Sie sind auf Seite 1von 17

1 LEONORA FERREIRA SOUZA

Sumario

ÍNDIOS BRASILEIROS ........................ .......................... 03


O Índio e a Chegada dos Portugueses ..........................
Sociedade Indígena .......................... ..........................
A Guerra e a Antropofagia .......................... ....................04
Herança Cultural .......................... ..........................
Nações Indígenas .......................... ..........................
Confederação dos Tamoios .......................... .................05
História dos Índios Guarani.......................... ...................06
Companhia Mate Laranjeira .......................... ..................07
ESCRAVIDÃO INDÍGENA NO BRASIL COLONIAL .........
Coroa, Igreja e Escravidão Indígena .......................... .......08
Os Sete Povos das Missões.......................... ..........................
Tratado de Madri .......................... ................................09
Guerra Guaranítica.......................... ..........................
Tratado de Santo Ildefonso .......................... ..................10
RESERVAS INDÍGENAS .......................... ......................11
DIA DO ÍNDIO .......................... .....................................12
Importância do Povo Indígena .......................... ..............13

2 LEONORA FERREIRA SOUZA


ÍNDIOS BRASILEIROS
Os índios brasileiros formam hoje um contingente que representa 0,42% da
população brasileira. Entre os 305 diferentes grupos étnicos que vivem no
Brasil, encontram-se os Guajajaras, povo indígena mais numeroso do país,
que ocupam onze terras indígenas situadas nos estados do Amazonas e
Maranhão.
Vivendo em reservas indígenas, demarcadas pelo governo federal, ocupam
13% do território brasileiro. O maior número de indígenas brasileiros vive na
Região Norte do país (342,8 mil), e o menor na Região Sul (78,8 mil).
O Índio e a Chegada dos Portugueses
Quando os conquistadores portugueses chegaram ao Brasil, encontraram
uma população indígena que habitava o litoral. Os índios que Cabral
encontrou na Bahia pertenciam ao grupo linguístico tupi. Os contatos entre
índios e brancos foram razoavelmente cordiais e marcados pelo escambo, ou
seja, a troca de produtos. O trabalho de derrubar o pau-brasil e preparar a
madeira para embarque era feito pelos indígenas, em troca de roupas, colares,
espelhos, facas, serras e machados.
Quando o português implantou um sistema colonial e pretendeu transformar
o índio em escravo agrícola, segregando-os nos engenhos, privados da caça,
da pesca e da luta contra os inimigos, instalou-se uma guerra entre brancos
e índios. As populações indígenas perderam suas terras e sofreram um
aniquilamento progressivo. A escravidão indígena ocorria onde os colonos não
tinha recursos para comprar escravos negros. A capitania de São Vicente (São
Paulo), nos séculos XVI e XVII, foi o maior exemplo disso. De lá partiram as
Bandeiras de caça ao índio, que promoviam verdadeiras guerras de
extermínio.
Sociedade Indígena
O índio brasileiro vivia em regime de comunidade primitiva, onde prevalecia a
ausência de propriedade privada e a produção era comunitária. O trabalho
era dividido de acordo com o sexo e a idade. As mulheres cuidavam da lavoura,
das crianças e cozinhavam. Plantava-se principalmente milho, feijão,
mandioca, cará, batata-doce, abóbora e tabaco. Os homens caçavam,
pescavam, construíam tabas, guerreavam e preparavam o solo para a lavoura.
A alimentação obtida na caça, na pesca, na coleta e na lavoura era dividida
entre todos os membros da comunidade.
Os índios moravam em ocas, onde dormiam em redes e esteiras. As ocas eram
construídas de sapé ou de palmeira. Eram distribuídas em volta de um grande
círculo, onde os índios faziam suas refeições e suas cerimônias religiosas. O
