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AULA 01 – FISIOLOGIA RENAL

PROFESSOR JORGE DIAS DE MATOS

1. INTRODUÇÃO

1.1 ANATOMIA RENAL


Os rins são órgãos retroperitoneais localizados entre L1-L4, com cerca de 12 cm de comprimento e 150 g cada,
sendo que o rim direito costuma ser 1 cm menor e localizado levemente mais abaixo que o esquerdo devido ao
bonitão do fígado.

Na sua parte medial côncava localiza-se o hilo renal, formado pela artéria + veias + linfáticos renais, além dos
plexos nervosos e o ureter. O rim é totalmente revestido por uma cápsula renal, que é um tecido fibroelástico fino
que se adere ao hilo. Ao redor dos rins há um tecido conjuntivo denso que o reveste, que é a fáscia renal (de
Gerota), que envolve também a gordura perirrenal (permitindo diferenciar o rim no RX pela gordura ser mais
radiotransparente).

Macroscopicamente, o rim é dividido em Córtex e Medula, sendo o córtex formado pelos Glomérulos + Túbulos
contorcidos (distal e proximal); e a medula formada pela Alça de Henle + Ductos Coletores + vasa recta (capilares da
arteríola eferente que penetram na medula renal). Cada ducto coletor recebe diversos túbulos distais, formando
grandes ductos coletores (ou ductos de Bellini), que desembocam nas papilas renais e o fluido segue para os cálices
menores, que se unem formando os cálices maiores, que também se unem para formar a pelve renal, que
posteriormente passa a ser chamada de ureter a partir da junção ureteropélvica.

Os ureteres são tubos musculares que vão da pelve renal até a bexiga urinária, apresentando três áreas de
estreitamento onde os cálculos renais costumam impactar: (1) junção pélvicoureteral; (2) próximo a bifurcação das
Aa. ilíacas comuns; (3) junção ureterovesical.

Vascularização = feita pela A. renal que se divide no hilo em ramo anterior e posterior, nascendo de cada um os
ramos segmentares, que novamente se dividem para formar as artérias lobares e depois as interlobares, que
correm junto das colunas renais (espaço entre as pirâmides renais), que se dividem para formar os ramos
arqueados, que correm na base da pirâmide renal e formam os ramos interlobulares. São esses ramos que dão
origem às arteríolas aferentes glomerulares.
As aferentes se anastomosam e formam uma rede capilar na cápsula de Bowman, e emerge um único ramo
eferente, que sai do glomérulo e emite os capilares peritubulares (nos nefrons corticais) ou a vasa recta (nos
nefrons justamedulares).

A circulação venosa segue junto da arterial, mas não entram na cápsula de Bowman. Lembrar que a V. renal
esquerda é “abraçada” pela A. mesentérica superior antes de chegar na cava, e a compressão da veia pode levar a
Síndrome “Quebra-Nozes”.

Inervação = principalmente via plexo celíaco, acompanhando os vasos arteriais pelo córtex e parte da medula, com
fibras colinérgicas e adrenérgicas. A inervação simpática atua principalmente nas arteríolas aferentes e eferentes,
além do aparelho justaglomerular, estimulando a secreção de renina (veremos mais pra frente). O rim também
possui nociceptores na cápsula renal (por isso que rim distendido por cálculos/etc. causa dor no Giordano).

Embriologia = o rim é um órgão de origem mesodérmica, a partir do desenvolvimento do pronefro (3-4° semana)
 mesonefro (4° semana)  metanefro (rim definitivo – 4-5° semana).

