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Musealização da Arqueologia Preventiva: desafios na estruturação de ações educativas

continuadas1
Moraes Wichers, Camila A. de 2

Resumo
Desde a década de 1980 vemos o aumento de pesquisas arqueológicas no âmbito do licenciamento de empreendimentos,
configurando o campo da Arqueologia Preventiva. Esse aumento também deflagrou ações de divulgação e extroversão do
patrimônio arqueológico. Contudo, faz-se necessária a discussão sobre a abrangência dessas ações. Nesse artigo apresento de
maneira sintética estudos desenvolvidos na Zanettini Arqueologia, os quais foram classificados em três categorias, de acordo
com a escala e o contexto dos projetos de intervenção, a saber: divulgação e sensibilização; ação educativa integrada e, por
fim, musealização da arqueologia. Aprofundo a análise de três estudos de caso, exemplificando as categorias mencionadas.
Para tanto, discorro primeiramente sobre os conceitos e premissas que têm direcionado esses projetos, destacando a interface
Museologia-Arqueologia como caminho profícuo a ser trilhado.
Palavras-chave: Arqueologia Preventiva – Educação Patrimonial – Musealização da Arqueologia

Abstract
Since the 1980s we see the increase of archaeological research in areas threatened by, or revealed by, construction or other
development actions, setting the field of Rescue Archeology. This increase also flared actions of dissemination and
extroversion of the archaeological heritage. However, it is necessary discuss the scope of these actions. This article presents a
summary of studies performed in Zanettini Archeology, which were classified into three categories according to the scale and
context of the projects of intervention: dissemination and awareness; integrated educational action and, finally, museum of
archeology. A deepen analysis of three case studies is presented, exemplifying the categories mentioned. For this, first I
discuss the concepts and assumptions that guide these projects, highlighting the interface between Archeology and
Museology how useful way to track.
Keywords: Rescue archaeology – Heritage Education - Museum of Archeology

Introdução

Durante as últimas décadas, o aumento das pesquisas arqueológicas associadas ao


licenciamento de empreendimentos de natureza diversa tem possibilitado o desenvolvimento de uma
ampla gama de ações devotadas à divulgação, extroversão e comunicação do patrimônio evidenciado.
Essas ações passaram a ser obrigatórias a partir da Portaria 230/2002, sob a rubrica de Programas de
Educação Patrimonial. A partir de então, vivenciamos a expansão das ações educativas associadas à
Arqueologia, tornando necessária a discussão sobre a abrangência e escala desses programas.
O termo “Educação Patrimonial”, utilizado no país desde a década de 1980 e ratificado no
campo arqueológico a partir da referida portaria, nos insere em uma encruzilhada de possibilidades,

1
Trabalho apresentado no Simpósio: Os Rumos da Educação Patrimonial no Brasil, organizado por Luciane
Monteiro Oliveira, Dra., tendo como debatedora a Profa.Dra. Márcia Bezerra. A ser publicado nos Anais do XV
Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira, 2009, no prelo.
2
Coordenadora de projetos da Zanettini Arqueologia. Doutoranda em Arqueologia do Museu de Arqueologia e Etnologia/
USP e Doutoranda em Museologia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, ambas sob a orientação da
Profa. Dra. Maria Cristina Oliveira Bruno.
visto que essa expressão constitui um campo de trabalho, de reflexão e de ação que pode abrigar
tendências e orientações educacionais diversas, divergentes e até mesmo conflitantes (Chagas, 2004).
A partir de tal constatação, decidi elaborar esse texto a partir do modo como tenho orientado
minha prática no âmbito de ações educativas centradas no patrimônio arqueológico, ou seja, a partir da
perspectiva museológica, mas sempre em diálogo aberto com as contribuições vindas da Educação
Patrimonial.
Essa prática tem sido construída por meio da participação em projetos desenvolvidos pela
Zanettini Arqueologia desde 2004, nos quais atuei como colaboradora. O caráter diversificado dessas
atividades é fruto, ao mesmo tempo, de um amadurecimento constante da equipe envolvida, da
abrangência dos projetos de pesquisa a que estão relacionadas e da necessidade de estratégias
adequadas a cada um dos contextos vivenciados, num processo contínuo de experimentação, reflexão
e retroalimentação da prática cotidiana.
No intuito de expor alguns pontos que julgo relevantes para discutirmos a questão da
Educação Patrimonial em projetos de Arqueologia Preventiva, organizei esse texto em duas partes.
Na primeira parte apresento o conceito de Pedagogia Museológica e trago alguns antecedentes
da prática educativa associada ao patrimônio cultural, pois entendo que as práticas contemporâneas
são influenciadas, de diversas formas, por ações que podem e devem ser situadas historicamente.
Também detalho algumas premissas construídas a partir dessa trajetória, visando explicitar o
enquadramento teórico-metodológico adotado.
Na segunda parte apresento sumariamente alguns projetos desenvolvidos ao longo desses anos
na Zanettini Arqueologia (experimentação), realizo uma análise mais verticalizada de três desses
projetos (reflexão), finalizando com algumas propostas acerca do tema em epígrafe (retroalimentação).

Primeira parte: conceitos, antecedentes e premissas

Inicio essa parte com uma breve reflexão acerca da relação entre patrimônio cultural e
educação. Entendo que essa relação antecede o surgimento dos museus e dos próprios campos do
conhecimento que abordam tais fenômenos, a saber: a Museologia e a Pedagogia.
Parto da premissa Bruno (2006: 3-4) de que existe uma “Pedagogia Museológica” que têm se
envolvido, de diferentes maneiras, com as sociedades ao longo dos tempos. Não falamos da Pedagogia
como campo consolidado cujo objetivo é a reflexão, ordenação, sistematização e crítica do processo
educativo. Também não tratamos da Museologia como área do conhecimento voltada ao cuidado e ao
uso do patrimônio cultural. Esse conceito recupera marcas de uma trajetória bem mais longa. A
Pedagogia Museológica, antecede, do mesmo modo, o conceito moderno de patrimônio.
A observação, seleção, valorização, exposição e guarda de objetos, que distinguem as
sociedades humanas desde a pré-história, estariam na origem das ações de colecionismo que levaram
ao surgimento dos museus (Bruno 2006). Desse modo, a Pedagogia Museológica seria inerente às
sociedades humanas. Nesse sentido, a autora dialoga com a reflexão postulada por Pomian (1984), que
distingue os objetos úteis dos semióforos: “De um lado estão as coisas, os objetos úteis, tais como
podem ser consumidos ou servir para obter bens de subsistência, ou transformar matérias brutas de
modo a torná-las consumíveis, ou ainda proteger contra as variações do ambiente. (...) De um outro
lado estão os semióforos, objetos que não tem utilidade, no sentido que acaba de ser precisado, mas
que representam o invisível, são dotados de um significado, não sendo manipulados, mas expostos ao
olhar, não sofrem usura.” (Pomian, 1984: 71).
A Pedagogia Museológica pode ser entendida como Pedagogia da Memória voltada à
percepção desses objetos semióforos, que “participam no intercâmbio que une o mundo visível e o
invisível” (Pomian, 1984: 66). Para Bruno (2006), essa pedagogia tem sido decodificada, na
contemporaneidade pelos estudos e práticas da disciplina Museologia, “Trata-se de uma pedagogia
direcionada para a educação da memória a partir das referências patrimoniais que, por um lado, busca
amparar do ponto de vista técnico os procedimentos museológicos e, por outro, procura ampliar as
perspectivas de acessibilidade e problematizar as noções de pertencimento. É, portanto, um caminho
permeado por experimentações, mas, especialmente, por análises críticas sobre a função social dos
museus na atualidade” (Bruno, 2006, grifo meu). Como apresentarei adiante, as experimentações são
fundamentais para o aprimoramento das ações nesse campo.
Com essa digressão a respeito do conceito de Pedagogia Museológica pretendo evidenciar que
a relação contemporânea entre sociedades humanas e patrimônio cultural guarda elementos
construídos na longa-duração. Ou seja, a denominada Educação Patrimonial, estruturada como campo
autônomo apenas último quartel do século XX, se instalou sobre processos historicamente construídos,
voltados à percepção, seleção, guarda e comunicação dos objetos semióforos. Quando recuamos ao
século XVIII, vemos que tais processos tiveram nos museus seus cenários por excelência.

