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ELEMENTOS DE LITURGIA I
Cruzar, consagrar e imantar objetos, elementos e até o próprio templo. Primeiro vamos ao
conceito sobre o que é cruzar. A palavra cruzar vem de cruz. É por isso que os assuntos tem uma
ordem para serem abordados nas aulas. Às vezes surge alguma dúvida, alguma pergunta e eu digo
que é mais para frente porque há coisas as quais a gente tem que fundamentar outros assuntos
para irmos construindo uma cadeia de informações fundamentada embasada uns nos outros.
Quando eu falo de cruz, isso lembra aquele simbolismo do número quatro e tem a ver com o
alto, embaixo, direita e a esquerda. A palavra cruzar é usada em dois momentos: no momento em
que eu cruzo um objeto ou no momento em que eu cruzo a entrada do terreiro. “Eu cruzo” quer
dizer quando eu faço o sinal da cruz no chão ou quando eu faço o sinal da cruz em mim; quando eu
faço o sinal da cruz no chão antes de entrar no terreiro quer dizer que estou cruzando a entrada.
Então de joelhos ou simplesmente abaixado fazer o sinal da cruz no chão, com as pontas dos
dedos ou com as costas da mão.
Às vezes se faz uma vez só, outras se faz a cruz três vezes no chão. Estou saudando quem
guarda, rege e protege esse templo pelo alto, pelo embaixo, pela direita ou pela esquerda. Há
lugares em que se pede para fazer o sinal da cruz com as costas das mãos. Por exemplo na
Federação Umbandista do Grande ABC, pai Ronaldo Linares pede que faça o sinal da cruz com as
costas das mãos porque ele diz que as costas das mãos é a parte mais limpa da mão e que a
gente deve usar a parte mais limpa para fazer o sinal da cruz. Em outros templos não há diferença
de fazer com as costas ou com as pontas dos dedos mas é comum ao entrar no terreiro que se
faça o sinal da cruz no chão ou sinal da cruz em mim.
No chão estou saudando quem guarda a casa pelo alto, embaixo, direita esquerda e é um
pedido também para eu entrar. Ao bater cabeça no altar em muitas casas, antes tem que fazer o
sinal da cruz e depois bater cabeça. Uma entidade quando está de frente para a outra ou um
médium quando vai pedir um passe, também há momentos em que a gente faz o sinal da cruz aos
pés da entidade. Estou saudando essa entidade, é uma força de saudação, é simples mas é uma
saudação mas o bater cabeça é um ato de submissão, sinal da cruz é um ato de respeito e de
licença agora tem também o ato de cruzar o objeto.
Cruzar é pegar algo que não está sagrado e torná-lo sagrado. No momento em que eu torno
algo sagrado, por exemplo, pode ser uma pedra. Só que se um Caboclo, um Preto-Velho pegar
uma pedra na mao e ele cruzá-la ela vai se tornar uma pedra sagrada porque ele colocou a energia
dele ali, a força dele, o axé. Ele pode cruzar essa pedra e isso traz a idéia do sinal da cruz. Estar
cruzando a pedra é ligá-la a quem lhe rege pelo alto, embaixo, direita e esquerda. Estou
transmitindo uma força a ela, estou imantando, carregando de axé, força e poder, é imantar. Nesse
momento essa pedra não é mais profana, ela é sagrada então essa pedra está consagrada.
Depois que essa pedra foi consagrada deve ser atribuída uma função e utilidade a ela, como
ficar no altar por exemplo. Está cruzada, imantada e está consagrada na força e no poder. Ela
representa a força, o poder e a presença da entidade que a cruzou; ou foi cruzada para um Orixá,
ou uma outra pedra passou por um ritual para se tornar um Otá. Torna-se então cruzado, imantado
e consagrado. Em todas as religiões há rituais de consagração.
“Meu Orixá de ancestre, evoco os guias e mentores dessa casa e peço que por meio deste
ritual faça o cruzamento e a imantação do templo desse chão para que
esse solo se torne um solo sagrado.”
Aí você dá abertura para fazer o que o seu coração mandar porque nesse momento quem
faz isso é o dirigente, nesse momento você pode incorporar o seu Caboclo, pode incorpora o Preto-
Velho e ele dá a consagração final. Pode-se ainda em torno desse trabalho, dessa cruz, se você
tiver autorização você pode riscar o ponto do Caboclo, riscar o ponto do Preto-Velho, riscar o ponto
das Crianças, riscar o ponto do seu Marinheiro, do seu Baiano, ponto dos Orixás; se você trabalha
no seu terreiro com sete ou quatorze Orixás pode riscar os pontos em volta; pode colocar no chão
todos os pontos de todos os Orixás da casa, dos guias da casa; firmar vela em cada um deles,
colocar bebida e o que estou falando desde o mais simples que é só a cruz, parte-se para uma
forma mais requintada que é riscar o ponto dos Orixás, dos guias, fazer essa consagração, o
cruzamento, a imantação do templo do terreiro; pode fazer com cantos e com defumação mas
geralmente é um ritual que pode ser mais recluso, que o dirigente faça sozinho ou é um ritual que
pode ser feito em conjunto com a corrente mediúnica. É possível ser feito sozinho também.
