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r- N. 054 -lO de Agosto df_ ~&/!

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, REFORMA DO


ESTADO, ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E
ASSUNTOS PARLAMENTARES Artigo 4.°
Entrada em vigor
Centro de Informática e Reprografia
O presente diploma e o Código de Processo Penal por
. . -:~. , ..Rectificação ele aprovado entram em vigor 6 meses após a sua publi-
cação.
Por ter sa.\da inexata a publicação do Código de
Processo PeIUfl,incerta no Diário da República n." 90, Assembleia Nacional, em São Tomé, aos 17 de
20.° Suplemerítodei200~, novamente se publica. Dezembro de 2009.

Centro de Informátiça e Reprografia- O Director, O Presidente da Assembleia Nacional, Francisco Da


Bernardo Pinto. Silva.

ASSEMBLEIA NACIONAL Promulgado em 3 de Março de 2010.

Lei n, o 5/2010
Publique-se.
A Assembleia Nacional decreta, nos termos da alinea
b) do artigo 97.° da Constituição, o seguinte: O Presidente da República, Fradique Bandeira Melo •
de Menezes.
Artigo 1.0
Aprovação do Código de Processo Penal CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

É aprovado o Código de Processo Penal que faz parte Preâmbulo


integramente da presente Lei.
A evolução da vida sócio-económica e política de São
Artigo 2,0 Tomé e Príncipe, pais independente desde 1975, provo-
Remissões cou ao longo destes quase trinta anos uma nova dinâmica
no desenvolvimento, a qual não se compadece com as
Consideram-se efectuadas para as correspondentes leis herdadas do tempo colonial, as quais, por imperativo
disposições do Código de Processo Penal, aprovado pelo da nossa Constituição, continuaram a vigorar após a
presente diploma, as remissões para o Código anterior independência.
contidas em Leis avulsas. Entre essas normas fundamentais desajustadas aos
tempos actuais e estruturantes do sistema de justiça e do
Artigo 3.° Estado de direito democrático, encontram-se o Código
Revogações Penal e Código de Processo Penal.
Por vicissitudes várias não foi possível, ao longo de
1. É revogado o Código de Processo Penal aprova-
do pelo Decreto n." 16489, de 15 de Fevereiro de 1929,
com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto n.o 19271,
de 24 de Janeiro de 1931 e demais legislação subsequen-
te, e os seguintes diplomas legais:
trinta anos de independência, proceder à sua revisão,
mantendo-se em vigor o Código do Processo Penal por-
tuguês de 1929, publicado pelo Decreto n.o 16489, de 15
de Fevereiro, com as alterações do Decreto-Lei n." 35007
e, entre outras, as constantes do Decreto-Lei n." 184/72

a) Decreto-Lei n.? 35007, de 13 de Outubro de 1945 de 31 de Maio, Decreto-Lei n.? 12180, este último que
e a Portaria n,? 17076, de 20 de Março de 1959; determinava o julgamento de arguido à regras proces-
b) Decreto-Lei n.? 85/72, de 31 de Maio e a Portaria suais simplificadas para os casos de menor gravidade,
n." 340/74, de 25 de Maio; Decreto-Lei 212002 sobre as condições de aplicação das
c) Decreto-Lei n.? 5/80, de 22 de Fevereiro; medidas. Este código já foi substituído em Portugal por
d) Decreto-Lei n.? 7/80, de 22 de Fevereiro; um novo código aprovado pelo Decreto-Lei n." 78/87, de
e) Decreto-Lei n." 3/84, de 31 de Janeiro; 17 de Fevereiro, alterado posteriormente pelos Decreto-
f) Lei n." 5/2002, de 30 de Dezembro; lei n." 387-E/87, de 29 de Dezembro e Decreto-lei n.?
g) Lei n.? 5/2003, de 02 de Junho. 212/89, de 30 de Junho, e 317/95, de 28 de Novembro.
A manutenção em vigor do Código de Processo Penal
2. São igualmente revogadas as disposições legais de 1929 cria vários problemas na aplicação da lei CThT.i·
que contenham normas processuais penais em oposição nal que o diploma ora aprovado visa superar.
com as previstas neste Código. No novo Código de Processo altera-se toda a estrutura
do velho Código, mantendo porém, os conceitos e desig-
nações, excepto nas partes em que o mesmo era omisso
ai] que se mostrava mais desactualizado.

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--' i 2 __,)ivfE:E PRÍNCIPE - D1ARIO DA REPr)IJUC).1 563

Ao nível da sistemática do novo Código faz também te que deve ter obrigatoriamente lugar, antes do despacho
uma ruptura, pois inicia-se pela jurisdição e tribunais e só final;
depois aparecem o Ministério Público, assistente e argui- ~ Regulamentação precisa das nulidades, dos
do, seguindo-se toda a demais regulamentação. meios de prova e obtenção de prova, bem como das
Em termos genéricos o novo Código de Processo competências do Ministério Público, das entidades poli-
Penal caracteriza-se pelo seguinte: ciais e juiz na fase preliminar do processo, com identifi-
cação precisa e exaustiva das competências exclusivas ou
~ Regulamentação precisa da competência, nesta a praticar pelo juiz;
se incluindo a referente ao foro especial; .r Consagração de mecanismos de consenso ainda
~ Manutenção das actuais formas de processo, na fase preliminar (arquivamento com dispensa de pena e
elevando-se à competência do juiz singular em processo suspensão provisória do processo), nos quais se exige a
correccional para crimes puníveis com penas até cinco concordância de todos os intervenientes, incluindo o juiz,
anos de prisão; podendo ainda o assistente, arguido ou ofendido ter ini-
~ Estabelecimento de impedimentos ao nivel do ciativa no que respeita à suspensão provisória do proces-
julgamento para o juiz que participar nas fases prelimina- so;
res do processo, nomeadamente para aquele que decretar .r Em sede de audiência clarificam-se os poderes
e mantiver a prisão' preventiva em instrução preparatória do presidente de audiência, bem como se esclarece quais
e presidir à instrução contraditória; as provas que podem servir para formar a convicção do
~ Consagração e dignificação do estatuto do tribunal na sua análise dos factos;
.guido, com regulamentação pormenorizada dos seus .r Em sede de sentença e em consonância com o
.eitos e deveres, bem como do papel do defensor e dos que fica referido para a formação da convicção, impõe-se
momentos em que é obrigatória a sua nomeação; ao juiz que explicite a fundamentação de facto, especifi-
~ Regulamentação pormenorizada do primeiro cando os factos provados e não provados e quais as pro-
interrogatório judicial do arguido detido e da possibilida- vas em que se baseia para chegar a tal conclusão;
de de o arguido ter acesso aos autos e às provas, ainda .r No processo de querela são suprimidos os quesi-
que sob segredo, que determinaram a aplicação da prisão tos, tudo se passando como é hoje o processo correccio-
preventiva; nal com a exigência supra referida no que diz respeito à
~ Regulamentação precisa da detenção e dos seus sentença;
pressupostos, impedindo os interrogatórios policiais de .r Simplificação dos recursos e seu regime, com
arguido detido antes deste ser presente ao juiz para pri- obrigatoriedade de alegação sempre em primeira instân-
meiro interrogatório judicial; cia excepto nas situações em que o Supremo Tribunal de
~ Manutenção do segredo de justiça apenas duran- Justiça funcione como tribunal de julgamento em primei-
te a instrução preparatória, salvo se o arguido requerer a ra instância;
instrução contraditória e declarar que pretende a manu- ~ Manutenção dos processos especiais (ausentes,
tenção do segredo; difamação, calúnia e injurias e foro especial) com espe-
~ Consagração de que na instrução preparatória, cial relevo para a manutenção dos julgamentos à revelia,
da competência do Ministério Público, o juiz pratica mas assegurando, em termos amplos, a repetição do
todos os actos que se prendam com os direitos liberdades julgamento, após a comparência do réu;
e garantias, bem como decreta, a requerimento do Minis- .r Regulamentação precisa das execuções das
~o Público todas as medidas de coacção, excepto o penas, com fixação de critérios para contagem das penas
~rmo de identidade e residência que pode ser decretado de prisão, bem como dos mecanismos da liberdade con-
por aquele; dicional.
~ Alargamento dos prazos de prisão preventiva
para os 3 meses na instrução preparatória, 5 meses na A lei prevê o foro especial formada por dois Juízes da
contraditória, 7 meses até ao início do julgamento e 9 Primeira Instância sorteado entre todos os Juízes e presi-
meses até ao trânsito em julgado, bem como da revisão dido por um Juiz do Supremo que o preside, no julga-
dos pressupostos da prisão preventiva para os 90 dias; mento em primeira Instância do Presidente da República,
~ Possibilidade de alargamento dos prazos fixados os membros de governo, os deputados e os magistrados.
em 113 nos processos complexos, por despacho funda- Das decisões desse colectivo há recurso para o pleno
mentado do juiz, do qual cabe recurso; do Supremo Tribunal de Justiça.
~ Consagração da natureza facultativa e contradi- O Estatuto do arguido sai reforçado na presente legis-
tória da instrução contraditória a qual apenas pode ser lação tendo-se a destacar o seguinte:
requerida pelo arguido relativamente a factos pelos quais 1) Ser ouvido pelo Tribunal ou pelo Juiz sempre
tenha sido acusado pelo Minístério Público ou pelo assis- que eles devam tomar qualquer decisão que pessoalmente
tente ou pelo assistente se o Ministério Público tiver o afecte.
arquivado os autos de instrução; 2) Não responder a perguntas feitas, por qualquer
~ Consagração do direito do Ministério Público, entidade, sobre os factos que lhe forem imputados e
assistente e arguido estarem presentes a todos os actos sobre o conteúdo das declarações que acerca deles pres-
realizados na instrução contraditória, bem como no deba- tar.
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3) Ser assistido por defensor logo após a detenção b) À entidade que ordenar a detenção se o detido
e em todos os actos processuais em que participar e, lhe não foi presente de imediato.
quando detido, comunicar, mesmo em privado, com ele; c) Ao Ministério Público nos restantes casos. (art.
(art.41.°). 154.°)
De igual forma é obrigatória a assistência do defensor Da primeira vez em que um arguido preste declara-
no primeiroJnterrogatório judicial do arguido detido, sob ções, mesmo que deva ficar preso preventivamente,
pena de nulidade, o interrogatório do arguido não pode sujeitar-se-á a termo de identidade e residência indepen-
ter lugar entre as 22 horas e 7 horas. dentemente da aplicação de outra medida de garantia
Mantém-se as formas do processo, sendo querela, cor- patrimonial. Do termo constará as obrigações que o Juiz
reccional, transgressão e o sumário. O Processo de quere- achou conveniente em termos de lei. (artigo 164.°).
la é para as acções cuja pena máxima, abstractamente O Código acolheu a figura de prisão domiciliária sen-
aplicável, seja superior a cinco anos de prisão ou pelos do esta uma das possíveis posições do Juiz no termo de
crimes dolosos ou agravados pelo resultado quando foi identidade e residência, traduzida como obrigação de se
elemento do tipo a morte de uma pessoa. Serão julgados não se ausentar do local de residência, para os crimes
em processo correccional todos os processes que respei- puníveis com a pena de prisão superior a um ano. (artigo
tarem a crimes cuja pena máxima, abstractamente aplicá- 165.°).
vel, seja igual ou inferior a cinco anos de prisão ou que A duração da Prisão Preventiva é de:
por lei não corresponda a outra forma processual (art. a) Três meses até à conclusão da instrução prepara-
54.°,55.° da lei). tória;
Se houver a instrução contraditória solicitado pelo b) Cinco meses até à conclusão da instrução con- iA
arguido e se este se opuser a publicidade do processo este traditória; .,
continuará em segredo de Justiça (art. 60.°). c) Sete meses até ao início da audiência de julga-
Os escrivães são obrigados a mostrar quaisquer pro- mento;
cessos findos ou pendentes que não estejam em segredo d) Nove meses sem que haja decisão final com
da Justiça e a passar mediante despacho, quaisquer certi- trânsito em julgado.
dões a quem mostre um interesse legitimo em as obter. Estes prazos poderão ser elevados de (1/3) quando o
Aos meios de comunicação social, é permitida, dentro processo se revelar de excepcional complexidade, decla-
dos limites das leis, a narração circunstanciada do teor de rado pelo despacho do Juiz.
actos processuais que se não encontrem cobertos por De igual forma estes prazos são improrrogáveis e,
segredo de Justiça ou em cujo decurso for permitido a antes de ultrapassados se não foi previsível o seu cum-
assistência do público em geral. primento, o arguido ou o réu deverá ser posto em liber-
A reprodução de peças processuais ou de documentos dade, (artigo 172.°).
incorporados no processo, até a sentença de la Instância, O Reexame das condições de Aplicação da Prisão
salvo se tiverem sido obtidos mediante certidão solicitada Preventiva foi prolongado de 60 dias que estabelecia o
com menção do fim a que se destina, ou se para tal tiver Decreto-Lei n." 5/2002 para 90 dias. Pois nesse período o
havido autorização expressa do Juiz ou do Ministério Juiz, oficiosamente, reexamina os pressupostos fácticos
Público que presidir á fase do processo no momento da de que depende a manutenção de prisão preventiva (arti-
Publicação. go 174.°).
A transmissão ou registo de imagens ou de tomada de O Código prevê a Indemnização por privação da
som relativas à prática de qualquer acto processual, liberdade ilegal ou, injustificada (artigo 187.°). •
nomeadamente da audiência, salvo se o Juiz por despa- Com importância relevante é a total proibição das
cho, a autorizar, não pode, porém, ser autorizada a autoridades policiais ouvirem em primeiro interrogatório
transmissão ou registo de imagens ou tomada de som o arguido detido antes de o mesmo ser presente ao Juiz
relativas à pessoa que a tal se opuser. (artigo 212.° n.? 3).
De igual forma não é utilizada a publicação, por qual- São permitidas as escutas telefónicas a solicitação do
quer meio, da identidade de vítimas de crimes sexuais, Juiz em caso de investigação dos crimes de:
contra a honra ou contra a reserva da vida privada, antes a) Terrorismo, criminalidade violenta ou altamente
da audiência, ou mesmo depois, se o ofendido for menor organizada;
de 16 anos (artigo 63.° e 64.°). Em temos de detenção e b) Associações criminosas;
das Medidas Restritivas de Liberdade, a detenção é defi- c) Contra a paz e a humanidade;
nida como toda privação de liberdade por um periodo d) Contra a segurança do Estado;
não superior a 48 horas em que o detido não pode ser e) Produção e tráfico de estupefacientes;
colocado em estabelecimento prisional destinado a exe- f) Falsificação de moeda ou títulos equiparados à
cução de pena (art. 149.°). moeda;
Sempre que. ocorra qualquer detenção e antes de qual- g) Abrangidos por convenção sobre segurança da
quer interrogatório, deve a autoridade que executou a navegação de aérea ou marítima.
detenção fazer as seguintes comunicações: É proibida a intercepção e a gravação de conversações
a) Ao parente, pessoa de confiança ou defensor do ou comunicações entre o arguido e o seu defensor, salvo
detido, de preferência os indicados por ele - o detido. se o Juiz tiver fundadas razões para crer que elas consti-
tuem obiecto ou elemento do crime (art. 252.°).
lv. o 54 ~-".:'( . -!5.4 Q.TOMÉ E PRÍNCIPE - tssuu &1JIf:p.(7]J.-",[,,,-,JCA~ -.:5,,,-,6=5

A instrução Preparatória é dispensada quando os autos


de notícia levantados façam fé em Juízo, e também pode-
rá ser dispensada, pelo Ministério Público quando da Artigo 2.°
análise do auto de notícia e da prova, resultarem índícios Princípio da suficiência da acção penal
seguros e claros da culpabilidade do agente, independen-
temente da culpabilidade do agente, independente da A acção penal pode ser exercida e julgada indepen-
forma do processo e penas aplicáveis (art," 265.°). dentemente de qualquer outra. No processo penal resol-
O prazo da instrução é 8 meses para o processo de ver-se-ão todas as questões que interessem à decisão da
querela e de seis em processo correccional (art. 266.°). causa, qualquer que seja a sua natureza, salvo nos casos
A instrução contraditória é facultativa e s6 tem lugar exceptuados por lei.
quando ao crime corresponder pena de prisão. Poderá
requerer a abertura de instrução contraditória, o arguido e Artigo 3.°
o assistente (artigo 282.°). Questões prejudiciais não penais
Prevê-se a condenação em indemnização civil no caso
de absolvição, desde que fique provado o ilícito dessa 1. Quando, para se conhecer da existência da
natureza ou a responsabilidade fundada no risco (artigo infracção penal, seja necessário resolver qualquer ques-
331.°). . tão de natureza não penal que não possa conveniente-
Há possibilidade do pagamento voluntário de multa no mente decidir-se no processo penal, pode o juiz suspen-
processo de contravenção ou transgressão, impedindo de der o processo, para que se intente e julgue a respectiva
A1iue as autoridades administrativas remetam o auto ao acção no tribunal competente.
~ribunal (art. 341.°). 2. Presume-se a ínconveniência do julgamento da
Em matéria dos recursos o código prevê as espécies e questão prejudicial no processo penal:
tramitação dos mesmos sem a complicada remissão para a) Quando incida sobre o estado civil das
o Código do Processo Civil (artigo 354.°). pessoas;
A participação de qualquer crime praticado por Juiz b) Quando seja de dificil solução e não
ou magistrado do Ministério Público, será dirigida ao verse sobre factos cuja prova a lei civil limite.
presidente do Conselho Superior Judiciário e será distri- 3. A suspensão pode ser requerida pelo Ministé-
buída ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça no rio Público, pelo assistente ou pelo arguído, em qualquer
caso de se tratar de um Juiz ou ao Procurador-Geral da altura do processo, ou ordenada oficiosamente pelo juiz
República no caso de se tratar de magistrado do Ministé- na instrução contraditória. A suspensão não deverá pre-
rio Público (artigo 404.° e 405.° C. P. P.). judicar a realização das diligências urgentes de prova.
Não ficou esquecido pelo código a execução das penas 4. O juiz marcará o prazo da suspensão o qual
de prisão no estabelecimento prisional e o papel de visita poderá ser prorrogado por tempo razoável, se a demora
e acompanhante dos reclusos pelo Juiz (art. 413.°). da decisão não for imputável ao arguido ou ao assistente.
5. Quando não tenha competência para íntentar a
LIVRO I acção sobre a questão prejudicial, o Ministério Público
DA JURISDIÇÃO, COMPETÊNCIA E ACÇÃO intervirá na causa cível para promover o seu rápido
andamento e informar o juiz penal. Este deverá nos casos
do n." 2, alo b), fazer cessar a suspensão, quando se mos-
t TÍTULO I
DA JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
tre inconveniente ou de excessiva duração ou quando a
acção não for proposta no prazo de trinta dias,
6. Quando suspenda o processo penal, pata julga-
Secção I mento em outro tribunal da questão prejudicial, deverá o
Disposições gerais juiz definir o estatuto do arguido, nos termos da lei, sus-
pendendo-se os prazos de prescrição do procedimento
Artigo 1.0 criminal.
Legalidade da acção penal, interpretação e integra-
ção da lei processual penal Artigo 4.°
Questões prejudiciais em processo não penal
1. A todo o crime ou contravenção corresponde
uma acção penal, que apenas será exercida nos termos 1. Sempre que em qualquer processo não penal se
deste código. mostre que é necessário decidir acerca da existência ou
2. Nos casos omissos, quando as suas disposições ínexistência de qualquer facto que constitua crime públi-
não possam aplicar-se por analogia, observar-se-ao as co, para se julgar a questão controvertida, pode o juiz
regras do processo civil que se harmonizem com o pro- suspender esse processo até que o tribunal crimínal deci-
cesso penal e, na falta delas, aplícar-se-ão os princípios da.
gerais do processo penal. 2. O processo suspenso contínuará os seus termos,
se a acção penal não for exercida no prazo de um mês ou
se o processo penal estiver parado na secretaria por este
lapso de tempo.
,....- ....

Secção n Artigo 9.°


Da Jurisdição Foro especial

Ârtigo 5.° 1. O Presidente da República, o Primeiro-ministro,


Administração da justiça penal os membros de governo central e regional, os deputados
e os magistrados gozam de foro especial em matéria
Os tribunais judiciais são os órgãos competentes para criminal, sendo julgados em primeira instância por um
decidir as causas penais e aplicar penas e medidas de colectivo formado por dois juízes da primeira instância -
segurança criminais. sorteados de entre todos - e presidido por um juiz conse-
lheiro, igualmente sorteado entre os juízes conselheiros
Artigo 6.° do Supremo Tribunal de Justiça.
Exercício da função jurisdicional penal 2. A instrução contraditória e os actos da compe-
tência do juiz na instrução preparatória são da competên-
1. Os tribunais judiciais administram a justiça cia de um juiz conselheiro, sorteado nos termos do artigo
penal de acordo com a lei e o direito. anterior.
2. No exercício da sua função, os tribunais e 3. Os actos de instrução preparatória devem ser
demais autoridades judiciárias têm direito a ser coadju- presididos pelo Procurador-geral da República ou por
vados por todas as outras autoridades. A colaboração magistrado que o mesmo designar, apenas sendo delegá- ,
solicitada prefere a qualquer outro serviço. veis nas entidades policiais, os actos estritamente indis-
pensáveis.
Secçãoill 4. Das decisões desse colectivo e do juiz referido
Da Competência no nO2, há recurso para o Pleno do Supremo Tribunal de
Justiça.
Artigo 7.°
Lei reguladora da competência material e funcio- Artigo 10.°
nal Competência dos tribunais colectivos

1. A competência material e funcional dos tribu- Compete aos tribunais colectivos de comarca julgar de
nais em matéria penal é regulada pelas disposições deste facto, definitivamente, e de direito com recurso para o
Código e, subsidiariamente, pelas leis de organização Supremo Tribunal de Justiça, as infracções a que corres-
judiciária. ponda processo de querela e que por lei não forem excep-
2. Têm competência penal: tuados da sua competência.
a) O Supremo Tribunal de Justiça;
b) Os tribunais de primeira instância julgando em Artigo 11.°
colectivo ou singularmente; Competência do tribunal de júri
c) O Tribunal de Júri.
1. Compete ao tribunal de júri julgar os processos
Artigo 8.° que, tendo a intervenção do júri sido requerida pelo
Competência do Supremo Tribunal de Justiça Ministério Público, pelo assistente ou pelo arguido,
respeitarem a crimes cuja pena máxima, abstractamente
Compete ao Supremo Tribunal de Justiça: aplicável, for superior a oito anos de prisão.
1. Ao Juiz Conselheiro, como juiz singular: 2. O requerimento do Ministério Público e o do
a) Conhecer em recurso das sentenças e despachos assistente deve ter lugar no prazo para dedução da acusa-
preferidos pelo juiz singular de primeira instância ou do ção, conjuntamente com esta, e o do arguido, no prazo do
Tribunal Regional; requerimento para abertura de instrução contraditória.
b) Presidir à instrução contraditória e praticar os Não havendo instrução contraditória, o requerimento do
actos da competência do juiz na instrução preparatória, arguido e o do assistente que não deduziu acusação deve
nos processos criminais a que se refere o artigo 9°; ter lugar no prazo de oito dias a contar da notificação do
c) Proceder à revisão e confirmação de sentença despacho que designa dia para julgamento.
penal estrangeira. 3. O requerimento de intervenção do júri é irretractá-
2. Ao Pleno: vel.
a) Conhecer dos recursos ou decisões preferidos
em processo de querela; Artigo 12.°
b) Conhecer dos pedidos de habeas corpus em vir- Competência do juiz singular de primeira instância
tude de prisão ilegal;
c) Proferir assentos; 1. Compete ao juiz singular de primeira instância
d) Exercer as demais atribuições conferidas preparar e julgar os processos crime a que corresponda
por lei. processo correccional cu sumário, bem como:
a) Proceder ao julgamento das contravenções; tente o tribunal à ordem do qual ou em cuja área se
b) Preparar os processos que devam ser julgados encontram presos o maior número de arguidos; se o
pelos tribunais colectivos ou pelo júri; número for igualou não houver arguidos presos, será
c) Cumprir as cartas precatórias, rogatórias e competente o tribunal que primeiro teve conhecimento da
requisições que lhe sejam dirigidas por tribunais ou auto- infracção.
ridades competentes;
d) Exercer as competências do juiz em sede de ins- Artigo 16.0
trução preparatória; Crimes a bordo de navio ou aeronave ou pequenas
e) Dirigir a instrução contraditória; embarcações
f) Exercer as demais funções conferidas por lei,
quando o Ministério Público na acusação, e ainda que em 1. É competente para conhecer dos crimes cometi-
concurso de crimes, entender que não deve, em concreto, dos a bordo de navio o Tribunal da área do porto santo-
ser aplicada pena de prisão superior a 5 anos. mense para onde o agente se dirigir ou onde ele desem-
2. No caso previsto na alo f) do número anterior, o barcar; e, não se dirigindo o agente para território
tribunal não pode aplicar pena de prisão superior a .5 santomense ou nele não desembarcando, ou fazendo
anos. parte da tripulação, o Tribunal da área de matricula.
2. O disposto no número anterior é corresponden-
Artigo 13.0 temente aplicável a crime cometido a bordo de aeronave.
Competência territorial 3. Para qualquer caso não previsto nos números

e 1. É competente para conhecer O crime o tribunal


em cuja área se tiver verificado a consumação.
anteriores é competente o Tribunal da área onde primeiro
tiver havido noticia do crime.

2. Se o crime não chegou a consumar-se, é compe- Artigo 17.0


tente o tribunal em cuja área se praticou o último acto de Crimes cometidos no estrangeiro
execução ou facto punível.
3. Para conhecer de crime que se consuma por fac- Para conhecer de crimes cometidos por são-tomense
tos sucessivos ou reiterados, ou por um só facto sus- ou estrangeiro em país estrangeiro não compreendidos no
ceptivel de se prolongar, é competente o tribunal em cuja artigo anterior, a que for aplicável a lei penal são-
área se praticou o último acto ou tiver cessado a consu- tomense, é competente o tribunal onde o agente for
mação. encontrado.
4. Se o crime tiver sido cometido nos limites de
diversas comarcas e houver dúvidas sobre aquela em que Artigo 18.0
foi cometido, será competente para dele conhecer o tri- Crimes em que é ofendido o juiz de direito ou
bunal de qualquer das áreas, preferindo o daquele que magistrado do Ministério Público
primeiro tomar conhecimento do crime.
1. Para os processos em que for ofendido o juiz de
Artigo 14. 0
direito ou magistrado do Ministério Público é competente
Crime parcialmente praticado em território nacio- o tribunal de primeira instância sedeado na capital do
nal País.

It 1. Se a infracção foi praticada só em parte em terri-


tório nacional, será competente para conhecer dela, o
2.

3.
Sendo ofendido um dos magistrados desse tri-
bunal, será competente o juizo imediatamente a seguir.
O juízo a que se refere o artigo anterior é tam-
tribunal em cuja área se praticou o último facto de con- bém competente para preparar os processos por infrac-
sumação, execução, preparação ou comparticipação que ções cometidas na respectiva região pelo juiz de direito,
seja punível pela lei. pelo seu substituto, quando em exercício, ou pelo magis-
2. Se depois do último facto praticado em território trado do Ministério Público perante ele, fora do exercício
nacional tiverem sido praticados em território estrangeiro das suas funções e que lhes não digam respeito.
outros que digam respeito à mesma infracção, os tribu-
nais são-tomenses conhecerão de todos eles e serão com- Artigo 19.0
petentes par julgar todos os seus agentes. Acumulação de crimes e conexão subjectiva

Artigo 15. 0
1. Quando um arguido for acusado de vários cri-
Desconhecimento do lugar do crime mes, o tribunal competente para o julgamento é o do
crime a que corresponder pena mais grave e, no caso de
1. Sendo desconhecido o lugar onde a infracção se crimes de iguai gravidade, aquele à ordem do qual o
cometeu, será competente para conhecer dela o tribunal à arguido estiver preso, ou, não estando, o do crime mais
ordem do qual ou em cuja área o arguido foi preso, ou, recente e, sendo da mesma data, aquele em que primeiro
não havendo arguido preso, onde primeiro tiver havido tiver sido proferido o despacho de pronúncia ou equiva-
noticia do crime. lente.
2. Se houver vários arguidos presos, será compe- 2. Se se tiverem instaurado diversos processos,
r

.• . .. lJ de Agosto de 2010

apensar-se-ão àquele que respeite ao crime que determi-


nar a competência para o julgamento.
3. Quando o agente de um crime cometer outros Artigo 22.°
crimes que contribuam para retardar o julgamento, pode- Crimes que são causa ou efeito uns dos outros
rá o juiz, oficiosamente, a requerimento do Ministério
Público ou da parte acusadora, ordenar qoo responda em 1. Oficiosamente, ou a requerimento do Ministé-
separado por algum ou alguns dos crimes, e que a sen- rio Público, do arguido, do assistente ou lesado, poderão
tença se execute desde logo. ser julgados conjuntamente os agentes de diversos crimes
4. Se o arguido, no caso do número anterior, tiver cometidos em ocasiões diferentes, quando uns sejam
sido condenado em pena da competência do tribunal causa ou efeito dos outros e sejam processados no mes-
colectivo, conhecerá este tribunal dos demais crimes, mo tribunal.
qualquer que seja a pena que lhes corresponda, salvo se o 2. No caso previsto neste artigo, apensar-se-ão os
conhecimento do crime competir ao júri ou a foro espe- processos ao processo do crime mais grave e, se forem de
cial. igual gravidade, ao do crime mais recente.

Artigo 20.° Artigo 23.°


Conexão objectiva por comparticipação Contravenções e transgressões que constam do
mesmo auto de notícia
1. Os agentes do mesmo crime responderão con-
juntamente no juizo competente para o julgamento Poderão ser processadas e julgadas conjuntamente as
daquele a que couber pena mais grave, salvo se algum contravenções e transgressões a editais, posturas ou dis-
deles tiver foro especial, porque este responderá nesse posições regulamentares que constem do mesmo auto de
foro. noticia levantado contra diversos infractores, ainda que
2. O juiz poderá, oficiosamente, a requerimento do não se verifiquem as condições exigidas nos artigos pre-
Ministério Público, da parte acusadora ou dos arguidos, cedentes.
ordenar, em despacho fundamentado, o julgamento em
separado, quando necessário, para não prolongar a prisão Artigo 24.°
preventiva de algum dos arguidos ou por outro motivo Crimes da responsabilidade só de alguns arguidos
atendível. e praticadas em regiões diversas

Artigo 21.° 1. Havendo num processo alguns arguidos impli-


Conexão objectiva por infracções recíprocas ou cados em outras infracções penais que não sejam da
simultâneas responsabilidade de todos e praticadas em circunscrições
diversas, cada um deles será julgado pelo tribunal que for
1. Responderão conjuntamente, no tribunal compe- competente para o crime mais grave da sua responsabili-
tente para o julgamento da infracção mais grave, os agen- dade, de acordo com as regras dos artigos que antece-
tes de diversos crimes cometidos na mesma ocasião reci- dem.
procamente ou por várias pessoas reunidas. 2. Se os crimes tiverem sido cometidos na mesma
2. Se os crimes forem de igual gravidade, será circunscrição, responderão conjuntamente todos os seus
competente o tribunal à ordem do qual estiver preso agentes, embora alguns não estejam implicados em todas
algum arguido; se houver diversos arguidos presos, aque- elas, sendo julgados pelo tribunal competente para
le à ordem do qüal estiver preso o maior número; e se o conhecer do crime mais grave, devendo para esse fim
número for igual, ou não houver arguidos presos, o tribu- apensar-se os processos, depois do despacho de pronún-
nal onde primeiro for proferido o despacho de pronúncia cia ou equivalente, podendo o juiz usar da faculdade que
ou equivalente. lhe confere o n,? 2 do artigo 20.°.
3. Para todos os crimes organizar-se-á um s6 pro-
cesso, quando praticados na mesma região e, se se tive- Artigo 25.°
rem instaurado diversos, logo que a conexão seja reco- Prorrogação de competência no caso de acumula-
nhecida, procede-se à apensação de todos ao do crime ção de crimes
mais grave e, no caso de serem de igual gravidade, àque-
le em que for primeiramente proferido despacho de pro- Quando um tribunal deva conhecer duma acumulação
núncia ou equivalente. de crimes e algumas não sejam da sua competência nor-
4. Se os crimes tiverem sido cometidos em regiões mal, conhecerá de todas, ainda que julgue improcedente a
diversas, apensar-se-ão os processos, depois de transitar acusação daquelas que determinaram a sua competência.
em julgado o despacho de pronúncia ou equivalente,
àquele em que, nos termos deste artigo, se deva proceder
ao julgamento.
- -"="" - a

ca, ou menor de 18 anos, o direito de queixa pertencerá


ao seu representante legal e às pessoas referidas no
TÍTuLon número anterior.
DAS ACÇÕES EMERGENTES DO CRIME 4. Qualquer das pessoas referidas nos números 2 e
3 podem apresentar queixa, independentemente do acor-
CAPITULO I do dos demais.
Da acção penal
Artigo 29.°
Secção única Legitimidade em procedimento dependente de acu-
Do Ministério Público, da parte acusadora e do sação particular
assistente
1. Quando o procedimento criminal depender de
Artigo 26.° acusação particular, do ofendido ou de outras pessoas, é
Exercício da acção penal necessário que essas pessoas se queixem, se constituam
assistentes e deduzam acusação particular.
A acção penal é pública e compete ao Ministério 2. O Ministério Público procede oficiosamente a
Público o seu exercício com as restrições dos artigos quaisquer diligências que julgar indispensáveis à desco-
seguintes. berta da verdade e couberem na sua competência, parti-
cipa em todos os actos processuais em que intervier a
Artigo 27.° acusação particular, acusa conjuntamente com esta e
Quem pode exercer a acção penal, além do Minis- recorre autonomamente das decisões judiciais.
tério Público 3. É correspondentemente aplicável o disposto no
nO 1 do artigo anterior.
1. Podem exercer a acção penal, além do Ministé-
rio Público: Artigo 30.°
a) As autoridades administrativas, quanto às trans- Homologação da desistência da queixa ou da acu-
gressões de posturas, regulamentos e editais; sação particular
b) Os órgãos de policia criminal, quanto a crimes
que devam ser julgados em processo sumário e a todas as 1. Nos casos previstos nos artigos 28.° e 29.°, a
contravenções; intervenção do Ministério Público no processo cessa com
c) Os organismos do Estado com competência para a homologação da desistência da queixa ou da acusação
a fiscalização de certas actividades ou da execução de particular.
regulamentos especiais, quanto às contravenções verifi- 2. Se o conhecimento da desistência tiver lugar
cadas no exercício dessas actividades ou contra esses durante a instrução preparatória, a homologação cabe ao
regulamentos. Ministério Público. Se tiver lugar durante a instrução
2. A remessa ao tribunal pelas entidades referidas contraditória ou o julgamento, cabe, respectivamente, ao
neste artigo, dos autos de noticia levantados nos termos juiz ou ao presidente do tribunal.
do artigo 143.° do Código de Processo Penal ou dos cor- 3. Logo que tomar conhecimento da desistência, o
pos de delito devidamente organizados quanto a crimes Ministério Público ou o juiz competente para a homolo-
ãor que podem exercer a acção penal equivale, para todos gação notifica o arguido para, em cinco dias, declarar,
.s efeitos, à acusação em processo penal. sem necessidade de fundamentação, se a ela se opõe. A
falta de declaração equivale a não oposição
Artigo 28.° 4. Se o arguido não tiver defensor nomeado e for
Legitimidade para exercer a acção penal nos cri- desconhecido o seu paradeiro, a notificação a que se
mes cujo procedimento criminal dependa de queixa refere o número anterior efectua-se editalmente.

