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Rio de Janeiro, 18 de setembro de 2019.

Direito processual penal Commented [ELBM1]:

Profa.: Deusdedy de Oliveira

Processo é o direito instrumental que o Estado para exercer seu poder


jurisdicional, exercer o direito no caso concreto.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

TÍTULO I – PARTE GERAL

CAPÍTULO I – CONCEITO, INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DA LEI


PROCESSUAL

I – CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

É o direito instrumental do Estado, classificado como um ramo do direito


público.

 Tem como escopo (objetivo) a apuração** da infração penal (crime ou


contravenção) para que se possa aplicar a justa sanção estabelecida no direito
material (Direito Penal) a um caso concreto.

**apurar: onde, quando, como, porque e quem praticou a ação penal.


Circunstâncias, materialidade e autoria. Com isso aplica-se a justa
sanção (dosimetria).

O direito de punir é único e exclusivo do Estado.

No direito processual não existe acordo sobre qual caminho a seguir,


somente quando a lei permitir. É o caso da lei 9.099 que trata dos juizados
especiais criminais para infrações de menor potencial ofensivo permite a
aplicação de acordo e transação entre as partes.

1
 O direito processual penal estabelece o conjunto de princípios e regras
jurídicas com os ritos (caminhos a serem seguidos) processuais, ou seja, o
caminho a ser percorrido pelo Estado (atividade persecutória: direito de
perseguir o crime, apurar), em cada processo criminal de apuração das
infrações, as regras a serem seguidas do cometimento da infração penal até
a sua sanção (punição), sendo o “jus puniendi” (o direito de punir) exclusivo
do Estado.

Obs.: a autotutela não é permitida dentro do ordenamento jurídico


brasileiro, ou seja, a vítima não pode punir o criminoso.

 Assim que uma infração criminal é cometida surge para o Estado ou


excepcionalmente para o ofendido o direito de ingressar em juízo e solicitar
que o Estado exerça o poder-dever de punir o infrator por meio da prestação
jurisdicional.

O DPP na definição de Guilherme de Souza Nucci, temos o conceito de


Direito Processual Penal como: “o corpo de normas jurídicas cuja finalidade
é regular o modo, os meios e os órgãos encarregados de punir do Estado,
realizando-se por intermédio do Poder Judiciário, constitucionalmente
incumbido de aplicar a lei ao caso concreto.”

Na definição de José Frederico Marques o DPP: “é o conjunto de princípios


e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como
as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos
da função jurisdicional e respectivos auxiliares.”

PROCESSO CRIMINAL: é o instrumento utilizado para manifestação do


poder estatal jurisdicional.

PROCEDIMENTO: é o rito, a sequência dos atos processuais

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AÇÃO PENAL: é o direito que surge para o órgão de acusação de ingressar
em juízo solicitando a prestação jurisdicional, ou seja, aplicar o direito ao
caso concreto.

QUESTÃO DE PROVA

1 (2012 – FCC – TJ – PE – ANAISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA) “Direito do Estado-acusação ou da vítima de ingressar em
juízo, solicitando a prestação jurisdicional, representada pela aplicação das
normas de direito penal ao caso concreto”. (Guilherme de Souza Nucci,
Código de Processo Penal Comentado, ed. RT 9. Ed. p. 126) Esse conceito é
correto para

O processo penal

A ação penal

A relação processual

O direito processual penal

A representação

Aula 2: Aplicação da lei processual penal no espaço

Decreto 3.689/41

II – APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL

NO ESPAÇO

A lei processual penal em relação a aplicação da lei penal no espaço (local


de aplicação da lei) segue a regra de territorialidade a qual impõe-se a
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aplicação da lex fori (a lei do tribula em que a ação é proposta) ou locus regit
actum (os atos processuais devem ser regidos pelas leis do lugar onde eles se
realizam).

Segundo Fernando Capez: “vigora o princípio da absoluta territorialidade,


que impõe aplicação da lex fori ou locus regit actum segundo a qual aos
processos e julgamentos realizados no território brasileiro, aplica-se a lei
processual penal nacional. A exegese (interpretação, a explicação) justifica-
se por ser a função jurisdicional a manifestação de uma parcela a soberania
nacional, podendo ser exercida apenas nos limites do respectivo território”.

O Código de Processo Penal descreve a territorialidade no art. 19° do


diploma legal.

CPP – Art. 1° O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro,


por este Código, ressalvados:

I – os tratados, as convenções** e regras de direito internacional;

II – as prerrogativas constitucional do Presidente da República, dos ministros


de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos
ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade
(infração político administrativa) (CF, arts. 86, 89, § 2º, e 100);

** A mais importante é a Convenção de Viena (1961) que trata das


imunidades diplomáticas e que foi incorporada no Brasil em 1965. Em
vigência no período atual. Imunidade estendida aos dependentes aqui
presentes, presidentes e suas comitivas, integrantes da ONU.
OEA. Todas as ações aqui praticadas e em dissonância com as nossas
leis só podem ter seu rito no país de origem de quem praticou, o Brasil
nada poderá fazer. A única maneira do Brasil processar é quando o país
do praticante de a nós o direito ao processo. Fora isso, a imunidade é
absoluta. A recíproca é verdadeira em relação aos nossos diplomatas em
outros países.

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Imunidade consular é mais restrita, diz respeito somente a atos
praticados em função das atividades exercidas. Um crime comum fora
do objetivo da atividade exercida, ele responde.

III – os processos da competência da Justiça Miliar; (art. 9º Código penal


militar)

IV – Os processos da competência do Tribunal especial (antigo tribunal de


segurança nacional. Foi extinto pela CF de 1946) (CF, art. 122, nº 17);

V – Os processos por crimes de imprensa (vide ADPF nº 130) [Não existe


mais, recepcionado pela CF 1988. Deslocado para a justiça comum.]

Parágrafo único. Aplicar-se-á, este Código aos processos referidos nos


nºs. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo
diverso. ** Se houver uma lei especial, ela se sobrepõe a lei geral. Apesar
do CPP continuar como base. Em casos incompatíveis a CPP prevalece.

Rio de Janeiro, 20 de setembro de 2019.

Aula 3 – APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO:


APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO EXERCÍCIOS

1 (2018 – CESPE – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador): Com


relação à aplicação e à eficácia temporal da lei processual penal, julguem o
item subsequente. O Código de Processo Penal será aplicado a todas as ações
penais e correlatas que tiverem curso no território nacional, nelas inclusas as
destinadas a apurar crime de responsabilidade cometido pelo presidente da
República.

Questão ERRADA.

O art. 1 – o processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este


código, ressalvados:

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I – Os tratados, as convenções;

II – As prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos


Ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República,
e dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de
responsabilidade.

(2016 – CESPE – POLÍCIA CIENTÍFICA – PE – PERITO CRIMINAL):


Em relação ao direito processual penal. A lei processual penal brasileira
adota o princípio da absoluta territorialidade em relação a sua aplicação no
espaço: não cabe adotar lei processual de país estrangeiro no cumprimento
de atos processuais no território nacional.

Questão CORRETA. – lex fori

(CESPE – TJ – AC – JUIZ DE DIREITO) No que se refere à aplicação da


lei penal e da lei processual penal. Em relação à aplicação da lei no espaço,
vigora o princípio da absoluta territorialidade da lei processual penal.

Questão CORRETA

(2015 – FCC – TJ – RR – JUIZ DE DIREITO) A lei processual penal


brasileira será aplicada nos atos processuais praticados em outro território
que não o brasileiro, em caso de extraterritorialidade da lei penal.

Questão INCORRETA

Ex.: um argentino e um uruguaio falsificam a moeda brasileira na Argentina.


O crime não foi praticado por brasileiro e nem foi praticado aqui no Brasil.
Mas por se tratar de um crime contra a fé pública, ocorrerá um rito processual
penal AQUI no Brasil, independente se os autores não estiverem presentes
por aqui, independente se no país que eles praticam a infração isso não for
categorizado como conduta penal, independente se não houver um acorde de
extradição. AQUI o crime será julgado. (isso chama-se caso de
extraterritorialidade)

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Obs.: a questão está bem mal redigida. A compreensão aqui se faz atenta. O
país estrangeiro também abriu uma ação penal, porém aqui também haverá
uma ação penal, mas levando em consideração SOMENTE as nossas leis.

5) (2017 – CESPE – PC – GO – Delegado de Polícia) O princípio da


extraterritorialidade adotada pelo direito processual penal brasileiro não
ofende a soberania de outros Estados, já que os ordenamentos jurídicos de
todas as nações convergem para o combate às condutas delitivas.

Questão: INCORRETA

O direito processual penal NÃO adota o princípio da extraterritorialidade. O


Código Penal Brasileiro que adota esse Princípio da Extraterritorialidade.

6) (2013 – CESPE – TJ – RN – JUIZ DE DIREITO) Considerando os


princípios constitucionais do processo penal e as disposições do CPP aceda
da aplicação da lei processual penal.

Dado o princípio da territorialidade, o CPP é aplicado em todo território


nacional, inclusive no que se refere aos processos da competência da justiça
militar.

Questão: INCORRETA

Em relação a justiça militar – art. 1° III

7) (2013 – CESPE – TER – MS – Analista Judiciário – Área Judiciária) No


que diz respeito à aplicada da lei processual no tempo, no espaço e em
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relação às pessoas. De acordo com o princípio da territorialidade, aplica-se
a lei processual penal brasileira a todo delito ocorrido em território nacional,
sem exceção, em vista o princípio da igualdade estabelecido na CF/88.

Questão: INCORRETA (errei de bobeira)

Tratados, convenções de direito internacional onde o Brasil abre mão da


aplicação nacional.

8) (2017 – FAPEMS – PC – MS – DELEGADO DE POLÍCIA) Com relação


à regras da lei processual no espaço e no tempo, o Código de Processo Penal
vigente adota, respectivamente, os princípios da lex fori e da aplicação
imediata. Com base nessa informação, é correto afirmar a lei processual
penal tem aplicação aos processos em trâmite no território brasileiro,
contudo, uma hipótese de exclusão da jurisdição pátria é a imunidade dos
agentes diplomáticos e seus familiares que com eles vivam.

Questão: CORRETA

9) (2015 – CESPE – TER – RS – ANALISTA JUDICIÁRIO) A respeito dos


princípios gerais do direito processual penal. Diplomata de Estado
estrangeiro que cometer crime de homicídio dentro do território nacional será
processado conforme o que determina a lei processual.

Questão: INCORRETA

O diplomata tem imunidade, ele responde pelas leis do país dele. Porém o
país dele pode dá o direito ao Brasil para processar.

Se fosse cônsul responderia, pois ele tem imunidade restrita.

10) (2012 – PUC – PR – TJ- MS – JUIZ DE DIREITO) As sedes


diplomáticas e consulares são consideradas território estrangeiro e, por esse
motivo, não se aplicam as leis processuais penais brasileiras aos delitos
perpetrados no interior de suas dependências.

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Questão: INCORRETA (essa eu não sabia mesmo – chutei errado)

A imunidade é conferida ao que ele é e não onde ele pratica. Logo as sedes
as embaixadas não é território estrangeiro.

Ainda falando sobre imunidade, as embarcações espaciais de um governo


estrangeiro, recebidas no Brasil tem imunidade dentro dela ainda que em
espaço aero brasileiro.

APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO:


APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO

Segundo descrição na CF e demais legislação quando falamos na descrição


da lei penal NO TEMPO funcionada da seguinte forma:

A lei do tempo rege os fatos que aconteceram no seu tempo, as leis


posteriores não retroagem. Existe uma unidade, esta lei do tempo vai reger
os fatos até o fim, porém se a lei posterior for mais benéfica ela tem
retroatividade. No direito penal existe essa movimentação intertemporal, no
PROCESSO PENAL ISSO NÃO EXISTE. Lei processual penal segue o
Princípio da Imediaticidade, ou seja, a lei que está vigente no momento que
é aplicada. É lei do momento em que o ato está sendo analisado.

CPP, art. 2º - A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo

da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior .

 Princípio do efeito imediato ou da imediatidade

No direito processual penal aplicamos o princípio do tempus regit actum (lei


do momento da prática do ato processual.

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Assim para garantir a adequada aplicação da política processual descrita no
art. 2º do diploma legal temo,s assim que surgir uma “novatio legis”
processual:

Aos atos anteriores: não há a incidência da lei nova;

Aos atos posteriores: incidência da lei nova.

ATENÇÃO: pelas regras de revogação de uma lei, temos a seguinte


estrutura:

Uma lei processual só é revogada hierarquicamente igual ou superior de


mesma natureza.

Revogação total – ab-rogação

Revogação parcial – derrogação

Esta regra se aplica as normas puramente ou meramente processuais (como


por exemplo, forma de comunicação processual (intimação, citação,
notificação), competência (quem é u juiz que vai julgar) as quais repercutem
apenas no processo sem afetar, nem mesmo respingar na pretensão punitiva,
mesmo que considerada mais grave para o réu terá aplicação imediata, com
aproveitamento dos atos anteriores praticado sobre a vigência da lei anterior.

No direito penal, o problema da sucessão das leis no tempo é resolvido


segundo a garantia constitucional de que a lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu (CF/88, art. 5°, inciso XL).