conjunto de ocas formava a aldeia ou taba. Várias tabas formavam uma tribo
e um conjunto de tribos formava uma nação.
Os índios adoravam vários deuses, admitiam uma trindade superior composta
por Guaraci (o sol), Jaci (a lua) e Perudá ou Rodá (deus do amor). Adoravam
3 LEONORA FERREIRA SOUZA
as forças da natureza (vento, chuva, relâmpago, trovão) e tinham medo dos
maus espíritos. Jurupari era um espírito mau, provocava pesadelos e apertava
a garganta das crianças de noite. O chefe religioso da aldeia era o pajé, que
possuía poderes mágicos.
O casamento era monogâmico, embora os chefes tivessem tantas esposas
quanto pudessem sustentar. O número de esposas era fator de prestígio na
tribo. Entre os tupis era comum o casamento entre primos. Quando um jovem
desejava casar com uma moça de outro grupo, trabalhava para seu futuro
sogro por algum tempo. Para os carajás, era considerado apto para o
casamento o jovem que carregasse um tronco de madeira pesadíssimo e entre
os curinas, os noivos tinham que suportar uma surra de chicote.
A Guerra e a Antropofagia
Quando os índios necessitavam de novos campos de caça, em virtude da
escassez de animais, ou quando desejavam terras mais férteis, valiam-se da
guerra. Desenvolvia-se assim, geração após geração, um ideal guerreiro de
masculinidade, coragem e força.
A antropofagia entre os índios não era provocada pela ausência de alimentos.
Os índios devoravam seus semelhantes por dois motivos: vingança e culto aos
antepassados. Em algumas tribos devorava-se também os próprios membros
da tribo que faleciam de morte natural. Acreditavam que desta forma
assimilavam as virtudes do parente falecido.
Herança Cultural
Os costumes do povo brasileiro guardam muitas marcas da cultura indígena.
Entre elas destacam-se o uso da rede de dormir, a utilização do milho, da
mandioca, do guaraná e demais frutos nativos, a utilização de várias ervas
medicinais, as técnicas de fabricação de canoas, jangadas e de artefatos de
palha e cipó, a técnica da queimada das roças antes de fazer novo plantio etc.
A língua portuguesa falada em nosso país possui uma infinidade de palavras
de origem indígena: Iara, Jaci, Itu, Itapetininga, Anhanguera, tapioca, beiju,
pamonha, gamela, puçá, arapuca, dentre outras.
Os índios contribuíram para a formação da etnia brasileira. A união entre
índios e brancos, a princípio ilegítimas, deu origem ao mameluco ou caboclo.
Da união entre índios e negros, que ocorreu em menor grau, originou-se o
cafuzo ou caburé.
Nações Indígenas
De acordo com uma classificação tradicional, baseada em critérios
linguísticos, os índios do Brasil foram divididos em quatro grandes nações:
Tupi - espalhavam-se por toda a costa atlântica e várias áreas do interior;
Jê ou Tapuia - ocupavam o Planalto Central brasileiro;
Nuaruaque - ocupavam a Bacia Amazônica;
Caraíba - ocupavam o norte da Bacia Amazônica.
4 LEONORA FERREIRA SOUZA
Além dessas existem um grande número de nações menores. São 505 terras
reconhecidas, espalhadas por vários estados brasileiros. Ainda vivem no
Brasil um grande número de etnias que conservam sua cultura, entre elas:
Ianomâmi (Amazonas e Roraima), Guajajara (Amazona e Maranhão), Macuxi
(Amazonas e Roraima), Ticuna (fronteira entre Peru e Brasil), Terena (Mato
Grosso do Sul, São Paulo e Mato Grosso), Xavante (Mato Grosso) e Pataxó
(Bahia).
Confederação dos Tamoios
Entre os anos de 1554 e 1575 o litoral foi lugar de entrada dos europeus. Os
Tupinambá, uma raça guerreira e destemida que vivia sobre os princípios de
suas crenças, estabelecendo a partir dela uma organização social, travou
contra os portugueses (Perós) uma guerra sem precedentes no litoral. Essa
parcela da família tupi, que queria ser chamada de tupinambá, hostilizava
sem descanso as demais tribos, devorando seus inimigos em rituais
antropofágicos, tão repelidos pelos jesuítas amigos dos portugueses.