1. Quando o procedimento criminal depender de Artigo 31.°


queixa, tem legitimidade para apresentá-la, salvo disposi- Assistentes em processo penal
ção em contrário, a pessoa ofendida, considerando-se
como tal, o titular do interesse que a lei especialmente 1. Têm legitimidade para se constituírem assisten-
quis proteger com a incriminação, a qual o pode ser feita tes em processo penal as pessoas referidas nos artigos 28°
por mandatário judicial ou por mandatário munido de e 29° e ainda qualquer pessoa nos processos de peculato,
poderes especiais. suborno, corrupção e administração danosa em unidade
2. Se o ofendido morrer sem ter apresentado quei- económica do sector público ou cooperativo.
xa nem a ela ter renunciado, o direito de queixa pertence- 2. Os assistentes têm a posição de auxiliares do
fá ao cônjuge sobrevivo ou equiparado, e aos descenden- Ministério Público, a cuja actividade subordinam a sua
tes e, na falta destes, aos ascendentes, irmãos e seus intervenção no processo, salvas as excepções da lei.
descendentes, salvo se algum deles tiver participado no 3. Compete em especial, aos assistentes:
crime. a) Formular a acusação independentemente da do
3 Sendo o ofendido incapaz por anomalia psíquí- Ministério Público.
- - ". -
;

b) Intervir directamente na instrução contraditória, que tenham conhecimento, desde que a faculdade de
oferecendo provas e requerendo ao juiz as diligências denúncia não seja limitada por lei a certas pessoas.
convenientes; 2. A denúncia feita a qualquer entidade diversa do
c) Recorrer do despacho de não pronúncia, da sen- Ministério Público competente será imediatamente
tença ou do despacho que ponha termo ao processo, transmitida a este.
mesmo que o Ministério Públicu-o-nãU1enha:i'eito.
4. Os assistentes formulam a sua acusação no pra- Artigo 36.0
zo de 15 dias a contar da data da notificação do Ministé- Conteúdo da denúncia
rio Público, da acusação deduzida ou do despacho de
abstenção. 1. A denúncia pode ser feita verbalmente ou por
5. Quando os assistentes formulam acusação por escrito e conterá, quando possiveI:
factos diversos dos que constituem objecto da acusação a) A exposição sucinta dos factos e suas circuns-
do Ministério Público, não poderão recorrer da decisão tâncias que possam interessar ao processo penal;
do juiz que receber a acusação do Ministério Público. b) A indicação do autor do crime ou dos seus
6. Os assistentes podem intervir em quaiquer altu- sinais característicos, ou de quaisquer elementos que
ra do processo, aceitando-o no estado em que se encon- possam concorrer para a sua identificação;
trar, desde que o requeiram até cinco dias antes da c) A identidade do ofendido se for conhecida;
audiência de julgamento. d) Os nomes e residências das testemunhas.
2. Se a denúncia for feita verbalmente, será reduzido
Artigo 32.0 a auto assinado pelo funcionário que a receber e pelo
Representação judiciária do assistente denunciante ou, quando este não saiba ou não possa
escrever ou não prove a sua identidade, por duas teste-
1. Os assistentes são sempre representados por munhas abonatórias.
advogado. Havendo vários assistentes, são todos repre- 3. Se a denúncia for feita por escrito, por particu-
sentados por um só advogado. Se divergirem quanto à lar, será a sua assinatura, ou a assinatura a rogo, aposta
escolha decide o Juiz. na mesma, com a identificação do denunciante.
2. Ressalva-se do disposto na segunda parte do 4. O denunciante pode declarar na denúncia que
número anterior o caso de haver entre os vários assisten- deseja constituir-se assistente, se a lei lhe conferir essa
tes interesses incompativeis, bem como o de serem dife- faculdade.
rentes os crimes imputados ao arguido. Neste último
caso, este grupo de pessoas a quem a Lei permitir a cons- CAPíTULOn
tituição como assistente por cada um dos crimes pode Do arguido e do seu defensor
constituir um advogado, não sendo todavia lícito a cada
pessoa ter mais de um representante. Artigo 37.0
Qualidade de arguido
Artigo 33 0

Exercício da acção penal pelo Ministério Público 1. Assume a qualidade de arguido todo aquele con-
tra quem for deduzida acusação ou requerida instrução
O Ministério Público exerce a acção penal oficiosa- num processo penal.
mente ou mediante denúncia ou queixa. 2. A qualidade de arguido conserva-se durante
todo o decurso do processo.
Artigo 34,0
Obrigatoriedade de denúncia ao Ministério Público Artigo 38.0
Constituição de arguido
1. A denúncia ao Ministério Público é obrigatória:
a) Para as autoridades policiais, quanto a todos os 1. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, é
crimes de que tenham conhecimento; obrigatória a constituição de arguido logo que:
b) Para os funcionários públicos, quanto a crimes a) Correndo instrução contra pessoa determinada,
de que tenham conhecimento no exercicio ou por causa esta prestar declarações perante o juiz, o Ministério
das suas funções. Público ou órgãos de policia criminal;
2. Se se tratar de crimes de natureza semi-pública, b) Tenha de ser aplicada a qualquer pessoa uma
a participação só será obrigatória se o titular do direito de medida de coacção ou de garantia patrimonial;
queixa o exercer nos 8 dias imediatos à elaboração do c) Um suspeito for detido, nos termos deste códí-
auto. go;ou
d) For levantado auto de noticia que dê uma pessoa
Artigo 35.0 como agente de um crime e aquele lhe for comunicado,
Denúncias facultativas salvo se a noticia for manifestamente infundada.
2. A constituição de arguido opera-se através da
1. Qualquer pessoa pode denunciar ao Ministério comunicação, oral ou por escrito, feita ao visado pelo
Público ou aos órgãos de polícia criminal os crimes de juiz, Ministério Público V-I órc'c rle polícia criminal, de
571

que a partir desse momento aquele deve considerar-se e) Constituir advogado ou solicitar ao tribunal que
arguido num processo penal e da indicação e, se necessá- lhe nomeie um defensor;
rio, explicação dos direitos e deveres processuais referi- f) Ser assistido por defensor logo após a detenção
dos no artigo 41 ° que por essa razão passam a caber-lhe. e em todos os actos processuais em que participar e"
3. A constituição de arguido implica a entrega, quando detido, comunicar, mesmo em privado, com ele;
sempre que possivel no próprio acto, de documento de g) Intervir na instrução, oferecendo provas e reque-
que constem a identificação do processo e do defensor, se rendo as diligências que se lhe afigurarem necessárias;
este tiver sido nomeado, e os direitos e deveres proces- h) Ser informado, pelo juiz, Ministério Público ou
suais referidos no artigo 41°. órgãos de polícia criminal perante os quais seja obrigado
4. A omissão ou violação das formalidades previs- a comparecer, dos direitos que lhe assistem;
tas nos números anteriores implica que as declarações i) Recorrer, nos termos da lei, das decisões que lhe
prestadas pela pessoa visada não podem ser utilizadas forem desfavoráveis.
como prova. 2. A comunicação em privado referida na alínea e)
5. A não validação de constituição de arguido pelo do número anterior ocorre à vista quando assim o impu-
Juiz ou pelo Ministério Público não prejudica as provas serem razões de segurança, mas em condições de não ser
anteriormente obtidas, ouvida pelo encarregado da vigilância.
3. Recaem em especial sobre o arguido os deveres
Artigo 39.° de:
Outros casos de constituição de arguido a) Comparecer perante o juiz, o Ministério Público
ou órgãos de polícia criminal sempre que a lei o exigir e
1. Se, durante qualquer inquirição feita à pessoa para tal tiver sido devidamente convocado;
que não é arguido, surgir fundada suspeita de crime por b) Responder com verdade às perguntas feitas por
ela cometido, a entidade que procede ao acto suspende-o entidade competente sobre a sua identidade e, quando a
imediatamente e procede à comunicação e à indicação lei o impuser, sobre os seus antecedentes criminais;
referidas no n." 2 do artigo anterior. c) Prestar termo de identidade e residência logo
2. A pessoa sobre quem recair suspeita de ter que assuma a qualidade de arguido,
cometido um crime tem direito a ser constítuída, a seu d) Sujeitar-se a diligências de prova e a medidas de
pedido, como arguido sempre que estiverem a ser efec- coacção e garantia patrimonial especificadas na lei e
tuadas diligências, destinadas a comprovar a imputação ordenadas e efectuadas por entidade competente.
que pessoalmente a afectem.
3. É correspondentemente aplicável o disposto nos Artigo 42.°
rr's 3 e 4 do artigo anterior. Defensor

Artigo 40.° 1. O arguido pode constituir advogado em qual-


Posição processual quer altura do processo.
2. Nos casos em que a lei determinar que o arguido
Desde o momento em que uma pessoa adquirir a qua- seja assistido por defensor e aquele o não tiver constituí-
lidade de arguido é-lhe assegurado o exercício de direitos do ou o não constituir, o juiz nomeia-lhe advogado ou
ae de deveres processuais, sem prejuízo da aplicação de advogado estagiário, mas o defensor nomeado cessa
~edidas de coacção e de garantia patrimonial e da efecti- funções logo que o arguido constituir mandatário. Excep-
vação de diligências probatórias, nos termos especifica- cionalmente; em caso de urgência e não sendo possível a
nnCl
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1'1"l
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&l.4.&"' nomeação de advogado ou de advogado estagiário, pode-
rá ser nomeada pessoa idónea, de preferência licenciada
Artigo 41.° em Direito, a qual cessa funções logo que seja possível
Direitos e deveres processuais nomear advogado ou advogado estagiário.
3. Tendo o arguido mais do que um defensor cons-
1. O arguido goza, em especial, em qualquer fase tituído, as notificações são feitas àquele que for indicado
do processo e, salvas as excepções da lei, dos direitos de: em primeiro lugar no acto de constituição.
a) Estar presente aos actos processuais que direc-
tamente lhe disserem respeito; Artigo 43.°
b) Ser ouvido pelo tribunal ou pelo juiz sempre que Direitos do defensor
eles devam tomar qualquer decisão que pessoalmente o
afecte; 1. O defensor exerce os direitos que a lei reconhe-
c) Ser informado dos factos que lhe são imputados ce ao arguido, salvo o que ela reservar pessoalmente a
antes de prestar declarações perante qualquer entidade; este.
d) Não responder a perguntas feitas, por qualquer 2. O arguido pode retirar eficácia ao acto realizado
entidade, sobre os factos que lhe forem imputados e em seu nome pelo defensor, desde que o faça por decla-
sobre o conteúdo das declarações que acerca deles pres- ração expressa anterior à decisão relativa àquele acto.
tar ,
~., ..
' f'
- :.1} J!.e Agosto de 2 010.

pelo tribunal, dentro de limites constantes de tabelas


aprovadas pelo Ministério da Justiça ou, na sua falta,
Artigo 44.° tendo em atenção os honorários correntemente pagos por
Obrigatoriedade de assistência serviços do género e do relevo dos que foram prestados.
Pela retribuição são responsáveis, conforme o caso, o
1. É obrigatória a assistência do defensor: arguido, o assistente, as partes civis ou os cofres do
a) No primeiro interrogatório judicial de arguido Ministério da Justiça.
detido ou preso;
b) No debate instrutório e na audiência, salvo tra- CAPÍTULom
tando-se de processo que não possa dar lugar à aplicação Da acção civil
de pena de prisão ou de medida de segurança de interna-
mento; Artigo 46.°
c) Em qualquer acto processual, sempre que o Indemnização por perdas e danos
arguido for surdo, mudo, analfabeto, desconhecedor da
língua portuguesa, menor de 21 anos, ou se suscitar a o pedido de indemnização por perdas e danos fundado
questão da sua inimputabilidade ou da sua imputabilida- na prática de um crime é deduzido no processo penal
de diminuída; respectivo só podendo ser deduzido em separado, nos
d) Nos recursos ordinários ou extraordinários; tribunais civis, nos casos previstos neste código.
e) Nos casos de declarações para memória futura
em instrução preparatória ou contraditória;
f) Na audiência de julgamento realizada na ausên- Artigo 47.°
cia do arguido; Pedido civil em separado
g) Nos demais casos que a lei determinar.
2. Nos processos de transgressão o juiz só é obri- 1. O pedido de indemnização civil pode ser dedu-
gado a nomear defensor oficioso se o arguido o solicitar zido em separado perante o tribunal civil, quando a acção
ou se houver lugar à aplicação pena de prisão ou medida penal não tiver sido exercida pelo Ministério Público
de segurança. dentro de seis meses, a contar da participação em juízo,
3. Fora dos casos previstos no número anterior pode ou estiver sem andamento durante esse lapso de tempo,
o tribunal nomear defensor ao arguido, oficiosamente ou ou o processo penal tiver sido arquivado, ou o arguido
a pedido deste, sempre que as circunstâncias do caso tiver sido absolvido na acção penal.
revelarem a necessidade ou a conveniência de o arguido 2. Se a acção penal depender de queixa do ofendi-
ser assistido. do, a acção civil pode ser livremente intentada mas, se o
4. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, for, ficará por esse facto extinta a acção penal.
se o arguido não tiver advogado constituído nem defen- 3. Se se tiver instaurado processo penal por crime
sor nomeado, é obrigatória a nomeação de defensor no que dependa de queixa do ofendido, somente poderá
despacho de pronúncia ou equívalente. intentar-se em separado a acção civil quando o processo
penal esteja sem andamento por seis meses ou mais, sem
Artigo 45.° culpa da parte acusadora, quando o processo tenha sido
Assistência a vários arguidos e substituição do arquivado ou o réu tenha sido absolvido.
defensor
Artigo 48.°.
1. Sendo vários os arguidos no mesmo processo; Efeitos da transacção na acção civil
podem eles ser assistidos por um único defensor, se isso
não contrariar a função da defesa. A transacção na acção civil impede o exercício da
2. O tribunal pode sempre substituir o defensor acção penal que dependa de queixa.
nomeado, a requerimento do arguido, ou do próprio
defensor, se alegarem causa que o tribunal considere Artigo 49.°
justa. Legitimidade e prazos para o pedido de indemni-
3. Se o defensor, relativamente a um acto em que a zação
assistência for necessária, não comparecer, se ausentar
antes de terminado ou recusar ou abandonar a defesa, o 1. O pedido de indemnização pode ser feito no
tribunal nomeia imediatamente outro defensor; mas pode processo penal pelo lesado, entendendo-se este como a
também, quando a nomeação imediata se revelar impos- pessoa que sofreu danos resultantes do crime, ainda que
sível ou inconveniente, decidir-se por uma interrupção da não se tenha constituído assistente, no prazo de 10 dias
realização do acto. após a acusação do Ministério Público, devendo, para
4. Enquanto não for substituído, o defensor tanto ser notificado pelo mesmo.
nomeado para um acto mantém-se para os actos subse- 2. O Ministério Público deverá pedir a indemniza-
quentes do processo. ção por perdas e danos a favor do Estado, se a ela tiver
5. O exercicio da função de defensor nomeado é direito, e a favor das pessoas colectivas de interesse
sempre remunerado, nos termos e no quantitativo a fixar público e dos incapazes a quem seja devida, quando não
- -- -=~~~- -~
~- -

./:Z'{ .; !:c. .. ·-!.)}ARIO DA REPÚBLICA 573

estejam representados por advogado no processo, e no Artigo 53.°


mesmo prazo em que deva deduzir a acusação pública. Pagamento da indemnização
3. O requerimento a pedir a indemnização por
perdas e danos será feito sem obrigatoriedade de realiza- 1. Sempre que o titular do direito à indemnização
ção de articulados. não tenha constituído advogado, o representante do
4. As provas relativas à indemnização serão ofe- Ministério Público deverá verificar, dentro dos dez dias
recidas nos próprios requerimentos, não podendo ser imediatos à sua fixação, através do exame do processo,
arroladas, além das da causa, mais de cinco testemunhas se o pagamento da indemnização indicada se mostra ou
pelos respectivos sujeitos processuais. não efectuada. Quando o pagamento não tenha sido reali-
5. Deduzido o pedido referido no número l°, o zado, providenciará para que o seja voluntariamente,
arguido será notificado para contestar no prazo de 10 mandando para tanto notificar o devedor, a fim de este,
dias, querendo. A falta de contestação não implica a no prazo de trinta dias, fazer prova dele ou depositar à
condenação no pedido, nem a confissão dos factos. ordem do tribunal o montante da indemnização.
2. Decorrido tal prazo, não se mostrando feito o
Artigo 50.° pagamento ou o depósito da indemnização, o Ministério
Efeito da extinção da acção penal antes do julga- Público promoverá a respectiva execução.
mento 3. A indemnização que se obtiver mediante a exe-
cução será entregue ao titular do direito sem quaisquer
.• O arquivamento da acção penal antes do julgamento encargos para ele.
Wmpedirá que o tribunal continue a conhecer da acção por
perdas e danos, a qual todavia poderá ser proposta no LIVRon
tribunal civil. DO PROCESSO
Artigo 51.° TÍTULO I
Reparação por perdas e danos Disposições gerais

1. O juiz em caso de condenação, arbitrará aos CAPíTULO I


ofendidos uma quantia a titulo de reparação por perdas e Das formas do processo
danos, ainda que não lhe tenha sido requerida.
2. Quando a lei conceder reparação civil a outras Artigo 54.°
pessoas, a estas será arbitrada a respectiva indemnização. Formas de processo penal
3. O quantitativo da indemnização será determi-
nado segundo o prudente arbítrio do julgador, que aten- 1. O processo penal é comum ou especial.
derá à gravidade da infracção, ao dano material e moral 2. As formas de processo comum são:
por ela causado, à situação económica e à condição social a) O processo de querela;
do ofendido e do infractor. b) O processo correccional;
4. Às pessoas a quem for devida a indemnização c) O processo de transgressão;
poderão requerer, antes de proferida a sentença final em d) O processo sumário.
.rimeira instância, que ela se liquide em execução de 2. Estas formas de processo deverão empregar-se
~entença e, neste caso, se procederá à liquidação e execu- nos termos dos artigos seguintes, quando não haja pro-
ção perante o tribunal civil, servindo de título exequível a cesso especial prescrito neste código ou na lei.
c!~ntAn~1); 1"'&A'hot)l
1"lI,., ..•..•.•...•••..•.•.y" .1-" .•••.•.•••..•.••.•

5. Se estiver pendente ou tiver sido julgada no tri- Artigo 55.°


bunal civil acção por perdas e danos, nos casos em que a Processo de querela
lei o permita, a reparação não será fixada na acção penal.
6. A quantia atribuída a título de indemnização Serão julgados em processo de querela os processos
deverá ser actualizada, nos termos e segundo as regras da que respeitarem a crimes:
lei civil. a) Cuja pena máxima, abstractamente aplicável,
seja superior a cinco anos de prisão;
Artigo 52.° b) Dolosos ou agravados pelo resultado, quando
Indemnização fundada em responsabilidade civil for elemento do tipo a morte de uma pessoa.
ou pelo risco
Artigo 56.°
Nos casos de absolvição da acusação crime, o juiz Processo correccional e de transgressão
condenará o arguido em indemnização civil, desde que
fique provada a responsabilidade civil ou pelo risco, 1. Serão julgados em processo correccional todos
tendo em conta os critérios referidos no artigo anterior. os processos que respeitarem a crimes:
a) Cuja pena máxima, abstractamente aplicável,
seja igual ou inferior a cinco anos de prisão;
b) Que por lei não correspondam a outra forma
processual. pessoa. Oficiosamente ou a requerimento do Ministério
2. Serão julgados em processo de transgressão as Público, do arguido ou do assistente pode, porém, o juiz
contravenções, qualquer que seja a disposição legal em decidir, por despacho fundamentado, restringir a livre
que estejam previstas, bem como as transgressões a regu- assistência do público ou que o acto, ou parte dele, decor-
lamentos, editais, posturas ou a quaisquer disposições ra com exclusão da publicidade, sempre que a publicida-
que, atendendo à entidade que as formula, devam qualifi- de possa prejudicar os direitos daqueles sujeitos ou parti-
car-se de regulamentares. cipantes processuais.
2. O processo penal é secreto até ser notificado o
Artigo 57.0 despacho de pronúncia ou equivalente ou até haver des-
Processo sumário pacho de arquivamento definitivo. O processo é público a
partir do requerimento para a abertura da instrução con-
Serão julgadas em processo sumário os crimes a que traditória, se esta for apenas requerida pelo arguido e
forem aplicáveis penas a que corresponda processo cor- este, no requerimento, não declarar que se opõe à publi-
reccional ou de transgressões, sempre que o infractor for cidade.
detido em flagrante delito e o julgamento possa realizar: 3. Têm obrigação de guardar segredo de juStiÇã os
se no prazo prescrito neste código. magistrados que dirijam a instrução e os funcionários e
forças policiais que nela participem.
Artigo 58.0 4. No decurso da instrução preparatória, o processo
Forma de processo. Pena a que se atende poderá ser consultado na secretaria do tribunal, pelo
assistente, arguido, e respectivos advogados, quando não
Se o emprego de forma de processo depender da pena houver inconveniente para a descoberta da verdade.
que couber ao crime, atender-se-a à pena abstractamente 5. Logo que a instrução preparatória seja dirigida
aplicável, independentemente de quaisquer circunstân- contra pessoa determinada, a defesa tem o direito de
cias agravantes ou atenuantes que nela possam concorrer. tomar conhecimento das declarações prestadas pelo
arguido e das declarações e requerimentos dos assisten-
CAPÍTULO II tes; tanto a acusação como a defesa têm o direito de
Dos actos judiciais tomar conhecimento dos autos de diligências de prova a
que podem assistir e de incidentes ou excepções em que
Artigo 59.0 devem intervir como partes. Para estes efeitos, as referi-
Manutenção da ordem dos actos judiciais das declarações, requerimentos e autos ficarão patentes,
avulsos, na secretaria, pelo prazo de três dias, sem prejuí-
1. Compete aos magistrados, às autoridades de zo do andamento do processo. A todos é imposto o dever
policia criminal e aos funcionários de justiça regular os de guardar segredo de justiça.
trabalhos e manter a ordem nos actos processuais a que 6. Os autos de instrução preparatória são faculta-
presidirem ou que dirigirem, tomando as providências dos ao assistente, para o efeito de formular acusação, e à
necessárias contra quem perturbar o decurso dos actos defesa, após a notificação da acusação.
respectivos. 7. Durante a Instrução contraditória o Ministério
2. Se o prevaricador dever ainda intervir ou estar Público, o assistente e arguido podem consultar livre-
presente no próprio dia, em acto presidido pelo juiz, este mente o processo, na secretaria do tribunal, sem prejuízo
ordena, se necessário, que aquele seja detido até à altura dos actos processuais em curso.
da sua intervenção, ou durante o tempo em que a sua 8. O instrutor poderá dar conhecimento aos peritos,
intérpretes ou testemunhas, dos actos do processo ou
3. Verificando-se, no decurso de um acto proces- documento que convenha mostrar-lhes para melhor
sual, a prática de qualquer infracção, a entidade compe- investigação da verdade e que eles não poderão revelar.
tente, nos termos do n." 1, levanta ou manda levantar 9. A violação do segredo de justiça é punível com
auto e, se for caso disso, detém ou manda deter o agente, a pena cominada no artigo 450.0 do Código Penal, sem
para efeito de procedimento, o qual deverá ter lugar no prejuízo do procedimento disciplinar que ao caso couber.
tribunal competente e perante juiz diverso daquele que
ordenou a detenção. Artigo 61.0
4. Para manutenção da ordem nos actos proces- Obrigação de mostrar processo que não esteja em
suais os magistrados requisitam, sempre que necessário, segredo de justiça
o auxilio da força pública, a qual fica submetida, para o
efeito, ao poder de direcção da autoridade que presidir ao 1. Os escrivães são obrigados a exibir quaisquer
acto. processos findos ou pendentes, que não estejam em
segredo de justiça, e a passar, mediante despacho, quais-
Artigo 60.0 quer certidões a quem mostre um interesse legítimo em
Publicidade do processo e segredo de justiça as obter.
2. O magistrado que presidir à respectiva fase
1. Aos actos processuais declarados públicos pela processual, pode proibir, sob pena de desobediência, que
lei, nomeadamente, as audiências, pode assistir qualquer as certidões se publiquem, sempre que a publicidade
_í !.c./~VODA REPÚBLICA 575

possa ofender a moral, o interesse ou a ordem pública. 3. Até à decisão sobre a publicidade da audiência
não é ainda autorizada, sob pena de desobediência quali-
ficada, a narração de actos processuais anteriores àquela
quando o juiz, oficiosamente ou a requerimento, a tiver
Artigo 62. 0
proibido nos termos legais.
Certidões de processo em segredo de justiça
Artigo 65.0
1. O magistrado que presidir à respectiva fase pro- Horas em que se praticam os actos judiciais;
cessual, pode permitir que se passem certidões de proces- arguidos presos
sos em segredo de justiça para serem juntas a outros
processos igualmente em segredo de justiça, quando 1. Os actos de expediente ordinário, a interposição
pedidas pelo tribunal em que estejam pendentes estes de recursos e a apresentação de quaisquer requerimentos,
últimos processos. que deva ser feita ao magistrado titular do processo, na
2. Poderão também ser passadas, mediante despa- secretaria ou no tribunal, podem ser praticados todos os
cho, certidões de processos que tenham aguardado por dias, às horas em que a secretaria do tribunal deve estar
mais de três meses a produção de melhor prova, quando aberta, excepto aos domingos, nas férias ou em dias
os requerentes mostrem interesse legitimo em as juntar a feriados.

e qualquer processo, não podendo, sob pena de desobe-


diência, ser utilizadas para outro fim.
2. Os actos judiciais praticados em audiência, ou
fora da secretaria, devem celebrar-se desde o nascer ao
pôr-do-sol.
Artigo 63.0 3. As audiências de julgamento podem continuar
Publicação não autorizada de actos ou documentos .de noite e realizar-se ao domingo, férias ou dias feriados,
de processo caso se mostre necessário para o bom andamento do
processo ou para assegurar os direitos dos intervenientes.
É proibida, sob pena de desobediência, a publicação 4. Podem realizar-se em férias os julgamentos de
não autorizada pelo magistrado titular do processo, ou arguidos presos, e também os dos que estejam soltos, se
não decorrente da lei, de quaisquer actos ou documentos o juiz o entender necessário por despacho fundamentado,
dum processo, integralmente ou por extracto, antes da do qual cabe recurso sem efeito suspensivo.
audiência de julgamento ou de ser proferido despacho 5. Deverão praticar-se em férias, e mesmo aos
mandando arquivar o processo, e de quaisquer actos ou domingos e dias feriados, os actos necessários para
documentos, antes, durante ou depois da audiência de garantia da liberdade individual e para a soltura dos
discussão e julgamento, quando esta for secreta. arguidos presos, ou, quaisquer outros impostos por
necessidade urgente.
Artigo 64. 0
6. Os actos de instrução do processo poderão prati-
Meios de comunicação social car-se em qualquer dia, mesmo ao domingo, em dia
feriado ou férias, a qualquer hora do dia ou da noite,
1. É permitida aos órgãos de comunicação social, salva a inviolabilidade do domicílio do cidadão, regulada
dentro dos limites da lei, a narração circunstanciada do nos termos do artigo 246. o deste Código. Em caso algum,
ateor de actos processuais que se não encontrem cobertos sob pena de nulidade, o interrogatório de arguido pode
Wpor segredo de justiça ou a cujo decurso for permitida a ter lugar entre as 22 horas e 7 horas.
assistência do público em geral.
2. Não é, porém, autorizada, sob pena de desobe- Artigo 66.0
diência qualificada: Requisitos de validade dos actos do processo
a) A reprodução de peças processuais ou de docu-
mentos incorporados no processo, até à sentença de 1a Os actos de processo em que intervenha o juiz, o
instância, salvo se tiverem sido obtidos mediante certidão Ministério Público e o escrivão valem, desde que estejam
solicitada com menção do fim a que se destina, ou se por eles assinados e rubricados nas folhas que não tive-
para tal tiver havido autorização expressa do juiz ou do rem as suas assinaturas, podendo os advogados, o argui-
Ministério Público que presidir à fase do processo no do ou a parte acusadora rubricar e assinar também, se
momento da publicação; quiserem.
b) A transmissão ou registo de imagens ou de
tomadas de som relativas à prática de qualquer acto pro- Artigo 67.0
cessual, nomeadamente da audiência, salvo se o juiz, por Língua e forma escrita dos actos e nomeação de
despacho, a autorizar; não pode, porém, ser autorizada a intérprete
transmissão ou registo de imagens ou tomada de som
relativas a pessoa que a tal se opuser; 1. Nos actos processuais, tanto escritos como orais,
c) A publicação, por qualquer meio, da identidade utiliza-se a língua portuguesa, sob pena de nulidade.
de vitimas de crimes sexuais, contra a honra ou contra a 2. Os actos processuais que tiverem de praticar-se
reserva da vida privada, antes da audiência, ou mesmo sob a forma escrita são redigidos, de modo perfeitamente
depois, se o ofendido for menor de 18 anos. legível, não contendo espaços em branco que não sejam
.l-: o 54 -1 Ode Agosto de ~Ol (2

inutilizados, nem entrelinhas, rasuras ou emendas que c) Acórdãos, quando se tratar da decisão de um tri-
não sejam ressalvadas. Âs datas e os números podem ser bunal colegial.
escritos por algarismos, ressalvada a indicação por exten- 2. Os actos do Ministério Público tomam a forma
so das penas, montantes indemnizatórios e outros ele- de despachos.
mentos cuja certeza importe acautelar. 3. Os actos referidos nos números anteriores reves-
L---Quando houver de intervir no-processo pessoa tem os requisitos formais dos actos escritos e quando
que não conhecer ou não dominar a língua portuguesa, é proferidos oralmente são consignados no auto.
nomeado, sem encargo para ela, intérprete idóneo, ainda 4. Os actos decisórios são sempre fundamentados,
que a entidade que preside ao acto ou qualquer dos parti- devendo ser especificados os motivos de facto e de direi-
cipantes processuais conheçam a língua por aquele utili- to da decisão.
zada.
4. Podem utilizar-se máquinas de escrever ou pro- Artigo 70.0
cessadores de texto, caso em que se certifica, antes da Auto ou acta
assinatura, que o documento foi integralmente revisto e
se identifica a entidade que c elaborou. 1. O auto é c instrumento destinado a fazer fé
5. Podem igualmente utilizar-se fórmulas pré- quanto aos termos em que se desenrolaram aos actos
impressas, formulários em suporte electrónico ou carim- processuais a cuja documentação a lei obrigar e aos quais
bos, a completar com o texto respectivo, bem como abre- tiver assistido quem o redige, bem como a recolher as
viaturas com significado inequívoco. declarações, requerimentos, promoções e actos decísórios
6. Em caso de manifesta ilegibilidade do documen- orais que tiverem ocorrido perante aquele.
to, qualquer participante processual interessado pode 2. O auto respeitante ao debate contraditório e à
solicitar, sem encargos, a respectiva transcrição dactilo- audiência denomina-se acta e rege-se complementarmen-
gráfica. te pelas disposições legais que este Código lhe manda
7. É obrigatória a menção do lugar, dia, mês e ano aplicar.
da prática do acto, bem como, tratando-se de acto que 3. O auto contém, além dos requisitos previstos
afecte liberdades fundamentais das pessoas, da hora da para os actos escritos, menção dos elementos seguintes:
sua ocorrência, com referência ao momento do respectivo a) Identificação das pessoas que intervieram no
início e conclusão. acto;
b) Causas, se conhecidas, da ausência das pessoas
Artigo 68.0 cuja intervenção no acto estava prevista;
Participação de surdo, deficiente auditivo ou de c) Descrição especificada das operações pratica-
mudo das, da intervenção de cada um dos participantes proces-
suais, das declarações prestadas, do modo como o foram
1. Quando um surdo, deficiente auditivo ou um e das circunstâncias em que o foram, dos documentos
mudo devam prestar declarações, observam-se as seguin- apresentados ou recebidos e dos resultados alcançados,
tes regras: de modo a garantir a genuina expressão da ocorrência;
a) Ao surdo ou deficiente auditivo é nomeado d) Qualquer ocorrência relevante para apreciação
intérprete idóneo de língua gestual, leitura labial ou da prova ou da regularidade do acto.
expressão escrita, conforme mais adequado à situação do 4. O auto ou acta tem o mesmo valor probatório
interessado; dos documentos autênticos e autenticados.
b) Ao mudo, se souber escrever, formulam-se as
perguntas oralmente, respondendo por escrito. Em caso Artigo il."
contrário e sempre que requerido nomeia-se intérprete Redacção do auto ou acta
idóneo.
2. A falta de intérprete implica o adiamento da 1. A redacção do auto é efectuada pelo funcionário
diligência. de justiça, ou pelo funcionário de polícia criminal duran-
3. O disposto nos números anteriores é aplicável te a instrução preparatória, sob a direcção da entidade
em todas as fases do processo e independentemente da que presidir ao acto.
posição do interessado na causa. 2. Sempre que o auto dever ser redigido por SÚlnU-
la, compete à entidade que presidir ao acto velar para que
Artigo 69.0 a súmula corresponda ao essencial do que se tiver passa-
Actos decisórios do ou das declarações prestadas, podendo para o efeito,
ditar o conteúdo do auto ou delegar, oficiosamente ou a
1. Os actos decisórios dos juizes tomam a forma requerimento, nos participantes processuais ou nos seus
de: representantes.
a) Sentenças, quando conhecerem a final do objec- 3. Em caso de alegada desconformidade entre o
to do processo; teor do que for ditado e o ocorrido, são feitas consignar
b) Despachos, quando conhecerem de qualquer as declarações relativas à discrepância, com indicação
questão interlocutória ou quando puserem termo ao pro- das rectificações a efectuar, após o que a entidade que
cesso fora do caso previsto na alínea anterior; presidir ao acto profere, ouvidos os participantes proces-
1
577

suais interessados que estiverem presentes, decisão defi- pelo tribunal e que deverá ser a este devolvido logo
nitiva sustentando ou modificando a redacção inicial. depois de assinado.
4. Se o destinatário não quiser ou não puder assi-
Artigo 72. 0
nar o recibo, será este devolvido ao tribunal com a decla-
Registo e transcrição ração do ocorrido feita pelo empregado do correio.
Quando o aviso não possa ser entregue ao destinatário,
1. O funcionário referido no n° 1 do artigo anterior será logo devolvido ao tribunal com essa declaração,
pode redigir o auto utilizando meios estenográficos, efectuando-se a sua notificação.
estenotipicos ou outros diferentes da escrita comum, bem 5. Este aviso terá o valor e o efeito das notifica-
como socorrer-se de gravação magnetofónica ou áudiovi- ções, desde que seja devidamente entregue ao destinatá-
suaI. rio, presumindo-se que a entrega se fez desde que foi
2. Quando forem utilizados meios estenográficos, assinado o recibo pelo próprio ou feita a declaração da
estenotípicos ou outros diferentes da escrita comum, o entrega pelo distribuidor, salvo se se provar a falsidade
funcionário que deles se tiver socorrido, ou, na sua da assinatura ou da declaração.
impossibilidade ou falta, pessoa idónea, faz a transcrição 6. As notificações devem efectuar-se como as
no prazo mais curto possível. Antes da assinatura, a enti- citações em processo civil, podendo também realizar-se,
dade que presidiu ao acto certifica-se da conformidade da desde logo, no lugar em que for encontrada a pessoa a
transcrição. notificar.

e 3. Ar, folhas estenografadas e as fitas estenotipadas


ou gravadas são apensas ao auto, ou, se isso for impossí-
vel, devidamente guardadas depois de seladas, numera-
7. Se o empregado encarregado de fazer a notifi-
cação for informado de que a pessoa notificada está
ausente em parte incerta, assim o certificará, sendo a
das e identificadas com o processo a que se referem. De certidão assinada por duas testemunhas que afirmem a
toda a abertura e encerramento dos registos guardados é ausêncía; e se o magistrado, depois de para esse fim
feita menção no auto pela entidade que proceder à opera- empregar todos os meios ao seu alcance, não conseguir
ção. averiguar o lugar onde se encontra essa pessoa, seguirá o
processo os seus termos sem novas diligêncías para a
Artigo 73.0 notificação, observando-se, porém, quanto aos arguidos
Reforma de auto perdido, extraviado ou destruído ausentes, o disposto neste Código.
8. Se o arguido ou a parte acusadora tiverem indi-
1. Quando se perder, extraviar ou destruir auto ou cado determinada pessoa residente na sede do tribunal
parte dele procede-se à sua reforma no tribunal em que o para receber as notificações, ser-lhe-ão feitas logo pes-
processo tiver corrido ou dever correr termos em I a ins- soalmente ou com hora certa.
tância, ainda mesmo quando nele tiver havido algum 9. As notificações aos magistrados do Ministério
recurso. Público serão feitas pelos responsáveis da secção e todas
2. A reforma é ordenada pelo juiz, oficiosamente as outras poderão ser efectuadas pelos oficiais de diligên-
ou a requerimento do Ministério Público, do arguido, do cias, ou agentes de autoridade por ordem do tribunal,
assistente ou das partes civis. podendo ainda os aludidos responsáveis da secção fazer a
3. Na reforma seguem-se os trâmites previstos na dos advogados e solicitadores que encontrem no edifício
lei do processo civil em tudo quanto se não especifica nas do tribunal.
t alineas seguintes:
a) Na conferência intervêm o Ministério Público, o
10. Quando a pessoa a notificar se encontre presa
em qualquer estabelecimento prisional, o magistrado do
arguido, o assistente e as partes civis; processo solicitará a diligência, por sL-uples ü:fi.cio, ao
b) O acordo dos intervenientes, transcrito no auto, respectivo director, que, por sua vez, a mandará efectuar,
só supre o processo em matéria civil, sendo meramente com as formalidades legais, pelo funcionário que para o
informativo em matéria penal. efeito designar.

