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Contemporaneidade
Cuiabá , 2009
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Carlos Rinaldi
Coordenador da UAB – UFMT
www.uab.gov.br
Autores
Corpo Editorial
• A l c e u Vi d o t t i
• C arlos Rinaldi
• I r a m a i a J o r g e C a b r a l d e Pa u l o
• M a r i a L u c i a C ava l l i N e d e r
P r o j e t o G r á f i c o : Pau L o H . Z . A rru d a
R e v i s ã o : A lceu V i d o tti
S e c r e ta r i a : N euza M aria J o r g e C abral
C omo você já pôde perceber até aqui, a história da ciência é palco de eventos e idéias
surpreendentes e, muitas vezes, inacreditáveis. Discutimos os principais eventos, nomes
e contextos na intenção de proporcionar a você um vislumbre da ciência em toda a sua extensão. É
provável que você já tenha boa noção sobre o que é Ciência.
Indústria e tecnologia transformam a sociedade e, neste fascículo, abordaremos a história e
filosofia da ciência contemporânea, que compreende os últimos 150 anos.
Encontramos uma sociedade em pleno “vapor”. A Química e a Física avançam e se con-
solidam como ciências de respeito e de aplicação, enquanto que a Biologia faz grandes progressos na
explicação da origem da vida. A figura do cientista é repensada e grandes embates são estabelecidos
na investigação e na autoria das descobertas.
Não se surpreenda se perceber que as marcas da ciência na caminhada da humanidade ainda
estejam longe de ser superadas ou se suas indagações não sejam respondidas plenamente.
Continuemos na aventura do conhecimento dos séculos XIX, XX, XXI...
Inclua em suas anotações a célebre frase de Ilya Prigogine (1917-2003):
A c i ê n c i a d o n o v o e d o e x p l i c áv e l 11
A Q u í m i ca na contem por aneidade 15
E p o r fa l a r e m át o m o 16
A t e o r i a at ô m i ca d e D a lt o n 17
A r evel aç ão de um br ilhante professor 21
De Tales de Mileto à teoria da complexidade - como a biologia evoluiu 27
U m a s í n t e s e h i s t ó r i ca d a s c i ê n c i a s b i o l ó g i ca s 28
P o r q u e d e “ Ta l e s d e M i l e t o à t e o r i a d a c o m p l e x i d a d e ? ” 32
M a s , e n tã o , o q u e é e v o l u ç ã o b i o l ó g i ca ? 37
B i o q u í m i ca e g e n é t i ca s e e n c o n t r a m , n a s c e a b i o l o g i a m o l e c u l a r 40
M e ca n i s m o d e a ç ã o d a s e n z i m a s 41
A n at u r e z a d a s p r o t e í n a s 42
A n at u r e z a e s pac i a l d a s p r o t e í n a s 42
A síntese das enzimas 43
T e r a p i a g e n é t i ca – c o n h e c i m e n t o a fav o r d a v i d a 45
Biotecnologia 46
F í s i ca contem por âne a 51
A v e l h a t e o r i a q u â n t i ca : p r e c e d e n t e s h i s t ó r i c o s 51
A s d i v e r s a s i n t e r p r e ta ç õ e s d a m e c â n i ca q u â n t i ca 56
A i n t e r p r e ta ç ã o d e C o p e n h a g e n e m d e s taq u e 60
Experimento da dupl a fenda 61
P r e l i m i n a r e s ac e r ca d a t e o r i a d a r e l at i v i d a d e 67
C i ê n c i a , Te c n o l o g i a e sociedade no século XX 71
O ava n ç o d a e s p é c i e h u m a n a s o b r e a n at u r e z a 87
A saú d e e o se r h um an o 97
A p r i m e i r a vac i n a ç ã o 98
O s b r a s i l e i r o s ta m b é m fizeram ( fa z e m ) p e s q u i s a d e p o n ta 10 0
Resumindo um pouquinho... 103
R e f e r ê n c i a s B i b l i o g r á f i ca s 105
A s características da Ciência nos séculos XIX, XX e, porque não XXI, são bastante influenciadas
pelos pensamentos iluministas do século anterior, o século XVIII. Tal pensamento tinha como
pano de fundo a busca pela ascensão econômica e política da burguesia focada nas idéias de liber-
dade, individualismo e igualdade. Mesmo que isso fosse feito ou pensado de forma estranha aos interesses
da grande maioria da população.
