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Brasília, 2005
Aos meus avós maternos, Umberto e Sarah Câmara,
Introdução ................................................................................................................. 4
Conclusão .................................................................................................................... 47
ÍNDICE DE TABELAS
Capítulo 1
Tabela 1.1 Pib Per Capita no Brasil por Unidade da Federação ................................. 6
Capítulo 2
Tabela 2.1 Capacidade Financeira dos Estados Brasileiros antes das Transferências
Constitucionais ........................................................................................................... 20
Capítulo 4
Tabela 4.5 Capacidade Financeira dos Estados depois das Compensações Financeiras
Horizontal e Vertical ................................................................................................... 42
Entender uma federação ou mesmo o contexto mundial sem levar em conta premissas
de nivelamento de rendas é não perceber que o mundo já se encontra no século XXI. Um país
sem conflitos internos ou um mundo sem conflitos é necessariamente um país e mundo sem
desigualdades. Debates sobre política fiscal não podem mais prescindir de abordar o enfoque
das desigualdades regionais e pessoais. O avanço da democracia não permite mais a
existências de desigualdades, porque se trata de um direito inalienável de todo cidadão de uma
nação ser tratado pelo Estado igualitariamente.
4
Capítulo 1 A Política de Desenvolvimento Regional no Brasil.
É um país com uma perversa distribuição de renda, com os 50% mais pobres detendo
12,3% da renda nacional, enquanto os 20% mais ricos detêm 62,4% da renda (SRF, 2002:10).
A economia brasileira é concentrada em duas regiões geográficas, o sudeste e o sul do país,
com um Pib per capita de R$ 9.316 e R$ 8.387 respectivamente (IBGE, 2003:53)2. Em 2001,
o Pib das regiões Sudeste e Sul representaram 75% do Pib brasileiro, representando 57% da
população do país. O Pib per capita das regiões Norte e Nordeste nesse mesmo ano foi de R$
4.312 e R$ 3.255 respectivamente e suas participações no Pib brasileiro foi de apenas 18%,
possuindo essas duas regiões 36% da população do país.
Entre os 27 estados da federação, 16 unidades possuem seu Pib per capita inferior a
75% da média brasileira. E dentre estes, 15 pertencem às regiões Norte e Nordeste do país. É
importante destacar que o Estado do Amazonas, que pertence a região Norte do país, não se
inclui nessa relação em razão dos fortes incentivos fiscais, como veremos a seguir. O Estado
de Goiás é o único estado com Pib per capita inferior a 75% da média brasileira que não se
situa nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Nos estados do Norte e Nordeste também há
grandes disparidades econômicas entre suas sub-regiões. O Distrito Federal, que se situa na
região Centro-oeste, tem uma situação atípica em virtude de ser a sede do governo federal.
1
Ao câmbio de R$ 2,5825 para US$ 1,00 (preços de 19/04/2005 – Fonte: Banco Central do Brasil);
2
O Pib per capita brasileiro em 2001 foi de R$ 6.954 (IBGE, 2003,53).
5
Tabela 1.1 – Pib Per Capita no Brasil por Unidade da Federação
R$ 1,00
O Estado do Maranhão possui seu Pib per capita em 28% em relação à média
brasileira e o Distrito Federal possui seu Pib per capita em 226% em relação à média
brasileira. Estas discrepâncias constatam as grandes desigualdades regionais existentes no
país. Para atender a essas disparidades regionais, o Governo brasileiro adotou programas de
6
desenvolvimento regional para as áreas mais carentes do país, por meio de instrumentos
creditícios e tributários. São eles:
7
Empreendimentos não governamentais de infraestrutura econômica também podem ser
financiados pelos Fundos Constitucionais, tais como energia, telecomunicações, transporte,
abastecimento de água, produção de gás, instalação de gasodutos e esgotamento sanitário,
bem como os empreendimentos comerciais e de serviços.
