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Escola Secundária Dr.

José Afonso
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS
CURSO PROFISSIONAL DE NÍVEL SECUNDÁRIO
MÓDULO 8 – 11ºAno
ÉPOCA: JANEIRO

Duração da Prova: 90 minutos


Ano letivo: 2013/2014

Material a utilizar:
►O aluno realiza a prova escrita na folha de teste da escola, apenas podendo usar, como material de escrita, caneta ou
esferográfica de tinta indelével, azul ou preta.
►Não é permitido o uso de dicionário.
►Não é permitido o uso de corretor.
Leia, atentamente, o seguinte excerto de Frei Luís de Sousa.

Leia, atentamente, o seguinte excerto de Os Maias.

Mas quando ela se acomodou ao lado da Viscondessa, gravezinha e com as mãos no regaço -
Carlos veio logo estirar-se ao pé dela, meio deitado para as costas do canapé, bamboleando as pernas.
- Vamos, filho, tem maneiras- rosnou-lhe muito seca D. Ana.
- Estou cansado, governei quatro cavalos- replicou ele, insolente e sem a olhar.
5 De repente porém, dum salto, precipitou-se sobre o Eusebiozinho. Queria-o levar à África, a
combater os selvagens: e puxava-o já pelo seu belo plaid de cavaleiro de Escócia, quando a mamã acudiu
aterrada.
- Não, com o Eusebiozinho não, filho! Não tem saúde para essas cavaladas... Carlinhos, olhe que eu
chamo o avô!
10 Mas o Eusebiozinho, a um repelão mais forte, rolara no chão, soltando gritos medonhos. Foi um
alvoroço, um levantamento. A mãe, trémula, agachada junto dele, punha-o de pé sobre as perninhas
moles, limpando-lhe as grossas lágrimas, já com o lenço, já com beijos, quase a chorar também. O
delegado, consternado, apanhara o bonet escocês, e cofiava melancolicamente a bela pena de galo. E a
Viscondessa apertava às mãos ambas o enorme seio, como se as palpitações a sufocassem.
15 O Eusebiozinho foi então preciosamente colocado ao lado da titi; e a severa senhora, com um fulgor
de cólera na face magra, apertando o leque fechado como uma arma, preparava-se a repelir o Carlinhos
que, de mãos atrás das costas e aos pulos em roda do canapé, ria, arreganhando para o Eusebiozinho um
lábio feroz. Mas nesse momento davam nove horas, e a desempenada figura do Brown apareceu à porta.
Apenas o avistou, Carlos correu a refugiar-se por detrás da Viscondessa, gritando:
20 - Ainda é muito cedo, Brown, hoje é festa, não me vou deitar!
Então Afonso da Maia, que se não movera aos uivos lancinantes do Silveirinha, disse de dentro, da
mesa do voltarete, com severidade:
- Carlos, tenha a bondade de marchar já para a cama.
- Ó vovô, é festa, que está cá o Vilaça!
25 Afonso da Maia pousou as cartas, atravessou a sala sem uma palavra, agarrou o rapaz pelo braço, e
arrastou-o pelo corredor - enquanto ele, de calcanhares fincados no soalho, resistia, protestando com
desespero:
- É festa, vovô... É uma maldade!... O Vilaça pode-se escandalizar... Ó vovô, eu não tenho sono!
Uma porta fechando-se abafou-lhe o clamor. As senhoras censuraram logo aquela rigidez: aí estava
30 uma coisa incompreensível; o avô deixava-lhe fazer todos os horrores, e recusava-lhe então o bocadinho
da soirée...
- Ó sr. Afonso da Maia, porque não deixou estar a criança?
- É necessário método, é necessário método- balbuciou ele, entrando, todo pálido do seu rigor.
E à mesa do voltarete, apanhando as cartas com as mãos trémulas, repetia ainda:
35 - É necessário método. Crianças à noite dormem.
D. Ana Silveira voltando-se para o Vilaça - que cedera o seu lugar ao Dr. delegado e vinha palestrar
com as senhoras - teve aquele sorriso mudo que lhe franzia os lábios, sempre que Afonso da Maia falava
em «método.»
Depois, reclinando-se para as costas da cadeira e abrindo o leque, declarou, a transbordar de ironia,
40 que, talvez por ter a inteligência curta, nunca compreendera a vantagem dos «métodos»... Era à inglesa,
segundo diziam: talvez provassem bem em Inglaterra; mas ou ela estava enganada, ou Sta. Olávia era no
reino de Portugal... […]
D. Ana, depois de bocejar de leve, retomou a sua ideia:
- Sem contar que o pequeno está muito atrasado. A não ser um bocado de inglês, não sabe nada...
45 Nem tem prenda nenhuma!
- Mas é muito esperto, minha rica senhora! - acudiu Vilaça.
- É possível, respondeu secamente a inteligente Silveira.
E, voltando-se para Eusebiozinho, que se conservava ao lado dela, quieto como se fosse de gesso:
- Oh filho, diz tu aqui ao Sr. Vilaça aqueles lindos versos que sabes... Não sejas atado, anda!... Vá,
50 Eusébio, filho, sê bonito...
Mas o menino, molengão e tristonho, não se descolava das saias da titi: teve ela de o pôr de pé,
ampará-lo, para que o tenro prodígio não aluísse sobre as perninhas flácidas; e a mamã prometeu-lhe
que, se dissesse os versinhos, dormia essa noite com ela...
Isto decidiu-o: abriu a boca, e como duma torneira lassa veio de lá escorrendo, num fio de voz, um
55 recitativo lento e babujado:
É noite, o astro saudoso
Rompe a custo um plúmbeo céu,
Tolda-lhe o rosto formoso
Alvacento, húmido véu...
60 Disse-a toda - sem se mexer, com as mãozinhas pendentes, os olhos mortiços pregados na titi. A
mamã fazia o compasso com a agulha do crochet; e a viscondessa, pouco a pouco, com um sorriso de
quebranto, banhada no langor da melopeia, ia cerrando as pálpebras.
- Muito bem, muito bem! - exclamou o Vilaça, impressionado, quando o Euzebiozinho findou coberto
de suor. - Que memória! Que memória! É um prodígio!...
QUEIRÓS, Eça de, Os Maias, Cap. III