No século XVIII e início do século XIX vemos duas grandes revoluções marcando profundamente
a sociedade nas áreas política e econômica. A Revolução Industrial que aconteceu inicialmente na Ingla-
terra e mais tardiamente na Alemanha e a Revolução Francesa que ocorre na segunda metade do século
XVIII.
Ocorreram neste período a criação das sociedades científicas especializadas e a divisão das Ciências
Naturais em três grandes áreas: Química, Física e Biologia.
Algumas questões ficaram restritas às discussões da classe abastada como, por exemplo, a educação
que era motivo de divergências entre muitos pensadores da época. Alguns como François-Marie Arouet
ou apenas Voltaire, defendia a eliminaçao da religião cristã apenas entre os letrados, uma vez que a massa
não precisava ser “esclarecida”. Questões religiosas agora eram tomadas como cerceadoras ou retardatárias
da almejada evoluçao que a ciência anunciou através dos movimentos iniciados no século XVIII.
A idéia era que a educação fosse realizada de forma diferenciada dependendo da classe do indivíduo.
Surge nesta época – justamente por causa das indústrias – a figura do operário que iria trabalhar muitas
horas nas fábricas. E estes não “precisavam” de uma educação refinada pois iriam exercer papéis ínfimos na
nova sociedade então configurada.
A Ciência passa definitivamente a ser colocada a serviço da transformação da natureza
dedicando-se à solução de problemas produtivos e isso, por conseqüência, muda as caracte-
rísticas dos cientistas. A palavra “cientista” é criada neste contexto, em 1840. Surgem as
sociedades cientificas organizadas ou especializadas como as de Química, Geologia
e Astronomia.
Vo c ê e s tá c o n v i d a d o ( a ) pa r a m a i s e s ta a u d ac i o s a v i a g e m a o m u n d o d o
co nhecim ento!
O século XIX inicia marcado por intensas transformações na sociedade provocadas pela Re-
volução Industrial. Palavras como configuração que antes significavam apenas dar forma
ou figura de, agora está ligada diretamente ao mundo tecnológico no qual vivemos. Nossa configuração
cotidiana ou forma de viver o dia-a-dia deve-se ao desenvolvimento científico e tecnológico impulsionados
nesta época. Vemos a ciência sendo colocada cada vez mais a serviço da modificação da natureza. Resol-
vendo problemas nunca antes pensados.
Foi um grande século para a Química. Ocorre aqui, um desenvolvimento significativo da teoria atô-
mica e da Química Orgânica que seriam importantes tanto para a Química enquanto ciência quanto para
a Física e para a Biologia.
As necessidades de produção levaram a um crescente interesse pela Química que era tradicionalmen-
te ligada às práticas laboratoriais e às necessidades industriais. Outras áreas também ganham com esse
crescente interesse pela Química. É o caso da Geologia, que se expande em detrimento da construção de
canais e de estradas de ferro tão necessárias ao deslocamento de produção das indústrias.
A investigação quanto à natureza das substâncias ganha uma nova direção com a superação
da idéia do flogístico e o esclarecimento da combustão feitas por Lavoisier em 1772 quando
decidiu fazer suas próprias pesquisas a respeito desse tema. Utilizou o fósforo, um elemen-
to que acabava de ser descoberto e que queimava
espontaneamente em contato com o ar.
• Hoje, os be-
bês nascem e a não
ser que seja uma opção,
os pais já podem saber com an-
tecedência se vão ter uma menina ou
um menino! Isso quando não escolhem o sexo
do bebê antes de iniciar a gestação.