Antecedentes

No século XIX os museus eram entendidos como “instituições educacionais”, contudo essa
educação revestia-se de um caráter filantrópico, destinado a formar os cidadãos. Cabe lembrar que a
abertura dos museus ao público no século XIX esteve relacionada à afirmação dos Estados-Nação.
Havia uma clara preocupação em uniformizar os cidadãos através de idéias de natureza humana
universal, de educabilidade e emancipação humana pela razão e de libertação da ignorância e do
obscurantismo pelo saber (Faria, 2000; Marandino, 2008). As ações educativas partiam, nesses
contextos, da premissa de que existia um conhecimento/ verdade a ser transmitido, no âmbito de uma
teoria de aprendizagem que considerava o indivíduo de forma passiva.
Para Roberts (1997 Apud Melo 2007: 19) a história dos museus modernos tem girado em torno
da tensão entre abertura e isolamento, entre generalismo e especialização, entre massificação e
elitismo. Contudo, as ações educativas teriam se firmado, ao longo do tempo, como missão museal por
excelência. A título de exemplo, podemos lembrar que já no início do século XX, os museus
americanos ofereciam visitas guiadas, palestras, demonstrações, legendas e outros suportes
interpretativos. Os anos entre as guerras foram anos de consolidação destas tendências e, em 1932,
15% dos museus americanos ofereciam programas educativos organizados elaborados por
profissionais especializados em Pedagogia (Melo 2007: 19).
No período pós Segunda Guerra essa missão educativa dos museus foi acentuada. Os
seminários promovidos pela UNESCO merecem papel de destaque, uma vez que os três seminários
ocorridos na década de 1950 deram ênfase à discussão da função educativa dos museus, assim temos:
ƒ 1952, Nova Iorque/ EUA: I Seminário Internacional sobre a função educativa dos museus
ƒ 1954, Atenas/ Grécia: II Seminário Internacional sobre a função educativa dos museus
ƒ 1958, Rio de Janeiro/ Brasil: III Seminário Internacional sobre a função educativa dos museus
Esses seminários foram, ao mesmo tempo, vetores e produtos do estreitamento crescente entre
práticas educativas e museus, consolidando a idéia do museu como recurso educativo, enquanto locus
inspirador de aprendizagens (Melo, 2007).
Em 1963 destacou-se a criação de um comitê específico dedicado à educação no âmbito da
Comissão Internacional de Museus (ICOM), o Comitê de Educação e Ação Cultural (CECA). No
Brasil, temos em 1969 a criação de uma comissão para o levantamento da situação dos museus
nacionais e para a criação de serviços educativos (Santos, 2004/ 2008). À época, somente o Museu
Nacional, no Rio de Janeiro, possuía setor educativo organizado. Apenas a partir da década de 1970
teríamos no Brasil a implantação de setores educativos nos museus. Vale apontar que, para alguns
autores (Melo, 2007; Santos, 2004/ 2008), a especialização de setores educativos acabou por isolar os
que se dedicavam à educação museal, afastando-os das demais atividades museológicas, como
montagem de exposições e aquisição de coleções.
No quadro da produção pedagógica voltada a superação da idéia de educação como
transmissão de conhecimentos tem grande destaque a obra de Paulo Freire (1921-1997), onde a
educação foi colocada, pela primeira vez, como ato político. Convém lembrarmos a influência das
idéias de Paulo Freire no desenvolvimento da chamada Nova Museologia, tendo sido o mesmo
convidado a abrir a Mesa de Santiago do Chile, em 1972.
A partir de tais referências aqui sumarizadas, concordo com Chagas (2004) que defende que a
expressão Educação Patrimonial estabeleceu-se no Brasil como desejo de constituir-se em marco zero,
em gesto inaugural de uma metodologia, de uma prática e de uma reflexão vinculadas ao campo do
patrimônio cultural. Tal postura não teria levado em conta os trabalhos de Paulo Freire – adotados
como base teórica na Nova Museologia, como já pontuamos – assim como das práticas deflagradas
por “Gustavo Barroso, Mário de Andrade, Rodrigo de Melo Franco, Anísio Teixeira, Nise da Silveira
e, para sermos mais específicos no campo museológico, Waldisa Rússio, Maria Célia Teixeira Santos,
Cristina Bruno entre outros” (Chagas, 2004: 144).
A Educação Patrimonial como metodologia de trabalho inspirada no conceito inglês de
Heritage Education, foi introduzida no Brasil em 1983 a partir de ações alavancadas no Museu
Imperial, mas isso não quer dizer que outras práticas não existissem anteriormente. Nesse sentido há
uma estratigrafia a ser considerada quando pensamos na transposição do termo para o Brasil.
No campo das ações educativas centradas no patrimônio arqueológico, só para citar um
exemplo paulista, temos as ações desenvolvidas por Paulo Duarte ainda na década de 1960, quando o
Instituto de Pré-História já mantinha uma exposição de arqueologia, além das inúmeras palestras
proferidas pelo pesquisador3.
Outro ponto a ser destacado é que a Heritage Education tem suas raízes em um contexto
patrimonial bastante diferenciado do Brasil. Essa metodologia foi criada, na Inglaterra, para o
incremento das atividades educativas centradas em um patrimônio já estabelecido, portanto, já inserido
em uma cadeia operatória de procedimentos museológicos devotados à coleta, documentação,
conservação e comunicação desse patrimônio (Bruno, 1997). Destaco que, nas ações nas quais tenho
atuado, a busca por uma interação constante com a disciplina Museológica tem sido de especial
importância para o aprimoramento da referida cadeia operatória, constituindo-se em uma das
premissas a seguir pontuadas.