Pode se dar passagem ao Caboclo, Preto-Velho, Baiano, Boiadeiro, Criança, Exu, Pomba-
Gira, chamada de Orixá nesse momento de consagração. Ao terminar, deixa de ser um salão e
torna-se um templo. Eu recomendo que ao terminar já demarque aonde será o altar e procure
demarcar aonde será a tronqueira e é um bom momento para ali já colocar uma vela branca de
sete dias e demarcar o local do altar. Na tronqueira tem que perguntar qual vela você acende ao
seu Exu: branca, preta, vermelha, vermelha-preta, uma preta para Exu, uma vermelha para Pomba-
Se possível também chame em terra quem é o seu guardião, seu Exu guardião, se não for
ele que venha o seu Exu de trabalho e já demarca ali o ponto riscado dele ou não, ou simplesmente
o chame e pergunte se tem algo que já deve ser feito para essa tronqueira. Ele em terra deve falar
mas é um momento onde cruzou, consagrou já firma os dois pontos de força do templo que são o
altar e a tronqueira, o altar que é irradiador de energia e força positiva e a tronqueira que é
absorvedora de todo e qualquer força negativa, aí já fica demarcado. Depois vai se prosseguindo
com a montagem do altar que não precisa ser montado do dia para a noite, ele pode começar
depois vai levantado com uma imagem, com outra. Eu entendo que a primeira imagem a chegar ao
altar é de Cristo depois vem as imagens do seu Orixá de frente e os demais Orixás ou firmar uma
pedra e a vela para Oxalá.
Na tronqueira também já deixa firmado com vela de sete dias porque não apaga. Se eu
coloco uma vela palito ela dura em torno de 4 horas, acaba e o meu altar fica sem vida, sem luz,
sem iluminação. Vela de sete dias é simplesmente porque ela estará acesa por 7 dias iluminando, a
vela dá a sensação e traz em si vida para o altar, vida para uma firmeza, um assentamento, é a
idéia de fagulha do fogo, da vida, da energia da alma, do espírito. A vela tem o poder de multiplicar
tudo aquilo que foi pedido, orado, rezado, invocado, determinado. Com a vela na mão fica marcado
nela assim como quando eu pego um copo d’água eu rezo essa água, há uma movimentação
inclusive das moléculas da água e que hoje já é cientificamente provado que quando se pega uma
água que foi rezada, abençoada, passou por um ritual, a molécula da água se modifica. Da mesma
forma o fogo fica marcado com a minha energia, a água fica marcada e por isso usamos água
fluidificada, água benta.
Também fica marcado o ar no ambiente que é o prana, a terra fica marcada então esse chão
foi imantado, consagrado mas anos e anos trabalhando aqui também vai trazer uma outra energia
para esse ambiente. Tudo fica marcado, tudo o que é ritual realizado em cada objeto do ambiente
fica marcado o que foi realizado naquele ambiente. Por isso tem médiuns que conseguem fazer a
leitura do que acontece no ambiente. Além da consagração, imantação e cruzamento tem a energia
específica daqueles que freqüentam o ambiente. Essa foi a 18ª aula sobre Elementos de Liturgia.
Falamos sobre bater cabeça, cruzar, consagrar e imantar objetos e também sobre o templo,
desde um cruzamento até uma imantação mais requintada, mais simples que pode ser feita
simplesmente com uma cruz ou um objeto simplesmente na mão de um guia; até uma forma de
imantar e consagrar por meio de uma oferenda com uma quantidade de elementos maior. Às vezes
Se não houvesse necessidade então nós não acenderíamos vela, não faríamos ponto
riscado, não iríamos à natureza, não faríamos oferendas mas há necessidade. Que necessidade é
essa ? De manipulação de elementos que mexam com determinadas forças que nem sempre a
gente consegue manipular apenas com a mente, com sentimento ou com a fé porque é magia
ritual, magia elemental. Quando o objetivo é Deus é Magia Divina.
Muito obrigado por mais esse nosso encontro e eu reafirmo o quanto estou satisfeito, feliz
mesmo com esse curso, com o conteúdo, a forma com que estamos nos relacionando, está muito
bom na minha opinião, estou muito satisfeito.
Eu, Alexandre Cumino e o Rodrigo Queiroz, estamos abertos a sugestões, críticas, dúvidas
e o que for. É lógico que também realizamos o curso dentro das nossas limitações de condições
em todos os sentidos espirituais, intelectuais, mentais, psicológicos, físico, local, recursos, tempo e
espaço mas tenham certeza: há muito amor, fé e dedicação para chegar até aqui e determinação
para chegarmos até o que está previsto, ou seja, 48º aula pois a nossa pretensão é de 48º aulas.
Muito obrigado e até a próxima aula.
Digitação: Danaíra S. M.
Aluna do Curso de Teologia de Umbanda Sagrada