• Os celulares estão presentes na maioria das locali-
dades de qualquer país.
• É possível consultar, ser medicado e até realizar
uma cirurgia com um médico que esteja do outro
lado do mundo.
• Os CDs, pendrives e ipod, notebooks estão cada
vez mais acessíveis à população.
• O que você pensaria se, há trinta anos
atrás, alguém lhe dissesse que
tudo isso seria possível?
E p o r fa l a r e m át o m o . . .
Foram os gregos que demonstraram grande interesse inicial pela natureza da ma-
téria e sua divisibilidade. Será que a matéria pode ser dividida indefinidamente?
Eles acreditavam que uma pedra pode, por exemplo, ser partida em pedaços cada
vez menores, pode ser pulverizada mais e mais, e cada pedaço dela ou cada partícula de
pó segue sendo igual à matéria original.
Leucipo de Mileto é considerado o criador do atomismo. Ele afirmou em 450 a.C.
que deveria haver uma partícula tão pequena que não mais poderia ser dividida. Afir-
A t e o r i a at ô m i ca d e D a lt o n
Como é o m o d e l o at ô m i c o d e D a lt o n ?
Joseph Louis Gay-Lussac nasceu na França em 1778. Fez várias pesquisas a bor-
do de um balão onde pode estudar a atmosfera superior. Foi auxiliado por Alexander
von Humbold nos experimentos que lhe esclareceram as propriedades de
combinação dos gases.
Gay-Lussac reuniu evidências experimentais a respeito os elementos
que compunham a água. Ele foi capaz de afirmar que a água era formada
de duas partes de hidrogênio e uma de oxigênio, mas não soube dizer
o motivo porque, quando se combinavam, os gases pareciam algumas
vezes, ocupar menos espaço. Ampliou suas observações para outras subs-
tâncias gasosas e formulou a teoria de combinação para os gases. Segundo
ele, todos os gases se combinavam em volumes que mantinham entre si
uma relação simples e isso, para Gay-Lussac era mais que suficiente para
confirmar a teoria de Dalton.
Amedeo Avogadro nasceu na Itália, na cidade de Turim em 1776, ou
seja, apenas dois anos antes de seu contemporâneo acima citado. Avoga-
Oxigênio – O
Nitrogênio – N
Ferro – Fe
Esse sonho de Kekulé, no qual os átomos “formavam uma cadeia”, “um átomo
F igura 1 F igura 2
F igura 3 F igura 4
As descobertas de Kekulé e suas teorias forneceram aos químicos uma base sobre
a qual se podia determinar a estrutura e a composição atômicas de uma série de outras
substâncias orgânicas.
Avanços químicos são sentidos no final do século XIX e início do século XX com
aplicações de métodos matemáticos em diversas áreas da química. É importante citá-
las aqui:
“[...] Alguns anos atrás, o então presidente da França Valéry Giscard d’Estaing declarou o século
XX o “século da biologia”. Se isso não é inteiramente preciso para todo este século, decerto o é para
a sua segunda metade. Hoje a biologia é um campo florescente de investigação. Testemunhamos
Benoit Mandlebrot
http://www.cfbio.org.br/instituicao/legislacao/resolucao_10.html
O que Strasburger
“S cience is a c o nstant fl o w ” quis dizer com essa afir-
mação? Discuta pelo menos
(A ciência é um flu x o c o nstante )
uma situação em que essa
E d uar d A d o lf S trasbur g er
afirmação se aplica no fórum
(FINK E, 199 4)
com seus colegas e tutor.