As ações dos portugueses, apenas para atender a coroa, a captura e maltratos


aos indígenas, a tomada e devastação de suas terras, o uso de suas mulheres
como amantes, a queima de suas plantações, a perda da liberdade causaram
um grande descontentamento entre as tribos existentes. Vale lembrar que a
chegada dos portugueses ao Brasil, coincide , quase, com a chegada dos
franceses. Os dois começaram logo a explorar as riquezas existentes. Na
vastidão de nosso litoral, eles quase não se encontravam, quando isto
acontecia, o encontro era fatal. Portugal considerava a terra descoberta sua
propriedade e exclusividade da Coroa, tanto pelas concessões papais, pelo
tratado de limites com a Espanha e pela propriedade do descobrimento. Os
Mair viram nas terras novas muitas vantagens: matérias primas de boa
qualidade e não pagavam impostos. Com isto trataram de conquistar os
nativos, ao menos, de inicio, respeitavam muito sua forma de viver.

O litoral, ocupado por povos que falavam a mesma língua vinda de uma
mesma origem, tendo quase os mesmos costumes. Porém dentre estes povos
os tamoios constituíam várias tribos indígenas, uns se auto denominavam
Tupiniquim e outros Tupinambá, profundamente divididos por ódios
inconciliáveis.
Confederação dos Tamoios é a denominação dada à revolta liderada pela
nação indígena Tupinambá, que ocupava o litoral do Brasil entre Bertioga e
Cabo Frio, envolvendo, também, tribos situadas ao longo do Vale do Paraíba,
contra os colonizadores portugueses, entre 1554 e 1567.
Entre as práticas indígenas, estava a do cunhadismo, pela qual um homem,
ao se casar com uma mulher de uma determinada tribo, passava a ser
membro dessa mesma tribo. Aproveitando-se dessa prática, João Ramalho,
parceiro do governador da Capitania de São Vicente, Brás Cubas, casou-se
com uma filha da tribo dos tupiniquins. Através dessa parceria, João Ramalho
angariou um grande número de aliados para um ataque à aldeia dos
tupinambás, na tentativa de aprisioná-los e usá-los como mão de obra
5 LEONORA FERREIRA SOUZA
escrava. Eles capturaram o chefe da tribo, Cairuçu, e o mantiveram em um
cativeiro no território do governador Brás Cubas.
Preso em péssimas condições de sobrevivência, o tupinambá Cairuçu acabou
morrendo no cativeiro. Seu filho, Aimberê, de Uwa-ttybi, assumiu o comando
da tribo e declarou guerra aos colonos portugueses e à tribo dos tupiniquins.
Para fortalecer o levante, ele se reuniu com os membros tupinambás
Pindobuçu, de Iperoig, atual Ubatuba, e Cunhambebe (pai), de Angra dos Reis.
Cunhambebe assumiu a liderança da Confederação dos Tamoios e conseguiu
o apoio das tribos goitacás e aimorés. Neste momento, os franceses estavam
chegando no Rio de Janeiro, na intenção de colonizar territórios pertencentes
a Portugal e aos Tupis.
Para patrocinar o conflito contra os portugueses, o francês Villegaignon
ajudou os tupinambás oferecendo armamentos a Cunhambebe. Porém, uma
epidemia dizimou alguns indígenas combatentes, inclusive o líder
Cunhambebe, enfraquecendo enormemente o levante. Aimberê continuou a
revolta contra os portugueses e fez o possível para que os tupiniquins
lutassem a seu favor. Ele fez contato com o líder Tibiriçá, através do sobrinho
Jagoaranhó, e marcou um encontro para selar a confederação. Quando os
tamoios chegaram na aldeia, Tibiriçá se declarou fiel aos portugueses e matou
seu sobrinho, suscitando uma investida que dizimou grande parte da tribo
dos guaianazes.
Apesar do armistício de Iperoig, em 1563, os combates continuaram. Em
1567, a chegada de Mem de Sá ao território do Rio de Janeiro provocou a
derrota dos franceses e dos tamoios, encerrando o conflito..
História dos Índios Guarani
Migrar é um processo natural entre os guarani. Essa é a tática aplicada para
permitir a renovação do solo e garantir sua sobrevivência. A prática nômade
advém de sua característica essencialmente extrativista e ocorre há mais de 2
mil anos.
Esse traço cultural foi interrompido pela colonização. Após a chegada dos
europeus, grupos de guarani iniciaram um processo de migração para fugir
dos ataques, assassinatos e da escravidão.
Com a posse do território, contudo, não havia mais lugar para migrar, embora
alguns grupos ainda tendem a persistir.
No Estado de Mato Grosso do Sul, há sucessivos ataques aos indígenas sendo
a maioria dos grupos mbya, kaiowa e nhandeva. No estado, as áreas dos
indígenas deram lugar a fazendas de pecuária, soja e cana-de-açúcar.
A interrupção do processo de migração foi acentuada após a Guerra do
Paraguai, ocorrida entre 1864 e 1870.
Ao fim da guerra, o território foi negociado para ocupação e para a garantia
da exploração econômica. Entre os primeiros produtos explorados na região
está a erva-mate, ainda bastante consumida.

