A Umbanda nem sempre foi uma religião organizada como
é hoje, e uma das grandes evoluções que a ela conquistou foi a possibilidade de doutrinar as entidades que desejassem trabalhar em parceria com os Médiuns. A incorporação sempre aconteceu mesmo nas religiões mais tradicionais, como é o caso do catolicismo. Entretanto, a incorporação na Umbanda foi adotada como uma forma de permitir que espíritos em busca de luz pudessem se manifestar. Tudo isso em benefício dos irmãos que precisassem carmicamente trabalhar como “cavalos”, bem como em benefício dos irmãos necessitados que procurassem um terreiro. A falta de informação e de direcionamento para uma bibliografia adequada faz com que muitos filhos de santo que sentem “vibrações” tenham medo de incorporar. Isso por conta das histórias que ouvem sobre sair do próprio corpo, desmaiar, serem acometidos por visitas noturnas, serem possuídos para sempre e até mesmo fazerem passagem por conta de incorporar uma entidade ou um obsessor. O nosso objetivo aqui é desmistificar esses mitos e explicar energeticamente como se dá o processo de incorporação na Umbanda. A incorporação é o nome dado ao processo mediúnico onde um “aparelho”, ou seja, um médium se comunica com um espírito trabalhador da luz. No entanto, não há real incorporação, pois se uma alma abandonasse um corpo, o mesmo morreria. O que existe é um contato entre a mente do médium e a mente do espírito, e por isso muitos relatam que, por vezes, contra o seu desejo mental, percebem que suas bocas estão falando aquilo que as entidades sopram na mente. Portanto, esse processo é telepático e o nome que se dá é psicofonia. O fumo e a bebida são veículos espirituais de descarrego e trasmutação de energias negativas na Umbanda. Por isso, em centros sérios, não é permitido o uso irrestrito do álcool ou do fumo; este uso deve ser consciente e somente direcionado para a limpeza. Muito do exagero no uso se deve a desequilíbrios de ordem psico-espiritual do próprio médium, e não da entidade. Por isso, é preciso estar preparado física, emocional e espiritualmente para iniciar o desenvolvimento. A palavra certa não é perigo, e sim complexidade. A incorporação é um processo espiritual tão complexo quanto uma fórmula matemática ou a construção de um prédio, e por isso exige atenção por parte dos chefes de terreiro e dos Médiuns. É fundamental seguir as preparações que são praxe na Umbanda: resguardo no dia anterior, banho de descarrego, defumação da Casa, apoio dos guardiões, firmamento de velas e pontos riscados, pontos cantados sob a firmeza do atabaque. Sem essa proteção, incorporar pode sim ser um processo arriscado, pois pode dar passagem a um espírito zombeteiro que não está interessado em evoluir espiritualmente. A mediunidade é uma dívida espiritual que uma alma se compromete em sanar ao reencarnar em nosso planeta. No entanto, há diversas formas de mediunidade, ou seja; várias maneiras de servir espiritualmente. Há Médiuns que ouvem, que vêem, que psicografam, que intuem, que sonham, que benzem, que oram…. Enfim, há uma infinidade de trabalhos possíveis e cada um deles foi oferecido como dom a uma alma que pudesse dar conta do mesmo. Portanto, não há um pior ou melhor; há simplesmente Médiuns que precisam trabalhar com esse tipo de processo e assumirem um compromisso espiritual em uma casa de santo. Rituais de sexta-feira santa na umbanda A Igreja Católica celebra, na Sexta-feira Santa, a morte de Jesus, que foi crucificado. Enquanto isso, a sexta-feira Santa na Umbanda tem outro significado. Os Afro- umbandistas celebram o LOROGUN, que é quando os Orixás entram em guerra com o mal para trazer o pão de cada dia a seus filhos. Os rituais da Umbanda também acompanham a Quaresma. Na Quarta-feira de cinzas, por exemplo, os Orixás da casa são vestidos e cada filho de santo lhes oferece a sua comida preferida. Os atabaques são lavados e guardados, e só são acordados no Sábado de Aleluia. Para a Umbanda, a Semana Santa representa a criação do mundo, por isso, durante esse período, os Umbandistas se vestem de branco, principalmente na Sexta-feira Santa. Além da roupa branca, eles se alimentam somente com comidas dessa cor, como a canjica, arroz doce e pães. Esse é o dia em que os Orixás descem do Orún (mundo espiritual), para conhecer a grande criação de Olorum (Grande Criador, Divino, Deus criador de tudo). Na noite de quinta para Sexta-feira da Paixão, os seguidores da Umbanda se protegem com