Título Original: Master and Commander: The Far Side of the World
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 140 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2003
Site Oficial: www.masterandcommanderthefarsideoftheworld.com
Estúdio: 20th Century Fox / Miramax Films / Universal Pictures / Samuel Goldwyn
Films
A d e s c o b e r ta d a s e n z i m a s
Quando Eduard Buchner, em 1896, detectou fermentação alcoóli-
ca num extrato de levedo “sem vida”, desprovido de células, causou uma
enorme surpresa para os vitalistas, pois ficou implícito que estes fenôme-
nos, tipicamente biológicos, não eram dependentes do vis vitalis quintes-
sencial das células vivas, mas de um fator material - um fermento, como
foi chamado - presente no extrato de células de levedo (os vitalistas, in-
cluindo Louis Pasteur, estavam convencido de que esta reação só podia ser
efetuada por células vivas, as quais possuiriam uma força secreta: o “élan
vital”, uma quintessência da vida, que dirigia todos os complexos fenôme-
nos vitais, de acordo com leis naturais desconhecidas, que só se aplicariam
à matéria viva. Leis que talvez para sempre permanecessem insondáveis
Em 1906, Arthur Harden e W.J. Young descreveram o método por
eles utilizado para separar o extrato de células de levedo em um precipita-
do filtrável e um sobrenadante. Cada uma dessas frações não era capaz de
fermentar o açúcar por si só, mas esta função podia ser restaurada ao jun-
tá-las novamente. A produção de álcool a partir de açúcar, aparentemente,
Eduard Buchner (1860 - 1917)
M e ca n i s m o de aç ão das enzimas
A n at u r e z a d a s p r o t e í n a s
A e s t r u t u r a e s pac i a l d a s p r o t e í n a s
Todavia, muitas proteínas podiam ser cristalizadas. Este fato sugeria que os áto-
mos das macromoléculas de proteínas estavam sujeitos a uma organização tridimen-
cional precisa. As cadeias polipeptídicas não poderiam estar dobradas ou enroladas ao
acaso e sem sistema, deste modo elas formariam massas amorfas, e nunca se cristaliza-
riam de forma organizada. O próximo passo seria obter informações sobre a configu-
ração espacial específica de um polipeptídeo, na esperança de que isto viesse a elucidar
também sua função. No entanto, tais configurações tridimensionais, ditas estruturas
secundárias e terciárias, não podiam ser analisadas por métodos da química orgânica,
At i v i d a d e
Ve to r
G ênico
V ac i n a s
ia G ê n i ca
Te r a p
Eugenia Tr a n s g ê n i c o s
Biotecnologia
CONHECIMENTOS CONHECIMENTOS
Ciência e Tecnologia Organismos, Células,
Organelas, Moléculas.
BIOTECNOLOGIA
A B i o t e c n o l o g i a Tr a n s f o r m a N o s s a V i d a C o t i d i a n a .
O seu impacto atinge vários setores produtivos, oferecendo novas oportunidades
de emprego e inversões.
Hoje contamos com plantas resistentes a doenças, plásticos biodegradáveis, de-
tergentes mais eficientes, biocombustíveis, processos industriais e agrícolas menos po-
luentes, métodos de biorremediação do meio ambiente e centenas de testes diagnósti-
cos e novos medicamentos.
Atividade Organismos
Âmbito Aplicações
econômica ou Produtos
Humana Diagnóstico
Saúde Animal Farmacêutico
Plantas Sementes-Fertilizantes
Enzimas Degradação
Qualidade Ambiental
Microrganismos Reciclagem
A
Alvin Toffler
o parágrafo acima, acrescentaria sem sombra de dúvida, Isaac Asimov, Gene Rondeberry, e o pró-
prio Alvin Tofler.
Estamos propondo agora, um desafio: depois de assistirmos ao episódio de Jornada nas Estre-
las, que está na plataforma, vamos falar um pouco acerca das bases da Física Contemporânea alicerçada na
Mecânica Quântica e na Teoria da Relatividade. Obviamente, não nos enveredaremos por aprofundamen-
tos no formalismo matemático, pelo menos, não agora. Faremos uma apresentação das duas teorias algo do
tipo “preview”. Contudo, prepare-se para um super aprofundamento ao longo do nosso curso.