Já no campo processual penal como acabamos de verificar a norma geral de


direito intertemporal encontra-se prevista no art. 2º da CPP, disciplinando
que a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. Assim, quanto ao tema
sucessão de leis, o Brasil adota o sistema do isolamento dos atos processuais,
admitindo-se que cada ato seja regido por uma lei, o que permite que a lei
anterior regule os atos já praticados, ocorridos sob sua vigência, enquanto a
lei nova terá aplicação imediata, passando a disciplinar os atos processuais
futuros.

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PRAZOS PROCESUAIS

Obs.: Art. 3] da LICPP – prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a


interposição de recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não prescrever
prazo menor do que o fixado no Código de Processo Penal.

Leis de natureza híbrida ou mistas

As normas de natureza penal são aquelas de alguma forma afetam as


consequências da prática de uma conduta (descrição da conduta e sanções a
ela impostas) criando direito de punir (agravando) extinguindo ou
diminuindo esse direito estatal.

Rio de Janeiro, 29 de setembro de 2019.

Aula 4 – Aplicação da Lei Processual Penal no Tempo

Pela regra do art. 2, aplica-se a lei do momento em que o ato processual está
sendo realizado com a situação de aproveitamento dos atos realizados
anteriores com a vigência da lei anterior.

Excepcionalidades: se eu tenho um prazo de 10 dias para recurso e ainda


dentro desse prazo surgir uma nova lei que diga que o NOVO prazo é de 5
dias, a regra diz que a lei aplicada será aquela que me beneficia, ou seja a lei
anterior de 10 dias.

PRAZOS PROCESSUAIS

Obs.: Art. 3º da LICPP – o prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a


interposição de recursos, será regulado pela lei anterior, se esta não
prescrever prazo menor do que o fixado no Código de Processo Penal.

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No posicionamento majoritário da doutrina quando a lei for híbrida (de
natureza penal e processual indissociáveis), como exemplo normas que
disciplinam atos do processo e exercício do poder punitivo, como: regras
sobre extinção da punibilidade, normas que proíbem progressão de regime.
A aplicação da lei surgirá as regras é do direito penal.

Exercícios

(2018 – CESPE – PC – MA – INVESTIGADOR DE POLÍCIA CIVIL) –


Acerca da aplicação da lei processual no tempo e no espaço e em relação às
pessoas, julgue os itens a seguir.

I – O Brasil adota, no tocante à aplicação da lei processual penal no tempo,


o sistema da unidade processual. FALSO. A adoção é do sistema de
isolamento dos atos processual. Se fosse unidade teria que ser uma
mesma lei para todo o processo.

II – Em caso de normas processuais materiais – mistas ou híbridas – aplica-


se a retroatividade da lei mais benéfica. VERDADEIRO. Seguem as regras
do direito penal.

III – Para o regular processamento judicial de governador de estado ou do


DF, é necessária a autorização da respectiva casa legislativa – Assembleia
Legislativa ou Câmera distrital. FALSO. Não há mais necessidade de
autorização da casa legislativa, nem mesmo para chefes da executiva. O
foro privilegiado ficou limitado pelo STF de 2018. A autorização para
INICIAR processo não existe a mais de uma década.

Assinale a opção correta:

Apenas o item I está certo;

Apenas o item II está certo;

Apenas os itens II e III estão certos;

Apenas os itens I e III estão certos;

Todos os itens estão certos.

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Resposta: B

CESPE – TER – MS – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA)


no que diz respeito à aplicação da lei processual no tempo, no espaço. Por
força do princípio tempus regit actum, o fato de lei nova suprimir
determinado recurso, existente em legislação anterior, não afasta o direito à
recorribilidade subsistente pela lei anterior, quando o julgamento tiver
ocorrido antes da entrada em vigor pela lei nova.

Resposta: CORRETO

STF  recorribilidade – recursos --- é regida pela lei vigente na data em


que a sentença foi aplicada (publicada)

RE 752988/2013 – Casal Nardoni -- > se na data da sentença um recurso


existe, a pessoa pode recorrer, se o recurso passar a existir tempos depois
da aplicação da sentença, o recurso não pode ser aplicado. REGRA
PROCESSUAL.

(CESPE – TER – MS – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA)


No que diz respeito à aplicação da lei processual no tempo, no espaço. O
princípio da imediatidade da lei processual penal abarca (abrange) o
transcurso do prazo processual iniciado sob a égide da legislação anterior,
ainda que mais gravosa ao réu.

Resposta – INCORRETA

Sobre prazo continua vigido a lei que tinha um prazo melhor. – Art. 3º

(CESPE – TER – MS – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA)


No que diz respeito à aplicação da lei processual no tempo, no espaço.

A lei processual penal posterior, que de qualquer modo favorece o agente,


aplicar-se-á aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.

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Questão: INCORRETA

(2017 – FAPEMS – PC – MS – DELEGADO DE POLÍCIA) Com relação


às regras da lei processual no espaço e no tempo, o Código de Processo Penal
vigente adota, respectivamente, os princípios da lex fori e da aplicação
imediata. Com base nessa informação, é correto afirmar que a lei processual
penal tem aplicação imediata e é aplicável tanto nos processos que se
iniciarem após sua vigência, quanto nos processos que já estiverem em curso
no ato da vigência, e até mesmo nos processos que apurarem condutas
delitivas ocorridas antes da sua vigência.

Questão: CORRETA *** super errei

(2018 – VUNESP – PC – BA – INVESTIGADOR DE POLÍCIA CIVIL) Em


havendo conflito entre o Código de Processo Penal e uma lei especial ***
que contenha normas processuais, a solução será a:

***Lei especial – ex. Lei antidrogas X LCPP. A LEI ESPECIAL


PREVALECE SOBRE A LEI PENAL ***

Aplicação a norma que for mais recente, independentemente de eventual


benefício a réu. Errado

Aplicação da lei especial e, quando omissa, subsidiariamente do Código de


Processo penal. Certo

Aplicação do que for mais favorável ao acusado, independentemente da data


de promulgação. Errado *** errei

Conjugação de ambos os diplomas, aplicando-se as normas que forem mais


benéficas a acusado. Errado *** errei – conjugação de leis não é possível
no nosso ordenamento jurídico.

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Prevalência da regra geral do Código Penal, em virtude da proibição
constitucional dos juízos de exceção. Errado

Resposta: Letra B

(2018 – CESPE – ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA –


ÁREA DE DIREITO) – Acerca dos princípios gerais, das fontes e da
interpretação da lei processual penal, bem como dos sistemas de processo
penal, julgue o item que se segue. A lei processual penal vigente à época em
que a ação penal estiver em curso será aplicada em detrimento da lei em
vigor durante a ocorrência do fato que tiver dado origem à ação penal.

Questão: CORRETA

Rio de Janeiro, 25 de setembro de 2019.

Aula 5 – Interpretação da Lei Processual Penal

Conforme descreve Fernando Capez: “Interpretação é a atividade que


consiste em extrair da norma seu exato alcance e real significado. Deve
buscar a vontade da lei, não importando a vontade de quem a fez.”

Interpretação autêntica é quando o próprio Legislativo interpreta a sua lei.

Ex.: invasão e permanência no domicílio. A lei explica que domicílio trata-


te de....

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Interpretação doutrinária ou científica é aquela feita pelos juristas.

Quando o legislativo não apresenta a interpretação da lei, ao juiz cabe fazer


tal interpretação, gerando assim o que chamamos de jurisprudência.

Quanto a extensão de uma norma, ela pode ser:

Extensiva: quando interpretada além do que ela descreveu;

Declarativa: quando interpreta exatamente o que está descrito


gramaticalmente na lei;

Restritiva: quando a lei disse mais do que ela tem à vontade.

Quando se fala em interpretação, é comum o uso de duas expressões, são


elas:

Hermenêutica jurídica: podemos conceituar sinteticamente como a ciência


que encerra (abrange) as regras, caminhos e métodos para interpretação das
normas, fazendo com que elas sejam vistas e divulgadas com seu pleno
sentido e alcance.

Exegese (tradução, interpretação, expor) é uma análise, interpretação ou


explicação detalhada e cuidadosa de uma obra, um texto, uma palavra ou
expressão.

Ou seja, interpretação, hermenêutica e exegese tem sentindo sinônimo.

 A INTERPRETAÇÃO DA LEI PODE SER:

QUANTO AO SUJEITO QUE A ELABORA (QUE ESTÁ FAZENDO A


INTERPRETAÇÃO)

Autêntica ou Legislativa: é aquela também chamada de Legislativa, quando


realizada no próprio texto legal.

Doutrinária ou Científica: é aquela interpretação feita pela doutrina pelos


juristas, estudiosos do direito. Ex.: exposição de motivos da lei.
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Judicial ou Jurisprudencial: pelos órgãos judiciais.

QUANTO A FORMA DE PRODUÇÃO – MEIOS EMPREGADOS

Literal ou Gramatical ou Sintática. Sentido literal do texto. Ex.: aplicação


da lei Maria da Penha é SOMENTE, E TÃO SOMENTE para MULHERE,
não alcançam homens.

Lógica ou Teleológica: busca a vontade da lei, os fins sociais da lei. Ex.:


Na Lei Maria da Penha --- nos casos de violência doméstica contra a mulher,
não se aplicam os dispositivos procedimentais e despenalizadores da lei 9.
099 dos crimes de menor potencial ofensivo.

QUANTO AO RESULTADO - ALCANCE DAS NORMAS

Declarativa: perfeita adequação da interpretação que é feita entre as


palavras e a lei.

Restritiva: quando a lei vai além da sua vontade, dos fins para os quais ela
foi proposta. Ex.: a Lei Maria da Penha não definiu o grau de parentesco,
para não ficar muito extensiva é realizada uma análise restritiva. Parente até
3° grau de afinidade é um grau aceitável.

Extensiva: é quando a lei falou menos do que deveria, mas podemos


perceber uma vontade intrica. Quando a lei fica aquém. Ex.: crime de
bigamia, o direito penal não tem a mesma linha de interpretação que o direito
processual penal. O crime de bigamia --- um sujeito se casou com 4 mulheres
em territórios distintos. Logo, ele praticou a poligamia, só que a letra da lei
não fala de poligamia, apenas bigamia. Nesse caso usa-se a interpretação
extensiva, excepcionalmente. Ele praticou o crime de bigamia concurso,
cada vez que se casava com uma nova mulher. Aqui a lei disse menos.

Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2019.

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Aula 6 – Interpretação da lei processual penal – exercícios

Formas de integração de norma jurídica – ocorre quando fazemos a


utilização de uma das ferramentas de correção do sistema interpretativo com
a utilização da analogia, costumes *** ou princípios gerais do direito.

*** ex.: pela lei cheque não se divide, mas pode ser dado como pagamento
a prazo. O uso e costume brasileiro deixou de ser considerado apenas para
pagamento a vista e passa a ter características de nota promissória.

Descrição do Código de Processo Penal

CPP – Art. 3° A lei processual penal admitirá interpretação extensiva (forma


de interpretação expressa) e aplicação analógica *** (formas de integração
das normas), bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

*** interpretação analógica é quando você está estudando um tipo penal e o


próprio tipo penal diz: ou outra forma análoga. Ex.: homicídio cruel
qualificado --- espancamento --- não está descrito na norma a forma de
espancamento, mas o processo pode interpretar que por exemplo,
espancamento com barra de ferro, n vezes, em n partes do corpo.

Prática

(2018 – VUNESP – PC – BA – DELEGADO DE POLÍCIA) Aplicar-se-á a


lei processual penal, nos estritos termos dos arts. 1°, 2° e 3° do CPP.

Aos processos de competência da Justiça Militar. - CPPM

Ultrativamente, mas apenas quando favorecer o acusado. - Art. 2º -


princípio da imediaticidade

Retroativamente, mas apenas quando favorecer o acusado. – Art. 2º -


princípio da imediaticidade

Desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da
lei anterior. ITEM CORRETO
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Com o suplemento dos princípios gerais de direito sem admitir, contudo,
interpretação extensiva e aplicação analógica. - Admite a interpretação
extensiva e analógica.

(2015 – FCC – TJ – SE – JUÍZ DE DIREITO) A lei processual penal.

Não admite aplicação analógica, mas admite interpretação extensiva.

Somente pode ser aplicada a processos iniciados sob a sua vigência.

Somente pode ser aplicada a processos iniciados sob a sua vigência. Isolam
dos atos ---- ao ato processual. Princípio da imediaticidade. Pode ter sido
antes ou depois.

Admite o suplemento dos princípios gerais de direito. ITEM CORRETO

Admite interpretação extensiva, mas não o suplemento dos princípios gerais


de direito.

Obs.: fiquei entre a C e a D, porém não compreendi o item c.

3) (2015 – FCC – TJ – RR – JUIZ DE DIREITO) – A lei processual brasileira

a) Admite interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o


suplemento dos princípios gerais de direito. ITEM CORRETO

b) Aplica-se desde logo, em prejuízo da validade dos atos realizados sob a


vigência da lei anterior. Sem prejuízo

c) Retroage no tempo para obrigar a refeitura dos atos processuais, caso seja
mais benéfica ao réu. Princípio da imediaticidade

d) Não admite definição de prazo de Vacatio legis. É um período entre a


publicação de uma lei e sua vigência.

e) Será aplicada nos atos processuais praticados em outro território que não
o brasileiro, em casos de extraterritorialidade da lei penal.

