quarto, meus olhos varreram todo o espaço em busca
de um vestígio dela, o que vi foi o envelope vermelho em
cima da cama. Sentei devagar e puxei todo o ar que
consegui para meus pulmões, o cheiro dela fresco ainda
estava muito presente, abri meus olhos e peguei o
envelope. Letra cursiva, lindamente e levemente escrita
com próprio punho, deu para ver a sintonia de uma palavra
para outra. Então eu comecei a ler.
Reflexo
Azul
A cor dos seus olhos, é a cor do céu azul.
O céu que em dias de sol, aquece e alegra quem tem
vida no coração.
Eu tenho vida.
Dentro de mim batem dois corações.
Por isso eu amo os seus olhos azuis.
Mas vejo muita dor, querido.
Deixe me ajudá-lo.
Aqui, agora, não existe mais luz. Eu te amo e não o
quero ver partir.
Mas quem está partindo sou eu.
Você me deixou ir, você me mandou embora.
Onde está a verdade, amor?
Você teve tempo para me contar, mas não o fez, por
quê?
Medo?
Eu sempre estive aqui, eu não quero abandoná-lo, eu
nunca quis fazer isso.
Mas estou triste.
O seu jeito de amar me sufoca, me mata.
Você quer que eu morra?
Tenho em meu ventre o seu fruto, não quero que ele
morra. A vida é linda e livre.
Ele precisa viver.
Por que me deixou ir, amor?
Por que fez isso?
Por que não confiou em mim?
Conte-me seu segredo.
Livre-se e nos deixe livre, vamos viver o nosso amor.
Confie em mim, sou tua, sempre fui.
Não tenha medo.
Cuide-se
Cure-se
E só depois venha nos buscar.
Não ficarei presa, amor
Eu sofro
É muita dor.
O seu passado não pode ser o reflexo do seu futuro.
Liberte-se.
Eu ainda te amo, querido. Mas vou embora.
Conte-me o seu segredo.
Deixe ir a escuridão.
Cure-se e só depois, venha me buscar.
Os olhos azuis estão negros, a dor e a escuridão não
te deixam ver.
Eu ainda sinto você.
Conte-me o seu segredo
E venha me buscar.
Grace e Benjamim.
Blake, eu te amo e os meus sentimentos por você
jamais serão apagados de mim. Você está na minha pele,
no meu coração. E dentro do meu ventre agora, cresce o
ser mais importante que você poderia me dar. Eu sou a
mãe de um filho seu, Blake, e é por esse filho, e também
por nós dois, que estou fazendo isso. Tudo no nosso
relacionamento foi rápido demais, tenha esse tempo para
colocar sua cabeça em ordem e pensar se sua vida assim
é boa para você. Você não está feliz, eu posso sentir,
posso ver. Você está sofrendo por você e por me fazer
sofrer. Porém, controlar a minha vida, e pensar coisas
ruins sobre nós, é mais forte que você. Não sei o que te
prende ao passado, o que aconteceu, você nunca me
falou, mas estou certa de que você já teve o tempo para
se recuperar e seguir em frente e também, de me contar
essa parte da sua vida que você esconde de mim. Me
acorrentar e me trancar em casa, são coisas que posso
parecer inocente, ingênua talvez, mas me recuso a
acreditar que esse é o seu verdadeiro eu. O seu reflexo
não é esse, Blake. Eu não fugi, você sabe onde estou, eu
estou com Alice e depois vou para meus pais. E por isso,
por acreditar em você, e por amá-lo tanto, que eu o deixo
livre para seguir em frente. Se ao meu lado você não
libertou seus monstros, liberte-os agora que estou longe,
e se você me amar depois disso, venha me buscar. Eu sou
sua, sempre fui sua.
Blake, cure-se, ou nunca mais olhe nos meus olhos. A
morte seria mais livre a viver como eu vivi em sua casa.
Confie em você e confie em nós, e só depois, venha me
buscar.
Benjamim e eu, amamos
você.
Até
breve!