1.2 O NÉFRON
 A unidade funcional renal é o néfron, que é composto pelo corpúsculo renal (glomérulo + cápsula de Bowman);
túbulo proximal e distal; alça de Henle e por parte do ducto coletor. Cada rim possui cerca de 1,2 milhão de
néfrons;
 Existe dois tipos principais de néfrons:
- Néfrons Corticais = localizados na zona cortical externa, eles têm alças de Henle curtas que penetram apenas
em pequena extensão no interior da medula. Todo o sistema tubular é envolvido por extensa malha de capilares
peritubulares.
- Néfrons Justamedulares = cerca de 20% a 30% do total, com glomérulos mais profundos no córtex renal, perto
da medula. Tem longas alças de Henle que mergulham profundamente no interior da medula, em direção às
papilas renais. Nele longas arteríolas eferentes se estendem dos glomérulos para a região externa da medula,
se dividindo em capilares peritubulares especializados, os Vasa Recta.  O néfron distal é o nome dado a porção
final do túbulo contornado distal e porção inicial do ducto coletor, local onde é feito o ajuste final da H2O, K+,
Na+ e do equilíbrio ácido-básico.

1. GLOMÉRULO:
É quem faz a ultrafiltração do plasma, possuindo uma rede capilar oriunda da arteríola aferente e que se comunica
com o túbulo proximal. Para que a ultrafiltração seja efetiva e previna a entrada de macromoléculas, os capilares
glomerulares possuem uma barreira de filtração que é constituída por três camadas: (1) célula endotelial ou lâmina
fenestrada (mais interna, continuação do endotélio da arteríola aferente); (2) membrana basal (contínua) e (3)
podócitos* (mais externa, são células epiteliais).

Além disso, existem as células mesangiais, que secretam a matriz mesangial que separa os diversos capilares
fornecendo suporte estrutural (ninguém bate em ninguém ali), além de conterem elementos contráteis e
fagocitarem agregados moleculares presos à parede capilar e possuírem receptores para vários hormônios.

Os glomérulos filtram cerca de 190 L/dia, reabsorvendo 188,5 L/dia, o que gera um volume urinário de 1,5 L/dia. *
Podócitos são as maiores células do glomérulo, que emitem pedicelos (tipo um polvo) que envolve a membrana
basal dos capilares através de moléculas de adesão e formam fenestras de filtração.
Obs.: a barreira de filtração possui carga negativa, por isso solutos aniônicos possuem taxa de filtração menor que
os catiônicos.

2. APARELHO JUSTAGLOMERULAR:
Formado pela mácula densa do túbulo distal + células justaglomerulares + células mesangiais.

- Nesse conjunto, a camada média da arteríola aferente se modifica e contém, em vez de músculo liso, células
epiteliais cúbicas (as células justaglomerulares), que apresentam citoplasma rico em grânulos que contém renina,
que faz parte do sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA), que tem papel central no balanço de Na+ e água
do organismo e, também, por meio da Angiotensina II, na regulação do fluxo sanguíneo renal e do ritmo de filtração
glomerular.
- As células da mácula densa detectam a variação do volume e composição do fluido tubular distal e enviam
essas informações às Células Granulares da arteríola aferente.
- Já as células mesangiais servem de sustentação dos capilares e removam os resíduos que, pela filtração, ficam
presos à parede do capilar glomerular.

2. TÚBULO PROXIMAL:
Formado por um epitélio simples cúbico, contém células com grande quantidade de mitocôndrias devido na região
ocorrer muito transporte ativo. Essas células possuem microvilos (borda em escova) e interdigitações laterais
(facilitam trocas/transporte de íons). Absorve toda a glicose e aminoácidos, e cerca de 65% do Na+ (via transporte
ativo) e de H2O do filtrado, além de outros solutos como fosfato e cálcio. Ainda pode fazer um processo ativo de
secreção tubular, permitindo a entrada no túbulo de creatinina e substâncias estranhas ao organismo.

3. ALÇA DE HENLE:
Esse segmento possui 3 ramos: Ramo Fino Descendente, Ramo Fino Ascendente e Ramo Espesso Ascendente.
Participa da retenção de água.

- Parte delgada: maior parte da descendente, formada por epitélio simples pavimentoso; é muito permeável,
permitindo passagem livre de água, Na+ e Cl-.
- Parte espessa: maior parte da ascendente, formada por epitélio simples cúbico; é impermeável, sendo o Na+
reabsorvido para a vasa recta de forma ativa.