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4) (2013 – FCC – TJ – PE – TÍTULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE
REGISTROS) Sobre a aplicação da lei processual penal e a interpretação no
processo pela, é INCORRETO afirmar:

a) A legislação brasileira segue o princípio da territorialidade para aplicação


das normas processuais penais.

b) O Princípio da territorialidade na aplicação da lei processual penal


brasileira pode ser ressalvado por tratados, convenções e regras de direito
internacional.

c) A lei processual penal aplicar-se desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob vigência da lei anterior.

d) A norma processual penal mista *** constitui exceção à regra da


irretroatividade da lei processual penal. *** É A HIBRIDA E ELA
RETROAGE, porque tem aspectos penais, e as leis penais retroage se a
beneficiar.

e) No processo penal, assim como no direito penal, é sempre *** admitida a


interpretação extensiva e aplicação analógica das normas. ITEM
INCORRETO *** excepcionalmente.

OBS.: errei feio a questão. Escolhi a d.

(MPE – SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA) Analise o enunciado da questão


abaixo e assinale se ele é CERTO ou ERRADO. Segundo o Código de
Processo Penal, a lei processual penal admitirá interpretação extensiva e
aplicação analógica.

Correta questão.

Rio de Janeiro, 2 de outubro de 2019.

Aula 7 - interpretação da lei processual penal

PRINCÍPIOS PENAIS

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Princípio do Devido Processo Legal: o art. 5°, LIV, da CF estabelece que
“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal”. Este princípio deve encartar a ideia de Estado de Direito (devido
processo legal objetivo) e inclusive no que concerne ao seu acrescimento
democrático, que agrega noções de justiça, igualdade jurídica e respeito aos
direitos fundamentais (LIMA, Maria Rosynete Oliveira. Devido processo
legal. Porto Alegre).

Sob o enfoque subjetivo, o devido processo legal exige um juízo de


razoabilidade ou proporcionalidade do Poder legiferante (pode de produzir
as leis), obrigando que se produzam leis de acordo com os valores alçados à
categoria de constitucionais ou supraconstitucionais, tais como justiça,
dignidade da pessoa humana.

Questão de prova:

(2017 – FUNDEP – MPE – MG – PROMOTOR DE JUSTIÇA): patrocinado


pela defensoria pública, determinado réu foi regularmente intimado para
audiência de instrução e julgamento, onde foram ouvidos como testemunhas
da denúncia os policiais que participaram de sua prisão em flagrante e a
vítima. A intimação para o ato se deu no presídio, onde o réu se encontrava
preso pela prática de outro fato. Na audiência, ausente o réu, o defensor
dispensou sua presença. A prova foi produzida, alegações oferecidas e
preferida sentença condenatória. Considerando as informações acima é
correto afirmar que: o due processo f law (devido processo legal) admite
dispensar a presença do réu, mas a torna obrigatório no interrogatório, na
medida em que ele estava custodiado pelo Estado.

QUESTÃO CORRETA.

O interrogatório é um ato de defesa, em regra é realizado no final da


audiência.

Se o réu estive em liberdade e não estivesse presente, o problema é dele pois


ignorou as intimações, logo ele será julgado a revelia.

21
No caso em questão, o réu está sob custódia do Estado, logo ele deveria estar
presente na audiência. (Decisão do STF – Habeas Corpus 111.728). Sob pena
de cercear a ampla defesa do réu e tornando assim o processo nulo.

Princípio do Contraditório: também denominado de bilateralidade entre as


partes, atribui, quanto ao réu, o direito de ser cientificado do processo,
conhecer a acusação e as provas contra ele produzidas, podendo contraditá-
la, em igualdade à parte acusatória, o que exige uma ciência bilateral das
partes e uma paridade de armas (dentro de uma ampla defesa) para se
assegurar uma efetiva igualdade processual entre defesa e acusação, num
sistema processual acusatório.

Portanto, é pelo princípio do contraditório que uma das partes tem o direito
de impugnar as provas e alegações produzidas pela outra, principalmente o
réu.

Art. 5°, LV, CF – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e


aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes.

Questões de prova

(2018 – CESPE STM – ANALISTA JUDICIÁRIO) A respeito dos


princípios constitucionais e gerais do direito processual penal, julgue o item
a seguir.

A garantia, aos acusados em geral, de contraditar atos e documentos com os


meios e recursos previsto atende aos princípios constitucionais do
contraditório e da ampla defesa.

QUESTÃO CORRETA.

(2017 – FEPESE – PC – SC – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) É correto afirmar


sobre o princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa.
22
O contraditório é de observância obrigatória durante a investigação criminal.
INVESTIGAÇÃO NÃO É PROCESSO, POR ISSO NÃO TEM
CONTRADITÓRIO.

O contraditório obriga o magistrado a sempre ouvir o Ministério Público


antes de proferir decisões contrárias ao acusado. A PARTE CONTRÁRIA
QUE DEVE SER OUVIDA, A PARTE DO ACUSADO.

Nos crimes dolosos contra a vida, é dispensada a observância dos princípios


do contraditório e da ampla defesa.

O princípio do contraditório é exclusivo da acusação, ao passo que o


princípio da ampla defesa deve beneficiar a defesa do acusado;

A ampla defesa assegura ao acusado a utilização dos meios e recursos


inerentes durante o curso da ação penal. ITEM CORRETO

(2018 – CESPE – ABIN – OFÍCIO DE INTELIGENCIA) Acerca dos


princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei processual penal, bem
como dos sistemas de processo penal, julgue o item que se segue.

A publicidade, a imparcialidade, o contraditório e a ampla defesa são


características marcantes do sistema processual acusatório.

QUESTÃO CORRETA.

OBS.: eu errei porque fiquei na dúvida sobre a publicidade.

(2016 – VUNESP – TJM – SP – JUÍZ DE DIREITO) A respeito dos


princípios processuais penais. O princípio do contraditório restará violado se
entre a acusação e a sentença inexistir correlação.

QUESTÃO CORRETA

Rio de Janeiro, 04 de setembro de 2019.

23
Aula 8 – Interpretação da Lei Processo Penal

3. Princípio da Ampla defesa: situação para dá paridade de armas. Um


consectário (vem na sequência) do princípio do contraditório é o princípio
da ampla defesa que é destinada ao réu. Diante do excelente aparato do
Estado que possui todos os meios à sua disposição para produção de provas
e elaboração de uma acusação contra o indivíduo, percebe-se que este é a
parte hipossuficiente do processo. Assim, o princípio da ampla defesa
contém norma que assegura ao réu o direito de se valer de todos os meios de
prova, em regra, ressalvadas as ilícitas, para contraditar a acusação, bem
como da assistência de uma defesa técnica por advogado. *** Defesa
técnica. A autodefesa é renunciável quando o réu confessa, porém, a defesa
técnica não pode ser renunciável.

Plenitude de defesa: Estabelece o inciso XXXVIII do art. 5º da CF


que “é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.”

O tribunal do júri é constitucionalmente competente para julgar os crimes


dolosos contra a vida (homicídio, infanticídio, abordo, instigação,
induzimento e auxílio ao suicídio), sendo-lhe assegurada a plenitude de
defesa.

QUESTÃO DE PROVA

1. (2017 – CONSULPLAN – TJMG – TÍTULAR DE SERVIÇOS DE


NOTAS E DE REGISTROS) O princípio da ampla defesa implica em
que a defesa técnica seja indisponível e efetiva. Assim, o STF tem
entendimento consolidado de que a deficiência da defesa constitui

24
nulidade absoluta, que independente da constatação de prejuízo para
o réu.
QUESTÃO ERRADA.
Súmula STF 523 *** cai muito
Quando se fala em defesa técnica só gerará nulidade do processo,
quando houver a ausência da defesa técnica. Se houve a defesa técnica
e ela foi deficiente, isso por si só não gera nulidade do processo.

2. (2017 – FAPEMS – PCMS – DELEGADO DE POLÍCIA) O princípio


da ampla defesa se desdobra na defesa técnica e na autodefesa. A
primeira indisponível, ainda que o acusado seja ausente ou foragido;
e a segunda quando realizada de forma negativa implica no silêncio
do acusado ou omissão, sendo irrenunciável, pois do contrário poderia
acarretar prejuízo ao réu.

QUESTÃO INCORRETA.

A autodefesa pode ser renunciada, o que não pode se renunciável é a


defesa técnica.

Uma das vertentes da autodefesa é o silêncio porque ninguém é


obrigado a produzir provas contra si, e o silêncio NÃO pode ser
interpretado como prejuízo da autodefesa.

4.Princípio do Estado de Inocência: “Ninguém será considerado culpado até


o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.” Essa é a norma
insculpida no art. 5°, LVII, da CF, que estatui o princípio do estado de
inocência ou da não culpabilidade que também tem assento no art. 8°,
segundo item do Pacto de São José da Costa Rica – 1992***, subscrito,
referendado e ratificado pelo Brasil, in verbis: “2. Toda pessoa acusada de
um delito tem o direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for
legalmente comprovada sua culpa”.

***TRATADO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS.

O princípio do estado de inocência resulta em duas consequências:

a) Uma relacionada à restrição da liberdade;

25
b) Outra relativa à produção de provas no processo (em face de ninguém
ser obrigado a produzir provas contra si mesmo).

A autodefesa ou não auto incriminação, gera uma inexigibilidade de


autoincriminação, haja vista, que ninguém é obrigado a produzir provas
contra si mesmo, consagrado no acordo internacional de direitos humanos
Pacto de São José de Costa Rica, já citado, esta determinação é vista como
o princípio especifico do “nemo denetur se detegere” (ninguém obrigado
a se descobrir--- autodefesa). *** caindo muito em prova. Ninguém
precisa temer o fato de estar sendo investigado por que ninguém é
obrigado a produzir provas contra si.

Súmula 522 – se ele apresentar uma falsa identidade ele pode responder,
não está protegido pelo princípio da autodefesa. Agora, ele não é obrigado
a dá o nome dele

QUESTÃO DE PROVA

1. (2016 VUNESPE – TJM-SP – JUIZ DE DIREITO) A respeito dos


princípios processuais penais. O direito ao silêncio, que está previsto
na CF, em conformidade com a interpretação sedimentada, só se aplica
ao acusado preso.
QUESTÃO INCORRETA.
INDPENDENTE DE ESTAR PRESO OU NÃO. ACUSADOS EM
GERAL.

2. (2017 – IBADE – SEJUDH/MT – ADVOGADO) O nemo tenetur se


detegere é interpretado pela jurisprudência constitucional como um
princípio que garante ao preso ou acusado, exclusivamente, o direito
ao silêncio.
QUESTÃO INCORRETA.
Não só ao silêncio, mas inúmeras outras coisas. Não é obrigada a
produzir nenhuma prova contra.

Obs.: errei de bobeira. Só me atentei a palavra exclusivamente depois.


FALTA DE ATENÇÃO.

26
3. (2017 – IBADE – SEJUDH/MT – ADVOGADO) À luz da
jurisprudência fixada em repercussão geral, apesar da presunção de
inocência, é possível executar provisoriamente a pena após a
condenação em segundo grau de jurisdição.
QUESTÃO CORRETA.

4. (2017 – CESPE – TJPR – JUIZ DE DIREITO) Considerando os


princípios que norteiam o interrogatório do acusado e os requisitos para
a realização desse ato, assinale a opção correta.
a) É válido o interrogatório do acusado que dispensa a presença do
advogado e permanece em silêncio, pois, se o silêncio não puder ser
interpretado contra a defesa, não haverá prejuízo, considerando-se o
princípio pas de nullité sans grief.(não há nulidade sem prejuízo) Não
pode haver a dispensa do advogado.
b) Se o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser assinar,
o juiz nomeará curador a este, após a leitura do interrogatório, assinará
o termo. ** Na fase policial. Tal fato será consignado nos autos.
c) O exercício do direito ao silêncio não gera presunção de culpabilidade
para o acusado, tampouco pode ser interpretado em prejuízo da defesa.
Item correto.

Rio de Janeiro, 05 de setembro de 2019.

Aula 9 – Princípios do processo penal

27
5. Princípio do Juiz Natural: Os órgãos do judiciário estão previstos na
CF (art. 92° c/c art. 98º, I) a qual, em alguns casos, fixa a cada um deles
uma competência especifica ou atribui esta tarefa à lei
infraconstitucional. O princípio do juiz natural está previsto, sob duas
vertentes, na CF, no art. 5°, incisos XXXVII e LIII, que estabelecem,
respectivamente: XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção,
e LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente.

QUESTÃO DE PROVA

1. (2018 – CESPE STM – ANALISTA JUDICIÁRIO) A respeito dos


princípios constitucionais e gerais do direito processual penal, julgue
o item a seguir.
Ninguém será processado nem sentenciado, senão pela autoridade
competente, em respeito ao princípio constitucional do juiz natural.
QUESTÃO CORRETA

2. (2018 -VUNESPE – PCBA – INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A


respeito do princípio constitucional do juiz natural, é correto afirmar
que, na fase investigatória,
a) Ele é representado pelo delegado de polícia, que atua na presidência
do inquérito polícia e concretiza as medidas legais;
b) Não há, uma vez que para sua existência é imprescindível que haja o
contraditório formal e a ampla defesa;
c) Não existe, pois nesta fase a autoridade judiciária exerce tão somente
atividade correcional e nunca jurisdicional propriamente dita;
d) Poderá haver tão somente na hipótese de decretação de medidas que
cerceiem a liberdade do investigado;
e) Ele é representado pelo juiz de direito que concede prazos, autoriza
diligências e determina medidas restritivas.