Premissas

Primeira premissa: acredito que patrimônio arqueológico deve estar inserido no âmbito do
patrimônio cultural4 da comunidade como um todo, envolvendo outros segmentos patrimoniais. Como
aponta Meneses, a preservação do patrimônio arqueológico como contribuição à formulação ou
reforço de uma identidade cultural não tem autonomia ou natureza própria, uma vez que conflui para
questões gerais como os conceitos de identidade e memória (Meneses, 1987). Essa premissa busca
superar o isolamento das referências arqueológicas pontuado por Bruno (1995). Ao ampliarmos o
leque de referências patrimoniais estamos objetivando a construção de um diálogo efetivo com a
comunidade, favorecendo processos de apropriação/ desconstrução/ reconstrução do conhecimento
gerado pela pesquisa arqueológica por meio da inserção desses referenciais no patrimônio cultural da
população envolvida, vencendo o estranhamento tão comum a esses vestígios, dotando-os de
significado.
Segunda premissa: tomamos a disciplina Museológica (Bruno, 2000) como aporte teórico e
metodológico no desenvolvimento das ações, dialogando também com os conceitos e métodos da
Educação Patrimonial (Merillas, 2003; Horta, 1991). Desse modo, adotamos o conceito de Pedagogia

3
O Instituto de Pré-História também ocupou lugar de destaque com relação às publicações destinadas ao assunto, em 1982
temos o primeiro artigo destinado ao tema, sob o título de “Arqueologia e Museologia: experiências de um trabalho
integrado. Pesquisas e exposições do Instituto de Pré-História da USP”, de autoria de Solange Caldarelli e Cristina Bruno.
4
Tenho trabalhado com o conceito de que o patrimônio cultural é uma seleção de bens e valores de uma cultura, que formam
parte da propriedade simbólica de determinados grupos (Merillas 2003: 20).
Museológica, já mencionado, o qual estaria associado a uma percepção da musealidade, inerente as
sociedades humanas, que desde seus primórdios tem selecionado parcelas de sua realidade para
relacionar-se com o invisível. Esse conceito nos aponta para além da Museologia como estudo dos
Museus, concorrendo para a definição de Museologia como estudo do “fato museal”, na concepção de
Waldisa Rússio Guarnieri (Guarnieri, 1990). O fato museal consiste na relação entre homem (público,
audiência, grupos especiais, comunidade...) e objeto (coleção/acervo, referência patrimonial,
indicadores da memória) em um cenário (edifício/instituição, espaço aberto, múltiplos espaços,
território de intervenção...)5 (Bruno, 2000: 88).
Ainda no âmbito da segunda premissa elencada cabe lembrar que, nas últimas décadas, a
Museologia tem passado por mudanças teórico-metodológicas significativas: a abertura do Museu à
sociedade, a descentralização das ações museológicas, o alargamento da noção de patrimônio e sua
utilização como fator de desenvolvimento integrado, entre outras. Museus comunitários, Ecomuseus,
Museus de Território, Museus escolares, enfim, espaços diversificados passam a ser cenários do “fato
museal” num esforço constante de democratização não apenas do acesso, mas também da seleção e
produção do patrimônio cultural6. As transformações mencionadas configuraram o movimento da
Nova Museologia, onde se destaca, como apontado, a influência do pensamento de Paulo Freire7.
Nesse sentido, as ações educativas têm buscado “liberar a capacidade criativa do indivíduo e
dar-lhe condições de ocupar um lugar como ator cultural, social e econômico de forma integral, em
sua comunidade e em seu território. Isso corresponde exatamente à noção de ‘conscientização’ de
Paulo Freire” (Varine-Bohan, 2002: 288). Desse modo, as ações a seguir pontuadas partem de uma
teoria do conhecimento de base idealista (ou seja, não há uma verdade) e de uma teoria da
aprendizagem que vê o indivíduo como agente ativo.

Segunda parte: experimentação, reflexão e retroalimentação

A partir dos antecedentes e premissas apresentados no que concerne às ações educativas


centradas no patrimônio cultural, podemos vislumbrar que a Educação Patrimonial não constitui o
marco zero dessas ações. Entretanto, devemos apontar que esse campo de reflexão tem contribuído de
modo decisivo para a democratização do patrimônio cultural. No âmbito da Arqueologia Preventiva os

5
Os cenários podem ser entendidos como “locais onde o relato é levado à cena podendo o espaço museal ser entendido como
um desses cenários. Entender o museu como cenário nos leva a percebê-lo como espaço de reestruturação, encenação e
reencarnação, no qual os processos de hibridação das representações do social e do cultural são elaborados como sentidos
simbólicos” (Primo, 2007, p.23)
6
Venho refletindo particularmente sobre a interface entre Nova Museologia/ Sociomuseologia e correntes pós-
processualistas da Arqueologia.
7
Para Hugues de Varine, Paulo Freire nos mostrou que “Todo cidadão, toda comunidade oferece alguma coisa em troca do
que o agente cultural pode lhe oferecer. Não deveria então ser mais possível fazer uma política cultural, conceber uma
estratégia, utilizar métodos como se fazia antes de Paulo Freire” (Varine-Bohan, 1996: 9). Ou seja, as ações em tela tiveram
como base teórica o aporte da Nova Museologia e, por conseqüência, da pedagogia freiriana.
programas de educação patrimonial constituem um campo amplo e profícuo, não obstante, gostaria de
pontuar algumas armadilhas do cenário contemporâneo.
A primeira delas residiria no esquecimento de áreas de conhecimento voltadas ao tratamento
do patrimônio cultural, destacando-se aí a Museologia. O abandono dos processos museológicos
voltados à salvaguarda e comunicação dos bens culturais surge como uma armadilha uma vez que essa
ciência tem se dedicado à transformação do patrimônio cultural em herança. Como apresentamos, a
pedagogia museológica lança um olhar amplo acerca da relação entre sociedades e referências
culturais, preocupando-se com aspectos que vão desde a percepção, seleção, valorização até a
comunicação e a guarda de referências, tratando ainda de questões relativas às memórias exiladas
(esquecidas) e a reversibilidade dos olhares, ou seja, a necessária interação entre memória social e
patrimônio cultural (Bruno, 2006).
A segunda armadilha que gostaria de salientar reside no fato de que essa discussão tem
adquirido contornos próprios no âmbito da Arqueologia Preventiva, com avanços e desafios
específicos. Como avanço destaca-se a pluralidade de experiências encetadas em diversas partes do
Brasil - algo que tenho vivenciado em minha prática cotidiana e que traz indubitavelmente um
aperfeiçoamento contínuo, assim como a democratização do patrimônio e conhecimento produzido.
Os desafios têm sido inúmeros. No caso específico das pesquisas arqueológicas realizadas por
arqueólogos autônomos ou empresas de arqueologia, esses programas não são deflagrados a partir de
instituições que garantam uma abordagem continuada desse fenômeno. Ao contrário, estão sujeitos às
regras do mercado e fluxos do capital que nos remetem de um a outro projeto, sem possibilidade de
nos determos em processos duradouros. Devemos lembrar ainda que os programas educativos no
âmbito da arqueologia preventiva estão associados a empreendimentos de pequeno, médio e grande
porte o que significa verbas que permitem ações em escalas diferenciadas. Por fim, destaco que essas
ações estão associadas a projetos desenvolvimentistas guardam por vezes relações ambíguas com as
comunidades envolvidas.
A seguir, apresento alguns projetos que compõe um campo de experimentação que visa
construir estratégias que superem tais armadilhas.