4. TÚBULO DISTAL:
É a área onde a alça de Henle penetra no córtex e torna-se tortuosa, formada por epitélio simples cúbico. Sua
parede se modifica quando encosta no corpúsculo renal, com células cilíndricas, altas e núcleos alongados; e esse
segmento modificado chama-se mácula densa que é sensível à concentração de Na+ e Cl-.  Reabsorve = Na+
(processo ativo) e H2O (pode ser inibido pelo ADH).  Secreta = H+, K+, Amônia (participa do equilíbrio ácido-base).
5. DUCTO COLETOR:
A urina passa dos túbulos contorcidos distais para os Ductos Coletores, sendo aqui que ocorre a reabsorção final da
H2O, contribuindo para a concentração da urina. Na medula se unem uns aos outros, formando tubos cada vez mais
calibrosos e se dirigem as papilas.

 Os ductos coletores são formados por epitélio simples cúbico nos túbulos mais delgados, e à medida que se
fundem e se aproximam das papilas suas células tornam-se cilíndricas.
 O ducto coletor é dividido em três segmentos: ducto coletor cortical, ducto coletor medular externo e interno.
 O ADH age no ducto coletor, aumentando a reabsorção de água, permitindo que o fluido tubular entre em
equilíbrio com o interstício hipertônico. De um modo geral, pode-se dizer que o Ducto Coletor reabsorve Na+ e Cl-
(estimulado pela Aldosterona) e secreta amônia, podendo tanto secretar como reabsorver potássio, hidrogênio e
bicarbonato.  O ducto coletor cortical e medular externo são impermeáveis à uréia.
ADH = hormônio antidiurético é um hormônio protéico produzido no hipotálamo (núcleos supra-óptico e
paraventricular) e armazenado na hipófise. A partir da neuro-hipófise o ADH é liberado para o sangue. A principal
ação do ADH é regular a tonicidade do VEC, aumentando a permeabilidade à água dos epitélios do túbulo distal
e ducto coletor. O ADH aumenta a permeabilidade à água pela abertura das aquaporinas nas células epiteliais
dessa região. Pode-se dizer que o ADH é o hormônio da conservação da água. Algumas substâncias podem
atuar como inibidora da secreção do hormônio antidiurético, tais como, o álcool, a cafeína e a água. Entretanto,
como o ADH atua sobre a região coletora do túbulo distal e do ducto coletor, a diurese daí resultante geralmente
não afeta os níveis plasmáticos de H+ ou K+.

Efeitos da ADH:
1. Redução do fluxo urinário e aumento da osmolalidade da urina;
2. Aumento da permeabilidade à água do epitélio do ducto coletor (em até 10-20 vezes).
No nível do ducto coletor, a ADH liga-se ao receptor V2 presente na membrana basolateral, o qual conduz à
formação de AMPc que ativa a proteína cinase A; esta leva à produção de aquaporinas tipo 2 que são inseridas
na membrana apical aumentando assim a permeabilidade à água das células epiteliais do ducto coletor.

ADH presente = a H2O pode equilibrar-se através das paredes do túbulo distal e do ducto coletor e a urina
descendente torna-se mais concentrada, pois a água é reabsorvida (urina concentrada).
ADH ausente = a porção coletora do túbulo distal e o ducto coletor não são permeáveis à H2O e a recuperação
de água a partir da urina no ducto coletor é mínima (urina diluída).
REVISANDO:
1. O líquido filtrado dos capilares glomerulares flui para o interior do TUBULO PROXIMAL que se situa na zona cortical
renal.
2. A partir do Túbulo Proximal, o líquido flui para o interior da ALÇA DE HENLE, que mergulha no interior da medula
renal.
3. Cada alça consiste em RAMOS DESCENDENTE e ASCENDENTE respectivamente.
4. No final do Ramo Ascendente espesso, está a MÁCULA DENSA, que regula a taxa de filtração glomerular a partir
de informações sobre a concentração de Na+.
5. Depois da Macula Densa, o líquido entra no TÚBULO DISTAL que, como o Túbulo Proximal, se situa no córtex renal.
6. O Túbulo Distal é seguido pelo TÚBULO CONECTOR e DUCTO COLETOR CORTICAL. As partes iniciais de 8 a 10 ductos
coletores corticais se unem para formar o único ducto coletor maior que se dirige a medula e forma o
DUCTO COLETOR MEDULAR.