Artigo 74.0 Artigo 75.0


Chamamento a juízo Notificação aos arguidos ou réus, assistentes, partes
civis e advogados e solicitadores
1. A convocação de uma pessoa para comparecer a
acto processual pode ser feita por qualquer meio destina- 1. As notificações poderão ser feitas ao advogado
do a dar-lhe conhecimento do facto, inclusivamente por do arguido ou da parte acusadora, excepto quando a lei
via telefónica, lavrando-se cota no auto quanto ao meio exigir ou o magistrado ordenar o comparecimento pes-
utilizado. soal do notificado.
2. O chamamento a juízo será feito, normalmente, 2. As notificações do arguido, do assistente e das
por meio de notificação judicial, podendo sê-lo também partes civis podem ser feitas ao respectivo defensor ou
por aviso expedido pelo correio. advogado. Ressalvam-se, nomeadamente, as notificações
3. Este aviso será apenas entregue ao destinatário, respeitantes à acusação, ao arquivamento, à decisão sobre
que, para prova de recebimento, deverá assinar o recibo, o debate contraditório, despacho que designa dia para
cujo modelo será remetido, conjuntamente com o aviso, julgamento, despacho de pronúncia e à sentença, bem
K

como todas as decisões que impliquem privação de liber- Artigo 79.°


dade, as quais terão de ser feitas ao próprio, sob pena de Testemunhas fora da área de jurisdiçlo
nulidade insanável.
Artigo 76.° O juiz poderá determinar a obrigatoriedade de compa-
Requisiçlo de funcionários rência de testemunhas residentes fora da área de jurisdi-
ção sempre que a sua presença seja considerada impres-
1. Quando tiver de ser chamado a juízo qualquer cindível, por se reputar o depoimento a produzir por tal
funcionário público ou empregado de empresa conces- testemunha susceptível de influir na decisão da causa.
sionária de serviços públicos cujo comparecimento
dependa de autorização do seu superior hierárquico, será
requisitado a esse superior. A licença não será recusada, Artigo 80.°
a não ser por imperiosa necessidade de serviço em que o RequisiçAo de actos a praticar em área de jurisdi-
funcionário não possa ser substituído, devendo ser çAodiversa
comunicado antecipadamente ao tribunal o motivo dessa
recusa. A falta de comunicação de recusa, ou a não acei- 1, Os actos que deverem ser praticadosfora da
tação pelo tribunal dos motivos invocados importa pro- área de jurisdição poderão ser requisitados por cartas
cedimento imediato nos termos do artigo 81° deste Códi- precat6rias ou rogatórias ou por meio de oficio, telegra-
go. ma, telex, telefax, telecópia ou telefone.
2. Se a licença for recusada e não puder dispensar- 2. Pelos mesmos meios poderão requisitar-se
se a presença do funcionário ou empregado que se requi- todas as diligências urgentes que assim o exijam.
sitou, o magistrado determinará novo dia para o compa- 3. As cartas precatórias e mandados serão expedi-
recimento, mandando-o notificar e também requisitar dos e cumpridos nos casos e segundo os termos da lei do
com a antecipação necessária. Se o requisitado ainda não processo civil. O magistrado deprecado, quando o enten-
comparecer e não justificar a falta nem se mostrar que lhe da necessário, poderá pedir quaisquer esclarecimentos ou
foi recusada a licença, ser-lhe-à imposta a pena do artigo documentos ao magistrado deprecante.
81°. O superior que recusar a licença incorrerá na pena de 4. As cartas serão cumpridas nos seus precisos
desobediência qualificada. termos pela autoridade competente. Se o magistrado a
quem for dirigida a carta não for o competente para a
Artigo 77.° cumprir, mas outro, para este a remeterá, comunicando a
Cumprimento de mandados pelos oficiais de dili- remessa ao juízo deprecante. O mesmo se observará
gências quando a diligência for requisitada por oficio, telex,
telefax, telecópia ou telegrama.
1. Os oficiais de diligências deverão cumprir os
mandados que lhes forem entregues no prazo de cinco Artigo 81.°
dias, a contar da entrega, ou dentro desse prazo certificar Falta injustificada de comparecimento
a impossibilidade do cumprimento. Esse prazo pode ser
prorrogado pelo magistrado em caso de necessidade. 1. Toda a pessoa devidamente notificada ou avi-
2. A inobservância deste artigo, sem motivo justi- sada que não comparecer no dia, hora e local designados,
ficativo, sujeita o oficial à mu1ta de 100.000 a 500.000 nem justificar a falta no prazo de 5 dias, incorrerá na
dobras, imposta pelo juiz, sem outra forma de processo e multa de 100.000 a 500.000 dobras, a fixar em função da
salvas as sanções disciplinares. sua situação económica e encargos sociais e em indemni-
zação de igual importância a favor de Cofre C~ra1 dos
Artigo 78.0 Tribunais, senão a muita e a indemnização fixadas no
Cumprimento de mandados pela autoridade poli- respectivo auto.
ciai 2. É admissível qualquer espécie de prova,
incluindo a testemunhal, para justificação da falta, não
1. Quando o oficial de diligências encarregado de podendo, porém, ser ouvidas mais de três testemunhas. O
cumprir quaisquer mandados certificar que não pode dar- juiz apreciará a prova produzida segundo a sua livre
lhes cumprimento, poderá o magistrado titular do proces- apreciação e decidirá sem recurso, depois de ouvido o
so, sempre que ju1gar conveniente, remeter novos man- Ministério Público. Se a justificação se fizer o juiz decla-
dados à respectiva autoridade policial para que esta os rará sem efeito a condenação.
faça cumprir pelos seus subordinados. 3. Independentemente das sanções cominadas nes-
2. Se o agente da autoridade policial realizar a te artigo, o juiz pode ordenar que aquele, incluindo o
diligência requisitada, será instaurado contra o oficial de arguido, que sem justificação tiver faltado compareça sob
diligências que a não efectuou o respectivo processo detenção ao acto em causa, pelo período estritamente
disciplinar, sempre que haja fundadas suspeitas de que o necessário à sua prática, não podendo em caso algum
mesmo oficial procedeu com dolo ou cu1pa. exceder as 48 horas.
4. Se as pessoas que tiverem de depor ou prestar
declarações estiverem impossibilitadas de comparecer
em tribunal, poderão ser ouvidas na sua residência, pro-
'. I. (~'. • .{ ; 1

vada essa impossibilidade nos termos do n" 2 deste arti- Artigo 85. 0

go. Compromisso e juramento


5. Se a falta for cometida pelo representante do
Ministério Público, dar-se-a conhecimento do facto ao 1. Os peritos, os tradutores e intérpretes tomarão
respectivo superior hierárquico; se for pelo defensor do sempre perante o juiz o compromísso de, sob sua honra,
arguido, aplicar-se-ão as disposições do artigo 3000 deste desempenhar com fidelidade as suas funções. Para este
Código, comunicando-se o facto à entidade que supervi- efeito o juiz pergunta se prometem pela sua honra
sionar deontologicamente os advogados. desempenhar fielmente as funções que lhe são confiadas,
ao que deverão responder afirmativamente.
2. As testemunhas que depuserem no processo
Artigo 82.0 tomarão compromisso idêntico, perguntando-lhes o juiz
Requisiçlo de esclarecimentos, documentos ou dili- se prometem pela sua honra dizer a verdade, ao que
gências indispensáveis deverão responder afirmativamente.
3. O juiz deverá sempre advertir as pessoas que
Todos os magistrados poderão requisitar directamente prestem compromisso de honra de que incorrem na práti-
de quaisquer órgãos ou organismos público ou privado ca de um crime de falsas declarações e sanção respectiva.
quaisquer esclarecimentos, documentos ou diligências
indispensáveis para qualquer processo e que sejam da sua Artigo 86.0
competência. Quando os actos requisitados forem urgen- Quem não presta juramento
• tes, preferem a qualquer outro serviço.
Nunca prestarão compromisso de honra:
Artigo 83. 0
a) Os menores de catorze anos;
Prazo geral para despachos e promoções dos b) Os ofendidos, os participantes e os que se cons-
magistrados tituírem assistentes, salvo quando a lei expressamente o
determinar,
1. Nos processos urgentes, nomeadamente de c) As demais pessoas que não podem ser testemu-
arguidos presos, os despachos ou promoções dos magis- nhas.
trados são proferidos de imediato ou, não sendo possível,
no prazo máximo de 48 horas. CAPíTULOm
2. Nos demais processos os magistrados deverão Das nulidades e da ilegitimidade
proferir todos os seus despachos e fazer as suas promo-
ções dentro de cinco dias, a contar da conclusão ou da Secção I
vista, salvo nos casos de grande acumulação de serviço Das nulidades
ou quando seja necessário um estudo demorado do pro-
cesso ou nos casos em que o código estabelece prazos Artigo 87.0
especiais, ficando sujeitos, no caso de crime, às respecti- Nulidades
vas sanções disciplinares.
1. Para além de outras expressamente previstas neste
Artigo 84.0
código, são nulidades em processo penal:
Prazo para os actos da secretaria a) A falta ou insuficiência de corpo delito e a
omissão posterior de diligências que devam reputar-se
1. O escrivão deverá fazer os processos conclusos essenciais para a descoberta da verdade;
ou com vista e passar os mandados no prazo de cinco b) O emprego de uma forma de processo nos casos
dias, incorrendo, quando violar esta disposição, na multa em que a lei prescreve outra;
de 100.000 a 500.000 dobras, imposta pelo juiz, oficio- c) A falta de nomeação de intérprete idóneo ao
samente ou a requerimento do Ministério Público sem arguido, quando este não fale português e o não com-
outra forma de processo e salvas as sanções disciplinares. preenda ou não possa fazer-se compreender;
2. Sobre a falta serão ouvidos o Ministério Públi- d) A falta de nomeação de defensor oficioso ao
co, quando não tiver sido quem promoveu a sua aplica- arguido ou réu nos casos em que a assistência é obrigató-
ção, e o funcionário, podendo o juiz, se a julgar justifica- ria;
da, isentá-lo da pena. e) A falta de notificação pessoal, quando a lei
3. Quando houver arguidos presos, a conclusão e expressamente o obrigue, designadamente as previstas no
vista do processo serão feitas imediatamente com preteri- n° 2 do artigo 750;
ção de quaisquer outros serviços, sendo aplicável ao 1) A falta de indicação do rol de testemunhas na acu-
funcionário negligente a pena referida no n." 1 deste sação e a falta da entrega do rol de testemunhas pela
dispositivo. defesa nos prazos legais.
g) A falta do número legal de juizes ou jurados que
devem constituir o tribunal;
h) A discussão e julgamento da causa na ausência do
Ministério Público ou do arguido ou seu defensor, quan-
do a lei exija o seu comparecimento. Artigo 89.°
2. As nulidades a que se refere este artigo anulam Irregularidades do processo
o acto em que se verificarem e os posteriormente pratica-
dos que aqueles puderem afectar. A decisão que as decla- 1. Qualquer irregularidade do processo, não espe-
rar determina os actos que considera anulados e provi- cialmente prevista ou não compreendida no artigo 87°, só
dellçiará-p..ara~UeJUluJidade...s..eja suprida. poderá determinar a anulação do acto a que se refere e
3. A nulidade da alínea a) do n," 1 quando cometi- dos termos subsequentes que ela possa afectar, quando
da antes de proferido o despacho de pronúncia ou equiva- tenha sido arguida pelos interessados no próprio acto, se
lente, ficará sanada, se este despacho transitar em julgado a ele estiverem presentes ou devidamente representados
e, em qualquer caso, consíderar-se-á sanada, se os actos ou, se não estiverem. no prazo de cinco dias, a contar
omitidos já não puderem praticar-se ou a sua realização daquele em que foram notificados para qualquer termo
já não aproveitar à descoberta da verdade. do processo ou intervieram em algum acto nele pratica-
4. A nulidade da alínea b) do n." 1 só determinará do, depois de cometida a nulidade.
a anulação dos actos que não puderem ser aproveitados e 2. O juiz só deverá atender a arguição das nulida-
o juiz ou o tribunal que a julgue proce.dente mandará des a que este artígo se refere, quando tenha havido
praticar os estritamente necessários para que o processo reclamação no próprio acto em que se verificaram ou se,
se aproxime, quanto possivel, da forma estabelecida na tendo sido posteriormente arguidas, puderem influir no
lei. exame e decisão da causa; mas poderá oficiosamente
S. A nulidade da alinea c) do n." 1 ficará sanada, mandar suprir qualquer falta ou irregularidade, quando o
se, tendo sido nomeado posteriormente intérprete, o réu processo lhe for concluso pela primeira vez depois de
declarar, por seu intermédio, que ratifica o processado. cometida.
6. A nulidade da alinea d) do n." 1, cometida antes
do despacho de pronúncia ou equivalente ficará sanada, Seeção Il
se for posteriormente nomeado ou constituído defensor e Da ilegitimidade
este a não arguir no prazo de cinco dias, a contar daquele
em que juntar aos autos a procuração ou em que for noti- Artigo 90.°
ficado da nomeação pelo juiz. Se o processo chegou a Degitimidade nos crimes semi-públicos
julgamento e foi nomeado ou constituido advogado, a
nulidade ficará sanada, se não for arguida até ao interro- 1. Quando a acção penal depender de queixa, se ao
gatório do réu. Se esta nulidade for cometida na audiên- requerente não assistir tal direito, será considerado parte
cia de julgamento, não poderá arguir-se, quando a sen- ilegítima oficiosamente ou a requerimento do Ministério
tença for absolutória. Público ou dos interessados, em qualquer altura da causa
7. A nulidade da alínea f) do n. ° 1 ficará sanada se sendo o arguido absolvido da instância, se o processo
aqueles a quem deveria ser entregue o rol de testemunhas chegar a julgamento.
declararem que dispensam a entrega. 2. O processo poderá seguir os seus termos desde
que apareça em juizo a promovê-los quem legalmente o
Artigo 88.° possa fazer, sem prejuízo do decurso do prazo de prescri-
Regime de arguiçl0 e conhecimento das nulidades ção do direito de queixa.

1. As nulidades a que se refere o artigo anterior Artigo 91.°


que se não deverem considerar sanadas podem ser argui- Degitimidade do assistente nos crimes públicos e
das em qualquer estado do processo e os tribunais de ;emi-públicos
qualquer categoria devem conhecer delas, independente-
mente de reclamação dos interessados, salvo o disposto Quando a acção penal for pública ou depender de
nos parágrafos seguintes. queixa, se for admitido como parte acusadora quem o não
2. A nulidade do n.? 1 alo b) do artigo anterior, deva ser, será julgado parte ilegitima, mas apenas serão
quando consista no emprego de uma forma de processo anulados os actos do processo que exclusivamente lhe
comum mais solene em vez de outra menos solene, s6 digam respeito ou os que, tendo sido por ele requeridos,
pode ser arguida até o dia em que se realize a audiência não sejam ratificados pelo Ministério Público ou julgados
de julgamento. necessários pelo juiz para o apuramento da verdade.
3. As nulidades do n,? 1 als.) e) e f), do artigo
anterior só podem ser arguidas até o interrogatório do Artigo 92.°
réu na audiência de julgamento. Irregularidade da representação do arguido ou do
4. O tribunal superior poderá sempre julgar suprida assistente
qualquer nulidade que não afecte a justa decisão da cau-
sa. Se no processo tiver figurado como representante do
arguido ou da parte acusadora quem não tenha sido ofi-
ciosamente nomeado nem legalmente constituido, serão
declarados sem efeito os actos por ele requeridos. A parte
acusadora e o arguido podem, cm qualquer altura da
581

causa até sentença [mal, ratificar esses actos ilegitima- 6. Se o impedimento for de juizes do Supremo Tri-
mente praticados em seu nome. bunal de Justiça, a causa passará ao juiz imediato e, se
for de juizes de um tribunal colectivo de primeira instân-
CAPÍTULO IV cia, será chamado o juiz que o deva substituir.
Dos Incidentes
Artigo 94.°
Secção I Impedimentos do Ministério Público
Dos impedimentos e suspeições
1. O disposto nas als. a), b), d) e e), n,? 1, do artigo
Artigo 93.° 93.°, é aplicável ao representante do Ministério Público,
Impedimentos do juiz que também não poderá funcionar em qualquer processo
penal quando nele tenha sido advogado ou juiz.
1. Nenhum juiz pode intervir num processo penal, 2. O representante do Ministério Público que tiver
nomeadamente, em julgamento: qualquer impedimento deve declará-lo imediatamente no
a) Quando ele, o seu cônjuge ou unido de facto for processo, promovendo a sua remessa ao juízo competen-
ofendido, arguido ou possa constituir-se parte acusadora te, se for caso disso, ou passando a causa a quem o deva
no processo e ainda tiver direito à reparação civil; substituir, nos outros casos.
b) Quando for ofendido, arguido ou possa consti- 3. Se o impedimento não for declarado pelo repre-
tuir-se parte acusadora e ainda quando tiver direito a sentante do Ministério Público, deverá o juiz julgá-lo
reparação civil algum ascendente, descendente, colateral impedido oficiosamente, ou a requerimento da parte
• até ao terceiro grau ou afim nos mesmos graus, tutelado acusadora ou do arguido, depois de admitido a íntervir no
ou curatelado dele, do seu cônjuge ou unido de facto; processo.
c) Quando tiver intervindo no processo como peri- 4. O disposto no n." 4 do artigo 93.° é aplicável
to, como representante do Ministério Público ou como aos magistrados do Ministério Público.
advogado constituído ou defensor oficioso;
d) Quando contra ele tiver sido admitida acção por Artigo 95.°
perdas e danos ou acusação em acção penal por factos Impedimentos dos escrivães, peritos e intérpretes
cometidos no exercício das suas funções ou por causa
delas e seja participante, parte acusadora, co-arguido ou 1. Aos escrivães é aplicável o disposto nas als. a),
autor na acção o arguido, o ofendido, a parte acusadora b) e d), n." 1, do artigo 93.°, quando tenha havido conde-
no processo penal o cônjuge ou unido de facto de qual- nação ou pronúncia nas acções a que este último número
quer deles ou algum ascendente, descendente, irmão ou se refere, e aos peritos e intérpretes o disposto nesses
afim nos mesmos graus; números e ainda a alo c), n° 1, do mesmo artigo. Não
e) Quando houver deposto ou tiver de depor como poderão também ser nomeados peritos nem intérpretes o
testemunha; Chefe do Estado, o Primeiro-ministro e membros do
f) Quando em instrução preparatória ou contraditória governo central e os deputados, com ofensa das suas
tiver decretado e mantido a prisão preventiva do arguido imunidades, e não poderá ser nomeado intérprete o escri-
ou tiver presidido à instrução contraditória; vão do processo.

t 2. Nenhum juiz pode intervir na decisão de recurso


interposto de acórdão, sentença ou despacho proferido
por ele ou por algum seu parente, ou equiparado, em
2. A procedência dos motivos de impedimento, ou
seja declarada pelo impedido ou seja requerida a sua
declaração pelo Ministério Público, parte acusadora ou
linha recta, no segundo grau da linha colateral, ou afim arguido, será sempre apreciada pelo juiz, que deverá
nos mesmos graus. também, oficiosamente, julgar procedente o impedimen-
3. Os impedimentos devem ser declarados oficio- to, se dele tiver conhecimento.
samente pelo juiz e, quando o não sejam, deve o Ministé- 3. Declarado o impedimento por despacho, servirá
rio Público promover a sua declaração, podendo também como escrivão do processo aquele que deva substituir o
requerê-la não só a parte acusadora, mas também o impedido e, como perito ou intérprete, outro nomeado
arguido, logo que seja admitido a intervir no processo. pelo juiz.
4. Se o juiz tiver sido dado como testemunha,
deverá declarar, sob compromisso de honra, por despa- Artigo 96.°
cho nos autos, se tem conhecimento de factos que pos- Incompatibilidade dos juízes
sam influir na decisão da causa. No caso afirmativo,
verificar-se-á o impedimento, não podendo prescindir-se Não poderão fazer parte de qualquer tribunal colectivo
do seu depoimento, e, no caso negativo, deixará de ser de primeira instância, nem intervir em qualquer decisão a
testemunha. proferir pelo Supremo Tribunal de Justiça, cm matéria
5. O juiz que tiver qualquer impedimento deve penal, dois ou mais juízes que sejam cônjuges ou que
declará-lo imediatamente por despacho nos autos, reme- vivam em situações análogas, parentes ou afins, em linha
tendo logo a causa ao juizo competente, quando deva recta, ou no segundo grau da linha colateral.
correr noutro tribunal, ou passando-o a quem deva substi-
tuí-lo, nos outros casos.
F

T','.'·

Artigo 97," Artigo 100.o


Incompatibilidades dos advogados Suspeição dos juízes

1. Nenhum advogado ou procurador poderá exer- 1. O juiz não pode declarar-se voluntariamente
cer as suas funções em uma acção penal em que intervier suspeito, mas podem o Ministério Público, O assistente, a
como juiz Qurepres~te do Ministério~hlico O seu parte acusadora ou o arguido, logo que seja admitido a
cônjuge ou que vivam em situações análogas, UIÚdode intervir no processo, recusá-lo como tal, por algum dos
facto, ou algum ascendente, descendente, irmão ou afim fundamentos seguintes:
no mesmo grau. a) Se existir parentesco ou afinidade no quarto
2. Se a nomeação do advogado ou procurador for grau da linha colateral entre o juiz, seu cônjuge ou que
anterior à posse do juiz ou do representante do Ministério vivam em situações análogas e a parte acusadora, o
Público nessa região, continuarão aqueles a intervir no arguido ou ofendido;
processo e estes considerar-se-ão impedidos; e, se for b) Se houver ou tiver havido qualquer acção, não
posterior, o juiz, logo que tenha conhecimento do facto, compreendida na alod), n" 1, do artigo 93°, em que seja
julgará o advogado on procurador impedidos por despa- ou tiver sido parte, ofendido, participante ou arguido o
cho, oficiosamente, ou a requerimento do Ministério juiz, seu cônjuge ou que vivam em situações análogas ou
Público, do arguido, da parte acusadora ou do próprio algum parente de qualquer deles em linha recta ou no 2°
impedido. grau da linha colateral e for ou tiver sido juiz dessa causa
3. Quem tiver intervindo como juiz em qualquer ou nela directamente interessado o ofendido, a parte
processo não poderá ser nele constituído advogado nem acusadora ou o arguido ou algum ascendente ou descen-
nomeado defensor. dente ou o cônjuge, UIÚdode facto de qualquer deles;
c) Se o juiz fizer parte da direcção ou administra-
ção de qualquer corpo colectivo ou sociedade que seja
Artigo 98.° ofendida ou parte acusadora ou se for ofendido, parte
Dedução dos impedimentos acusadora ou arguido algum dos outros membros da
direcção ou administração por factos a ela respeitantes;
1. Os impedimentos mencionados nas als. a), b) e d) Se o juiz tiver recebido dádivas antes ou depois
f), n.? 1, do artigo 93.° poderão ser deduzidos em qual- de instaurado o processo e por causa dele;
quer altura do processo. Os restantes só poderão ser e) Se juiz, seu cônjuge ou que vivam em situa-
deduzidos até à decisão final. ções análogas ou algum parente na linha recta for credor
2. O impedimento será deduzido por meio de sim- ou devedor do arguido, do ofendido ou da parte acusado-
ples requerimento, juntando-se logo os documentos com- ra;
provativos. Se o impedimento for deduzido contra o juiz, f) Se o juiz, seu cônjuge ou que vivam em situa-
este, por despacho nos autos, dirá se o reconhece ou não, ções análogas ou algum ascendente ou descendente de
cabendo deste despacho recurso, que será obrigatoria- algum deles, for herdeiro presumido do ofendido, do
mente interposto pelo Ministério Público, quando o juiz arguido ou da parte acusadora;
se não declare impedido, e subirá logo em separado e g) Se houver graves motivos de inimizade entre o
sem efeito suspensivo. Se o impedimento não for deduzi- juiz e o ofendido, a parte acusadora ou o arguido.
do contra juiz, este decidirá da sua procedência por des- 2. Quando se tenha proposto qualquer acção contra
pacho de que cabe recurso, que apenas subirá com o o juiz sem motivo sério, unicamente com o fim de o fazer
primeiro que vier a ser interposto e que suba de imediato. declarar suspeito, ou quando, com o mesmo intuito, se
3. Se o impedimento for deduzido a juiz do adquira lli~ crédito contra ele, seu cônjuge ou que viva
Supremo Tribunal de Justiça e este o não reconhecer, em situação análoga, parentes ou afins da linha recta, ou
decidirá sobre o mesmo o Pleno daquele tribunal. se use, de qualquer outra fraude para fundamentar uma
4. Quando o impedimento for julgado procedente suspeição, o juiz arguido de suspeito declará-lo-a nos
os actos praticados pelo impedido serão declarados nulos, autos, e o processo subirá imediatamente ao Supremo
mas, se já não puderem repetir-se, considerar-se-ão váli- Tribunal de Justiça para, depois de proceder às diligên-
dos, se o juiz entender que não há prejuizo para a desco- cias indispensáveis, decidir em conferência, se há ou não
berta da verdade. fundamento para a suspeição.
3. As disposições nos números e parágrafo anterior
Artigo 99.° são igualmente aplicáveis, na parte em que o puderem
Efeito da dedução dos impedimentos ser, aos substitutos do juiz de direito, agentes do Ministé-
rio Público, escrivães, peritos e intérpretes.
1. A arguição dos impedimentos suspende o 4. O juiz pode pedir ao Presidente do Supremo
andamento do processo, mas, se o juiz entender que é um Tribunal de Justiça que o escuse de intervir num processo
simples expediente dilatório, ordenará que o processo quando se verificarem alguma das circunstâncias do n."
siga os seus termos conjuntamente com os do incidente. 1.
2. No decurso do incidente poderão praticar-se os
actos cuja demora possa trazer prejuizo irreparável.
E

c.!-!.!'JNCIPE - DlÁRlO DA RENJBLlCA 583

Artigo 101.° co ou qualquer outro funcionário, o juiz mandá-lo-á res-


Dedução da suspeição ponder no prazo de cinco dias e decidirá a final, produzi-
das as provas, quando necessário. A falta de resposta
1. A suspeição deverá ser deduzida no prazo de equivale a confissão.
cinco dias, a contar daquele em que o recusante interveio 13. Encontrando-se o processo em fase de instrução
no processo, depois de conhecido o fundamento da sus- preparatória, e sendo recusado o magistrado do Ministé-
peição, por meio de requerimento em que se articulem rio Público, a suspeição será decidida pelo seu superior
clara e especificadamente os factos que a fundatnenta- hierárquico, nos temos dos números anteriores.
ram, juntando-se logo os documentos comprovativos e o 14. Se o recusante ou recusado declararem, no seu
rol de testemunhas, que não poderão exceder três por requerimento ou resposta, que ainda não puderam obter
cada facto. os documentos necessários, o juiz marcar-lhes-á um
2. O requerimento e os documentos serão autua- prazo para tal fim, se o julgar justificado.
dos por apenso, indo logo os autos conclusos ao juiz.
3. O juiz, se for ele o recusado, responderá à sus- Artigo 102.0
peição no prazo de cinco dias, findo o qual o escrivão Efeito da dedução da suspeição
cobrará o processo. A falta de resposta equivale à confis-

,
são.
4. Se o juiz não responder ou confessar a suspei-
ção, o escrivão fará os autos conclusos ao juiz substituto,
a quem compete deferir os ulteriores termos do processo.
5. Se o juiz negar os factos alegados pelo recusan-
te ou declarar que não constituem fundamento de suspei-
1. Deduzida a suspeição, suspender-se-á o anda-
mento do processo até ser julgada, mas o juiz a quem
competir conhecer dela poderá ordenar e praticar quais-
quer actos urgentes do processo principal.
2. Se o juiz contra quem foi deduzido o incidente
de suspeição entender que este é um mero expediente
ção, poderá, desde logo juntar documentos ou indicar dilatório, não sustará o andamento do processo, que
testemunhas, até três a cada facto, e em seguida irá o seguirá os seus termos juntamente com os do incidente.
processo concluso ao juiz substituto para deferir aos 3. Serão válidos todos os actos praticados pelo juiz
ulteriores termos do incidente. ou funcionário recusado até ao momento em que for
6. As testemunhas do incidente serão inquiridas deduzida a suspeição.
pelo juiz, escrevendo-se os seus depoimentos por súmula, 4. No caso do n." 1.0 deste artigo aplicar-se-á o
e, findos eles, irá logo o processo concluso para o juiz disposto no n.? 4 do artigo 98.° aos actos praticados pelo
proferir despacho no prazo de dois dias. suspeito depois de arguida a suspeição.
7. Julgada procedente a suspeição, o juiz que deve 5. Da decisão final sobre suspeições há recurso
substituir o suspeito deferirá aos ulteriores termos do sem efeito suspensivo.
processo.
8. Se juiz declarar que se verifica algum dos casos Artigo 103.°
indicados no artigo 100°, serão os autos remetidos ao Má fé instrumental
Supremo Tribunal de Justiça no prazo de três dias e aí
distribuídos e julgados como os agravos em matéria Se o tribunal entender que os incidentes se tratam de
cível, procedendo-se todavia às diligências necessárias meras manobras dilatórias, condena na decisão final do
para a averiguação da verdade. O juiz suspeito de arguido incidente aquele que o tiver levantado, se não for o
deferirá os actos urgentes do processo principal. Ministério Público, na pena de multa de 2.000.000,00 a
9. Se a suspeição tiver sido aposta contra um juiz 10.000.000,00 dobras nos processos de querela ou cor-
que faça parte de um tribunal colectivo de primeira ins- reccionaís e de 1.000.000,00 a 5.000.000,00 dobras nos
tância que não seja o daquela onde correr o processo, ser- outros processos.
lhe-á remetido o incidente para ele responder à arguição
no prazo de cinco dias, seguindo-se os demais termos dos Secção fi
fi. Os4.° e 5.° e decidindo a final o juiz da comarca onde o Da falsidade
processo correr.
10. Se a suspeição tiver sido oposta contra qualquer Artigo 104.°
juiz do Supremo Tribunal de Justiça, o requerimento será Admissibilidade e regime de recurso do incidente
dirigido ao Presidente daquele tribunal que ordenará que de falsidade
o recusado responda até à primeira sessão do Pleno,
seguindo-se os demais termos indicados nos n.os 4.° e 5.°, 1. O incidente de falsidade somente pode ser
na parte aplicável, exercendo o presidente do tribunal as levantado contra documentos ou actos judiciais, quando
funções de juiz do incidente, podendo delegar no juiz de possa influir na decisão da causa. Caso contrário, o tribu-
qualquer área de jurisdição a inquirição das testemunhas nai não o admitirá.
e decidindo a final a respectiva secção. 2. Da decisão que receber ou rejeitar o incidente
11. Se a suspeição for julgada procedente, o juiz haverá recurso, de que o tribunal superior só conhecerá
será substituído pelo que se lhe seguir, segundo a ordem quando apreciar qualquer decisão sobre a questão princi-
por que devem notar. pal.
12. Se o recusado for o agente do Ministério Públi- 3. A rejeição do incidente pelo tribunal não obsta
h o' j4 -lOdeAgosto de -de')!!.

a que se participe pelo crime de falsificação. despacho de pronúncia ou equivalente, as testemunhas


que não tiverem de ser inquiridas por carta serão na
Artigo 105.0 audiência de julgamento, devendo depor antes das outras.
Quando pode ser levantado o incidente de falsidade
Artigo 109.°
1 Q incidente de falsidade pode ser levantado em Dedução do incidente de falsidade na audiência de
qualquer altura do processo pelo Ministério Público, pelo julgamento
assistente, pela parte acusadora ou pelo arguido ou réu.
2. O tribunal pode oficiosamente declarar um Quando o incidente for levantado na audiência de jul-
documento ou acto falso, mesmo que a falsidade se não gamento e o juiz o admitir, será adiada a audiência, se a
tenha deduzido, se ela constar do processo, podendo para prova não puder ser nela desde logo produzida.
tal fim, quando julgar necessário, mandar proceder às
diligências convenientes. Artigo 110.°
Má fé sobre incidente da falsidade
Artigo 1060
Arguição posterior à decisão final É aplicável a este incidente o disposto no artigo 103°.

1. Depois da decisão final só poderá arguir-se a SecçãoID


falsidade, quando o seu conhecimento for posterior a essa Da alienação mental do arguido
decisão e dela se tiver interposto recurso.
Artigo 111.°
2. O Supremo Tribunal de Justiça admitirá ou Exame médico-forense no caso de suspeita sobre a
rejeitará o incidente e, se o admitir, mandará baixar o integridade mental do arguido
processo à primeira instância para ali se proceder aos
exames e à inquirição de testemunhas, quando necessá- 1. Quando se levantem justificáveis dúvidas sobre
rios. a integridade mental do arguido, por forma a poder sus-
Artigo 107.0 peitar-se da sua irresponsabilidade, deverá logo o juiz
Processo do incidente de falsidade ordenar o exame médico-psiquiátrico.
2. O exame, a que este artigo se refere, deverá
1. A falsidade será deduzida por simples requeri- fazer-se em qualquer altura do processo e até mesmo
mento, indicando-se, desde logo, os meios de prova, depois de proferida sentença condenatória.
podendo oferecer-se testemunhas em número que não 3. Quando o juiz não ordene oficiosamente o exa-
exceda três por cada facto que possa interessar à decisão me, deverá este fazer-se logo que o promova o Ministério
do incidente, devendo indicar-se os factos a que depõem. Público ou o requeiram o arguido, os seus ascendentes,
O tribunal não admitirá prova sobre os factos que julgue descendentes ou cônjuge que não esteja separado de
desnecessários para a decisão, nem a que possa represen- pessoas e bens, ou unido de facto, os quais, para este fim,
tar um expediente dilatório. serão admitidos a intervir no incidente, se o juiz não
2. Os documentos oferecidos para prova devem entender que é um simples expediente dilatório.
ser juntos ao requerimento, salvo se o requerente declarar 4. Este incidente será processado por apenso.
que os não pode ainda obter, porque, neste caso, o tribu-
nal pode conceder prazo para esse fim, se o julgar justifi- Artigo 112.°
cado. Falta de íntegi Idade mental posteiior à pl'atica da
3. Finda a produção das provas, irão os autos com infracção
vista ao Ministério Público por dois dias e serão, em
seguida, notificados a parte acusadora e o arguido ou réu O exame médico-psiquiátrico do arguido será ordena-
para, em igual prazo, dizerem o que se lhes oferecer por do, ainda que possa presumir-se que a sua falta de inte-
conveniente. gridade mental é posterior à prática do crime.
4. O incidente correrá no próprio processo em que
se levantar e, findos os prazos do parágrafo anterior, será Artigo 113.°
imediatamente julgado. Nomeação do defensor oficioso no caso de falta de
integridade mental
Artigo 108.°
Efeito do incidente de falsidade 1. Se do exame se concluir a falta de integridade
mental do arguido de que resulte irresponsabilidade ou
1. O incidente de falsidade, quando levantado na dúvidas sobre a sua responsabilidade, ser-lhe-á nomeado
primeira instância, antes da audiência de julgamento, se o imediatamente um defensor oficioso, se não tiver advo-
juiz o admitir, suspende o andamento do processo gado constituído, e os ascendentes, descendentes, cônju-
somente pelo tempo indispensável para a produção da ge que não esteja separado de pessoas e bens e unido de
prova e decisão. facto poderão também escolher um advogado que, con-
2. Quando o incidente for levantado depois do juntamente com esse defensor, proteja os interesses do
585

mesmo arguido. Artigo 116.0


2. Quando as pessoas indicadas neste artigo não Efeito da declaração de irresponsabilidade antes do
estiverem de acordo quanto à escolha do advogado, pre- julgamento
valecerá a indicação do cônjuge ou equiparado; na falta
destes, a do ascendente do grau mais próximo, e, na sua 1. Se o arguido for declarado inimputável antes
falta, a do mais próximo descendente. Se houver mais do julgamento, ficará sem efeito a acusação. Se a inimpu-
que um ascendente ou descendente do mesmo grau, na tabilídade for declarada no julgamento, será o arguido
falta de acordo, decidirá o tribunal, de entre os advoga- absolvido da acusação.
dos indicados. 2. Quando se mostre que a falta de integridade
3. Se o processo estiver em segredo de justiça, o mental do arguido foi posterior à prática da infracção,
representante do arguido ou dos ascendentes, descenden- será suspensa a execução do despacho de pronúncia ou
tes, cônjuge ou equiparado, apenas será ouvido e poderá equivalente, bem como os termos ulteriores do processo,
intervir para se tomarem ou fazerem cessar quaisquer incluindo a execução da sentença e cumprimento da
providências determinadas pelo estado mental do argui- pena, até que o arguido recupere o pleno uso das suas
do, devendo para este efeito desapensar-se o processo do faculdades mentais.
incidente.

Artigo 114.0 Artigo 117.0


Audiência de ascendentes, descendentes e cônjuge e Incidente suscitado durante a execução da decisão
equiparado condenatória

Os ascendentes, descendentes, cônjuge não separado Se as suspeitas sobre o estado mental do acusado apa-
de pessoas e bens ou equiparado, ainda que não tenham recerem durante a execução da sentença e o exame médi-
constituído advogado no processo, serão ouvidos pelo co-psiquiátrico e mais diligências ordenadas revelarem
tribunal, quando residam na sua área de jurisdição ou que a falta de integridade mental poderia ter determinado
espontaneamente se apresentem, sempre que o juiz tome a irresponsabilidade pela infracção por que foi condena-
qualquer medida acerca do arguido considerado irrespon- do, poderá requerer-se a revisão da sentença nos termos
sável ou faça cessar qualquer medida já tomada. deste código.