Capítulo 21
Grace
Alice
Todo esse tempo eu mantive minha opinião para mim
mesma. Saber de todo o sofrimento de Grace por pequenas
dicas que ela me passava, era torturante para mim. Alex
estava desesperado, mas ele tinha motivos em deixar
Blake levar toda essa história como ele quisesse, eu não
entendi, mas Alex me tranquilizou em partes sobre o que
estava acontecendo. Até que eu não consegui mais segurar,
e observar Grace presa dentro de uma casa era demais
para mim. Ela era supervisionada 24 horas e isso só me
dizia que era uma prisão domiciliar. Blake precisava ser
preso e eu fui impedida por Alex muitas vezes para não
fazer a denúncia. Até que Alex jogou toda a bomba em
cima do meu colo, ele me entregou provas de uma
investigação que fez sobre a vida de Blake, toda ela. Alex
escondeu boa parte de Grace. Ele me contou tudo sobre
Britt, mostrou-me fotos que o investigador que ele
contratou, tirou dela em seu dia a dia, mostrou tudo o que
descobriu sobre Benjamim, irmão de Blake. E contou-me
tudo o que Blake conversou com Alex em privado, foi
Blake quem abriu todas as cartas para Alex, não
escondendo nada, e dando todas as pistas para chegar em
Britt, e descobri o outro lado da verdade. Foi assim que
tomei conhecimento de toda a vida de Blake Goldberg.
Mas eu precisava de “mais”, para não o mandar para a
prisão por manter minha amiga presa e infeliz dentro de
sua mansão. E pensar que ela estava tão perto da minha
casa e eu não podia fazer nada, com a fortaleza de Blake
vigiada por três homens armados do lado de fora da casa,
e Grace não sabia de toda essa vigilância. Eu precisei
estudar bem todo o lado de fora da casa para ajudá-la
quando ela pediu por ajuda. O meu “mais”, eu consegui
quando fui pessoalmente falar com Britt. Quando me
apresentei e falei o motivo de ir pessoalmente conhecê-la,
ela se recusou a falar de Blake, então eu contei sobre
Grace, e ela decidiu me ouvir. Conversamos por três
horas, Britt me contou tudo, desde o momento em que
resolveu seduzir Benjamim e fazê-lo casar com ela, já que
Blake nunca a amou para fazer o pedido oficial. Ela me
falou sobre pontos importantes que eu estava deixando
passar, vê-la sempre de óculos escuro e saber que ela não
quer mostrar um olho cego, era assustador para mim. Mas
Britt acreditava tanto que Blake em seu estado normal
jamais faria aquilo, que eu também passei a acreditar. A
perda brutal do irmão, a manipulação de Britt, a
leviandade com a qual agiu, fez Blake surtar. Britt que me
convenceu a tentar fazer Grace fugir de Blake, assim ele
tomaria um choque de realidade e seria a única forma de
enxergar o que realmente estava fazendo. Eu planejei tudo
para falar com Grace, e a surpresa foi ela tomar a
iniciativa de fugir foi como presente para mim. Eu não
precisei convencê-la a nada.
Agora estou aqui, neste restaurante esperando por
Blake Goldberg. Eu nunca deixei claro para ele o meu grau
de amizade com Grace, então, hoje nós vamos acertar tudo
o que está errado. Hoje ele vai ouvir tudo o que está
entalado na minha garganta há muito tempo.
Blake
Tenho que respeitar Alice, ela quer falar comigo e sei
que vem bomba por aí. Ela só não sabe que também estou
armado até os dentes. Quando cheguei ao restaurante perto
do hospital em que ela estava me esperando, eu a vi de
cabeça baixa mexendo no telefone, ela é uma mulher muito
bonita, o que eu odeio nela é que ela é vulgar demais. Ser
amiga de Grace é meu tormento. Ela tem uma vida livre
com vários homens, não se prende a nenhum deles e fala
disso abertamente para Grace, eu odeio isso. Minha Grace
é doce, sensível, ingênua, não quero que isso polua sua
cabeça.
Eu aproximo da mesa e continua com os olhos fixos no
telefone.