6 LEONORA FERREIRA SOUZA


Entre as décadas de 70 e 80, se inicia o processo de mecanização das culturas,
principalmente as de soja e cana-de-açúcar. Os produtos ainda são os
principais commodities agrícolas da região.
Companhia Mate Laranjeira
Em 1882, o governo brasileiro cedeu o território ocupado pelos guarani para
a implantação das lavouras de erva-mate. A solicitação foi feita por Thomas
Laranjeira, que fundou a Companhia Mate Laranjeira em 1892.
Obrigados a deixar o território, os indígenas foram acometidos de graves
problemas de saúde. O impacto social é sentido até os dias de hoje.
ESCRAVIDÃO INDÍGENA NO BRASIL COLONIAL
A escravidão indígena existe desde os primórdios da colonização portuguesa
no Brasil, sobretudo entre os anos de 1540 até 1570. Trata-se de uma
alternativa à mão de obra africana durante todo o período do Brasil Colônia.
Contudo, como os indígenas eram considerados súditos da Coroa portuguesa,
escravizá-los era relativamente polêmico. Mesmo assim, isso era legalmente
possível e foi prática recorrente até o final do século XVIII.
Principais Causas e Características
No início da colonização, a mão de obra indígena era utilizada na extração do
pau-brasil. Era recompensada pelo escambo de alguns objetos, tais como
facões e espelhos ou até aguardente.
Posteriormente, os índios passaram a ser capturados e empregados em
pequenas lavouras ou na coleta de “drogas do sertão”.
Como os escravos africanos eram caros demais para aqueles que possuíam
terra e a demanda por mão de obra somente crescia, a escravidão indígena
tornou-se uma alternativa.
Os senhores de engenho passaram a recorrer à escravização de índios por
meio de expedições conhecidas como “bandeiras de apresamento”.
Entretanto, impedimentos legais foram surgindo a partir do século XVI.
Conforme a lei, o índio somente poderia ser escravizado em situações de
“Guerra Justa”, ou seja, quando eram hostis aos colonizadores.
Apenas o Rei poderia decretar uma “Guerra Justa” contra uma tribo, apesar
de que Governadores de Capitanias também o tenham feito.
Além disso, outra forma de obter escravos indígenas era comprando os
prisioneiros de conflitos entre as tribos nas guerras intertribais, na chamada
“compra à corda”.
Não obstante, a mão de obra indígena era muito valorizada na povoação do
território ou para ocupar fronteiras. Era utilizada em larga escala em
combates, para conter escravos africanos ou para auxiliar os capitães do mato
na captura de escravos fugidos.

7 LEONORA FERREIRA SOUZA


Por fim, a escravidão indígena foi suplantada pela africana, pois se acreditava
que os índios não suportavam o trabalho forçado e acabavam morrendo.
Isso acontecia em decorrência do trabalho pesado ou vítimas de epidemias
contraídas do contato com o homem branco, gripe, sarampo e varíola.
Atualmente, sabe-se que os indígenas eram muito rebeldes, mesmo quando
eram punidos, além da possibilidade de fugirem para a mata, onde conheciam
o território melhor que o colonizador.
Coroa, Igreja e Escravidão Indígena
De partida, vale ressaltar que Coroa e Igreja se posicionavam de forma
ambígua quanto à escravidão indígena.
Mesmo assim, eles eram considerados aliados valiosos pelo Rei, como quando
os Tupiniquins se aliaram aos portugueses contra os Tamoios, os quais eram
aliados dos invasores franceses.
A Igreja combatia a escravidão, pois tinha todo interesse em catequizar os
índios, missão que ficou a cargo da Ordem Jesuíta, cujo expoente foi o Padre
Antônio Vieira. A Companhia de Jesus possuía vários assentamentos onde os
indígenas já se encontravam habituados ao trabalho e ao Cristianismo.
Nesses assentamentos, os índios estavam sujeitos ao ataque de colonos e
sobretudo dos bandeirantes, os quais capturavam os habitantes das missões
jesuíticas para que fossem escravizados.
Os Sete Povos das Missões
A região de Sete Povos das Missões resultou da estratégia do governo espanhol
para a colonização da região do Rio da Prata, na América Espanhola.
As regiões eram formadas por São Francisco Borja, fundada em 1682, São
Nicolau (1687) e São Luiz Gonzaga (1687). Eram integradas, ainda, por: São
Miguel Arcanjo (1687), São Lourenço Mártir (1690), São João Batista (1697) e
Santo Ângelo Custódio (1707).