Experimentações

Conforme apresentado, o desenvolvimento de ações educativas no âmbito da Arqueologia


Preventiva envolve potencialidades e desafios específicos. Os projetos de intervenção listados na
Tabela 1 englobam uma diversidade considerável de contextos e atividades de espectros bastante
diversificados. Desse modo, classifiquei os projetos selecionados em três grandes eixos, a saber:
divulgação e sensibilização; ações educativas integradas e musealização da arqueologia. Embora essas
iniciativas estejam associadas às premissas apontadas, ou seja, à interação entre patrimônio
arqueológico e outras referências patrimoniais e à perspectiva museológica, reservei a categoria
musealização da arqueologia para projetos que envolveram ações mais amplas no âmbito da cadeia
operatória museológica (ver Figura 1).
Cabe destacar que os projetos classificados como “divulgação e sensibilização” ou “ações
educativas integradas” correspondem a ações que privilegiam pontos específicos da cadeia operatória
museológica: os primeiros corresponderiam a ações de comunicação com ênfase na Divulgação
Científica, cujo objetivo é divulgar o patrimônio em tela e sensibilizar a comunidade para preservação
dos bens culturais; os segundos projetos têm maior atenção nas ações educativas integradas,
corresponderiam ao que recorrentemente tem sido denominado de Programas de Educação
Patrimonial.
Tabela 1. Projetos de intervenção
Projeto de
Localização Estado Período Categoria Projetos de pesquisa arqueológica
intervenção

Arqueobus -
Projeto Arqueologia Urbana do Centro
Projeto Município de Agosto de Divulgação e
São Paulo Histórico de Campinas
Arqueourbs Campinas 2004 Sensibilização
(Fase 1)
Campinas 230+

Projeto Fronteira Ocidental (2002 a


Município de 2007)
Vila Bela Sem Mato 2005 - Musealização da
Vila Bela da SS. Programa de Resgate e Monitoramento
Fronteiras Grosso 2008 Arqueologia
Trindade Arqueológico do Arraial de São
Francisco Xavier (1997 a 2009).

Salvamento e Monitoramento
Arqueológico Projeto Ecoturístico Costa
do Sauípe, Bahia. (1998-2000)
Programa de Resgate e Monitoramento
O homem do Município de Fevereiro Arqueológico – Empreendimento Quintas
Litoral Norte: Mata de São 2006 a Musealização da de Sauípe, Município de Mata de São
Bahia
permanências e João – Litoral Novembro Arqueologia João, Bahia. (2006-2007)
mudanças Norte da Bahia de 2007 Programa de Resgate e Valoração do
Patrimônio Arqueológico – Duplicação
da Rodovia BA 099 (Trecho Jacuípe –
Praia do Forte), Municípios de Camaçari
e Mata de São João, Bahia. (2006-2007)
Municípios de
Programa de Resgate e Valoração do
Mata de São Dezembro
Patrimônio Arqueológico – Duplicação
Redescobrindo João e de 2006 a Ação educativa
Bahia da Rodovia BA 099 (Trecho Jacuípe –
Nossa Cultura Camaçari – Novembro integrada
Praia do Forte), Municípios de Camaçari
Litoral Norte da de 2007
e Mata de São João, Bahia. (2006-2007)
Bahia

Municípios de
Programa de Diagnóstico e Ações
Olho D'água do Fevereiro
Trabalho e Arte Divulgação e Emergenciais em Sítios Rupestres.
Casado e Alagoas a Junho
no Sertão Antigo Sensibilização Municípios de Olho D'água do Casado e
Delmiro de 2007
Delmiro Gouveia
Gouveia

Acessoria Município de Março de Musealização da


São Paulo
institucional Monte Mor 2007 Arqueologia

Programa de Resgate Arqueológico da


O cotidiano dos Lavra da Mina F4 e Ampliação do
primeiros Município de Minas Setembro Musealização da Depósito de Estéril e da Área de
moradores de Araxá Gerais de 2007 Arqueologia Ampliação da Barragem B5, Bunge
Araxá Fertilizantes, município de Araxá, estado
de Minas Gerais.
Acessoria Município de 2007- Musealização da
São Paulo
institucional Araraquara 2008 Arqueologia

Municípios de
Programa de Resgate Arqueológico das
Itamaraju,
Março a Pequenas Centrais Hidrelétricas
Arqueologia na Jucuruçu e Ação educativa
Bahia Abril de Cachoeira da Lixa, Colino I e Colino II -
Praça Vereda - integrada
2008 Municípios de Itamaraju, Jucuruçu e
Sudeste da
Vereda. (2004 1 2007)
Bahia.
Programa Arqueológico de Resgate da
Ponte de concreto sobre o rio Mogi
Guaçu (Cachoeira de Emas),
Pirassununga:
Município de Setembro Musealização da empreendimento sob a responsabilidade
patrimônio de São Paulo
Pirassununga de 2008 Arqueologia do Departamento de Estradas e
todos
Rodagem (DER-SP), município de
Pirassununga, Estado de São Paulo
(2006)

Municípios de 2008 -
Olímpia, atual (em
De bem com o Ação educativa Programa Guarani de Gestão dos
Barretos, São Paulo fase de
passado integrada Recursos Arqueológicos (2008-atual)
Colina, Tanabi desenvolvi
e Pedranópolis mento)

Programa de Prospecções
Município de Março e Arqueológicas – Parque Fonte
Amigos do Rio Grande Ação educativa
São Miguel das Abril de Missioneira, Município de São Miguel
Patrimônio do Sul integrada
Missões 2009 das Missões, Rio Grande do Sul (2008-
2009)

Programa de Resgate Arqueológico –


Distrito Industrial de Jeceaba, Município
2009 (em
Município de de Jeceaba, Minas Gerais (2007-2009)
Conexão Minas fase de Musealização da
Jeceaba e Programa de Resgate e Monitoramento
Arqueologia Gerais concepçã Arqueologia
Entre Rios Arqueológico – Linha de Transmissão de
o)
345kV, Municípios de Congonhas e
Jeceaba, Minas Gerais (2009-atual)

