Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
ADOLESCENTE
Maria Roseli Castilho Garbossa 1
1
Doutoranda em Letras pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras - nível de
Mestrado e Doutorado - área de concentração Linguagem e Sociedade da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná –UNIOESTE- câmpus de Cascavel, sob a orientação do Prof. Dr. Alexandre
Sebastião Ferrari Soares.
1
algumas sequências discursivas (SD) de edições do ano de 2009 e 2014.
Acreditamos ser possível, com esta organização, pensarmos (ainda que de maneira
inicial) o processo discursivo da Capricho sobre e para o adolescente como uma
manifestação ideológica, que, sob a aparente transparência da linguagem, produz
efeitos de sentido que são tomados como óbvios em determinada formação social.
Compreendida como “aquilo que pode e deve ser dito”, podemos dizer que é
a FD que controla o processo discursivo. Vale ressaltar, que a importância da noção
de FD para a AD é crucial, já que é ela que controla a produção do discurso por um
sujeito situado em um momento sócio-histórico-ideológico determinado. Pêcheux
(2009) conceitua como
2
O termo adolescente está tomado, neste trabalho, de maneira geral, sem distinção de gênero.
Pretendemos, em momentos posteriores, nos determos a esta questão.
2
(SD01) A máscara apenas nos cílios do canto externo finaliza o look. [...]
Quem deu as informações: Juliano Culkin, hairstylist do C.kamura
Campinas e Simone Barcelos, maquiadora do Escola Madre.
(CAPRICHO, julho de 2014, p.66, destaques nossos)
(SD02) Seu único papel em relação aos seus pais é ser filha. Portanto, por
mais que isso te afete, se eles casam, separam, namoram ou terminam,
isso é problema deles. [...] Quem deu as informações: Alexandra Ullmann,
psicóloga e advogada especialista em ações de família, Susan
Guggenheim, psicóloga e psicanalista, Vera Ramires, psicóloga e
pesquisadora, autora do livro Amor, Casamento, Família, Divórcio... e
Depois? e Nádia Moritz, psicóloga, terapeuta de família e facilitadora de
processos grupais. (CAPRICHO, agosto de 2009, p.89, destaques nossos)
3
Diante deste fato, tomado apenas a título de exemplo, nos reportamos a
Orlandi (2007), a qual assevera que, antes de analisar os discursos, é necessário
considerar que os mesmos não são mensagens a serem decodificadas e muito
menos uma forma de comunicação, mas efeitos de sentido que são produzidos em
condições determinadas e que significam a partir da relação entre o dizer e a sua
exterioridade, ou seja, as suas condições de produção: “Esses sentidos têm a ver
com o que é dito ali, mas também em outros lugares, assim como com o que não é
dito, e com o que poderia ser dito e não foi”. (ORLANDI, 2007, p.30)
4
como uma instituição competente, respeitada e, além disso, supostamente
conhecedora do seu público:
3
Disponível em: www.publiabril.com.br/marcas/capricho/revista/informacoes-gerais. (Destaques
nossos). Acesso em: 20/10/2014.
5
às necessidades primordiais como alimentação e saúde, por exemplo, sentidos
esses “puxados” pela memória discursiva para fortalecer os sentidos que se
pretende: a revista Capricho suprindo as necessidades básicas dos adolescentes
através das informações sobre celebridades, moda e beleza, comportamento,
atualidades, diversão e entretenimento.
4
Disponível em: http://capricho.abril.com.br/revista/historia.shtml. Acesso em: 15/07/2014.
6
que o periódico prega? Ele é o mesmo para todos os adolescentes? Os sujeitos
encaram os problemas da mesma forma? E mais ainda: o que é problema para um
também o é para o outro? Que grau de relevância os produtos anunciados têm na
vida de cada adolescente?
7
(CAPRICHO, julho de 2014, p.26 e p.83), da venda dos seus produtos (mais de 10
milhões vendidos em 2013) 5 ou do comércio da própria revista.
REFERÊNCIAS
5
Disponível em: http://www.publiabril.com.br/marcas/capricho/revista/informacoes-gerais. Acesso em:
04/08/2014.