Artigo 115.0 Artigo 118.0


Incidente suscitado na instrução preparatória ou Medidas de segurança provisórias
antes do julgamento
Os arguidos podem ser submetidos, ainda durante a
I. Se a suspeita sobre a integridade mental do marcha do processo, a medidas de segurança provisórias
arguido se tiver levantado na instrução preparatória, não desde que estas possam ser aplicadas na decisão conde-
será sustado o seu andamento; proceder-se-a, porém, com natória e se tomem necessárias para evitar grave perigo
a maior urgência ao exame médico-psiquiátrico e dili- da repetição de factos criminosos, aplicando-se com as
gências que com ele se relacionem e não será pronuncia- necessárias adaptações, o previsto para a prisão preventi-
do ou proferido despacho que designe dia para julgamen- va.
to sem que se tenha decidido o incidente.
2. O juiz, ainda que tenha proferido despacho de Artigo 119.0
pronúncia ou equivalente com trânsito em julgado, pode- Internamento de inimputáveis
rá sempre, oficiosamente, ordenar no processo novas
diligências que julgue necessárias para averiguar do 1. Quando houver indícios suficientes de que o
estado mental do arguido e para habilitar os peritos a arguido inimputável por falta de integridade mental é
formularem o seu jlÚZO. perigoso, nos termos do artigo 850 do Código Penal, o
3. Estas diligências podem também ser requeridas incidente mental prosseguirá no mesmo tribunal, para
pelo Ministério Público, parte acusadora, arguido, seu prova do facto previsto pela lei e sua perpetração pelo
defensor oficioso, advogado dos ascendentes, descenden- demente e dos demais requisitos exigidos por aquele
tes, cônjuge ou equiparado ou pelos peritos, mas o juiz, preceito para declaração de perigosidade criminal e apli-
somente as ordenará, quando necessárias. cação da medida de segurança observando-se, com as
4. Se as suspeitas sobre o estado mental do argui- necessárias adaptações, os termos do processo comum
do aparecerem depois do despacho de pronúncia ou equi- relativos à defesa, provas e julgamento.
valente, sustar-se-ão os termos do processo, salvo se o 2. Se o arguido não for inimputável perigoso, nos
incidente representar um simples expediente dilatório. termos daquele parágrafo, mas o seu estado exigir que
5. Se o arguido estiver preso continuará sob pri- seja internado, poderá o juiz autorizar o internamento,
são, mesmo que, para a realízação do exame ou em virtu- cumprindo à familia ou à autoridade administrativa efec-
de do estado do arguido, seja necessário o seu interna- tivá-lo.
mento em hospital ou estabelecimento próprio.
Arugo 120.° Artigo 124.°
Cessação da medida de segurança de internamento Legitimidade para a dedução e conhecimento das
excepções
1. O internamento ordenado nos termos do artigo
anterior, quando o arguido é perigoso só pode cessar por As excepções a que se refere o artigo anterior deverão
decisão do juiz do~rocesso quando o internado esteja ser deduzidas pelo Ministério Público, pelo assistente,
curado ou devareputar-se inofensivo, aplicando-se as pela parte acusadora ou pelo arguido, devendo também
normas referentes à execução de tal medida e o disposto os tribunais conhecer delas oficiosamente.
no presente incidente.
2. O juiz poderá sempre ordenar, oficiosamente ou Artigo 125.°
a requerimento do Ministério Público, ofendido, parte Dedução e trâmites das excepções
acusadora, arguido, cônjuge não separado de pessoas e
bens ou equiparado, ascendente ou descendente, o exame 1. As excepções serão deduzidas ou conhecidas em
do internado por peritos do estabelecimento ou de fora qualquer altura do processo até decisão final.
dele e as demais diligências que julgar necessárias, deci- 2. A excepção de incompetência com o fundamen-
dindo a final se o internado deve ou não ser posto em to de que o tribunal competente é o de outra circunscri-
liberdade. ção territorial somente pode ser deduzida ou declarada
até ao dia em que se realizar a audiência de julgamento
3. A libertação do internado pode ser ordenada em primeira instância.
oficiosamente, promovida pelo Ministério Público ou 3. Quem deduzir as excepções deverá oferecer
requerida pelo interessado, seus ascendentes, descenden- logo as provas e o juiz pode ordenar as diligências que
tes, cônjuge não separado de pessoas e bens ou equipara- julgar necessárias, não podendo, contudo requerer-se
do e por proposta do director do estabelecimento. exames ou vistorias.
4. Deduzida a excepção, serão ouvidos a parte con-
Artigo 121.° trária e o Ministério Público, se não for o requerente,
Colocação em estabelecimento de beneficência para, no prazo de cinco dias, dizerem o que se lhes ofere-
ça, seguindo-se a produção de prova.
Quando o internado tiver de sair por estar curado ou se 5. As excepções de caso julgado e de litispendên-
considerar inofensivo, se não tiver família a quem seja cia somente poderão provar-se por documentos.
entregue e for indigente ou incapaz de adquirir meios de
subsistência pelo seu trabalho, deverá o tribunal assegu- Artigo 126.°
rar a sua colocação em estabelecimento de beneficência Restrições à prova testemunhal na tramitação das
adequado. excepções

Artigo 122.° 1. A prova testemunhal só é admitida em primeira


Destino do internado, findo o internamento instância e se o rol tiver sido oferecido com a antecedên-
cia necessária para que possa ser notificado às partes, até
Se durante a execução da pena ou da medida de segu- três dias antes daquele em que realize a audiência de
rança sobrevier ao condenado qualquer doença ou per- julgamento.
turbação que, afectando gravemente a sua integridade 2. Só podem ser oferecidas três testemunhas por
mental, determine o internamento hospitalar, suspender- cada facto para se decidir a excepção e, se for deduzida
se-á essa execução, nos termos dQ Código Pe!1.al. depois de finda a instrução, apenas serão inquiridas na
audiência de julgamento, antes das que deverem depor
CAPÍTULO V sobre a causa.
Das Excepções 3. Os depoimentos serão orais, salvo se as partes
não renunciarem expressamente ao recurso.
4. O juiz poderá dispensar esta prova, se julgar
Secção I suficiente a constante dos autos.
Disposições gerais 5. O tribunal conhecerá de excepção logo que se
produzam as provas oferecidas.
Artigo 123. 0

Enumeração das excepções Secção II


Da incompetência
São excepções:
1° A incompetência; Artigo 127.°
2° A Iitispendência; Excepção da incompetência
3° O caso julgado;
4° A prescrição. Poderá deduzir-se a excepção de incompetência sem-
pre que deva conhecer da causa, um tribunal de naciona-
lidade, natureza, categoria ou área de jurisdição diversa
9

",r .-, -
..:)!UilQ DA REPÚBLICA 587

daquela onde o processo está pendente. contra ele propor-se nova acção penal por crime consti-
tuído, no todo ou em parte, por esses factos, ainda que se
Artigo 128.
0
lhe atribua comparticipação de diversa natureza.
Efeito da incompetência do tribunal

1. Julgada procedente a excepção, será o processo


remetido para o tribunal competente, se for de nacionali- Artigo 1320
dade são-tomense, e este anulará apenas os actos que se Absolvição por falta de provas
não teriam praticado, se perante ele tivesse ocorrido o
processo e os que têm de ser repetidos para ele tomar Se um tribunal absolver um arguido por falta de pro-
conhecimento da causa. vas, não poderá contra ele propor-se nova acção penal,
2. O tribunal competente poderá ordenar a repeti- constituída no todo ou em parte pelos mesmos factos por
ção de quaisquer actos do processo que tenham sido que respondeu, ainda que se lhe atribua comparticipação
praticados pelo tribunal incompetente e possam influir na de natureza diversa.
decisão.
3. Se para conhecer do crime não forem compe- Artigo 133. 0

tentes os tribunais são-tomenses, será o processo arqui- Abstenção da acusação e despronúncia


vado.
Se um arguido não tiver sido pronunciado ou for des-
Secçãoill pronunciado por decisão com trânsito em julgado, por
Da Iitispendência falta de provas, ou se, em relação a ele e pelo mesmo
. motivo, tiver sido proferida decisão com trânsito em
Artigo 129.0
julgado, equivalente à da não pronúncia ou despronúncia,
Litispendência não poderá contra ele prosseguir o processo com a mes-
ma prova.
1. Mostrando-se que em outro tribunal corre con-
tra o mesmo arguido um processo penal pelo mesmo Artigo 134.0
facto punível, sustar-se-ão os termos posteriores à acusa- Caso julgado sobre questão prejudicial não penal
ção ou pronúncia, até que se averigúe em que tribunal
deve o processo ter andamento. No caso previsto no artigo 3 deste código a decisão
0

2. Quando se averigúe que deve preferir outro tri- proferida pelo respectivo tribunal constituirá casojulgado
bunal ou quando, no caso de conflito de jurisdição e relativamente à questão que nele tenha sido julgada defi-
competência, assim se tenha decidido, será remetido para nitivamente, para a acção penal que dessa decisão ficou
esse tribunal todo o processo. dependente.

Secção IV Artigo 135. 0

Do caso julgado Caso julgado condenatório

Artigo 130.0 A condenação definitiva proferida na acção penal


Caso julgado absolutório por falta de tipicidade ou constituirá caso julgado, quanto à existência e qualifica-
extinção da acção ção do facto punível e quanto à determinação dos seus
agentes, mesmo nas acções não penais em que se discu-
1. Se em processo penal se decidir, por acórdão, tam direitos que dependam da existência de crime.
sentença ou despacho com trânsito em julgado, que os
factos constantes dos autos não constituem infracção, ou Artigo 136.0
que a acção penal se extinguiu quanto a todos os agentes, Efeitos da sentença absolutória em acção não penal
não poderá propor-se nova acção penal pelos mesmos
factos contra pessoa alguma. A sentença absolutória, proferida em matéria penal e
2. Se o tribunal julgar por decisão com trânsito em com trânsito em julgado, constituirá nas acções não
julgado que não há prova bastante de qualquer elemento penais simples presunção legal da inexistência dos factos
do crime, não poderá prosseguir o processo penal com a que constituem o crime, ou de que os arguidos a não
mesma prova contra qualquer arguido. praticaram, conforme o que se tenha julgado, presunção
que pode ser ilídida por prova em contrário.
Artigo 1310

Caso julgado absolutório pessoal

Quando por acórdão, sentença ou despacho, com trân-


sito em julgado, se tenha decidido que um arguido não
praticou certos factos, que por eles não é responsável ou
q:te a respectiva acção penal se extinguiu, não poderá
,- ..-t

:' / ;~:

Secção V Artigo 139.o


Da prescrição Emolumentos aos defensores e indemnização às
testemunhas
Artigo 137.0
Prescrição 1. Serão arbitrados na sentença ou acórdão final
os emolumentos devidos aos defensores oficiosos e a
Os termos, prazos e efeitos da prescrição e as causas indemnização às testemunhas chamadas a depor na
da sua interrupção são estabelecidos na lei penal; a forma audiência de julgamento, que a pedirem.
de a deduzir e julgar é a prescrita nos artigos 124 e 0
2. Se as testemunhas tiverem deposto antes da
seguintes. audiência de julgamento, a indemnização será arbitrada
pelo juiz no auto de inquirição, se a testemunha a pedir
antes de encerrado.
CAPÍTULO VI 3. Às testemunhas e aos peritos serão também
Do imposto de justiça e multas pagas as despesas de viagem a que haja lugar.
4. Os emolumentos e indemnizações devidos aos
Artigo 138.0 defensores oficiosos, testemunhas, peritos, tradutores e
Imposto de justiça intérpretes serão pagos, no caso de condenação, pelo
arguido e, no caso de absolvição, pelo assistente, haven-
1. O arguido, no caso de condenação, pagará ao do-o.
Estado um. imposto de justiça, que o juiz arbitrará na 5. Se estas despesas forem comuns a vários argui-
sentença final dentro dos limites prescritos na lei, tendo dos ou pessoas que se hajam constituído assistente, por
em atenção o processo e a situação material do infractor. elas responderão solidariamente.

2. Se responderem conjuntamente vários arguidos, TÍTULon


a cada um será arbitrado o respectivo imposto de justiça, DO PROCESSO PROPRIAMENTE DITO
dentro dos limites legais, e a sua responsabilidade será
limitada ao imposto em que foi individualmente conde- CAPÍTULO I
nado. Da notícia da infracção

3. Cada arguido pagará um só imposto de justiça, Artigo 140. 0

qualquer que seja o número de crimes por que responda Aquisição da notícia da infracção
na mesma ocasião e o número de processos contra ele
instaurados, desde que se julguem conjuntamente. 1. A notícia do crime adquire-se por:
4. Se um arguido for absolvido por um ou por a) Conhecimento próprio por parte da autoridade
alguns crimes e condenado por outros, pagará o imposto que tenha competência para a investigação;
de justiça correspondente à forma de processo aplicável b) Participação efectuada por outras autoridades;
ao crime mais grave por que for condenado, o qual lhe c) Denúncia apresentada por qualquer cidadão se
será aplicado dentro dos respectivos limites legais. se tratar de crime de natureza pública;
5. Nos processos em que houver assistente, se este d) Queixa, apresentada pelos titulares do direito
decair a final, pagará o imposto de justiça que o juiz ofendido, tratando-se de crimes de natureza semi-pública
arbitrar dentro dos limites legais, tendo em atenção o 2. Do conhecimento da notícia do crime é dado
processo e a situação material da parte. Se diversas pes- conhecimento imediato ao Ministério Público, se não
soas se tiverem constituído assistente, cada um pagará o tiver sido este a ordenar a investigação.
respectivo imposto de justiça e só por ele responderá.
6. Se um arguido, acusado de vários crimes, for Artigo 141.0

absolvido por uns e condenado por outros, havendo assis- Participação obrigatória
tente em alguma ou algumas delas, será cada um conde-
nado no respectivo imposto de justiça, que será fixado 1. A participação ao Ministério Público é obrigatória:
para o assistente dentro dos limites legais corresponden- a) Para as autoridades policiais, quanto a todas os
tes à forma de processo dos crimes de que o arguido for crimes de que tenham conhecimento.
absolvido e para o arguido dentro dos limites correspon- b) Para os funcionários públicos, gestores públicos e
dentes à forma de processo do crime mais grave por que quaisquer outros agentes ou autoridades públicas que
foi condenado. tomarem conhecimento dos crimes, no exercício das suas
7. Será também devido imposto de justiça nos funções ou por causa delas.
demais casos prescritos na lei e a ele acrescerão as quan- 2. Tratando-se de crime de natureza semi-pública, par-
tias que a lei fixar. ticipação a que se refere este artigo só será obrigatória, se
o titular do direito de queixa o tiver exercido.
J':<ÍNCJPE - Dl.ÁRIO DA REPÚBLICA 589

Artigo 142.° Capitulo n


Denúncia facultativa Das medidas cautelares e de policia

A denúncia pode ser efectuada por qualquer cidadão Artigo 145.°


relativamente a crimes de natureza pública, podendo ser Comunicação da notícia do crime
apresentada a qualquer autoridade, que a comunicará ao
agente do Ministério Público competente, ou directamen- 1. As entidades policiais que tiverem notícia de um
te a este. crime, por conhecimento próprio ou mediante denúncia,
transmitem-na ao Ministério Público no mais curto pra-
Artigo 143.° zo, o qual não poderá exceder os três dias, sob pena de
Auto de notícia ou de denúncia responsabilidade disciplinar do agente incumbido da
comunicação.
1. A participação é efectuada mediante auto, que 2. Em caso de urgência, a transmissão a que se
conterá sempre que possível: refere o número anterior pode ser feita por qualquer meio
a) Os elementos de identificação do autor do crime de comunicação para o efeito disponível. A comunicação
ou os seus sinais característicos e quaisquer outros ele- oral deve, porém, ser seguida de comunicação escrita.
mentos que possam concorrer para a sua identificação;
b) Os elementos de identificação do ofendido;


c) O factualismo que constitui o crime; Artigo 146.°
d) O dia, hora e local e as circunstâncias em que o Providências cautelares quanto aos meios de prova
crime terá sido cometido;
e) Os meios de prova já conhecidos; 1. Compete às entidades policiais, mesmo antes de
f) Se o conhecimento da infracção não tiver sido receberem ordem do Ministério Público ou do juiz com-
adquirido pelo participante, a forma como o adquiriu. petente para procederem a investigações, praticar os
2. Tendo a denúncia sido apresentada verbalmen- actos cautelares necessários e urgentes para assegurar os
te, autoridade que a receber, lavrará o respectivo auto, meios de prova.
que conterá os elementos referidos no número anterior, 2. Compete-lhes, nomeadamente, nos termos do
bem como a identificação do denunciante. número anterior:
3. Tendo a denúncia sido apresentada por escrito, a) Proceder a exame dos vestígios do crime, asse-
deverá a mesma ser assinada pelo denunciante ou, quan- gurando a manutenção do estado das coisas e dos lugares,
do este não o saiba ou possa fazer, por duas testemunhas podendo vedar o local à circulação de pessoas e proibir
abonatórias, devidamente identificadas. as mesmas de se ausentarem do local até que a recolha
4. Nos casos de conexão previstos no artigo levan- dos vestígios esteja concluída e a sua presença seja indis-
tar-se-á um único auto. pensável;
b) Colher informações das pessoas que facilitem a
Artigo 144.° descoberta dos agentes do crime e a sua reconstituição;
Valor do auto de notícia ou denúncia c) Proceder a apreensões no decurso de revistas ou
buscas ou em caso de urgência ou perigo na demora, bem
1. Os autos a que se refere o artigo anterior farão como adoptar as medidas cautelares necessárias à con-
fé em juízo, em julgamento, até prova em contrário, se servação ou manutenção dos objectos apreendidos.
forem mandados levantar por magistrado, relativamente a 3. Mesmo após a intervenção do Ministério Públi-
crimes que tenham sido praticado perante ele, em actos co ou do iuiz. cabe às entidades noliciais assezurar novos
., ~ .I: - - -- - -. - Q -

judiciais ou que a eles digam respeito. meios de prova de que tiverem conhecimento, sem pre-
2. Se esses autos forem levantados por qualquer juízo de deverem dar deles notícia imediata àquela auto-
outra autoridade ou por funcionário público, somente ridade.
farão fé em juízo, até prova em contrário, se disserem
respeito a qualquer crime a que corresponda processo Artigo 147.°
correccional, de transgressões ou sumário, salvo nos Identificação de suspeito e pedido de informações
casos em que a lei exija outras diligências para a instru-
ção do processo. 1. As entidades policiais podem proceder à identi-
3. Os autos a que este artigo e o seu n° 1 se refe- ficação de qualquer pessoa encontrada em lugar público,
rem fazem fé unicamente quanto aos factos presenciados aberto ao público ou sujeito a vigilância policial, sempre
pela autoridade ou funcionário público que os levantar ou que sobre ela recaiam fundadas suspeitas da prática de
mandar levantar. crimes, da pendência de processo de extradição ou de
4. O juiz que o receber, mesmo que o auto de expulsão, de que lenha penetrado ou permaneça irregu-
notícia faça fé em juizo, poderá mandar proceder a larmente no território nacional ou de haver contra si
quaisquer diligências que julgue necessárias para a des- mandado de detenção.
coberta da verdade. 2. Antes de procederem à identificação, as entida-
des policiais devem provar a sua qualidade, comunicar ao
suspeito as circunstâncias que fundamentam a obrigação
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de identificação e indicar os meios por que este se pode objectos relacionados com o crime, susceptiveis de servi-
identificar. rem a prova e que de outra forma poderiam perder-se;
3. O suspeito pode identificar-se mediante a apre- b) À revista de pessoas que tenham de participar ou
sentação de um dos seguintes documentos: pretendam assistir a qualquer acto processual, sempre
a) Bilhete de identidade ou passaporte, no caso de que houver razões para crer que ocultam armas ou outros
ser cídadãe-sêe tomense; objectos com os quais possam praticar actos de violência.
b) Título de residência, bilhete de identidade, pas- 2. Nos casos anteriores a realização da diligência é,
saporte ou documento que substitua o passaporte, no caso sob pena de nulidade, imediatamente comunicada ao juiz
de ser cidadão estrangeiro. ou Ministério Público competente e por este apreciada
4. Na impossibilidade de apresentação de um dos em ordem à sua validação.
documentos referidos no número anterior, o suspeito
pode identificar-se mediante a apresentação de documen- CAPÍTULom
to original, ou cópia autenticada, que contenha o seu Da detenção e das medidas restritivas de liberdade
nome completo, a sua assinatura e a sua fotografia.
S. Se não for portador de nenhum documento de Secção i
identificação, o suspeito pode identificar-se por um dos Da detenção
seguintes meios:
a) Comunicação com uma pessoa que apresente Artigo 149.°
os seus documentos de identificação; Conceito de detenção
b) Deslocação, acompanhado pelas entidades
policiais, ao lugar onde se encontram os seus documentos 1. Detenção é toda a privação de liberdade por
de identificação; período de tempo não superior a 48 horas em que o deti-
c) Reconhecimento da sua identidade por uma do não pode ser colocado em estabelecimento prisional
pessoa identificada nos termos do n. ° 3 ou do n. ° 4 que destinado à execução de pena privativa da liberdade nem
garanta a veracidade dos dados pessoais indicados pelo ao cumprimento da prisão preventiva
identificando.
6. Na impossibilidade de identificação nos termos 2. A detenção destina-se a garantir a presença do
dos n.os 3, 4 e 5, as entidades policiais podem conduzir o detido no julgamento em processo sumário ou no primei-
suspeito ao posto policial mais próximo e compelí-lo a ro interrogatório judicial a que deva ser submetido ou a
permanecer ali pelo tempo estritamente indispensável à assegurar a presença imediata do detido em acto proces-
identificação, em caso algum superior a quatro horas, sual a que tenha faltado injustificadamente.
realizando, em caso de necessidade, provas dactiloscópi- 3. Compete a entidade policial que tiver efectuado
cas, fotográficas ou de natureza análoga e convidando o a detenção ou a quem o detido for entregue adoptar as
identificando a indicar residência onde possa ser encon- medidas cautelares estritamente necessárias para impedir
trado e receber comunicações. a fuga do detido.
7. Os actos de identificação levados a cabo nos
termos do número anterior são sempre reduzidos a auto e Artigo 150.°
as provas de identificação dele constantes são destruídas Flagrante delito
na presença do identificando, a seu pedido, se a suspeita
não se confirmar. 1. É flagrante delito todo o crime que se está a
8. As entidades policiais podem pedir ao suspeito, cometer.
bem como a quaisquer pessoas susceptiveis de fornece- 2. Considera-se flagrante delito todo o crime que
rem informações úteis, e deles receber, sem prejuízo, se acabou de praticar.
quanto ao suspeito, dos seus direitos, informações relati- 3. Reputa-se também flagrante delito o caso em
vas a um crime e, nomeadamente, à descoberta e à con- que o agente for, logo após o crime, perseguido por qual-
servação de meios de prova que poderiam perder-se antes quer pessoa ou encontrado com objectos ou sinais que
da intervenção do Ministério Público ou do juiz. mostrem claramente que acabou de o cometer ou de nele
9. Será sempre facultada ao identificando a possi- participar.
bilidade de contactar com pessoa da sua confiança.
Artigo 151.°
Artigo 148.° Detenção em flagrante delito
Revistas e buscas
1. Em caso de flagrante delito por crime punível, o
1. Para além dos casos previstos no nO4 do artigo juiz, o Ministério Público, agente policial ou funcionário
241°, as entidades policiais podem proceder, sem prévia público relativamente aos crimes de que tomem conhe-
autorização do juiz: cimento no exercicio das suas funções e por causa delas,
a) A revista de suspeitos em caso de fuga iminente deve proceder à detenção.
ou de detenção e a buscas no lugar em que se encontra- 2. Se nenhuma das autoridades antes referidas
rem, salvo tratando-se de busca domiciliária, sempre que puder efectuar a detenção qualquer pessoa que presencie
tiverem fundada razão para crer que neles se ocultam o flagrante delito poderá realizar a detenção.
..- mARIo DA REPÚBliCA
=~'-"---- 591

3. A pessoa que tiver procedido à detenção nos c) Ao Ministério Público nos restantes casos.
termos do número anterior entrega o detido imediatamen-
te à autoridade policial mais próxima, a qual elabora auto Artigo 155.°
da entrega donde constem, para além da identificação do Libertação do detido
captor e circunstâncias da captura, os elementos indicia-
dores da prática do crime. 1. Qualquer entidade que tiver ordenado a
4. Nos crimes cujo procedimento criminal depen- detenção ou a quem o detido for presente procede à sua
de de queixa a detenção não poderá ultrapassar vinte e imediata libertação:
quatro horas sem que o titular do direito de queixa o a) Logo que se tornar manifesto que a detenção foi
exerça. efectuada por erro sobre a pessoa;
b) Se tiver sido efectuada fora dos casos e das
Artigo 152.° condições previstas na lei;
Detenção fora de flagrante delito c) Logo que se tome desnecessária.
2. A libertação é precedida de despacho se for o
1. A excepção dos magistrados e advogados, juiz ou o Ministério Público a ordená-la e sendo outra
qualquer outro interveniente processual pode ser detido, entidade, mediante a elaboração posterior de relatório a
por ordem do juiz como forma de assegurar a sua compa- juntar obrigatoriamente ao processo se este tiver sido
rência imediata em acto processual a que tenta faltado instaurado.
injustificadamente. 3. Qualquer entidade policial que proceda à liber-
2. No decurso da instrução preparatória o Ministé- tação de um detido nos termos dos números anteriores
rio Público e o Director da Polícia de Investigação Cri- comunica-o imediatamente ao Ministério Público sob
minal podem ordenar a detenção fora de flagrante delito pena de incorrer na prática de crime de desobediência e
do arguido, quando: ficar sujeito a procedimento disciplinar.
a) O crime indiciado for punível com pena de pri-
são superior a três anos; Artigo 156.°
b) Existirem fortes indícios de que o suspeito se Apresentação ao Poder Judicial
prepara para fugir à acção da justiça e não for possível
dada a situação de urgência esperar pela intervenção do I. Se o detido não tiver sido libertado nos ter-
juiz. mos do disposto no artigo anterior, será obrigatória e
imediatamente apresentado, para os fins referidos no
Artigo 153.° artigo 149°, ao juiz competente a quem caberá apreciar a
Mandados de detenção legalidade da detenção efectuada.
2. No caso em que o detido não deva ser imedia-
1. A detenção fora de flagrante delito só pode ser tamente julgado em processo sumário ou não tiver de ser
efectuada mediante mandado cujo duplicado será entre- presente a acto processual a que haja faltado, o Ministé-
gue ao detido. rio Público promoverá a realização de interrogatório
2. O mandado de detenção contém, obrigatoria- judicial em que, além do mais, se decidirá da necessidade
mente: de aplicação ou não da prisão preventiva ou outra medida
a) Identificação da pessoa a deter e qualidade em que de coacção, com observância do artigo 215° deste código.
rt intervém no processo;
b) Identificação e número do processo a que se
3. Para efeitos deste artigo organizar-se-ão, nos
Tribunais e nos serviços do Ministério Público, turnos
referir a detenção; aos feriados e fins-de-semana de modo a que o detido
c) Nome, categoria e assinatura de quem ordenar seja imediatamente presente ao juiz.
a detenção.
3. O mandado é redigido em triplicado sendo o Artigo 157.°
original para juntar ao processo depois de certificada a H abeas corpus por detenção ilegal
captura, um outro para o arquivo da entidade captora e o
duplicado para entregar ao detido no acto da captura. 1. Qualquer detido pode requerer ao juiz da área
4. A detenção que não obedecer ao disposto neste e em que se encontrar que ordene a sua imediata libertação,
nos artigos anteriores é ilegal. se:
a) Estiverem excedidos os prazos referidos nos
Artigo 154.° artigos 1490 ou qualquer outro prazo para entrega ou
Comunicações apresentação ao poder judicial;
b) A detenção se mantiver fora dos locais e das
Sempre que ocorra uma detenção devem ser imedia- condições legalmente previstas;
tamente efectuadas as seguintes comunícações: c) A detenção tiver sido ordenada ou efectuada
a) A parente, pessoa de confiança ou defensor do por entidade incompetente;
detido, de preferência por si indicados; d) A detenção não for admissível com os funda-
b) A entidade que ordenar a detenção se o detido mentos invocados.
lhe não for presente de imediato; 2. O requerimento pode ser subscrito pelo detido
1
ÚU por qualquer pessoa no gozo dos seus direitos políti- anos e sem antecedentes criminais.
cos ou civis que o apresentará à entidade que mantém o
detido, a qual remete o requerimento imediatamente ao Artigo 161.°
juiz com as informações que entenda necessárias. Requisitos gerais

Artigo] 58 ° 1. Excepto o termo de identidade e residência, a


Tramitação do incidente aplicação de qualquer outra medida de coacção depende
da verificação de, pelo menos, um dos seguintes requisi-
1. Recebido o requerimento, se não for caso mani- tos:
festo de indeferimento, o juiz ordena, sob pena de deso- a) Fuga ou fundado perigo de fuga;
bediência qualificada, a apresentação imediata do detido b) Perigo de perturbação da investigação ou da
e de todo o expediente relativo ao caso em posse da enti- realização da audiência de julgamento e, nomeadamente,
dade captora. perigo para a aquisição, conservação ou veracidade da
2. Ouvido o Ministério Público, o defensor do prova;
detido e este, o juiz decide o incidente no prazo de qua- c) Actual e fundado perigo de continuação da
renta e oito horas, actividade criminosa ou de perturbação da ordem e tran-
3. O incumprimento da ordem de soltura profe- quilidade públicas, em razão da natureza, circunstâncias
rida pelo juiz ou a não remessa imediata do requerimento do crime e da personalidade do delinquente.
do pedido de habeas corpus implica a responsabilização 2. Na decisão que aplicar alguma medida, com
penal, por crime de desobediência qualificada de quem excepção do termo de identidade e residência, são
omitir ou obstar ao seu cumprimento. expressamente referidos os fundamentos da sua escolha
4. Se o Tribunal julgar a petição de habeas corpus tendo presente o disposto neste e no artigo anterior.
por detenção ilegal manifestamente infundada, condena o
peticionante numa quantia de 250.000 a 2.500.000
dobras. Artigo 162.°
Cumulação de medidas
Secção fi
Das medidas de coacção 1. As medidas de coacção e de garantia patrimo-
nial podem aplicar-se simultaneamente à mesma pessoa.
Artigo 159.° 2. O termo de identidade e residência pode cumu-
Princípio da legalidade lar-se com as demais medidas, enquanto a prisão preven-
tiva exclui a aplicação de qualquer outra medida que não
1. Só o arguido pode ser sujeito a medidas de o termo de identidade.
coacção. As medidas de garantia patrimonial podem ser 3. A caução e a obrigação de apresentação são
aplicadas tanto àqueles como ao responsável civil. cumuláveis entre si.
2. As medidas de coacção e de garantia patrimo-
nial aplicáveis são exclusivamente as previstas neste Artigo 163.0
código ou na lei e devem ser apenas as necessárias e Competência para aplicação da medida
adequadas às exigências cautelares que o caso requerer e
proporcionais à gravidade do crime. 1. Qualquer entidade judicial pode aplicar o termo
3. Não se considera medida de coacção a obriga- de identidade e residência.
ção de identificação de qüalqüer cidadão perante a auto- 2. As restantes medidãs de coacção serão aplica-
ridade competente para a exigir. das pelo juiz, a requerimento do Ministério Público em
sede de instrução preparatória e mesmo oficiosamente
Artigo 160.° nas demais fases processuais.
Escolha da medida 3. Na aplicação das medidas é, sempre que possí-
vel e conveniente, ouvir o arguido, podendo a audição ser
1. Na escolha da medida a aplicar ao caso concreto efectuada no acto de interrogatório judicial.
de um modo geral dever-se-é ter em conta:
a) A adequação da medida às necessidades Artigo 164.°
processuais que se pretendam acautelar; Termo de Identidade e residência
b) A proporcionalidade da medida à gravidade do
crime e às sanções que previsivelmente venham a ser 1. Da primeira vez em que um arguido preste
aplicadas no caso concreto; declarações perante o juiz ou Ministério Público, mesmo
c) A preferência pela medida que, sendo adequa- que deva ficar preso preventivamente, sujeitar-se-à a
da às exigências cautelares menos restrinja o exercício termo de identidade e residência independentemente da
normal dos direitos fundamentais da pessoa humana. aplicação de outra medida de garantia patrimonial.
2. De um modo especial, o juiz deve dar preferên- 2. Do termo deve constar que lhe foi dado conhe-
cia na aplicação de medidas não privativas da liberdade cimento:
quando se tratar de um agente com menos de vinte e um a) Da obrigação cl~ comparecer perante a autorida-
593

de competente ou de se manter à disposição dela sempre Artigo 167.°


que a lei o obrigar ou para tal for devidamente notificado; Substituição da caução
b) Da obrigação de não mudar de residência nem
dela se ausentar por mais de 5 dias sem comunicar a nova Se o arguido provar que está impossibilitado de pres-
residência ou o lugar onde possa ser encontrado; tar a caução por qualquer forma ou que a prestação lhe
c) De que o incumprimento do disposto nas alíneas causa graves dificuldades ou inconvenientes, deve ser-lhe
anteriores legitima a continuação do processo com a substituída por outra medida, sendo de impor a prisão
realização de notificações editais nos casos em que nor- preventiva nos crimes puníveis com pena maior, desde
malmente o deveriam ser pessoalmente; que se verifiquem os requisitos referidos no art." 171°,
d) De que, no caso de sujeição à prisão preventiva, deste diploma.
o disposto nas alíneas anteriores se aplica sempre e
quando em liberdade, mesmo que provisória. Artigo 168.°
3. Se residir ou for residir para fora da circunscri- Quebra da caução
ção judicial onde o processo corre, deve indicar a pessoa
que residindo nesta, tome o encargo de receber as notifi- 1. O juiz, por despacho, declara quebrada a
cações que lhe devam ser feitas. caução sempre que o arguido incumprir as obrigações
4. O termo de identidade e residência é elaborado processuais decorrentes da medida de coacção aplicada
em duplicado, sendo o original entregue a quem o presta ou faltar injustificadamente a acto processual.
e a cópia junta ao processo. 2. O despacho de quebra de caução é impugnável

ct Artigo 165.°
Obrigação de apresentação e proibição de se
por meio de recurso, nos termos previstos no artigo 180°.
3. Quebrada a caução o seu valor reverte para o
Estado e é afectado como receita do Fundo de Assistên-
ausentar do local de residência cia Prisional.
Artigo 169.°
1. Se o crime for punível com pena de prisão Levantamento da caução
superior a um ano, o juiz pode impor ao arguido a obri-
gação de se apresentar no Tribunal, nos serviços do 1. Proferida decisão final transitada em julgado,
Ministério Público ou posto policial em dia e horas pré- ocorrendo a prisão do arguido, verificando-se qualquer
estabelecidas em razão das exigências profissionais e do causa de extinção da responsabilidade criminal, ou, sen-
local em que resida, ou ainda, de não se ausentar do local do desnecessária a caução por qualquer outro motivo, o
da residência sem autorização do Tribunal. Tribunal oficiosamente, declara-a sem efeito.
2. A entidade a quem se deva apresentar preenche- 2. Essa declaração implica que se ordene o cance-
rá a ficha das apresentações e finda a medida remeterá ao lamento do registo da hipoteca ou a restituição do depósi-
Tribunal para junção ao processo. to ou objectos penhorados ou ainda, que se declare extin-
3. O não comparecimento injustificado do suspeito ta a responsabilidade do fiador.
deverá ser comunicado ao Tribunal decorridos cinco dias, 3. Se decorridos noventa dias, após notificação
para a apreciação. pessoal efectuada para esse fim, não forem reclamados os
objectos penhorados ou a restituição do depósito já can-
Artigo 166.° celados, será decretada a sua perda a favor do Estado
Caução com o mesmo destino referido no n° 3 do artigo 168°.

1. Se o crime imputado for punível com pena Artigo 170.°


de prisão superior a dois anos o juiz pode impor ao Proibição de saída do país
arguido a obrigação de prestar caução.
2. O montante da caução dependerá da condição 1. Se houver fortes indícios da prática de crime
sócio-económica do arguido, do dano causado, da gravi- doloso punível com pena de prisão superior a três anos o
dade da conduta criminosa e dos objectivos de natureza juiz pode proibir a saída do agente do país e determinar a
cautelar a prosseguir apreensão do passaporte ou passaportes de que seja titu-
3. A caução pode ser prestada por depósito no lar.
Banco Central de S. Tomé e Príncipe, por hipoteca, por 2. Sempre que o juiz determinar a medida de
penhor ou por fiança bancária ou pessoal, nos termos a coacção prevista no número anterior comunicará imedia-
determinar pelo juiz. tamente tal medida às autoridades de fronteira.
4. A prestação de caução processa-se por apenso.
5. Posteriormente à prestação da caução esta pode Artigo 171.°
ser reforçada ou modificada se novas circunstâncias o Prisão preventiva
justificarem ou exigirem.
1. Para além da ocorrência de um dos requisitos
previstos no artigo 161°, a aplicação da prisão preven-
tiva, enquanto medida de coacção de natureza excepcio-
nal, depende da verificação cumulativa dos seguintes
pressupostos:
a) Fortes indícios da prática de crime doloso puní- Artigo 174.°
vel com pena de prisão superior a três anos; Revogação da prisão preventiva
b) lnadequação ou insuficiência de qualquer outra
medida prevista na lei. A requerimento ou oficiosamente, o juiz revoga a pri-
2. A-}lrisãopreventiva também pode ser aplicada a são preventiva e determina a liberdade do arguido, quan-
quem penetrar ou permanecer irregularmente em territó- do verificar que foi aplicada fora dos casos e das condi-
rio nacional ou contra quem correr processo de extradi- ções previstas na lei ou quando tiverem deixado de
ção ou expulsão, nos termos a regular por lei específica. subsistir as circunstâncias que a determinaram.
3. Antes ou depois da aplicação da prisão preven-
tiva o arguido assistido por defensor, deve ser presente ao
juiz para poder contraditar os pressupostos da referida Artigo 175.°
medida. Suspensão da prisão preventiva
4. Quem sofrer de anomalia psíquica e verificados
os requisitos de aplicação da prisão preventiva e enquan ... 1. Por razões de doença grave, pucrpério ou gravi..
to subsistir essa anomalia, será submetido pelo juiz a dez, a prisão preventiva pode ser suspensa pelo período
internamento preventivo em hospital adequado enquanto que o juiz considerar necessário em função da duração
tal medida provisória se mostrar necessária. possível daquelas circunstâncias.