6. Princípio da Publicidade dos Atos Processuais: como regra, os


julgamentos e atos do processo penal são públicos, para que se possa
fiscalizar a atuação do judiciário, como se infere do art. 93, IX, da CF:
Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, serão públicos,
e fundamentadas todas as decisões ((Princípio da Motivação das

28
Decisões)), sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente
a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interesse no sigilo não prejudique o interesse público à informação.
A publicidade é uma garantia para a sociedade para transparecer a
independência, imparcialidade e responsabilidade do judiciário ao
julgar as lides, pois os processos são acessíveis a qualquer pessoa,
dentro do que chamamos de publicidade geral. Ressalva é feita aos
casos que interesse público ou intimidade não admitirem a publicidade
geral (segredo de justiça), no máximo haverá a publicidade restrita
(entre as partes).

Questão de prova

1. (2018 – CESPE STM – ANALISTA JUDICIÁRIO) A respeito dos


princípios constitucionais e gerais do direito processual penal,
julgue o item a seguir.

A lei não poderá restringir a divulgação de nenhum ato *** processual


penal, sob pena de ferir o princípio da publicidade.

QUESTÃO INCORRETA.

*** segredo de justiça justificado pela intimidade ou interesse público.

2. (2017 – CESPE – TER – BA – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


ADMINISTRATIVA) Indiciado em determinado inquérito
policial, Pedro requereu, por meio de seu advogado, acesso aos
autos da investigação. O requerimento foi negado pelo delegado de
polícia. Nessa situação hipotética, a decisão da autoridade policial
está:
a) Correta, pois, sendo procedimento inquisitório, não há de ser
falar em assistência de advogado no curso do inquérito policial.
b) Incorreta, pois o exercício do direito de defesa e contraditório
são plenamente aplicáveis ao inquérito policial;

29
c) Incorreta, pois afronta o princípio da publicidade, igualmente
aplicável às ações penais em curso e aos inquéritos policiais;
d) Incorreta, pois o acesso do indiciado, por meio de seu advogado,
aos autos do procedimento investigatório é garantia de seu
direito de defesa.

O princípio da publicidade não é estendido a fase de


inquérito policial porque ainda não é um processo. A investigação
é legalmente sigilosa, porém a sua publicidade por parte do
investigado, o advogado nos termos da Súmula Vinculante 14 tem
acesso a tudo que já foi documentando.

Rio de Janeiro, 06 de outubro de 2019.

Aula 10 – Princípios do Processo Penal II

7. Princípio da Inadmissibilidade das provas ilícitas (art. 5º, LVI da CF e


art. 157 do CPP)

Conceitos de provas ilícitas – A CF, no art. 5º, LVI, estatui que são
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.

Eis o princípio que veda a utilização de provas ilícitas no processo.


Convém investigar o conceito de provas ilícitas.

A doutrina brasileira, tradicionalmente, considera que as provas colhidas


com afronta à lei podem ser do gênero ilegais, cujas espécies são:

a) Ilícitas: seriam aquelas colhidas com afronta à uma lei material. Ex.:
realizar uma escuta sem mandado, uma vez existe uma lei para quebra
de sigilo telefônico.
b) Ilegítimas: seriam aquelas colhidas com Afronta à uma lei processual.
Ex.: apresentar alguma prova no dia da audiência, quando o certo é no
mínimo 3 dias antes.

30
Com a reforma do Código Processual Penal em 2008 foi retirado
essa diferenciação entre prova ilícita e prova ilegítima, está tudo no
mesmo pacote. Ou seja, não se usa essas duas diferenciações, a não ser
que venha especificamente na prova.

No entanto, a reforma ao Código de Processo Penal produziu efeitos sobre


esse conceito da doutrina. A Lei n. 11.690/2008 modificou o art. 157 do
CPP, para regulamentar o art. 5°, LVI, da CF.

Eis o que dispõe o art. 157 do CPP.

São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas


ilícitas, assim entendias as obtidas em violação a normas constitucionais
ou legais. *** tanto faz se lei material ou processuais.

§1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas (fruto da


árvore envenenada), salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade
entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras.

Se por um acaso houver uma única prova que prove a inocência


do réu, porém ela foi obtida de forma ilícita, o juiz faz um balanço entre
prova ilícita ou ampla defesa e a presunção de inocência, para evitar a
todo custo um erro judicial, a balança pesa mais para o lado da ampla
defesa e a presunção de inocência, e por isso a prova deve ser aceita. É
uma questão também de direitos humanos. Mas é uma questão de
excepcionalidade.

Pelo caput do art. 157 do CPP supracitado, a prova ilícita é aquela obtida
em violação às normas constitucionais e legais. Assim, quando o
legislador fala que a prova ilícita é aquela que afronta a lei e não distingue
se a lei é processual ou material, as duas hipóteses se configuram como
ilícitas (nesse sentido, note-se a doutrina de Andrey Borges de Mendonça,
Nova Reforma do Código de Processo Penal. Ed. Método, p. 171)

31
Questão de prova

1. (2017 – IBADE – PAC – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL) São


inadmissíveis, por serem ilícitas, as provas que:
a) Violam normas constitucionais, não recebendo o mesmo tratamento
as que violam normas infraconstitucionais. Falso – qualquer lei.
b) Embora colhidas licitamente derivam das ilícitas. Certo ***
c) Violam normas infraconstitucionais, não recebendo o mesmo
tratamento as que violam normas constitucionais por serem estas
programáticas. Falso.
d) Violam a moral e os bons costumes. Falso.
e) Violam as normas constitucionais e legais, salvo se obtida de boa fé
pelo agende policial e forem imprescindíveis ao esclarecimento da
autoria. Falso

*** chegar à arma de um crime por meio de uma tortura, porém ao chegar
no local o dono da casa permite a entrada da polícia, portanto uma apreensão
legal.

Essa questão eu não sabia mesmo.

2. (2017 – IBADE – PC – AC – DELEGADO DE POLÍCIA) A cláusula


constitucional do due processo f law que se destina a garantir a pessoa
do acusado contra ações eventualmente abusivas do Pode Público tem,
no dogma da inadmissibilidade das provas ilícitas ou ilegítimas, uma
de suas projeções concretizadoras mais expressivas, na medida em que
o réu tem o impostergável direito de não ser denunciado, de não ser
julgado e de não ser condenado com base em elementos instrutórios
obtidos ou produzidos com desrespeito aos limites impostos pelo
ordenamento jurídico ao poder persecutório e ao poder investigatório
do Estado. (STF, HC 69912, Min. Celso de Mello)

A par de tal orientação jurisprudencial é possível afirmar corretamente


que:

32
a) As provas ilícitas são inadmissíveis e a ilicitude só poderá ser
excluída, excepcionalmente, em razão da boa fé do agente, nos casos
de organização criminosa e tráfico.
b) As provas ilícitas são inadmissíveis, sendo a doutrina pacífica no
sentido de que não podem servir nem mesmo quando forem as únicas
capazes de demonstrar a inocência do réu.
c) As informações colhidas na fase do inquérito que dão esteio à
acusação devem guardar perfeita obediência ao princípio da
legalidade sobre pena de refletir na rejeição da denúncia por falta de
justa causa produzida licitamente.
d) As provas derivadas das ilícitas não são alcançadas pela
inadmissibilidade.
e) Em nenhuma hipótese os vícios do inquérito policial serão
considerados, uma vez que se trata de fase administrativa que não
contamina o processo penal.

8. Princípio da motivação das decisões

Está expresso no art. 93,IX da CF/88 que: “todos os julgamentos dos


órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”.

Fundamentar nos fatos e nas provas.

a única excepcionalidade ao princípio da motivação são as


sentenças do júri, porque o voto é secreto.

Questão de prova

1.(2016 VUNESP – TJM – SP – JUIZ DE DIREITO) – A respeito dos


princípios processuais penais, o princípio da motivação das decisões e das
sentenças penais se aplica a todas as decisões proferidas em sede de
direito processual penal, inclusive no procedimento do Tribunal de Júri.

33
Questão errada.

A decisão do júri é intima convicção, sem motivação.

Porra! A professora já lança o slide com a resposta.

9. Princípio da Intranscendência – a responsabilidade penal é


personalíssima.

Este princípio da Intranscendência descrito na Carta Magna também é


denominado de princípio da responsabilidade penal personalíssima.
CF/88 – art. 5°, XLV: “A pena não passará da pessoa do condenado,
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, no termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido***

*** somente os efeitos civis indenizatórios de uma ação por danos morais
e materiais.

Questão de prova

(2015 – VUNESP – PCCE – INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL)


Constituição da República, art. 5°, inciso XLV: “nenhuma pena passará
da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido”. O dispositivo constitucional ora transcrito refere-se a um
dos princípios denominado.

a) Princípio da correlação.
b) Princípio da Intranscendência.
c) Princípio do Privilégio contra Autoincriminação.
d) Princípio da Oficiosidade ou do Impulso Oficial.
e) Princípio do Devido Processo Legal.

34
Rio de Janeiro, 7 de outubro de 2019.

Aula 11 – Inquérito Policial

Regulamentando entre os artigos 4º ao art. 23º do CPP.

LEI Nº 12.830, DE 20 DE JUNHO DE 2013.

Dispõe sobre a investigação


criminal conduzida pelo delegado de
polícia.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte


Lei:

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo


delegado de polícia.

Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais


exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e
exclusivas de Estado.

§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a


condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro
procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das
circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.

§ 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a


requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à
apuração dos fatos.

§ 3º (VETADO).

§ 4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso


somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico,
mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas
hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da
corporação que prejudique a eficácia da investigação.

35
§ 5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato
fundamentado.

§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato


fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar
a autoria, materialidade e suas circunstâncias.

Art. 3º O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel em


Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que
recebem os magistrados, os membros da Defensoria Pública e do Ministério
Público e os advogados.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

PRÉ PROCESSUAL
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL REGRA
(INQUÉRITO POLICIAL)
PERSECUÇÃO CRIMINAL

(PERSECUTIO CRIMINIS)
INSTRUÇÃO PROCESSUAL
(AÇÃO PENAL) PROCESSO
CRIMINAL

1.CONCEITO, NATUREZA E BASE LEGAL DO INQUÉRITO

É o conjunto de diligências que tem por objetivo reunir os elementos de


informação para que o órgão de acusação (Ministério Público [ação pública]
ou ofendido [ação privada]) possa ter base para dar início a ação penal.

As diligências que são os atos investigatório realizados pela polícia


investigativa incumbida das atividades de polícia judiciária sob a presidência
da autoridade policial, visa apurar o fato criminoso (circunstância,
materialidade e autoria da infração).

o inquérito policial é a primeira fase da persecução criminal [em relação


a sua natureza]. O inquérito policial é uma fase apuratória, administrativa de

36
caráter informativo, não é a fase processual, apenas acompanhará a denúncia
ou a queixa-crime quando for base para uma ou outra.

Segue as regras descritas no Código Processual Penal Brasileiro dos artigos


4º ao 23° onde encontra o seu fundamento jurídico. Como não é uma fase do
processo não tem natureza judicial e sim administrativa.

Algumas diligências têm lei própria, são leis especiais que prevalecem sobre
a lei geral (CPP) como exemplo, tráfico, maria da penha, intercepção
telefônica...

2.NOTÍCIA HISTÓRICA

Conforme descreve Antônio A. Machado: “o surgimento do inquérito no


direito brasileiro se deu com a reforma processual de 1871, por meio da lei
2.033, cujo regulamento nº 4828, em seu art. 42, estabelecia que:

“o inquérito policial consiste na realização de todas as diligências


necessárias para o descobrimento dos fatos criminosos, de sua
circunstância e dos seus autores de cumplices.”

Por meio da reforma processual de 1871, o processo penal brasileiro rompeu


com o “policialismo judiciário” que havia se instalado 30 anos antes, em
1841, e que atribuída funções judiciárias à polícia.

Assim, com a reforma processual, a polícia assumiu funções puramente


investigatórias, desenvolvidas no âmbito desse procedimento, que passou a
se chamar inquérito policial.

3.FINALIDADE O INQUÉRITO POLICIAL

Visa reunir os elementos de informação para que o órgão de acusação possa


subsidiar o processo que será proposto, pois sem indícios de autoria e
materialidade da infração a peça acusatória [denúncia ou queixa] não será
recebida pelo órgão do poder judiciário para iniciar o processo.

37
Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2019.

Aula 12 – Inquérito policial II

4.Características do inquérito policial

4.1 SIGILOSIDADE – o caráter sigiloso do inquérito policial é previsto no


próprio CPP, art. 20 – enquanto o processo é público, o inquérito corre de
forma sigilosa, acessível somente ao advogado, que dele pode tirar cópias
daquilo que já está documentando. (vide Súmula Vinculante nº 14 do STF)

“Súmula vinculante nº 14 – é direito do defensor, no interesse do


representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
defesa.”

o advogado do investigado NÃO terá acesso à DILIGÊNCIAS EM


ANDAMENTO.

Agora quando da diligência depender da presença do investigado, é de direito


deste contar com a presença de seu advogado.