— Bom dia, Alice. — Eu a vejo tremer, ela tem
respeito e isso já é um ponto a seu favor. Ela olha em meus
olhos.
— Bom dia, Blake, sente-se por favor. — Voz um
pouco trêmula, mas ela tenta manter-se firme.
— Grace não pode ficar sozinha por muito tempo, então
seja breve. — Falei.
— Eu vou ser. — Disse ela. Eu sentei na cadeira a sua
frente, ficamos com o mesmo nível dos olhos, um olhando
para o outro.
— Você não gosta de mim, não é? — Perguntou.
— Não, eu não gosto de você. — Respondi.
— Eu também não gosto de você, Blake. — Ela é
corajosa, não tirou os olhos dos meus, ainda.
— Vamos ao que interessa, Alice, saber que você não
gosta de mim, não vai mudar em nada a minha vida e
minha saúde. — Ela engoliu seco.
— Eu estive com Britt. — Disse ela. E meu sangue
ferveu. Ela viu isso nos meus olhos. — Foi antes de Grace
fugir da sua casa. Eu precisava entender os dois lados, o
seu, Alex tentou me explicar e também fez um grande
esforço para entender, e não matá-lo. Mas eu precisava
saber e ouvir pela boca de Britt. — Disse ela. Ousada,
intrometida, vadia.
— Então você conheceu Britt? — Perguntei. — Você
sabe da história entre meu irmão e ela? Você sabe que
éramos namorados? E também o que aconteceu com meu
irmão?
— Sim, agora eu sei de tudo.
— Então você entende o porquê eu não a suporto como
amiga de Grace? — Ela me olhou sem entender.
— O que eu tenho a ver com Britt? — Perguntou.
— Simples, cara Alice, as duas são vulgares, vadias,
fáceis, liberais, se deitam na cama de qualquer homem. Eu
não suporto você como amiga de Grace, minha mulher, por
você ser como é. Uma mulher de comportamento duvidoso,
não pode ser amiga da minha mulher.
— Você me julga sem ao menos me conhecer? —
Perguntou olhando séria para mim. — Você acha que todas
as mulheres vão fazer com você o que Britt fez? —
Sempre pensei isso, não por ela, mas pelo meu irmão.
Sempre me mantive afastado das mulheres por motivos
óbvios, Britt me fez conhecer um lado que não desejo a
nenhum homem. — Eu não sou como Britt, Blake. —
Continuou. — Você não tem o direito de me julgar assim,
você não sabe o que eu passei nas mãos de um grande
amor que pensei me amar de volta. — Lágrimas banharam
seu rosto. — Às vezes não vale a pena você se entregar a
um amor, e sonhar em vivê-lo, para depois descobrir, que
nunca foi só você. Nunca foi especial. Eu já tive isso que
você tem com Grace, e fui parar em um hospital por amar
tanto um homem, que não me amou de volta. — Eu olhei
confuso para ela, nunca soube de nada. — Eu vivo minha
vida com liberdade porque me dei conta de que entregar o
meu coração para um homem que não seja o certo, não
vale a pena. Prefiro viver assim, a ter que passar por tudo
outra vez, ver meus pais desesperados tentando diminuir a
dor da filha. — Ela pausou e respirou fundo, e continuou.
— Eu só tenho uma coisa para lhe dizer, Blake,
independente do que você ache ou não de mim, eu sou
amiga de Grace, e você não pode fazer nada contra isso.
Eu estou aqui para lhe dizer na sua cara, olhando nos seus
olhos que se você fizer outra vez tudo o que fez com ela,
eu mesmo tiro sua vida com minhas próprias mãos. Grace
foi quem me fez acreditar em uma amizade outra vez, como
você vê, ela o salvou e me salvou. Só que ela nem sabe
disso. Ela é doce e acredita demais no ser humano para
ver tamanha maldade em cada um. — Respirou mais uma
vez. — Eu vou destruir a sua vida se acaso não a fizer
feliz, ela o ama como jamais pensou amar alguém. E peço
a você, em nome de minha amizade com Grace, e até
mesmo em nome do amor entre os seres humanos, dê-me
um voto de confiança, não me julgues pelos meus atos e
sim, pelo que sou. Eu não sou nem um pouco parecida com
aquela Britt que você conheceu, e que hoje é uma mulher
totalmente diferente daquilo que destruiu a sua família.