Programa de Resgate Arqueológico do


2009 (em Sítio Cerne 1 – Rodovia PR-090
Arqueologia nos
Município de fase de Ação educativa (Estrada do Cerne), Trecho 2ª Ponte
caminhos do Paraná
Campo Largo concepçã integrada sobre o Rio do Cerne – Boa Vista,
cerne
o) Município de Campo Largo, Paraná.
(2009-atual)

“Arqueologia no Campus” Etapa 1:


2009 (em
Programa de Prospecções
Arqueologia no Município de fase de Musealização da
São Paulo Arqueológicas na Área Histórica –
Campus Botucatu concepçã Arqueologia
UNESP, Campus de Botucatu, Município
o)
de Botucatu, São Paulo (2007-atual)

Municípios
onde foram
localizados
sítios 2009 (em
Ceará, Programa de Gestão do Patrimônio
Nos Trilhos da arqueológicos fase de Musealização da
Pernambuc Arqueológico da Ferrovia
História no âmbito do concepçã Arqueologia
o e Piauí Transnordestina (2007-atual)
licenciamento o)
do
empreendiment
o

A escolha de uma determinada categoria de projeto tem envolvido, por sua vez, às seguintes
variáveis:
ƒ Escala do projeto de licenciamento arqueológico – projetos de escalas diferenciadas
possibilitam ações também diversificadas. Em uma escala crescente temos: 1) divulgação e
sensibilização; 2) ação educativa integrada 3) musealização da arqueologia. Esse último
envolve necessariamente o reforço da instituição museológica envolvida, como determina a
Portaria IPHAN 230/02. Considero que tal ação deve implantar e/ou reforçar a cadeia
operatória de procedimentos museológicos, envolvendo uma perspectiva continuada e
interdisciplinar. Contudo devemos apontar que temos um número crescente de projetos de
arqueologia de pequeno e médio porte que não sustentam tais ações, mas podem promover
processos de divulgação e educação que também um papel importante na democratização do
patrimônio e conhecimento arqueológico.
ƒ Contexto de atuação – é importante considerar o perfil da comunidade onde se vai atuar,
assim como a necessidade de uma perspectiva mais horizontal ou vertical no projeto,
considerando a demanda da comunidade por uma ou outra ação. Em grandes cidades os
eventos de ampla abrangência (por ex, o Arqueobus que atingiu milhares de pessoas), voltados
à divulgação científica, promovem resultados interessantes. Também é importante considerar
a relação que a comunidade mantém com o empreendimento alvo de licenciamento.
ƒ Instituição de endosso – a localização e o perfil da instituição que deu endosso ao projeto, ou
seja, que vai guardar o patrimônio arqueológico resgatado tem peculiar importância.
Empreendimentos de pequena ou média escala localizados em regiões que não possuam
instituições museológicas fornecem desafios específicos, pois nesses casos há um afastamento
entre a ação educativa e demais pontos da cadeia operatória museológica.

Figura 1. Cadeia operatória museológica baseada em Bruno (2006). As informações em azul correspondem aos
procedimentos específicos nos projetos de arqueologia preventiva.

Dentre os projetos apontados na Tabela 1, aqueles classificados como “musealização da


arqueologia” englobaram, além da divulgação cientifica e das ações educativas integradas, a
viabilização da permanência dos acervos na instituição local (exceto no município de Pirassununga8) e
a montagem de exposição de longa-duração na referida instituição.
No caso dos municípios de Monte Mor e Araraquara, as atividades de musealização da
arqueologia envolveram a produção de materiais (painéis, folders ou cartilhas) em parceria com a
direção do Museu Municipal Elisabeth Aytai e Museu Histórico Pedagógico Voluntários da Pátria,
respectivamente. O financiamento desses materiais veio de endossos fornecidos por essas instituições.
Nesses casos, embora não tenhamos atuado em toda a cadeia operatória desses museus, vislumbramos
seu fortalecimento a partir das ações desenvolvidas.
Passemos a uma análise mais verticalizada de três projetos dentre os mencionados, cada um
deles inserido em uma categoria específica.

Reflexões

Dentre os projetos classificados como Divulgação e Sensibilização optei pela análise do


projeto Trabalho e Arte no Sertão Antigo. Essa ação objetivou a sensibilização das comunidades das
agrovilas do assentamento Nova Esperança II, no município de Olho d’Água do Casado (Alagoas), no
que tange ao patrimônio arqueológico localizado no interior do assentamento.
A realidade arqueológica é caracterizada por mais de uma dezena de sítios de arte rupestre
espalhados em vários pontos do assentamento do INCRA.
A pesquisa arqueológica em tela não consistiu em um projeto de Arqueologia Preventiva,
tendo sido desenvolvida a partir da iniciativa da Superintendência Regional do IPHAN em Alagoas9.
O “Programa de Diagnóstico e Ações Emergenciais em Sítios Rupestres. Municípios de Olho D'água
do Casado e Delmiro Gouveia” envolveu uma série de ações: Levantamento dos sítios arqueológicos
rupestres na região do Talhado; Geração de uma metodologia de diagnóstico replicável no
monitoramento contínuo do patrimônio em tela; Identificação dos fatores de degradação dos sítios e
registros rupestres; Intervenção emergencial para redução e/ou eliminação de vetores de degradação
biológicos e físico-químicos; Criação de um prognóstico para conservação dos sítios rupestres em
curto, médio e longo prazo. Além dessas atividades o projeto envolveu uma ação piloto de educação
patrimonial junto à comunidade envolvida – alvo desse texto, e a proposição de roteiro de visitação
tendo em vista o uso público dos sítios identificados. Mesmo não envolvendo a musealização dos
sítios arqueológicos, esse foi o modelo norteou as ações desenvolvidas, entendidas como precursoras
de um programa mais amplo.

8
No caso do município de Pirassununga tem sido realizado um projeto devotado a estruturação de um plano museológico
para a cidade, com ênfase nos recursos arqueológicos, no âmbito de minha pesquisa de doutoramento.
9
Projeto submetido e contratado pela 17ª Superintendência Regional do IPHAN, em Alagoas, contando para tal com
autorização federal de pesquisa concedida por meio da Portaria IPHAN/ MinC nº 14, de 23 de Janeiro de 2007. Processo nº
01403.000077/2006-11. O diagnóstico foi realizado pelo arqueólogo Antônio Cavalheiro, Ms. A coordenação geral dos
trabalhos ficou a cargo de Paulo Zanettini.
O tema “Trabalho e Arte” foi o conceito gerador do material de apoio, que trazia elementos da
cultura nordestina associados a algumas figuras presentes nos sítios rupestres da região, visando uma
aproximação com a população local por veio da valorização expressa do trabalho humano. A ligação
com o território e com a terra – conquista recente daquelas famílias, também foi um conceito
importante. O projeto envolveu os seguintes eixos de ação:
ƒ Reuniões com as três Associações de Produtores Rurais do Assentamento Nova
Esperança II;
ƒ Reunião e Visita Monitorada aos Sítios Arqueológicos com grupo de jovens das
agrovilas “Juventude e Atitude”;
ƒ Oficina de Arqueologia na Escola Municipal Antenor Serpa - Olho d’ Água do
Casado.
Essas ações contaram com uma ampla participação de lideranças da comunidade, envolvendo
a participação de 120 pessoas. Encontramos uma comunidade crítica e participativa10 que nos apontou
alguns encaminhamentos, como por exemplo, a necessidade de uma associação para implantação de
um projeto de uso público desses sítios por meio de um programa de Turismo Cultural, cuja fase
preliminar foi executada em 2008, dando continuidade à ação em tela.