Artigo 172.°
Duração da prisão preventiva 2. Durante a suspensão, a prisão preventiva pode
ser substituída por outra medida de coacção nos termos
1. A prisão preventiva não poderá ultrapassar des- gerais que se revelarem adequadas ao seu estado e com-
de o seu inicio: patível com ele.
a) Três meses até à conclusão da instrução prepa-
ratória; Artigo 176.°
b) Cinco meses até à conclusão da instrução con- Substituição da prisão preventiva
traditória;
c) Sete meses até ao inicio da audiência de julga- 1. Na situação prevista no número 1.0 do artigo
mento; anterior e também no caso de o arguido sofrer de anoma-
d) Nove meses sem que haja decisão final com lia psíquica grave que se não manifeste continuamente, o
trânsito em julgado. juiz poderá, a titulo excepcional, em substituição da
2. Os prazos anteriormente referidos são elevados prisão preventiva ordenar o internamento hospitalar, com
de um terço (1/3) quando o processo se revelar de excep- ou sem vigilância policial.
cional complexidade ou tiverem de ser efectuadas dili- 2. Quando ocorrer atenuação das exigências caute-
gências instrutórias em território estrangeiro, devendo ser lares que determinaram a aplicação da prisão preventiva
proferido, pelo juiz, despacho devidamente fundamenta- o juiz oficiosamente e ou a requerimento substitui-a por
do a declarar a especial complexidade, do qual cabe outra medida menos gravosa ouvidos o Ministério Públi-
recurso, com efeito devolutivo, subida imediata e em co e o arguido.
separado, processado nos termos gerais.
3. Os prazos anteriormente referidos são ímprorro- Artigo 177. 0

gáveis e, antes de ultrapassados se não for previsível o Extinção da prisão preventiva


seu cumprimento, o arguido terá de ser posto em liberda-
de, excepto se dever ficar preso à ordem de outro proces- 1. A prisão preventiva extingue-se de imedia-
so, caso em que deve ser ordenado o desligamento. to:
4. Para efeitos de contagem dos prazos anterior- a) Com o arquivamento do processo em conse-
mente referidos, considera-se como prisão preventiva o quência da não dedução de acusação ou pronúncia ou por
tempo de detenção sofrido, bem como o internamento em qualquer outra causa que fundamente a extinção do pro-
substituição daquela medida. cedimento criminal;
b) Com a sentença absolutória, independente-
Artigo 173.° mente do trânsito em julgado;
Reexame das condições de aplicação da prisão pre- c) Com o trânsito em julgado, se a pena aplicada
ventiva não for superior à prisão preventiva já sofrida.
2. A extinção da prisão preventiva implica a soltu-
Após audição do Ministério Público e do arguido, o ra imediata do arguido.
juiz, oficiosamente, reexamina os pressupostos fácticos e
jurídicos da prisão preventiva, ou da obrigação de per-
manência na habitação, no prazo máximo de noventa
(90) dias a contar da data da sua aplicação ou do último
reexame.
.:Jj<ÍNC1PE - DiARIO DA REPÚBLICA

Artigo 178.0 preso, que o remete ao Supremo Tribunal de Justiça no


Desconto da prisão preventiva e da detenção prazo de vinte e quatro horas com as informações relati-
vas às circunstâncias que determinaram a prisão e se esta
1. A detenção e prisão preventiva sofrida no pro- se mantém.
cesso em que se for condenado são descontadas no cum- 2. Recebido o requerimento o Presidente do
primento da pena de prisão aplicada. Supremo Tribunal de Justiça ordena a notificação do
2. Se na condenação for aplicada apenas pena de Ministério Público e do defensor constituído ou nomeado
multa, a prisão preventiva é descontada à razão de um dia para o efeito, para em quarenta e oito horas, se pronun-
de multa por um dia de prisão. ciar.
3. Se a condenação respeitar a pena de multa em 3. No prazo de sete dias a contar da recepção do
quantia será efectuado o desconto que parecer equitativo requerimento, efectuadas as diligências necessárias, será
pela prisão preventiva sofrida. proferida decisão relativa ao requerimento apresentado.
4. A decisão é da competência do Pleno do
Artigo 179.° Supremo Tribunal de Justiça.
Substituição de outras medidas de coacção 5. Se o Supremo Tribunal de Justiça julgar a peti-
ção de habeas corpus manifestamente infundada, conde-
1. É correspondentemente aplicável às demais na o peticionante numa quantia de 250.000 a 2.500.000
medidas de coacção o disposto no n.? 2 do artigo 175.° e dobras.
artigo 176.°.

rt 2. Em caso de violação das obrigações impostas


por aplicação de uma medida de coacção podem impor-
Artigo 183.°
Cumprimento da decisão
se outra, ou outras, ou substituir-se a inicial, conforme as
circunstâncias. Se o Supremo Tribunal de Justiça decretar a ilegalida-
de da prisão comuníca-o imediatamente à entidade a
Artigo 180.° ordem de quem se encontrar o detido que deve ordenar a
Recurso das medidas aplicadas imediata libertação, sob pena de responsabilidade crimi-
nal.
1. Excepto o termo de identidade e residência, as
demais medidas de coacção são impugnáveis mediante Secçãoll
recurso. Das medidas de garantia patrimonial
2. O recurso deve ser interposto no prazo de 15
dias, tem efeito devolutivo, sobe imediatamente, em Artigo 184.°
separado e processa-se como os agravos em matéria Caução económica
cível.
1. Havendo fundado receio de que faltem ou dimi-
Artigo 181.° nuam substancialmente as garantias de pagamento de
Haheas corpus por prisão ilegal pena pecuniária, do imposto de justiça, ou de qualquer
outra dívida para com o Estado e relacionada com o
1. Qualquer pessoa que se encontrar ilegalmente processo crime, será ordenada, oficiosamente ou a reque-
presa pode requerer ao Supremo Tribunal de Justiça por rimento, a prestação de caução económica pelo responsá-
si ou por qualquer cidadão no gozo dos seus direitos vel.
políticos e civis, que lhe seja concedida a providência de 2. A caução económica mantém-se distinta e autó-
"habeas corpus". noma da caução referida no artigo 166°, processa-se por
2. A ilegalidade da prisão preventiva deve fundar- apenso e subsiste até à decisão final absolutória ou' até
se no facto de: extinção das obrigações.
a) Ter sido efectuada ou ordenada por entidade 3. O responsável civil apenas presta caução eco-
incompetente; nómica em função do provável valor a pagar a titulo de
b) Ser motivada por facto pelo qual a lei não per- indemnização.
mita a sua aplicação;
c) Mostrarem-se ultrapassados os prazos máximos Artigo 185.°
de duração; Arresto preventivo
d) Não ter sido efectuado no prazo legalmente
estipulado o reexame referido no artigo 173°. 1. Se não for prestada a caução económica
imposta nos termos do artigo anterior pode-se decretar o
Artigo 182.° arresto em sua substituição conforme regula a lei proces-
Tramitação do incidente sual civil, o qual é processado por apenso.
2. O arresto referido nesta norma pode ser decre-
1. O requerimento é elaborado em duplicado diri- tado mesmo em relação a comerciante.
gido ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e 3. Prestada a caução económica inicialmente
apresentado à autoridade à ordem de quem se encontra o imposta é obrigatória a revogação do arresto.
pelos tratados e convenções internacionais e, na sua falta
Artigo 186.° ou insuficiência, pelo disposto em lei especial e ainda
Competência para aplicação pelas disposições deste capítulo.

1. A aplicação das medidas de garantia patri- Artigo 191.°


monial é da ç.9mpetência do juiz do respectiyo processo Rogatórias ao estrangeiro
crime.
2. Têm legitimidade para requerer a prestação de 1. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, as
medida de garantia patrimonial o Ministério Público, o rogatórias às autoridades estrangeiras são entregues ao
assistente ou o lesado com a prática do crime. Ministério Público para expedição.
2. As rogatórias às autoridades estrangeiras só são
passadas quando a autoridade judiciária competente
Secção IV entender que são necessárias à prova de algum facto
Da indemnização por privação da liberdade ilegal essencial para a acusação ou para a defesa.
ou injustificada
Artigo 192.°
Artigo 187.° Recepção e cumprimento de rogatórias de autori-
Modalidades dades estrangeiras

1. Quem tiver sofrido detenção ou prisão pre- 1. As rogatórias são recebidas por qualquer via,
ventiva manifestamente ilegal pode requerer perante o competindo ao Ministério Público promover o seu cum-
Tribunal competente, indemnização pelos danos sofridos primento.
com a privação da liberdade. 2. A decisão de cumprimento das rogatórias dirigi-
2. O disposto no número anterior aplica-se a quem das a autoridades judiciárias são-tomenses, cabe ao juiz
tiver sofrido prisão preventiva que, não sendo ilegal nas fases de instrução contraditória e julgamento e ao
venha a revelar-se injustificada por erro grosseiro na Ministério Público na fase de instrução preparatória,
apreciação dos pressupostos de facto ou de direito de que excepto se o acto rogado for da competência do juiz.
dependia, excepto se o preso tiver concorrido, por qual- 3. Recebida a rogatória que não deva ser cumprida
quer forma, para esse erro. pelo Ministério Público, é-lhe dada vista para opor ao
cumprimento o que julgar conveniente.
Artigo 188.°
Prazo e legitimidade Artigo 193.°
Recusa do cumprimento de rogatórias
1. O pedido de indemnização tem de ser proposto
no prazo de um ano após a libertação do interessado ou 1. O cumprimento de rogatórias é recusado nos
da decisão definitiva do processo. casos seguintes:
2. O direito à indemnização fundado nos factos a) Quando a autoridade judiciária rogada não tiver
descritos no artigo anterior transmite-se por morte do competência para a prática do acto;
injustificadamente privado de liberdade. b) Quando a solicitação se dirigir a acto que a lei
proíba ou que seja contrário à ordem pública são-
Artigo 189.° tomense;
Conceito de funcionário c) Quando a execução da rogatóriafor atentatóna
da soberania ou da segurança do Estado;
Para efeitos deste Código o conceito de funcionário d) Quando o acto implicar execução de decisão de
abrange tanto o funcionário civil, como o agente admi- tribunal estrangeiro sujeita a revisão e confirmação e a
nistrativo, bem como os titulares de cargos judiciais ou decisão se não mostrar revista e confirmada.
policiais. 2. No caso a que se refere a alínea a) do número
anterior, a autoridade judiciária rogada envia a rogatória
CAPÍTULO IV à autoridade judiciária competente, se esta for são-
Relações com autoridades estrangeiras e entidades tomense.
judiciárias internacionais
Artigo 194.°
Artigo 190.° Cooperação com entidades judiciárias internacio-
Prevalência dos acordos e convenções internacio- nais
nais
O disposto no artigo 190° aplica-se, com as devidas
As rogatórias, a extradição, a delegação do procedi- adaptações, à cooperação com entidades judiciárias
mento penal, os efeitos das sentenças penais estrangeiras internacionais estabelecidas no âmbito de tratados ou
e as restantes relações com as autoridades estrangeiras convenções que vinculem o Estado São-tomense.
relativas à administração da justiça penal são reguladas
597

CAPÍTULO V natureza, hipnose ou utilização de meios cruéis ou enga-


Da prova nosos;
b) Perturbação, por qualquer meio, da capacida-
Secção I de de memória ou avaliação;
Disposições gerais c) Utilização da força, fora dos casos e dos limites
permitidos pela lei;
Artigo 195.° d) Ameaça com medida legalmente inadmissível
Meios de prova e, bem assim, com denegação ou condicionamento da
obtenção de beneficio legalmente previsto;
1. Constituem objecto da prova todos os factos e) Promessa de vantagem legalmente inadmissí-
juridicamente relevantes para a existência ou inexistência vel.
do crime, a punibilidade ou não punibilidade do arguido 2. Ressalvados os casos previstos na lei, são
e a determinação da pena ou da medida de segurança igualmente nulas, não podendo ser consideradas, as pro-
aplicáveis. vas obtidas mediante intromissão na vida privada, no
2. Se tiver lugar pedido cível, constituem igual- domicilio, na correspondência ou nas telecomunicações
mente objecto da prova os factos relevantes para a sem o consentimento do respectivo titular.
determinação da responsabilidade civil. 3. Se o uso dos métodos de obtenção de prova
previstos neste artigo constituir crime, podem, aquelas,
Artigo 196.° ser utilizadas com o fim exclusivo de proceder contra os
Meios de prova admissíveis agentes do mesmo.

1. O corpo de delito pode fazer-se por qualquer Artigo 200.°


meio de prova admitido em direito. Livre apreciação da prova
2. Servirão de corpo de 'delito os autos a que se
refere o artigo 144° e nos exactos termos aí referidos. Salvo quando a lei dispuser diferentemente, a prova é
3. Nos crimes de falsidade, quando ela tiver sido apreciada segundo as regras da experiência e da livre
julgada provada em qualquer processo não penal, prece- convicção da entidade competente.
dido de exame, o corpo de delito será constituído pela
certidão do exame e da sentença. Secção II
Da prova testemunhal
Artigo 197.°
Confissão Artigo 201.°
Objecto e limites do depoimento
1. A confissão do arguido desacompanhada de
quaisquer outros elementos de prova não vale como 1. A testemunha é inquirida sobre factos de que
corpo de delito. possua conhecimento directo e que constituam objecto da
2. Ainda que o arguido tenha confessado o crime, prova.
o magistrado deverá proceder a todas as diligências para 2. Salvo quando a lei dispuser diferentemente,
o apuramento da verdade, devendo investigar, com todos antes do momento de o tribunal proceder à determinação
os elementos de que dispuser, se a confissão é ou não da pena ou da medida de segurança aplicáveis, a inquiri-
verdadeira. ção sobre factos relativos à personalidade e ao carácter
do arguido, bem como às suas condições pessoais c à sua
Artigo 198.° conduta anterior, só é permitida na medida estritamente
Legalidade da prova indispensável para prova de elementos constitutivos do
crime, nomeadamente da culpa do agente, ou para a apli-
São admissíveis as provas que não forem proibidas cação de medida de coacção ou de garantia patrimonial.
por lei.
Artigo 202.°
Artigo 199.° Depoimento indirecto
Métodos proibidos de prova
1. Se o depoimento resultar do que se ouviu dizer a
1. São nulas, não podendo ser utilizadas, as pro- pessoas determinadas, o juiz pode chamar estas a depor.
vas obtidas mediante tortura, coacção ou, em geral, ofen- Se o não fizer, o depoimento produzido não pode, naque-
sa da integridade fisica ou moral das pessoas. la parte, servir como meio de prova, salvo se a inquirição
2. são ofensivas da integridade fisica ou moral das pessoas indicadas não for possível por morte, anoma-
das pessoas, as provas obtidas, mesmo que com o con- lia psíquica superveniente ou impossibilidade de serem
sentimento delas, mediante: encontradas.
a) Perturbação da liberdade de vontade ou de 2. O disposto no número anterior aplica-se ao caso
decisão através de maus tratos, em que o depoimento resultar da leitura de documento da
ofensas corporais, administração de meios de qualquer autoria de pessoa diversa da testemunha.
3. Não pode, em caso algum, servir como meio de Artigo 206°
prova o depoimento de quem recusar ou não estiver em Recusa de parentes e afins
condições de indicar a pessoa ou a fonte através das quais
tomou conhecimento dos factos. 1. Podem recusar-se a depor como testemunhas:
a) Os descendentes, ascendentes, os irmãos, os
Artigo 293. o afins até ao segundo grau, os adoptantes, os adoptados e
Vozes públicas e convicções pessoais o cônjuge ou equiparado do arguido;
b) Quem tiver sido cônjuge ou equiparado do
1. Não é admissível como depoimento a reprodu- arguido, relativamente a factos ocorridos durante o casa-
ção de vozes ou rumores públicos. mento ou a coabitação.
2. A manifestação de meras convicções pessoais 2. A entidade competente para receber ° depoi-
sobre factos ou a sua interpretação só é admissível nos mento adverte, sob pena de nulidade, as pessoas referidas
casos seguintes e na estrita medida neles indicada: no número anterior da faculdade que lhes assiste de recu-
a) Quando for impossível cindi-la do sarem o depoimento.
depoimento sobre factos concretos;
b) Quando tiver lugar em função de qual- Artigo 207.°
quer ciência, técnica ou arte; Impedimentos
c) Quando ocorrer no estádio de determina-
ção da sanção. 1. Estão impedidos de depor como testemunhas:
a) O arguido e os co-arguidos no mesmo processo
ou em processos conexos, enquanto mantiverem aquela
Artigo 204.° qualidade;
Capacidade e dever de testemunhar b) As pessoas que se tiverem constituído assisten
tes, a partir do momento da constituição;
1. Qualquer pessoa que não se encontrar interdita c) As partes civis.
por anomalia psíquica tem capacidade para ser testemu-
nha e só pode recusar-se a depor nos casos previstos na 2. Em caso de separação de processos, os arguido!
lei. de um mesmo crime ou de um crime conexo poderr
2. O magistrado respectivo verifica a aptidão físi- depor como testemunhas, se nisso expressamente consen
ca ou mental de qualquer pessoa para prestar testemunho, tirem.
quando isso for necessário para avaliar da sua credibili-
dade e puder ser feito sem retardamento da marcha nor- Artigo 208.°
mal do processo. Declarantes
3. Tratando-se de depoimento de menor de dezas-
seis anos em crime sexual, pode ter lugar perícia sobre a As pessoas impedidas de depor como testemunha
personalidade. poderão ser ouvidas pelo tribunal, como declarantes, no
4. As indagações, referidas nos números anterio- termos do artigo 218°.
res, ordenadas anteriormente ao depoimento não impe-
dem que este se produza. Artigo 209.°
Segredo profissional
Artigo 205.°
Deveres gerais da testemunha 1 Os ministros de religião cu confissão religios:
os advogados, os médicos, os jornalistas, os membros d
1. Salvo quando a lei dispuser de forma diferente, instituições de crédito e as demais pessoas a quem a 11
incumbem à testemunha os deveres de: permitir ou impuser que guardem segredo profissioru
a) Se apresentar, no tempo e lugar devidos, à auto- podem escusar-se a depor sobre os factos abrangidos pc
ridade por quem tiver sido legitimamente convocada ou aquele segredo.
notificada, mantendo-se à sua disposição até por ela ser 2. Havendo dúvidas fundadas sobre a legitimidac
desobrigada; da escusa, o magistrado perante o qual o incidente !
b) Prestar juramento, quando ouvida por magistrado; tiver suscitado procede às averiguações necessárias. S
c) Obedecer às indicações que legitimamente lhe após estas, concluir pela ilegitimidade da escusa, orden
forem dadas quanto à forma de prestar depoimento; ou requer ao tribunal que ordene, a prestação do depo
d) Responder com verdade às perguntas que lhe forem mento.
dirigidas. 3. O Supremo Tribunal de Justiça ou, no caso c
2. A testemunha não é obrigada a responder a incidente se ter suscitado perante ele, o seu pleno, pOI
perguntas quando alegar que das respostas resulta a sua decidir da prestação de testemunho com quebra do segr
responsabilização penal. do profissional sempre que esta se mostre justificada fa
às normas e princípios aplicáveis da lei penal, nomead
mente, face ao princípio da prevalência do interesse pt
,7·..., I '

599

ponderante. A intervenção é suscitada pelo juiz, oficio- documento que puder servir de prova, faz-se menção da
samente ou a requerimento. sua apresentação e junta-se ao processo ou guarda-se
4. O disposto no número anterior não se devidamente.
aplica ao segredo religioso.
5. Nos casos previstos nos números 2 e 3, a deci- Artigo 213. 0

são do tribunal é tomada ouvido o organismo representa- Imunidades e prerrogativas


tivo da profissão relacionada com o segredo profissional
em causa, nos termos e com os efeitos previstos na legis- 1. Têm aplicação em processo penal todas
lação a que esse organismo seja aplicável. as imunidades e prerrogativas estabelecidas na lei quanto
ao dever de testemunhar e ao modo e local de prestação
Artigo 210.° dos depoimentos.
Segredo de funcionários 2. Fica assegurada a possibilidade de reali-
zação do contraditório legalmente admissível no caso.
1. Os funcionários não podem ser inquiridos sobre
factos que constituam segredo e de que tiverem tido Secçãoll
conhecimento no exercício das suas funções. Das declarações do arguido, do assistente e das
2. É correspondentemente aplicável o disposto nos partes civis
números 2° e 3° do artigo anterior.
Artigo 214.°

I Declarações do arguido: regras gerais

Artigo 211.° 1. Sempre que o arguido prestar declarações, e


Segredo de Estado ainda que se encontre detido ou preso, deve encontrar-se
livre na sua pessoa, salvo se forem necessárias cautelas
1. As testemunhas não podem ser inquiridas sobre para prevenir o perigo de fuga ou actos de violência.
factos que constituam segredo de Estado. 2. Às declarações do arguido é correspondente-
2. O segredo de Estado a que se refere o presente mente aplicável o disposto nos artigos 20I,O e 212°, salvo
artigo abrange, nomeadamente, os factos cuja revelação, quando a lei aplicável dispuser de forma diferente.
ainda que não constitua crime, possa causar dano à segu- 3. O arguido não presta juramento em caso algum.
rança, interna ou externa do Estado São-tomense ou à
defesa da ordem constitucional. Artigo 215.°
3. Se a testemunha invocar segredo de Estado, Primeiro interrogatório pelo juiz de arguido detido
deve este ser confirmado, no prazo de trinta dias, por
intermédio o Ministro da Justiça. Decorrido este prazo 1. O arguido detido que não deve de imediato ser
sem a confirmação ter sido obtida o testemunho deve ser julgado em processo sumário, é interrogado pelo juiz
prestado. competente, no prazo máximo de quarenta e oito horas
após a detenção, logo que lhe for presente com a indica-
Artigo 212.° ção dos motivos da detenção e das provas que a funda-
Regras sobre a inquirição mentam.
2. O interrogatório é feito exclusivamente pelo
1. O depoimento é um acto pessoal que não pode, juiz, com a presença do Ministério Público e do defensor
em caso algum, ser feito por intermédio de procu .•rador. constituído, ou, plli.~ o acto nomeado, estalido piesente o
2. Às testemunhas não devem ser feitas perguntas funcionário de justiça. Não é admitida a presença de
sugestivas ou impertinentes, nem quaisquer outras que qualquer outra pessoa, a não ser que, por motivo de segu-
possam prejudicar a espontaneidade e a sinceridade das rança, o detido deva ser guardado à vista.
respostas. 3. O arguido é perguntado pelo seu nome, filiação,
3. A inquirição deve incidir, primeiramente, sobre lugar e distrito de naturalidade, data de nascimento, esta-
os elementos necessários à identificação da testemunha, do civil, profissão, residência, número de documento
sobre as suas relações de parentesco e de interesse com o oficial que permita a identificação, se já esteve alguma
arguido, o ofendido, o assistente, as partes civis e com vez preso, quando e porquê e se foi ou não condenado e
outras testemunhas, bem como sobre quaisquer circuns- por que crimes. Deve ser advertido de que a falta de
tâncias relevantes para a avaliação da credibilidade do resposta a estas perguntas ou a falsidade da mesma o
depoimento. Seguidamente, se for obrigada a juramento, pode fazer incorrer em responsabilidade criminal.
deve prestá-lo, após o que depõe nos termos e dentro dos 4. Seguidamente o juiz informa o arguido deta-
limites legais. lhadamente dos motivos da detenção e de que, sobre os
4. Quando for conveniente, podem ser mostradas factos que lhe são imputados, não é obrigado a prestar
às testemunhas quaisquer peças do processo, documentos quaisquer declarações.
que a ele respeitem, instrumentos com que o crime foi 5. Prestando declarações, o arguido pode confes-
cometido ou quaisquer outros objectos apreendidos. sar ou negar os factos ou a sua participação neles e indi-
5. Se a testemunha apresentar algum objecto ou car as causas que possam excluir a ilicitude ou a culpa,
--~r=··-

bem como quaisquer circunstâncias que possam relevar Artigo 217.°


para a determinação da sua responsabilidade ou da medi- Interrogatório do arguido pelas polícias e outros
da da sanção. interrogatórios
6. Durante o interrogatório, o Ministério Público e
o defensor, sem prejuízo do direito de arguir nulidades, 1. Os subsequentes interrogatórios de arguido pre-
abstêm-se de.qualquer.ínteríerêncía, Findo o interrogató- so e os interrogatórios de arguido em liberdade são feitos
rio, podem requerer ao juiz que formule ao arguido as na instrução preparatória pelo Ministério Público e na
perguntas que entenderem convenientes para a descober- instrução contraditória e em julgamento pelo respectivo
ta da verdade. A decisão do juiz sobre o requerimento é juiz.
irrecorrível. 2. Durante a instrução, os interrogatórios a que se
7. Findo o interrogatório o juiz dá a palavra ao refere o número anterior podem ser feitos pelas autorida-
Ministério Público e ao defensor para se pronunciarem des policiais a quem o Ministério Público tenha delegado
sobre a detenção, os factos, as provas existentes nos a sua realização.
autos e as medidas de coacção a aplicar. 3. As autoridades policiais podem ouvir sumaria-
S. A requerimento do Ministério Público ou do mente o detido mas não podem interrogá-lo antes de o
arguido e para efeitos de apresentação de outros elemen- mesmo ser presente ao juiz nos termos do artigo 215°.
tos relevantes de natureza probatória para a decisão a
tomar, pode a decisão :final ser proferida posteriormente, Artigo 218.°
sendo interrompido o interrogatório, pelo prazo máximo Declarações do assistente e das partes civis
de 48 horas. Neste caso o juiz decide de imediato sobre a
validação da constituição de arguido e da detenção, 1. Ao assistente e às partes civis podem ser toma-
podendo decretar provisoriamente a medida de coacção das declarações a requerimento seu, ou do arguido, ou
adequada. sempre que a autoridade que presidir à respectiva fase
9. Após o recomeço do interrogatório na data instrutória o entender conveniente.
agendada, o juiz decide, ponderando a sua pertinência, 2. O assistente e as partes civis ficam sujeitas ao
sobre a admissão ou rejeição dos elementos apresentados, dever de verdade e a responsabilidade penal pela sua
após o que profere despacho fundamentado sobre as violação.
medidas de coacção a aplicar. 3. A prestação de declarações pelo assistente e
10. O defensor tem direito insuprivel a comunicar pelas partes civis fica sujeita ao regime da prestação da
com o arguido previamente ao inicio do interrogatório, prova testemunhal salvo no que for manifestamente ina-
por período não inferior a uma hora. No decurso do inter- plicável e no que a lei dispuser diferentemente.
rogatório o defensor pode ainda requerer reunir com o
arguido, em particular, caso o considere conveniente para Secção IV
assegurar a defesa. Da prova por acareação
11. O primeiro interrogatório de arguido detido é
documentada em acta, da qual devem constar todas as Artigo 219.°
ocorrências havidas durante a mesma. Pressupostos e procedimento

Artigo 216.° 1. É admissível acareação entre co-arguidos, entre


Primeiro interrogatório pelo Ministério Público de o arguido e o assistente, entre testemunhas ou entre estas,
arguido detido o arguido e o assistente, sempre que houver contradição
entre as suas declarações, e, a diligência se afigurar útil à
1. O arguido detido que não for interrogado pelo descoberta da verdade.
juiz em acto seguido à detenção é apresentado ao Minis- 2. O disposto no número anterior é corresponden-
tério Público da área em que a detenção tiver ocorrido, temente aplicável às partes civis.
podendo este ouvi-lo sumariamente. 3. A acareação tem lugar oficiosamente ou a
2. O interrogatório obedece, na parte aplicável, ao requerimento.
disposto no artigo anterior. 4. A entidade que presidir à diligência, após
3. Após o interrogatório sumário, o Ministério reproduzir as declarações, pede às pessoas acareadas que
Público, se não libertar o arguido, providencia para que as confirmem ou modifiquem e, quando necessário, que
ele seja presente ao juiz, nos termos do artigo anterior e contestem as das outras pessoas, formulando-lhes em
156°. seguida as perguntas que entender convenientes para o
4. Nos casos de terrorismo, criminalidade violenta esclarecimento da verdade.
ou altamente organizada, o Ministério Público pode
determinar que o detido não comunique com pessoa
alguma, salvo com o defensor, antes do primeiro interro-
gatório judicial.
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Secção V 3. É correspondentemente aplicável o disposto


Prova por reconhecimento nos artigos 2200e 221°.

Artigo 220.° Secção VI


Reconhecimento de pessoas Da reconstituição do facto

1. Quando houver necessidade de proceder ao Artigo 223.°


reconhecimento de qualquer pessoa, solicita-se à pessoa Pressupostos e procedimento
que deva fazer a identificação que a descreva, com a
indicação de todos os pormenores de que se recorda, os 1. Quando houver necessidade de determinar se
quais devem ser exarados no auto. Em seguida, é-lhe um facto poderia ter ocorrido de certa forma, é admissí-
perguntado se já a tinha visto antes e em que condições. vel a sua reconstituição. Esta, consiste na reprodução tão
Por último, é interrogada sobre outras circunstâncias que fiel quanto possível, das condições em que se afirma ou
possam influir na credibilidade da identificação. se supõe ter ocorrido o facto, e na repetição do modo de
2. Se a identificação MO for cabal, afasta-se quem realização do mesmo.
dever proceder a ela e chamam-se, pelo menos, duas 2. O despacho que ordenar a reconstituição do
pessoas que apresentem as maiores semelhanças possí- facto deve conter uma indicação sucinta do seu objecto,
veis, inclusive de vestuário, com a pessoa a identificar. do dia, hora e local em que ocorrerão as diligências e da
Esta última é colocada ao lado delas, devendo, se possí- forma da sua efectivação, eventualmente com recurso a
vel, apresentar-se nas mesmas condições em que poderia meios audiovisuais. No mesmo despacho pode ser desig-
ter sido vista pela pessoa que procede ao reconhecimen- nado perito para a execução de operações determinadas.
to. Esta é então chamada e perguntada sobre se reconhece . 3. A publicidade da diligência deve, na medida do
algum dos presentes e, em caso afirmativo, qual. possível, ser evitada.
3. Se houver razão para crer que a pessoa chama-
da a fazer a identificação pode ser intimidada ou pertur- Secção vn
bada pela efectivação do reconhecimento e este não tiver Da prova pericial
lugar em audiência, deve o mesmo efectuar-se, se possí-
vel, sem que aquela pessoa seja vista pelo identificando. Artigo 224.°
4. É admissível o reconhecimento efectuado por Quando tem lugar
fotografia, filme ou gravação, cumpridos os formalismos
legais. A prova pericial tem lugar quando a percepção ou
5. O reconhecimento que não obedecer ao dispos- apreciação dos factos exigirem especiais conhecimentos
to neste artigo não tem valor como meio de prova. técnicos, científicos ou artisticos.

Artigo 221.° Artigo 225.°


Reconhecimento de objectos Quem a realiza

1. Quando houver necessidade de proceder ao 1. A perícia é realizada em estabelecimento, labo-


reconhecimento de qualquer objecto relacionado com o ratório ou serviço oficial apropriado ou, quando tal não
crime, procede-se de harmonia com o disposto no n° 1 do for possível ou conveniente, por perito nomeado de entre
artigo anterior, em tudo o que for correspondentemente pessoas constantes de listas de peritos existentes em cada
aplicável. tribunal, ou, !13 sua falta ou impossibilidade de resposta
2. Se o reconhecimento deixar dúvidas, junta-se o em tempo útil, por pessoa de honorabilidade e de reco-
objecto a reconhecer, com pelo menos, outros dois seme- nhecida competência na matéria em causa.
lhantes e pergunta-se à pessoa se reconhece algum de 2. Quando a perícia se revelar de especial com-
entre eles, e,' em caso afirmativo, qual. plexidade ou exigir conhecimentos de matérias distintas,
3. É correspondentemente aplicável o disposto no pode ela ser deferida a vários peritos funcionando em
nO5 do artigo anterior. moldes colegiais ou interdisciplinares.

Artigo 222.° Artigo 226.°


Pluralidade de reconhecimento Desempenho da função de perito

1. Quando houver necessidade de proceder ao 1. O perito é obrigado a desempenhar a função


reconhecimento da mesma pessoa ou do mesmo objecto para que tiver sido competentemente nomeado, sem
por mais de uma pessoa, cada uma delas fá-lo separada- prejuízo do disposto no artigo 95° e no número seguinte.
mente, impedindo-se a comunicação entre elas. 2. O perito nomeado pode pedir escusa com base
2. Quando houver a necessidade de a mesma pes- na falta de condições indispensáveis para a realização da
soa reconhecer várias pessoas ou vários objectos, o reco- perícia e pode ser recusado, pelos mesmos fundamentos,
nhecimento é feito separadamente para cada pessoa ou pelo Ministério Público, pelo arguido, pelo assistente ou
cada o1:>je·:to. pelas partes civis, sem prejuízo, porém, da realização da
perícia se for mgL;;'l:.:, 01.. houver perigo na demora, tos quando a sua existência se revelar conveniente.
3. O perito pode ser substituído pelo magistrado 2. O magistrado assiste, sempre que possível e
que o tiver nomeado quando não apresentar o relatório no conveniente, à realização da perícia, podendo permitir
prazo fixado ou quando desempenhar de forma negligen- também a presença do arguido e do assistente, salvo se a
te o encargo que lhe foi cometido. A decisão de substi- perícia for susceptível de ofender o pudor.
tuição do pgito é irrecorríve1. 3. Se os peritos carecerem de quaisquer diligên-
4. Operada a substituição, o substituído é notifica- cias ou esclarecimentos, requerem que essas diligências
do para comparecer perante o magistrado competente e se pratiquem ou esses esclarecimentos lhes sejam forne-
expor as razões por que não cumpriu o encargo. Se aque- cidos, para tanto lhes podendo ser mostrados quaisquer
la considerar existente grosseira violação dos deveres que actos ou documentos do processo.
ao substituído incumbiam, o juiz, oficiosamente ou a 4. Os elementos que ao perito forem comunicados
requerimento, condena-o ao pagamento de uma soma para cabal exercicio da sua função, não podem ser utili-
entre 500.000 e 5.000.000 dobras. zados para prova do facto ou de quem foi o seu agente.

Artigo 227. 0
Artigo 230.0
Despacho que ordena a perícia Relatório pericial

1. A pericia é ordenada oficiosamente ou a reque- 1. Finda a perícia, os peritos procedem à elabora-


rimento, por despacho do magistrado titular do processo, ção de um relatório, no qual mencionam e descrevem as
contendo o nome dos peritos e a indicação sumária do suas respostas e conclusões devidamente fundamentadas
objecto da perícia, bem como, precedendo audição dos e que não podem ser contraditadas. Aos peritos podem.
peritos, se possivel, a indicação do dia, hora e local em porém. ser pedidos esclarecimentos pelo magistrado
que se efectivará. titular do processo, pelo arguido, pelo assistente pelas
2. O despacho é notificado ao Ministério Público, partes civis e pelos consultores técnicos.
quando este não for o seu autor, ao arguido, ao assistente 2. O relatório, elaborado logo em seguida à reali-
e às partes civis, com a antecedência miníma de três dias zação da perícia, pode ser ditado para o auto.
sobre a data indicada para a realização da perícia. 3. Se o relatório não puder ser elaborado logo em
3. Ressalvam-se do disposto no número anterior seguida à realização da perícia, é marcado um prazo, não
os casos: superior a trinta dias, para a sua apresentação. Em caso
a) Em que a perícia tiver lugar no decurso da de especial complexidade, o prazo pode ser prorrogado, a
instrução preparatória e o Ministério Público tiver razões requerimento fundamentado dos peritos, por mais trinta
para crer que o conhecimento dela ou dos seus resulta- dias.
dos, pelo arguido, pelo assistente ou pelas partes civis 4. Se o conhecimento dos resultados da perícia
poderia prejudicar as finalidades da instrução; não for indispensável para o juízo sobre a acusação ou
b) De urgência ou de perigo de demora. sobre a pronúncia, pode o magistrado competente autori-
zar que o relatório seja apresentado até à abertura da
Artigo 228.0 audiência.
Consultores técnicos 5. Se a perícia for realizada por mais de um perito
e houver discordância entre eles, apresenta cada um o seu
1. Ordenada a perícia, o Ministério Público, o relatório, o mesmo sucedendo na perícia interdisciplinar.
arguido, o assistente e as partes civis podem designar Tratando-se de perícia colegial, pode haver lugar a opi-
para assistir à realização da mesma, se isso ainda for
possível, um consultor técnico da sua confiança.
2. O consultor técnico pode propor a efectivação Artigo 231.0
de determinadas diligências e formular observações e Esclarecimentos e nova perícia
objecções, que ficam a constar do auto.
3. Se o consultor técnico for designado após a rea- Em qualquer altura do processo pode o magistrado
lização da perícia, pode, salvo no caso previsto da alínea competente determinar, oficiosamente ou a requerimento,
a) do na 3 do artigo anterior, tomar conhecimento do quando isso se revelar de interesse para a descoberta da
relatório. verdade, que:
4. A designação de consultor técnico e o desem- a) Os peritos sejam convocados para prestarem
penho da sua função não podem atrasar a realização da esclarecimentos complementares, devendo ser-lhes
perícia e o andamento normal do processo. comunicados o dia, hora e o local em que se efectivará a
diligência; ou
Artigo 229.0 b) Seja realizada nova perícia ou renovada a perí-
Procedimento cia anterior a cargo de outro ou outros peritos.