Os empréstimos são concedidos com taxas de juros subsidiadas, ou seja, abaixo das
taxas de mercado. Os encargos financeiros variam de 6 a 10,75% ao ano para o setor rural e
de 8,75 a 14% ao ano para os demais setores. O pagamento em dia dá direito a um bônus de
25% sobre as taxas de juros para a região do semi-árido do Nordeste e de 15% para as demais
regiões. Os prazos de carências variam de acordo com o investimento. Os recursos dos
Fundos Constitucionais de Financiamento no período de 1995 a 2004 somaram R$ 23,3
bilhões3.
Valores em R$ 1.000
3
Os valores foram calculados a partir das arrecadações do IR e IPI constantes no Site da Secretaria da Receita
Federal (www.fazenda.gov.br).
8
Empreendimentos governamentais não são objeto de financiamento pelos fundos. O
FNO também abrange sub-regiões dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo que
pertencem à área de atuação da extinta Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste -
Sudene.
Até 2001, toda empresa poderia se candidatar aos benefícios, porém, a partir de 2001,
restringiu-se os projetos a setores considerados prioritários para as regiões Norte e Nordeste.
São os seguintes os setores prioritários da Região Norte:
9
• de infraestrutura, representados pelos projetos de energia, telecomunicações,
transportes, instalação de gasodutos, produção de gás, abastecimento de água e esgotamento
sanitário;
10
h) alimentos e bebidas;
11
c) fabricação de máquinas e equipamentos (exclusive armas, munições e
equipamentos bélicos), considerados os de uso geral, para a fabricação de máquinas-
ferramenta e fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso específico;
g) material de transporte;
i) alimentos e bebidas;
Valores em R$ 1.000
12
A Região Norte, além dos incentivos do IRPJ, foram instituídos incentivos visando
desonerar a produção industrial e o consumo de bens e mercadorias na região. Inicialmente foi
instituída em 1957 a Zona Franca de Manaus - ZFM, no Município de Manaus, Estado do
Amazonas, com o intuito de se criar uma área de livre comércio de importação. Porém, a
ZFM só passou a vigorar de fato em 1967, quando a região recebeu incentivos fiscais para a
produção e comercialização de bens e mercadorias. Neste mesmo período, vários incentivos
foram estendidos para a região denominada Amazônia Ocidental, composta pelos estados do
Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima e, posteriormente, foram criadas as áreas de livre
comércio de Macapá e Santana no Estado do Amapá.
13
regiões em relação às demais regiões do país. O valor da renúncia desses impostos federais no
período de 1995 a 2004 atingiu o montante de R$ 30,2 bilhões.
Cabe salientar que a Zona Franca de Manaus também recebe benefícios tributários
quanto ao imposto estadual de circulação de mercadorias, o ICMS.
14
Estado do Espírito Santo. Trata-se, portanto, de um benefício tributário para as empresas em
favor das regiões Norte e Nordeste e para o Estado do Espírito Santo.
As empresas podem optar em investir nos fundos por meio de duas alternativas. Na
primeira alternativa, as empresas podem adquirir debêntures dos fundos para a aplicação em
empreendimentos produtivos nessas regiões e na segunda alternativa as empresas utilizam os
recursos desonerados no imposto de renda em projetos próprios de implantação ou
modernização de empreendimentos produtivos nessas regiões.
O valor da renúncia do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas em favor dos fundos
de investimentos, no período de 1995 a 2004, atingiram o montante de R$ 7,64 bilhões.
Valores em R$ 1.000
15
A partir do ano de 2001, os fundos de investimento regionais foram extintos,
mantendo-se em vigor apenas as aplicações em projetos próprios de implantação ou
modernização em andamento na ocasião da extinção dos fundos.