Historicamente, a Mecânica Quântica, enquanto uma teoria científica formal, se configurou a partir
de três resultados experimentais obtidos na transição entre os séculos XIX e XX: o espectro de radiação
emitida pelos corpos e os efeitos Compton e Foto-elétrico. Tratava-se de resultados que a Física Clássica
(FC), nos moldes em que ela foi configurada nos séculos XVIII e XIX, não podia explicar. Embora tenha-
Representação esquemática
do efeito Compton
E = hν
onde h= 6,63 x 10-34 Joules x segundo ( Js)
Tal relação reatribui, à luz, uma característica de partícula (tal como defendia
Newton), e que havia sido perdida, em prol da concepção da luz como onda, primeiro
por Huygens, mas consolidando-se desde a teoria eletromagnética de Maxwell.
Representação esquemática
do efeito fotoelétrico
Mas não é só isso, enquanto na mecânica Newtoniana as leis são válidas e aplicá-
veis a qualquer ordem de grandeza, por exemplo, um corpo que cai de uma mesa ou o
movimento dos astros celestes estão sujeitos às mesmas leis, a lei da radiação de Max
Planck mostra que há escalas de grandeza na natureza e que, portanto, as leis físicas
tem um âmbito de validade restrito.
Posteriormente, em 1924, Louis de Broglie descobre que é possível atribuir às
partículas uma propriedade ondulatória, cujo comprimento de onda (λ) tem uma rela-
ção direta com a sua quantidade de movimento (p):
Essas duas relações estabelecem que não é possível atribuir, tanto à matéria
quanto à radiação, uma característica apenas de onda ou de partícula, o que abriu
caminho para a formulação do Princípio de Complementaridade de Bohr, do qual a
A n o va t e o r i a q u â n t i ca
As d i v e r s a s i n t e r p r e ta ç õ e s d a M e c â n i ca Q u â n t i ca
1. Interpretação Ortodoxa
2. Interpretação de Bohr
3. Colapso Provocado pela Mente
4. Variáveis Ocultas
5. Interpretação de Muitos-Mundos
6. Interpretação de Muitas-Mentes
7. Interpretação de Bohm
8. Histórias Decoerentes (Ontologia)
9. Histórias Decoerentes (Epistemologia)
• Bohr: “Não há mundo quântico... é errado pensar que o objetivo dos físicos é
encontrar como a Natureza é. A Física diz respeito ao que nós podemos dizer
sobre a Natureza”.
• Heisenberg: “Mas os átomos ou as partículas elementares não são reais; eles
Experimento da D u pl a Fe n da
ii) Ao se permitir que um único nêutron de cada vez passe pelas fendas, após a pas-
sagem de um número grande de nêutrons, a figura de interferência é formada.
A figura de interferência é formada por regiões mais claras e outras mais escuras
na chapa fotográfica. Onde a chapa foi mais impressionada, houve a incidência de
maior quantidade de nêutrons.
Os dois resultados acima são complementados por um terceiro:
iii) Ao se tapar uma das fendas, a figura de interferência não é obtida (obtém-se ape-
nas uma mancha na direção da fenda aberta – ver figura 2). Em toda e qualquer
situação que SABEMOS por qual fenda os nêutrons passaram, não se obtém a
figura de interferência.
c a
d b
2 que são fundamentais para se promover uma mudança de perspectiva para os alunos do
Ensino Médio, de forma que eles adquiram uma visão de mundo mais condizente com os tempos
modernos.
At i v i d a d e :
Preliminares ac e r ca d a Te o r i a da R e l at i v i d a d e
Essa estranha Física Contemporânea da qual estamos falando neste fascículo
está cheia de conceitos novos como quantum, dualidade, complementaridade, fótons
etc, mas também nos traz novas concepções sobre conceitos clássicos como espaço e
tempo. É especificamente disso que trata a Teoria da Relatividade (TR).