7. Os Ductos Coletores se unem e formam ductos maiores que se esvaziam na pelve renal, pelas extremidades das
Papilas Renais.

2. FISIOLOGIA RENAL
2.1 VOLUMES E CONCENTRAÇÕES
Os líquidos corpóreos estão divididos em dois grupos no corpo: o VIC (volume intracelular) e o VEC (volume
extracelular).

 O VIC é a água presente no interior das células a qual todos os solutos intracelulares estão dissolvidos, e representa
2/3 do conteúdo total de água corpórea do corpo.
 O VEC é a água presente fora das células e representa 1/3 do total. Está subdivido em:
- Plasma = é o componente aquoso do sangue, líquido que as células sanguíneas ficam em suspensão.
Representa 55% do volume sanguíneo, e cerca de 93% do plasma é água. Em termos de VEC, representa ¼ do
total.
- Líquido intersticial = é um ultrafiltrado do plasma (através da filtração através das paredes dos capilares),
incluindo também o líquido transcelular (dos espaços sinoviais, peritoneais, pericárdicos, intraoculares e líquido
cefalorraquidiano). Representa ¾ do VEC.
 VCE = Volume Circulante Efetivo, representa parte do VEC que está contido no sistema arterial e contribui para a
perfusão dos órgãos. Representa cerca de 20% do volume intravascular, mas é nesse compartimento que
variações de volume são percebidas pelos receptores.
Íon/molécula Concentração Extracelular (mEq/L) Concentração Intracelular (mEq/L)
Na+ 140 10
K+ 4 120
H+ 7,4 (pH) 7,1 (pH)
HCO3- 24 10
Cl- 105 10
Ca+2 2,5 0,0001

Relembrando:  Osmolaridade é a concentração de partículas em solução expressa como osmoles por litro, ou seja,
razão entre a massa de solutos pelo volume do solvente (mOsm/L).  Tonicidade é a comparação entre as
concentrações de soluto de dois meios (hipotônico ou hipertônico) e refere-se à tendência do volume celular
aumentar ou diminuir. Além do aspecto osmomolar deve ser considerada a capacidade das moléculas de cruzar as
membranas.

 Pressão osmótica: quantidade de pressão necessária para interromper a osmose. É determinada pelo número de
partículas por unidade de volume de líquido (concentração molar).  Reposição Hidroeletrolítica: as soluções de
expansão intravascular são divididas em dois grupos, os cristaloides (SF 0,9% e Ringer), que contem NaCl em
concentrações próximas à do plasma, sendo portanto isotônicos, e distribuindo-se para todo o VEC na proporção
normal (1/4 no plasma e ¾ no interstício); e os coloides, que são soros contendo macromoléculas com efeito
oncótico, que por isso se distribuem apenas no plasma.

2.2 FILTRAÇÃO GLOMERULAR


O movimento de líquidos, através da parede dos capilares glomerulares é a filtração glomerular. Ela é impulsionada
pelas forças de Starling.

 Pressão capilar (Pc): é a pressão hidrostática que tende a forçar o liquido para fora, através da membrana capilar.
 Pressão intratubular (Pt): pressão hidrostática do fluido da cápsula de Bowman.  Pressão oncótica capilar (πc):
pressão das proteínas do capilar que se opõe à ultrafiltração.  Pressão oncótica intratubular (πt): pressão das
proteínas do fluido da cápsula de Bowman (seu valor é zero, porque o fluido é isento de proteínas).
A soma/resultante dessas forças é chamada de Pressão Efetiva de Filtração (PEF) que, se for positiva, ocorrerá
filtração de líquido pelos capilares. Se for negativa, ocorrerá absorção de líquido. Matematicamente:

PEF = Pc – Pt – πc

Pressão Valores usuais


Pc 45 mmHg
Pt 10 mmHg
πc 20 mmHg (próximo da arteríola aferente) 35
mmHg (próximo da arteríola eferente)
Logo, a PEF costuma ser de 15 mmHg no início do capilar glomerular e 0 mmHg ao final do capilar, já na arteríola
eferente (obvio, porque já filtrou o que precisava e não quer que mais nada saia dali).