1. Os peritos prestam compromisso, podendo o


magistrado competente, oficiosamente ou a requerimento
dos peritos ou dos consultores técnicos, formular quesi-
, --_.üe ---~
?I;'j f) 5.40 TOMÉ E PRÍNCIPE - DrAFJO DA REPUBLICA 603

Artigo 232,°
Perícia médico-Iegal e psiquiátrica Artigo 236.°
Valor da prova pericial
1. A perícia relativa a questões médico-legais é
deferida a quaisquer médicos especialistas ou que desen- 1. O juizo técnico, cientifico ou artístico inerente
volvam, de forma continuada, actividades médico-legais à prova pericial presume-se subtraído à livre apreciação
ou apresentem para elas especial qualificação. do julgador.
2. O disposto no número anterior é corresponden- 2. Sempre que a convicção do julgador divergir do
temente aplicável à perícia relativa a questões psiquiátri- juizo contido no parecer dos peritos, deve aquele funda-
cas, na qual podem participar também especialistas em mentar a divergência.
psicologia e críminologia.
3. A perícia psiquiátrica pode ser efectuada a Secção VDI
requerimento de representante legal do arguido, do côn- Da prova documental
juge não separado judicialmente de pessoas e bens ou dos
descendentes, ou, na falta deles, dos ascendentes, adop- Artigo 237.°
tantes, adoptados ou da pessoa que viva com o arguido Admissibilidade
em condições análogas às dos cônjuges.
1. É admissivel prova por documento, entenden-
Artigo 233.° do-se por tal a declaração, sinal ou notação corporizada
Perícia sobre a personalidade em escrito ou qualquer outro meio técnico, nos termos da
lei penal.
1. Para efeito de avaliação da personalidade e da 2. A junção da prova documental é feita oficiosa-
perigosidade do arguido pode haver lugar a perícia sobre mente ou a requerimento, não podendo juntar-se docu-
as suas características especificas independentes de cau- mento que contiver declaração anónima, salvo se for, ele
sas patológicas, bem como sobre o seu grau de socializa- mesmo, objecto ou elemento do crime.
ção. A perícia pode relevar, nomeadamente, para a deci-
são sobre a revogação da prisão preventiva, a culpa do Artigo 238.°
agente e a determinação da sanção. Quando podem juntar-se documentos
2. Os peritos podem requerer informações sobre
os antecedentes críminais do arguido, se delas tiverem 1. O documento deve ser junto no decurso da ins-
necessidade. trução preparatória ou contraditória e, não sendo isso
possivel, deve sê-lo até ao encerramento da audiência,
Artigo 234.° 2. Fica assegurada, em qualquer caso, a possibili-
Destruição de objectos dade de contraditório, para realização do qual o tribunal
pode conceder um prazo não superior a oito dias.
Se os peritos, para procederem à perícia, precisarem 3. O disposto nos números anteriores é correspon-
de destruir, alterar ou comprometer gravemente a integri- dentemente aplicável a pareceres de advogados, de juris-
dade de qualquer objecto, pedem autorização para tal ao consulto ou de técnicos, os quais podem ser sempre jun-
magistrado titular do processo e que tiver ordenado a tos até ao encerramento da audiência.
perícia. Concedida a autorização, fica nos autos a descri-
ção exacta do objecto e, sempre que possiveI, a sua foto- Artigo 239.°
grafia; tratando-se de documento, fica a sua fotocópia, Documentos escritos em língua estrangeira ou pou-
devidamente autenticada co legíveis

Artigo 235.° Se os documentos forem escritos em lingua estrangei-


Remuneração de peritos ra, serão acompanhados de tradução oficial sempre que
se mostre necessário e, se a sua letra for pouco legível,
1. Sempre que a perícia for feita em estabeleci- será junta uma transcrição que os esclareça, e se for
mento ou por perito não oficial, a entidade que a tiver cifrado será submetida a uma perícia destinada a obter a
ordenado fixa a remuneração do perito, em função das sua decifração.
tabelas aprovadas pelo Ministério da Justiça ou, na sua
falta, tendo em atenção os honorários correntemente Artigo 240.°
pagos por serviços do género e do relevo dos que foram Valor probatório dos documentos autênticos e
prestados. autenticados
2. Em caso de substituição do perito, nos termos
do disposto no nO.3do art". 226, pode a entidade compe- 1. Consideram-se provados os factos materiais
tente determinar que não há lugar a remuneração para o constantes de documento autêntico ou autenticado
substituto. enquanto a autenticidade do documento ou a veracidade
3. Das decisões sobre remuneração cabe, confor- do seu conteúdo não forem fundadamente postas em
me os casos, recurso ou reclamação hierárquica. causa.
2. Todos os demais documentos são livremente ra, e devendo ser informado de que possui essa faculda-
apreciados pelo tribunal. de.

Artigo 241.° Artigo 244.°


Documento falso Pessoas no local do exame

1. O tribunal pode, oficiosamente ou a requeri- 1. O órgão policial ou a autoridade judiciária


mento declarar um documento junto aos autos como falso competente podem determinar que alguma ou algumas
nos termos e de acordo com o disposto nos artigos 104°a pessoas se não afastem do local do exame e obrigar, com
109°deste código. e auxilio da força pública, se necessário, as que pretende-
2. Do dispositivo relativo à falsidade de um documen- rem afastar-se a que nele se conservem enquanto o exa-
to pode recorrer-se autonomamente, nos mesmos termos me não terminar e a sua presença for indispensável.
em que se pode recorrer da parte restante da sentença. 2. É correspondentemente aplicável o disposto no
n? 4 do artigo 242.°.
CAPÍTULO VI
Dos Meios de Obtenção de Prova Secção fi
Das Revistas e Buscas
Secção I
Dos Exames Artigo 245.°
Pressupostos
na-
Artigo 242.°
Pressupostos 1. Quando houver indícios de que alguém oculta
na sua pessoa quaisquer objectos relacionados com um
1. Por meio de exames das pessoas, dos lugares e crime ou que possam servir de prova, é ordenada revista.
das coisas inspeccionam-se os vestígios que possam, ter 2. Quando houver indícios de que os objectos
deixado o crime e todos os indícios relativos ao modo referidos no número anterior, ou o arguido ou outra pes-
como e ao lugar onde foi praticado, às pessoas que o soa que deva ser detida, se encontram em lugar reservado
cometeram ou sobre as quais foi cometido. e não livremente acessível ao público, é ordenada busca.
2. Logo que houver notícia da prática de crime, 3. As revistas e as buscas são autorizadas ou
providencia-se para evitar, quando possível, que os seus ordenadas por despacho da Autoridade Judiciária compe-
vestígios se apaguem ou alterem antes de serem exami- tente, devendo esta, sempre que possível, presidir à dili-
nados, proibindo-se, se necessário, a entrada ou o trânsito gência.
de pessoas estranhas no local do crime ou quaisquer 4. O despacho previsto no número anterior tem
outros actos que possam prejudicar a descoberta da ver- um prazo de validade máxima de 30 dias, sob pena de
dade. nulidade.
3. Se os vestígios deixados pelo crime se encon- 5. Ressalvam-se das exigências contidas no núme-
trarem alterados ou tiverem desaparecido, descreve-se o ro anterior as revistas e as buscas efectnadas pela autori-
estado em que se encontram, os lugares e as coisas que dade policial nos casos:
possam ter existido, procurando-se, quanto possível, a) De terrorismo, criminalidade violenta
reconstituí-los e descrevendo-se o modo, o tempo e as ou altamente organizada, quando haja fundados indícios çãc
causas da alteração ou do desaparecimento. da prática iminente de crime que ponha em grave risco a
4. Enquanto não estiver presente no local a polícia vida ou a integridade de qualquer pessoa;
criminal competente ou o Magistrado, cabe a qualquer b) Em que os visados consintam desde
agente da autoridade tomar provisoriamente as providên- que o consentimento prestado fique, por qualquer forma,
cias referidas no n° 2, se de outro modo houver perigo documentados, ou;
iminente para a obtenção da prova. c) Aquando de detenção em flagrante por
crime a que corresponda pena de prisão.
Artigo 243.° 6. Nos casos referidos na alínea a) do número
Sujeição a exame anterior, a realização da diligência é, sob pena de nulida-
de, imediatamente comunicada ao juiz competente e por
1. Se alguém pretender eximir-se ou obstar a este apreciada em ordem à sua validação.
qualquer exame devido ou a facultar coisa que deva ser
examinada, pode ser compelido por decisão do Magistra- Artigo 246.°
do competente. Formalidades da busca
2. Os exames susceptíveis de ofender o pudor das
pessoas devem respeitar a dignidade e, na medida do 1. Antes de se proceder à busca é entregue, salvo
possível, o pudor de quem a eles se submeter. Ao exame nos casos do n." 5 do artigo anterior, a quem tiver a dis-
só assistem quem a ele proceder e o magistrado compe- ponibilidade do lugar em que a diligência se realiza,
tente, podendo o examinando fazer-se acompanhar de cópia do despacho que a determinou, no qual se faz men-
pessoa da sua confiança, se não houver perigo na demo- ção de que pr)(k ~~,,;.:\~ " diligência e fazer-se acompa-
!!!!!!!!~~~============
-lU de figOS/U de 20lU_ , í iUNClPE - D1ARIO DA REPÚBLICA

nhar ou substituir por pessoa da sua confiança e que se funcionário de justiça adstrito ao processo ou de um
apresente sem delonga. depositário, de tudo se fazendo menção no auto.
2. Faltando as pessoas referidas no número ante- 3. As apreensões são autorizadas, ordenadas ou
rior, a cópia é, sempre que possível, entregue a um paren- validadas por despacho do Ministério Público ou do juiz.
te, a um vizinho, ao porteiro ou a alguém que o substitua. 4. Os órgãos de polícia criminal podem efectuar
3. Juntamente com a busca ou durante ela pode apreensões no decurso de revistas ou de buscas ou quan-
proceder-se a revista de pessoas que se encontrem no do haja urgência ou perigo na demora.
lugar, se quem ordenar ou efectuar a busca tiver razões 5. As apreensões efectuadas por órgão de polícia
para presumir que se verificam os pressupostos no n. ° 1 criminal são sujeitas à validação pelo Ministério Público
do artigo 245.°. ou pelo juiz, no prazo máximo de setenta e duas horas.
6. Os titulares de bens ou direitos objecto de
Artigo 247.° apreensão podem requerer ao juiz a modificação ou
Busca domiciliária revogação da medida. Neste caso o incidente corre por
apenso ao respectivo processo.
1. A-Â busca em casa habitada ou numa sua depen-
4 7. Se os objectos apreendidos forem susceptíveis
dência fechada só pode ser ordenada ou autorizada pelo de ser declarados perdidos a favor do Estado e não per-
juiz e efectuada entre as 6 e as 18 horas, sob pena de tencerem ao arguido, a autoridade judiciária ordena a
nulidade insanável. presença do interessado e ouve-o. A autoridade judiciária
2. Nos casos referidos nas alíneas a) e c), n.? 4, do prescinde da presença do interessado quando esta não for
artigo 244.°, as buscas domiciliárias podem também ser possível.
ordenadas pelo Ministério Público ou ser efectuadas
pelas entidades policiais. É correspondentemente aplicá- Artigo 250.°
velo disposto no n." 6 do artigo 245.°. Apreensão de correspondência
3. Tratando-se de busca em escritório de advogado
ou em consultório médico, ela é, sob pena de nulidade, 1. Sob pena de nulidade, o juiz pode autorizar ou
presidida pessoalmente pelo juiz, o qual avisa previamen- ordenar, por despacho, a apreensão, mesmo nas estações
te o presidente da respectiva ordem profissional, ou enti- de correios e de telecomunicações, de cartas, encomen-
dades que as substituam, para que o mesmo, ou um seu das, valores, telegramas ou qualquer outra correspondên-
delegado, possa estar presente. cia, quando tiver fundadas razões para crer que:
4. Tratando-se de busca em estabelecimento oficial a) A correspondência foi expedida pelo suspeito ou
de saúde, o aviso a que se refere o número anterior é feito lhe é dirigida, mesmo que sob nome diverso ou através
ao presidente do conselho directivo ou de gestão do esta- de pessoa diversa;
belecimento ou a quem legalmente o substituir. b) Está em causa crime punivel com pena de prisão
superior a três anos;
Artigo 248. ° c) A diligência se revelará de grande interesse para
Formalidades da revista a descoberta da verdade ou para a prova.
2. É proibida, sob pena de nulidade, a apreensão e
1. Antes de se proceder a revista é entregue ao qualquer outra forma de controlo da correspondência
visado, salvo nos casos do n." 5 do artigo 245.°, cópia do entre o arguido e o seu defensor, salvo se o juiz tiver

c despacho que a determinou, no qual se faz menção de


que aquele pode indicar, para presenciar a diligência,
pessoa de süa confiança e que se apresente sem delongã.
fundadas razões para crer que aquela constitui objecto ou
elemento de um crime.
3. O juiz que tiver autorizado ou ordenado a dili-
2. A revista deve respeitar a dignidade pessoal e, gência é a primeira pessoa a tomar conhecimento do
na medida do possível, o pudor do visado. conteúdo da correspondência apreendida. Se a considerar
relevante para a prova, fá-la juntar ao processo; caso
Secçãoll contrário, restituí-a a quem de direito, não podendo ela
Das apreensões ser utilizada como meio de prova, e fica ligado por dever
de segredo relativamente àquilo de que tiver tomado
Artigo 249.° conhecimento e não tiver interesse para a prova.
Objectos susceptíveis de apreensão e pressupostos
desta Artigo 251. °
Apreensão em escritório de advogado ou em con-
1. São apreendidos os objectos que tiverem servido sultório médico
ou estivessem destinados a servir a prática de um crime,
os que constituírem o seu produto, lucro, preço ou 1. A apreensão operada em escritório de advogado
recompensa, e bem assim todos os objectos que tiverem ou em consultório médico é correspondentemente aplicá-
sido deixados pelo agente no local do crime ou quaisquer velo disposto no n.° 3 do artigo 247.°.
outros susceptíveis de servir a prova. 2. Nos casos referidos no número anterior não é
2. Os objectos apreendidos são juntos ao processo, permitida, sob pena de nulidade, a apreensão de docu-
quando possível, e, quando não, confiados à guarda do mentos abrangidos pelo segredo profissional, ou abrangi-
dos por segredo profissional médico, salvo se eles mes- sível, as mesmas pessoas que tiverem estado presentes n
mo constituírem objecto ou elemento de um crime. sua aposição, as quais verificam se os selos não forar
3. É correspondentemente aplicável o disposto no violados nem foi feita qualquer alteração nos objecto
n." 3 do artigo anterior. apreendidos.

Artigo 252.° Artigo 256.°


Apreensão em estabelecimento bancário Apreensão de coisas perecíveis, perigosas ou dete-
rioráveis
1. O juiz procede à apreensão em bancos ou outras
instituições de crédito de documentos, titulos, valores, 1. Se a apreensão respeitar a coisas sem valo
quantias e quaisquer outros objectos, mesmo que em perecíveis, perigosas ou deterioráveis, o juiz ou o Minis
cofres individuais, quando tiver fundadas razões para crer tério Público pode ordenar, conforme os casos, a su
que eles estão relacionados com um crime e se revelarão venda ou afectação à finalidade socialmente útil, destrui
de grande interesse para a descoberta da verdade ou para ção, ou as medidas de conservação ou manutençã
a prova, mesmo que não pertençam ao arguido ou não necessárias.
estejam depositados em seu nome. 2. Salvo disposição legal em contrário o Magistra
2. O juiz pode examinar a correspondência e qual- do competente determina qual a forma a que deve obede
quer documentação bancárias para descoberta dos objec- cer a venda, de entre as previstas na Lei Processual Civil
tos a apreender nos termos do número anterior. 3. O produto da venda, apurado nos termos di
3. O exame é feito pessoalmente pelo juiz, coadju- número anterior, reverte para o Estado após a deduçãi
vado, quando necessário, pelas entidades policiais e por das despesas relativas à respectiva guarda, conservação I
técnicos qualificados, ficando ligados por dever de venda.
segredo relativamente a tudo aquilo de que tiverem
tomado conhecimento e não tiver interesse para a prova. Artigo 257.°
Restituição dos objectos apreendidos
Artigo 253.°
Segredo profissional ou de funcionário e segredo de 1. Logo que se tornar desnecessário manter
Estado apreensão para efeito de prova, os objectos apreendido
são restituídos a quem de direito, por despacho do juiz o
1. As pessoas indicadas nos artigos 209.° a 211.° a requerimento do Ministério Público, em sede de instru
apresentam ao juiz e ao Ministério Público, quando estas ção preparatória.
ordenarem, os documentos ou quaisquer objectos que 2. Logo que transitar em julgado a sentença, o
tiverem na sua posse e devam ser apreendidos, salvo se objectos apreendidos são restituídos a quem de direitc
invocarem, por escrito, segredo profissional ou de fun- salvo se tiverem sido declarados perdidos a favor d
cionário ou segredo de Estado. Estado.
2. Se a recusa se fundar em segredo profissional ou 3. Ressalva-se do disposto nos números anteriore
de funcionário, é correspondentemente aplicável o dis- o caso em que a apreensão de objectos pertencentes a
posto nos n.os 2 e 3 do artigo 209.° e n." 2 do artigo 210.°. arguido ou ao responsável civil deva ser mantida a titul
3. Se a recusa se fundar em segredo de Estado, é de arresto preventivo.
correspondentemente aplicável o disposto no n. ° 3 do
artigo 211.°. Secção IV
Das escutas telefónicas
Artigo 254.°
Cópias e certidões Artigo 258.°
Admissibilidade
1. Aos autos pode ser junta cópia dos documentos
apreendidos, restituindo-se nesse caso o original. Tor- 1. A intercepção e a gravação de conversações o
nando-se necessário conservar o original, dele pode ser comunicações telefónicas só podem ser ordenadas o
feita cópia ou extraída certidão e entregue a quem legiti- autorizadas, durante a instrução, mediante requeriment
mamente o detinha. Na cópia e na certidão é feita men- do Ministério Público, por despacho do juiz, quanto
ção expressa da apreensão. crimes:
2. Do auto de apreensão é entregue cópia, sempre a) Puníveis com pena de prisão superior, no se
que solicitada, a quem legitimamente detinha o documen- máximo, a três anos;
to ou o objecto apreendidos. b) Relativos ao tráfico de estupefacientes;
c) Relativos a armas, engenhos, matérias explosiva
Artigo 255.° e análogas;
Aposição e levantamento de selos d) De contrabando; ou
e) De injúria, de ameaça, de coacção, de devassa c
Sempre que possível, os objectos apreendidos são vida privada e perturbação da paz e do sossego, quanc
selados. Ao levantamento dos selos assistem, sendo pos- cometidos através de tet:f:m~:·(: houver razões para cri

r
'. 607

que a diligência se revelará de grande interesse para a Artigo 260.°


descoberta da verdade. Nulidade
2. A autorização a que alude o n° 1 do presente
artigo pode ser solicitada ao juiz dos lugares onde even- Todos os requisitos e condições referidos nos artigos
tualmente se puder efectivar a conversação ou comunica- 258.° e 259.° são estabelecidos sob pena de nulidade
ção telefónica ou da sede da entidade competente para a insanável.
investigação criminal, tratando-se dos seguintes crimes:
a) Terrorismo, criminalidade violenta ou altamente Artigo 261.°
organizada; Extensão
b) Associações criminosas;
c) Contra a paz e a humanidade; O disposto nos artigos 258.°, 259.° e 260.° é corres-
d) Contra a segurança do Estado; pondentemente aplicável às conversações ou comunica-
e) Produção e tráfico de estupefacientes; ções transmitidas por qualquer meio técnico diferente do
f) Falsificação de moeda ou títulos equiparados à telefone, designadamente correio electrónico ou outras
moeda; formas de transmissão de dados por via telemática, bem
g) Abrangidos por convenção sobre segurança da como à intercepção das comunicações entre presentes.
navegação aérea ou marítima.
3. É proibida a intercepção e a gravação de conver- CAPÍTULOvn
sações ou comunicações entre o arguido e o seu defensor, Da Instrução
t salvo se o juiz tiver fundadas razões para crer que elas
constituem objecto ou elemento de crime. Secção I
Disposições gerais
Artigo 259.°
Formalidades das operações Artigo 262.°
Finalidade da instrução
1. Da intercepção e gravação a que se refere o arti-
•• go anterior é lavrado auto, o qual, junto com as fitas 1. A instrução compreende o conjunto de diligên-
gravadas ou elementos análogos, é imediatamente levado cias que visam investigar a existência de um crime,
ao conhecimento do juiz que a tiver ordenado ou autori- determinar os seus agentes, sua responsabilidade e des-
zado, com indicação das passagens das gravações ou cobrir e recolher as provas, em ordem à decisão sobre a
elementos análogos considerados relevantes para a prova. acusação.
2. O disposto no número anterior não impede que o 2. Na instrução devem, tanto quanto possível,
órgão de polícia criminal que proceder à investigação investigar-se os motivos e as circunstâncias da infracção,
tome previamente conhecimento do conteúdo da comuni- os antecedentes e o estado psíquico dos seus agentes, no
cação interceptada a fim de poder praticar os actos caute- que interesse à causa, e os elementos de facto que impor-
lares necessários e urgentes para assegurar os meios de te conhecer para fixar a indemnização por perdas e
prova. danos.
3. Se o juiz considerar os elementos recolhidos, ou 3. Ressalvadas as excepções previstas neste Códi-

c alguns deles, relevantes para a prova, ordena, após ouvir


as gravações a sua transcrição em auto e fá-lo juntar ao
processo; caso contrário ordena a SUâ destruição na pre-
go a notícia de um crime dá sempre lugar à abertura de
Instrução.

sença do Ministério Público e do defensor do arguido, Artigo 263.°


ficando todos os participantes nas operações ligados ao Fases de Instrução
dever de segredo relativamente àquilo de que tenham
tomado conhecimento. A instrução compreende:
4. Para efeitos do disposto no número anterior, o a) A instrução preparatória;
juiz pode ser coadjuvado, quando entender conveniente, b) A instrução contraditória.
por órgão de polícia criminal, podendo nomear, se neces-
sário, intérprete. À transcrição aplica-se, com as necessá- Secção II
rias adaptações, o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 72.°. Da instrução preparatória
5. O arguido e o assistente, bem como as pessoas
cujas conversações tiverem sido escutadas, podem exa- Artigo 264.°
minar o auto de transcrição a que se refere o n.° 3 para se Âmbito
inteirarem da conformidade das gravações e obterem, à
sua custa, cópias dos elementos naquele referidos. 1. A instrução preparatória abrange todo o conjun-
to de provas que formam o corpo delito e tem por fim
reunir os elementos de indiciação necessários para fun-
damentar a acusação.
2. Na instrução preparatória devem efectuar-se
não só as diligências conducentes a provar a culpabilida-
de do arguido, mas também aquelas que possam concor- policiais em caso de urgência ou de perigo na demora, d
rer para demonstrar a sua inocência e irresponsabilidade. arguido ou do assistente.
3. O requerimento, quando proveniente do Minis
Artigo 265.° tério Público ou das entidades policiais, não está sujeito
Carácter secreto quaisquer formalidades.
4. Nos casos referidos nos números anteriores,
1. A instrução preparatória é secreta. juiz decide, no prazo máximo de vinte e quatro hora!
2. Os assistentes, assim como o arguido, podem com base na informação que, conjuntamente com
apresentar ao Ministério Público memoriais ou requeri- requerimento, lhe for prestada, dispensando a apresenta
mentos de diligências de prova, que este tomará em con- ção dos autos sempre que a não considerar imprescindí
sideração ou deferirá na medida em que entenda que vel.
podem contribuir para a descoberta da verdade, juntando,
porém, aos autos, no prazo prescrito para a junção de Artigo 268.°
documentos, todos os papéis recebidos do arguido ou dos Actos a ordenar ou autorizar pelo juiz durante a
assistentes que respeitem ao processo. instrução preparatória
3. A todo o tempo o assistente, o ofendido e o
arguido e demais entidades a quem a lei confira esse 1. Durante a instrução preparatória compete exclu
direito, poderão solicitar informações sobre o estado do sivamente ao juiz ordenar ou autorizar:
processo, a qual deverá ser fornecida, no prazo de cinco a) Buscas domiciliárias;
dias, pelo magistrado a quem o processo está afecto. b) Apreensões de correspondência;
4. O arguido tem direito a ter acesso às provas que c) Intercepção, gravação ou registo de converse
serviram para fundamentar a aplicação das medidas de ções ou comunicações;
coacção. Para o efeito, as partes referidas dos autos ficam d) A prática de quaisquer outros actos que a II
avulsas na secretaria, por fotocópia, pelo prazo de três expressamente fizer depender de ordem ou autorizaçã
dias, sem prejuízo do andamento do processo. O dever de do juiz.
guardar segredo de justiça persiste para todos. 2. É correspondentemente aplicável o disposto ne
rrs 2, 3 e 4 do artigo anterior.
Artigo 266.°
Direcção Artigo 269.°
Delegação de poderes instrutórios
A direcção da instrução preparatória cabe ao Ministé-
rio Público, a quem será prestado pelas autoridades e Nos crimes a que corresponda processo querela (J
agentes policiais todo o auxilio que para esse fim neces- correccional, a instrução preparatória poderá ser delegac
sitar. nas autoridades policiais, sem prejuizo das excepçõe
previstas na lei e da sua direcção pelo Ministério Públio
que poderá sempre requisitar à autoridade instrutora, c
Artigo 267.° efectuar directamente, as diligencias complementares qr
Actos a praticar pelo juiz durante a instrução pre- reputar necessárias.
paratória
Artigo 270.°
1. Durante a instrução preparatória compete exclu- Competência especial para a investigação
sivamente ao juiz:
a) Proceder ao primeiro interrogatório judicial de 1. Aos crimes a que corresponda pena de prisê
arguido detido; superior a cinco anos e em todos aqueles referidos e
b) Proceder à aplicação de uma medida de coacção legislação especial, compete ao corpo especial de polic
ou de garantia patrimonial, excepto o termo de identidade a sua investigação, sob a direcção do Ministério Públie
e residência, a qual pode ser aplicada pelo Ministério o qual poderá, a todo o tempo avocar a instrução.
Público; 2. Por despacho do Procurador-geral da Repúblk
c) Proceder a buscas e apreensões em escritório de pode, de igual modo, ser deferido ao corpo especial í
advogado, consultório médico ou estabelecimento bancá- policia, a competência para a investigação de crimes
rio; que corresponda processo correccional, desde que
d) Tomar conhecimento, em primeiro lugar, do complexidade da investigação ou circunstancialismo (
conteúdo da correspondência apreendida; crime o justifiquem.
e) Declarar a perda, a favor do Estado, de bens
apreendidos, quando o Ministério Público proceder ao Artigo 271.°
arquivamento da instrução; Dispensa de Instrução Preparatória
f) Praticar quaisquer outros actos que a lei expres-
samente reservar ao juiz. 1. A instrução preparatória é dispensada quaru
2. O juiz pratica os actos referidos no número ante- os autos de noticia levantados façam fé em juizo, n
rior a requerimento do Ministério Público, das entidades termos do :rrti:"o H4° ,',' .'!.,; Código.
2. A instrução preparatória poderá ainda ser dis- tória decidir-se, com a concordância do juiz, pela suspen-
pensada pelo Ministério Público, quando da análise do são do processo, mediante a imposição ao arguido de
auto de notícia e da prova entretanto recolhida, resulta- injunções e regras de conduta, se se verificarem os
rem desde logo, indicios seguros e claros da culpabilida- seguintes pressupostos:
de do agente, independentemente da forma de processo e a) Concordância do arguido e do assistente;
penas aplicáveis. b) Ausência de antecedentes criminais do arguido;
c) Ausência de aplicação anterior da suspensão
Artigo 272.° provisória do processo por crime da mesma natureza;
Prazos da instrução preparatória d) Não haver lugar a medida de segurança de inter-
namento;
1. A instrução preparatória deverá realizar-se no e) Carácter diminuto da culpa; e
prazo máximo de oito meses em processo de querela e de f) Ser de prever que o cumprimento das injunções
seis meses em processo correccional. e regras de conduta responda suficientemente às exigên-
2. Havendo arguidos presos, os prazos são os cias de prevenção que no caso se façam sentir.
constantes de artigo 172 deste Código.
0
2. São oponíveis ao arguido as seguintes injunções
e regras de conduta:
Artigo 273.° a) Indemnizar o lesado;
Arquivamento e melhor prova b) Dar ao lesado satisfação moral adequada;
c) Entregar ao Estado ou a instituições privadas de
1. Se durante a instrução preparatória se verificar solidariedade social certa quantia, ou efectuar prestação
não ter havido crime, ou estar extinta a acção penal, ou se de serviço de interesse público;
houver elementos de facto que comprovem a irresponsa- d) Não exercer determinadas profissões;
bilidade do arguido, o Ministério Público, abster-se-a de e) Não frequentar certos meios ou lugares;
acusar, fundamentando o seu despacho de arquivamento. f) Não residir em certo lugar ou região;
2. Se não tiver sido possível ao Ministério Público g) Não acompanhar, alojar ou receber certas pes-
obter indicios suficientes de verificação de crime ou de soas;
quem foram os seus agentes, o processo ficará a aguardar h) Não ter em seu poder determinados objectos
a produção de melhor prova. capazes de facilitar a prática de outro crime;
3. Havendo arguidos presos, serão estes imedia- i) Qualquer outro comportamento especialmente
tamente libertados, pelo juiz, a requerimento obrigatório exigido pelo caso.
do Ministério Público. 3. Não são oponíveis injunções e regras de conduta
4. No caso do nO2 deste artigo, o processo poderá que possam ofender a dignidade do arguido.
prosseguir logo que apareçam novos elementos de prova. 4. Para apoio e vigilância do cumprimento das
injunções e regras de conduta podem o juiz e o Ministé-
rio Público, consoante os casos, recorrer aos serviços de
reinserção social, às entidades policiais e às autoridades
Artigo 274.° administrativas.
Arquivamento em caso de dispensa da pena 5. A decisão de suspensão, em conformidade com
o n.? 1, não é susceptível de impugnação.

c 1. Se o processo for por crime relativamente ao


qual se encontre expressamente prevista na lei penal a
possibilidade de dispensa da pena, o Ministério Público,
Artigo 276.°
Duração, iniciativa e efeitos da suspensão
com a concordância do juiz, pode decidir-se pelo arqui-
vamento do processo, se se verificarem os pressupostos 1. A suspensão do processo pode ir até dois anos.
daquela dispensa. 2. A prescrição não corre no decurso do prazo de
2. Se a acusação tiver sido já deduzida, pode o juiz suspensão do processo.
em sede de instrução contraditória, enquanto esta decor- 3. A suspensão provisória do processo pode ainda
rer, arquivar o processo com a concordância do Ministé- ser requerida pelo arguido, assistente ou ofendido,
rio Público e do arguido, se se verificarem os pressupos- devendo ter sempre a concordância do Ministério Público
tos da dispensa da pena. e do juiz.
3. A decisão de arquivamento, em conformidade 4. Se o arguido cumprir as injunções e regras de
com o disposto nos números anteriores, não é susceptível conduta, o Ministério Público arquiva o processo, não
de impugnação. podendo ser reaberto. Se as não cumprir, o processo
prossegue e as prestações feitas não podem ser repetidas.
Artigo 275.°
Suspensão provisória do processo Artigo 277.°
Acusação pelo Ministério Público
1. Se o crime for punível com pena de prisão não
superior a cinco anos ou com sanção diferente da prisão, 1. Se durante a instrução preparatória tiverem sido
pode o Ministério Público em sede de instrução prepara- recolhidos indicios suficientes de se ter verificado crime
e de quem foi o seu agente, o Ministério Público deduz contados desde a notificação que lhe for feita pelo Min
acusação contra aquele no prazo de 10 dias. tério Público, deduzir acusação, mesmo que o Ministé
2. Consideram-se suficientes os indícios, sempre Público não haja exercido a acção penal.
que deles resultar uma possibilidade razoável de ao 2. O disposto no número anterior é aplicável
arguido vir a ser aplicada, por força deles, em julgamen- pessoa com a facuIdade de se constituir assistente, des
tO,J1lIlll~na ou uma medida de segurança. que requeira a sua constituição como tal, com a acusaç
3. A acusação contém, sob pena de nulidade: que deduzir.
a) As indicações tendentes à identificação do argui- 3. A faculdade concedida no n.° 1 deste arti]
do; fica suspensa, caso o assistente tenha feito uso da recl
b) A narração, ainda que sintética, dos factos que mação hierárquica, e enquanto esta não for decidida
fundamentam a aplicação ao arguido de uma pena ou de notificada.
uma medida de segurança, incluindo, se possível, o lugar, 4. Finda a instrução preparatória, quando o proe
o tempo e a motivação da sua prática, o grau de compar- dimento depender de acusação particular, o Ministé:J
ticipação que o agente neles teve e quaisquer circunstân- Público notifica o assistente para que este deduza em
cias relevantes para a determinação da sanção que lhe dias, querendo, acusação particular, podendo o Minisí
deve ser aplicada; rio Público, acompanhar a mesma, pelos mesmos factr
c) A indicação das disposições legais aplicáveis; no prazo de 5 dias.
d) A indicação de provas a produzir ou a requerer, 5. É aplicável à acusação dos assistentes o dispc
nomeadamente, o rol de testemunhas e dos peritos a to no artigo 277.°.
serem ouvidos em julgamento, com a respectiva identifi-
cação; Secçãom
e) A data e assinatura. Da instrução contraditória
4. Não podem ser indicadas, excepto nos proces-
sos declarados de especial complexidade, mais de cinco Artigo 281.°
testemunhas em processo correccional e vinte em proces- Finalidade e âmbito da instrução
so de querela.
5. Em caso de conexão de processos é deduzida 1. A instrução contraditória visa a comprovaç
uma única acusação. judicial da decisão de acusar ou de arquivar a ínstruç
preparatória, em ordem a submeter ou não, o processo
Artigo 278.° julgamento.
Reclamação hierárquica 2. A instrução contraditória tem carácter faculta
vo e natureza contraditória-
1. Os despachos de abstenção e de acusação a que 3. Não há lugar a instrução nas formas de proces:
se referem os artigos anteriores serão notificados, ao especiais, sem prejuízo do disposto no artigo 285.°.
arguido, assistente, ofendido, bem como às pessoas com
a faculdade de se constituírem assistentes. Artigo 282.°
2. Do despacho de abstenção proferido pelo Requerimento para a abertura da instrução con.
Ministério Público, cabe reclamação hierárquica, no traditória
prazo de cinco dias a contar da data da sua notificação,
para o imediato superior hierárquico, esgotando-se esta 1. A abertura da instrução contraditória pode s
intervenção no Procurador-geral da República. requerida no prazo de 10 dias a contar da notificação (
aC'usação ou dos despachos a aguardar melhor prova ,
Artigo 279.0 de arquivamento:
Intervenção hierárquica a) Pelo arguido, relativamente aos factos peh
quais o Ministério Público ou o assistente, em caso c
No prazo de quinze dias, o imediato superior hierár- procedimento dependente de acusação particular, tivere
quico do magistrado do Ministério Público que preferiu o deduzido acusação; ou
despacho de abstenção decidirá: b) Pelo assistente, se o procedimento depender I
a) Confirmando o despacho reclamado; queixa, relativamente a factos pelos quais o Ministér
b) Ordenando que se prossiga a instrução prepara- Público não tiver deduzido acusação.
tória, com a realização das diligências tidas por conve- 2. O requerimento só pode ser rejeitado p
nientes, as quais especificará, dando um prazo para a sua extemporâneo, por incompetência do juiz ou por ina
realização, ou; rnissibilidade legal da instrução contraditória.
c) Ordenará que seja deduzida a acusação pública. 3. O requerimento não está sujeito a formalidad
especiais; mas deve conter, em súmula, as razões de fac
Artigo 280.° e de direito, de discordância relativamente à acusação c
Acusação particular não acusação, bem como, sempre que disso for caso,
indicação dos actos de instrução contraditória que
1. Nos crimes em que seja admissível a desistên- requerente desejaria que o juiz levasse a cabo, dos mei
cia da queixa, o assistente poderá, no prazo de 10 dias de prova que não tenham sido considerados na instruc
611

preparatória e os factos que através de uns e de outros se perante o juiz, de forma oral e contraditória, sobre se no
espera provar. decurso das instruções, resultaram indícios de facto e de
direito suficientes para justificar a submissão do arguido
. Artigo 283.° a julgamento.
Direcção e conteúdo da instrução contraditória
Artigo 287.°
1. A instrução contraditória é dirigida pelo juiz, Adiamento do debate
assistido pelas autoridades policiais e é formada pelo
conjunto dos actos instrutórios que o mesmo entenda O debate instrut6rio apenas poderá ser adíado urna
levar a cabo e, obrigatoriamente, por um debate contradi- única vez por motivo ponderoso.
tório, no qual participam o Ministério Público, o arguido,
o defensor, o assistente e o seu advogado, mas não as Artigo 288.°
partes civis. Decisão sobre o debate instrutório
2. O Ministério Público, assistente e o defensor
têm o direito a pa..-ticipar em todas as diligências de ins- 1. Encerrado o debate instruiório, o juiz, saneada
trução, ficando vinculados ao segredo de justiça, quando a causa, profere despacho de pronúncia ou de não pro-
a instrução contraditória seja secreta. núncia, o qual é imediatamente lido.
3. O juiz pratica os actos de instrução pela ordem 2. Caso seja proferido despacho de pronúncia e
que reputar mais conveniente para o apuramento da ver- tenha havido acusação pelo Ministério Público ou assis-
dade, podendo indeferir os actos requeridos que não tente, o despacho pode ser feito por remissão para as
interessarem à instrução ou servirem apenas para protelar mesmas.
o andamento do processo, praticando ou ordenando ofi- 3. O despacho pode ser proferido verbalmente e
ciosamente aqueles que considerar úteis. ditado para a acta, considerando-se notificados os presen-
4. Do despacho do juiz que indeferir os actos de tes.
instrução cabe recurso a subir no final da instrução con- 4. Quando a complexidade da causa em instrução
traditória com aquele que venha a ser interposto do des- o justifique, o juiz, no acto de encerramento do debate
pacho de pronúncia ou não pronúncia. contraditório, ordena que os autos lhe sejam feitos con-
.". 5. São admissíveis na instrução todas as provas clusos a fim de proferir, no prazo máximo de cinco dias,
que não forem proibidas por lei. O juiz, em instrução o despacho de pronúncia ou de não pronúncia. Neste
contraditória, interroga o arguido quando o julgar neces- caso, o juiz comunica de imediato aos presentes a data
sário e sempre que este o solicitar. em que o despacho será lido, sendo correspondentemente
aplicável o disposto na última parte do número anterior.
5. Aplica-se aos despachos de pronúncia ou não
pronúncia com as devidas adaptações o disposto nos
artigos 273.° e 277.° .
Artigo 284.° Artigo 289.°
Prazo para a instrução contraditória Nulidade da decisão

O juiz encerrará a instrução contraditória no prazo 1. A decisão instrutória é nula na parte em que
máximo de dois meses se houver arguidos presos, ou pronunciar o arguido por factos diferentes para mais
com obrigação de permanência da habitação, ou no prazo grave dos descritos na acusação do Ministério Público ou
de três meses se os não houver. do assistente, ou no requerimento para abertura da instru-
ção contraditória.
Artigo 285.° 2. A nulidade é arguida no prazo de oito dias con-
Debate instrutõrio tados da data da notificação da decisão.