4.2. INQUISITORIEDADE – o inquérito é inquisitório, ou seja, não se


admite produção de defesa em fase de inquérito, visto o indiciado que está
sendo investigado por ser apenas objeto da investigação e não um sujeito do
processo, a quem ainda não é dado o direito de ampla defesa, pois ainda não
existe uma acusação, apenas uma investigação. É certo dizer, entretanto que
todo investigado é sujeito de direitos e garantias fundamentais previstos na
CF/88. Não existe defesa porque não tem acusação nessa fase, a polícia só

38
levanta as circunstâncias do ocorrido, por isso ainda não existe ampla defesa
e contraditório. Existe requisitos de contraditório porque o investigado pode
contradizer tudo o que está sendo apresentando, porém não tem como
característica do inquérito. É aquilo, quem tem boca fala o que quer.

4.3 – ESCRITO: todas as peças produzidas no inquérito são reduzidas a


termo, não havendo no apuratório nenhuma fase oral, tendo como
característica ser escrito em face de tudo ser documentado conforme previsto
no art. 9° do CPP.

4.4 – DISPENSABILIDADE: embora útil à ação penal, não é necessário


para a instauração do processo, podendo ser dispensado para a propositura
da ação, desde que o Ministério Público ou o ofendido possuam peças de
informação que subsidiem o oferecimento da denúncia à queixa em juízo.
Vale destacar é indispensável para o Ministério Público que pode promover
sua própria investigação ou já ter base suficiente para uma ação.

4.5 – OFISIOSIDADE: o inquérito policial pode até ser dispensável, para a


propositura da ação penal, porém é a forma normal de apuração das infrações
penais e assim que uma notícia de crime chega ao conhecimento da polícia
e presente a justa causa, a polícia tem a obrigatoriedade de atuação na
apuração da infração.

4.6 – INDISPONIBILIDADE: o inquérito é oficioso e como visto é


dispensável para a propositura da ação penal, mas não é disponível para a
polícia. Após a notícia de um crime, a polícia instaurará o inquérito, tendo
em vista ser ele obrigatório, e uma vez instaurado, não poderá ser arquivado
pela polícia, mesmo que depois se verifique a ausência de justa causa, pois
somente ao Poder Judiciário é dado o poder de arquivamento de inquérito.
(Art. 17º, CPP)

39
4.7 – INFORMATIVIDADE: o inquérito é informativo, os elementos de
informação colhidos na fase inquisitiva só informarão o processo futuro,
sendo as provas refeitas em juízo sob o crivo do contraditório e ampla defesa.
Algumas provas (provas cautelares, antecipadas, não repetíveis) são
antecipadas e não podem ser refeitas, em razão de sua natureza não repetível
passará pelo contraditório diferido.

Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2019.

Aula 13 – Inquérito policial III

4.8 - ADMINISTRATIVO: é a fase que antecede o processo e por isso tem


natureza administrativa e não judicial, e é certo que segue uma regra de
discricionariedade*** na produção dos elementos de informação, sendo
mitigada (mesclada) esta discricionariedade pelas requisições ministeriais
(quando vem o promotor e manda realizar determinada diligência), o juiz
também têm esse poder, porém é mais difícil dentro da fase administrativa
(inquérito policial) o juiz realizar em oficio, ele fica mais imparcial, mas
sendo necessário, ele pode, sim, requisitar diligências.

*** em relação a produção de provas.

*** Se cair na prova que a discricionariedade é uma característica? Sim, ela


pode ser mitigada pela requisição do MP.

5. NOTITIA CRIMINIS

A instauração do inquérito se dá com a informação recebida pela autoridade


da infração penal quando se dá o conhecimento da prática do crime – notitia
criminis.

crimes subnotificados – são aqueles que NÃO chegam até as


autoridades públicas. Ex.: abusos infantis, estupros, tráficos de pessoas...

40
O Estado precisa facilitar a forma de comunicação, criar meios para ter essa
notícia.

Notícia direta/imediata ou espontânea de crimes – é quando a notícia do


crime chega pelos meios investigatórios, a polícia usou os próprios recursos
ou por reportagens investigativas.

5.1 – NOTÍCIA DIRETA OU ESPONTÂNEA

A notícia direta é de cognição imediata, conhecimento direito pela polícia


que usa seus próprios meios para tomar conhecimento do fato ou este ocorre
com a localização do corpo do delito, atendimento da vítima com
traumatismos ou lesões em hospital, noticiários da mídia ou qualquer outra
forma capaz de levar o conhecimento direito da infração à polícia, em
especial hoje a rede mundial de computadores.

5.2 – NOTÍCIA INDIRETA OU PROVOCADA

A notícia de cognição mediata vem por meio do ofendido ou quem tenha


qualidade para representá-lo, por meio da população ou por requisição do
juiz ou dos membros do Ministério Público. A notícia de cognição mediata
também pode ser chamada de provocada.

Quando o ofendido só comunica o fato é uma notitia mediata simples,


entretanto quando comunica o fato é requer abertura do inquérito é uma
notitia mediata postulatória (quando notícia e faz o requerimento).

A notícia recebe a nomenclatura de delatio criminis quando realizada


por qualquer do povo nos termos do CPP, art. 20 ... §3º - Qualquer pessoa
do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-lo à
autoridade policial, e esta, verificando a procedência das informações,
mandará instaurar inquérito.
41
Direta/Imediata

Notitia criminis Do ofendido/representando legal

Indireta Requisição do MP/Juiz

Delatio Criminis – Popular/ ação


publica

As notícias são materializadas em Boletim de Ocorrência.

5.3 – NOTITIA CRIMINIS – COERCITIVA

É a notícia que independentemente de ter chegado ao conhecimento da


autoridade de forma direta ou indireta, tem uma característica especifica que
é a obrigatoriedade da instauração do inquérito. Temos notitia criminis
coercitiva, quando por exemplo ela vier junto com a uma prisão em flagrante,
o que gera a obrigatoriedade da lavratura e início mediato do inquérito pelo
auto de prisão em flagrante, pois acompanhou a notícia uma prisão em
flagrante.

Obrigatoriedade de naquele momento instaurar o inquérito. Se não instaurar


não pode prender.

5.4 – NOTÍCIA ANÔNIMA

A notitia criminis anônima é também conhecida como inqualificada - neste


caso antes da polícia instaurar o regular procedimento de apuração (inquérito
policial) deve realizar pesquisas com o fim de averiguar se o fato tem
verossimilhança e só assim instaurar o inquérito.

A notícia anônima, por si só, não pode dar início ao inquérito, salvo se ela se
configurar no próprio corpo de delito (a polícia recebe provas com a
materialidade da infração)

42
O STF admite a instauração de inquérito policial e a posterior persecução
penal fundados em delações anônima, desde que a autoridade policial
confirme, em apuração sumária e preliminar, a verossimilhança do crime
supostamente cometido. De acordo com essa jurisprudência, uma vez
apurados indícios de possível cometimento de delito, pode ser instaurada a
persecução penal, que agora se baseia em fatos que se sustentam
independentemente do relato anônimo (HC 106.664) ** HC = Habeas
Corpus

Segundo o STF – as autoridades públicas não podem iniciar qualquer medida


de persecução (penal ou disciplinar), apoiando-se, unicamente, para tal fim,
em peças apócrifas (aquilo que pode ser ou não verdadeiro) ou em escritos
anônimos. É por essa razão que o escrito anônimo não autoriza, desde que
isoladamente considerado, a imediata instauração de “persecutio criminis”
– peças apócrifas não podem ser formalmente incorporadas a procedimentos
instaurados pelo Estado, salvo quando forem produzidas pelo acusado ou,
ainda, quando constituírem, elas próprias, o corpo de delito (como sucede
com bilhetes de resgates no crime de extorsão mediante sequestro, ou como
ocorre com cartas que evidenciem a prática de crimes contra honra, ou que
corporifiquem o delito de ameaça ou que materializem o “ crimen falsi”
(crime de falsificação) (STF – HCA 97197)

43
Rio de Janeiro, 14 de outubro de 2019.

Aula 14 – Inquérito Policial IV

Resumo

Notitia criminis

 Direta (imediata – espontânea) Feita pelo ofendido.

Por meio de requisição do juiz ou do MP

 Indireta (mediata – provocada)

 Coercitiva (obrigatoriedade) realizada através de

flagrante.

 Anônima (inqualificada)

44
STF – antes de instaurar o regular procedimento – deve ser feita
análise prévia que comprove a existência da infração penal e só então
instaurar o procedimento – inquérito policial – salvo se a notícia se
configura no corpo de delito.

6. TITULARIDADE – REALIZAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

6.1 – Realização do inquérito policial – Polícia Judiciária e Polícia


Investigativa

Ao analisar o texto constitucional a doutrina indica serem polícias


judiciárias em sentindo amplo – a polícia federal e as polícias civis dos
Estados – E apesar do nosso CPP em seu artigo 4º, se referir somente à
polícia judiciária, a CF distingue a polícia judiciária de polícia
investigativa, sem seu art. 144.

Art. 144, CF – CAPÍTULO III – SEGURANÇA PÚBLICA

A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I – Polícia federal;

II – Polícia Rodoviária Federal;

III – Polícia Ferroviária Federal;

IV – Polícias civis;

V – Policiais militares e corpos de bombeiros militares.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,


organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:
45
I – Apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em
detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades
autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática
tenha repercussão interestadual ou internacional e exigida repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei; ...

IV – Exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da


União.

§ 2° - A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e


mantido pela União é estruturada em carreira, destina-se, na forma da lei,
ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.

§ 3° - A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e


mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei,
ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.

§ 4° - Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,


incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

§ 5° - Às polícias militares, cabem a polícia ostensiva e a preservação da


ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

§ 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças


auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as
polícias civis, aos Governadores dos Estados, e do DF e dos Territórios.

46
Conclui-se que a atividade de Polícia Judiciária em sentindo amplo é
exercida, em regra, pelas Polícias Civis e pela Polícia Federal e se
subdividem assim:

Como polícia judiciária em sentido estrito, quando do cumprimentos de


requisições judiciais, exercendo atividade tipicamente judicial a qual não se
confunde com atividade jurisdicional *** que somente pode ser exercida por
órgão jurisdicional e polícia investigativa (quando da apuração das infrações
penais), assim as atribuições mais uma vez se verifica como sendo das
polícias civis e federal no exercício da atividade de polícia investigativa com
vista a apuração de crimes e contravenções penais, cabendo exclusivamente
ao Delegado de Polícia a instauração de presidência dos inquéritos policiais.

O papel de polícia investigativa, em regra, é das polícias civis e federais,


salvo se a lei conferir a outro órgão o poder de investigação, vale ressaltar
que a CF/88 não estabeleceu qualquer exclusividade para o exercício de
polícia investigativa.

*** entregar uma citação é assunto do oficial de justiça.

6.2 – INQUÉRITO EXTRAPOLICIAIS

A) INVESTIGAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A investigação não é exclusiva das polícias judiciárias (civis e federal), pois


o MP pode investigar em situações excepcionais conforme decisão do STF
(RE 593. 727). Ministério Público dispõe de competência para promover,
por autoridade própria, respeitados os direitos e garantias que assistem a
qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado,
observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional
de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham
investidos, em nosso país. O STF reconheceu a legitimidade do MP para

47
promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal e fixou os
parâmetros da atuação do MP (RE 593.727 – ST – 2015).

Não pode haver um inquérito policial em paralelo a uma investigação


do MP.

B) INVESTIGAÇÃO DA POLÍCIA LEGISLATIVA

Conforme descrê a Súmula 397 do STF – “o poder de polícia da Câmera dos


Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas
dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do
acusado e a realização do inquérito.”

A polícia legislativa da Câmera Federal e do Senado, poderá instaurar um


inquérito policial, presidido por um funcionário formado em direito, para
apurar infrações ocorridas exclusivamente dentro da Casa, com base no CPP
e nos regulamentos policiais do DF.

C) INVESTIGAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR E DAS FORÇAS


ARMADAS

Estas instituições têm o papel de investigação para os crimes ditos militares


(exercendo as funções de polícia investigativa e judiciária militar).

Realização de termo circunstanciado *** de ocorrência pela Polícia Militar


o tema não é pacificado, mas já há estados da federação com regulamentação
desta atividade.

*** é para infrações de menor potencial ofensivo.

48
D) INVESTIGAÇÃO DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DO
INQUÉRITO

O Poder Legislativo em todas as esferas territoriais (federal, estadual e


municipal) tem poder para instaurar CPI’s para apurar infrações penais com
repercussão em suas respectivas áreas circunscricionais.

Rio de Janeiro, 15 de outubro de 2019.

Aula 15 – Inquérito policial V

7. INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL

A instauração por portaria ou auto de prisão em flagrante é feita pela


autoridade policial.

a) De ofício: nos casos de ação penal pública incondicionada, ou seja,


a notícia chega de forma direta à autoridade policial. Por exemplo, a
localização de um cadáver; o delegado de ofício, sem nenhuma
provocação, irá dar início ao inquérito, por se tratar de crime de ação
penal pública incondicionada (não depende da vontade de quem
quer que seja). Chegou ao conhecimento, existe justa causa, o
delegado vai instaurar o inquérito.
b) Mediante requisição: o juiz e o MP poderão requisitar a instauração
do inquérito policial, neste caso, a autoridade policial deverá
instaurar o IP. A notícia chegou para o juiz ou promotor, então eles
passam para o delegado requisitar o IP. Requisição não é pedido, é
determinação por isso o delegado não pode indeferir. Se o juiz ou
promotor requisitar é porque eles já fizeram a análise de justa causa.