Figuras 2 e 3. Logomarca do programa e imagem da visitação aos sítios arqueológicos com grupo de jovens

Como potencialidades podemos indicar a existência de uma realidade arqueológica de alta


significância científica - dada a variabilidade dos sítios rupestres identificados, e de uma comunidade
envolvida com a preservação desse patrimônio. A necessidade de políticas públicas voltadas à questão
e o fato de que o turismo arqueológico deve ser implantado de forma coerente e sustentável, não
trazendo assim os resultados econômicos imediatos que a comunidade almeja, constituem desafios11.

10
Cabe destacar que embora o projeto de diagnóstico e ações emergenciais tenha sido concebido devido principalmente à
informação de que os moradores estariam causando um impacto negativo nos sítios rupestres, a avaliação mostrou que o
impacto antrópico era menor que o impacto físico-químico e biótico
11
A ação pontual aqui discutida teve continuidade em 2008 no âmbito do “Projeto Circuito Arqueológico do Sertão
Alagoano, Municípios de Delmiro Gouveia, Olho d’Água do Casado e Piranhas”. Portaria nº4 de 31 de Janeiro de 2008.
Anexo I, Projeto 09 (Processo IPHAN nº01403.000057/2007-13). A execução dos trabalhos ficou a cargo de Louise Prado
Alfonso, Ms., sob a coordenação de Paulo Zanettini, Dr.
Passemos a um estudo de caso associado a uma ação educativa integrada. O projeto aqui
denominado “Arqueologia na Praça” está associado ao licenciamento arqueológico das Pequenas
Centrais Hidrelétricas Cachoeira da Lixa, Colino I e Colino II, nos Municípios de Itamaraju, Jucuruçu
e Vereda, sudeste da Bahia12.
A realidade arqueológica é formada por três dezenas de sítios arqueológicos identificados e
resgatados no âmbito do programa mencionado. Essa pesquisa inaugurou os estudos arqueológicos na
região. Essas referências são caracterizadas, sobretudo, por vestígios líticos lascados, tendo sido obtida
uma data de 7700 anos para um dos sítios estudados.
A concepção do programa partiu de um levantamento preliminar das características
socioeconômicas e culturais dos municípios envolvidos, inseridos no extremo sul do estado da Bahia.
Foi diagnosticada uma carência de equipamentos públicos no campo da cultura. Cabe ressaltar que, a
despeito dos recursos escassos, a região conta com diversas referências patrimoniais, ainda pouco
documentadas, dentre as quais destacam-se os bens paisagísticos, a sua arquitetura vernacular, as
formas de expressão, suas celebrações, ofícios e modos de fazer. Assim, além da difusão do conteúdo
eminentemente arqueológico buscou-se dar à ação uma perspectiva mais ampla, de fomento à
discussão em torno do patrimônio cultural que esta região detém.
A carência de espaços e instituições dedicadas à divulgação do patrimônio cultural e
perpetuação das identidades e memórias (museus, casas de cultura, etc.) indicou a linha estratégica que
norteou o conjunto de ações encetadas, fundando-as na mobilidade, a partir da apropriação de espaços
públicos como a rua e a praça enquanto zonas naturais de convergência da população e, portanto
privilegiados para ações dessa natureza.
As ações educativas integradas envolveram a concepção de material de apoio (folder em
formato de jornal e kit do multiplicador para as oficinas), o estabelecimento de parcerias com as
prefeituras, a elaboração de uma mostra itinerante – que ocupou praças públicas dos três municípios e,
ainda, a realização de oficinas com educadores e lideranças locais.
A mostra itinerante foi visitada por cerca de 720 pessoas, considerando apenas aquelas que
assinaram o livro de visitas, e as oficinas atingiram 168 pessoas.

A opção por uma Mostra Itinerante instalada em locais de alta circulação revelou-se eficaz,
uma vez que atingiu a um público bastante heterogêneo. As informações registradas no Livro de
Visitas (Nome, Idade e Ocupação) mostram o caráter plural do público atingido pela mostra,
envolvendo alunos, professores, donas de casa, pedreiros, marceneiros, comerciantes, entre outros. A
presença de um monitor em tempo integral permitiu que interesses/ dúvidas fossem aprofundados a

12
Programa inserido no licenciamento de pequenas centrais hidrelétricas, de responsabilidade da Renova Energia. Portarias:
Cachoeira Da Lixa: Portaria nº 264, de 22 de Dezembro de 2003, Prorrogação: Portaria nº 133, de 19 de abril de 2004,
Prorrogação: Portaria nº 214, de 4 de agosto de 2006; Colino I: Portaria nº 265, de 22 de Dezembro de 2003, Prorrogação:
Portaria nº 134, de 19 de abril de 2004 e Prorrogação: Portaria nº 216, de 4 de agosto de 2006 e; Colino II: Portaria nº 266, de
22 de Dezembro de 2003, Prorrogação: Portaria nº 135, de 19 de abril de 2004 e Prorrogação: Portaria nº 218, de 4 de agosto
de 2006. As ações educativas contaram com a monitoria do arqueólogo Luiz Antônio Pacheco.
partir da experiência de vida de cada participante. Ou seja, os resultados demonstram que ações
educativas desenvolvidas fora de “espaços culturais formais” constituem opções metodológicas
interessantes. Vale pontuar que a matéria jornalística simulando o calor da hora da pesquisa já
concluída contribuiu nesse sentido.