16
Tabela 1.6 Fundos de Desenvolvimento Regional
Valores em R$ 1.000
Valores em R$ 1.000
Renúncia
Ano Orçamentário Total
Tributária
1995 1.278.122 2.704.807 3.982.929
1996 1.476.145 3.713.083 5.189.228
1997 1.600.719 5.516.291 7.117.010
1998 1.863.723 5.578.634 7.442.357
1999 2.040.571 4.051.994 6.092.565
2000 2.257.071 3.972.239 6.229.310
2001 3.300.913 5.645.665 8.946.578
2002 4.268.008 5.590.278 9.858.286
2003 4.607.736 4.939.242 9.546.978
2004 5.160.965 4.999.193 10.160.159
Total 27.853.973 46.711.426 74.565.399
4
As tabelas 1.7 e 1.8 foram elaboradas a partir das tabelas 1.2 a 1.6.
17
Tabela 1.8 Regiões Norte e Nordeste
Valores em R$ 1.000
18
Capítulo 2 As Transferências Constitucionais Brasileiras.
5
Os dados da tabela 4.6 apresentam a arrecadação dos estados antes do repasse aos municípios de 25% do ICMS
e 50% do IPVA. Como se pretende analisar a situação de cada estado com seus respectivos municípios, não há
necessidade de retirar estes valores para depois incluí-los.
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Tabela 2.1
Capacidade Financeira dos Estados Brasileiros antes das Transferências Constitucionais
(em Reais, per capita e per capita em percentuais da média nacional)
Observa-se que dos 27 estados, 13 apresentam arrecadação per capita inferior a 75%
da média brasileira e destes, 6 estados apresentam arrecadação per capita inferior a 50% da
média brasileira. Destacam-se Maranhão, Piauí, Paraíba e Alagoas que apresentam
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arrecadação per capita de 24,9%, 30,7%, 30,7% e 38,8% da média brasileira,
respectivamente. Observa-se, portanto, as grandes disparidades de recursos próprios
disponíveis destes estados em relação aos demais estados brasileiros.
21
Tabela 2.2
Capacidade Financeira dos Estados Brasileiros após as Transferências
Constitucionais para os Estados (em Reais, per capita e per capita em percentuais da
média nacional)
Arrecadação Estadual e
Disponibilidade Disp. per capita
Grandes Regiões e Transferências
Financeira per UF / Disp. per
Unidades da Federação Constitucionais para os
capita capita Brasil (%)
Estados
Norte
Acre 1.152.904.348 2.067,89 185,7
Amazonas 3.556.794.295 1.264,61 113,6
Pará 3.850.421.164 621,81 55,8
Rondônia 1.865.484.374 1.352,01 121,4
Amapá 976.925.249 2.047,92 183,9
Roraima 682.445.119 2.103,73 188,9
Tocantins 1.556.806.975 1.345,44 120,8
Nordeste
Maranhão 2.866.474.665 507,21 45,6
Piauí 1.747.353.702 614,56 55,2
Ceará 4.751.194.835 639,40 57,4
Rio Grande do Norte 2.360.124.835 849,95 76,3
Paraíba 2.024.050.160 587,73 52,8
Pernambuco 5.658.582.808 714,62 64,2
Alagoas 1.935.469.326 685,70 61,6
Sergipe 1.838.449.740 1.030,25 92,5
Bahia 9.710.812.796 742,97 66,7
Sudeste
Minas Gerais 17.128.927.633 957,38 86,0
Espírito Santo 4.798.562.287 1.549,31 139,1
Rio de Janeiro 18.021.614.005 1.252,26 112,5
São Paulo 58.668.519.524 1.584,25 142,3
Sul
Paraná 10.380.651.968 1.085,45 97,5
Santa Catarina 6.408.176.380 1.196,37 107,4
Rio Grande do Sul 11.680.317.069 1.146,50 103,0
Centro-oeste
Mato Grosso 4.360.385.005 1.741,12 156,4
Mato Grosso do Sul 2.874.492.759 1.383,30 124,2
Goiás 5.019.214.401 1.003,20 90,1
Distrito Federal 3.197.968.003 1.559,11 140,0
Total 189.073.123.423 1.113,51 100,0
Fonte:
Arrecadação Estadual: Conselho Nacional de Política Fazendária - Confaz
Transferências da União aos Estados: Secretaria do Tesouro Nacional - STN
22
A seguir, buscou-se avaliar as disponibilidades dos estados incluindo as
disponibilidades financeiras dos municípios. Para tanto, agregou-se aos valores acima
apresentados, as transferências Constitucionais para os municípios, que em 2004 somaram R$
23,4 bilhões6. O resultado apresenta 8 estados que ainda permanecem com suas
disponibilidades financeiras per capita inferior a 75% da média brasileira e o Maranhão
permanece com sua disponibilidade financeira abaixo de 60% da média brasileira. O Estado
de São Paulo cai para 132,9% e o Estado de Roraima atinge 214,3%.