1. Findas as diligências de instrução requeridas, Artigo 290.°


haverá lugar ao debate contraditório. Recurso da decisão
2. O debate será marcado no prazo de 5 dias a
contar da data do último acto, designando o juiz dia, hora 1. Da decisão do debate contraditório que pronun-
e local da sua realização. ciar o arguido pelos factos constantes da acusação cabe
3. Serão notificados do mesmo o arguido, o seu recurso, a interpor no prazo de 15 dias para o Supremo
defensor, o Ministério Público e o assistente, havendo-o, Tribunal de Justiça o qual é processado como agravo em
bem como as pessoas que devam ser inquiridas no debate matéria cível, sobe imediatamente, em separado e com
ou em momento anterior ao mesmo. efeito meramente devolutivo.
2. É recorrível o despacho que indeferir a arguição
Artigo 286.° da nulidade cominada no artigo anterior, o qual é proces-
Finalidade do debate instrutório sado nos termos do número anterior.
3. Da decisão de não pronúncia cabe igualmente
O debate instrutório visa permitir uma discussão, recurso, o qual é processado como agravo em matéria
cível, sobe imediatameuie, nos próprios autos e com pacho.
efeito suspensivo. 2. O despacho, acompanhado de cópia da acuss
4. Não havendo recurso do despacho de pronúncia ção ou da pronúncia, é notificado ao Ministério Públio
ou tendo-o havido nos termos do n." 1, os autos serão de bem como ao arguido, ao assistente, às partes civis e ac
imediato remetidos para julgamento. seus representantes, pelo menos com 10 dias antes c
data fixada para a audiência. A notificação do arguido
do assistente serão feitas pessoalmente.
CAPÍTULOvm 3. Sem prejuízo do recurso do despacho ql
Da pronúncia e despacho que designa dia para jul- determine a prisão preventiva do arguido ou aplique I
gamento mesmo qualquer outra medida de coação, não have
recurso do despacho que designar dia para julgamento.
Artigo 291.°
Saneamento do processo Artigo 294.°
Comunicação aos restantes juízes
L Não tendo havido instrução contraditória, rece-
bidos os autos, o juiz pronuncia-se sobre as questões Tratando-se de crime da competência do tribur
prévias incidentais susceptíveis de obstar a apreciação do colectivo, o despacho que designa dia para o julgamer
mérito da causa que possa, desde logo conhecer. será notificado aos restantes juízes que compõem o trih
2. A acusação será rejeitada quando: naI.
a) Se verificar que os factos nela constantes não
constituem crime penal ou que o procedimento criminal CAPÍTULO IX
se extinguiu; Do julgamento e da sentença em processo de que!
b) Se não houver prova bastante dos elementos la
do crime ou de quais foram os seus agentes.
3. Na situação descrita no n.? 2 al. a) o juiz orde- Secção I
nará o arquivamento dos autos. Do Julgamento
4. Na situação do n. ° 2 al. b) os autos serão reaber-
tos logo que surjam novos elementos de prova e o proce- Artigo 295.°
dimento criminal for admissível. Contestação e rol de testemunhas
5. Recebida a acusação, será desde logo designa-
do dia para julgamento, nos termos constantes do artigo 1. O arguído, no prazo de quinze dias a contar
293.°. data da notificação do despacho que designa dia p
julgamento, apresenta, querendo, a contestação acom
Artigo 292.° nhada do rol de testemunhas.
Reabertura do processo 2. A contestação não está sujeita a fonnalida
especiais.
Tendo os autos que fiquem a aguardar a produção de 3. Juntamente com o rol de testemunhas, o
melhor prova, surgindo novos elementos probatórios, o indicará os peritos que devem ser notificados par
juiz receberá a acusação deduzida sob impulso do Minis- audiência.
tério Público ao qual será aberta vista no processo, ou 4. Junta a contestação e o rol de testemunhai
remeterá os autos ao Ministério Público para prossegui- Ministério Público e o assistente, se houver, dela se
mento de instrução preparatória, aproveitando-se todos notificados.
os actos já produzidos no processo. 5. Não poderão ser indicadas mais testemunha:
defesa que aquelas que foram oferecidas pela acusaçã
Artigo 293.°
Despacho que designa dia para julgamento Artigo 296.°
Adicionamento ou alteração do rol de testemun
1. Tendo havido instrução contraditória, e resolvi-
da qualquer questão prévia, o juiz proferirá despacho que o rol de testemunhas pode ser alterado ou adicion
designa dia para julgamento que conterá: dentro dos limites do artigo anterior, a requerímenn
a) A indicação dos factos e disposições legais quem o ofereceu, desde que a alteração ou adicionam
aplicáveis, os que pode ser feito por remissão para a possam ser comunicados às outras partes até 3 dias a
acusação; da data de realização da audiência de julgamento.
b) A indicação do lugar, do dia e da hora da
comparência; Artigo 297.°
c) A nomeação do defensor do arguido, se ainda Publicidade da audiência
não estiver constituído ou nomeado no processo;
d) A definição do estatuto processual do arguido; 1. A audiência de julgamento é pública, salvo
e tribunal oficiosamente ou a requerimento de qualque
e) A data e assinatura do juiz que proferir o des- dos intervenientes, entender que a publicidade
613

ofender a moral, o pudor de algum dos intervenientes ou d) Receber os juramentos e os compromissos;


a ordem pública, porque nestes casos declarará a audiên- e) Tomar todas as medidas preventivas, disciplina-
cia secreta. res e coactivas, legalmente admissíveis, que se mostra-
2. A declaração a que este artigo se refere será fei- rem necessárias ou adequadas a fazer cessar os actos de
ta no princípio da audiência, podendo porém fazer-se perturbação da audiência e a garantir a segurança de
depois, quando ulteriormente se julgar necessária. todos os participantes processuais;
3. Se a audiência for secreta, apenas poderão f) Garantir o contraditório e impedir a formulação
assistir, além daqueles que devam intervir no processo, de perguntas legalmente inadmissíveis;
os advogados, ou outras pessoas que nisso tenham inte- g) Dirigir e moderar a discussão, proibindo, em
resse profissional e que o presidente admita. especial, todos os expedientes manifestamente imperti-
4. A leitura da decisão do júri, quando intervier, e nentes ou dilatórios.
da sentença serão sempre públicas.
Artigo 300. o
Artigo 298.° Competência do tribunal
Deveres de Côlldüta das pessoas que assistem
audiência Sem prejuízo das competências próprias do presidente
da audiência, quando neste Código se disser que compete
1. As pessoas que assistirem à audiência deverão ao tribunal tomar qualquer deliberação, entender-se-á que
guardar o maior acatamento e respeito, não manifestando essa competência pertence aos juízes que compõem o
aprovação ou reprovação por sinais públicos, não exci- tribunal colectivo, se este intervier na causa, e ao juiz
tando tumultos ou violências, nem perturbando por qual- individual nos outros casos.
quer forma o seu regular funcionamento. O presidente do
tribunal procederá contra os infractores nos termos do Artigo 301.°
artigo 59.°. Conduta dos advogados
2. Não poderão assistir à audiência de julgamento
menores de 18 anos, quando não sejam chamados ao Se os advogados ou defensores nas suas alegações ou
processo, os quais sairão da sala logo que seja desneces- requerimentos se afastarem do respeito devido ao tribu-
sária a sua presença nal, ou manifesta e abusivamente procurarem embaraçar
3. O presidente do tribunal pode ainda, por moti- ou protelar o regular andamento da causa, usarem de
vos de ordem, de moralidade ou higiene, limitar a entrada expressões injuriosas, violentas ou agressivas contra a
na sala de audiências ou ordenar a saída de qualquer autoridade pública ou quaisquer outras pessoas, ou fize-
pessoa cuja presença não seja necessária. rem explanações ou comentários sobre assuntos alheios
ao processo e que de modo algum sirvam para esclarecê-
Artigo 299.° lo, serão advertidos com urbanidade pelo presidente do
Presidência da audiência e poderes do presidente tribunal; se, depois de advertidos, continuarem, poderá
retirar-lhes a palavra e confiar a defesa a outro advogado,
1. A audiência, se outra não for a solução decor- sem prejuízo de procedimento criminal e disciplinar, se
rente da organização judiciária, será presidida pelo juiz houver lugar a ele.
do processo ou juízo onde este for julgado, o qual dirigirá
os trabalhos e manterá a ordem e disciplina necessárias Artigo 302.°
ao seu funcionamento. Situação e deveres de conduta do arguido
2. Ao tribunal colectivo, se outra não for a solu-
ção decorrente da organização judiciária, presidirá o juiz 1. O arguido, ainda que se encontre detido ou pre-
do processo onde se realizar o julgamento, salvo se este so, assiste à audiência livre na sua pessoa, salvo se forem
for substituto, pois neste caso presidirá o juiz efectivo necessárias medidas cautelares para prevenir o perigo de
mais antigo. . fuga ou actos de violência.
3. Para disciplina e direcção dos trabalhos cabe ao 2. O arguido detido ou preso é, sempre que possí-
presidente, sem prejuízo de outros poderes e deveres que vel, o último a entrar na sala de audiências e o primeiro a
por lei lhe forem atribuídos: ser dela retirado.
a) Proceder a interrogatórios, inquirições, exames e 3. O arguido está obrigado aos mesmos deveres
quaisquer outros actos de produção da prova, mesmo que de conduta que, nos termos do artigo 298.° impendem
com prejuízo da ordem legalmente fixada para eles, sem- sobre as pessoas que assistem à audiência.
pre que o entender necessário à descoberta da verdade; 4. Se, no decurso da audiência, o arguido faltar ao
b) Ordenar, pelos meios adequados, a comparência respeito devido ao tribunal e, se persistir após advertên-
de quaisquer pessoas e a reprodução de quaisquer decla- cia do juiz presidente, no comportamento, é mandado
rações legalmente admissíveis, sempre que o entender recolher a qualquer dependência do tribunal, sem prejuí-
necessário à descoberta da verdade; zo da faculdade de comparecer ao último interrogatório e
c) Ordenar a leitura de documentos, ou de autos de à leitura da sentença e do dever de regressar à sala sem-
instrução, nos casos em que aquela leitura seja legalmen- pre que o tribunal reputar a sua presença necessária.
te admissível;
') .~".
... «: 51-10 de Agosto de 20ir]

Artigo 303.° conferenciar com o arguido e deduzir a defesa, quand


Continuidade da audiência de julgamento ele o requeira
4. Se faltar o representante da parte acusadora
1. A audiência será contínua; o juiz presidente prosseguirá o julgamento, mas será admitido a intervi
somente a poderá interromper quando for absolutamente logo que compareça.
necessário.
2. Quando a audiência se interromper, será, desde Artigo 307.°
logo designada, a hora do mesmo dia ou de qualquer Presença do arguido
outro, em que há-de continuar.
3. Se houver júri, aquele que tiver sido sorteado é 1. É obrigatória a presença do arguido na audiên
o competente para continuar a intervir no processo, e não cia de julgamento, com as excepções previstas na lei.
se repetirão os actos praticados, ainda que alguns jurados 2. O arguido que deva responder perante determi
tenham de ser substituídos. nado tribunal, segundo as normas gerais da competêncis
4. Nas causas submetidas a tribunal colectivo, se e estiver preso em circunscrição diferente pela prática d
algum dos juízes que tenha assistido a üilla ou algmnas outro crime, é requisitado à entidade que o tiver à su
sessões estiver impossibilitado de tomar parte nas seguin- ordem.
tes e for substituído, o tribunal decidirá se devem ou não 3. Sempre que o arguido se encontrar praticamer
repetir-se os actos já praticados. Se a impossibilidade for te impossibilitado de comparecer à audiência por idad,
temporária, poderá ser adiado o julgamento pelo tempo doença grave ou ausência no estrangeiro, pode requere
indispensável. ou consentir que a audiência tenha lugar na sua ausêncír
5. Se algum dos juízes do tribunal colectivo for Tal requerimento poderá ser feito por defensor ou mar
transferido ou promovido, só deixará de intervir no jul- datário com poderes especiais.
gamento, por motivo de força maior, caso em que o jul-
gamento deverá ser repetido. Artigo 308.°
Falta do arguido
Artigo 304.°
Audiência sobre os requerimentos da parte contrá- 1. Se o arguido, devidamente notificado, nã
ria comparecer na audiência de julgamento, nem justificar
sua falta no prazo de cinco dias, será ordenada a su
1. O juiz ouvirá sempre o Ministério Público e os comparência sob custódia, se o tribunal tiver razões pro
representantes da parte acusadora sobre os requerimentos crer que o julgamento se poderá realizar no próprio dia.
dos representantes da defesa e estes sobre o que tenham 2. Não sendo possivel o disposto no n." 1.0
requerido aqueles. audiência será adiada, ordenando-se a comparência d
2. Os meios de prova apresentados no decurso da arguido, sob custódia para a nova data designada, cas
audiência são submetidos ao principio do contraditório, não haja justificado a sua falta.
mesmo que tenham sido oficiosamente produzidos pelo 3. Faltando qualquer arguido, por motivo justif
tribunal. cado, a audiência será adiada, até ao máximo de do
adiamentos.
Artigo 305.° 4. A audiência de julgamento não poderá ser adi
Defensor do réu da por mais de duas vezes, com base na falta do arguido
5. Estando presos vários arguidos, o tribunal pn
o arguido será assistido na audiência por um defensor cederá à separação de culpas e julga os arguidos prese
por ele constituído ou nomeado pelo juiz, nos termos do tes imediatamente, salvo se, dessa separação result
artigo 42.° sempre que possivel com o seu acordo. prejuízo para a defesa dos arguidos ou para a descober
da verdade material.
Artigo 306.° 6. Tendo-se iniciado a audiência de julgamení
Falta do Ministério Público ou dos representantes se por motivo ponderoso tiver de ser interrompida,
das partes mesma prosseguirá no prazo mais curto possível, nun
podendo exceder 30 dias entre ambas as sessões, excep
1. Aberta a audiência, será feita a chamada dos nos casos em que a prova foi gravada ou reduzida a esc
representantes da acusação e da defesa, do arguido, do to, sob pena de caducidade da prova produzida.
ofendido, das testemunhas, peritos e outras pessoas cuja
comparência tenha sido ordenada. Artigo 309.°
2. Se o Ministério Público não estiver presente, o Comparência do ofendido
juiz nomeará quem o substitua. Neste caso, será concedi-
do ao nomeado algum tempo para examinar os autos, se 1. O ofendido, ainda que seja parte civil, não
ele o requerer. obrigado a comparecer pessoalmente, salvo se isso j
3. Quando o representante da defesa não compa- expressamente determinado.
recer, o juiz substitui-lo-a devidamente e concederá tam- 2. O arguido pode requerer a comparência pess
bém ao nomeado algum tempo para examinar o processo, do ofendido, mostrando que é indispensável ao escla
615

cimento da verdade. mente ou a requerimento da acusação ou da defesa"


3. Se o ofendido não comparecer, tendo sido quando o entenda conveniente, fazer ao arguido quais-
devidamente notificado, observar-se-á o disposto no quer perguntas sobre facto ou circunstância que interesse
artigo 81 na parte aplicável.
0
à descoberta da verdade, ou confrontá-lo com as teste-
munhas, com os outros arguidos ou com o ofendido e
Artigo 310.0
demais prova documental.
Falta de declarantes e de testemunhas
Artigo 313.0
1. A audiência não poderá ser adiada por falta de Confissão
qualquer pessoa que, estando inibida de depor como
testemunha, tenha de prestar declarações em audiência, 1. Se o arguido declarar que pretende confessar os
salvo se o tribunal entender que a sua presença é indis- factos que lhe são imputados, o presidente, sob pena de
pensável para o esclarecimento da verdade. nulidade insanável, pergunta-lhe se o faz de livre vontade
2. Faltando alguma testemunha que tenha sido e fora de qualquer coacção, bem como se se propõe fazer
devidamente notificada, o juiz, ouvido o Ministério uma confissão integral e sem reservas.
Público e o defensor, decidirá se a audiência deve conti- 2. A confissão integral e sem reservas implica:
nuar ou ser adiada, conforme julgar ou não dispensável o a) Renúncia à produção da prova relativa aos fac-
depoimento dessa testemunha. Se for ordenado o prosse- tos imputados e consequente consideração destes como
guimento da audiência e no decurso desta se reconhecer a provados;
necessidade da presença de testemunhas, poderá ainda b) Passagem de imediato às alegações orais e, se o
decidir-se o adiamento. Em qualquer caso a nova audiên- arguido não dever ser absolvido por outros motivos, à
cia será marcada com uma dilação que não exceda trinta determinação da sanção aplicável;
dias. c) Redução do imposto de justiça em metade.
3. Exceptuam-se do disposto no número anterior
Artigo 311.o os casos em que:
Questões prévias a) Houver co-arguidos e não se verificar a
confissão integral, sem reservas e coerente de todos eles;
1. O tribunal, antes de começar a produção das b) O tribunal, em sua convicção, suspeitar do
provas, conhecerá das nulidades, legitimidade, excepções carácter livre da confissão, nomeadamente por dúvidas
ou quaisquer questões que possam obstar à apreciação do sobre a imputabilidade plena do arguido ou da veracidade
mérito da causa, acerca das quais ainda não tenha havido dos factos confessados; ou
decisão, e que o tribunal possa, desde logo, apreciar. c) O crime for punível com pena de prisão
superior a dois anos.
2. Se houver testemunhas a inquirir sobre qual- 4. Verificando-se a confissão integral e sem reser-
quer excepção ou incidente, o tribunal deverá julgá-los, vas, nos casos do número anterior ou a confissão parcial
finda a respectiva prova. Se o tribunal não tiver elemen- ou com reservas, o tribunal decide, em sua livre convic-
tos para decidir desde logo, apreciará as questões a que ção, se deve ter lugar e em que medida, quanto aos factos
se refere este artigo, na sentença final. confessados, a produção de prova.

Artigo 312.0 Artigo 314. 0

Interrogatório do arguido Interrogatório no caso de haver vários arguidos

1. O arguido será interrogado pelo presidente do Se houver vários réus, poderão ser interrogados sepa-
tribunal e perguntado primeiramente pelo seu nome, radamente ou uns na presença dos outros, segundo pare-
estado, filiação, idade, naturalidade, residência, se sabe cer mais conveniente ao Tribunal para a descoberta da
ler e escrever, se já esteve preso ou respondeu e, no caso verdade.
afirmativo, quando e por que motivo. A falta de resposta
a estas perguntas fará incorrer o arguido num crime de Artigo 315.°
desobediência ou se faltar à verdade num crime de falsas Quem procede aos interrogatórios e declarações
declarações. Em seguida, será interrogado sobre os factos
de que é acusado. 1. Aos ofendidos poderão ser tomadas declarações
2. Antes de começar o interrogatório do arguido, em qualquer altura, durante a produção da prova, depois
acerca dos factos de que é acusado, deverá o juiz adverti- do interrogatório do arguido e todas as vezes que se tor-
10 de que não é obrigado a responder às perguntas que nem necessárias.
lhe vão ser feitas, pois tem apenas por fim proporcionar- 2. As perguntas aos arguidos, aos ofendidos, aos
lhe o ensejo de se defender e contribuir para o esclareci- peritos e quaisquer outras pessoas que devam prestar
mento da verdade, e não obter elementos para a sua con- declarações serão sempre feitas pelo presidente do tribu-
denação. nal, mas tanto a acusação como a defesa poderão pedir
3. O presidente do tribunal poderá também, em que os interrogados esclareçam as suas respostas ou que
qualquer altura, durante a produção da prova, oficiosa- se lhes façam novas perguntas, no intuito de esclarecer a
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verdade, podendo o presidente indeferir, se entender que perguntas sejam formuladas por seu intermédio.
as perguntas são desnecessárias ou proibidas por lei.
Artigo 321.°
Artigo 316.° Dever de permanência das testemunhas e dos
Quem não pode depor como testemunha na declarantes
audiência de julgamento
As testemunhas e pessoas chamadas a prestar declara-
Não poderão depor como testemunhas em audiência ções, depois de interrogadas, deverão permanecer na sala
de julgamento as pessoas inibidas de o serem, nos termos de audiência até terminar a produção da prova, salvo se o
do artigo 218.° e não serão obrigadas a depor as indica- presidente, ouvidos os representantes da acusação e defe-
das no artigo 206.° deste Código. sa, autorizar que se retirem antes.

Artigo 317.° Artigo 322.°


Recolha da.s testemunhas antes de deporem Produção de prova e ordem de produção

Enquanto não depuserem, estarão as testemunhas 1. O tribunal ordena, oficiosamente ou a requeri-


recolhidas numa sala, de onde sairão à medida que forem mento, a produção de todos os meios de prova cujo
chamadas para depor tomando-se as cautelas precisas conhecimento se lhe afigure necessário à descoberta da
para que as testemunhas, antes de deporem, não comuni- verdade e à boa decisão da causa.
quem umas com as outras acerca dos factos discutidos no 2. A prova será produzida pela ordem fixada pelo
processo. tribunal. Normalmente serão inquiridas em último lugar
as testemunhas do arguido.
Artigo 318.°
Juramento Artigo 323.°
Novos elementos de prova
Antes de depor, cada testemunha prestará compromis-
so de honra perante o presidente do tribunal e, em segui- 1. Se durante a discussão da prova sobrevier (
da, será perguntada pelo seu nome, estado, profissão, conhecimento de novos elementos de prova que possan
idade, naturalidade, residência e quaisquer outras cir- manifestamente influir na boa decisão da causa e n:
cunstâncias destinadas a identificá-la; se é parente, descoberta da verdade, poderá o tribunal ordenar, mesrru
empregado ou por qualquer outra forma dependente dos oficiosamente, que eles se produzam, adiando-se,
arguidos, dos ofendidos ou da parte acusadora ou -se é audiência pelo tempo indispensável de maneira a permiti
amigo ou inimigo de qualquer deles. que a defesa e a acusação se pronunciem sobre os mes
Artigo 319.° mos e fazendo constar isso da acta.
Inquirição das testemunhas 2. O tribunal poderá pronunciar-se sobre a admis
são das novas provas logo que lhe seja requerido o
1. As testemunhas serão inquiridas pelos represen- reservar a decisão para o final da produção da prova.
tantes da acusação e da defesa que as houverem produzi- 3. Ao júri compete decidir sobre a admissão d<
do, sobre os factos que tiverem alegado e, findo o inter- provas a que este artigo se refere nas causas em qt
rogatório, poderão os representantes da parte contrária, o intervier.
presidente e os juízes ou jurados que compuserem o 4. Se a prova oferecida for de testemunhas que i
tribunal fazer-lhes âS perguntas que entenderem necessá- encontrem presentes na audiência, o tribunal, ouvida.
rias para o esclarecimento da verdade. acusação e a defesa, resolverá se devem ser logo admn
2. Se, para o esclarecimento da verdade, parecer das a depor ou se deve adiar-se a discussão da causa.
necessário inquirir qualquer testemunha sobre um facto
novo, não alegado, poderá esta ser perguntada sobre ele, Artigo 324.°
desde que o presidente do tribunal o autorize. VaIoração de provas e leitura dos depoimentos
3. Quando acusarem conjuntamente o Ministério prestados na instrução
Público e os assistentes, qualquer dos respectivos repre-
sentantes, poderá fazer às testemunhas que não tiver 1. Apenas valem em julgamento, nomeadamen
oferecido, depois de inquiridas, as perguntas necessárias para o efeito de formação da convicção do tribunal,
ao esclarecimento verdade material. provas que tiverem sido produzidas ou examinadas c
audiência
Artigo 320.° 2. Não serão lidas às testemunhas os seus dep
Perguntas proibidas mentos escritos na instrução, salvo para no final
depoimento, esclarecerem ou completarem os depoim
o presidente do tribunal obstará a que se façam às tes- tos prestados na audiência de julgamento, ou quando
temunhas perguntas sugestivas, capciosas, impertinentes mesmos tiverem sido prestados perante o juiz e na f
ou vexatórias, advertindo os que as fizerem e, se insisti- sença do Ministério Público e do defen:sordo arguido.
rem, põe termo ao interrogatório, ou determina Que as 3_ Podem igualmente ser lidas, para formação

L
.,lUNCiPE - D1ARJODA REPÚBLIC{_ ..._._ .._-ill

convicção do tribunal, as declarações prestadas pelo extraído da prova produzida.


arguido perante o juiz e na presença do seu defensor, 2. É admissível réplica, a exercer uma só vez,
desde que o mesmo tenha prestado declarações em sendo, porém, sempre o defensor do arguido, se pedir a
audiência. palavra, o último a falar, sob pena de nulidade. A réplica
deve conter-se dentro dos limites estritamente necessá-
Artigo 325.° rios para a refutação dos argumentos contrários que não
Revelação de outros crimes cometidos pelo arguido tenham sido anteriormente discutidos.
3. As alegações orais não podem exceder, para
Se durante a discussão o arguido se mostrar culpado cada um dos intervenientes, uma hora e as réplicas vinte
de outros crimes de natureza pública, poderá o Ministério minutos. O presidente, pode, porém, permitir que conti-
Público requerer que se levante o respectivo auto e nele nue no uso da palavra aquele que, esgotado o máximo de
se inscrevam os depoimentos que provem esses crimes, tempo legalmente consentido, fundamentadamente o
se tiverem sido prestados oralmente, ou que se extraia requerer com base na complexidade da causa
certidão, se tiver sido por escrito, para instaurar o respec- 4. Em casos excepcionais, o tribunal pode ordenar
tivo proceãimento ou remeter esse auto e as certidões que ou autorizar, por despacho, a suspensão das alegações
julgue convenientes ao Magistrado do Ministério Públi- para produção de meios de prova supervenientes, quando
co, se o processo dever seguir em outro tribunal. tal se revelar indispensável para a boa decisão da causa; o
despacho fixa o tempo concedido para aquele efeito.
Artigo 326.°

I Convolação para crime diverso da acusação


Últimas declarações
Artigo 329.°
do arguido e encerramento da
1. O tribunal poderá condenar por crime diverso discussão
daquele por que o arguido foi acusado, ainda que seja
mais grave, desde que os seus elementos constitutivos 1. Findas as alegações, o presidente pergunta ao
sejam factos que constem do despacho de pronúncia ou arguido se tem mais alguma coisa a alegar em sua defesa,
equivalente e dê conhecimento ao arguido da alteração da ouvindo-o em tudo o que declarar a bem dela. Seguida-
qualificação jurídica e conceda prazo, não superior a 10 mente o tribunal retira-se para deliberar.
dias, para organizar a defesa. 2. Na deliberação participam todos os juízes e
2. A decisão a que se refere este artigo nunca pode jurados que constituem o tribunal, sob a direcção do
condenar em pena superior à competência do respectivo presidente.
tribunal. 3. Cada juiz e cada jurado enunciam as razões da
3. As circunstâncias agravantes da reincidência e sua opinião, indicando, sempre que possível, os meios de
da habitualidade criminal, que resultarem do registo prova que serviram para formar a sua convicção, e votam
criminal ou das declarações do arguido, serão sempre sobre cada uma das questões, independentemente do
tomadas em consideração, desde que tenham sido alega- sentido de voto que tenham expresso sobre outras. Não é
das. admissível a abstenção.
4. O presidente recolhe os votos, começando pelo
Artigo 327.° juiz com menor antiguidade de serviço, e vota em último
Convolação para crime diverso, com base em fac- lugar. No tribunal de júri votam primeiro os jurados, por
",e tos não acusados ordem crescente de idade.
5. As deliberações são tomadas por maioria sim-
1. O tribunal poderá conden~r por crime diverso ples de votos.
daquele por que o arguido foi acusado, com fundamento
nos factos alegados pela defesa ou dos que resultem da Artigo 330.°
discussão da causa, mesmo que mais grave. Segredo da deliberação e votação
2. O disposto no número anterior só se aplica se o
Ministério Público, o arguido e o assistente estiverem de 1. Os participantes no acto de deliberação e vota-
acordo com a continuação do julgamento pelos novos ção referido no artigo anterior não podem revelar nada do
factos mais gravosos, sobre o que serão ouvidos e exara- que durante ela se tiver passado e se relacionar com a
da em acta a sua posição, se estes não determinarem a causa, nem exprimir a sua opinião sobre a deliberação
incompetência do tribunal. tomada.
2. A violação do disposto no número anterior é
Artigo 328.° punível com a sanção prevista no artigo 450.° do Código
Alegações orais Penal, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar a que
possa dar lugar.
1. Finda a produção da prova, o presidente do tri-
bunal concede a palavra, sucessivamente ao Ministério
Público, aos advogados do assistente e das partes civis e
ao defensor do arguido, para alegações orais nas quais
exponham as conclusões de facto e de d; reito, que hajam
Secçãoll Artigo 334.°
Da Sentença Requisitos da sentença

Artigo 331.° 1. A sentença começa por um relatório que con-


Questão da culpabilidade tém:
a) As indicações tendentes à identificação do
1. Assente a matéria de facto, e não havendo arguido;
questões prévias ou incídentaís que obstem ao conheci- b) As indicações tendentes à identificação do assis-
mento do mérito da causa, o tribunal, através do seu tente e das partes civis;
presidente, submete à discussão as seguintes questões: c) A indicação do crime ou dos crimes imputados ao
a) Se se verificaram os elementos constitutivos do arguido, segundo a acusação, ou pronúncia, se a tiver
tipo de crime; havido;
b) Se o arguido praticou o crime ou nele partici- d) A indicação sumária das conclusões contidas
pou; na contestação, se tiver sido apresentada.
c) Se o arguidoactuou com culpa; 2. Ao relatório segue-se a fundamentação, que
d) Se se verificou alguma causa que exclua a ilici- consta da enumeração dos factos provados e não prova-
tude ou a culpa; dos, bem como de uma exposição, tanto quanto possível
e) Se se verificaram quaisquer outros pressupostos completa, ainda que concisa, dos motivos, de facto e de
de que a lei faça depender a punibilidade do agente ou a direito, que fundamentam a decisão, com indicação das
aplicação a este de uma medida de segurança; provas que serviram para formar a convicção do tribunal.
f) Se se verificaram os pressupostos de que depen- 3. A sentença termina pelo dispositivo que con-
de o arbitramento da indemnização civil. tém:
2. Em seguida, o presidente enumera discrimina- a) As disposições legais aplicáveis;
damente e submete a deliberação e votação todas as b) A decisão condenatória ou absolutória;
questões de direito suscitadas pelos factos referidos no c) A decisão quanto ao pedido civil;
número anterior. d) A indicação do destino a dar a coisas ou objec-
tos relacionados com o crime;
Artigo 332.° e) A data e as assínaturas dos membros do tribu-
Questão da determinação da sanção nal.
4. A sentença observa o disposto neste Código €
1. Se, das deliberações e votações realizadas nos no Código de Custas Judiciais em matéria de imposto d€
termos do artigo anterior, resultar que ao arguido deve justiça, custas e honorários.
ser aplicada uma pena ou medida de segurança, o presi-
dente lê ou manda ler toda a documentação existente nos Artigo 335.°
autos relativa aos antecedentes criminais do arguido, à Leitura da sentença
perícia sobre a sua personalidade e ao relatório social,
havendo-os. 1. A sentença final será elaborada no prazo máxi
2. Em seguida, o presidente pergunta se o tribunal mo de 30 dias e lida publicamente em audiência pel
considera necessária produção de prova suplementar para presidente do tribunal ou, em caso de impossibilidade
determinação da espécie e da medida da sanção a aplicar. por um dos juizes.
3. Se, na deliberação e votação a que se refere a 2. Tratando-se de sentença condenatória, o presi
parte final do artigo anterior, se manifestarem mais de dente do tribunal, achando-o conveniente, fará uma ak
duas opiniões, os votos favoráveis à sanção de maior cução ao arguido, censurando o seu comportamento
gravidade somam-se aos favoráveis à sanção de gravida- exortando-o a emendar-se.
de imediatamente inferior, até se obter maioria.
Artigo 336.°
Artigo 333.° Sentença condenatória
Elaboração e assinatura da sentença
1. A sentença condenatória especifica os fund:
1. Concluida a deliberação e votação, o presidente, mentos que presidiram à escolha e à medida da sançí
ou, se este ficar vencido, o juiz mais antigo dos que fize- aplicada, indicando nomeadamente, se for caso disso,
rem vencimento, elaboram a sentença de acordo com as início e o regime do seu cumprimento, outros dever
posições que tiverem feito vencimento. que ao condenado sejam impostos e a sua duração, tend
2. Em seguida, a sentença é assinada por todos os se ainda em conta a reinserção social do arguido.
juízes e pelos jurados e se algum dos juizes assinar ven- 2. Para c efeito do disposto neste Código, consid
cido, declara com precisão os motivos do seu voto quan- ra-se também sentença condenatória a que tiver decret
to à matéria de direito. do dispensa ou isenção de pena.
3. Sempre que necessário, nomeadamente n
casos em que seja interposto recurso da decisão, o trib
na! procede ao reexam- da si'l.laçãodo arguido, sujeita
.9L4.RJODA REPÚBliCA 619

do-o às medidas de coacção admissíveis e adequadas às 2. Se já tiver subido recurso da sentença, a correc-
exigências cautelares que o caso requerer, devendo ção é feita, quando possível, pelo tribunal competente
nomeadamente ter em conta a decisãojá proferida. para conhecer do recurso.
3. O disposto nos números anteriores é correspon-
Artigo 337.° dentemente aplicável a despachosjudiciais.
Sentença absolutória
Artigo 341.°
1. A sentença absolut6ria declara a extinção de Condenação em indemnização civil no caso de
qualquer medida restritiva de liberdade e ordena a ime- absolvição
diata libertação do arguido preso preventivamente, salvo
se ele dever continuar preso por outro motivo ou sofrer Nos casos de absolvição da acusação crime, o tribunal
medida de segurança de internamento. condenará o réu em indemnização civil, desde que fique
2. A sentença absolut6ria condena o assistente em provado o ilicito desta natureza ou a responsabilidade
imposto de justiça, custas e honorários, nos termos pre- fundada no risco.
vistos neste Código e no Código de Custas Judiciais.
3. Se o crime tiver sido cometido por inimputável, Artigo 342.°

,
a sentença é absolut6ria; mas se nela for aplicada medida Acta da audiência de julgamento
de segurança, vale como sentença condenat6ria para
efeitos do disposto no n.? 1.° do artigo anterior e de 1. A acta da audiência contém:
recurso do arguido. a) O lugar, a data e a hora de abertura e de encer-
ramento da audiência e das sessões que a compuseram;
Artigo 338.° b) O nome dos juizes, dos jurados e do represen-
Publicação de sentença absolutória tante do Ministério Público;
c) A identificação do arguido, do defensor, do
1. Quando o considerar justificado, o tribunal orde- assistente, das partes civis e dos respectivos advogados;
na no dispositivo a publicação integral ou por extracto da d) A identificação das testemunhas, dos peritos,
sentença absolutória em jornal indicado pelo arguido, dos consultores técnicos e dos intérpretes e a indicação
desde que este o requeira até ao encerramento da audiên- de todas as provas produzidas ou examinadas em audiên-
cia e haja assistente constituído no processo. cia;
2. As despesas correm a cargo do assistente e e) A decisão de exclusão ou restrição da publicida-
valem como custas. de, nos termos do artigo 297.°.;
f) Os requerimentos, decisões e quaisquer outras
Artigo 339.° indicações que, por força da lei, dela devam constar;
Nulidade da sentença g) A assinatura do presidente e do funcionário de
justiça que a lavrar.
1. É nula a sentença: 2. Sempre que na audiência de julgamento não
a) Que não contiver as menções referidas no n.? 2 e haja qualquer ocorrência sobre que recaia despacho do
na alínea b), n.? 3, do artigo 334.°; ou juiz, dir-se-á apenas na acta que compareceram as pes-
b) Que condenar por factos diversos da acusação soas convocadas, devidamente identificadas quando
ou na pronúncia, se a houver, fora dos casos e das condi- forem ouvidas, e que, produzida a prova e feitas as alega-
ções previstas nos artigos 326.° e 327.° . ções, foi proferida a sentença.
c) Quando o tribunal deixe de pronunciar-se sobre 3. Os depoimentos das testemunhas e as declara-
questões que deva apreciar ou conheça de questões de ções dos ofendidos e dos arguidos, quando deverem ser
que não podia tomar conhecimento. escritos, constarão da própria acta.
2. As nulidades da sentença devem ser arguidas ou
conhecidas em recurso, sendo lícito ao tribunal supri-las, Artigo 343.°
aplicando-se, com as necessárias adaptações, o disposto Requerimentos e protestos verbais
no n.? 4 do artigo 375.°.
Todos os requerimentos e protestos verbais constarão
Artigo 340.° da acta da audiência, podendo o presidente do tribunal
Correcção da sentença ordenar que a respectiva transcrição seja feita somente
depois da sentença, se os considerar dilat6rios.
1. O tribunal procede oficiosamente ou a requeri-
mento, à correcção da sentença, quando:
a) Fora dos casos previstos no artigo anterior, não
tiver sido observado ou não tiver sido integralmente
observado, o disposto no artigo 334.°.
b) A sentença contiver erro, lapso, obscuridade,
ambiguidade cuja eliminação não importe modificação
essencial.
. _'.4-·]0 de Agosto de 2010

identificadas com o processo a que se referem. De toda a


CAPÍTULO X abertura ou encerramento dos registos guardados é feita
Do julgamento e da sentença em processo Correc- menção no auto pela entidade que proceder à operação.
cional
Artigo 348.°
----Artigo 344.° ~~- Alegações orais
Regras supletivas
As alegações orais não podem exceder, para cada um
o julgamento e sentença em processo correccional dos intervenientes, vinte minutos e as réplicas dez minu-
regem-se, com as necessárias adaptações, pelas disposi- tos. O presidente, pode, porém, permitir que continue no
ções do capítulo anterior com as seguintes especialida- uso da palavra aquele que, esgotado o máximo de tempo
des. legalmente consentido, assim fundadamente o requerer
com base na complexidade da causa.
Artigo 345.°
Apresentação da contestação Artigo 349.°
Sentença
1. O arguido, em dez dias a contar da data da noti-
ficação do despacho que designa dia para julgamento, A sentença pode ser proferida verbalmente e ditada
apresenta, querendo, a contestação acompanhada do rol logo para a acta, considerando-se notificada a todos os
de testemunhas, podendo ainda apresentá-la no início da presentes.
audiência de julgamento.
2. Apresentada a contestação na audiência de jul- CAPÍTULO XI
gamento o juiz dá conhecimento da mesma ao Ministério Do processo de transgressão
Público e concede-lhe tempo para análise da mesma,
interrompendo, se necessário, a audiência. Artigo 350.°
Auto de notícia
Artigo 346.°
Continuidade da audiência de julgamento 1. Qualquer autoridade, agente da autoridade, fun-
cionário público no exercício das suas funções, que pre-
Se no decurso da audiência o juiz estiver impossibili- senciar qualquer contravenção ou transgressão, levanta
tado de continuar a presidir à mesma, apenas se repetirá a ou manda levantar auto com as formalidades do artigo
produção da prova testemunhal, o interrogatório do 143°, o qual faz fé em juízo nos termos do artigo 144°.
arguido e do ofendido e as declarações dos peritos, quan- 2. Pode levantar-se um único auto de notícia pOI
do tenham sido prestadas oralmente na audiência. Se a diferentes crimes cometidas na mesma ocasião ou rela-
impossibilidade do juiz for temporária, poderá ser adiada cionadas umas com as outras, embora sejam diversos os
a audiência por prazo não superior a um mês. agentes.

