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1 REPRODUÇÃO HUMANA

A reprodução humana envolve a união de um ovócito de uma mulher e um


espermatozóide de um homem. Cada célula traz a metade da informação genética
para a união, de tal maneira que a nova célula, um zigoto, recebe a informação
genética necessária para direcionar o desenvolvimento de um novo ser humano. O
sistema reprodutor em ambos os sexos, é designado para garantir a união
bemsucedida do espermatozóide e do ovócito, um processo denominado fertilização.
A puberdade se inicia quando as características sexuais secundárias surgem.
Corresponde ao período entre os 12 e 15 anos nas meninas e 13 e 16 anos nos
meninos, no qual o indivíduo torna-se capaz de reproduzir-se. Embora as mudanças
mais notáveis aconteçam no sistema reprodutor, a puberdade afeta o corpo como um
todo. A menarca (primeira menstruação) pode ocorrer em meninas com 8 a 11 anos.
A puberdade termina aos 16 anos. Nos homens a puberdade inicia-se mais tarde (13
a 16); entretanto os sinais da maturidade sexual podem aparecer nos meninos aos
12 anos. A puberdade termina quando são formados espermatozóides maduros.

1.1 SISTEMA REPRODUTOR

1.1.1 Órgãos reprodutores femininos


O sistema reprodutor feminino é responsável pela produção de ovócitos e
hormônios, pela criação de condições propícias à fecundação e, quando esta ocorrer,
pela proteção ao desenvolvimento do embrião.
Constituído basicamente pelos ovários, trompas de Falópio, útero, vagina e pela
vulva.

1.1.1.1 Ovários:
Gônodas femininas. São duas glândulas mistas com um formato semelhante ao das
amêndoas, medem aproximadamente 4 cm de comprimento por 2 cm de largura.
Localiza-se no interior da cavidade abdominal, nos lados direito e esquerdo do útero.
- Função: produção de óvulos e hormônios (estrógeno e progesterona).
- Regiões: - externa (cortical): coberta pelo epitélio germinativo, nas crianças, ele
apresenta uma cor esbranquiçada e de aspecto liso e na mulher adulta, assume
um tom cinza com cicatrizes que correspondem às ovulações ocorridas. Após a
menopausa, os ovários apresentam a superfície enrugada, devido às inúmeras
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ovulações ocorridas ao longo da vida reprodutiva da mulher. No córtex, estão


presentes pequenas formações, os folículos ovarianos, que sofrem a ação de
hormônios hipofisiários, originando os óvulos. Quando uma menina nasce
apresenta no córtex cerca de 200.000 folículos, totalizando aproximadamente
400.000 folículos ovarianos. Este número cai para 10.000 na puberdade e nenhum
na menopausa.
- interna (medular): esta região está envolvida pelo córtex, exceto o hilo que dá
passagem a nervos e vasos sangüíneos.

1.1.1.2 Tubas uterinas:


São formadas por dois condutos com aproximadamente 12 cm de
comprimento, localizados na cavidade abdominal.
- Função: encaminhar o óvulo em direção ao útero.
- Regiões: - intramural: localiza-se no interior da parede uterina, atravessando-a e
abrindo-se no interior do útero, através de pequeníssimo orifício.
- ístimca: porção intermediária, apresenta a maior parte da trompa e
também a mais estreita.
- Ínfundibular: extremidade oposta à intramural. Possui as bordas
franjeadas (fímbrias) que ficam em contato com os ovários e são responsáveis pela
captura do óvulo quando ele eclode na superfície dos ovários. É no interior desta
região que ocorre a fecundação e a formação do zigoto, o qual é conduzido ao útero
para a nidação.
Ao longo das trompas de Falópio (internamente), encontra-se o epítélio ciliado
que auxilia no deslocamento do óvulo em direção ao útero. As paredes possuem
musculatura lisa e realizam movimentos peristálticos que também auxiliam no
deslocamento do óvulo e do zigoto.

1.1.1.3 Útero:
É o mais volumoso órgão do sistema reprodutor feminino. Localiza-se na linha
mediana da bacia, atrás da bexiga urinária. Possui a forma e as dimensões
semelhante às de uma pêra, apesar de ser um órgão oco.
- Camadas: - epimétrio: é uma delicada serosa que reveste o útero
externamente.

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- endométrio: é uma mucosa que reveste internamente o útero, cresce


durante o ciclo ovulatório e desprende-se ao final do ciclo (caso não ocorra gravidez),
sendo eliminado com o fluido mestral.
- miométrio: porção intermediária da parede uterina, está representada
por um conjunto de músculos lisos. Graças a estes músculos, o útero pode aumentar
de tamanho durante a gravidez e sofrer as contrações durante o parto.

1.1.1.4 Vagina:
É o órgão destinado a cópula, ao parto e à eliminação dos resíduos
menstruais. É constituído por um canal muscular e elástico, com aproximadamente
10 cm de profundidade por 3 cm de diâmetro. Este canal tem início anteriormente na
vulva, orientando-se para o interior em direção ao colo uterino. Ele termina em um
fundo em forma de saco, onde os espermatozóides ficam temporariamente
depositados para iniciar sua viagem em direção ao útero e às trompas.

1.1.1.5 Vulva:
É a parte externa e visível da genitália feminina, formada pelas seguintes
estruturas:
- Monte de vênus: localizado na região pubiana, é representado por um
acúmulo de gordura e recoberto de pilosidade característica.
- Grandes e pequenos lábios: são formados por dobras da pele, localizados em
cada lado do orifício vaginal, apresentando um preenchimento gorduroso. Os grande
lábios sào mais externos e pouco desenvolvidos na criança, passando a se
desenvolver a partir da puberdade. Os pequenos lábios são mais internos com um
revestimento mucoso e com uma cor róseo-clara característica. A região localizada
entre os pequenos e grandes lábios forma uma fenda alongada, denominada
vestíbulo vaginal. Na região superior do vestíbulo vaginal, localiza-se a abertura
externa da uretra, denominada de meato urinário. Encontramos também as glândulas
vulvovaginais, denominadas de glândulas de Bartholin, com a função de produzirem
secreções lubrificantes que facilitam a penetração do pênis por ocasião da cópula.
- Clitóris: é uma pequena estrutura cilíndrica e erétil. Está localizado entre a
parte superior dos pequenos lábios. Ele representa um órgão de sensibilidade
erógena na mulher, por isso é recoberto por grande quantidade de nervos e de vasos
sangüíneos.

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- Hímen: localiza-se abaixo da uretra, circundando a vagina, pode conter um ou


mais orifícios, com forma e elasticidade bastante variadas. Em geral, o hímem rompe-
se durante o período-perinatal, formando o orifício vaginal. Normalmente, esta
abertura aumenta durante a infância, em conseqüência da atividade física. Se intacto,
o hímen apenas se alarga durante a primeira relação sexual, mas pode também
romper-se. Ao contrário da crença popular, a ruptura desta membrana mucosa ou a
ausência de sangramento, secundária ao seu rompimento durante a primeira relação
sexual, não é, necessariamente, indicação de perda da virgindade.

1.1.1.6 Fisiologia do sistema reprodutor feminino (ciclo ovulatório)


O folículo é uma unidade formada por muitas células, presentes nos ovários. É dentro
dos folículos que se desenvolve o óvulo e ocorre a produção de hormônios sexuais
femininos.
A mulher nasce com aproximadamente 200.000 folículos primários em cada ovário,
os quais amadurecem, formando os folículos secundários. A partir da puberdade,
uma vez por mês, um folículo secundário amadurece mais ainda, por estímulo do
hormônio FSH (hormônio folículo estimulante), e forma o folículo maduro ou folículo
de Graaf, que contém o óvulo e produz grande quantidade de estrógeno, que prepara
o útero para a gravidez. Cerca de dois milhões de ovócitos primários normalmente
estão presentes nos ovários de uma menina neonata. A maioria desses ovócitos
regride durante a infância de modo que na adolescência não mais que 40 mil
permanecem. Destes, somente cerca de 400 amadurecem e são expelidos na
ovulação durante o período reprodutivo.
Por volta do 14º dia após o primeiro dia da menstruação, o folículo está totalmente
maduro. Recebe então a influência de outro hormônio hipofisiário, o LH (hormônio
luteinizante), que estimula a ovulação. A ovulação é acionada por uma onda de
produção de LH. A ovulação normalmente se segue ao pico de LH por 12 a 24 horas.
Após a ovulação, o folículo transforma-se no corpo-lúteo ou amarelo, que inicia a
produção do hormônio progesterona, que age sobre o útero, mantendo-o propício
para a gravidez.
Caso ocorra a fecundação, o corpo-lúteo, por estímulo da gonodotrofina cariônica,
produzida pela placenta, permanece produzindo a progesterona, o que mantém o
endométrio proliferado, capaz de nutrir o embrião em desenvolvimento. Caso não
ocorra a gravidez, o corpo-lúteo regride, transformando-se no corpo albicans. Após

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14 dias da ovulação, pela falta de progesterona, o endométrio descama, constituindo


a menstruação, quando tem início um novo ciclo hormonal.
Nas mulheres, a ovulação se encerra entre 45 e 50 anos de idade, fenômeno
denominado menopausa. Num ciclo de 28 dias, o período de maior fertilidade fica
entre o 10º e o 18º dia do ciclo.
A suspensão da menstruação é um dos sintomas da gravidez. Durante ela, não
ocorrerão novas ovulações e nem menstruações.