49
Agora, se ficar claro que a ordem para abertura do inquérito tiver
uma motivação ilegal, é claro, que o delegado pode indeferir.
c) Por requerimento: o ofendido, ou quem tem qualidade para
representá-lo poderá requerer a instauração de inquérito em relação
a qualquer crime, seja de ação pública ou privada. O requerimento
pode ser a forma para a polícia instaurar inquérito nos crimes de ação
pública. Mas é a única forma nos crimes de ação privada. Antes de
instaurar a polícia faz análise de justa causa. Se for indeferido, cabe
um recurso para o chefe de polícia.

Ação Penal de Iniciativa Privada é aquela ação em que o titular


da ação é o ofendido, é a vítima ou seu representante legal mediante queixa,
por exemplo, crimes contra a honra, injúria, calúnia, dano relacionada a
bens privados.

d) Mediante representação – do ofendido ou de quem tenha


qualidade para representá-lo quando o crime for de ação pública
condicionada, o delegado só pode instaurar o IP mediante
representação da vítima ou de seu representante. Ex.: vítima de
violação de correspondência, furto, violência que não seja Maria da
Penha....

RESUMO:

Início do inquérito policial

 De ofício – ação penal pública incondicionada

50
 Mediante requerimento do ofendido

 Crime de ação penal pública ou privada


 Necessário nos crimes de ação penal privada
 Será feita análise de justa causa – pode ser indeferido – cabe
recurso.

 Mediante requisição do juiz ou do MP – ação penal pública


incondicionada.
 Mediante representação do ofendido – Necessária nos crimes de
ação penal pública condicionada à representação.

8. DILIGÊNCIAS INVESTIGATIVAS

São procedimentos investigativos, sendo que, após tomar conhecimento da


infração, deverá a autoridade policial segundo descreve o CPP, se dirigir ao
local do fato, apreender objetos relacionados ao crime, ouvir todas as pessoas
envolvidas, determinar o reconhecimento de pessoas e coisas, bem como
determinar, quando interessar à prova, a reconstituição de crime, desde que
não atende contra a moralidade e a ordem pública. Serão realizados exames
e perícias técnicas, dentre outras diligências legais e aptas à solução da
infração penal.

Segundo descreve o CPP (art. 22) – no DF e nas comarcas em que houver


mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas
poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligencias em
circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e

51
bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre
qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição.

8.1 DILIGÊNCIAS QUE AFETAM RESERVAS CONSTITUCIONAIS

Quando forem necessárias, para elucidação do fato, diligências que atinjam


as reservas constitucionais, tais como: quebra de sigilo bancários ou
telefônicos, buscas domiciliares, prisões provisórias ou interceptações
telefônicas, a autoridade policial só poderá realizá-la, sob pena de vício de
ilegalidade com prévia determinação judicial, podendo a autoridade policial
representar o judiciário pela expedição dos mandados judiciais.

8.2 DILIGÊNCIAS REQUERIDAS PELOS ENVOLVIDOS

O investigado, o ofendido poderão solicitar qualquer diligência, porém a


realização é discricionária (poderão ou não realizar a diligência, como irá
fazer) da autoridade policial (art. 14, CPP). Agora se o promotor solicitar
determinada diligência, o delegado será obrigado a realizar.

8.3 DILIGÊNCIAS REQUISITADAS PELO JUIZ OU PELO


MINISTÉRIO PÚBLICO

Deverão ser atendidas pela autoridade policial.

CPP – art. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a


autoridade policial deverá:

I – Dirigir-se ao local, providenciado para que não se alterem o estado e


conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais (Redação dada
pela Lei nº 8.862, de 28/03/1994) (vide Lei nº 5.970, de 1973) *

II – Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados


pelos peritos criminais (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28/03/1994)
52
III – Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e
suas circunstâncias

IV – Ouvir o ofendido

V – Ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto


no Capítulo III do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser
assinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura

VI – Proceder o reconhecimento de pessoas e coisas e a acareação

VII – Determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e


a quaisquer outras perícias;

VIII – Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se


possível, e fazer juntar aos autos suas folhas de antecedentes (vide lei nº
12037/09)

IX – Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual,


familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo
antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que
contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. *

X – Colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se


possuírem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável,
pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (incluído pela Lei nº
13.257 de 2016 – Estatuto da primeira infância)

Art. 7° - Para averiguar a possibilidade de haver a infração sido praticada de


determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução
simulada dos fatos (reconstituição do crime), desde que esta não contrarie a
moralidade ou a ordem pública.

53
Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2019.

Aula 16 – Inquérito policial VI

8.4 – DILIGÊNCIA NOS CASOS DE CRIMES QUE ENVOLVAM A


PRIVAÇÃO DA LIBERDADE INDIVIDUAL

Art. 13 – A: Nos crimes previstos nos arts. 148 (sequestro e cárcere privado),
149 (exploração na condição análoga de escravo) e 149-A (tráfico de
pessoas), no §3° do art. 158 (extorsão com privação da liberdade) e no art.
159 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal)
(extorsão mediante sequestro), e no art. 239 da Lei nº 8.069, de 13 de julho
de 1990 (ECA) (tráfico de menores), o membro do MP ou delegado de
polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de
empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou
de superiores (incluindo pela lei nº 13.344, de 2016).

Parágrafo Único: A requisição, que será atendida no prazo de 24 horas,


conterá:

I – O nome da autoridade requisitante;

II – O número do inquérito policial; e

III – A identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela


investigação.

Art. 13-B: Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados


ao tráfico de pessoas, o membro do MP ou o delegado de polícia poderão
requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço
de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os
54
meios técnicos adequados - como sinais, informações e outros – que
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.
(Incluído pela lei nº 13.344, de 2016) *

§1° Para efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de


cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência.

§2° Hipótese de que trata o caput, o sinal:

I – Não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza,


que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei;

II – Deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por


período não superior a 30 dias, renovável por uma única vez, por igual
período;

III – Para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária
a apresentação de ordem judicial.

§3° - Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser


instaurado no prazo máximo de 72 horas contado do registro da respectiva
ocorrência policial. **

** O sinal pode ser liberado baseado exclusivamente na ocorrência policial


antes da instauração do inquérito? Sim, porque eles deram um prazo para a
instauração do inquérito. Agora, se o sinal de liberação foi liberado tendo em
vista apenas uma ocorrência policial, o inquérito tem que ser instaurado no
prazo de 72 horas.

Interceptação telefônica, o juiz normalmente tem 24 horas para decidir.

§4º - Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 horas, a autoridade


competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os

55
meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com
imediata comunicação ao juiz.

9.INDICIAMENTO DE IDENTIFICAÇÃO DO INVESTIGADO

Indiciamento de suspeitos: Segundo descreve a Lei Federal 12.830/2013 o


indiciamento é ato privativo do presidente do inquérito policial que é a
autoridade policial. “Art. 2° ... §6º - o indiciamento, privativo do delegado
de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-
jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas
circunstâncias”.

A identificação do indiciado atenderá ao princípio constitucional previsto no


art. 5°, inc. LVIII da CF, ou seja, a pessoa identificada civilmente não o será
criminalmente, atendidas as disposições legais. A lei nº 12.037/2009, que
regula a identificação criminal do indiciado não for identificado, não
comprovar a identificação ou o documento apresentado estiver com os dados
comprometidos em razão da precariedade do documento apresentado, bem
como aparência de falsificação ou conste de registros policial o uso de outros
nomes ou diferentes qualificações.

Todos os atos de realização de diligências, o investigado pode ficar


inerte, pois não precisa participar de acareação, interrogação.... Enfim, ele
não é obrigado a produzir provas contra si mesmo.

56
O STF definiu que interrogação por condução coercitiva não está respaldada
no texto constitucional. O interrogatório é uma exclusivo de defesa e não
pode ser alvo de condução coercitiva. *

O indiciamento pode ser realizado sempre que existir justa causa, porém
menores de 18 anos não podem ser indiciados de nenhuma forma, não podem
nem ser ouvidos com suspeitos em uma delegacia que não seja a
especializada. Os indiciadores menores citados no artigo 15º do CPP eram
aqueles entre 18 e 21 anos, aqueles civilmente ainda incapazes, mas
criminalmente já eram imputáveis. Este artigo perdeu a eficácia com o
Código Civil de 2002.

Indiciamento de pessoas com prerrogativas de função, só poderá ser


realizado com prévia autorização do órgão ao qual é vinculado a sua
prerrogativa de função, ao órgão que o julgaria em caso de crimes, como por
exemplo: presidente – Supremo Tribunal Federal, governador – Superior
Tribunal Justiça...

10. PRAZO PARA CONCLUSÃO DAS INVESTIGAÇÕES

No caso de indicado preso, o prazo para conclusão do inquérito é de 10


dias, se o indiciado estiver solto o prazo é de 30 dias, podendo ser
prorrogado pelo juiz caso existam diligências necessárias para a
conclusão ainda não realizadas no prazo inicial.

No caso de crimes apurados pela polícia federal, o prazo será de 15 dias


prorrogável estando o indicado solto.

A lei nº 11343/2006 – Lei Antidrogas – prevê que estando o indiciado


preso *** a autoridade policial, terá o prazo de 30 dias para concluir o IP
que pode ser prorrogados por mais 30 dias para conclusão, caso

57
necessário, por extrema e comprovada necessidade, e no caso de
indiciado solto, o prazo será de 90 dias prorrogáveis por mais 90 dias.

Crimes contra a economia popular estabelecidos na Lei 1.521/51 terá


prazo de 10 dias para conclusão.

*** preso em flagrante ou preventivamente. A partir do dia em que


executar o mandado de prisão ou a partir do dia flagrante.

prisão temporária da lei 7.960 que só existe para a fase de


investigação policial não são levadas em consideração relacionado a
figura do prazo do inquérito policial. É como se o indiciado estive solto,
prisão temporária não interfere no tempo do inquérito. Agora, se a
temporária for convertida em preventiva, tem-se a obrigatoriedade de
respeitar o prazo de 10 dias a partir da conversão da prisão.

RESUMO SOBRE PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO


POLICIAL – CPP – ART. 10 * [cai muito em prova]

Indiciado preso – 10 dias – a partir da prisão em flagrante ou


preventiva.
Indiciado solto – 30 dias – prorrogáveis (pelo prazo que o juiz
marcar). ***
Crime federal – Lei 5.010/66:
 Indiciado preso – 15 dias +15 dias.
 Indiciado solto - 30 dias prorrogáveis
Lei de drogas: 11.343/06
 Indiciado preso: 30 dias + 30 dias
 Indiciado solto: 90 dias + 90 dias
Lei dos crimes contra economia popular – 1.521/51 – 10 dias

58
O prazo para conclusão de inquérito é considerado prazo impróprio, que
competem somente a juiz, delegado e não gera preclusão, ou seja, não se
perde o direito.

Prazo próprio é do CPP, se não respeitar o prazo a questão preclui, ou seja,


perde-se o direito.

No IP os prazos são impróprios, porém não podem ser desarrazoados, ou


seja, não pode o IP ficar, por exemplo por 14 anos. A prorrogação é pelo
prazo que o juiz marcar, mas é necessário que se respeite os princípios da
razoabilidade, proporcionalidade para se ter eficiência.

Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2019.

Aula 17 – Inquérito policial VII

Art. 21, CPP – a incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de


despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade
ou a conveniência da investigação o exigir.

Parágrafo Único: a incomunicabilidade, que não excederá de 3 dias, será


decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade
policial, ou do órgão do MP, respeitado em qualquer hipótese, o disposto no
art. 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.

a incomunicabilidade só NÃO atinge o advogado do investigado.

Segundo alguns doutrinadores, a incomunicabilidade do investigado preso


NÃO foi recepcionada pela CF de 88, e por isso tal artigo foi revogado. Ou
seja, não deve haver incomunicabilidade.

59
11. CONCLUSÕ E ENCAMINHAMENTO DO IP *

Após a realização das diligências a autoridade policial concluirá o


inquérito com o relatório final que descreverá minuciosamente o que tiver
sido apurado e enviará os autos ao juiz competente. No relatório poderá
a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

O juiz abrirá vistas ao MP para manifestação, podendo o órgão do MP:

Oferecer denúncia iniciando a ação penal


Devolver à autoridade policial para realização da diligência que
julgar imprescindível, voltando a contar o prazo (15 DIAS) para
nova manifestação do MP quando do retorno dos autos do
inquérito. ***
Poderá requerer o arquivamento do IP, fundamentando seu
requerimento.

*** O prazo do MP é de 5 dias caso o investigado esteja preso e 15 dias com


investigado solto. Porém, quando o investigado estiver preso, o MP não
poderá devolver o inquérito para novas diligências.

os inquéritos que apuram crimes de ação penal privada poderão ser


entregues ao próprio ofendido se assim ele requerer mediante translado
(cópia da que está na delegacia para que ele possa iniciar a ação penal). É
raro gerar IP para ações privadas. Mesmo o ofendido não requerendo o IP,
ele segue para o juiz. Vale destacar que, o ofendido tem o prazo de 6 meses
para apresentar a queixa.