Ruínas em São Miguel Arcanjo. Foto: Governo do Rio Grande do Sul

8 LEONORA FERREIRA SOUZA


As missões, também chamadas de reduções, foram fundadas e organizadas
por padres da Companhia de Jesus. As 30 reduções ocupavam os atuais
territórios de Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Em tais missões havia
índios de diversas etnias, mas a maioria era guarani.
Os índios guarani foram os primeiros a sentir o impacto do europeu com a
chegada dos padres jesuítas espanhóis em 1626.
Os jesuítas chegaram à região com o objetivo de catequizar e "civilizar" sob a
autoridade espanhola. A permanência, contudo, era conflituosa. Durante
século XVII, eram comuns as batalhas travadas entre bandeirantes e
indígenas.
Os conflito eram marcados pela destruição das missões e pelos primeiros
êxodos dos guarani. Nos períodos de paz, os indígenas retornavam ao local de
origem com o apoio dos jesuítas.
Entre os desafios dos padres jesuítas estavam os de convencer os índios de
que precisavam ser sedentários e monogâmicos. Os guarani são nômades e
poligâmicos. Além disso, são politeístas.
Alguns grupos ainda praticavam o canibalismo em cerimônias fúnebres até o
início da colonização.
As missões sofreram sucessivos ataques, principalmente pelos mercadores de
escravos. Como estratégia para livrar os índios, em 1818, os jesuítas
propuseram que os indígenas se tornassem vassalos do rei.
Os índios também recebiam treinamento militar. A estratégia foi aplicada
porque a área não estava demarcada de maneira clara e foi alvo de disputa
entre as coroas portuguesa e espanhola.
Havia dois tipos de missões. As missões orientais estavam nos territórios a
leste do rio Uruguai, na região que hoje é fronteira com o Brasil. As missões
ocidentais estavam na região que hoje é ocupada pela Argentina, nas margens
do rios Paraná e Paraguai.
No auge, a região de Sete Povos das Missões comportou 30 mil pessoas. Todos
eram indígenas, mas os padres espanhóis os administradores.
Tratado de Madri
A permanência das missões esteve no centro de sucessivas disputas
territoriais entre Portugal e Espanha.
Os conflitos começaram em 1680 e perduraram até 1750, quando foi assinado
o Tratado de Madri. O acordo redefinia a posse do território. Previa que a
Espanha deveria entregar a região de Sete Povos das Missões.
Portugal entregaria a área da província de Sacramento, na Argentina..
Guerra Guaranítica

9 LEONORA FERREIRA SOUZA


Os indígenas foram contrários aos termos do tratado e não aceitaram sair do
território. Em 1754, quando Portugal foi tomar posse do regiao, contou com o
auxílio do exército espanhol para fazer cumprir as determinações do acordo.
Na luta contra os indígenas, 20 mil indígenas morreram.
Tratado de Santo Ildefonso
O Tratado de Santo Ildefonso foi assinado em 1º de outubro de 1777 entre
Portugal e Espanha como forma de revalidar o Tratado de Madri.
A assinatura do acordo encerrava a disputa dos dois países pela colônia de
Sacramento. Pelo acordo, os espanhóis mantinham a colônia e a região dos
Sete Povos das Missões. Eles devolveram aos portugueses Santa Catarina e
reconheceram a soberania lusa sobre a margem esquerda do rio da Prata.
Curiosidades
A gestão governamental das missões obedecia à organização das cidades
espanholas. Cada uma possuía um chefe superior e havia prefeitos e
vereadores. Ambos formavam um conselho. Todos os cargos eram exercidos
por indígenas.
Na organização social imposta pelos jesuítas, não havia propriedade
particular. As ferramentas para o trato da terra era de uso coletivo.
Sob o comando dos religiosos, os indígenas aprenderam a lidar com a terra,
criar animais e a esculpir a madeira. A sociedade era dividida em classe
conforme o ofício e os artistas tinham status de nobreza.
A Coroa portuguesa permitia a escravidão indígena, enquanto o Império
espanhol os tornava automaticamente súditos do rei
As missões foram constantemente atacadas por bandeirantes em busca de
escravos para as colônias
A escravidão indígena foi proibida pela primeira vez por meio de Carta Régia
de 1570, a qual instituiu a “Guerra Justa” e a escravidão voluntária.
Todavia, falhas na Lei e a “vista grossa” das autoridades permitiam que a
sujeição dos povos indígenas fosse prática recorrente até fins do século XVII.
Em 1682 a Companhia Geral de Comércio do Estado do Maranhão é criada
para suprir a colônia com mão de obra africana e substituir o trabalho.
Mesmo assim, ela só vai ser combatida efetivamente a partir de 1757, por meio
de um decreto do Marquês de Pombal (1699-1782).
O MASSACRE DO ALTO ALEGRE
Uma rebelião de índios guajajara, no município de Barra do Corda, resultou
no maior massacre de índios contra brancos da história do Brasil. Além dos
religiosos italianos - quatro padres e sete freiras capuchinhas - que, cinco
anos antes, haviam fundado a Colônia de São José da Providência do Alto
Alegre, foram também mortos pelos índios as adolescentes de Barra do Corda

10 LEONORA FERREIRA SOUZA


e Grajaú que participavam do internato de meninas índias - cerca de 40 -, os
lavradores que moravam no povoado e os agricultores das vizinhanças,
também surpreendidos pelos ataques. Os guajajara mataram
aproximadamente 200 pessoas. Na opinião de estudiosos, a rebelião foi uma
reação dos guajajara contra o equivocado processo de evangelização e
civilização dos missionários capuchinhos, que exigia o afastamento das
crianças das aldeias. "Era uma violência", diz o antropólogo Mércio Pereira
Gomes, que está publicando o livro Tenetehara: o índio na História, estudo
sobre os guajajaras desde o seu primeiro contato com o colonizador, no século
XVI. Na época, o massacre repercutiu em todo o Brasil e foi considerado pelo
Papa Leão XIII como “as primícias do século XX”. Maior tribo do Maranhão,
com mais de 11 mil índios, os guajajara são ainda hoje, em consequência do
episódio, tratados com desconfiança e menosprezo pelas populações dos dois
municípios. Os capuchinhos, que no final dos anos 50 tentaram retomar o
trabalho missionário em Alto Alegre, desistiram duas décadas depois.
Pressionados pelos índios, tiveram que abandonar definitivamente o povoado,
em torno do qual foi formada nova aldeia indígena. Para evitar o acirramento
dos ânimos, os religiosos, que hoje mantêm um relacionamento cordial com
os índios a partir de suas paróquias de Barra do Corda e Grajaú, evitam falar
sobre o massacre de 1901.