1.1.1.7 Ovulogênese:
É a gametogênese feminina. Visa à formação do óvulo e realiza-se a partir do
epitélio germinativo do ovário, com células diplóides, denominadas ovogônias ou
ovulogônias.
Na fase de multiplicação, a ovogônia se divide por mitoses sucessivas e dá
origem a numerosas células. Ao contrário da espermatogênese, na ovogênese, todas
as células seguem o processo sem conservação da ovogônia. As células resultantes
da multiplicação sofrem o processo de crescimento (fase de crescimento) e se
transformam nos ovócitos I (primários). Estas ovogônias crescem para formar os
ovócitos primários antes do nascimento. Na época do nascimento, todos os ovócitos
primários completaram a prófase da primeira divisão meiótica. Estes ovócitos
permanecem em prófase até a puberdade. Pouco antes da ovulação, o ovócito
primário completa a primeira divisão meiótica, na fase de maturação, cada ovócito I
(diplóide) dá, por meiose I (reducional), duas células haplóides: o ovócito II
(secundário), relativamente grande, e o 1º glóbulo polar, de tamanho reduzido. Logo
a seguir, o ovócito II se divide por meiose II (equacional), dando duas células também
diferentes em tamanho: ovótide, bem desenvolvida, e o 2º glóbulo polar, muito menor.
Algumas vezes, o 1º glóbulo polar também se divide por meiose II. A ovótide se
transforma em óvulo. Portanto, cada ovócito I dará origem a um óvulo e a três
glóbulos polares, geralmente estéreis.
Na espécie humana, a ovulogênese inicia-se nos primeiros meses de vida
intra-uterina do feto, sendo paralisada quando o ovócito I inicia a maturação, estágio
que é chamado dictióteno. Desta forma, ao nascer, a menina apresenta um “estoque”
de folículos contendo ovócitos I em dictióteno. À medida que ela vai crescendo,
muitos folículos sofrem degeneração, transformando-se em folículos atrésicos. Todos
os ovócitos permanecerão em dictióteno até a época da ovulação, que terá início por

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volta dos 12 ou 13 anos de idade, encerrando-se a partir da menopausa, por volta


dos 45 aos 50 anos.

1.1.1.8 Óvulo humano:


Estrutura simples, esférico, constituído por membrana plasmática, citoplasma e
núcleo.
- Membrana primária ou vitelínica: é a membrana plasmática, sempre a mais
interna; há também a membrana secundária, formada pelas secreções das células
foliculares (membrana pelúcida no óvulo humano), e membranas terciárias, que se
depositam ao redor do óvulo, após ele ter saído do ovário. Podem ser bainhas
quitinosas, calcárias ou de outra natureza (coroa radiata formada pelas células
foliculares, nos mamíferos).
- Citoplasma: dividido em duas partes, o citoplasma formativo ou bioplasma,
que fica ao redor do núcleo, e citoplasma nutritivo ou deutoplasma, que armazena
substâncias nutritivas, o vitelo ou lécito.
- Núcleo: chamado vesícula germinativa, às vezes central, outras vezes
polarizado. Tem forma oval, grande. Geralmente, as regiões onde estão o núcleo
com o bioplasma e o citoplasma nutritivo estão polarizadas. O pólo onde se encontra
o núcleo com o bioplasma é chamado pólo animal, uma vez que dará origem a um
novo indivíduo; e o pólo onde se encontra o deutoplasma é chamado de pólo
vegetativo, uma vez que tem função nutritiva.

1.1.1.9 Tipo de óvulo dos mamíferos:


Oligolécito ou isolécito ou homolécito – apresenta pouco vitelo, o qual se
encontra distribuído homogeneamente com o bioplasma.

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Estrutura interna e externa do aparelho reprodutor feminino.

Processo de ovulação e óvulo humano.

1.1.2 Órgãos reprodutores masculinos:


O sistema reprodutor masculino é formado pelos testículos, vias espermáticas,
glândulas anexas e o pênis.

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1.1.2.1 Testículos:
São duas glândulas mistas, ovóides, localizados na bolsa escrotal. - Funções:
produzir espermatozóides (túbulos seminíferos) e secretar o hormônio testosterona
(células Leyding).
Criptorquidia: ocorre quando os testículos não migram para a bolsa escrotal, ficando
na região abdominal.

1.1.2.2 Vias espermáticas:


Correspondem ao trajeto percorrido pelos espermatozóides, desde a sua
produção, o seu armazenamento até a sua eliminação.
1.1.2.2.1 Tubúlos seminíferos: são canais finíssimos que produzem os
espermatozóides, nas suas paredes estão presentes as células de Leydig.

1.1.2.2.2 Epidídimo: ainda imaturos os espermatozóides ficam armazenados no


epidídimo, são necessários muitos dias para amadurecerem. É no epidídimo que os
espermatozóides desenvolvem o seu flagelo, adquirindo mobilidade.

1.1.2.2.3 Canal deferente: são canais que conduzem os espermatozóides do


epidídimo até o canal ejaculador e depois a ureta.

1.1.2.2.4 Uretra: canal que percorre toda extensão do pênis e se abre ao meio
externo.

1.1.2.3 Glândulas anexas:


São responsáveis pela produção dos líquidos que veiculam e protegem os
espermatozóides e que entram na composição do esperma ou sêmen.

1.1.2.3.1 Vesículas seminais: são duas glândulas, localizadas ao lado da próstata.


Produzem um líquido de cor amarelada, consistência viscosa e pH alcalino,
representam a maior parte do volume do sêmen.

1.1.2.3.2 Próstata: é uma glândula com tamanho aproximado de uma castanha.


Localiza-se na saída da bexiga. Produz um líquido de aspecto leitoso e ligeiramente
ácido, fornece odor característico do sêmen.

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1.1.2.3.3 Glândulas de Cowper (bulbouretrais): são duas glândulas, localizadas na


extremidade do bulbo e da uretra. Secretam uma substância mucosa para lubrificar
a uretra.

1.1.2.4 Pênis:
É o órgão copulador e inoculador do sêmen. Formado por tecidos elásticos
que permitem a ereção. Apresenta corpos cavernosos e esponjosos, formado por
novelos de vasos sangüíneos dilatáveis. Na extremidade, localiza-se a glande, região
extremamente sensível. A glande esta recoberta por uma pele (prepúcio). No interior
do prepúcio, localizam-se as glândulas produtoras de uma secreção o esmegma.

1.1.2.5 Fisiologia do sistema reprodutor masculino


Quando inicia a liberação do hormônio ICSH, produzido pela hipófise, inicia a
puberdade, aproximadamente por volta dos 12 anos. O ICSH secretado na corrente
sangüínea atuará sobre as células de Leydig, produzindo a testosterona.
A testosterona desencadeia a maturação dos caracteres sexuais secundários
masculinos (barba, voz grave, massa muscular, crescimento ósseo, metabolismo,
comportamento e outros), estimulando também a produção de espermatozóide.

1.1.2.6 Espermatogênese
É o processo de produção de espermatozóides. As espermatogônias são
transformadas em células germinativas maduras ou espermatozóides. Este processo
de maturação inicia-se na puberdade e continua até a velhice. Antes da maturação,
as espermatogônias permanecem quiescentes nos túbulos seminíferos dos testículos
desde o período fetal até a puberdade, época na qual começam a crescer em número.
A espermatogênese dura aproximadamente 48 dias e pode ser dividida em
três fases:
Na fase de multiplicação: ocorre a partir dos 6 anos de idade, quando as
espermatogônias diplóides se dividem por mitoses sucessivas. A primeira divisão
mitótica origina duas espermatogônias, uma delas fica para substituir a
espermatogônia que iniciou o processo e ter continuidade. A outra irá continuar.

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Na fase de crescimento celular: inicia-se na puberdade, as espermatogônias


aumentam de volume, não ocorrem divisões celulares, as espermatogônias passam
a se chamar espermatócitos primários, continuam diplóide.
Na fase de maturação: o espermatócito primário sofrerá uma divisão meiótica
reducional (meiose I), originando dois espermatócitos secundários (n). Os
espermatócitos secundários sofrerão meiose equacional (meiose 2), originando
quatro espermátides (n), sofrem modificações morfológicas e estruturais
(espermiogênese), originando os espermatozóides.