6
Não se encontra computada na tabela 4.8 a arrecadação própria dos municípios, que em nível nacional
representa 4,38% da arrecadação tributária total no Brasil (SRF, 2004:07).
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Tabela 2.3
Arrecadação Tributária dos Estados Brasileiros e Transferências Constitucionais para
os Estados e Municípios (em Reais, per capita e per capita em percentuais da média nacional)
Ano: 2004 Valores em R$ 1,00
Norte
Acre 1.338.827.771 2.401,37 191,8
Amazonas 3.923.404.865 1.394,96 111,4
Pará 4.744.523.209 766,20 61,2
Rondônia 2.112.826.570 1.531,27 122,3
Amapá 1.112.565.917 2.332,27 186,3
Roraima 870.027.136 2.681,98 214,3
Tocantins 1.967.056.233 1.699,99 135,8
Nordeste
Maranhão 3.829.068.975 677,53 54,1
Piauí 2.361.064.576 830,40 66,3
Ceará 6.074.624.836 817,51 65,3
Rio Grande do Norte 2.965.091.137 1.067,82 85,3
Paraíba 2.796.060.184 811,91 64,9
Pernambuco 6.870.874.504 867,72 69,3
Alagoas 2.547.017.831 902,36 72,1
Sergipe 2.201.907.170 1.233,92 98,6
Bahia 11.788.376.538 901,92 72,1
Sudeste
Minas Gerais 20.030.692.024 1.119,57 89,4
Espírito Santo 5.212.813.679 1.683,06 134,5
Rio de Janeiro 18.713.161.918 1.300,31 103,9
São Paulo 61.584.622.329 1.662,99 132,9
Sul
Paraná 11.881.007.336 1.242,33 99,2
Santa Catarina 7.264.112.079 1.356,17 108,3
Rio Grande do Sul 13.166.120.638 1.292,34 103,2
Centro-oeste
Mato Grosso 4.806.028.099 1.919,07 153,3
Mato Grosso do Sul 3.227.346.786 1.553,10 124,1
Goiás 5.871.095.399 1.173,46 93,7
Distrito Federal 3.284.466.174 1.601,28 127,9
Total 212.544.783.915 1.251,74 100,0
Fonte: Conselho Nacional de Política Fazendária - Confaz
Arrecadação Estadual: Conselho Nacional de Política Fazendária - Confaz
Transferências da União aos Estados e Municípios: Secretaria do Tesouro Nacional - STN
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Como pôde ser observado, as Transferências Constitucionais brasileiras, apesar de
melhorar as disponibilidades financeiras das unidades da federação, mantêm estados com
disponibilidades per capita bem abaixo da média nacional, como é o caso do Estado do
Maranhão. E também promove alguns desvios, visto que alguns estados são alçados a uma
situação bem superior aos demais estados, como o caso do Estado de Roraima, que possui
55,1% de arrecadação própria per capita em relação à média brasileira e após as
Transferências Constitucionais atinge o percentual de 214,3% da média brasileira. O mesmo
acontece com Tocantins, que possui 58,6% de arrecadação própria per capita em relação à
média nacional e após as Transferências Constitucionais atinge 135,8%. E, apesar destes
valores bem acima da média nacional, 6 estados brasileiros ainda permanecem com suas
médias per capita inferior a 70% da média per capita brasileira. Certamente houve uma
melhoria nas disponibilidades financeiras dos estados brasileiros após as Transferências
Constitucionais, principalmente aqueles que possuem suas arrecadações próprias per capita
bem abaixo da média per capita nacional, porém estão longe de atingir um patamar
equalizador com vistas a atender o preceito constitucional de promover o equilíbrio sócio-
econômico entre os Estados da federação.