José Pedro Araújo

Alto Alegre era uma comunidade rural à época pertencente ao município


de Barra do Corda, pequena e desconhecida no início do século XX. Perdida no
interior maranhense, ficaria conhecida, naquele inicio de século, no mundo
inteiro em decorrência de uma tragédia de proporções monumentais
deflagrada por índios da nação Guajajara.

Poucos anos antes, exatamente pela ocorrência de muitas tribos


indígenas na região, fora o local escolhido pelos Frades Capuchinhos para a
instalação de uma missão jesuítica e um colégio interno. De altíssimo nível
11 LEONORA FERREIRA SOUZA
para os padrões locais, e à falta de outro melhor também quanto à localização,
o internato logo chamou a atenção das famílias abastadas do interior
maranhense. Acorreram para lá filhas das melhores famílias, normalmente
meninas ainda na pré-adolescência.

Mas essa história teve início anos antes, quando o governo maranhense
estabeleceu contato com a Ordem dos Capuchinhos italianos, estabelecida na
região da Lombardia, para implantar um trabalho missionário no centro do
estado. Escolheram implantá-lo em meio aos índios. Talvez almejasse também
o governo o povoamento da região. Foi deste modo que, além das crianças
bem nascidas, os missionários acolheram muitos curumins. Tinham a intenção
de catequizá-los e educá-los dentro dos princípios e costumes dos cristãos. E
por isso cometeram um erro grotesco ao tentar mudar a forma de vida do
silvícola que prima mais do que tudo pela sua liberdade e pelos seus ancestrais
costumes.

Cegos às primeiras constatações, quando se depararam com muitas


dificuldades para retirar os pequenos índios das aldeias para levá-los ao
internato, os italianos ainda desenvolviam periódicas caçadas aos curumins, e
depois de conseguir alguns, quase pegos no laço, era os pequenos levados
para longe do seu habitat. Essas crianças eram retiradas à força dos braços
das mães, quase com requintes de violência.

A propósito disso, um dos frades italianos, em correspondência à família,


Frei Celso Uboldo, tocou nesse aspecto. Reclamou da insegurança sentida
quando das visitas às aldeias à cata desses pequenos aborígines. Na missiva
enviada ele dizia que “nas incursões realizadas ultimamente obtive 42
meninos; seis dos quais fugiram, dois foram para o céu, e os demais
aprenderam no instituto de uma maneira admirável. {...} mais de uma vez
corri perigo de ser flechado, mas Deus salvou-me”.

Mas nem o perigo que sabiam correr naquelas empreitadas, fizeram os


religiosos refluírem dos métodos empregados na catequese. Os cronistas da
época também acrescentam outras razões mais para o fato acontecido. Não
vamos enveredar por eles, contudo, para não nos alongarmos mais ainda.
Os recém-chegados talvez considerassem o progresso obtido com alguns
chefes indígena, como o maioral João Caboré, como exemplo de acerto no
método, apesar de tudo. Pois o cacique ficou tão próximo deles que acabou por
abandonar a crença indígena e adotar o catolicismo. Com isso, os velhos
costumes foram abandonados e ele, substituindo uma tradição milenar dos da
sua espécie, casou-se com uma só mulher, e no religioso. Abandonou as
outras.

Mas isso não durou muito. O apelo aos velhos costumes falou mais alto
e ele logo voltou a ter outras mulheres, como era comum entre os chefes
índios. E com isso atraiu a ira dos capuchinhos que, certo dia, aproveitando-se
de uma visita do chefe indígena ao povoado, aprisionaram-no e lhe impingiram
muitos castigos físicos. Caboré, após a sua soltura, reclamou muito junto às
autoridades barra-cordenses, e como não obtivesse resultado, chegou a
empreender cansativa e custosa viagem até a capital, São Luís, para reclamar

12 LEONORA FERREIRA SOUZA


junto às autoridades pela violência sofrida por ele. O resultado foi o mesmo.
Fizeram-lhe ouvidos de mercador.

