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AULA 18 – PARTE 02

ELEMENTOS DE LITURGIA I
Cruzar, consagrar e imantar objetos, elementos e até o próprio templo. Primeiro vamos ao
conceito sobre o que é cruzar. A palavra cruzar vem de cruz. É por isso que os assuntos tem uma
ordem para serem abordados nas aulas. Às vezes surge alguma dúvida, alguma pergunta e eu digo
que é mais para frente porque há coisas as quais a gente tem que fundamentar outros assuntos
para irmos construindo uma cadeia de informações fundamentada embasada uns nos outros.
Quando eu falo de cruz, isso lembra aquele simbolismo do número quatro e tem a ver com o
alto, embaixo, direita e a esquerda. A palavra cruzar é usada em dois momentos: no momento em
que eu cruzo um objeto ou no momento em que eu cruzo a entrada do terreiro. “Eu cruzo” quer
dizer quando eu faço o sinal da cruz no chão ou quando eu faço o sinal da cruz em mim; quando eu
faço o sinal da cruz no chão antes de entrar no terreiro quer dizer que estou cruzando a entrada.
Então de joelhos ou simplesmente abaixado fazer o sinal da cruz no chão, com as pontas dos
dedos ou com as costas da mão.
Às vezes se faz uma vez só, outras se faz a cruz três vezes no chão. Estou saudando quem
guarda, rege e protege esse templo pelo alto, pelo embaixo, pela direita ou pela esquerda. Há
lugares em que se pede para fazer o sinal da cruz com as costas das mãos. Por exemplo na
Federação Umbandista do Grande ABC, pai Ronaldo Linares pede que faça o sinal da cruz com as
costas das mãos porque ele diz que as costas das mãos é a parte mais limpa da mão e que a
gente deve usar a parte mais limpa para fazer o sinal da cruz. Em outros templos não há diferença
de fazer com as costas ou com as pontas dos dedos mas é comum ao entrar no terreiro que se
faça o sinal da cruz no chão ou sinal da cruz em mim.
No chão estou saudando quem guarda a casa pelo alto, embaixo, direita esquerda e é um
pedido também para eu entrar. Ao bater cabeça no altar em muitas casas, antes tem que fazer o
sinal da cruz e depois bater cabeça. Uma entidade quando está de frente para a outra ou um
médium quando vai pedir um passe, também há momentos em que a gente faz o sinal da cruz aos
pés da entidade. Estou saudando essa entidade, é uma força de saudação, é simples mas é uma
saudação mas o bater cabeça é um ato de submissão, sinal da cruz é um ato de respeito e de
licença agora tem também o ato de cruzar o objeto.
Cruzar é pegar algo que não está sagrado e torná-lo sagrado. No momento em que eu torno
algo sagrado, por exemplo, pode ser uma pedra. Só que se um Caboclo, um Preto-Velho pegar
uma pedra na mao e ele cruzá-la ela vai se tornar uma pedra sagrada porque ele colocou a energia
dele ali, a força dele, o axé. Ele pode cruzar essa pedra e isso traz a idéia do sinal da cruz. Estar
cruzando a pedra é ligá-la a quem lhe rege pelo alto, embaixo, direita e esquerda. Estou
transmitindo uma força a ela, estou imantando, carregando de axé, força e poder, é imantar. Nesse
momento essa pedra não é mais profana, ela é sagrada então essa pedra está consagrada.
Depois que essa pedra foi consagrada deve ser atribuída uma função e utilidade a ela, como
ficar no altar por exemplo. Está cruzada, imantada e está consagrada na força e no poder. Ela
representa a força, o poder e a presença da entidade que a cruzou; ou foi cruzada para um Orixá,
ou uma outra pedra passou por um ritual para se tornar um Otá. Torna-se então cruzado, imantado
e consagrado. Em todas as religiões há rituais de consagração.