Obs.: a alta pressão hidrostática nos capilares glomerulares é devido às arteríolas aferentes serem largas e curtas,
enquanto as arteríolas eferentes serem estreitas e longas (diferença de diâmetro).

1. REGULAÇÃO DA FILTRAÇÃO GLOMERULAR


Obviamente, a filtração glomerular é regulada pela PEF de forma mais relevante, já que sem uma PEF positiva não
há filtração. Além disso, o Sistema Nervoso Simpático exerce influencia direta por vasoconstrição, ao passo em que
o SRAA e o ADH desempenham papel direto no controle.

- Regulação Intrínseca: são mecanismos de feedback intrínsecos dos rins, que mantem o fluxo sanguíneo renal e a
filtração glomerular relativamente constantes, mesmo com alterações acentuadas da pressão sanguínea arterial.
É essa regulação intrínseca (também chamada de auto-regulação) que permite o controle preciso da excreção
renal de água e solutos. Possui duas teorias, a Miogênica e a de Balanço Túbulo-Glomerular.
1. Mecanismo Miogênico = envolve uma propriedade intrínseca do músculo liso arterial, por meio da
qual o músculo contrai-se ou relaxa-se em resposta a um respectivo aumento ou queda da tensão da parede
vascular (baseado na Lei de Laplace).
2. Balanço Túbulo-Glomerular = envolve um mecanismo de feedback. Quando há aumento do ritmo de
filtração glomerular em um néfron, e consequentemente aumento do fluxo de fluido pelo túbulo distal inicial,
na região da Mácula Densa há um ajuste final, e esse ritmo nesse mesmo néfron é reduzido. O oposto
acontece, embora em menor grau: quando cai o fluxo de fluido pela mácula densa, aumenta o ritmo de
filtração.
- Regulação Extrínseca: realizada principalmente por hormônios.
1. Norepinefrina, Epinefrina e Endotelina = provocam vasoconstrição renal e diminuem a filtração.
2. Angiotensina II = preferencialmente provoca vasoconstrição das arteríolas eferentes (aumenta a filtração).
3. Óxido Nítrico = derivado do endotélio, diminui a Resistência Vascular Renal e aumenta a filtração.
4. Prostaglandinas e Bradicininas = tendem a aumentar a filtração.

2. HEMODINÂMICA RENAL:
 O fluxo sanguíneo renal é aproximadamente de 1,3 L/min nos dois rins, o que equivale a 25% do débito cardíaco
apenas para os rins (ainda que representem somente 0,5% do peso corporal total).  O fluxo sanguíneo por grama
de rim é de cerca de 4 ml/min, um fluxo 5 a 50 vezes maior que qualquer outro órgão do corpo. Este sangue que
atinge o rim passa inicialmente pelos glomérulos, onde cerca de 20% do plasma é filtrado, totalizando uma taxa
de filtração glomerular de cerca de 190 litros/dia.
 Uma das principais funções dos rins é a manutenção do volume e da tonicidade do VEC, apesar das variações
diárias da ingestão de sal e água que ocorrem em um indivíduo normal. Enquanto a regulação do volume é
relacionada primeiramente com modificação no balanço de Na+, a regulação da tonicidade compreende
essencialmente modificações no balanço de H2O.
- É importante regular o volume do VEC para manter a pressão sanguínea, a qual é essencial para a adequada
perfusão nos tecidos.
- É importante regular a tonicidade do VEC, pois tanto a hipo/hipertonicidade causam modificação no volume
celular, o que compromete a função celular, especialmente no SNC.