Cada espermatócito primário diplóide que participa da espermatogênese

origina, ao final do processo, quatro espermatozóides haplóides.

Em cada ejaculação são eliminados aproximadamente de 300 a 500

milhões de espermatozóides.

1.1.2.7 Espermatozóide humano:


É uma célula flagelada, constituída pela cabeça, peça intermediária e cauda.
Na cabeça encontra-se o núcleo (23 cromossomos) e o acrossoma que contém
enzimas (hialuronidase), que facilitam a penetração do espermatozóide no ovócito. A
cauda do espermatozóide é formada por três segmentos: a peça intermediária, a peça
principal e a peça terminal. A peça intermediária da cauda encontram-se o aparato
produtor de energia mitocondrial e citoplasmático, que produzem os movimentos
rápidos da cauda.

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Estrutura interna e externa do sistema reprodutor masculino.

Formação e estrutura do espermatozóide

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Gametogênese

2 EMBRIOLOGIA

É o estudo das etapas e dos mecanismos de formação do embrião,


abrangendo o período que vai desde a segmentação da célula-ovo até o nascimento
do novo indivíduo.
O zigoto é uma célula altamente especializada totipotente resultante da união
de um espermatozóide e um ovócito. O zigoto contém os cromossomos e genes
derivados do pai e da mãe. Divide-se muitas vezes e transforma-se,
progressivamente, em um ser humano multicelular, através de divisão, migração,
crescimento e diferenciação das células. Os estágios e a duração da gestação,
descritos na clínica médica, são calculados do início do último período menstrual
normal da mãe (UPMN), cerca de 14 dias antes que ocorra a concepção. O UPMN
indica a idade gestacional, que superestima em duas semanas a idade gestacional
ou embrionária real.

2.1 Fertilização
Normalmente, o local de fertilização é a ampola, a porção maior e mais
dilatada da tuba uterina. Se o ovócito não for fertilizado aqui, ele passa lentamente
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pela tuba e prossegue ao útero, onde se degenera e é reabsorvido. A fertilização é


uma complexa seqüência de “eventos moleculares coordenados” que se inicia com o
contato entre um espermatozóide e um ovócito e termina com a mistura dos
cromossomas maternos e paternos, na metáfase da primeira divisão mitótica do
zigoto. Moléculas de ligação a carboidratos e proteínas na superfície dos gametas
estão envolvidas na quimiotaxia e reconhecimento dos gametas, assim como no
processo de fertilização. Fertilina-? e fertilina-?, além de proteínas de membrana dos
espermatozóides, têm sido implicadas nas interações espermatozóide-ovo.

2.1.1 Fases da fertilização


- Passagem do espermatozóide através da corona radiata do ovócito: a
dispersão das células foliculares da corona radiata resulta principalmente da ação da
enzima hialuronidase, liberada do acrossoma do espermatozóide. As enzimas da
mucosa tubária e os movimentos da cauda dos espermatozóides também são
importantes para a sua penetração na corna radiata.
- Penetração da zona pelúcida: a formação de uma via para o espermatozóide,
através da zona pelúcida, resulta da ação de enzimas liberadas pelo acrossoma. As
enzimas – esterases, acrosina e neuromidase- parecem causar a lise da zona
pelúcida , formando uma via para que o espermatozóide siga até o ovócito. A mais
importante é a acrosina , uma enzima proteolítica.
- Fusão das membranas plasmáticas do ovócito e espermatozóide: as
membranas plasmáticas dos gametas se fundem e se rompem na área da fusão. A
cabeça e a cauda o espermatozóide entram no citoplasma do ovócito, mas a
membrana plasmática não penetra.
- Término da segunda divisão meiótica do ovócito e formação do pró-núcleo
feminino: após a entrada do espermatozóide, a metáfase da segunda divisão
meiótica do ovócito se completa formando um ovócito maduro e um segundo corpo
polar. Os cromossomos maternos em seguida se descondensam e o núcleo do
ovócito maduro torna-se o pronúcleo feminino.
- Formação do pronúcleo masculino: dentro do citoplasma do ovócito, o núcleo
do espermatozóide aumenta, pra forma o pronúcleo masculino e a cauda do

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espermatozóide degenera. Durante o crescimento os pronúcleos replicam seu DNA


– 1n (haplóide), 2c (duas cromátides).
- Quebra das membranas pronucleares, condensação dos cromossomos e
arranjo dos cromossomas para a divisão celular mitótica: a primeira divisão de
clivagem. A combinação de 23 cromossomas de cada pronúcleo resulta em um zigoto
com 46 cromossomas.
A fertilização se completa 24 horas após a ovulação. Uma proteína
imunossupressora – o fator da gravidez inicial (EPF) – é secretada pelas células
trofoblásticas e aparece no soro materno de 24 a 48 horas após a fertilização. A
presença do EPF é a base de um teste de gravidez usado durante os primeiros
dez dias do desenvolvimento.
Milhares de espermatozóides são liberados em uma ejaculação, mas somente
algumas centenas atingem as proximidades do ovócito. Apenas um espermatozóide
será fecundante; mas, provavelmente, os muitos que atingem a corona radiata
auxiliam o processo de fecundação, desde que liberem o conteúdo de seus
acrossomos ricos em enzimas, principalmente hialuronidase. Imediatamente após o
contato do primeiro espermatozóide com a membrana plasmática do ovócito, outros
espermatozóides não conseguem atingir essa célula.
Este fato deve estar relacionado com a despolarização da membrana plasmática do
ovócito e devido a reação cortical, isto é, a liberação do conteúdo dos grânulos
corticais que ocasionam, em última análise, o afastamento da membrana plasmática
da membrana pelúcida. O plasma envolve todo o espermatozóide. O pescoço e a
cauda destacam-se da cabeça e se desintegram. O núcleo do espermatozóide
permanece inativo até que a divisão meiótica do ovócito II se complete.
Se não ocorrer a fecundação, essa divisão jamais se completará. A liberação do
segundo corpúsculo polar é atestado inconfundível de que a fecundação se realizou
(pró-núcleo feminino). O núcleo do espermatozóide se descondensa e seus
filamentos nucleoprotéicos tornam-se visíveis, forma-se o pró-núcleo masculino.
A aproximação e a junção dos dois pró-núcleos (cariogamia) restabelece o número
diplóide da espécie e o zigoto está constituído.

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2.2 Clivagem
É uma série de divisões mitóticas repetidas do zigoto, resultando em rápido
aumento do número de células. Estas células, denominadas blastômeros,
tornamse menores a cada divisão de clivagem. Inicialmente, o zigoto se divide em
dois blastômeros, que se dividem em quatro, oito e assim sucessivamente. A
clivagem ocorre quando o zigoto passa pela tuba uterina em direção ao útero.
Durante a clivagem, o zigoto situa-se dentro da zona pelúcida. A divisão do zigoto
em blastômeros inicia-se cerca de 30 horas após a fertilização.
Após o estágio de oito células, os blastômeros mudam sua forma e alinham-se uns
com os outros para formar uma bola compacta de células. Este fenômeno é chamado
compactação, é mediada por glicoproteínas de adesão de superfície celular. A
compactação permite uma maior interação célula-célula e é um pré-requisito para a
segregação de células internas que forma uma massa celular interna ou embrioblasto
do blastocisto.
Cerca de três dias após a fertilização, o zigoto atinge o estágio de 12 a 16
blastômeros e é então chamado de mórula, massa compacta de células (do latim
morus: amora). As células internas da mórula, a massa celular interna ou
embrioblasto, estão circundadas por uma camada de células achatadas que formam
a massa celular externa, ou trofoblasto.

2.3 Blastocisto
Quando a mórula já atingiu o útero, por volta de quatro dias, começa a receber
fluidos uterinos, e, no interior da massa compacta de células, começam a
aparecer pequenos espaços cheios de líquidos.
As células migram para a periferia, e o interior forma uma ampla cavidade
preenchida por líquido (blastocele).
Um pequeno grupo de células permanece em um dos pólos, formando um
aglomerado em forma de botão, o que caracteriza a fase de blastocisto.
As células periféricas formam o trofoblasto (do grego throfe = nutrição), o botão
polar forma o embrioblasto, enquanto a cavidade interna cheia de líquido forma a
blastocele.
O trofoblasto contribuirá para a formação de parte da placenta e o embrioblasto
(massa celular interna) originará o embrião.