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Na Umbanda usamos muito as nossas guias. Quando estou confeccionando uma guia ela é
linha e pedra. Então a guia só vai se tornar sagrada depois que passar por um ritual que vai imantá-
la, cruzá-la e consagrá-la. Esse ritual pode ser feito nas mãos de uma entidade, colocando a guia
dentro de uma oferenda ou pode ser feito respeitando alguma ritualística que a entidade da casa
tenha ensinado, como por exemplo fazer um círculo de velas, colocar a guia no centro, fazer uma
determinada invocação de força e poder para consagrar esse colar e torná-lo sagrado. Inclusive o
grande historiador das religiões que é Mircea Eliade, já falamos dele quando falamos sobre
xamanismo, ele tem uma palavra para isso: hierofania. FANIA quer dizer aquilo que pertence ao
templo e HIERO quer dizer sagrado.
Tudo aquilo que passou por determinado ritual passa a fazer parte de uma hierofania.
Depois que uma pedra está consagrada ela faz parte da hierofania, justamente o contrário do
profano. O que seria profania ou profano agora é hierofano, hierofania, é sagrado, não é profano, é
hierofano. O conceito de Mircea Eliade está no livro “História das Religiões” e o que ele quer dizer
com hierofania. Uma pedra pode se tornar sagrada, uma árvore, um cachimbo, colar, um cocar,
todos os elementos que fazem parte do culto tornam-se sagrados no momento que passaram por
um ritual. O atabaque da casa pode se tornar um atabaque sagrado, uma maraca que é um
chocalho não é mais chocalho e sim um objeto do culto. Esse cruzar, consagrar e imantar muitas
vezes é feito na simplicidade de uma entidade que está em terra e o guia coloca sua força, seu axé
e está cruzado.
Um Caboclo pegou uma pemba, ele usou aquela pemba e a partir desse momento ela já
está com a força dele, com o axé dele. Ele diz que está imantada, cruzada, consagrada. Se eu
pego uma pemba e faço um desenho no chão é um desenho, se um Caboclo pega uma pemba e
faz um desenho no chão é um ponto riscado. Porque o ponto riscado é uma grafia sagrada de
Umbanda. Qual é a diferença ? Quando o Caboclo pega a pemba na mão ele eleva o pensamento
a Deus e à determinada força e poder, ele transmite essa força e poder para essa pemba e quando
ele risca, para quem tem clarividência vê que aquilo fica como um luminoso, fica aceso porque está
imantado. Ele pegou um objeto que ele colocou uma força, um poder que é a pemba, imantou,
cruzou, consagrou e riscou o chão com ela então toda aquela energia que ele colocou na pemba
agora está no chão. Ou ele risca e depois ele pede para aquilo se tornar imantado, sagrado, aí vai
começar a ter uma reação. Mais para frente no curso teremos um momento para falar sobre magia
de Umbanda, ponto riscado, pemba onde vamos comentar de uma forma um pouco melhor.
As imagens do altar também passam por ritual de imantação, consagração e cruzamento.
Comprou uma imagem na loja, um Ogum, uma Iemanjá, um São Sebastião, geralmente a gente dá
nas mãos de uma entidade para consagrar, imantar cruzar ou faz um ritual para coroação da
imagem, ritual para assentamento da imagem, ritual para firmeza da imagem. Esse ritual pode ser
uma gira de Ogum com uma oferenda em volta da imagem, um Caboclo de Ogum vem para cruzar
a imagem ou eu vou faço uma oferenda, levo essa imagem e a coloco no momento da oferenda
para pegar aquela energia, aquele axé. As imagens de gesso também condensam energia, elas
fixam energia, servem de ponto de força. A imagem em si recebe uma carga de energia. Nós não
idolatramos imagens, a imagem representa algo, não rezo para a imagem. Eu não rezo para o ídolo
de barro, eu rezo para o que ele representa então aquela imagem representa Ogum, mas ainda sim
tem uma energia de Ogum que está ali.
Tantas pessoas rezando e orando olhando para aquela imagem que com o tempo essas
pessoas também estarão depositando naquela imagem sua esperança, sua energia, amor,
alegrias, dores e com o ponto de fixação entre eles e a divindade. A imagem geralmente no altar;
uma imagem e uma vela; às vezes só a imagem e uma vela para todos; a imagem, vela e uma