Você a perdoou, então eu também mereço um olhar
diferente desse que você me dá agora. Não me tome como
ingênua, ou uma vadia, eu estou de olho em você, Blake
Goldberg, se antes eu não fiz nada, foi pela confiança que
depositaram em você, mas agora, não, eu passo por cima
da sua vida como rolo compressor. — Rosnou Alice. — E
para quem eu abro minhas pernas, não lhe diz respeito em
nada, sou eu que abro e não Grace, tenha isso em mente.
— Ficamos nos olhando por longos minutos, ela realmente
queria tirar de dentro da garganta o que estava entalado.
Alice não vacilou um segundo olhando dentro dos meus
olhos, eu tive a certeza de que toda a ameaça contra a
minha vida, era real. Ela tem uma amizade por Grace e é
verdadeira, agora posso ver em seus olhos. E também vejo
que tirei a dor para fora dela, que há muito tempo dormia.
Ela sofreu muito, e tenho para mim que nem minha Grace
sabe disso.
— Foi com uma amiga? — Perguntei.
— Como? — Ela não entendeu.
— O seu amor, te traiu com sua amiga? — Ela me olhou
triste. — Você disse que Grace a fez acreditar em uma
amizade novamente. — Falei.
— Sim. Foi com uma amiga que eu amava muito,
crescemos juntas, estudamos juntas, escrevemos diários
juntas. Eu descobri que ela estava grávida, ela esqueceu o
diário em minha casa e eu tive o ímpeto de invadir a sua
privacidade e ler o que ela nunca me deixou saber. — Ela
abaixou a cabeça e fechou os olhos. — Fotos, declarações
de amor, as coisas que ele falava para ela, os planos dos
dois. Ela escreveu que não suportava mais olhar na minha
cara e que desejava que eu morresse logo, a ter que fingir
e esperar mais alguns dias para ter que falar tudo aos seus
pais e jogar na minha cara tudo o que eu a fiz sofrer
enquanto beijava o homem que era dela. O que ela não
sabia, é que ele já tinha pedido minha mão em casamento
para meus pais naquela semana, e que ele me pediu
segredo até revelar tudo em um jantar surpresa para seus
pais. — Ela olhou para mim novamente. — Ele fez isso
porque queria o dinheiro, se não fosse o meu, seria o dela.
Então, Blake, a nossa vida não foi totalmente igual, mas
tem pontos bem parecidos.
— Percebo. Me desculpe, Alice, eu realmente julgo as
mulheres pelos atos e não pelo que são. Eu fui moldado a
isso. Prometo tentar ser mais condescendente com você,
com as coisas que faz e como vive. E tem minha palavra
sobre o bem-estar de Grace, eu não quero voltar a ser
aquele homem, Alice, ele me faz grande mal. Ele me deixa
em profunda solidão e eu não quero e não posso passar
por isso novamente, tenho o meu principezinho que agora
precisa da mãe e do pai, eu não sou e não tornarei a ser
aquele monstro. Então lamento em dizer, você não terá o
prazer em tirar minha vida. — Sorri ao dizer. Ela sorriu
também.
— Podemos selar a paz entre nós? — Perguntou.
— Em nome do meu amor por Grace, por meu pequeno
Benjamim, pela confiança louca que Alex tem em mim, e
por sua amizade para com minha família, sim, podemos
selar a paz. — Ela sorriu com mais alegria. Eu entendi o
ponto de Alice, ela tinha medo por Grace, por mim, pelo
sofrimento que causei e ela sentiu a distância. Foi um
tempo insano, um tempo doentio e triste, para Grace e eu.