Os conceitos de espaço e tempo constituem as bases de todas as nossas experi-
ências cotidianas. Em geral, não consideramos os mesmos como resultados, mas como
1
à priori: significa dizer que “não depende de nenhuma forma de experiência por ser gerado no
interior da própria razão.” ( Immanuel Kant -1724 – 1804).
N a I n t e r n e t
http://www.walter-fendt.de/ph14br/timedilation_br.htm
http://titan.physx.u-szeged.hu/physics/theophys/specrel/applet/eSimultaneity.html
2 d 2 + (v∆t '/ 2) 2
c=
∆t '
Considerando ∆t’ o intervalo de tempo que a luz leva para percorrer o caminho
fonte-espelho-fonte para o observador situado fora do trem. A equação acima é uma
decorrência da aplicação do Teorema de Pitágoras ao triângulo desenhado pela trajetó-
ria da luz para o observador em repouso, situado fora do trem.
Então, já que a velocidade da luz nos dois referenciais é a mesma:
2d 2 d 2 + (v∆t '/ 2) 2
=
∆t ∆t '
Vamos refletir sobre tudo isso que fizemos até agora: se para Newton o tempo é
absoluto, não importa o movimento relativo entre os corpos; esta equação nos mostra
que os intervalos de tempo dentro e fora do trem são diferentes. Analisando esta equa-
ção é possível verificar que ∆t > ∆t’; logo o tempo dentro do trem passa mais devagar do
que fora, dando tempo suficiente para a luz retornar à fonte e atingir o dispositivo man-
tendo-a ligada. Desta forma, ambos os observadores participarão da mesma realidade
(fonte permanentemente ligada). Eis a dilatação temporal! O realismo está salvo!!!
Este conceito é absolutamente novo para a maioria de nós. Vamos amadurecê-lo
para compreendermos outras esquisitices como, por exemplo, a contração espacial e
massa relativística.
At i v i d a d e s :
E m meados do século XIX, a ciência construída por Descartes, Bacon e Newton proporcio-
nara à humanidade uma série de desenvolvimentos tecnológicos que levaram a uma melhor
condição de vida para a população mundial. No século XIX surgiram as locomotivas, os barcos a vapor,
a lâmpada elétrica, as máquinas industriais que não necessitavam de tração humana ou animal e, entre
o final do século XIX e início do XX, os motores a combustão, os automóveis, as linhas de produção, o
telefone, o avião, etc. A humanidade parecia estar destinada ao bem estar social. A ciência cartesiana era a
ciência da certeza, da exatidão, da previsibilidade. Era confortável para o ser humano acreditar que o Uni-
verso fosse previsível e bem comportado e que ele teria o poder de saber o que aconteceria no dia seguinte.
A tecnologia permitira a produção de itens em massa, o que tornaria os alimentos e as vestimentas mais
baratas, pois seriam fabricadas em série. Assim, todos seriam ricos e felizes no futuro.
No entanto, alguma coisa deu errado no meio do caminho. O século XX seria marcado por guer-
ras, onde dezenas de milhões de pessoas pereceriam, e também pela intolerância, pela fome, por tragédias
econômicas e por cidades inteiras sendo vaporizadas em poucos segundos. O que houvera de errado com as
luzes do liberalismo da Revolução Francesa, com o racionalismo cartesiano e o determinismo newtoniano?
Por que não levara o homem a um estado de iluminação pela razão e justiça?
Talvez porque o Universo, afinal, não seja tão previsível e racionalizável como supunham os pensa-
dores modernos. Talvez porque o ser humano não possa ser reduzido à faculdade da razão. Talvez porque
tivéssemos negado nossa própria irracionalidade ela tenha se manifestado no século XX – quer seja nos
campos de concentrações nazistas, quer seja nos desertos da Etiópia e Somália – com tanta intensidade.
