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Breve análise da estrutura harmônica da primeira cena de Salomé (1905), de

Richard Strauss

Vinícius Cesar de Oliveira


RA:148168

Introdução

Salomé é uma ópera em um ato composta por Richard Strauss, baseada na tradução
alemã de Hedwig Lachmann da peça de mesmo nome escrita em francês por Oscar Wilde.
Estreou em 9 de dezembro de 1905 no Königliches Opernhaus, em Dresden. Salomé
reflete até que ponto a harmonia tonal foi explorada em certas obras compostas nos
primeiros anos do século XX. Podemos encontrar do ponto de vista harmônico, dois tipos
de características: diatonismo e o cromatismo pós-romântico. Tais características servem
como elemento expressivo, exercendo uma função poética. O cromatismo compõe a
maior parte das cenas, relacionando os personagens e caracterizando principalmente
Salomé.

Estrutura harmônica da primeira cena

A cena I se divide em cinco seções principais organizadas em forma rondó: A B A’


C A”. A seção A inicia com um motivo ascendente em Dó# menor, esse motivo está
relacionado à Salomé e aparece duas vezes na seção A, quatro na A’ e três na A”. Apenas
uma vez em cada uma destas seções o motivo é apresentado em Dó# menor.

Exemplo 1: Motivo inicial em Dó# menor


Após a exposição da tônica nos primeiros compassos da ópera, a música se move
para o vizinho cromático superior (Ré), quando os soldados mencionam os judeus que
participam do banquete de Herodes. Essa chegada à Ré menor é marcada pela primeira
apresentação de muitos dos motivos dos judeus e por uma mudança na cor da orquestra.
Após uma série de quintas descendentes, a música volta momentaneamente para Dó# com
a segunda alusão de Narraboth a Salomé. Dó e Láb distinguem a primeira intervenção de
Jochanaan na ópera.
A principal característica harmônica da seção A é o comportamento ascendente das
vozes, que ora caminha cromaticamente, ora diatonicamente. Através de movimento
cromático, a voz mais aguda parte do Sol# no primeiro compasso chegando num Ré
natural no compasso 7, onde o baixo inicia uma subida diatônica rumo ao Fá natural no
compasso 12. A maneira como Strauss articula esses movimentos lineares neste trecho
mostra como a estrutura das tríades são expandidas. Apesar de ser possível encontrar
traços de progressões que mostram um pensamento harmônico cadencial, o uso extensivo
de dominantes causa uma grande instabilidade no trecho.
O exemplo 2 mostra os doze primeiros compassos da primeira cena, neste trecho
há uma progressão composta por dominantes que é gerada pelos movimentos das vozes.
A redução harmônica apresentada abaixo mostra claramente o caminho percorrido por
cada voz.
Exemplo 2: Movimento cromático ascendente

A seção A termina com um acorde de Lá maior com sétima e nona menor atuando
como dominante de Ré menor que aparece em seguida no compasso 29, dessa forma
sobrepondo o fim da seção A com inicio da B (ver exemplo 3). A seção B se desenvolve
a partir de um pedal no baixo em torno da nota Ré, sugerindo na maior parte do tempo a
tríade de Ré menor.

Exemplo 3: Fim da seção A e inicio da seção B

A seção C apresenta estruturas triádicas bem claras, progressões harmônicas


funcionais com movimento melódico diatônico entre as vozes e uma textura próxima à
uma escrita coral. Duas figuras melódicas permeiam a seção, a primeira acontece nos
compassos 82-84 dentro de uma região em torno de Láb maior. A segunda figura
melódica aparece nos compassos 86-91 sobreposta com a primeira em torno de Dó maior
(ver exemplo 4).
Exemplo 4: Sobreposição de duas melodias na seção C

Considerações finais
A estrutura tonal de Salomé é organizada em torno da tonalidade de Dó# menor. As
tonalidades de Dó maior, Ré menor e suas tonalidades vizinhas cromáticas apresentam
um grau secundário de importância.
Strauss parece tratar o ambiente cromático como um padrão. Isso significa que
quando a música parte do centro em Dó# menor para uma das tonalidades vizinha espera-
se uma mudança para o outro vizinho cromático em seguida. Essa expectativa pode ser
quebrada ou concretizada, mas a tensão existe. O entorno cromático é, portanto, usado de
maneira dinâmica para organizar o desdobramento temporal da obra.
Embora a primeira cena comece com um acorde de Dó# menor e retorne para este
centro perto do final, o caráter cromático dos encadeamentos dos acordes coloca em
questão a noção de centro tonal e as relações entre as funções harmônicas.
Referências

MARY, H, W. Anthology of twentieth-century music, Appleton-Century-Crofts, 1969,


Universidade de Michigan

IATESEN, L. Analytical Remarks on Harmony in Salome Opera by Richard Strauss.


Conference; 13th, Latest advances in acoustics & music; 2012; Iasi, Romania in Latest
advances in acoustics & music ; 110-113 Latest advances in acoustics & music.

BOULAY, J, M. Monotonality and chromatic dualism in richard strauss's Salome. M.A.,


Eastman School of Music ofThe University of Rochester, 1984. Tese.

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