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Capítulo 3 A Política de Desenvolvimento Regional na União Européia –
(Convergência e Coesão).
A União Européia adota como uma de suas premissas, instituída em seu Tratado, o
equilíbrio econômico entre suas regiões. O artigo 158 da Constituição da Comunidade
Européia determina que a União deverá promover um desenvolvimento harmonioso,
reduzindo as disparidades entre os níveis de desenvolvimento das suas regiões.
Portanto, além dos cuidados da saúde, dos serviços de apoio social, de competência
dos Estados-membros, cujos indicadores contribuem para o desenvolvimento econômico, a
atuação da União Européia quanto ao desenvolvimento regional visa promover condições
conjunturais adequadas e um ambiente condizente à atividade empresarial, a fim de
maximizar a produção e o emprego nas regiões mais desfavorecidas.
3.1 – Critérios de identificação das regiões mais desfavorecidas e as ações para o seu
desenvolvimento.
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Para a identificação das regiões mais desfavorecidas no espaço da comunidade
européia, foram adotados critérios para a sua eleição. O primeiro critério, ou método direto,
identifica as áreas cujo Pib per capita seja inferior a 75% da média dos Estados-Membros.
Segundo a Comissão Européia, trata-se de um indicador simples, comparável e confiável, que
permite identificar com equidade e clareza as regiões mais desfavorecidas (Comissão,
2001:xxxi).
Porém, esse primeiro critério deixa de fora pequenas regiões que não possuíam dados
estatísticos suficientes ou outras informações que possa melhor identificar sua situação
econômica e social. Estabeleceu-se, então, um segundo critério, o método indireto, em que os
governos nacionais, com base em parâmetros fixados pela Comissão, elegem regiões
desfavorecidas em seus territórios.
A partir dos dois critérios acima elencados, em 1998, foram identificadas regiões
necessitadas de apoio da União Européia em Portugal, na Espanha, na Grécia, na Irlanda, nos
novos estados alemães, no sul da Itália, nas regiões agrícolas francesas, entre outras. Segundo
dados da Eurostat, elas totalizavam 46 regiões, com 71 milhões de habitantes, ou seja, 19% da
população da União Européia dos 15 (Comissão, 2001:09).
27
intervém nos fatores de competitividade econômica das regiões mais desfavorecidas, por meio
da melhoria das infraestruturas físicas (transportes eficientes, redes de energia e de
telecomunicações, recursos ambientais entre outros) e do capital humano (mão-de-obra
qualificada e com formação).
No período de 1994 a 1999, 40% dos investimentos para a Coesão na Espanha foram
direcionados para a infraestrutura em transportes. Foram construídas 2.400 km de auto-
estradas e 3.400 Km de rodovias locais. No período 2000 a 2006, estão previstas para serem
construídas mais 2.500 Km de auto-estradas e mais 700 Km de rodovias locais. Como
resultado, além da melhoria na acessibilidade às regiões beneficiárias, estima-se a redução da
duração dos percursos em 20% e uma diminuição de acidentes em 20%. Nos transportes
ferroviários, foram investidos recursos para o aumento na eletrificação das redes ferroviárias e
a construção de vias duplas atingiu mais de um terço da rede. A rede ferroviária de alta
velocidade deverá ser ampliada de 623 Km para 1.140 Km até 2006 (Comissão, 2004:143).
28
ambientais, deve-se buscar meios de transportes menos poluente. Os Transportes ferroviário,
aquaviário de interior e marítimo tendem a ser menos poluentes.
Outro fator importante considerado pela Comissão Européia é a melhoria dos recursos
humanos. A competitividade de uma economia não depende só do capital físico, mas também
do conhecimento que empresários e trabalhadores possuem. Eficazes sistemas de ensino e de
formação profissional são essenciais para aumentar a produtividade e o crescimento
econômico da região. O nível de escolaridade é fator determinante para a obtenção do
emprego.