Não quero voltar aquele lugar novamente, e quero o
máximo de pessoas que se importem com nossa família, ao
meu lado. Ficamos conversando e expliquei vários pontos
sobre Britt, sobre meu irmão, e o que eu sinto hoje e sentia
no passado, foi uma ótima conversa para falar a verdade.
Ela é uma boa ouvinte e fala coisas que só quem entende a
dor pode falar, senti que Alice e eu seríamos também, bons
amigos. Comemos e conversamos mais, depois, fomos
para o hospital ver nosso lindo Benjamim.
Alex
“Eu vou matá-lo com minhas próprias mãos”
Foi isso que pensei quando Grace abriu a porta do
apartamento para mim. Eu vi os olhos da minha irmã, que
foi gerada ao mesmo tempo que eu, no mesmo ventre.
Minha irmã gêmea. Grace é uma espécie diferente de
mulher, às vezes esperta demais, outras ingênua a ponto de
acreditar em qualquer coisa que lhe digam.
Quando conheci Blake, não foi aprazível, eu soube que
precisaria ir muito devagar com ele. Completamente
apaixonado por Grace e instável. Colocar uma arma dentro
da minha boca, não foi o que me assustou, e sim, ver o que
os olhos dele transmitiam no momento. Ele me olhou com
dor, que eu pude ver as pupilas dilatando com o medo. Eu
só não sabia o porquê do medo que ele estava sentindo,
não raiva, nunca foi raiva. Foi exasperação, foi dor, foi
sua alma sendo arrancada a pauladas de seu corpo. E o
que me fez agir passivamente com tudo o que aconteceu,
foi ver em seus olhos quando Grace disse que éramos
irmãos gêmeos, ele parecia ver Deus em sua frente, as
pupilas voltaram ao normal e ele começou a tremer. Juro
que se não fosse irreal, eu quase podia ver a alma dele
voltando para o corpo.
Foi quando vi que ele era esmagado por dentro e Grace
era o fio de esperança para ele viver novamente.
Blake foi corajoso, disse que pretendia casar-se com
ela, mesmo se ela não soubesse. Olho no olho, sem deixar
que minha atenção de desviasse.
— Eu a amo, Alex. E mesmo que você não aceite,
amanhã até o fim do dia, ela será minha esposa. Mesmo
sem ela saber.
— Por que tem que ser assim? Por que não pode fazer
as coisas com vias normais? Ela te ama. — Falei.
— Sim, eu posso, mas tenho medo de ela dizer não
depois de me ver com uma arma apontada para você. —
Disse ele.
— Você está me dizendo uma infantilidade, uma
desculpa para fazer do seu jeito.
— Não, Alex, aceite por favor uma conversa em
privado, eu vi quanto Grace o ama e você é o seu irmão.
Eu lhe devo uma explicação para tudo isso, e lhe contarei
toda a história da minha vida. — Disse. — Você me olha
com calma, isso ajuda muito.
— Eu estou mantendo a calma por Grace.
— Eu sei, é em respeito a isso que te peço me ajude,
por favor. Não me afaste dela, você é o único que tem esse
direito. — Ele tem razão.
— Quando você quer ter essa conversa?
— Amanhã ela vai para a Blake’s, enquanto ela
trabalha, tenho uma reunião que posso deixar nas mãos dos
meus funcionários e podemos nos encontrar esse horário.
— Tudo bem, eu o verei amanhã. — Ele me olhou
sério.
— Eu vou me casar com ela, só posso lhe dizer isso.
— Eu sei, Blake, só não me faça matá-lo antes disso.
Quando nos encontramos para conversar, Blake se abriu
comigo. Aquele que vivia em sua fortaleza interior, falou
tudo para uma pessoa que acabara de conhecer, isso só me
dizia que ele estava com medo de perder Grace. Ouvir
sobre seu irmão Benjamim e Britt, foi um choque, ele falou
com detalhes como se tivesse acontecido tudo naquele
momento. Cada vírgula, cada pondo, cada dor, cor de
roupa, falas pronunciadas, momentos, datas. Blake se
lembrava de tudo. Mas meu mundo caiu quando ele me
contou em detalhes absolutos, o que fez com Britt. O meu
medo por Grace foi tão nítido que ele percebeu e falou
sobre isso. Prometendo jamais usar seus punhos em minha
irmã, ou eu poderia tirar a sua vida.