3. MECANISMO DE CONTRA-CORRENTE:
É um mecanismo renal dinâmico que ocorre nas alças de Henle e na Vasa Recta dos néfrons justamedulares de
intensa reabsorção de solutos dos túbulos para o interstício medular renal, mantendo essa região hiperosmolar.
Tudo isso ocorre para que o fluido tubular seja hiposmótico em relação ao plasma na região do túbulo distal,
fazendo com que a excreção final seja regulada pelo ADH no nefron distal. Ou seja, é como o rim funciona para que
a urina seja concentrada ou diluída. Pontos a se considerar:

 Glomérulos corticais não fazem mecanismo de contra-corrente, porque esse mecanismo depende de alças longas
de Henle, presentes apenas nos glomérulos justamedulares;
 Para que a contra-corrente funcione, duas condições são fundamentais: (1) medula renal hipertônica (líquido
intersticial rico em solutos, para produzir um gradiente entre o interstício e a luz tubular) e (2) ação do ADH
(aumento da permeabilidade e maior reabsorção de H2O, além de auxiliar na hiperosmolaridade medular);

3.1 Medula Hipertônica:


 Em primeira instância, quem inicia essa hipertonicidade é a alça ascendente de Henle, que é muito permeável à
solutos e é impermeável à H2O (causa mais importante da hiperosmolaridade medular), através da reabsorção de
Na+, Cl- e K+. Isso forma um gradiente osmótico entre o lúmen tubular e o interstício.  A porção descendente de
Henle é muito permeável à H2O, e como o gradiente foi formado na parte ascendente, a H2O tende a sair do
lúmen e se deslocar para o interstício hiperosmolar  isso faz com que a osmolaridade do fluido tubular fique
igual à osmolaridade medular e, conforme vai saindo cada vez mais H2O para o interstício, o fluido tubular aumenta
muito sua osmolaridade (agora é o fluido tubular quem é hiperosmolar). Segue o raciocínio:
Etapa 1 e 2 (início do mecanismo):
• Fluido tubular no início de Henle tem osmolaridade de 300 mOsm/L, que é a mesma do interstício medular;
• Como corre o transporte ativo de saída de Na+, Cl- e K+ na porção ascendente espessa de Henle, diminui a
osmolaridade do fluido tubular e aumenta da osmolaridade no interstício – forma-se um gradiente. Obs:
interstício = medular.

Etapa 3:

• Ocorre um rápido e transitório equilíbrio osmótico devido ao gradiente criado, com saída de H2O na porção
descendente de Henle;
• Com isso, o fluido tubular na parte descendente tem aumento de osmolaridade (pela saída de H2O), enquanto
que a osmolaridade intersticial se mantém em 400 mOsm/L pelo transporte ativo contínuo na ascendente de
Henle.

Etapa 4 e 5:

• Nessas etapas, é como se chegasse “um novo fluido” na região (através do fluxo sanguíneo que é bombeado).
• Esse “novo fluido” empurra o fluido que está na porção descendente para a porção ascendente;
• Como quem estava na porção descendente era hiperosmolar, há um novo transporte ativo de ions para o
interstício;
• Com mais saída de ions, o interstício aumenta também sua osmolaridade, ficando mais hiperosmolar;

Etapa 6:

• Ocorre um novo equilíbrio osmótico pelo aumento do gradiente, com mais saída de H2O no Henle descendente;
• Com isso, o fluido tubular na parte descendente aumenta novamente sua osmolaridade.

Etapas 4-6:
• Ocorrem em ciclos por várias vezes, com cada vez mais retenção de solutos no interstício, retendo muito mais
soluto que H2O (por isso a medula/interstício fica cada vez mais hiperosmolar).
• Esse ciclo é chamado de multiplicação do gradiente de concentração ;
• Não confundir = multiplicador do gradiente é o ciclo que ocorre nas etapas 4-6! Já quando falamos de
multiplicador de contra-corrente, estamos incluindo (além do gradiente) um outro elemento, que é o processo
de reabsorção contínua de Na+ no túbulo proximal (que ocorre de forma paralela durante as etapas 1-7) e que
contribui para a hiperosmolaridade medular. Ou seja, o conceito de multiplicação de gradiente está contido no
conceito de multiplicador de contra-corrente, que é um conceito mais amplo!

Etapa 7:

• O transporte ativo que inicia e aumenta a hiperosmolaridade medular funciona até níveis de osmolaridade
medular de 1.200 – 1.500 mOsm/L, quando atinge um equilíbrio.