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O blastocisto permanece livre nas secreções uterinas por cerca de dois dias. Entre
o quinto e o sexto dias, o blastocisto estabelece contato com o epitélio endometrial,
imediatamente o trofoblasto começa a mostrar modificações. Inicia a invasão e a
penetração no endométrio uterino. No final da primeira semana, já se nota uma
implantação superficial no endométrio uterino.
O blastocisto nutre-se dos tecidos maternos.
Na segunda semana completa a implantação do blastocisto e inicia a formação da
cavidade aminiótica (âmnio) e do saco vitelínico).

2.4 Gastrulação
Este processo inicia na terceira semana e consiste na formação da gástrula a
partir do recurvamento do disco embrionário, situado dentro do blastocisto. O
disco embrionário bilaminar é convertido em um disco embrionário trilaminar. A
gastrulação é o início da morfogênese. Cada uma das três camadas germinativas
(ectoderma, mesoderma e endoderma) dá origem a tecidos específicos e órgãos.
- A ectoderme origina o cérebro e medula, retina, neuro-hipófise, gânglios e
nervos cranianos e sensitivos, medula da supra-renal, células pigmentares,
epiderme, pêlos, unhas, esmalte dentário, glândulas cutâneas e mamárias, lobo
anterior da hipófise, ouvido interno, cristalino.
- A mesoderme origina o tecido cartilaginoso e ósseo, tecido muscular, tecido
conjuntivo, sistema urogenital, tecido hematopoiético, sistema cardiovascular e
linfático, baço e córtex da adrenal, dentina.
- A endoderme origina o trato digestivo (revestimento epitelial), fígado e
pâncreas, bexiga urinária, sistema respiratório (revestimento epitelial),
derivados epiteliais da faringe, cavidade timpânica, amígdalas, timo,
paratireóides, derivados epiteliais da tireóide.

2.5 Neurulação
Os processos envolvidos na formação da placa neural, das pregas neurais e no
fechamento das pregas para formar o tubo neural constituem a neurulação.
A formação da placa neural é induzida pela notocorda em desenvolvimento. O
ectoderma da placa neural dá origem ao SNC (encéfalo e medula espinhal). Enquanto
a notocorda se alonga, a placa neural se alarga e estende, cefalicamente, até a

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membrana bucofaríngea. A placa neural ultrapassa a notocorda. Por volta do 18º dia,
a placa neural se invagina, ao longo do seu eixo central, formando um sulco neural
com pegas em ambos os lados. As pregas neurais constituem os primeiros sinais do
desenvolvimento do encéfalo. No fim da terceira semana, as pregas neurais se
aproximam e fundem-se, convertendo a placa neural em tubo neural.
A formação do tubo neural é um processo celular complexo e multifatorial que
envolve gens e fatores extrínsecos. A neurulação é completada durante a quarta
semana.
Fases da embriogênese Blastocisto

3 ANEXOS EMBRIONÁRIOS

3.1 Definição
São estruturas anexas do embrião com origem materna e embrionária, com a função de
proteger e alimentar o embrião.

3.1.1 Saco vitelino ou vesícula vitelínica: com 20 semanas, o saco vitelino é muito
pequeno; depois disto, em geral não é visível. O saco vitelino pode ser observado no
ultra-som no início da quinta semana.
- Origem: endoderme
- Definição: estrutura na forma de um saco ligada à região ventral do embrião.

- Função: armazenar substâncias nutritivas, pouco desenvolvida nos mamíferos,


pois, os mesmos são alimentados pela placenta. Nos mamíferos é responsável pela
produção das primeiras hemácias do sangue.

3.1.2 Âmnio e fluido amniótico: o âmnio forma um saco amniótico membranoso cheio
de fluído, que envolve o embrião e o feto.
- Origem: ectodérmica e mesodérmica.

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- Definição: aparece no final da 1ª semana de desenvolvimento. É uma membrana


fina que delimita uma bolsa repleta de líquido amniótico, provavelmente de origem
materna.
O fluído amniótico desempenha um papel importante no crescimento e
desenvolvimento do embrião.
Inicialmente, um pouco de fluido amniótico pode ser secretado pelas células
amnióticas; entretanto, a maior parte deste fluido provém da membrana
amniocoriônica da decídua parietal. O fluido também é secretado pelo trato
respiratório fetal e vai para a cavidade amniótica. A partir da 11a semana, o feto
contribui para o fluido amniótico expelindo urina na cavidade amniótica.
Normalmente, o fluido amniótico aumenta aos poucos, chegando a 1.000 ml com 37
semanas. O conteúdo de água do fluido amniótico é trocado a cada três horas.
Grande quantidade de água passa pela membrana amniocoriônica para o fluido
tecidual materno e daí para os capilares uterinos. Também há troca de fluido com o
sangue fetal através do cordão umbilical e no local onde o âmnio adere a placa
coriônica na superfície fetal da placenta. O fluido amniótico é deglutido pelo feto e
absorvido pelos tratos respiratório e digestivo. Foi calculado que, durante os estágios
finais da gravidez, o feto deglute mais de 400 ml de fluido amniótico por dia. O fluido
passa para o sangue fetal e os produtos de excreção nele contidos atravessam a
membrana placentária e vão para o sangue materno presente no espaço interviloso.
O excesso de água do sangue fetal é excretado pelos rins do feto e retorna para o
saco amniótico através do trato urinário fetal.
A deglutição fetal de fluido amniótico é uma ocorrência normal. Cerca de 99%
do fluido da cavidade amniótica são constituídos de água. O fluido é uma solução na
qual material não dissolvido está suspenso, tais como células epiteliais fetais
descamadas, sais orgânicos e inorgânicos; proteínas, carboidratos, enzimas,
gorduras, hormônios e pigmentos. Com o avanço da gravidez, a composição do fluido
muda pelo acréscimo de excretas fecais (mecônio e urina).
Como a urina vai para o fluido amniótico, é possível estudar sistemas enzimáticos,
aminoácidos, e outras substâncias fetais no fluido removido por amniocentese. O
estudo do fluido permite diagnosticar o sexo do feto e detectar fetos com
anormalidades cromossômicas, como a trissomia do 21, a síndrome de Down. Altos
níveis de alfa-fetoproteína (AFP) indicam a presença de um defeito grave do tubo

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neural (p. ex., meroanencefalia). Baixos níveis de AFP podem indicar aberrações
cromossômicas (p. ex., trissomia do 21).

3.1.2.1 Significado do fluido amniótico


- permite o crescimento externo simétrico do embrião e do feto;
- age como uma barreira contra infecções;
- permite o desenvolvimento normal dos pulmões;
- impede a aderência do âmnio ao embrião;
- protege o embrião contra lesões;
- ajuda controlar a temperatura corporal do embrião;
- permite a livre movimentação do feto, ajudando, desta maneira, o desenvolvimento
muscular;
- participa da manutenção da homeostasia dos fluidos e eletrólitos.

3.1.3 Alantóide:
- Origem: endodérmica e mesodérmica
- Definição: é uma evaginação em forma de vesícula que ocorre na parte posterior
do intestino do embrião.
Apesar de a alantóide não ser funcional nos embriões humanos, ela é importante
por quatro razões:
- a formação de sangue ocorre em sua parede, da terceira à quinta semana do
desenvolvimento.
- seus vasos sanguíneos tornam-se veias e artérias umbilicais.
- o fluido da cavidade amniótica se difunde para a veia umbilical e vai para a
circulação fetal, de onde é transferido para o sangue materno através da membrana
placentária.
- com o crescimento da bexiga, a alantóide involui, tornando-se um tubo espesso, o
úraco. Depois do nascimento, o úraco transforma-se num cordão fibroso, o
ligamento umbilical mediano, que se estende do ápice da bexiga até o umbigo.