29
Na União Européia, a taxa de desemprego é menor para os que possuem maiores
níveis de escolaridade. Em 1999, a taxa média de desemprego das pessoas entre 25 e 59 anos
de idade com nível superior de escolaridade era de 5% contra 8% para as pessoas com nível
secundário complementar e 12% para os que possuíam apenas o nível básico. Existe também
uma relação positiva entre os níveis de habilitação escolar e os rendimentos. Na União
Européia, os empregados de formação superior ganham em média significativamente mais
que os que possuem nível secundário. A diferença é de 50% na Alemanha, França e Áustria e
de 100% em Portugal. Porém, a diferença dos rendimentos entre os de nível secundário e
básico é de até 20% nos Estados-Membros, uma diferença bem mais reduzida (Comissão,
2001:56).
Um outro fator de atuação da União Européia nas regiões mais desfavorecidas para
alavancar o seu desenvolvimento são os investimentos em desenvolvimento tecnológico –
IDT e os investimentos em inovação. A capacidade de realização de pesquisas avançadas
variam de região para região na União Européia. Regiões mais desenvolvidas investem mais
em inovação e IDT e o apoio às regiões mais desfavorecidas é crucial para que não se
aumente esse hiato tecnológico entre suas regiões.
30
aumento não tem sido suficiente para eliminar as diferenças regionais. Pelo contrário, esta
diferença aumentou em relação aos quatro países da União Européia que mais investem em
inovação e IDT. Como resultado, Portugal, Espanha e Grécia viram reduzir suas
possibilidades de se tornarem mais competitivos no mercado europeu e mundial (Comissão,
2001:58).
Outro fator de atuação da União Européia para a promoção das regiões mais
desfavorecidas é o desenvolvimento da tecnologia da informação e comunicação, que é a base
da economia do conhecimento. É ela que permite armazenar, processar e fazer circular
rapidamente e a baixo custo um número de dados cada vez maior, sendo uma fonte de ganho
de produtividade.
Uma infraestrutura básica de telecomunicações eficaz é fator chave para essa nova
realidade. O objetivo da União Européia é aumentar a taxa de utilização das tecnologias
31
digitais nas regiões mais desfavorecidas e garantir que todos tenham conhecimentos
necessários para as utilizar.
Para realizar sua política de desenvolvimento regional, a União Européia definiu suas
áreas de ação em três objetivos. O objetivo 1 visa promover o desenvolvimento e o
ajustamento estrutural das regiões com atrasos de desenvolvimento, cujo Pib per capita é
inferior a 75% da média da Comunidade. O objetivo 2 visa apoiar a reconversão econômica e
social das zonas com dificuldades estruturais (regiões industriais em declínio e adaptação das
zonas rurais às alterações estruturais) e o objetivo 3 visa apoiar a adaptação e a modernização
das políticas de educação, de transformação e de emprego para as regiões menos favorecidas
não abrangidas pelo objetivo 1.
O Feder tem como objetivo reduzir a diferença entre os níveis de desenvolvimento das
diversas regiões e o atraso das regiões ou ilhas menos favorecidas, incluindo as zonas rurais,
contribuindo para o desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentável das atividades
econômicas, para um elevado grau de competitividade, para um nível de emprego e de
proteção ambiental elevados e para a igualdade entre homens e mulheres.
32
zonas de implantação econômica e de espaços industriais em declínio, das zonas urbanas
degradadas, bem como das zonas rurais e das zonas dependentes da pesca.
O Feder financia ações em até 80% para os projetos elegíveis no objetivo 1 e até 50%
nas regiões do objetivo 2, podendo chegar a 60% para os projetos do objetivo 2 quando o
interesse comunitário o justifique (União Européia, 2002:04).