3.2 Ação do ADH:


 Pela osmolaridade criada pela medula hipertônica, com as diversas reabsorções de soluto e H2O, o fluido que
chega no túbulo distal no córtex renal (se liga que aqui já não é mais medula) possui osmolaridade média de 100
mOsm/L (bem diluído, afinal saiu uma porrada de soluto nessa brincadeira);
 A porção inicial do túbulo distal consegue diluir ainda mais o fluido tubular, pelo transporte ativo de Na+ e Cl- e
sendo impermeável à H2O;
 Já a porção final do túbulo distal e uma parte do túbulo coletor (“néfron distal”) possuem permeabilidade à H2O
que é dependente do ADH, da seguinte forma:
-  ADH = muita reabsorção de H2O, concentra a urina (osmolaridade da urina > 1.200 mOsm).
-  ADH = pouca reabsorção de H2O, dilui a urina (osmolaridade da urina de até 50 mOsm). Vale lembrar que o
ADH não influencia na reabsorção de solutos no néfron distal (e por isso que quando o ADH está baixo, a
reabsorção de solutos ocorre normalmente, levando a diluição urinária).
 Como a maior parte da reabsorção de H2O no néfron ocorre no CÓRTEX RENAL e não na medula, há manutenção
da hiperosmolaridade medular (mantendo ela naquele nível de 1.200 – 1.500 mOsm/L).
 Quando o fluido chega no ducto coletor da região medular, pela medula ser hiperosmolar, há uma saída adicional
de H2O para o interstício, que logo é reabsorvida pela vasa recta, impedindo assim que a medula altere sua
osmolaridade.  Como consequência, o fluido final (daqui pra frente já é a Urina) possui uma osmolaridade média
de 1.200 mOsm/L.
Lembre = o ADH atua no aumento dos canais de aquaporina tipo 2!
(1)  ADH (2)  ADH

Papel da Uréia na Hiperosmolaridade Medular:


 A uréia é uma substância que é 100% filtrada pelo glomérulo; é livre, leve e solta;
 No túbulo proximal, cerca de 65% da uréia é reabsorvida junto com a H2O por fluxo passivo, via paracelular. Com
isso, a concentração de uréia dentro do túbulo fica cerca 35% da quantidade inicial;
 No ramo descendente fino e ascendente grosso de Henle a uréia sofre secreção passiva por equilíbrio osmótico,
atingindo concentrações de 110% da quantidade inicial;
 Nos segmentos ascendente fino de Henle, túbulo distal e túbulo coletor não há entrada/saída de uréia, o que faz
com que chegue no final do ducto coletor altamente concentrada (porque houve reabsorção de H2O);
 Somente na porção final do ducto coletor (na região medular interna) há permeabilidade transtubular de uréia,
que por estar muito concentrada no fluido consegue sair facilmente para o interstício medular, em que cerca de
75% vai para o interstício, e cerca de 35% da quantidade inicial é excretada na urina.
 Essa uréia altamente concentrada que sai contribui para a hiperosmolaridade medular, porque promove maior
reabsorção de H2O no descendente fino de Henle e com isso ativa ainda mais o mecanismo de contra-corrente.
 Uma vez na medula, a uréia volta a entrar nos túbulos na porção ascendente fina de Henle, o que conserva parte
da uréia dentro do néfron.
Obs.: o ADH é essencial no ciclo da uréia nos rins, porque os transportadores de ureia (UTA1) na membrana
apical dos ductos coletores da medula interna são modulados pelo ADH. Além disso, lembre que o ADH ativa a
reabsorção de H2O no néfron distal, o que concentra bastante a ureia antes de chegar nos ductos coletores da
medula interna, o que favorece sua reabsorção (obvio, quanto mais concentrado, mais fácil de sair).

Papel da Vasa Recta na Hiperosmolaridade Medular: 

 Para que a medula mantenha sua hiperosmolaridade, é necessário uma troca intensa de substâncias entre o
interstício e a vasa recta.