Figuras 4 a 6. Folder de divulgação em formato de jornal e imagens da visitação à mostra itinerante

As fichas de avaliação das oficinas mostram que os grupos participantes acharam a temática
importante, embora a imensa maioria não tenha tido informações anteriores sobre o patrimônio
arqueológico. Desse modo, muitos indicam a necessidade de realização de novas ações dessa natureza,
objetivando o aprofundamento do tema, sendo esse um dos desafios apresentados por esse contexto. O
fato do acervo ter sido deslocado do local da pesquisa - os quais encontram-se sob salvaguarda do
CECH – Centro de Estudos das Ciências Humanas sediado em Salvador e responsável pelo endosso
institucional ao programa, consiste em um desafio a ser superado. No caso em epígrafe o
licenciamento arqueológico de médio porte, não poderia englobar a criação e manutenção de uma
instituição para salvaguarda do acervo, sem a existência de parcerias com poderes públicos municipais
ou organizações não governamentais (pouco atuantes na área). A criação de unidades museológicas
poderia inclusive colaborar para a preservação das referências culturais do município, para além do
patrimônio arqueológico. A criação e manutenção de instituições locais é o tema de nosso último
estudo de caso.
Optei por apresentar como exemplo de musealização da arqueologia o projeto desenvolvido
em Sauípe entre 2006 e 2007, aqui intitulado “O homem do Litoral Norte: permanências e mudanças”,
denominação da exposição de longa duração montada na unidade museológica local.
A realidade arqueológica em epígrafe é formada por mais de cinqüenta sítios arqueológicos
estudados em três projetos de licenciamento arqueológico: o projeto de resgate arqueológico no
âmbito do complexo hoteleiro13, o projeto de resgate no âmbito do condomínio Quintas de Sauípe14 e,
por fim, o estudo realizado no quadro da duplicação da Rodovia BA-09915. As pesquisas
arqueológicas resultaram na identificação de cenários de ocupação bastante diversificados, desde
grupos caçadores que ocuparam o atual litoral norte baiano desde 3300 anos, passando por grupos
ceramistas associados genericamente as tradições Aratu e Tupiguarani, passando pelas ocupações
coloniais sob a influência da Casa da Torre de propriedade de Gárcia D´Ávila, chegando até o início
do século XX. Nesse sentido, cabe destacar que as pesquisas direcionam o olhar arqueológico também
para ocupações mais recentes, colaborando para ampliação do conhecimento sobre essas ocupações e
evidenciando o papel da arqueologia no estudo de comunidades negligenciadas pelos estudos
históricos.
O modelo de musealização da arqueologia preventiva esteve baseado em uma concepção
tecnológica16, que visava demonstrar a relação entre sociedades humanas e território. Assim, o modelo
museológico visou aproximar a comunidade da arqueologia e da história local através da vida de seus
diversos habitantes ao longo do tempo (cenários de ocupação). Ademais, pretendia-se mostrar uma
visão ampla da atividade do arqueólogo enquanto cientista social voltado ao estudo das sociedades
independentemente de sua cronologia.
A proposta metodológica consistiu na integração das referências e coleções arqueológicas
advindas da Arqueologia Preventiva no “Museu de História Natural” inaugurado em 2007 no Parque
Sauípe. Cabe destacar que o patrimônio arqueológico foi inserido em um perfil institucional herdado,
uma vez que a concepção dessa instituição já estava em andamento quando vimos integrar o processo.
A execução do projeto de intervenção, dividido em duas etapas, contou com a parceria entre a
Zanettini Arqueologia e Via Gutenberg. A primeira etapa consistiu em uma ação educativa realizada
no stand de vendas dentro do complexo hoteleiro. Essa ação envolveu a concepção de uma exposição
voltada ao público infanto-juvenil (“Sauípe 3300 anos”), elaboração de material didático de apoio,
realização de oficinas com educadores e realização de visitas monitoradas à exposição dos alunos das
escolas públicas do município de Mata de São João. A segunda etapa envolveu a reunião, tratamento
curatorial e transferência dos acervos ao Museu de História Natural, instituição mantida pela CETREL
– Proteção Ambiental e pelo INCECC (Instituto Corredor Ecológico Costa dos Coqueiros). Essa etapa
também envolveu a concepção do Espaço Arqueológico com a montagem da exposição de longa-

13
O Salvamento e Monitoramento Arqueológico Projeto Ecoturístico Costa do Sauípe, Bahia foi realizado sob a coordenação
de Paulo Zanettini e Erika Robrahn-González, Dra. por meio de contrato com a Construtora Norberto Odebrecht/Bahia.
Autorização Federal de Pesquisa (IPHAN/MinC): Portaria nº 59, de 28 de Novembro de 1997.
14
O Programa de Resgate e Monitoramento Arqueológico – Empreendimento Quintas de Sauípe, Município de Mata de São
João, Bahia foi realizado no âmbito do contrato com Construtora Norberto Odebrecht S/A. Autorização Federal de Pesquisa
(IPHAN/MinC): Portaria nº 349, de 7 de Novembro de 2006. A coordenação científica dos trabalhos ficou a cargo de Paulo
Zanettini, Dr..
15
O Programa de Resgate e Valoração do Patrimônio Arqueológico – Duplicação da Rodovia BA 099 (Trecho Jacuípe –
Praia do Forte), Municípios de Camaçari e Mata de São João, Bahia foi realizado no âmbito do contrato com a
Concessionária Litoral Norte S/A – CLN. Autorização Federal de Pesquisa (IPHAN/MinC): Portaria nº 314, de 11 de
Outubro de 2006 (Renovação). Os trabalhos foram coordenados por Paulo Zanettini, Dr.
16
Pomian (1988) diferencia os museus de Arqueologia em arqueológico-artísticos e arqueológicos-tecnológicos (Apud
Bruno 1995: 45)
duração “O homem do Litoral Norte: permanências e mudanças”, e a transferência da mostra “Sauípe
3300 anos” para o mezanino do espaço.
As ações sócio-educativas culturais realizadas ao longo do processo envolveram a capacitação
de 69 profissionais de ensino e o atendimento de 550 alunos da rede pública. A integração dos acervos
arqueológicos no Museu envolveu o tratamento de 47000 peças. Por fim, em dezembro de 2007 foram
efetuadas ações complementares de salvaguarda e comunicação no Espaço Arqueológico, com
treinamento da equipe do museu, concepção de material de divulgação e de kit de réplicas
arqueológicas.

Figuras 7 e 8. Imagens da exposição Sauípe 3300 anos no stand de vendas do empreendimento Quintas de Sauípe e
da exposição de longa duração do Espaço Arqueológico do Museu Sauípe

Como potencialidade desse estudo de caso, destaco a diversidade das evidências resgatadas as
quais contribuem para a compreensão da ocupação desse território ao longo do tempo. Ademais, a
análise arqueológica de períodos menos recuados no tempo incrementou a interação com a
comunidade. Os desafios são inúmeros: a vocação turística da região não tem ocorrido harmonizada
com desenvolvimento sustentável da comunidade; a unidade museológica proporcionou a junção dos
acervos advindos da Arqueologia Preventiva, mas a falta de uma equipe de arqueologia sediada no
museu faz com que apenas ações educativas se dêem de maneira continuada, não atendendo os demais
pontos da cadeia operatória museológica e resultando também em uma carência de pesquisas de longo
termo que abordem o patrimônio arqueológico em interação com as identidades locais.