O FSE tem como objetivo apoiar a estratégia européia para o emprego, garantir a
coerência e a complementaridade das ações empreendidas visando melhorar o funcionamento
do mercado de trabalho e o desenvolvimento dos recursos humanos.
O FSE financia até 100% dos custos das atividades elegíveis. O Orçamento do FSE
para o período de 2000 a 2006 é de 60 bilhões de Euros. Cerca de 60% desse montante é
destinado à educação e a formação profissional; 14% é destinado a formação empresarial;
19% destinados às empresas e empregadores a adoção de novas tecnologias e os 4% restantes
são destinados a programas de inclusão das mulheres no mercado de trabalho.
33
de juros, garantia, aquisição de participações e participação no capital de risco. Os
financiamentos da Comunidade deverão se adicionar às ajudas nacionais e não substituí-las. O
montante das verbas globais dos Fundos Estruturais, para o período de 2000 a 2006, é
estimado em 195 bilhões de euros, excluído o Fundo de Coesão, com uma concentração de
recursos significativa no objetivo 1, cerca de 69,7% dos recursos estimados.
Quanto ao Fundo de Coesão, este foi instituído em caráter complementar aos outros
instrumentos comunitários de desenvolvimento regional, nas áreas do ambiente e das
infraestruturas de transportes, para reforçar os investimentos nos Estados-membros cujo
Produto Nacional Bruto (PNB) per capita seja inferior a 90% da média comunitária. O Fundo
de Coesão é, em última análise, um reforço aos Estados-membros para o seu desenvolvimento
para que possam satisfazer os critérios econômicos de convergência fixados no artigo 104 do
Tratado que institui a Comunidade Européia (déficit público menor ou igual a 3% do Pib,
dívida pública menor ou igual a 60%). Até 2004, apenas a Grécia, a Espanha, a Irlanda e
Portugal se beneficiaram do Fundo de Coesão. A não instituição de um programa para a
consecução dos critérios econômicos de convergência é suficiente para que o Estado-membro
não seja beneficiado pelo Fundo de Coesão.
34
além do que, o Estado-membro deve manter despesas para cada um dos três objetivos, pelo
menos, no mesmo montante das despesas públicas no período anterior.
35
Capítulo 4 As Transferências Verticais e Horizontais do Federalismo
Cooperativo Alemão.
7
A partir de 1993 os municípios passaram também a ter uma participação nesses impostos.
8
A partir de 1998 os municípios passaram também a ter uma participação nesses impostos.
36
recebe uma parcela per capita igual, independentemente do fato gerador do imposto ocorrer
em sua jurisdição. Adicionalmente, para melhorar ainda mais a situação fiscal dos estados
com capacidade financeira reduzida, até 25% deste IVA estadual pode ser redistribuído para
estes estados por meio de participações complementares. Busca-se atingir com essas medidas
o nivelamento das repartições dos impostos entre os estados, em até 92% da média do
conjunto dos estados.
Tabela 4.1
37
A seguir, apresentamos a distribuição do IVA em função das regras acima descritas.
Observa-se, neste caso, que os estados da antiga Alemanha Ocidental receberam participações
per capita do IVA bem superiores aos demais estados da Alemanha, visando à equalização
das disponibilidades financeiras entre os Estados alemães. O Estado da Saxônia-Anhalt chega
a receber, em 1998, 176,9% de recursos do IVA per capita em relação à média nacional.
Tabela 4.2
38
Tabela 4.3
39
Como resultado das compensações financeiras interestaduais, as disponibilidades
financeiras dos estados atingem o percentual mínimo de 95% das disponibilidades financeiras
média per capita do conjunto dos estados. Observa-se, na tabela 4.4 que nenhum estado
alemão, nesta fase de distribuição de recursos horizontais, permanece com seu percentual de
disponibilidade financeira per capita em relação à média per capita nacional inferior a 95%,
incluindo-se neste rol os estados da antiga Alemanha Oriental. Como resultado destas
transferências, estados que possuíam disponibilidades per capita acima da média per capita
nacional tiveram que ceder recursos para os estados que estavam abaixo desta média. Este é o
caso do Estado de Hessen, que em 1998 possuía uma disponibilidade financeira per capita em
relação à média per capita nacional em 117,6%, após a distribuição do IVA, e passa a possuir
uma disponibilidade de 104,4% após a distribuição horizontal entre os estados.