3.1.4 Córion:
- Origem: trofobasto.
- Definição: é uma fina camada que envolve os demais anexos.
- Função: constitui as vilosidades cariônicas que, junto com a mucosa uterina, entra
na formação da placenta.
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- Tipos: - Cório liso: permanece até o fim da gestação. Camada fina que envolve os
anexos.
- Cório frondoso: forma a placenta, identificando-se nele, o sincicio trofoblasto e o
citotrofoblasto, e depois as vilosidades coriais, que penetram no endométrio e
proliferam bastante até constituírem a estrutura placentária.
3.1.5 Placenta:
- Origem: trofoblasto, no blastocisto. Origem mista, parte materna e parte fetal.
- Descrição: estrutura implantada na parede do útero e se comunica com o feto
através do cordão umbilical.
- Função: nos primeiros meses de gestação, a placenta realiza funções semelhantes
às do fígado do adulto, fonte de nutrientes e de energia para o embrião (sintetiza
vários compostos: glicogênio, glicerol e ácidos graxos; até o 3º mês), permite a troca
de substâncias entre o organismo materno e fetal (oxigênio, dióxido de carbono,
glicose, aminoácidos, vitaminas, hormônio, anticorpos, uréia, etc). Está ligada à
produção de hormônios, à defesa imunitária, à nutrição, à respiração e à excreção.
Durante o parto é eliminada (decidual) e é hemocorial, pois o sangue materno
irriga as vilosidades coriônicas fetais.
A placenta e o cordão umbilical funcionam como um sistema de transporte das
substâncias que passam entre a mãe e o feto. Nutrientes e oxigênio passam do
sangue materno, através da placenta, para o sangue fetal, enquanto os excretas e o
dióxido de carbono passam do sangue fetal para o sangue materno, também através
da placenta.
São três as funções principais da placenta: metabolismo, transporte de gases
e secreção endócrina.
- Metabolismo da Placenta: a placenta sintetiza glicogênio, colesterol e ácidos
graxos, que servem de fonte de nutrientes e energia para o embrião/feto.
- Transporte Placentário: quase todos os materiais são transportados através desta
membrana placentária por um dos quatro mecanismos principais de transporte:
difusão simples, difusão facilitada, transporte ativo e pinocitose. Através destes
transportes ocorrem: transferência de gases, passagem de substâncias nutritivas,
transferência de hormônios, trocas de eletrólitos, transferência de anticorpos
maternos, retirada de produtos de excreção, passagem de drogas e seus
metabólitos e passagem de agentes infecciosos. - Síntese e secreção endócrina:

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usando precursores provenientes do feto e/ou da mãe, a placenta sintetiza


hormônios protéicos e esteróides.
3.1.6 Cordão umbilical:
- Origem: conjuntiva
- Definição: Possui duas artérias que irrigam as vilosidades cariônicas. O retorna do
sangue materno é feito através de uma única veia.
- Função: estrutura que estabelece comunicação direta entre o corpo da mãe e do
feto através da placenta.
Anexos embrionários

4 MÉTODOS DE ESTUDO EM HISTOLOGIA

4.1 Níveis de organização:


Os limites para estudo dos níveis de organização dos sistemas biológicos são
arbitrários, pois são impostos pelo poder de resolução dos aparelhos empregados.
Poder de resolução é a capacidade de discriminar dois pontos que se encontram
separados entre si por uma distância mínima e que geram imagens independentes.
Esta distância se denomina limite de resolução.
A olho nu, é possível discriminar dois pontos por mais de 0,1 mm. Considerando-se
que a maioria das células é muito menor, para que seja possível visualizá-las recorre-
se a diversos tipos de microscópios. Basicamente, são usados o microscópio óptico
e o microscópio eletrônico, cujos poderes de resolução máximos são cerca de 0,2
µm (1 µm = 0,001 mm) e de 0,4 nm (1 nm = 0,001 µm), respectivamente. Por
conseguinte, o microscópio óptico aumenta a resolução das amostras cerca de 500
vezes em relação à visão direta, e o microscópio eletrônico a aumenta outras 500
vezes em relação ao microscópio óptico.

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O microscópio óptico é utilizado para estudar a estrutura dos tecidos e a morfologia


das células, ao passo que o microscópio eletrônico serve para a análise ultra-
estrutural dos componentes celulares.

Quadro 1.1 Níveis de organização dos sistemas histológicos e instrumentos


empregados para seu estudo

Dimensão Ramo Estrutura Método


> 0,1 mm Anatomia Órgãos Olho e lente simples
100 – 10 µm Histologia Tecidos Vários tipos de microsc.
ópticos
10 – 0,2 µm Citologia Células Vários tipos de microsc.
ópticos
200 – 0,4 nm Morfologia Bactérias Microscopia eletrônica
submicroscópica Componentes celul.
< 1 nm Ultra-estrutura Vírus e Diferenciação de raios X
Estrutura molecul. Disposição de
e atômica átomos
* 1 mm = 1.000 µm; 1 µm = 1.000 nm

4.2 Técnicas Histológicas:


Quase todos os componentes das células e da matriz extracelular são transparentes;
isso não se deve apenas ao seu alto conteúdo de água, pois, mesmo dessecados,
continuam tendo um constraste muito baixo. Para vencer esta limitação, são
empregados corantes, que coram os componentes celulares com certa
especificidade. No entanto, como a maioria dos corante é tóxica, as células vivas não
conseguem resistir a eles.
Por este motivo, antes de serem corados, os tecidos são:
1) Fixados – a fixação do material é essencial para preservar a morfologia e a
composição química dos tecidos e das células. Consiste na morte destas últimas
de um modo tal que as estruturas que possuíam em vida se conservem com um
mínimo de artifícios. Os melhores fixadores são, na realidade, misturas fixadoras
contendo diferentes substâncias químicas que oferecem ótimos resultados na
preservação de estruturas biológicas. Exemplos: soluções de Bouin (formaldeído,
ácido acético e ácido picrico) e Helly, conhecida também como Zenker-Formol
(formol, bicloreto de mercúrio e dicromato de potássio). Para o microscípio
eletrônico, são usadas soluções contendo glutaraldeído e tetróxido de ósmio.

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2) Desidratação – tem por objetivo a retirada de água do fragmento, causando


endurecimento deste e tornando-o adequado às etapas posteriores de inclusão e
microtomia. A desidratação para microscópio de luz é feita por imersão do
fragmento em uma série de álcoois graduados. Para a microscopia eletrônica,
utilizam-se ainda acetona ou óxido de propileno.
3) Diafanização – tem por objetivo retirar o álcool do fragmento e torná-lo
transparente, preparando-o, assim para a microtomia e coloração. São usadas
substâncias solúveis em álcool e insolúveis em água (xilol), com densidade maior
do que a do álcool.
4) Inclusão – consiste em incluir o fragmento em um molde metálico ou plástico
contendo o meio de inclusão em estado líquido que, ao se solidificar, forma um
bloco contendo o material biológico. Para o microscópio de luz, normalmente é
feito com parafina histológica ou paraplast (mistura de parafina com polímeros
plásticos), também são usadas resinas plásticas, como glicerol metacrilato. Para
a microscopia eletrônica normalmente é utilizada é a resina conhecida como
Epon.
5) Microtomia – consiste na obtenção de cortes delgados, com espessura apropriada
para observação do material biológico ao microscópio de luz ou eletrônico,
utilizando-se o micrótomo.
6) Coloração/contrastação – a grande maioria de estruturas celulares e teciduais são
transparentes, incolores e com baixo índice de refração, por isso, utiliza-se os
processos de coloração para a microscopia de luz e de metais pesados para a
microscopia eletrônica (contrastação). As técnicas de coloração procuram
basicamente, associar o caráter básico ou ácido do corante a ser utilizado ao do
material a ser evidenciado. As técnicas de contrastação têm por finalidade
acentuar as diferenças de densidade das estruturas sub celulares, gerado
imagens elétron-densas ou elétron-lúcidas, normalmente são usadas as
substâncias de uranila e o citrato de chumbo.

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Micrótomo

Esquema processamento histológico

5 HISTOLOGIA
Histologia é o estudo dos tecidos, no que diz respeito à sua origem embrionária,
seus processos de diferenciação celular, suas estruturas e sua fisiologia.

5.1 Diferenciação celular:


Após a fusão dos núcleos dos gametas masculino e feminino (fecundação), forma-
se o zigoto. O zigoto, sofre sucessivas mitoses para dar origem às células que
constituem o corpo dos seres vivos pluricelulares, as quais dividem o trabalho entre

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elas. Esta distribuição de funções é conseqüência da diferenciação celular. A


diferenciação celular ocorre à medida que o organismo se forma. Apesar de todas as
células terem capacidade de desempenharem todas as funções, a eficiência na
realização de certas funções é maior em certos tipos de células e menor em outros.
Certas células aperfeiçoam de tal maneira em uma função em relação às demais
células do organismo. Por exemplo, todas as células são capazes de contrair seu
citoplasma quando estimuladas, no entanto, as células musculares são
especializadas na contração. Do mesmo modo, tem-se células diferenciadas para
condução de impulsos (células nervosas), para secreção (células secretoras), para o
revestimento (células epiteliais nos animais e epidérmicas nos vegetais) etc.
A diferenciação aumenta muito a eficiência das células para favorecer o organismo,
tornando-as dependentes umas das outras. No homem adulto por exemplo são 1013
a 1014 células que se dividem em aproximadamente 200 tipos diferentes.
Durante a diferenciação ocorrem modificações químicas e morfológicas com
aumento da complexidade celular.
Toda célula é dotada de duas características: a diferenciação e a potencialidade. A
diferenciação é o grau de especialização da célula; a potencialidade é a capacidade
que a célula tem de organizar outros tipos celulares especializados. Para qualquer
célula, quanto maior for a potencialidade menor será a diferenciação e vice-versa. As
células originadas dos óvulos possuem 100% de potencialidade e grau zero de
diferenciação, sendo, portanto, pluripotentes. A maioria das células tem graus
intermediários de diferenciação e potencialidade.
A capacidade de multiplicação de uma célula é inversamente proporcional ao seu
grau de diferenciação. As células indiferenciadas dos embriões por exemplo,
multiplicam-se intensamente, enquanto que os neurônios não se multiplicam. Por
outro lado, as células hepáticas, muito diferenciadas, dividem-se por mitose quando
estimuladas.
Como então, pode-se conceituar a diferenciação celular? Em termos gerais, a
diferenciação celular é o conjunto de processos que transformam uma célula
embrionária em uma célula especializada. Esses processos (a diferenciação) são
controlados através da expressão seletiva de diversos conjuntos de genes.