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pedra; às vezes tem flores no altar; às vezes tem ervas; é possível que além da pedra de
assentamento do Otá haja um Otá central também. Além deste Otá, alem do assentamento eu
posso ter uma pedra para cada imagem, uma pedra para cada Orixá. Do lado de Oxum uma pedra
para Oxum, Iemanjá uma pedra para Iemanjá e assim eu vou construindo um todo no altar com
elementos que foram cruzados, imantados e consagrados.
Da mesma forma o templo tem que ser também cruzado e imantado. Por exemplo, eu vou
construir um terreiro. Vou partir do princípio mais comum, vou alugar um salão e vou fazer um
terreiro nesse salão. Então estou pensando na parte ritualística e não na parte jurídica. O que eu
devo fazer ? Se estou alugando um salão é apenas um salão, para que se torne um templo esse
salão deve ser consagrado, imantado e cruzado na força do chefe da casa do dirigente material e
do seu guia de frente que vai colocar força dos seus Orixás. Esse cruzamento pode ser feito desde
uma forma simples até uma forma mais requintada. Você alugou um salão então não tem altar,
tronqueira, nada, é só um salão mas eu imanto e o consagro para que essas paredes se tornem
paredes no astral também, para que se faça no astral a força e a energia do templo, para que este
local se torne um local sagrado da hierofania.
Então uma das formas de consagrar um templo, talvez a forma mais simples de todas, é
pegar uma pemba, riscar uma cruz no chão, colocar uma vela em cada ponta, uma vela no centro,
uma tigela com água, uma tigela com terra. Então eu tenho terra, água, ar e fogo. Se quiser pode
colocar também ervas representando o vegetal e um cristal representando o cristalino e o
mineral. Se você tem o Otá da casa pode colocar o Otá da casa aqui também. Então você se
ajoelha, evoca Deus, sua lei maior, sua justiça divina, evoca ou invoca pais e mães Orixás, seu
Orixá de Frente, Juntó e Ancestre, mesmo que você não saiba o nome de algum, invoque :

“Meu Orixá de ancestre, evoco os guias e mentores dessa casa e peço que por meio deste
ritual faça o cruzamento e a imantação do templo desse chão para que
esse solo se torne um solo sagrado.”

Aí você dá abertura para fazer o que o seu coração mandar porque nesse momento quem
faz isso é o dirigente, nesse momento você pode incorporar o seu Caboclo, pode incorpora o Preto-
Velho e ele dá a consagração final. Pode-se ainda em torno desse trabalho, dessa cruz, se você
tiver autorização você pode riscar o ponto do Caboclo, riscar o ponto do Preto-Velho, riscar o ponto
das Crianças, riscar o ponto do seu Marinheiro, do seu Baiano, ponto dos Orixás; se você trabalha
no seu terreiro com sete ou quatorze Orixás pode riscar os pontos em volta; pode colocar no chão
todos os pontos de todos os Orixás da casa, dos guias da casa; firmar vela em cada um deles,
colocar bebida e o que estou falando desde o mais simples que é só a cruz, parte-se para uma
forma mais requintada que é riscar o ponto dos Orixás, dos guias, fazer essa consagração, o
cruzamento, a imantação do templo do terreiro; pode fazer com cantos e com defumação mas
geralmente é um ritual que pode ser mais recluso, que o dirigente faça sozinho ou é um ritual que
pode ser feito em conjunto com a corrente mediúnica. É possível ser feito sozinho também.
Pode se dar passagem ao Caboclo, Preto-Velho, Baiano, Boiadeiro, Criança, Exu, Pomba-
Gira, chamada de Orixá nesse momento de consagração. Ao terminar, deixa de ser um salão e
torna-se um templo. Eu recomendo que ao terminar já demarque aonde será o altar e procure
demarcar aonde será a tronqueira e é um bom momento para ali já colocar uma vela branca de
sete dias e demarcar o local do altar. Na tronqueira tem que perguntar qual vela você acende ao
seu Exu: branca, preta, vermelha, vermelha-preta, uma preta para Exu, uma vermelha para Pomba-

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Gira, vermelha-preta para Exu-Mirim, então veja onde será a tronqueira. Demarque o espaço físico
onde será a tronqueira e já faça a primeira oferenda para os Exus.