40
Tabela 4.4
E para finalizar a equalização das disponibilidades financeiras per capita dos estados,
passa-se para uma nova rodada de transferências de recursos, desta vez vertical, da União para
os estados, com a finalidade de que todos os estados atinjam até 99,5% de disponibilidade
financeira per capita da média nacional. São as transferências federais complementares.
Trata-se da última etapa de distribuição de receitas. A tabela 4.5 apresenta as disponibilidades
financeiras dos estados per capita em relação à média per capita nacional, após as
transferências verticais.
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Tabela 4.5
Como se pode observar, o resultado das transferências verticais alemães (União para
estados) e horizontais (estado para estado) resultam em uma plena uniformidade de condições
dos estados para atenderem seus cidadãos. O estado com melhor disponibilidade financeira
per capita em relação à média per capita nacional, em 1998, é o Estado de Hessen, com
104,3%, e os estados com menores disponibilidades financeiras atingiram neste mesmo ano o
percentual de 99,5%. Trata-se, realmente, de um mecanismo de distribuição de renda regional
que assegura o desenvolvimento harmonioso em toda a Federação alemã.
42
Capítulo 5 Análise das Políticas de Desenvolvimento Regional e dos
Modelos de Transferências.
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abandonado pelo país na década de 90 como modelo de desenvolvimento, mantém-se como
modelo para o desenvolvimento regional.
44
Quanto à Irlanda, que obteve um crescimento populacional abaixo da média da União
Européia, seu Pib per capita aumentou quatro vezes mais que a taxa de crescimento do Pib
per capita da União Européia no mesmo período. Em função disto, a Irlanda, que na década
de 90 tinha seu Pib per capita abaixo dos 75% da média da União Européia, em 2001superou
em 17% o Pib per capita médio da União Européia (Comissão, 2004:02).
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Entre 1999 e 2001, o investimento direto estrangeiro representou cerca de 21% do Pib
na Irlanda (segundo país da União Européia em investimentos estrangeiros em termos de Pib
per capita), 15% na Dinamarca (terceiro país em investimentos estrangeiros em termos de Pib
per capita), e de 13% na Holanda (quarto país em investimentos estrangeiros em termos de
Pib per capita). Em Portugal, este valor foi um pouco mais de 4%, na Espanha em torno de
1,5% e na Grécia ficou abaixo de 1% de seu Pib. Este foi o indicador mais desfavorável para
os países da Coesão, com exceção da Irlanda (Comissão, 2004:xiv).
Observa-se, portanto, uma política de convergência bem definida por parte da União
Européia, o que não ocorre no caso brasileiro.
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Capítulo 6 Conclusão.
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cidadãos que moram nestes estados, pois seus governos possuem menos recursos para atender
suas necessidades, justificam o grande êxodo que ocorre dos estados mais pobres da
Federação brasileira para os estados mais ricos, que se situam no sul e no sudeste do país.
Não há, na atual discussão sobre a política fiscal brasileira, qualquer menção a essas
desigualdades. Pelo contrário, em se tratando de reforma tributária, nenhum ente federativo
admite perder qualquer fatia de recurso que hoje dispõe. A tentativa de reforma tributária, que
vem ocorrendo desde 1990 e que até o presente momento não foi concluída, nos mostra o
quanto este tema ainda não se encontra amadurecido no país.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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COMISSÃO EUROPÉIA (União Européia). Segundo Relatório sobre a Coesão
Econômica e Social da União Européia. Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das
Comunidades Européias, 2001. Site europa.eu.int, acesso em janeiro de 2005.
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SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL – STN (Brasil). Fundo de Participação
dos Estados. Site www.stn.fazenda.gov.br , acesso em março de 2005.
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