60
No relatório o delegado não poderá expressar juízo de valor sobre
culpa ou inocência do investigatório porque é uma fase em que não tem
contraditório, ampla defesa, acusação.

12. ARQUIVAMENTO E DESARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO


POLICIAL

A autoridade policial não poderá determinar o arquivamento de inquérito


policial, apenas de notícia, quando não existir justa causa para instauração
do IP, porém, se o inquérito for instaurado, mesmo sem justa causa,
somente a autoridade judiciária poderá determinar o seu arquivamento.

O arquivamento se dará por requerimento do MP, que é acolhido pelo


juiz que determina o arquivamento.

Se o juiz não concordar com o requerimento de arquivamento feito pelo


MP, encaminhará os autos do IP ao Procurador-Geral que irá decidir se
insiste no arquivamento. O membro do MP indicado pelo Procurador-
Geral para denunciar será obrigado a fazê-lo. E caso o Procurador-Geral
ínsita no arquivamento o juiz é obrigado a arquivar.

Se o inquérito estiver arquivado, só poderá ser desarquivado caso surjam


novas provas.

A autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, mesmo se o


inquérito estiver arquivado, sempre que tiver conhecimento de alguma
prova nova, a qual poderá ensejar o desarquivamento do IP.

61
O IP chega ao MP que poderá requerer o arquivamento terá que
fundamentar por:

Atipicidade -> fato narrado não é crime


Excludente -> fato narrado prescrito
Excludente por ilicitude -> como por exemplo, uma legitima
defesa
Falta de provas, falta de base para a denúncia -> é o mais
comum de ocorrer

Coisa julgada material  é aquela que não pode ser julgada nem
diante de novas situações.

Se o pedido de arquivamento houver sido feito por prescrição do crime ou


qualquer outra causa extinta de punibilidade, ou ainda porque o fato não
constitui crime, ou seja, é atípico, mesmo com surgimento de novas provas,
a decisão judicial faz coisa julgada material e não poderá haver o
desarquivamento do inquérito policial.

O trancamento da persecução criminal por via de habeas corpus é


admissível quando demonstrada a falta de justa causa (materialidade do
crime e indícios de autoria), atipicidade da conduta e extinção de
punibilidade (jurisprudência em teses nº 36 – STJ) *

12.1 – ARQUIVAMENTO IMPLICITO

É o fenômeno verificado quando o MP, titular da ação penal pública, deixa


de incluir na denúncia algum fato investigado, considerado como de

62
natureza objetiva, ou deixar de incluir na inicial acusatória algum dos
indiciados, considerado neste caso de natureza subjetiva. O MP apenas s
omite, sem justificação ou expressa manifestação desta inércia. O
arquivamento implícito se completa quando o juiz a quem for oferecida a
inicial não se pronunciar com relação à inércia do MP. Este arquivamento
não foi agasalhado pela jurisprudência brasileira (inf. 562 – STF).

Fato  natureza objetiva

Pessoas  natureza subjetiva

O MP não falou nada, o Juiz recebeu a denúncia e não falou nada – então
ocorre o arquivamento implícito.

12.2 – ARQUIVAMENTO INDIRETO

Se dá quando o MP declina da sua atribuição, ou seja, declara-se


incompetente como titular da ação. Nesta hipótese poder-se-á ter duas
possíveis decisões do juiz:

 Concordar com o MP e determinar a remessa a Justiça competente


 Não concordar com o MP, aplicando-se a regra do art. 28 do CPP.
Levar ao Procurador-Geral para que este tome a devida decisão.

13 - VALOR PROBATÓRIO DO IP

Conforme foi abordado quando da análise das características do IP, foi


descrita a natureza informativa do inquérito, ou seja, é apenas reunião de
informações onde as peças probatórias reunidas serão refeitas sob o crime
do contraditório e da ampla defesa, assim nos termos do CPP, art. 155, o
juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
63
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

Embora, diante do que foi abordado, o inquérito seja um procedimento


sem contraditório, ampla defesa e de forma sigilosa, a inquisitoriedade
não se apresenta de forma absoluta, podendo o indiciado influir nas
investigações e solicitar diligências que se configuram como atos de
defesa quando de sua atuação na defesa de seus direitos c como cidadão
dentro das liberdades, direitos e garantias fundamentais. Sendo possível
inclusive a utilização de habeas corpus para trancamento do inquérito
policial que existir sem justa causa.

Os vícios do inquérito, não afetam em regra a ação penal subsequente,


salvo se ao se realizar o controle da legalidade na atuação investigatória
for afastado todo o fundamento da denúncia.

“CPP – art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da
prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar
sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.”

É relativo porque o juiz não pode basear a decisão dele exclusivamente


em conteúdos colhidos na fase do inquérito policial, mas pode ter como
base suplementar.

O juiz só pode basear a decisão dele levando em consideração


exclusivamente os conteúdos colhidos na fase do IP nas seguintes
situações: provas antecipadas, cautelares, determinadas e não repetíveis.

64
Ex.: interceptação telefônica, busca domiciliar, perícia técnica, filmagem
juntada pela vítima na fase de investigação.

Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2019.

Aula 22 – Ação penal

CPP  TÍTULO I – PARTE GERAL - CAPÍTULO IV – AÇÃO


PENAL – ART. 24 AO 63

Quando falamos em ação penal, temos a PERSECUÇÃO CRIMINAL –


PERSECUTIO CRIMINIS  PERSEGUIR O CRIME.

Gera o I.P ou qualquer outra forma de reunião de


elementos

Investigação criminal (1ª fase) Ação penal (2ª fase)

Reunião de elementos Geram a persecução criminal

de informação

Existe a possibilidade de haver ação penal sem reunião de


elementos de informação? Não é possível.

Porém, é possível haver ação penal sem inquérito policial.

1. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA *

Fundamento constitucional – “art. 5º, XXXV, CF: a lei não excluirá da


apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (Princípio
da Inafastabilidade do Poder Jurisdicional ou direito fundamental de
acesso à justiça).

65
O poder/dever do Estado – Juiz de punir se realiza por meio do exercício
jus persequendi. A ação penal é o processo atuação estatal para
efetivação do jus puniendi. Configuram o direito subjetivo do Estado
investido do direito de ação, por meio da jurisdição, sendo a jurisdição
exercida perante a Justiça Criminal. *

Para Tourinho Filho e Magalhães Noronha, ação penal é,


respectivamente, “a atuação correspondente ao direito à jurisdição, que
se exercita perante os órgãos de Justiça Criminal” e “o direito de pedir ao
Estado – Juiz a aplicação do Direito Penal Objetivo”.

Ação Penal é o direito de apresentar em juízo pretensão acusatória

Jurisdição

Dizer o direito

Direito

Quanto à natureza jurídica da ação penal, podemos destacar se esta o


instrumento de solução do litígio que surge com a prática de uma infração
penal e a exigência legal do exercício da pretensão punitiva, pois a ação
penal é, via de regra, de natureza pública, em que o direito subjetivo
destinado à aplicação do direito material (aplicação da sanção ao infrator do
direito penal objetivo) que se realiza de ofício pelo Estado.

A corrente dominante entende que a ação penal é de conteúdo híbrido


(processual penal – conteúdo formal e direito penal – conteúdo material).

2. TITULARIDADE PARA PROMOVER A AÇÃO PENAL

O Estado é o titular da ação penal, a qual será promovida pela órgão do


MP, representado pelo parquet – promotor de justiça e ou procurador
federal – conforme escreve a Carta Magna em seu “art. 129 – São funções
institucionais do MP: I – promover, privativamente, a ação penal
pública, na forma da lei.

66
Existindo fundadas suspeitas, demonstradas por peças de informação,
sobre determinada pessoa, esta será denunciada para responder ao
processo penal na condição de acusado.

A regra prevista no art. 100 do CP é de que toda ação será pública,


incondicionada à vontade da vítima ou de seu representante legal. Pode
haver, porém, exceções: quando depender da manifestação do ofendido,
sendo assim pública condicionada ou privada quando a lei expressamente
determinar, sendo neste último caso titularidade do ofendido ou de
quem tenha qualidade para representá-lo ou pela requisição do Ministro
da Justiça, quando a lei assim o exigir.

3. PRESSUPOSTOS, CONDIÇÕES, JUSTA CAUSA PARA AÇÃO


PENAL

CPP – Art. 395: A denúncia ou queixa será rejeitada quando:


(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008)

I – For manifestamente inepta;

II – Faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação


penal; ou *

III – Faltar justa causa para o exercício da ação penal.

A denúncia ou queixa inepta -- > é o conteúdo de uma inicial. Se tiver


com todo o conteúdo será apto para aquilo que se propõe. Não pode faltar
nenhum conteúdo essencial. Sem conteúdo é uma criptoimputação – é
uma denúncia inépcia.

I – INÉPCIA DA INICIAL

A denúncia ou queixa será rejeitada quando for manifestamente inepta


(criptoimputação).

Conteúdo inicial – CPP – art. 41: A denúncia ou queixa conterá a


qualificação do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa

67
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.

O único conteúdo que se faltar não causará uma rejeição por inépcia é o
rol das testemunhas.

Rio de Janeiro, 5 de novembro de 2019.

Aula 23 – Ação Penal II

II – CONDIÇÕES E PRESSUPOSTOS

A ação exige três condições:

Possibilidade jurídica do pedido: é necessário que o direito material


que gerou o litígio seja uma pretensão juridicamente possível, por
exemplo: se o fato narrado não é crime, não já possibilidade de ação.
É um entendimento doutrinário, não está no CPP, mas se vier na prova
não estará errado. Ex.: pedido de pena de morte. Não é possível pois
não praticamos a ação penal. Logo não tem possibilidade jurídica, não
há lei.
Interesse de agir: ocorre quando a atuação do Estado for dentro de
um pedido possível e também eficaz – necessário, adequado e útil,
pois se a decisão não for necessária, não tiver nenhuma eficácia
(inútil) quando prolatada, e adequada, por alguma circunstância que
extinga a punibilidade, não há para o Estado interesse na ação. Assim
o interesse de agir se traduz na necessidade de obtenção da tutela
jurisdicional pleiteada; adequação entre o pedido e a proteção
jurisdicional que se pretende obter; e a utilidade, que se traduz na
eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do

68
autor. Ex.: não adianta nada conceder direito a liberdade condicional
se o réu já estiver morto.
Legitimidade: a parte tem de ser a legítima titular do interesse em
litígio; a legitimidade para dá início à ação penal é do Estado –
Administração, que a realizará por meio do MP e, excepcionalmente,
a norma outorga o direito ao ofendido nos casos de ação privada. Se a
parte que iniciar a ação não estiver revestida pela letitimatio and
causam e ad processum, faltará a ação uma de suas condições,
estando, pois, prejudicando o pedido.

III – JUSTA CAUSA

Para o exercício da ação penal deve existir prova da existência da infração


penal e indício de autoria.

IV – CONDIÇÕES ESPECÍFICAS

Para a ação penal pública condicionada. É necessário a representação


criminal da vítima, quando a lei assim exigir e a requisição do Ministro da
Justiça, nos termos do art. 24, CPP.

O que são PRESSUSPOSTOS PROCESSUAIS de acordo com a doutrina

 Pressupostos de existência do processo – processo tem que ser via


órgão jurisdicional.
 Pressuposto de validade do processo – o órgão jurisdicional tem que
ser:
 Competência (órgão jurisdicional competente)
 Imparcialidade (inexistência de suspeição ou impedimento do
juízo)
 Unicidade (inexistência de litispendência ou coisa julgada). A
pessoa só pode ser julgada uma única vez, ninguém pode ser
julgado mais de uma vez pelo mesmo fato.

Homicídio/
V – MODALIDADE DE AÇÃO PENAL Incondicionada Roubo/
Estupro
69
Pública

Inquérito Policial Condicionada Representação

Ministério Público Requisição


Ministro da
Ação penal Denunciante/Denunciado Justiça

Exclusiva Genérica

 Condições Privada Personalíssima


 Pressupostos Subsidiária (art. 236
CP)
 Justa Causa
Ofendido - Queixa

Querelante/ Querelado

Rio de Janeiro, 11 de novembro de 2019.

Aula 24 – Ação Penal III

V.I – AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA

É a regra para o início das ações nas contravenções e nos crimes; o


oferecimento da denúncia por parte do MP independerá de qualquer
condição especifica na norma. Ex.: homicídio, roubo, furto,
estelionato, infanticídio etc.
É incondicionado a vontade de quem quer que seja.

Agressão --- puxou cabelo, mas não lesionou é vias de fato, havendo
a lesão configura como lesão corporal.

V.II – AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA


A ação penal pode ser pública, necessitando, quando a lei exigir, de
representação da vítima ou requisição do Ministério da Justiça (art. 24
CPP).

70
Quando o oferecimento da denúncia depender da vontade do ofendido,
está só poderá ser oferecida após juntada de representação criminal
apresentada pela vítima ou por seu representante legal. Ex.: crimes de
lesões corporais leves, ameaças (art. 129, caput e 147 do CP). Fora os
casos da Lei Maria da Penha.
Se a condição de procedibilidade exigida for requisição do Ministério
da Justiça, o MP não poderá, sem esta, iniciar o processo, como, por
exemplo, nos crimes contra a honra do Presidente da República ou
chefe de governo estrangeiro que se encontre no (CP art. 145 – Nos
crimes previstos neste Capítulo ... Parágrafo Único: Procede-se
mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do
caput do art. 141 desde Código – art. 141 - ... – I contra o Presidente
da República, ou contra chefe de governo estrangeiro).