A ciência moderna começou a ruir ainda na segunda metade do século XIX, quando dois grandes
nomes da ciência publicaram – de maneira completamente independente, ou seja, sem um influenciar o
outro – os seus trabalhos, onde afirmavam que a aleatoriedade desempenha um papel fundamental nos
fenômenos naturais: Charles Darwin e Ludwig Boltzmann.
A obra do primeiro (A Origem das Espécies, publicada em 1859) causou furor na sociedade por um
ponto que, aliás, não é o fundamental na sua obra: a possibilidade da espécie humana ter descendido de
macacos. Evidentemente, uma menção científica contrária à idéia de que o homem fora feito à Sua imagem
causou, e ainda causa, uma forte rejeição. Exemplo disso é a proibição, em pleno século XXI, do ensino de
Darwin em algumas escolas estadunidenses.
Assista um discurso feito por Adolf Hitler aos jovens alemães disponível
na plataforma ou em:
http://www.youtube.com/watch?feature=related&v=EHqt4AcIiMY.
Analise o discurso e responda: Qual era a intenção de Hitler com o discur-
so? Que valores estão embutidos no conteúdo do discurso? Faça uma comparação
entre a postura de Hitler – e também a disposição das pessoas no interior do es-
tádio – com os princípios trazidos a tona com a Mecânica Quântica. O discurso
de Hitler é mais compatível com a filosofia da ciência antiga, medieval, moderna
ou contemporânea?
Quais foram as principais influências do desenvolvimento da ciência e tec-
nologia na história do século XX? Explique sua resposta.
R amade (1979), ao fazer um retrospecto dos efeitos da ação do ser humano sobre o meio am-
biente, considera a agressão humana como “tradicional”. Para ele o impacto da ação do homem
sobre a ecosfera tornou-se verdadeiramente significativo desde o momento da descoberta do fogo, tendo se
acentuado com a revolução do neolítico. O maior aspecto negativo da supremacia do Homo sapiens como
espécie dominante na Terra é a crise atual da biodiversidade, que, de acordo com algumas estimativas,
pode estar levando ao desaparecimento de 30 mil espécies por ano. O Biólogo e paleontólogo evolucionista
Niles Eldredge afirma que “Estamos destruindo rapidamente o planeta e que a Terra está na segunda fase
da sexta grande extinção, mas ainda há como reverter o processo. Pela primeira vez na história das espé-
cies, o desaparecimento em massa de várias formas de vida não não será resultado de eventos físicos,
de perturbações nos ecossistemas derivadas de fenômenos de causa natural. Diferentemente das cinco
grandes extinções que ocorreram nos últimos 420 milhões de anos, sendo a mais famosa a dos dinossauros
65 milhões de anos atrás, a sexta será essencialmente creditada na conta de um agente biológico: o homem.
“Somos o equivalente atual do meteoro que matou os dinossauros”, comparou o biólogo , que é dos cura-
dores do Museu de História Natural de Nova York (Pesquisa FAPESP Edição Online - 11/03/2008)
A sexta extinção – um tema, sem dúvida, sujeito a controvérsias – entrou em sua segunda fase há 10
mil anos, quando o ser humano, após ter se instalado nos principais pontos do planeta Terra, desenvolveu
a agricultura, tornou-se sedentário e mudou drasticamente sua relação com os biomas. Em vez de ser
apenas um caçador-coletor, dependente do que a natureza lhe oferecia, o ser humano começou a plantar
os alimentos de que necessitava. “Saímos dos ecossistemas locais e passamos a não depender deles para
comer”, segundo Eldredge (PIVETTA, 2008), “Começamos a produzir nosso alimento. Não comemos
mais frutas das árvores. Um dos principais efeitos do sucesso desse modelo é o aumento da população do
planeta. Hoje há mais de 6 bilhões de pessoas na Terra. Mas quantos indivíduos o planeta pode suportar?