Revoltado, Caboré retornou à região e passou a disseminar discórdia


entre as outras tribos. Encontrou campo fértil. O aprisionamento dos curumins,
por si só, já fizera seus estragos.
As notícias de que algo estava sendo tramado, chegou até ao convento,
levadas por uma velha cunhã catequisada e já completamente aliada aos
religiosos. Mas uma vez o inflado ego europeu fez com que suas admoestações
fossem relegadas ao descaso. Então o mundo desabou sobre o portentoso
arraial capuchinho.
Manhã de domingo, 13 de março de 1901, fazia um dia ensolarado e o
céu se achava quase sem nuvens, quando os capuchinhos deram início à missa
dominical. Celebrando o ato litúrgico, Padre Zacarias de Milengo. Foi nesse
instante que a tempestade Guajajara se abateu sobre todos. Chefiando um
grupo de enfurecidos guerreiros, João Caboré irrompeu na igreja e alvejou
primeiro o padre Zacarias, que tombou mortalmente por sobre o altar. Depois
foram sendo executados frei Salvador Albino, Frei Reinaldo de Paolo, frei Vitor
de Bergamo, irmão Pedro de Paula, e as irmãs, Inês de Milão, Leonora de
Torino, Maria de Gênova, Natália de Torino, Eufêmia de Torino e Ana do
Maranhão, segundo descreveria mais tarde o jornal O Norte, periódico barra-
cordense que circulava na época. Algumas crianças branca que estavam
naquela hora na capela também foram trucidadas a golpe de tacape, flechadas
e tiros de espingarda.

Enquanto isso, outros chefes lideravam grupos de índios pelo interior do


convento e adjacências. A maioria das meninas ainda se encontrava deitada
quando os indígenas irrompiam nos quartos e iam assassinando cada uma
delas. Foi um espetáculo dantesco. A morte caiu sobre o povoado provocando
uma onda de sangue da qual poucos escaparam, apenas os indígenas que
àquela hora desempenhavam suas tarefas na comunidade. A memória popular
conta que um dos atacantes tomou uma senhora das mãos de outro índio que
intentava matá-la. Essa senhora seria uma espécie de mãe adotiva para o
indígena. Esperançosa, a pobre mulher achegou-se a ele. Foi quando ouviu a
seguinte frase: “a senhora é a minha mãezinha, vou lhe matar bem
devagarzinho, viu?”. E consumou o ato perverso. Talvez essa história tenha
saído do imaginário popular. Mas, depois do que aconteceu ali, nunca se sabe.

Segundo as notícias do jornal O Norte, pereceram naquela manhã, cerca


de 200 brancos. Mas a Beata Rubatto, italiana, que disse ter recebido notícias
na época da madre superiora da ordem no Maranhão, afirmou que pereceram
261 pessoas. Foi o maior massacre de branco em todo o país, realizado pelos
indígenas. A resposta, entretanto, foi desproporcional. Cerca de oitocentos
índios acabariam mortos nos dias subsequentes. Mas o estigma gerou muitas
mortes depois disto. Por anos a fio. Não dá para contabilizar o saldo da terrível
carnificina acontecida na região do Alto Alegre, a que os capuchinhos italianos
passaram a chama “Massacro di Alto Alegre- il batesimo di sangue”.

13 LEONORA FERREIRA SOUZA


Dica de Filme
O filme "A Missão" está entre as principais obras que destacam os efeitos da
disputa entre portugueses e espanhóis pelo território de Sete Povos das
Missões.
A obra inglesa retrata o drama dos indígenas que fugiam da escravidão
portuguesa e permaneciam no centro da batalha territorial. Dirigido por
Roland Joffé, foi lançado em 1986.

RESERVAS INDÍGENAS
A situação agravou-se em 1943, quando o presidente Getúlio Vargas (1882-
1954) assinou o decreto de criação da Colônia Agrícola Nacional de
Dourados.
O objetivo do órgão era oferecer terra a famílias de migrantes de outras regiões
e países. Era mais uma tentativa de ocupar a região em um movimento que
ficou conhecido como Marcha para o Oeste.
Sucessivos programas de deslocamento foram implantados e resultaram em
mais deslocamentos forçados dos guarani.
Entre 1915 e 1928, o SPI (Serviço de Proteção ao Índio) demarcou oito terras
para abrigar o território guarani na área que hoje corresponde ao Estado de
Mato Grosso do Sul. As áreas totalizavam 18,1 hectares.
A estratégia foi usada para que, em pequena disposição de território, os
indígenas assimilassem a cultura envolvente (termo da antropologia usado
para falar do colonizador).
A manutenção dos indígenas nas áreas de proteção foi alterada pela imposição
da monocultura na região, na década de 70. Mato Grosso do Sul é um dos
principais produtores de soja do País.
Esse modelo de exploração resulta no esgotamento do terreno em
consequência do uso de defensivos agrícolas e da mecanização. A
biodiversidade local foi alterada e os deslocamentos de indígenas
prosseguiram.
Os índios kaiowá e os guarani estão entre os que conseguiram resistir. Foram,
contudo, explorados.
Na década de 80, o governo federal implantou o Proálcool. O programa tinha
como meta criar oferta e demanda para o biodiesel e ajudar a contornar a crise
do petróleo.