Aplicação da lei penal no espaço – crime contra vítima


brasileira no estrangeiro, salvo tortura quando for processado no
Brasil, uma das condições exigidas é a requisição do Ministro da
Justiça. Tanto que nem abertura de I.P a requisição do ofendido pode
ser instaurada.

Procedimento judicialiforme – o titular das ações penais públicas é


com privativo do MP nos termos da Constituição Federal de 1988:
Art. 129 – São funções institucionais do MP:
I – Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei.
Assim a chamada “ação penal ex officio” ou procedimento
judicialiforme consiste na possibilidade de a ação penal, em
contravenções penais, ter início por força de portaria da autoridade
policial ou pelo juízo nos termos do art. 26 do CPP não se verifica
mais, em razão do já citado art. 26 do CPP não ter sido recepcionado
pela CF de 1988, estando revogado.

V.III – AÇÃO PENAL PRIVADA*

Neste caso, a ação penal será promovida pela vítima, não através de
uma denúncia, mas de uma queixa-crime oferecida contra o acusado

71
ao juiz, o que dará início à ação. O ofendido oferecerá a queixa-crime
ao juiz através de um advogado, sendo que, se ele se declarar
juridicamente pobre, o juiz nomeará um advogado para ingressar com
a queixa como procurador do ofendido. Exemplo dos crimes de ação
privada: dano simples (art. 163, caput, do CP), injúria (art. 140,
caput, do CP), calúnia (art. 138, caput, do CP) etc.

A ação privada propriamente dita (exclusiva) – se configura


quando a lei prevê que o crime só se processa mediante queixa,
sendo esta ação de exclusiva iniciativa privada: do ofendido,
que será exercida por este, seu representante legal ou sucessores
processuais, classificada por isso como genérica. Porém, se não
couber representação legal nem substituição processual, será
considerada personalíssima (o exemplo encontrado na lei para
ação personalíssima é o crime previsto no Art. 236 do CP –
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento –
Art. 236 do CP: Contrair casamento, induzimento em erro
essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que
não seja casamento anterior: Pena – detenção, de 6 meses a 2
anos. Parágrafo Único: A ação penal depende de queixa do
contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de
transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou
impedimento, anule o casamento).
A ação privada subsidiária ocorrerá quando, nos crimes de
ação penal pública, o MP não oferecer a denúncia no prazo
legal, e, pela inércia do Estado, surge para a vítima o direito de
se tornar o dominus litis tal ação é prevista como garantia
fundamental na CF em seu art. 5°.

Art. 5° - CF/88: ... LIX – será admitida ação privada nos


crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal
– CPP – Art. 29 – Será admitida ação privada nos crimes de
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo
ao MP aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recursos e, a todo tempo, no caso

72
de negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal).

VI – REPRESENTAÇÃO CRIMINAL DO OFENDIDO

a) Forma: escrita ou verbal, prescinde (não há necessidade) de rigor


formal e pode ser dirigida à autoridade policial, MP ou juiz; quando
for escrita sem assinatura do representante ou verbal, será reduzida a
termo pela autoridade a quem for dirigida. Não tem a obrigação de ser
formalizada. Pode ser dirigida diretamente ao MP, sem
necessariamente passar pela delegação podendo ser dispensado o IP.
Pode ser dirigida ao juiz que abrirá vistas ao MP para verificar o que
vai fazer com a representação, se vai dá início a ação penal ou se
entrega para a delegacia para que possa ser reunidos elementos de
informação.
b) Legitimidade – são legítimos para propor a representação a vítima do
crime, representante legal, procurador com poderes especiais ou, no
caso de morte ou ausência do ofendido, os sucessores processuais
(cônjuge, ascendente, descendente ou irmão).

CPP – Art. 39 – o direito de representação poderá ser exercido,


pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante
declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do MP, ou à
autoridade policial.

§ 1º - A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura


devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou
procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial,
presente o órgão do MP, quando a este houver sido dirigida.

§ 2° - A representação conterá todas as informações que possam servir


à apuração do fato e da autoria.

§ 3° - Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade


policial procederá a inquérito, ou, não sendo, competente, remetê-lo-á à
autoridade que for.

§ 4° - A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a


termo, será remetida à autoridade policial para que esta processa a
inquérito.
73
Reduzida a termo – aquilo que é escrito em formulários próprios.

Ex.: o advogado apresentará a sua defesa que poderá ser oral ou


reduzida a termo.

Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2019.

Aula 25 – Ação penal IV

C) Retratação: só existe antes da ação penal, antes do oferecimento da


denúncia; depois torna-se irretratável (CPP – Art. 25 – A representação será
irretratável, depois de oferecida a denúncia).

74
Na Lei 11.340/2006 (Maria da Penha) – Art. 16 – Nas ações penais
públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só
será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da
denúncia e ouvido o MP.

VII – REPRESENTAÇÃO LEGAL DO OFENDIDO

Para as pessoas que são vítimas nos crimes de ação penal pública
condicionada e ação privada, enquanto forem considerados absoluta e
relativamente incapazes, necessitam de representação legal (pais, tutores ou
curadores).

Os artigos do CPP que se referiam à representação legal entre 18 e 21 anos,


segundo doutrina e jurisprudência, encontram-se revogados com advento do
Novo Código Civil em 2002 (art. 34, 52 e 54 do CPP).

Não havendo representante legal para defender o interesse da vítima incapaz,


nomeia-se um curador especial, assim também ocorrendo quando o
representante legal é o autor do crime, ou possui sensação de proteção em
relação ao autor do crime, nomeia-se um curador especial, havendo conflito
de interesses.

7 – DECADÊNCIA DO DIREITO DE QUEIXA OU


REPRESENTAÇÃO

A decadência é a perda do direito de queixa ou de representação da vítima,


nos crimes de ação penal pública condicionada, ou privada; ocorre em 6
meses, se a lei não dispuser outro prazo, após a data do conhecimento por
parte da vítima de quem é o autor da infração. A decadência é causa extinta
de punibilidade.

CPP – Art. 38 – Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu


representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não
o exercer dentro do prazo de 6 meses, contato do dia em que vier a saber

75
quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o
prazo para o oferecimento da denúncia.

Em caso de ação privada subsidiária da ação pública o autor terá o prazo de


6 meses a contar do última dia em que o MP tinha para oferecimento da
denúncia.

A prescrição do crime diverge da decadência porque enquanto a decadência


ocorre em relação ao direito de ação da vítima, a prescrição é a perda do
direito de punir do Estado. A prescrição ocorre, em regra, para todos os
crimes, devido ao decurso do prazo sem o exercício do jus puniendi.
Exceções: crime de ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o estado democrático e crime de racismo --- SÃO
IMPRESCRITÍVEIS

Decadência é somente para a vítima.

8. DESISTÊNCIA DA AÇÃO

Na ação penal pública – não ocorre a desistência da ação penal pública,


porque após iniciada deverá ir até o fim. (CPP – Art. 42 – O MP não poderá
desistir da ação penal).

Lei 9099/95 – Art. 89 – Nos crimes em que a pena mínima


cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o
MP, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois
a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que
autorizariam a suspensão condicional da pena.

Na ação penal privada: na ação privada pode ocorrer a desistência por meio
da renúncia, perdão ou perempção. A ação privada subsidiária é de natureza
pública, por isso não se aplica o perdão ou perempção, pois, nestes dois
últimos casos, se o querelante desiste da ação penal, o MP retoma a
titularidade da ação.

76
 Renúncia – ocorre antes do início da ação penal privada, ou seja, antes
que o ofendido ofereça a queixa na justiça; é unilateral: porque
somente a vítima ou seu representante legal se manifesta. É
indivisível: estende-se a todos os autores da infração, ainda que o
concedido a apenas um deles. É incondicionada: por não depender de
aceitação, em razão de só a vítima se manifestar e automaticamente se
estender a todos. A renúncia ao direito de queixa feito pela vítima pode
ser expressa (escrita) ou tácita (atos incompatíveis com a vontade de
prosseguir na ação).
 Perdão: ocorre após o início da ação penal, ou seja, após a queixa-
crime ter sido oferecida ao juiz e pode ser concedido até o trânsito em
julgado. É bilateral: a vítima concede o perdão, mas é preciso a
aceitação do acusado (após 3 dias sem manifestação, considera-se
aceitação tácita). É divisível: é concedido a todos os acusados, no
entanto, por ser bilateral, a manifestação do acusado é obrigatória para
que exista o perdão. Assim, para o acusado que aceita o perdão, ocorre
a extinção de punibilidade, mas para o acusado que não aceitar o
perdão, o processo continuará. É condicionado: depende de aceitação
do acusado. Assim como a renúncia, o perdão pode ser expresso ou
tácito.
 Perempção: é o abandono da causa por parte do querelante. É também
uma causa extinta de punibilidade por abandono de ação penal por
parte do querelante. Ocorre: quando o querelante não dá andamento
ao processo em 30 dias; se não houver substituição processual em até
60 dias; quando o querelante é uma pessoa jurídica que se extingue
sem deixar representantes legais; e não houver pedido de condenação
nas alegações finais.

O MP não pode desistir da ação penal, mas pode desistir da condenação, pois
pode pedir a absolvição.

A queixa só pode ser oferecida ao juiz; a representação pode ser


feita ao juiz, ao MP ou à autoridade policial.

77
Rio de Janeiro, 14 de novembro de 2019.

Aula 26 – Ação penal V

Exordial acusatória, inicial acusatória, vestibular acusatória = denúncia ou


queixa.

9. INICIAL ACUSTÓRIA – DENÚNCIA OU QUEIXA

A) Denúncia – o processo penal, tanto nos crimes como nas contravenções,


inicia-se pelo recebimento da denúncia, com a descrição dos fatos,
imputados à narrativa do fato com todas as suas circunstâncias, a autoria, a
classificação do crime e o rol de testemunhas (art. 41 do CPP). O prazo para
o oferecimento da denúncia é de 5 dias, estando o indicado preso, e de 15
dias, se estiver solto, excepcionalmente lei específica pode prever outro
prazo como é o caso da Lei de Drogas (11.343/ 2006) onde o prazo para
manifestação ministerial será de 10 dias, estando o indiciado preso ou solto.
O MP é o acusador (denunciante) e o acusado (denunciado).

B) Queixa – crime – é a inicial acusatória da ação penal privada. Equivale


à denúncia e, como esta, deve ser formulada, juntando-se o inquérito policial
ou outra peça de informação, sendo subscrita por advogado com poderes para
representar o ofendido em juízo. O crime que só se processa mediante queixa
é privativo do ofendido, porém o MP intervém podendo aditar a queixa,
suprimindo incorreções que possam estar presentes na queixa. Na queixa por
ação privada subsidiária, além de aditar, o MP também pode repudiá-la e
apresentar denúncia substitutiva. O ofendido na ação privada é o
querelante e o réu é o querelado.

Conteúdo das iniciais acusatórias (denúncia ou queixa): as peças


que iniciam a denúncia ou a queixa devem conter a narrativa do fato
criminoso com todas as circunstâncias:
 onde, como, quando e o porquê;

78
 a identificação do acusado: qualificação completa ou dados
individualizadores. Não é obrigatória a qualificação se há dados
individualizados (apelido, características etc.);
 a classificação da infração;
 rol de testemunhas, se houver.
Recebimento das peças de acusação pelo juiz: no ato de
recebimento não há necessidade de fundamentação. O juiz não pode
alterar, como regra, neste momento, a classificação da infração, salvo
se houver incompetência absoluta do juízo. O caso de recebimento de
denúncia não tem cabimento nenhum recurso, a defesa poderia
impetrar apenas habeas corpus. Se ocorrer a rejeição da denúncia ou
queixa, esta deve ser fundamentada pelo juiz em um dos motivos
elencados no art. 395 do CPP: a denúncia ou queixa for
manifestamente inepta; faltar pressuposto processual ou condição para
o exercício da ação penal, ou faltar justa causa para o exercício da ação
penal.

Da rejeição de uma denúncia ou queixa cabe recurso em sentido


estrito (art. 581 do CPP).

10. REPRESENTAÇÃO LEGAL DO OFENDIDO

Ausência ou conflito de interesses

“CPP – Art. 33: Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente


enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem
os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido
por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do MP, pelo
juiz competente para o processo penal.”

11. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL

Ação Penal Pública

Rege-se pelos princípios da:

 Oficialidade: órgão oficial que propõe a ação (MP).


 Oficiosidade: obrigatoriedade em propor a ação.

79
 Indisponibilidade: não pode desistir da ação penal.
 Divisibilidade (entendimento dominante): quando há mais de um
acusado.
 Intranscendência: responsabilidade personalíssima de quem
pratica o ato. Cada um responde pelo que faz.
 Legalidade
Ação Penal Privada

Rege-se pelos princípios da:

 Iniciativa particular
 Conveniência ou oportunidade: o querelante (ofendido) é quem sabe
se é oportuno ou não. Cabe desistência.
 Disponibilidade
 Indivisibilidade
 Intranscendência
 Legalidade

Rio de Janeiro, 8 de janeiro de 2020.

Aula 27 – Ação Penal VI – Exercícios de fixação

80
Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 2020.

Aula 28 -

81

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