Depende do padrão de vida que escolhermos. Depende das nossas pegadas ecológicas.Se pensarmos num
padrão de classe média, mais ou menos confortável, a Terra tem condições de suportar apenas 2 bilhões de
pessoas.”.Essas afirmações de Eldredge podem nos tirar o sono, mas para ele, o eventual desaparecimento
SERVIÇOS AMBIENTAIS
G a r a n t i n d o a V i d a n a Te r r a
SERVIÇOS DE SERVIÇOS
PROVISÃO REGULADORES
SERVIÇOS SERVIÇOS
CULTURAIS DE SUPORTE
Como p o d e m o s s a b e r s e u m a e m p r e s a é a m b i e n ta l m e n t e
r e s p o n s áv e l , c o m p r o m e t i d a c o m a s u s t e n ta b i l i d a d e d o m e i o ?
ISO 14000
SGA - Diretrizes, Princípios e
Elementos Adicionais aos
Componentes Centrais
A Ciência da Saúde avançou com enorme velocidade e a especialização foi um salto que muitas
vezes muitos dos pesquisadores já haviam previsto assim como vários acontecimentos referentes
à saúde; para isso, é preciso conhecer os perfis das personagens da ciência que, segundo Simmons (2002),
influenciaram na construção do mundo contemporâneo, de maneira penetrante e duradoura. Muito deles
idealizaram teorias na área da genética, descobriram a teoria da hereditariedade que teve uma base celular
e, conseqüentemente, a molecular.
O retorno de velhas doenças transmissíveis, ou não, quase esquecidas no cenário sanitário do Bra-
sil contemporâneo, é uma mudança no quadro das moléstias consideradas como problemas sanitários do
país nas últimas décadas do século XX, seja na forma de grandes epidemias, como a cólera, a dengue e a
malária, ou de endemias, como a tuberculose e a hanseníase entre outras. Garrett (1995) explica que existe
uma luta de vida e de morte entre os homens e os micróbios e, nesse terreno, os pesquisadores vão a campo
estudar os ameaçados pela contaminação e morte.
Avicena (Ibn Sina), no século XI, redigiu, entre outras obras de rele-
vante interesse, o Cânon de medicinas, paradigma da ciência biológica me-
dieval. Na Era Contemporânea, o mundo ocidental construiu e vive gran-
de avanço científico. No plano da saúde, esta evolução repercutiu tanto do
ponto de vista da medicina clínica como, principalmente, após a “Revolução
Pasteuriana”, na microbiologia, na patologia, na parasitologia, na fisiologia,
na genética, e na medicina preventiva. Conseqüentemente, as máquinas,
equipamentos e instalações foram se tornando cada vez mais potentes e
sendo incorporadas progressivamente, conforme visto quando abordamos a
Biotecnologia.
Muitos pesquisadores com suas idéias inovadoras foram marcantes
neste período contemporâneo. Só se pode falar em modernização da saúde a
partir dos trabalhos de Louis Pasteur (1822-1895) e da criação do Instituto
Pasteur, em 1888, por ele construído com os inúmeros prêmios recebidos,
e tendo como fonte de financiamento a rede de conhecimentos que Louis AVICENA
Pasteur mantinha com as municipalidades, os industriais, os banqueiros, os Abu–Ali Al–Husayn Ibn Ab-
filantropos, entre outros, sobretudo após a descoberta do soro antidiftérico dullah I bn Sina
(980 - 1037)
A p r i m e i r a vac i n a ç ã o
http://cienciahoje.uol.com.br/109805
A o longo dos quatro fascículos de História e Filosofia da Ciência, adotamos um critério de divisão
que não coincide com aquela utilizada pelos historiadores ou mesmo por algumas comunidades
de cientistas. O critério adotado na divisão utilizada foi o estabelecido pela filosofia que embasou a Ciência
numa dada época. Tal divisão pode ser assim esquematizada:
P r i n c i pa i s
Ciência P r i n c i pa i s ca r ac t e r í s t i ca s Período tendências
f i l o s ó f i ca s
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