seus contra- eguns. Eguns são espíritos que ainda não adquiriram um grau de consciência e muitas vezes ainda nem sabem que desencarnaram, e podem se tornar obsessores. Por exemplo, alguns se ligam a alguém encarnado para vivenciar seus vícios como álcool, droga ou sexo. Outros, por não quererem se afastar de um ente como esposa ou filho, sugam toda energia da pessoa, e ela fica como um vampiro zumbi, totalmente apática. O que acontece é que, nesta noite, Iansã está em guerra, e não pode afastar os eguns que estão rondando por aí. Os umbandistas celebram a Sexta-feira Santa, e a Semana Santa toda, de forma muito parecida com os católicos. Sem comer carne vermelha, guardando e renovando as energias, com orações e compartilhando a fé com os irmãos. Você pode aproveitar esse dia para fazer uma oração para Sexta-feira da Paixão na Umbanda. Para os umbandistas, a Sexta-feira Santa, ou Sexta-feira da Paixão, é o dia do Amor Pleno, da Plenitude da Fé, do Amor Pleno, do Perdão Vivo e Plenamente Manifestado. Há algumas orações feitas pelos umbandistas na Sexta- feira da Paixão. Oração Das Três Horas Eram três horas da tarde quando a cabeça de Jesus pendeu no cruzeiro Estremeceu o céu Estremeceu a terra Estremeceu o mar Estremeceu as estrelas Estremeceram os mortos e os vivos Só não estremeceu o corpo de Jesus no cruzeiro, assim como não vai estremecer o corpo (nome da pessoa) perante as enfermidades e as negatividades da vida terrena. (Centro Espiritualista de Umbanda Pai Joaquim de Angola)
O Domingo de Ramos é o dia que marca o início da
Semana Santa. A sua celebração é para lembrar a chegada de Jesus em Jerusalém. Sua entrada triunfal foi festejada pelo povo, que com alegria aclamava pelo Messias, o Salvador. Como era de costume naquela época, o povo de Jerusalém forrava o chão com suas vestes para a passagem de pessoas importantes. Para mostrar sua humildade, Jesus montou um jumento para chegar em Jerusalém. O povo, como de costume, forrou o chão com suas vestes e também ramos de palmeira para a passagem de Jesus. Enquanto ele ia passando, todos gritavam e aplaudiam, pois tinham visto o milagre da ressureição de Lázaro há poucos dias e tinham certeza que aquele que chegava era o Enviado do Senhor, o Messias, o Salvador, anunciado pelos Profetas há tempos. Eles pensavam que Jesus era um político, alguém que os salvaria e tiraria Israel das garras e do poder de Roma. Eles pensavam que Jesus era um rei terreno, passageiro. Pois bem, Jesus era sim um Messias (Libertador), mas de um inimigo muito maior: o “pecado”. Ele já sabia que o povo que festejava sua chegada era o mesmo povo que o condenaria mais tarde, pois não entenderiam o objetivo do Seu Reinado. Quando o povo de Jerusalém percebeu que Jesus era o Rei do Amor, da humildade, da paz e do perdão, e que não tinha vindo para tirar o poder de Pilatos, começou a acusá- lo de impostor, de mentiroso e viraram-lhe as costas. E, assim, pediram a condenação e a morte de Jesus, por isso Ele foi crucificado na sexta-feira. Então, agora já dá para entender porque o Domingo de Ramos é o primeiro dia da Semana Santa e o último domingo antes da Páscoa. Como é a celebração de Domingo de Ramos Nessa celebração, os fiéis levam ramos de palmeira, alecrim ou outros modelos. O que importa mesmo é celebrar a alegria da chegada de Jesus e a bênção dos ramos, que depois são levados para casa. Acredita-se que o ramo possui o poder de nos fazer nos sentir mais perto de Jesus e algumas pessoas acreditam, por exemplo, que durante uma tempestade, queimando esses ramos, ela ficará mais branda. A Procissão de Ramos serve para refletirmos que, como cristãos, estamos numa peregrinação a caminho da vida eterna com Deus. A Missa de Ramos deve nos fazer refletir sobre o sofrimento daPaixão de Jesus, a traição de Judas; o Seu sangue com suor derramado na Cruz para nos salvar. No próximo Domingo de Ramos, dia 09 de abril de 2017, vamos imitar Jesus e entregar nossa vida e nosso espírito a Deus, Nosso Senhor. Vamos levar nossos ramos para celebrar a entrada alegre e festiva de Jesus em Jerusalém e ao chegar em casa com esses ramos bentos, deixá-los à vista para nos lembrar de tudo o que aprendemos com Jesus. A amor ao próximo é a principal mensagem do domingo de Ramos. Não vamos julgar o outro, mas sim, ouvir sua história e ajudá-lo a superar as dificuldades. Vamos amar e respeitar a todos, independente de crença, raça ou gosto pessoal. Essa é a lição desse dia tão especial.