GRUPO I (100 pontos)

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Caracterize comparativamente o comportamento dos dois rapazes. (20pontos)

2. Repare nas atitudes de Afonso da Maia.


2.1. A seu ver, porque não interfere na luta entre Carlos e Euzebiozinho? (10pontos)
2.2. Já no que diz respeito ao cumprimento dos horários, a sua postura é de intransigência.
2.2.1. Como justifica esta aparente contradição? (10pontos)
2.3. Que críticas tece D. Ana Silveira à educação de Carlos? (20pontos)

3. Atente nos últimos parágrafos do excerto.


3.1. Que aspetos da educação de Euzebiozinho são realçados? (20pontos)

4. Identifique, com passagens textuais, quatro marcas da escrita queirosiana neste excerto. (20pontos)

GRUPO II (50 pontos)

1. Observe as seguintes frases:


a) “(…) replicou ele, insolente e sem a olhar.” (l. 4)
b) “Afonso da Maia pousou as cartas (…)” (l. 25)
c) “(…) o avô deixava-lhe fazer todos os horrores (…)”(l. 30)

1.1. Identifique os referentes dos vocábulos sublinhados. (4pontos)


1.2. Destaque o complemento direto de cada frase. (6pontos)
1.2. Pronominalize-o, nas frases b) e c). (5pontos)
1.3. Coloque as frases transformadas no futuro. (10pontos)

2. Leia com atenção as frases retiradas do texto:


a) “(…) e a severa senhora, com um fulgor de cólera na face magra, apertando o leque fechado como uma
arma, preparava-se a repelir o Carlinhos que, de mãos atrás das costas e aos pulos em roda do canapé, ria,
arreganhando para o Eusebiozinho um lábio feroz.” (ll. 15-18)
b) “(…) e a mamã prometeu-lhe que, se dissesse os versinhos, dormia essa noite com ela...” (ll. 53-54)

2.1. Identifique, em a), as frases não finitas. (5pontos)


2.2. O constituinte que se encontra sublinhado na frase a), é uma oração subordinada: (5pontos)
A – adjetiva relativa explicativa
B – adjetiva relativa restritiva
C – substantiva completiva
D – adverbial final
2.3. Divida e classifique as orações presentes em b). (15pontos)

GRUPO I I I (50 pontos)

Num texto bem estruturado, entre 80 e 100 palavras, comente a afirmação que se segue:

“O tema da educação é frequentemente tratado por Eça de Queirós e surge n’Os Maias como um dos
principais fatores comportamentais e da mentalidade do Portugal romântico por oposição ao Portugal novo,
voltado para o futuro.” (in http://www.infopedia.pt/educacao-em-os-maias )

Bom Trabalho!

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