Conversamos e acertamos tudo, ele queria Grace, e eu
sei que minha irmã o amava profundamente, e quando
lágrimas banharam o rosto do homem grande com corpo
másculo na minha frente, eu tive mais certeza de que Blake
precisava de uma atenção especial, ele estava instável,
teria que ter muito cuidado com ele.
Blake fez o que prometeu, se casou com Grace e sem
dizê-la que o faria. Ver minha irmã em uma linha cruzada
de balas não foi fácil. Depois da conversa com Blake fui à
fundo investigar a sua vida, o seu internamento em uma
clínica psiquiátrica pelo surto que teve depois da agressão
contra Britt, ele não me falou nada disso e minhas
preocupações aumentaram depois disso. Quando recebi
por e-mail todo o monitoramento de Grace em vídeos, que
o próprio Blake me enviou, eu decidi matá-lo, somente
tentar controlar e observar de longe não adiantaria de
nada, mais uma vez tivemos uma conversa e dessa vez eu o
ameacei com uma Glock 9mm, brigamos de socos e chutes,
e ele é bom em se defender, mas eu sou melhor ainda. Ver
minha irmã acorrentada, tirou mais uma vez o meu chão.
— Eu vou soltá-la.
— Você já fez isso uma vez, ela não é Britt. — Gritei.
— Eu sei, mas tenho medo, e não quero perdê-la.
— Você precisa de tratamento. Precisa se internar
novamente.
— Me dê um tempo, por favor, eu não vou machucá-la.
— Com que objetivo eu não entendo, Blake. — Gritei
andando de um lado para o outro em sua sala.
— Eu também não sei. — Falou com o olhar mais
perdido do que o meu. Blake estava mais preso do que a
própria Grace em seu quarto. Quando ele tirou as
correntes, foi um progresso, eu me mudei para Miami e
passei a acompanhar de perto, todos os dias tínhamos uma
conversa de trinta minutos, por web ou telefone, eu passei
a fazer terapia para aprender a lidar com ele. Eu não posso
explicar, mas aqui dentro de mim tinha um sentimento forte
por Blake, era bom, não com pena ou ódio, era amor de
irmão. Passei a me preocupar com ele como se ele fosse
da minha própria família. Talvez era pelo sorriso de Grace
ao recebê-lo no fim do dia em seu quarto. Ela podia ficar
triste o dia todo, chorar e se lamentar, mas quando ele
chegava, tudo aquilo não tinha mais sentido, ela sorria
feliz, e a felicidade era verdadeira e não fingida. Ela se
entregava para ele, e é claro, nessa hora as filmagens eram
cortadas. E eu agradeço, porque ver minha irmã sendo
tomada por Blake, seria uma visão do inferno. Blake
estava indo bem em nossas conversar, ele não sabia, mas
eu estava sendo orientado a falar com ele. Eu gravava
todas as conversar e repassava para o meu terapeuta,
Blake estava doente e precisava de Grace, de mim, e de
ajuda. Culpa por ter ficado longe do irmão, por agredir
Britt, por ter negligenciado com a família. Trancar Grace
em um quarto onde só ele tinha o livre acesso, ela que era
a sua família agora, era a sua válvula de escape pensar e
agir assim.
Quando Grace fugiu, eu me senti no paraíso, já estava
cansado de dar desculpas para nossos pais, apesar que ela
falava com eles uma ou duas vezes no mês. Grace agiu
como tinha que ser, grávida e presa, não faria bem a sua
saúde e eu mesmo já estava planejando tirá-la da casa.