14 LEONORA FERREIRA SOUZA


No Mato Grosso do Sul, os índios passaram a trabalhar nas lavouras de cana-
de-açúcar. Não eram raros os casos de denúncia de exploração do trabalho
escravo.
Ainda na década de 80, guarani e kaiowá retomaram a posse de 11 terras
tradicionais. Juntas, as áreas totalizam 22,4 mil hectares e a posse foi
homologada após a Constituição de 1988.
Estudos antropológicos apontam que há mais terras tradicionais pertencentes
aos indígenas. O fim da disputa só ocorre após a homologação do governo
federal. Há um impasse entre os indígenas e proprietários de terras na região.
Em consequência da disputa, são constantes os conflitos armados nas
proximidades das aldeias. Entre 2003 e o primeiro semestre de 2006, 400
índios foram assassinados na região.
A reserva indígena da cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul, conta com
3,5 mil hectares. No local vivem 12 mil indivíduos de grupos distintos. Por
terem diferentes elementos sociais, não são raros os conflitos internos.

DIA DO ÍNDIO
O Dia do Índio é comemorado em 19 de abril e foi instituído no Brasil
durante o governo Vargas.
Escolas, entidades e diversos grupos indígenas realizam eventos a fim de
recordar a importância da cultura indígena na formação do povo brasileiro.
Em 19 de abril de 1940 foi realizado o "1.º Congresso Indigenista
Interamericano", no município de Pátzcuaro, no estado de Michoacán, no
México.
Assim, para celebrar este acontecimento, o dia 19 de abril foi a data foi
escolhida durante o governo de Getúlio Vargas (1883-1954), através do
Decreto-Lei n.º 5.540, de 1943.

15 LEONORA FERREIRA SOUZA


Delegação brasileira que foi ao Congresso Interamericano

Atividades para o Dia do Índio


Nas escolas é habitual que as crianças participarem neste dia de atividades
que remetem aos costumes indígenas.
Infelizmente, devido a influência americana, os alunos acabam copiando os
modelos dos Estados Unidos ao invés de valorizar a rica cultura indígena do
Brasil.
Por isso, algumas sugestões de atividades para celebrar o Dia do Índio:
Culinária: preparar algum alimento com mandioca, fazer alguma receita como
uma banana cozida com peixe.
Literatura e Língua Portuguesa: conta-contos de lendas indígenas e buscar
o significativo de palavras de origem indígena.
Esporte: realizar alguma modalidade que está prevista nos Jogos Indígenas
como lançamento de lança ou corrida com toras.
Arte: mostrar aos alunos fotos de diferentes etnias indígenas do Brasil (ou do
mundo) e pedir que eles a reproduzam em si mesmos. Lembrando que os
indígenas não pintam apenas o rosto, mas o corpo. Também é possível recorrer
à arte plumária indígena para a realização de trabalhos manuais.
Importância do Povo Indígena
O povo indígena foi parte importante na formação da cultura brasileira. Sua
influência se revela nos costumes, na alimentação, na língua e na mistura
étnica do povo brasileiro.
Podemos apontar o uso da rede de dormir, o artesanato de palha e cipó, a
fabricação de utensílios de cerâmica, com algumas dessas marcas.
Na culinária, temos as comidas feitas com milho, frutas e mandioca. Na
medicina, destaca-se o uso de ervas medicinais. Igualmente, no folclore
brasileiro, existem as figuras dos caboclinhos, os pajés, as lendas que contam
a origem de plantas como a vitória-régia e pássaros como o Uirapuru.
16 LEONORA FERREIRA SOUZA
Um número apreciável de palavras de origem indígena é integra o vocabulário
brasileiro: Maracanã, Ipanema, Itamaracá, Itu, pororoca, tucunaré, uirapuru,
caju, pitanga, Jaci, Iara, etc.
Existem no Brasil 896 919 índios de 305 etnias, que falam 274 idiomas e
vivem espalhados no país.
Em 2012 foi realizada uma pesquisa em 32 aldeias em todas as regiões do
país, onde foram entrevistaram 1 222 índios de vinte etnias.
O resultado da pesquisa revela que os índios querem progredir socialmente
por meio do trabalho e dos estudos, sem deixar de valorizar sua cultura.

17 LEONORA FERREIRA SOUZA

Das könnte Ihnen auch gefallen