dossier empreendedorismo

Alcino Castro
Presidente da Associação Portuguesa de Coaching e Desenvolvimento Pessoal –
Desperta Exemplos;
Autor da metodologia de Desenvolvimento Pessoal “ADORA A VIDA”;
Formador e Consultor na área das Organizações, Recursos Humanos e Formação
Comportamental para Desenvolvimento de Competências.

Tempos de mudança para o

Desenvolvimento Pessoal em Portugal
A Associação de Coaching e Desenvolvimento Pessoal Desperta Exemplos or-
ganizou o I Congresso Nacional do Coaching e do Desenvolvimento Pessoal no
passado dia 19 de outubro de 2019 na cidade do Porto. Os mais de 150 partici-
pantes no Congresso subordinado ao tema de fundo “Refletir para Agir” consi-
deraram que o mesmo foi um marco importante, não só para refletir em tudo
o que foi feito até aos dias de hoje na área de desenvolvimento pessoal, mas
também para delinear o que serão os desafios e os novos caminhos (Coaching,
PNL, Inteligência Emocional, etc) que os profissionais destas áreas irão enfren-
tar num futuro próximo. Esta área, em franca expansão no nosso país, necessita
de uma entidade isenta que seja a responsável pela regulamentação, reconhe-
cimento e dignificação do trabalho de todos os profissionais que ao longo dos
últimos anos trabalham em prol do desenvolvimento humano, defenderam a
maioria dos oradores dos diferentes painéis do evento.
Com o desenrolar das diferentes intervenções ficamos cada vez mais conven-
cidos que o esforço, o tempo e a paciência desapareceram da “pauta da vida”
moderna, numa tentativa desesperada pelo imediato. Todos assistimos a anún-
cios que pro¬metem resultados fascinantes no desenvolvimento pessoal, mas
as capacidades e habilidades não podem ser “compradas” sem o esforço e o
querer de quem se habilita, principalmente quando estamos referindo-nos a
coisas que requerem experi¬ência, sabedoria, e um tempo de maturação para
o desenvol¬vimento de aptidões que vão na contramão do consumismo e do
oportunismo.
Assim, aprender sobre Coaching pode parecer fácil, especialmente na era do
mundo digital, mas ser coach é muito diferente. Embora esse tipo de interven-
ção seja muito apropriado para a vida atual, e cada vez mais considerado no
meio empresarial e organiza¬cional, ser coach não é algo que pode ser adqui-
rido na estante de uma qualquer livraria, pois não nos tornamos coaches de um
momento para o outro, o que significa que o tempo, além da vontade e vocação,
é fundamental para a formação de um bom coach.
Não nos devemos esquecer que à nossa frente temos seres humanos que pro-
curam transfor¬mações nas suas vidas, umas mais ou menos profundas, e que
esse deve ser o ponto de parti¬da e também o grande alvo do nosso trabalho, já
que ética e responsabilidade e, so-bretudo, respeito pelo outro, devem pautar a
nossa atuação. Daí o porquê devemos conside-rar uma série de competências
que requerem um investimento de energia, tempo, dedicação e principalmente
disponibilidade para o autodesenvolvimento – essas sim, condições “sine qua
non” para uma sólida formação.
Por parte das intervenções dos elementos da plateia foi bem vincado o papel do
profissional coach: o esforço, a persistência e a capacidade de lidar com aqui-
lo que é complicado e di¬fícil é necessário para que ele suporte o seu cliente e
ambos não sofram o desejo de fugir ao menor “sacrifício” que de¬vam enfren-
tar “para chegar lá”. Se na vida moderna a opção é sempre pelo caminho mais
cur¬to, no aqui e agora, para ser coach e conduzir processos de Coaching é ne-
cessário sacrificar os prazeres instantâneos, sair da zona de conforto, percorrer
e apostar nas “zonas de desconforto”, assumir um estado de alerta e tensão
criativa. É necessário investir no que se é para ganhar mais consistência, e de-
pois atingir um es¬tádio onde o amadurecimento dará frutos com sustentabili-
dade e durabilidade.
O mercado do desenvolvimento pessoal em Portugal encontra-se em matura-
ção e, assim como no mercado da consultoria, muitos vão pas¬sar e desapare-
cerão, outros ficarão e contribuirão. Neste último caso, contribuir significa agir
de forma construtiva, com consciência profissional, formação sólida, ética e
valores inabaláveis.
No fundo, devemos trabalhar com afinco para o fortalecimento do ser humano,
de forma que o processo de Coaching possa cumprir o seu percurso natural e
chegar a bom porto que é encontrar as soluções deseja¬das, elevando ambos,
seja o coach, seja o cliente um patamar acima – uma dimensão que não pode
ser alcançada pelas vias mais sim¬plistas de uma mera resolução de problema.
Em jeito de conclusão, este congresso reforçou a ideia de que quem olha para
fora sonha, mas quem olha para dentro desperta.
NOTA: A segunda edição do Congresso Nacional de Coaching e Desenvolvimento Pessoal será
realizada no dia 17 de outubro em Lisboa. As inscrições abrirão no dia 2 de janeiro de 2020 - asso-
ciacaocdpde@gmail.com

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