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As modificações estruturais e funcionais que ocorrem durante a diferenciação


resultam da inativação de certos genes e da ativação de outros; isto é, na transcrição
de certos genes e não de outros.
Existem genes que se expressam em todas as células, como aqueles necessários
para construção de membrana, ribossomos, etc. eles são denominados genes de
manutenção (ou resistentes).
A diferenciação celular vem sendo estudada a muito tempo e alguns dos conceitos
tem sofrido poucas alterações no decorrer dos anos; no entanto, tem-se aprendido
muito sobre como os genes são controlados e já existem bons modelos para explicar
a diferenciação, como a formação dos glóbulos sangüíneos (hemocitopoese).

5.2 Tecido
É um grupo de células especializadas, separadas ou não por líquidos e
substâncias intercelulares, provenientes de células embrionárias que sofreram
diferenciação, que se distinguem por sua estrutura e por atuarem conjuntamente no
desempenho de uma função específica. Os tecidos são formados pelas unidades
biológicas fundamentais chamandas células e também pela matriz extracelular, que,
em geral, elas mesmas produzem.
As células podem ser iguais ou diferentes, no organismo existem cerca de 200 tipos
de células, que se diferenciam por suas formas e funções, derivadas da presença de
componentes químicos particulares, organizados de maneira distinta em cada tipo
celular.
A matriz extracelular é um conjunto de substâncias amorfas figuradas, líquidos
e fibras, produzidas pelas células, que preenchem o espaço entre as mesmas.
Com base nos tipos de células que possuem, na proporção entre estas e as
matrizes extracelulares, no modo de vinculação das células entre si e com os
elementos da matriz e nas funções que desempenham, os tecidos se classificam nos
quatro seguintes tipos fundamentais:
5.2.1 Tecido epitelial - forma tanto as membranas que revestem superfícies como
conjuntos celulares que se especializam na secreção de substâncias. As membranas
denominam-se epitélios de revestimento; os conjuntos celulares, epitélios
glandulares ou glândulas.

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5.2.2 Tecido conjuntivo - contém células que se encontram dispersas em meio a uma
abundante matriz extracelular. Existem vários tipos de tecido conjuntivo que se
diferenciam pelas células que possuem, pela qualidade, quantidade, distribuição e
propriedades dos elementos da matriz extracelular. O tecido conjuntivo pode ser
frouxo, denso, mucoso, adiposo, cartilaginoso, ósseo, hematopoiético e linfático,
incluindo também o sangue, com matriz extracelular líquida.
5.2.3 Tecido muscular – se caracteriza por Ter células que se contraem. Com base
no ordenamento espacial dos componentes do citoesqueleto, na forma e no tamanho
das células e levando-se em conta se sua contração é governada pela vontade ou
não, existem três tipos de tecidos musculares: tecido muscular estriado esquelético
ou voluntário, o tecido muscular estriado cardíaco e o tecido muscular liso.
5.2.4 Tecido nervoso – contém neurônios e células acessórias, denominadas
neuróglia. O tecido nervoso forma o sistema nervoso central e o sistema nervoso
periférico.

Os tecidos se associam entre si em proporções variáveis e formam os órgãos.


Muitos órgãos apresentam os quatro tipos de tecidos.
Por sua vez, grupos de órgãos se associam para realizar funções comuns ou
complementares, o que dá origem aos sistemas do corpo, como os sistemas
circulatório, imune, tegumentar, digestivo, respiratório, endócrino, urinário, reprodutor
e sensorial.
Diferenciação celular

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6 TECIDO EPITELIAL
Os epitélios são basicamente tecidos de revestimento, proteção do organismo
e secreção. Além de recobrirem todo o corpo do animal, revestem internamente
órgãos, cavidades e canais, e formam as glândulas.

6.1 Origem:
- Ectodérmica: epiderme, epitélio do nariz, epitélio da boca, glândulas sebáceas,
glândulas mamarias, glândulas salivares.
- Mesodérmica: endotélio, epitélio do sistema urogenital, epitélio de membranas que
envolve órgãos (pleura - pulmão, pericárdio - coração e peritônio – órgãos
abdominais).
- Endodérmica: epitélio que reveste a luz do tubo digestivo, a árvore respiratória, o
fígado e o pâncreas, epitélio da bexiga urinária, glândulas tireóide e paratireóide.

6.2Características gerais:
- Apresentam células justapostas por moléculas de adesão celular e complexos
juncionais, o que geralmente, dá o aspecto poliédrico; - Apresentam pouca ou
nenhuma substância intercelular;
- Os epitélios revestem todas as superfícies do corpo, exceto a cartilagem articular;
- As células se renovam continuamente por mitose;
- Localiza-se sobre a lâmina basal (tecido conjuntivo – nutrição)
- Os epitélios não possuem um suprimento sangüíneo e linfático direto (avascular);
- Os epitélios possuem polaridade estrutural e funcional;
- Quantidade de células abundante, pouca variedade de tipos;
- Tipos de células: prismática, cúbica, pavimentosa. A forma do núcleo geralmente
acompanha a forma da célula.

6.3 Encontrado:
- Recobrindo toda a superfície externa do corpo (epiderme);
- Recobrindo todas as cavidades internas e órgãos que compõem os sistemas
digestivos, respiratório e urogenital, os vasos sangüíneos e linfáticos (endotélio), e
as cavidades pleural, pericárdia e peritonial.
-

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6.4 Polaridade das células epiteliais:


A maioria das células epiteliais apresentam uma estrutura diferente, conforme a
extremidade do citoplasma que é observada. Organelas, vesículas de secreção,
material de depósito (inclusões) não se distribuem de modo uniforme no citoplasma
localizado nos dois lados do núcleo celular. Certas estruturas se localizam num pólo
e outras no outro pólo, conforme a atividade funcional da célula.
O pólo voltado para a superfície livre é denominado pólo ou região apical, e o pólo
voltado para o tecido conjuntivo subjacente é denominado pólo ou região basal. Essa
polaridade celular não é exclusiva das células epiteliais.
A polaridade é utilizada para classificar morfológicamente os epitélios. Os epitélios
possuem três domínios: domínio apical – está exposto para o lúmen ou para o meio
externo; domínio lateral – está em contato com as células epiteliais vizinhas unidas
mutuamente por moléculas de adesão celular e complexos juncionais; domínio basal
– está associado a membrana basal que separa o epitélio do tecido conjuntivo
subjacente.
As células epiteliais possuem dois domínios principais: um domínio apical e um
domínio basolateral.
Cada domínio é definido por características estruturais e funcionais
específicas.
O domínio apical é a região da célula epitelial voltada para a luz, é rico em
canais iônicos, proteínas carregadoras, H+ - ATPase, glicoproteínas e enzimas
hidrolíticas, assim como aquaporinas, proteínas formadoras de canais que atuam na
regulação do equilíbrio hídrico. Também é o sítio onde produtos de secreção
regulados são levados para serem liberados. São necessárias várias modificações
da superfície para que o domínio apical de um epitélio possa efetuar suas múltiplas
funções. Estas modificações incluem microvilosidades, cílios e flagelos que são
estruturas importantes para a proteção da superfície epitelial.
O domínio basolateral pode ser subdividido em duas regiões: a membrana
plasmática lateral e a membrana plasmática basal. Cada região possui suas próprias
junções especializadas e receptores para hormônios e neurotransmissores. Além
disso, estas regiões são ricas em Na+ - K+ ATPase e canais iônicos e são locais de
secreção constitutiva. As especializações da membrana lateral são as zônulas de
oclusão, zônulas de adesão, desmossomos e junções comunicantes. As
especializações da membrana basal são as invaginações e os hemidesmossomos

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6.5 Lâmina basal e nutrição das células epiteliais:


Entre o tecido epitelial e o tecido conjuntivo há uma lâmina denominada lâmina basal
(20 a 100 nm – visível somente ao microscópio eletrônico), produzida pelas células
epiteliais, formada por proteína colágeno associada a glicoproteínas (laminina e
proteoglicanas) e polissacarídeos. Em algumas regiões do corpo, verifica-se que no
tecido conjuntivo logo abaixo da lâmina basal pode ocorrer um acúmulo de fibras
reticulares, formando, juntamente com a lâmina basal, a membrana basal (visível ao
microscópio óptico).
A lâmina basal não é exclusiva das células epiteliais, sendo encontrada, por
exemplo, em torno das células musculares, células de Schwann (células nervosas) e
células adiposas. É uma estrutura de grande significado funcional, tanto no
organismo adulto, quanto no desenvolvimento embrionário, quando as células
migram para suas localizações corretas apoiando-se nas lâminas basais. As
mutações que modificam as proteínas normais da lâmina basal afetam gravemente
a organogênese, atua também como barreira de filtração glomerular durante a etapa
inicial da formação da urina, no músculo esquelético mantém a integridade do tecido
e sua ruptura origina as distrofias musculares, guia a migração das células para o
desenvolvimento das gônodas.
No adulto, durante os processos de cicatrização, e na regeneração do tecido
muscular e dos prolongamentos das células nervosas, por exemplo, as células
migram apoiadas e guiadas pelas lâminas basais. O movimento de células requer um
substrato sólido onde elas possam se apoiar (suspensas em meio líquido, as células
são imóveis).
A lâmina e a membrana basal serve como estrutura de suporte do epitélio, fixando-
o firmemente ao tecido conjuntivo subjacente. A lâmina basal é permeável ao
oxigênio, ao gás carbônico e a alimentos, permitindo, assim, que as células epiteliais
troquem substâncias com os vasos sangüíneos do tecido conjuntivo. Ela tem
características imunizantes, sendo uma barreira à entrada
de microorganismos.

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Lâmina Basal

6.6 Classificação dos tecidos epiteliais


Podem ser classificados com base em sua estrutura e função, em dois grupos:
revestimento e glandulares. Este critério é um tanto arbitrário, pois existem epitélios
de revestimento onde todas as células secretam (revestimento do estômago) ou
apenas algumas células são secretoras (traquéia e intestino).

6.6.1 Tecido epitelial de revestimento:


Pode ser classificado de acordo com os seguintes critérios:
- Quanto ao nº de camadas celulares: simples, estratificado,
pseudoestratificado e de transição;
- Quanto à forma das células presentes na camada superficial: pavimentoso,
cubóide e prismático.

6.6.1.1 Epitélio simples pavimentoso : formado por células achatadas e dispostas em


uma única camada, apresentam núcleo saliente e central. Ocorre em locais do corpo
onde a proteção mecânica é pouco necessária. É um epitélio que permite a
passagem de substâncias. É encontrado no revestimento dos vasos sangüíneos e
linfáticos (endotélio), compôem a alça de Henle e no mesotélio das cavidades pleural
(alvéolos pulmonares), peritoneal e pericárdia.

6.6.1.2 Epitélio simples cubóide: formado por uma só camada de células cúbicas com
um núcleo central. Ocorre nos túbulos renais, tendo a função básica de absorção de
substâncias úteis presentes na urina, devolvendo-as para o sangue. Na superfície

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livre das células existem invaginações que atuam de modo a aumentar a superfície
de absorção, semelhante ao que ocorre com as microvilosidades. Ocorre também na
superfície do ovário e formam os dutos de muitas glândulas do corpo.

6.6.1.3 Epitélio simples prismático: formado por uma só camada de células altas,
prismáticas, com núcleos ovóides geralmente localizados no mesmo nível da metade
basal da célula. Ocorre revestindo grande parte do trato digestivo (estômago e os
intestinos), vesícula biliar e grandes dutos das glândulas. É comum a presença de
glândulas mucosas unicelulares. Atua na digestão e na absorção de alimentos. Nos
intestinos, a superfície livre das células é rica em microvilosidades, que aumentam a
área de absorção. O epitélio simples prismático que reveste o útero, ovidutos, dutos
eferentes e pequenos brônquios é ciliado.

6.6.1.4 Epitélio pseudoestratificado: formado por apenas uma camada de células


com alturas diferentes, dando falso (pseudo) aspecto de estratificado, ou seja, de ser
formado por mais de uma camada de células. Apresenta núcleos em várias alturas,
mas todas as células atingem a lâmina basal. É encontrado na uretra masculina, no
epidídimo e nos grandes ductos excretores das glândulas. O epitélio
pseudoestratificado que reveste as fossas nasais, traquéia e brônquios, tuba auditiva,
parte da cavidade timpânica e saco lacrimal apresenta cílios e glândulas mucosas
unicelulares. O muco aglutina partículas estranhas que penetram no nosso corpo
pelas vias aéreas e os cílios transportam essas partículas para fora.

6.6.1.5 Epitélio estratificado pavimentoso (não-queratinizado): formado por várias


camadas de células; apenas a inferior possui células com capacidade de divisão
celular (mitose). As células mais basais (masi profundas) deste epitélio têm forma
cubóide, as localizadas no meio do epitélio são polimorfas e as células que compõem
a superfície livre do epitélio são achatadas (pavimentosas). Como as células da
superfície são nucleadas, este epitélio é denominado nmãoqueratinizado.
Usualmente, é úmido e é encontrado forrando a boca, faringe , esôfago, cordas
vocais e vagina. A função desse epitélio é basicamente proteção mecânica, ocorre
em áreas de atrito.

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6.6.1.6 Epitélio estratificado pavimentoso (queratinizado): é semelhante ao epitélio


estratificado pavimentoso não-queratinizado, exceto pelas camadas superficiais
deste epitélio serem compostas por células mortas, cujos núcleos e citoplasma são
substituídos por queratina. Este epitélio constitui a epiderme da pele, uma camada
resistente que resiste à fricção e é impermeável à água.

6.6.1.7 Epitélio estratificado prismático: formado por várias camadas de células, na


superfície as células são altas, prismáticas. Ocorre na uretra e na membrana
conjuntiva do olho. A função é basicamente de proteção.

6.6.1.8 Epitélio estratificado de transição: modificação especial do epitélio


estratificado pavimentosos, em que o número de células e suas formas variam de
acordo com a distensão do órgão. Ocorre revestindo internamente a bexiga urinária.

Os epitélios de revestimento além da função de revestir superfícies externas e


internas do corpo, podem desempenhar outras funções específicas: protetor,
sensorial, ciliado e de absorção.
- Função protetora: representado principalmente pelo epitélio estratificado
pavimentoso, epiderme da pele. Este tecido está sujeito ao atrito e dessecamento,
apresenta células ricas em queratina, uma proteína que confere resistência e
impermeabilidade à epiderme.
- Função sensorial(neuroepitélios): ocorrem nos órgãos relacionados com a
audição, olfação e gustação, geralmente ao lado do epitélio de revestimento. -
Células ciliadas: epitélios ciliados, encontram-se na traquéia, onde o epitélio é do tipo
pseudoestratificado, e na tuba uterina, onde é do tipo prismático simples.
- Função de absorção: são formados por células que apresentam vilosidades,
epitélio prismático simples do intestino.

Membranas: o tecido epitelial, associado sempre ao tecido conjuntivo, pode formar


membranas que envolvem cavidades. Quando essas membranas revestem
cavidades internas fechadas, são chamadas de serosas (pleura, pericárdio e
peritônio) e quando revestem cavidades que se comunicam com o exterior do
organismo, são chamadas de mucosas (mucosa bucal, mucosa gástrica). O tecido
conjuntivo das mucosas e serosas recebe o nome de lâmina própria ou córion.

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Classificação do Tecido Epitelial

Localização dos tecidos epiteliais

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6.7 Especializações das células epiteliais


6.7.1 Estruturas que aumentam a superfície ou movimentam partículas
- Microvilosidades (microvilos): são projeções digitiformes da superfície apical da
célula epitelial que contém um eixo de microfilamentos em ligação cruzada. Na
extremidade citoplasmática da microvilosidade, feixes de actina e outras
proteínas se estendem até a trama terminal, uma rede filamentosa de proteínas
do citoesqueleto que ocorre paralela ao domínio apical da célula epitelial. Nos
microvilos, geralmente o revestimento de glicoproteína (glicocálix) apresenta-se
mais denso. Cada célula contém inúmeras microvilosidades, o que aumenta a
área superficial, aumentando assim, a área de absorção. Encontradas no intestino
e nos túbulos do rim.
- Estereocílios: são estruturas imóveis, encontrados na região apical das células de
revestimento do epidídimo, do canal deferente e nas células pilosas do ouvido.
São constituídos por longos prolongamentos citoplasmáticos, que podem
anastomosar-se entre si. Aumentam a superfície celular, facilitando o trânsito de
moléculas para dentro e para fora das células e geram sinais.
- Cílios: são projeções celulares móveis que se originam a partir dos corpúsculos
basai ancorados por raízes à porção apical do citoplasma. Os epitélios que
contém cílios, são os epitélios ciliados, como é o caso do epitélio que reveste a
cavidade interna da traquéia e do epitélio da tuba uterina. Na traquéia (uma célula
da traquéia tem aproximadamente 250 cílios na superfície apical), o batimento
dos cílios produz um deslocamento, do interior para o exterior do corpo, de muco,
de bactérias e de partículas de poeira nele aprisionadas, impedindo que
elementos estranhos penetrem os alvéolos pulmonares e dificultem a troca de O2
e CO2. Na tuba uterina, o batimento ciliar contribui para o deslocamento do óvulo
ou do ovo fecundado em direção ao útero.