 Os capilares da vasa recta recebem cerca de 5% do fluxo renal plasmático (que é coisa pra caramba), o que significa
que o fluxo de plasma que passa por eles é 10x maior que o fluxo que está passando no início do ducto coletor
medular (ou seja, entra 10x mais plasma que fluido tubular em uma mesma região medular). Isso faz com que o
fluxo desses capilares “puxe”/”lave” a H2O e solutos do interstício medular.
 Além disso, por possuir alta permeabilidade para H2O e solutos, além de ter uma forma de “harpa” (bem similar
ao “U” de Henle), forma-se também um Mecanismo de Contra-corrente entre a medula e a vasa recta, permitindo
a saída de H2O e solutos do interstício para os vasos sem alterar o estado hiperosmolar da medula.
3. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS ÍONS

3.1 MANUSEIO DO NA+


 O Na+ regula o VEC, que é essencial para vida, uma vez que o volume intra-vascular (que compõe o VEC) é quem
oferta O2 para as células.
 O Na+ é o principal hidroregulador do corpo, ou seja, ele é o cara que tem maior poder de puxar a H2O pra perto
dele de todos os ions.
 Geralmente, todo Na+ é filtrado no glomérulo, sendo 60-65% reabsorvido no túbulo proximal, 25-30% no Henle,
5% do túbulo distal e 4% no ducto coletor (que é quem faz a regulação final).
 Bomba se Na+/K+ é o que mantem os níveis de Na+ extra-celular > intra-celular, tornando a membrana
fisiologicamente impermeável ao Na+ (que na verdade é bem permeável porque o Na+ entra toda hora na célula).

3.2 MANUSEIO DO K+
 Os níveis de K+, sejam variando para cima ou para baixo, podem cursar com arritmias.

3.3 MANUSEIO ÁCIDO-BÁSICO (H+ E HCO3-)


 O2 é o aceptor final de elétrons da cadeia respiratória, sendo a única função dele se ligar com o H+ intra-celular
para formar H2O, evitando acidose intra-celular.  pH arterial normal é de 7,35 – 7,45, sendo essencial para o
funcionamento das proteínas. Para manter esse pH existe um conjunto de substancias ácidas e alcalinas, sendo
avaliado pelo pH plasmático através da concentração de HCO3- (alcalina) e H+ (ácido).
 Reabsorção HCO3 = 100% do HCO3 é filtrado, sendo necessária portanto sua reabsorção no TCP. Essa reabsorção
não ocorre de forma direta, mas ao reagir com H+ tubular formando H2O e CO2 (reação ocorre pela presença de
muita anidrase carbônica nas vilosidades das células do TCP), e o CO2 atravessa por difusão para a célula do TCP,
fazendo o processo inverso (também com anidrase carbônica), formando HCO3, que é excretado via cotransporte
com Na+ para os capilares peritubulares, sendo portanto 100% reabsorvido normalmente.
 Excreção H+ =
normalmente, é produzido 1 mEq/kg/dia de H+, sendo necessária sua excreção para evitar alterações no pH.
Patologicamente, o H+ pode estar aumentado de forma endógena (H+ orgânico) devido a Lactato e Ceto-Ácido;
como pode estar aumentado de forma exógena (H+ inorgânico), devido a ácidos exógenos. Só que não conseguimos
eliminar muito H+ livre na urina, então grande parte do H+ em excesso necessita de uma substância tampão para
ser excretado, sendo nas condições fisiológicas esse cara o fosfato (HPO4-2), que aumenta e estabiliza o pH
urinário, formando H2PO4- e dando conta do H+ proveniente da dieta. Em condições patológicas ou mais extremas,
o fosfato não consegue dar conta do excesso de H+, sendo que nesses casos o tampão “patológico” é a amônia
(NH3), formando amônio (NH4+).

3.4 MANUSEIO DA H2O


 O distúrbio hidroeletrolítico mais comum é o distúrbio da água.  Valor normal de osmolalidade = 270-290
mOsm/kgH2O, que é igual em todo e qualquer parte do corpo.
 ADH e sede foram feitos para manter a osmolalidade constante;
Obs.: a turma do tópico 3 dessa aula serão explorados em termos de metabolismo nas próximas aulas.

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