Retroalimentação

A partir dos projetos de intervenção apresentados vemos que o desenvolvimento de práticas


educativas continuadas no âmbito da Arqueologia Preventiva consiste em um desafio significativo. A
continuidade almejada, característica de um processo educativo efetivo, só pode ser atingida a partir
do momento que reconheçamos o caráter pontual das nossas ações e busquemos a interação com
instituições museológicas locais, visando o aprimoramento da cadeia operatória museológica como um
todo, e não apenas de um de seus elos.
A interação entre equipes de arqueologia e instituições locais esbarra no distanciamento,
configurado historicamente, entre Arqueologia e Museologia (Bruno, 1995). A Arqueologia
Preventiva tem agravado esse quadro anterior, pois, muitas vezes, o local de pesquisa e a instituição de
endosso estão a quilômetros de distância, o que inviabiliza uma cadeia operatória eficaz. A legislação
atual não oferece parâmetros para que instituições de endosso e equipes de arqueologia trabalhem de
modo conjunto, sendo que as primeiras são colocadas com agentes passivos nesses processos,
funcionando apenas como instituições depositárias a quem cabe o ônus da guarda dos acervos (ver
Costa, 2007)
Embora os projetos de intervenção apresentados não consistam efetivamente em programas
educativos de longo-termo, a interação com unidades museológicas locais, quando viável, possibilitou
que tais ações funcionassem como sementes, algumas mais, outras menos fecundas, mas todas
significativas do ponto de vista da continuidade das iniciativas encetadas pela Arqueologia Preventiva.
Os milhares de vestígios advindos das pesquisas arqueológicas, agora definitivamente
espalhadas por todo o Brasil, ganham sentido ao serem explorados a partir de uma perspectiva
museológica contemporânea que visa à construção de uma nova prática social a partir de ações de
preservação do patrimônio cultural.
Isso não significa que ações de divulgação científica e de educação patrimonial não sejam
bem-vindas. Tais programas compõem a mencionada cadeia operatória museológica. Acredito que a
Arqueologia Preventiva tem ocupado papel importante no aumento de programas educativos, mas
devemos estar cientes das armadilhas que pontuamos no início desse texto. Finalizo apresentando três
eixos que podem retroalimentar de maneira significativa o quadro em epígrafe:
Aprimoramento teórico-metodológico constante: equipes que atuam na arqueologia
preventiva deveriam contar com profissionais devotados a reflexões conceituais e metodológicas sobre
o processo museológico e educativo. Assim como em outras etapas da Arqueologia Preventiva, a
interação com projetos de pesquisa “acadêmica” oferece o campo de reflexão que o cotidiano
empresarial não possibilita. No âmbito da Zanettini Arqueologia, o desenvolvimento de projetos que
não estão associados ao licenciamento ambiental, como por exemplo, o “Trabalho e Arte no Sertão
Antigo” e, recentemente, a ação educativa “Amigos do Patrimônio” em São Miguel das Missões, me
possibilitaram uma vivência em projetos diferenciados que muito colaboraram na retroalimentação da
minha prática cotidiana;
Planejamento: essa etapa, primordial na cadeia operatória museológica (ver Figura 1), tem
sido realizada em prazos curtos que não permitem um diagnóstico acurado da realidade museológica
onde se pretende intervir. Optamos em alguns projetos de maior vulto, como no licenciamento da
Ferrovia Transnordestina, pela realização de uma etapa de diagnóstico - de 12 meses no caso
mencionado, a qual visa à construção do programa de musealização do patrimônio arqueológico em
tela;
Avaliação qualitativa: a avaliação constitui-se em atividade essencial a qualquer ação
educativa, contudo, ainda é pouco praticada em programas de educação patrimonial17. Para Almeida
(2006) a meta principal da avaliação é produzir informações de qualidade para tomada de decisões,
seja em um museu ou em outras instituições culturais e educacionais. Na figura 1 indiquei dois tipos
de avaliação: uma denominada “Retroalimentação do Programa” que ocorre durante o projeto de
intervenção, possibilitando a correção de rumo imediata e outra que chamei de “Retroalimentação da
equipe” que consiste na avaliação realizada após o término do projeto, que fornece insights para o
aprimoramento das ações em projetos futuros naquele e em outros contextos. Diante da lacuna
observada na bibliografia pertinente, tenho utilizado o método de avaliação apresentado pelo projeto
do Conselho de Museus, Arquivos e Bibliotecas da Grã-Bretanha, denominado Learning Impact
Research Project – disponível na Internet. Essa ferramenta busca avaliar o aprendizado de forma mais
ampla, para além dos “conteúdos”, para isso o projeto sugere uma abordagem nomeada Generic
Learning Outcomes (GLO), ou Resultados Genéricos de Aprendizado, propondo cinco resultados para
processos de aprendizagem em museus, arquivos e bibliotecas, a seguir explicitados: conhecimento e
compreensão; saberes e aptidões; atitudes e valores; prazer, inspiração e criatividade; atividade,
comportamento e desenvolvimento.

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Museus da cidade de São Paulo. Mesa 2: Avaliação de Ações Educativas em Museus Disponível
em http://www.forumpermanente.org/.event_pres/encontros/dim-educ/doc/mesa2/a-mortara-
apres
ALMEIDA, Márcia Bezerra. 2002. O australopiteco corcunda: as crianças e a arqueologia em um
projeto de arqueologia pública na escola. Tese apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de doutor, São Paulo.
BRUNO, Maria Cristina de Oliveira. 1984. O museu Instituto de pré-história: um museu a serviço da
pesquisa científica. Dissertação de apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de mestre, São Paulo.

17
No âmbito das ações educativas associadas ao patrimônio arqueológico contamos apenas com alguns exemplos no contexto
brasileiro (Bruno 1984; Almeida, 2002; Cury 2005). Enquanto Bruno (1984) apresenta a avaliação do programa de
comunicação museológica do Instituto de Pré-História, avaliando um período de cinco anos, Cury (2005) apresenta uma
análise voltada à percepção da exposição por parte dos visitantes do Museu de Arqueologia de Ouroeste. Por outro caminho,
Almeida (2002) realizou uma análise detalhada da recepção e percepção de um projeto de arqueologia pública em uma escola
do Rio de Janeiro. No que se refere aos projetos de arqueologia preventiva, as lacunas com relação à avaliação da real
abrangência dos programas de educação patrimonial são ainda imensas
BRUNO, Maria Cristina de Oliveira. 1995. Musealização da Arqueologia: um estudo de modelos para
o Projeto Paranapanema. Tese apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de doutor, São Paulo.
BRUNO, Maria Cristina de Oliveira. 1997. Museologia e Museus: Princípios, problemas e métodos.
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BRUNO, Maria Cristina de Oliveira. 2000. A luta pela Perseguição ao Abandono. Tese apresentada
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