Já dê um copo de pinga para o guardião, um copo de cidra para a guardiã, um copo de


pinga com mel para o Exu-Mirim e é de bom tom colocar cravos vermelhos para Exu, rosas
vermelhas para Pombas-Giras, um charuto para Exu, um cigarro para Pomba-Gira. Faça a
saudação:

“Laroie Exu, Exu é Mojubá

“Laroie Pomba-Gira, Pomba-Gira é Mojubá

“Laroie Exu-Mirim, Exu-Mirim é Mojuba”

Se possível também chame em terra quem é o seu guardião, seu Exu guardião, se não for
ele que venha o seu Exu de trabalho e já demarca ali o ponto riscado dele ou não, ou simplesmente
o chame e pergunte se tem algo que já deve ser feito para essa tronqueira. Ele em terra deve falar
mas é um momento onde cruzou, consagrou já firma os dois pontos de força do templo que são o
altar e a tronqueira, o altar que é irradiador de energia e força positiva e a tronqueira que é
absorvedora de todo e qualquer força negativa, aí já fica demarcado. Depois vai se prosseguindo
com a montagem do altar que não precisa ser montado do dia para a noite, ele pode começar
depois vai levantado com uma imagem, com outra. Eu entendo que a primeira imagem a chegar ao
altar é de Cristo depois vem as imagens do seu Orixá de frente e os demais Orixás ou firmar uma
pedra e a vela para Oxalá.
Na tronqueira também já deixa firmado com vela de sete dias porque não apaga. Se eu
coloco uma vela palito ela dura em torno de 4 horas, acaba e o meu altar fica sem vida, sem luz,
sem iluminação. Vela de sete dias é simplesmente porque ela estará acesa por 7 dias iluminando, a
vela dá a sensação e traz em si vida para o altar, vida para uma firmeza, um assentamento, é a
idéia de fagulha do fogo, da vida, da energia da alma, do espírito. A vela tem o poder de multiplicar
tudo aquilo que foi pedido, orado, rezado, invocado, determinado. Com a vela na mão fica marcado
nela assim como quando eu pego um copo d’água eu rezo essa água, há uma movimentação
inclusive das moléculas da água e que hoje já é cientificamente provado que quando se pega uma
água que foi rezada, abençoada, passou por um ritual, a molécula da água se modifica. Da mesma
forma o fogo fica marcado com a minha energia, a água fica marcada e por isso usamos água
fluidificada, água benta.
Também fica marcado o ar no ambiente que é o prana, a terra fica marcada então esse chão
foi imantado, consagrado mas anos e anos trabalhando aqui também vai trazer uma outra energia
para esse ambiente. Tudo fica marcado, tudo o que é ritual realizado em cada objeto do ambiente
fica marcado o que foi realizado naquele ambiente. Por isso tem médiuns que conseguem fazer a
leitura do que acontece no ambiente. Além da consagração, imantação e cruzamento tem a energia
específica daqueles que freqüentam o ambiente. Essa foi a 18ª aula sobre Elementos de Liturgia.
Falamos sobre bater cabeça, cruzar, consagrar e imantar objetos e também sobre o templo,
desde um cruzamento até uma imantação mais requintada, mais simples que pode ser feita
simplesmente com uma cruz ou um objeto simplesmente na mão de um guia; até uma forma de
imantar e consagrar por meio de uma oferenda com uma quantidade de elementos maior. Às vezes

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o que importa é a fé, mas há momentos em que além da fé é necessário a utilização deste ou
daquele elemento quando há manipulação elemental do vegetal, do cristal, do fogo ou da água
elemental.

Se não houvesse necessidade então nós não acenderíamos vela, não faríamos ponto
riscado, não iríamos à natureza, não faríamos oferendas mas há necessidade. Que necessidade é
essa ? De manipulação de elementos que mexam com determinadas forças que nem sempre a
gente consegue manipular apenas com a mente, com sentimento ou com a fé porque é magia
ritual, magia elemental. Quando o objetivo é Deus é Magia Divina.
Muito obrigado por mais esse nosso encontro e eu reafirmo o quanto estou satisfeito, feliz
mesmo com esse curso, com o conteúdo, a forma com que estamos nos relacionando, está muito
bom na minha opinião, estou muito satisfeito.
Eu, Alexandre Cumino e o Rodrigo Queiroz, estamos abertos a sugestões, críticas, dúvidas
e o que for. É lógico que também realizamos o curso dentro das nossas limitações de condições
em todos os sentidos espirituais, intelectuais, mentais, psicológicos, físico, local, recursos, tempo e
espaço mas tenham certeza: há muito amor, fé e dedicação para chegar até aqui e determinação
para chegarmos até o que está previsto, ou seja, 48º aula pois a nossa pretensão é de 48º aulas.
Muito obrigado e até a próxima aula.

Digitação: Danaíra S. M.
Aluna do Curso de Teologia de Umbanda Sagrada

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