Mas Blake morreu. Sim, ele morreu por dentro, não reagiu
e tudo ficou por minha conta. Quando começou a terapia,
foi ótimo e viu tudo o que precisava ver de um outro
ponto. E a partir desse momento, ver o seu crescimento e
se libertando, se perdoando, do seu próprio mundo
obscuro onde ele mesmo se colocou, foi também libertador
para mim, e para as pessoas que estavam acompanhando
isso de longe, Alice e minha esposa. Eu o amei como um
irmão. Ele se curou por ele principalmente, por Grace e
pelo pequeno Benjamim. Pedir perdão a Britt foi o
primeiro grande passo para a sua própria redenção. Hoje,
estou feliz, casado com a minha submissa que amo, vendo
o sorriso lindo e a felicidade de Grace, meus pais
tranquilos novamente, e Blake, sendo o marido e pai que
sempre achei que seria. Me sinto realizado. Tudo ficou
para trás e nós não tocamos mais no assunto. Grace pode ir
e vir de onde quiser, como quiser. Blake não é mais o
instável de outrora, e sim, o confiável de seu próprio
destino. Nossa família está e continuará muito feliz.
Só tem um parêntese nessa história, Alice Lunieri.
Nossa querida amiga, ainda não conseguiu se encontrar,
mas acho que tenho a solução. Com os meus anos de Dom,
aprendi a observar e ler as pessoas, esse intensivo com
Blake me fez ver mais intensamente cada detalhe dos que
estão a minha volta. E se meu instinto dominador não
estiver enganado, Alice precisa de um Dom em sua vida.
Não um Dom, mas o amor e cuidados de um. Assim como
eu, meu amigo Jake é um Dom, que vejo que está
precisando mais do que uma submissa em sua vida. Jake
não se contenta com nenhuma delas, sempre frustrado, para
as sessões no meio por não sentir nada, a unha da sub não
está da cor que lhe agrada, bater não o satisfaz como antes,
nada para ele está bom e sempre culpa as subs por isso.
Há meses venho estudando o seu comportamento e cada
palavra que sai de sua boca, assim também faço com
Alice. Minha esposa, que agora é uma grande amiga de
Alice, me passa todas as informações que eu não vejo. E
apostei com minha sub, que eu quero ser o seu submisso
por uma semana, se Jake e Alice não se encantarem um
pelo outro no encontro às cegas que estamos planejando
para eles. Eu sou um dominador, e minha sub está feliz em
me fazer seu submisso por alguns dias, e isso é lamentável.
— Sabe o que vou fazer com você se nada disso der
certo? O seu contentamento em me colocar amarrado e
fazer tudo o que tem planejado na sua cabeça, é um
estimulo para mim, como seu Dom.
— Eu faço ideia, senhor. — Ajoelhada na minha frente,
está a minha Melloni.
— Eu vou castigá-la, só pelo prazer que você está
sentindo se eu perder essa aposta. — Ela estava de cabeça
baixa e nua, vi os mamilos ficarem duros.
— Eu não faço por mal, senhor.
— Olhe para mim. — Ela levantou a cabeça devagar e
olhou em meus olhos. — Eu quero você nua por uma
semana, com sapatos pretos de salto com 15 centímetros.
Dispense todos os empregados, porque você vai sempre
estar de pernas abertas em qualquer cômodo da casa em
que eu esteja. Se por acaso eu quiser fodê-la, eu o farei e
você não vai gozar o tempo que durar a aposta. — Ela me
olhou assustada e engoliu em seco. — Você ficará aberta
somente para o meu prazer, a qualquer hora e lugar desta
casa, entendeu?
— Sim, senhor. — Sussurrou.
— O jantar é amanhã, se Alice e Jake não se acertarem,
você me terá como seu sub, e se eles ficarem juntos,
prepare-se para o maior castigo que até hoje o seu Dom já
lhe deu. — Ela balançou a cabeça em aceitação. — Agora
levante-se, e vá para a cama, vou fazer você gozar tanto,
que uma semana não será nada se você ficar somente me
servindo. — Melloni levantou-se e andou até a nossa
cama, sentou e olhou para mim esperando a próxima
ordem. — Deite-se e abra as pernas.
Alice
Grace
Fim.
AUTORA
Adriana Arebas, 23 novembro de 2015.