Sie sind auf Seite 1von 1

Resenha do texto Sakhu sheti: retomando e reapropriando um foco psicológico

afrocentrado.
Licenciatura em Música 2019.2 - Felipe Rodriges Rocha
Psicologia da Educação - profa. Ana Urpia.

Wade Nobles retoma, através do conceito de shaku sheti, a importância de uma


psicologia que seja afrocentrada e como afirma logo no início do texto, não derivada ou
adaptada da psicologia eurocêntrica (hegemônica). O autor destaca a impossibilidade desta
psicologia caber nas experiências e filosofias africanas, não só por divergências teóricas
como acima de tudo ontológica. A existência da psicologia “tradicional” sempre foi utilizada
para identificar, diagnosticar e condenar aquilo que fosse diferente da branquitude e suas
premissas, levando assim ao processo de desafricanização dos corpos e mentes submetidos
a estes tratamentos e consequentemente à manutenção da colonização dos povos negros.
Shaku sheti significa compreensão profunda de determinado assunto e é esta
concepção que deve perpassar a construção de uma psicologia afrocentrada. Uma psicologia
capaz de olhar para dentro e para fora da história, das mentes, das vivências, dos mistérios
da ancestralidade, das filosofias, da natureza e dos orixás, para que disso possa se
compreender “os povos africanos contemporâneos”.
O autor analisa os danos causados pela colonização e embranquecimento das
pessoas negras e utiliza o termo “descarrilhamento” para a trajetória dos povos africanos.
Entende a metáfora como o descarrilhamento de um trem, que muito embora continue em
movimento (as vidas que seguem, que continuam gerações após gerações) já não se tem
mais um rumo definido ou esperado, sendo levado a um destino desconhecido e que como
continua a movimentar-se, cria grande dificuldade para se reconhecer como existências
“descarrilhadas”. Nobles ainda aponta estes danos como verdadeiros distúrbios na
personalidade africana sendo possível listar quatro distorções da personalidade: a “desordem
do ego alienado”, onde o indivíduo se comporta de maneira contrária a sua sobrevivência, a
“desordem do ser contra si mesmo”, onde o indivíduo assume uma postura hostil contra seu
grupo, a “autodestrutiva” onde a pessoa se envolve em situações que a coloca em situações
destrutivas e por último, as disfunções fisiológicas, neurológicas e bioquímicas derivadas das
discrepâncias no acesso a alimentação, saúde, moradia e todas as condições retiradas dos
povos negros nestes processos de escravidão e genocídio.
Por fim, o autor reconhece no quilombo, no axé, no candomblé e nos orixás a
verdadeira potência de onde se pode tirar a compreensão do que é a existência do negro e
dos povos africanos. É o shaku sheti entregue e dedicado à compreensão da liberdade de
ser africano dentro dos quilombos que Zumbi construiu, viveu e deixou como legado, na
ancestralidade e nas gêneses do candomblé, manifestação tão perseguida pelo Estado e por
outras religiões, que podem restabelecer as essências e as verdades do ser africano, tanto
para os afro brasileiros, africanos e diaspóricos.

Das könnte Ihnen auch gefallen