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Cílio Microvilosidade

6.7.2 Estruturas que promovem a adesão entre as células


As células epiteliais apresentam uma intensa adesão mútua e, para separá-las,
são necessárias forças mecânicas relativamente grandes. Essa coesão varia com o
tipo epitelial, mas é especialmente desenvolvida nos epitélios sujeitos a forte trações
e pressões, como no caso da pele. Participam nessa aderência, proteínas da família
das caderinas, que são proteínas transmembrana, com função de prender as
membranas de células contíguas. Essas membranas perdem sua adesividade na
ausência de Ca2+.
Além da aderência proporcionada por proteínas integrais da membrana lateral das
células epiteliais, essas membranas formam especializações que formam as junções
celulares. Que servem para aderência e para vedar o espaço intracelular, impedindo
o fluxo de moléculas por entre as células. Certas junções formam canais de
comunicação entre células adjacentes.
Nos epitélios prismáticos com uma única camada de células, freqüentemente as
junções se apresentam numa ordem definida da parte apical para a parte basal da
célula.
- Zona ou zônula de oclusão: é uma junção íntima (mais apical) na forma de
cordões, entre as proteínas ocludinas e claudinas, proteínas juncionais, das
membranas plasmáticas de células adjacentes, reforçada pelas caderinas, não
ficando nenhum espaço entre elas no ponto de contato. Situa-se logo abaixo da
superfície livre das células, elas impedem os movimentos das proteínas da
membrana do domínio apical para o domínio basolateral e fundem as membranas
plasmáticas de células adjacentes impedindo as moléculas hidrossolúveis de

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passarem entre as células, servindo, então, como uma barreira à entrada de


macromoléculas através do espaço entre células vizinhas. As macromoléculas só
podem penetrar através do tecido epitelial, passando para o interior das células.
Encontrada especialmente nos tecidos epiteliais de revestimento.
- Zônula de adesão: em muitos epitélios aparece após a zônula de oclusão e
também circundam a célula, as membranas plasmáticas de células vizinhas estão
firmemente unidas por uma substância intercelular adesiva, esta substância é
formada por glicoproteínas transmembrana da família das caderinas e uma faixa
circuferencial de filamentos de actina, as quais conferem maior resistência a essa
região. Esta junção não somente une as membranas celulares, mas também liga o
citoesqueleto das duas células através das proteínas de ligação transmembrana.
Ocorre principalmente nos tecidos epiteliais de revestimento.
- Desmossomos: correspondem a “manchas” ou “discos” de adesão entre as
células, sendo, por isso, muitas vezes denominados máculas de adesão. São
estruturas elaboradas e, assim como a zônula de adesão, apresentam modificações
no citoplasma e no espaço intercelular (30 nm) de células vizinhas. No citoplasma,
forma-se, em cada célula vizinha, um disco de material citoplasmático denso (placa
citoplasmática), formada por uma série de proteínas de fixação, das quais as mais
bem caracterizadas são as desmoplaquinas e as pacoglobinas, para onde
convergem filamentos de queratina, denominados tonofilamentos. No espaço
intercelular existem outros filamentos que unem as placas citoplasmáticas das
células vizinhas, atuando como estruturas adesivas, são as desmogleínas, na
presença de cálcio, elas prendem-se às proteínas de ligação transmembrana da
célula adjacente.
- Hemidesmossomos: assemelham-se a meio desmossomo e serve para
prender a membrana celular basal à lâmina basal. São placas de adesão, compostas
por desmoplaquinas e outras proteínas associadas, tonofilamentos de queratina
inserem-se nestas placas, ao contrário dos do desmossomo, no qual os filamentos
entram na placa e fazem uma volta saindo da mesma. As proteínas de ligação
transmembrana dos hemidesmossomos são integrinas.
- Junções tipo gap ou néxus: pode ocorrer em qualquer posição nas
membranas laterais das células epiteliais. São encontradas em outros tecidos com
exceção do tecido muscular estriado esquelético. São canais de comunicação, os
conexonas, entre as células, formados por blocos de proteínas específicas, as

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conexinas, que atravessam as camadas de lipídio da membrana, projetando-se no


espaço intercelular, permitindo a passagem de íons, aminoácidos, adenosina
monofosfato cíclica, pequenas molkéculas e alguns hormônios, permitindo assim a
propagação de informações entre células vizinhas, integrando as funções celulares
nos tecidos. São reguladas, de modo que podem ser abertas e fechadas, uma
diminuição do pH ou um aumento da concentração de cálcio do citossol fecha os
canais, inversmanete um pH alto e uma diminuição do cálcio fecha os canais. São
importantes também, na embriogênese, onde coordenam o desenvolvimento tecidual
do embrião e para a distribuição de mpléculas de informação através das massas
celulares em migração.
- Interdigitações: são dobras da membrana plasmática de duas células que se
encaixam.

Modificações da membrana plasmática

6.8 Renovação celular


As células que constituem os tecidos epiteliais geralmente possuem uma alta taxa
de renovação, que está relacionada a sua localização e função. O espaço de tempo
necessário para a renovação celular permanece constante para cada epitélio.

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As células da epiderme, por exemplo, são constantemente renovadas na camada


basal, por divisão celular. Deste local, as células começam sua migração da camada
germinativa em direção à superfície, tonando-se queratinizadas em seu caminho até
chegarem à superfície, morrerem e descamarem. Todo esse processo dura
aproximadamente 28 dias. Outras células epiteliais são renovadas em menos tempo.
As células que revestem o intestino delgado são substituídas a cada 4 a 6 dias por
células regenerativas na base das criptas. As novas células migram para a
extremidade das vilosidades, morrem e descamam. Ainda outros epitélios, por
exemplo, são renovados periodicamente até se chegar à idade adulta;
subseqüentemente, esta população de células permanece estável para o resto da
vida. Entretanto, quando há perda de um grande número de células causada por
lesão ou destruição tóxica aguda, a proliferação celular é desencadeada e a
população celular é restaurada.

6.9 Glândulas
As glândulas originam-se de células epiteliais que abandonam a superfície da qual
se formaram e penetram no tecido conjuntivo subjacente, produzindo uma lâmina
basal em torno delas.
As unidades secretoras, juntamente com seus ductos, constituem o parênquima da
glândula, enquanto o estroma da glândula representa os elementos do tecido
conjuntivo que invadem e sustentam o parênquima.
Os epitélios glandulares fabricam seu produto intracelularmente sintetizando
macromoléculas que, em geral, são empacotadas e armazenadas em vesículas
denominadas grânulos de secreção. O produto de secreção pode ser um hormônio
polipeptídio (p.ex., da hipófise); uma substância graxa (p.ex. glândulas ceruminosas
do canal auditivo); ou leite, uma combinação de de proteína, lipídio e carboidratos
(p.ex. das glândulas mamarias). Outras glândulas (tais como as glândulas
sudoríparas) secretam pouco além do exsudato que recebem do sangue. Além disso,
os dutos estriados (p.ex., das grandes glândulas salivares) agem como bombas de
íons que modificam as substâncias produzidas pelas unidades secretoras.
Com base no método de distribuição de seus produtos de secreção, as glândulas
são classificadas em dois grandes grupos:

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1. Glândulas exócrinas secretam seus produtos, através de dutos, para a superfície


epitelial, interna ou externa, da qual se originaram.
2. Glândulas endócrinas não possuem ductos, tendo perdido suas ligações com o
epitélio do qual se originaram, secretam seus produtos nos vasos sangüíneos ou
linfáticos para serem distribuídos.

Glândula Exócrina Glândula Endócrina

Muitos tipos celulares secretam moléculas sinalizadoras denominadas


citocinas, que realizam a função de comunicação célula-a-célula. As citocinas são
liberadas por células sinalizadoras específicas.

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REFERÊNCIAS

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Alegre:Sagra Luzzatto, 1997.

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MORISCOT, A. S., CARNEIRO, J. e ABRAHAMSOHN, P. A. Histologia para


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