Artigo 347.° Artigo 351.°


Redacção dos depoimentos escritos Pagamento voluntário e remessa do auto a Tribu-
nal
1. A produção de prova será reduzida a escrito, se
até ao inicio do interrogatório do arguido em audiência 1. Se à contravenção ou transgressão corresponde
de julgamento, o Ministério Público, o assistente ou o unicamente pena de multa, é admitido o pagamenn
defensor do arguido, expressamente declararem que não voluntário desta, pelo mínimo.
prescindem de recurso. 2. Quando possível o infractor é notificado, m
2. Havendo lugar à redução da prova produzida a acto da autuação, da faculdade do pagamento voluntáric
escrito, o tribunal registará a mesma, podendo fazer uso com indicação da hora e local em que pode ser efectuado
de meios estenográficos, estenotípicos ou outros diferen- 3. O pagamento pode ser efectuado no prazo de 1:
tes da escrita comum, bem como recorrer de gravação dias, aguardando o auto na repartição pública onde poss
magnética e audiovisual. fazer-se o pagamento voluntário, durante esse prazc
3. Quando forem utilizados meios estenográficos, findo o qual o auto de notícia é enviado ao Triburu
estenotípicos ou outros diferentes da escrita comum, o competente, no prazo de cinco dias.
funcionário que deles se tiver socorrido, ou, na sua
impossibilidade ou falta, pessoa idónea, faz a transcrição Artigo 352.°
no período mais curto possível. Antes da assinatura, a Decisão sobre o auto de notícia
entidade que presidiu ao acto certifica-se da conformida-
de da transcrição. 1. A remessa do auto a Tribunal equivale à acus
4. As folhas estenografadas e as fitas estenotipa- ção,
das ou gravadas são apensas ao auto ou, se for possível, 2. Se o auto de notícia não satisfizer os requisiu
devidamente guardadas depois de seladas, numeradas e legais o j11Í7 pode determinar a sua devolução ao Minist
,...)·'--10 de .;vasto de la! ()
---- --~~--_._-- •.._-- 621

rio Público o qual o complementa com as diligências do julgamento e o arguido não se comprometer a apre-
necessárias, findas as quais deduz acusação ou arquiva o sentá-las na audiência o Tribunal procede à sua notifica-
mesmo se entender que não existe contravenção ou ção.
transgressão.
Artigo 357.°
Artigo 353.° Da Audiência
Termos do processo e garantias
1. Nas contravenções e transgressões a que cor-
1. Em todos os casos os actos e termos do proces- responda unicamente pena de multa o Ministério Público
so são reduzidos ao mínimo indispensável para conheci- pode acusar oralmente e é notificado da decisão final.
mento e boa decisão da causa. 2. Se à contravenção ou transgressão corresponder
2. Não é obrigatória a constituição de arguido e a pena de prisão e o Ministério Público não estiver presen-
nomeação de defensor só é obrigatória quando o crime te no início da audiência o juiz nomeia pessoa idónea em
for punível com prisão ou medida de segurança ou tal for sua substituição.
requerido pelo arguido. 3. No início da audiência as pessoas que tiverem
legitimidade para recorrer da sentença, podem requerer a
Artigo 354.° documentação da audiência a qual será feita por súmula,
Pagamento voluntário no Tribunal 4. Se tiver sido requerida a documentação da
audiência, a acusação e contestação se tiverem sido pro-
1. Se o crime for punível unicamente com multa, feridas oralmente, serão registadas na acta.
o arguido pode, até ao início da audiência de julgamento, 5. Produzida a prova é concedida a palavra, por
requerer o pagamento voluntário da multa que lhe é uma só vez, ao Ministério Público e ao defensor os quais
liquidada pelo mínimo, acrescida do minimo de imposto podem usar da mesma pelo máximo de vinte minutos
de justiça. improrrogáveis.
2. Não tendo havido pagamento voluntário no 6. A sentença pode ser proferida oralmente e dita-
prazo determinado ou sendo o crime punível com pena da para a acta
de prisão ou medida de segurança, o juiz designa dia para 7. São subsidiariamente aplicáveis ao julgamento,
julgamento. com as necessárias adaptações, as disposições do proces-
so correccional.
Artigo 355.°
Designação da data do julgamento Artigo 358.°
Recursos
1. O arguido é notificado da data de julgamento
com 10 dias de antecedência, com a cominação de que 1. Só é admissível recurso, da sentença, do despa-
caso não compareça é julgado como se estivesse presente cho que puser termo ao processo, do despacho que não
e representado por defensor e ainda que pode apresentar receber a acusação ou não designar dia para julgamento.
a sua defesa na audiência, mesmo oralmente e requerer a 2. O recurso é processado como agravo em maté-
comparência do participante na mesma. ria cível com as especialidades deste Código.
2. Se não for possível notificar o arguido o juiz
nomeia-lhe defensor a quem é feita a notificação, prosse- CAPÍTULOxn
guindo o processo até final sem necessidade de interven- Do processo sumário
ção do arguido.
3. Não é obrigatória a presença do arguido na Artigo 359.°
audiência, desde que o crime seja punível apenas com Quando tem lugar
multa, podendo fazer-se representar por advogado.
4. Nos casos em que é obrigatória a presença do 1. São julgados em processo sumário os detidos
arguido e faltar é designada uma nova data, sendo nesta, em flagrante delito por crime, transgressão ou contraven-
caso falte de novo, representado por defensor e julgado ção punível com prisão cujo limite máximo não seja
como se estivesse presente. superior a cinco anos, nos termos dos artigos seguintes.
2. A audiência de julgamento dever-se-á iniciar,
Artigo 356.° impreterivelmente no prazo de 48 horas, a contar do
Testemunhas momento da detenção e terá de ser concluída, excepto
nos casos previstos neste capítulo, nos cinco dias imedia-
1. O número de testemunhas da acusação e da tos.
defesa não pode exceder 3, por cada crime. 3. Sendo previsível a impossibilidade de respeitar
2. O arguido pode apresentar as testemunhas até 5 os prazos do número anterior, ou tratando-se de matéria
dias antes da data designada para a audiência ou apresen- que não se compadeça, pela sua complexidade com a
tá-las na mesma por simples declaração verbal, antes do forma sumária, o tribunal enviará a participação a que se
fim do julgamento. refere o artigo seguinte ao Ministério Público para efeitos
3. Se as testemunhas tiverem sido indicadas antes de instrução preparatória.
para deduzir a defesa, que será resumidamente escrita I
Artigo 360.0 acta, se não tiver sido apresentada por escrito, depois c
Trâmites do processo sumário que interrogará o acusado e o ofendido, se estiver presei
te, as testemunhas de acusação e defesa, podendo faze
1. A autoridade ou agente de autoridade, que efec- lhes as perguntas que os representantes da acusação
tuar a prisão ou-a quem for entnlgoo o preso, notiãcará defesa requererem e que julgue necessárias para o esc!
verbalmente, nesse acto, as testemunhas da ocorrência, recimento da verdade.
em número não superior a três, para comparecerem no 3. Finda a produção da prova, será concedida
tribunal respectivo à hora que logo lhes indicará, e avisa- palavra por uma s6 vez aos representantes da acusação
rá o arguido de que pode apresentar testemunhas de defe- defesa, os quais dela poderão usar por um espaço l
sa também em número não superior a três. Se o arguido quinze minutos, que o juiz poderá prorrogar por ms
as apresentar nesse acto, a autoridade ou agente de auto- tempo, se a natureza da causa o exigir, depois do que
ridade as notificará também para comparecerem. juiz proferirá a sentença.
2. A autoridade ou agente de autoridade notificará 4. O ofendido poderá fazer-se representar no ac
o ofendido para comparecer, quando julgue necessária a do julgamento por advogado.
sua comparência. 5. Se o arguido for absolvido e o ofendido se ti,
3. Se a captura se fizer a horas em que o tribunal feito representar nos termos do parágrafo anteceden
esteja aberto e possa desde logo tomar conhecimento do pagará o respectivo imposto de justiça.
facto, as testemunhas e o ofendido, quando a sua presen- 6. A sentença poderá ser proferida verbalmen
ça for necessária, serão notificados para comparecer em consignando-se na acta a decisão. Os termos processui
acto seguido no tribunal, onde o infractor será imediata- serão sempre reduzidos ao mínimo indispensável.
mente apresentado ao respectivo juiz.
4. Se o tribunal não se encontrar aberto ou não Artigo 363.°
puder desde logo tomar conhecimento do facto, a autori- Recursos em processo sumário
dade ou agente de autoridade libertará o detido ap6s a
elaboração do auto, advertindo-o de que deverá compare- 1. Neste processo s6 há recurso, nos termos gers
cer no primeiro dia útil imediato, à hora que lha for da sentença final ou do despacho que o mandar arquiva
designada, sob pena de, faltando, incorrer no crime de 2. Quando a acusação ou a defesa declararem c
desobediência. A participação será remetida ao tribunal não prescindem de recurso, a produção da prova SI
no primeiro dia útil imediato. reduzida a escrito, devendo constar resutnidamente
acta e pertencendo a redacção ao juiz.
Artigo 361.°
Adiamento da audiência CAPíTULOxm
Da revisão e confirmação de sentença penal estn
1. Sem prejuízo da manutenção da forma sumária, geira
a audiência pode ser adiada até ao limite do 30° dia pos-
terior à detenção: Artigo 364. °
a) Se o arguido solicitar esse prazo para preparação Necessidade de revisão e confirmação
da sua defesa;
b) Se ao julgamento faltarem testemunhas de que o 1. Quando, por força da lei ou de tratado ou c
Ministério Público, o assistente ou o arguido não pres- venção, uma sentença penal estrangeira dever ter eficé
cindam; Ou em São Tomé e Príncipe, a sua força executiva depe
c) Se o tribunal, oficiosamente ou a requerimento de prévia revisão e confirmação.
do Ministério Público, considerar necessário que se pro- 2. A pedido do interessado pode ser confirnu
ceda a quaisquer diligências de prova essenciais à desco- no mesmo processo de revisão e confirmação de sente
berta da verdade e que possam previsivelmente realizar- penal estrangeira, a condenação em indemnização c
se dentro daquele prazo. constante da mesma.
2. Se a audiência for adiada, o juiz adverte o argui- 3. O disposto no nO 1 não tem aplicação quanc
do de que esta prosseguirá na data designada, mesmo que sentença penal estrangeira for invocada nos tribunais i
não compareça, sendo representado por defensor. tomenses como meio de prova.

Artigo 362.° Artigo 365.°


Falta do Ministério Público e termos do julgamento Tribunal competente

1. No julgamento, o juiz, se o representante do É competente para a revisão e confirmação o Supri


Ministério Público não estiver presente nem puder com- Tribunal de Justiça o qual a exercerá através de um
parecer justificadamente, nomeará um «ad hoc», conselheiro enquanto juiz singular a escolher por sort
nomeando igualmente um defensor oficioso, se o arguido
o não tiver constituído.
2. Em seguida, concederá a palavra ao defensor,
623

Artigo 366.°
Legitimidade
Artigo 370.°
Têm legitinúdade para pedir a revisão e confirmação Procedimento
de sentença penal estrangeira o Ministério Público, o
arguido, o assistente e as partes civis. No procedimento de revisão e confirmação de senten-
ça penal estrangeira seguem-se os trâmites da lei do pro-
Artigo 367.° cesso civil em tudo quanto se não prevê na lei especial,
Requisitos da confirmação bem como nos artigos anteriores e ainda nas alíneas
seguintes:
1. Para confirmação de sentença penal estrangeira a) Da decisão do juiz conselheiro enquanto juiz
é necessário que se verifiquem as condições seguintes: singular cabe recurso, interposto e processado como os
a) Que, por lei, tratado ou convenção, a sentença recursos penais, para o Pleno do Supremo Tribunal de
possa ter força executiva em território de São Tomé e Justiça;
n,""~~:_~.
.I. .lJ~l\"<.lyç, b) O Ministério Público tem sempre legitimidade
b) Que o facto que motivou a condenação seja para recorrer.

, também PUfÚveIpela lei são-tomense;


c)

d)
Que a sentença não tenha aplicado pena ou
medida de segurança proibida pela lei são-tomense;
Que o arguido tenha sido assistido por defensor
e, quando ignorasse a língua usada no processo, por
intérprete;
LIVRom

DOS RECURSOS

CAPÍTULO I
e) Que, salvo tratado ou convenção em contrário, a Espécies e Tramitação dos Recursos
sentença não respeite a crime qualificável, segundo a lei
são-tomense ou a do país em que foi proferida a senten- Artigo 371.°
ça, de crime contra a segurança do Estado. Decisões que admitem recurso
2. Valem correspondentemente para confirmação
de sentença penal estrangeira, na parte aplicável, os É pernútido recorrer dos despachos, sentenças ou
requisitos de que a lei do processo civil faz depender a acórdãos, proferidos por quaisquer juizes ou tribunais,
confirmação de sentença civil estrangeira. em matéria penal, que não forem expressamente excep-
3. Se a sentença penal estrangeira tiver aplicado tuados por lei.
pena que a lei são-tomense não prevê ou pena que a lei
são-tomense prevê, mas em medida superior ao máximo Artigo 372.°
legal admissível, a sentença é confirmada, mas a pena Decisões que não admitem recurso
aplicada converte-se naquela que ao caso coubesse
segundo a lei são-tomense ou reduz-se até ao limite ade- Não haverá recurso:
quado. Não obsta, porém, à confirmação a aplicação pela a) Dos despachos de simples expediente;
sentença estrangeira de pena em limite inferior ao míni- b) Das decisões sobre matéria de facto tomadas
mo adnússivel pela lei são-tomense. pelo juiz ou tribunal;
c) Dos acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça,
Artigo 368.° sem prejuizo do disposto na Lei Base do Sistema Judiciá-
Exciusão da esequíbilídade no;
d) Tendo sido proferida decisão sobre pedido
Verificando-se todos os requisitos necessários para a cível deduzido, o recurso é adnússível mas restrito ao
confirmação, mas encontrando-se extintos, segundo a lei pedido, desde que o seu montante exceda a alçada previs-
são-tomense, o ..procedimento criminal ou a pena, por ta em matéria cível;
prescrição, amnistia ou qualquer outra causa, a confirma- e) Nos casos especiais deternúnados por lei.
ção é concedida, mas a força executiva das penas ou
medidas de segurança aplicadas é denegada. Artigo 373.°
Artigo 369.° Legitimidade e interesse em agir
Início da execução
1. Têm legitinúdade para recorrer:
A execução de sentença penal estrangeira confirmada a) O Ministério Público, de quaisquer decisões,
não se inicia enquanto o condenado não cumprir as penas ainda que no exclusivo interesse do arguido;
ou medidas de segurança da mesma natureza em que b) O arguido ou arguido e o assistente, de decisões
tiver sido condenado pelos tribunais são-tomenses, sem contra ele proferidas;
prejuízo da necessidade de efectivação de eventual c) As partes civis, da parte das decisões contra
cúmulo jurídico. cada uma, proferidas;
d) Aqueles que tiverem sido condenados no paga-
mento de quaisquer importâncias, nos termos deste
~~~~~

I _ __/:i..':-54 .-} U de Agosto ae'f{J L

Código ou estiverem a defender um direito afectado pela qualquer outro meio.


decisão. 2. No caso previsto neste artigo, o presidente di
2. Não pode recorrer quem não tiver interesse em Supremo Tribunal de Justiça poderá, se assim o entende]
agir. ouvir o juiz ou o tribunal recorrido.
3. É obrigatório para o Ministério Público interpor 3. Se o presidente do Supremo Tribunal de Justiç
recurso de tcdas.as.sentenças condenatórias que apli- ordenar a admissão do recurso, remeterá ao juiz ou tribt
quem pena de prisão superior a oito anos. nal recorrido o requerimento com o competente despi
cho. O juiz ou o tribunal recorrido mandará imedian
Artigo 374.° mente notificar o recorrente de que lhe foi admitido
Renúncia ao recurso recurso, e os prazos que começam a contar-se da SI
interposição, começarão a correr desde a data em que
1. A renúncia ao recurso da sentença final, salvo notificação se fizer.
nos casos em que não é permitida por lei, inibe a acusa-
ção e a defesa, respectivamente, de recorrerem de qual- Artigo 377.°
quer despacho ou decisão anteriormente proferidos no Subida dos recursos nos processos de querela e
processo. correccionais
2. Se o recurso já tiver subido, ficará sem efeito, e
o processo baixará logo que seja conhecida a renúncia. Em processo de querela ou correccional, os recurs
Se já tiver sido julgado, a decisão não invalidará a sen- interpostos das decisões anteriores ao despacho de pr
tença inicialmente proferida. núncia ou equivalente ou de não pronúncia apenas sul
3. A declaração feita por um dos representantes da Tão ao tribunal superior com o que se interpuser des
acusação ou da defesa de que não prescinde de recurso dá despacho, e os recursos das decisões posteriores, prefe:
a todos os outros o direito de recorrer. das antes da sentença ou acórdão final, somente subir
com o recurso que se interpuser desta decisão, salvas
Artigo 375.° excepções expressamente estabelecidas na lei.
Trâmites dos recursos em processo penal
Artigo 378.°
1. Os recursos em processo penal serão processa- Recursos que sobem imediatamente
dos e julgados como os agravos em matéria civel, com as
especialidades deste código. Subirão logo ao tribunal superior os recursos que
2. O prazo de interposição de recurso é de 15 dias interpuserem:
devendo o requerimento de interposição conter, desde a) Das decisões que ponham termo à causa;
logo, as respectivas alegações. Na ausência de alegações b) Dos despachos que não admitam qualquer p
o juiz julga o recurso deserto, condenando o recorrente soa como parte acusadora ou que neguem ao Ministé
nas custas do incidente. Público legitinúdade para promover a acção penal;
3. Caso o recurso haja sido interposto na acta de c) Dos despachos que ordenem ou mantenhan
julgamento, ou logo após a decisão que se pretendeu prisão do arguido;
impugnar, o referido prazo contar-se-á a partir da notifi- d) Do despacho que não admitir a instrução CI
cação da admissão do mesmo. traditória;
4. Interposto o recurso e junta a motivação ou e) Do despacho que indeferir o pedido de exa
expirado o prazo para o efeito, os autos são conclusos ao médico-forense do arguido suspeito de alienação men
juiz o qual profere despacho e, em caso de admissão do e do que ordene {)seu internamento cm ostabclccíme
recurso, fixa o seu efeito e regime de subida, ordenando a hospitalar ou a cessação desse internamento;
notificação dos restantes sujeitos processuais afectados f) Das decisões finais sobre excepções;
pelo recurso para responderem no prazo de 15 dias. g) Do despacho em que o juiz não reconheç
5. Juntas as contra alegações ou decorrido o prazo impedimento contra ele deduzido;
para a sua apresentação, o processo é concluso ao juiz h) Das decisões posteriores à sentença ou acór
para ordenar a subida dos autos ao Tribunal superior, final.
podendo, antes de ordenar a remessa sustentar ou reparar
a decisão se o recurso respeitar a decisão que não conhe- Artigo 379.°
ça a final do objecto do processo. Recursos com efeito suspensivo

Artigo 376.° 1. Têm efeito suspensivo do processo:


Reclamação contra o despacho que não admitiu o a) Os recursos interpostos da sentença ou acó
recurso final condenatório; sem prejuízo do disposto no ai
177.°;
1. Se o juiz ou tribunal obstarem à interposição de b) O recurso da decisão sobre o debate contrai
qualquer recurso, o interessado poderá requerer por escri- rio, sem prejuízo do disposto no artigo 290.°.
to ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça, que o 2. Suspendem os efeitos da decisão recorrida:
mande admitir, não podendo para tal fim valer-se de a) Os recursos interpostos das decisões que
i"
.. :.:.'. ":(

denarem ao pagamento de quaisquer importâncias, nos te da decisão recorrida;


termos deste código, se o recorrente depositar o seu b) Revogar o beneficio da suspensão da exe-
valor; cução da pena ou da sua substituição por pena menos
b) O recurso do despacho que julgue quebrada a grave;
caução; c) Aplicar qualquer pena acessória, não conti-
c) O recurso do despacho que ordene a execução da na decisão recorrida, fora dos casos em que a lei
de prisão, em caso de não pagamento da multa ou de impõe essa aplicação.
outra pena não privativa da liberdade; d) Modificar, de qualquer modo, a pena aplicada
d) O recurso do despacho que considere sem pela decisão recorrida.
efeito, por falta de pagamento de imposto de justiça, o 2. A proibição estabelecida neste artigo não se
recurso da decisão final condenatória. verifica:
a) Quando o tribunal superior qualificar diver-
Artigo 380.° samente os factos, nos termos do artigo 326.°, quer a
Efeito devolutivo como regra qualificação respeite à incriminação, quer às circunstân-
cias modificativas da pena;
Fora dos casos expressamente previstos na lei, os b) Quando o representante do Ministério
demais recursos têm efeito meramente devolutivo. Público junto do tribunal superior se pronunciar, no visto
inicial do processo, pela agravação da pena, aduzindo
Artigo 381.° logo os fundamentos do seu parecer, caso em que serão
Recursos que sobem nos próprios autos notificados os réus, a quem será entregue cópia do pare-
cer, para resposta no prazo de oito dias.
1. Subirão nos próprios autos os recursos que sus-
penderem o andamento dos processos, nos termos do Artigo 384.°
artigo 379.° e os que forem interpostos de quaisquer Recurso para o tribunal pleno
decisões que ponham termo à causa.
2. Se decisão recorrida tiver sido proferida em 1. Se o Supremo Tribunal de Justiça proferir um
processo apenso, será este remetido ao tribunal superior, acórdão que esteja em oposição com outro do mesmo
podendo juntar-se quaisquer certidões extraidas do pro- Tribunal sobre a mesma matéria de direito, poderá o
cesso principal e ficando no tribunal recorrido certidão de Ministério Público, o arguido ou o assistente recorrer
quaisquer peças que se tomem necessárias. para o tribunal pleno.
3. Subindo o recurso em separado, o juiz deve ave- 2. O recurso a que se refere este artigo será inter-
riguar se o mesmo se mostra instruido com todos os posto, processado e julgado como o recurso idêntico em
elementos necessários à boa decisão da causa, determi- matéria cível, a sua decisão terá os mesmos efeitos, e a
nando, se for caso disso, a extracção e junção de certidão alteração da jurisprudência fixada pelo tribunal pleno s6
das pertinentes peças processuais. poderá fazer-se pela mesma forma

Artigo 382.° Artigo 385.°


Efeito do recurso quanto aos arguidos não recor- Obrigatoriedade de recurso das decisões proferidas
rentes contra assentos

1. Se responderem diversos arguidos e for inter- O Ministério Público recorrerá obrigatoriamente de


posto recurso da decisão final, ainda Quesó reiativamente todas as decisões proferidas contra a jurisprudência fixa-
a algum deles, o tribunal de recurso conhecerá da causa da pelo Supremo Tribunal de Justiça em tribunal pleno,
em relação a todos. sendo sempre admissivel esse recurso.
2. Os não recorrentes não serão, em caso algum,
condenados em imposto de justiça. Artigo 386.°
3. O mesmo se observará nos recursos interpostos Baixa do processo
do despacho de pronúncia, não pronúncia ou equivalen-
tes. 1. Proferido acórdão final sobre recurso interposto
Artigo 383.° para o Supremo Tribunal de Justiça, baixará o processo
Proibiçlo da reformatio in pejus ao tribunal onde o acórdão deva cumprir-se, no prazo de
20 dias, a contar do trânsito em julgado, independente-
1. Interposto recurso ordinário de uma sentença mente de despacho ou promoção.
ou acórdão somente pelo arguido, pelo Ministério Públi- 2. O funcionário de justiça que der causa à demora
co no exclusivo interesse da defesa, ou pelo arguido e da baixa do processo incorrerá na multa de 10.000 a
pelo Ministério Público nesse exclusivo interesse, o tri- 100.000 dobras, que lhe será aplicada pelo presidente do
bunal superior não pode, em prejuízo de qualquer dos respectivo tribunal, oficiosamente ou a requerimento do
arguidos, ainda que não recorrente: Ministério Público ou de qualquer interessado.
a) Aplicar pena que, pela espécie ou pela
medida, deva considerar-se mais grave do que a constan-
CAPÍTULO II Artigo 391.°
Da revisão das sentenças e despachos Documentos obrigatoriamente juntos

Artigo 3S7.0 1. Se a revisão for pedida com o fundamento nas


Caso em que é admissível a revisão alíneas a), b) e c) do artigo 387.°, o requerimento tem de
ser acompanhado da certidão da sentença em que se
Uma sentença com trânsito em julgado só poderá ser funda a revisão e do seu trânsito em julgado, sem o que
revista: não será recebido.
a) Se os factos nela invocados como funda- 2. Nos casos a que se refere este artigo, só poderá.
mento para a condenação de um arguido forem inconci- produzir-se prova documental.
liáveis com os que constem de outra sentença e da oposi-
ção entre eles possam resultar graves dúvidas sobre a Artigo 392.°
justiça da condenação; Pruduçllo de jH'OVa sobre os novos faétülI ou de-
b) Se uma sentença passada em julgado con- meatos de prova
siderar falsos quaisquer depoimentos, declarações de
peritos ou documentos que possam ter determinado a 1. Se o fundamento da revisão for a da alínea d)
decisão absolutória ou condenatória; do artigo 387. ° e se tiverem oferecido testemunhas ou
c) Se resultar de uma sentença com trânsito requerido exames ou quaisquer outras diligências, o juiz
em julgado que a decisão absolutória ou condenatória foi interrogará as testemunhas, reduzindo a escrito os seus
proferida por peita, suborno, corrupção ou prevaricação depoimentos, e mandará proceder às demais diligências
dos juízes ou jurados; se as julgar indispensáveis para a descoberta da verdade.
d) Se, no caso de condenação, se descobri- 2. O requerente só poderá indicar novas testemu
rem novos factos ou elementos de prova que, de per si ou nhas quando justifique que ignorava a sua existência l\I
combinados com os factos ou provas apreciados no pro- tempo da decisão, ou que estavam impossibilitadas d
cesso, constituam graves presunções de inocência do depor, e não poderá exceder o número das que lhe er
acusado; lícito apresentar na audiência de julgamento.
e) Quando, por exame médico-forense feito 3. O juiz poderá, oficiosamente ou a requerímení
em qualquer arguido que esteja cumprindo pena e, por do Ministério Público, da parte acusadora ou do arguic
quaisquer outras diligências necessárias, se mostrar que a que não tenham solicitado a revisão, proceder a quai
sua falta de integridade mental poderia ter determinado a quer outras diligências que julgar indispensáveis pa
irresponsabilidade pelo crime por que foi condenado. esclarecimento da causa.

Artigo 388.° Artigo 393.°


Extinção da acção penal, prescriçAo e cumprimento Produção de prova sobre falta de integridade me
da pena tal do condenado

A revisão pode pedir-se, ainda que a acção penal se Se a revisão for requerida com fundamento na alíi
tenha extinguido ou a pena esteja prescrita ou cumprida. e) do artigo 387.°, poderá o juiz ordenar os exames mé
ce-forenses e demais diligências que julgue necessár
Artigo 389.° antes de fazer seguir o pedido de revisão.
Legitimidade para o pedido
Artigo 394.°
A revisão da sentença pode ser pedida pelo Ministério Processamento por apenso
Público, quando para isso houver fundamento, e também
o poderá ser pelo arguido condenado e, quando este tiver A revisão será processada por apenso aos autos c
falecido, pelos seus ascendentes, descendentes, cônjuges se proferiu a decisão que deve ser revista.
ou equiparados, irmãos ou herdeiros. O assistente só
poderá requerer a revisão das decisões absolutórias. Artigo 395.°
Tramitação pelo juiz da causa

Artigo 390.° 1. O juiz que receba o requerimento da re


Apresentação do requerimento remeterá o processo em que ela se pedir, no prazo
dias, ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça,
O requerimento a pedir a revisão será apresentado no a sua informação.
tribunal onde se proferiu a sentença que deve ser revista, 2. Quando se tenha de proceder a quaisquer
deverá logo indicar a prova oferecida e ser acompanhado gências, nos termos dos artigos anteriores, o prazo
dos documentos que se queiram juntar. se refere este artigo começará a contar-se desd,
tenham terminado.
sar-se-ão os respectivos processos, seguindo-se os ulte-
riores termos da revisão em qualquer deles.
Artigo 396.°
Tramitaçlo no Supremo Artigo 400.°
Negação da revisão
1. Recebido o processo no Supremo Tribunal de
Justiça, irá coma vista ao Ministério Público e depois a Se o Supremo Tribunal de Justiça negar a revisão
todos os juízes da secção criminal, pelo prazo de 5 dias. pedida pelo arguido ou assistente, condenará o requerente
O Supremo Tribunal de Justiça, em pleno, decidirá, em no respectivo imposto de justiça e, tendo havido má fé,
seguida, sobre a revisão. ainda na multa de 250.000 a 2.500.000 dobras.
2. Se o tribunal entender que é indispensável, nos
casos das alíneas d) e e) do artigo 387.°, proceder a qual- Artigo 401.°
quer diligência para esclarecimento da verdade, pode Diligências anteriores ao novo julgamento
ordená-la, oficiosamente ou a requerimento do Ministério
Público. 1. Se for autorizada a revisão, o juiz, logo que
3. Se houver de se proceder a qualquer diligência, baixe o processo que deve ser revisto, mandará dar vista
nos termos do parágrafo anterior, será remetido de novo ao Ministério Público para, no prazo de 5 dias, declarar
o processo ao Supremo Tribunal de Justiça, depois de se tem alguma diligência a requerer e qual. Para o mesmo
cumprida, e a respectiva secção criminal deliberará ime- fim será notificada o assistente havendo-o, e o arguido.
diatamente, sem necessidade de novos vistos. 2. Se o juiz entender que as diligências requeridas
são desnecessárias para a descoberta da verdade, assim o
Artigo 397.° 'declarará em despacho fundamentado, indeferindo o
Autorização da revisão pedido.
3. Findo o prazo a que se refere este artigo, o juiz
Se for autorizada a revisão, o Supremo Tribunal de ordenará, no prazo de três dias, as diligências requeridas
Justiça mandará baixar os autos ao tribunal da causa em e as demais que julgue absolutamente necessárias ao
que se preferiu a decisão que deve ser revista. esclarecimento da causa.

Artigo 398.° LIVRO IV


Autorização da revisão e execução da pena DOS PROCESSOS ESPECIAIS

1. Se for autorizada revisão de sentença condena- CAPiTULO I


tória e o condenado estiver a cumprir pena de prisão, o Dos processos de ausentes
Supremo Tribunal de Justiça determinará se ele deve ou
não passar imediatamente ao regime de prisão preventi- Artigo 402.°
va, podendo, quando haja graves presunções da sua ino- Processo de ausentes
cência, autorizar que ele seja posto em liberdade com ou
sem caução. Os arguidos acusados de qualquer crime penal, cujos
2. Quando o condenado ainda não tenha cumprido processos não possam prosseguir por não serem encon-
a pena em que foi condenado e lhe tiver sido concedida a trados ou por terem faltado a qualquer acto em que a sua
revisão, não se executará a sentença condenatória, mas, comparência seja obrigatória, serão processados e julga-
se a pena imposta for a de prisão, o Supiemo Tribima l de dos nos termos dos artigos seguintes,
Justiça determinará se ele deve aguardar o novo julga-
mento em prisão preventiva ou em liberdade provisória, Artigo 403.°
com ou sem caução; se tiver sido condenado a qualquer Julgamento à revelia e com dispensa de comparên-
outra pena, será ordenada a sua libertação, com ou sem cia do arguido
caução. .
1. Sem prejuízo das medidas de coacção legalmen-
Artigo 399.° te admissíveis e após goradas todas as tentativas de
AnulaçAo das sentenças penais inconciliáveis notificação e, decorrido um mês sem que o arguido com-
pareça em juízo, por impossibilidade de notificação do
1. Se a revisão for autorizada, com fundamento na despacho de pronúncia ou equivalente, será o mesmo
alínea a) do artigo 387.°, por haver sentenças penais julgado à revelia, no mesmo processo, designando-se
ínconcílíáveís que tenham condenado arguidos diversos logo dia para o julgamento.
pelos mesmos factos, o Supremo Tribuna! de Justiça as 2. Tendo o arguido sido notificado do despacho de
anulará, ordenando que se proceda a novo julgamento pronúncia ou equivalente, e não comparecendo injustifi-
conjunto de todos os acusados no tribunal que, segundo a cadamente ao julgamento será este realizado como se o
lei, for competente para o efectuar e que será indicado no arguido estivesse presente, desde que tenha prestado
acórdão que autoriza a revisão. termo de identidade e residência, sendo notificado edi-
2. Para os efeitos do disposto neste artigo, apen- talmente da data dejulgamento.
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l' c. .,._ .~ u S,,-':24·- j Ode Agosto de]Ol G

em condições de comparecer em juizo poderá o tribunal


oficiosamente ou a requerimento de qualquer dos inter·
Artigo 404.° venientes, marcar novo dia para o julgamento. Se nesse
Afixação de editais e julgamento dia o arguido também faltar, ainda que por causa legiti
ma, será julgado como se estivesse presente.
L N.oscasos previstos 00 nO 1 do artigGanterior, o
julgamento será anunciado com 10 dias de antecedência, Artigo 407.°
pelo menos, por um edital afixado à porta do tribunal e Ausência posterior ao início do julgamento
também por outro afixado à porta da autarquia da última
residência do arguido, se for conhecida. Iniciado um julgamento com a comparência do aCUS
2. Nos editais indicar-se-ão: do, se este se impossibilitar no decurso da audiência, o
a) O nome, estado, profissão e última morada do se, tomando esta mais de uma sessão, o arguido falta
acusado ou quaisquer outros sinais necessários para o por qualquer motivo, a alguma destas, prosseguirá
identificar; julgamento ou será adiado, consoante o tribunal consid
b) O crime de que é acusado; Teou não desnecessária a presença do faltoso; mas se, I
c) O dia em que se há-de realizar o julgamento. dia designado pela segunda vez para a continuação c
3. Uma cópia do edital com a certidão da afixação julgamento, o arguido não comparecer, embora por cau:
juntar-se-a aos autos. legítima, será julgado nesse mesmo dia, como se estive
4. Todas as notificações que deveriam fazer-se ao se presente, ainda que não tenha podido ser notificado.
arguido serão feitas ao seu defensor.
5. As diligências para o julgamento não suspen- Artigo 408.°
dem a captura do arguido, se disso for caso. Se este for Comparência do arguido na audiência de julga-
preso ou se apresentar até ao dia designado para o julga- mento
mento, seguir-se-ão os ulteriores termos do processo
comum. 1. Se, em qualquer dos casos previstos neste cal
6. Sempre que o tribunal o entenda, conjuntamente tulo, o arguido comparecer na audiência de julgamen
com a afixação dos editais referidos neste artigo, o jul- será admitido a deduzir a sua defesa, se ainda o não ti,
gamento do arguido revel será publicitado através dos feito, e a oferecer as provas que julgar necessárias.
vários meios de comunicação social. 2. O tribunal, ouvidos os representantes da acm
ção, decidirá se deve prosseguir-se no julgamento, p:
Artigo 405.° duzindo-se logo as provas oferecidas ou sem elas, ou
Tramitação do julgamento de réus reveis deve adiar-se a audiência por algum tempo de modr
permitir ao arguido a organização da defesa.
Nos casos previstos no n." 1 do artigo 403.°, observan-
do-se o disposto no artigo 404.°, serão os depoimentos Artigo 409.°
reduzidos a escrito, excepto se se tratar de processo de Prazos, no caso de haver lugar à extradição de
transgressão. Tratando-se de processo de querela, o jul- arguido
gamento será realizado por juiz singular.
Quando haja lugar à extradição do arguido, os pra
Artigo 406.° prescritos nos artigos anteriores para o processo seg
Ausência justificada, por impossibilidade de com- como de ausentes, começarão a correr desde a data
parência pedido de extradição.

1. Se o arguido estiver praticamente impossibilita- Artigo 410.°


do de comparecer na audiência de julgamento por idade, Novo julgamento e valor das provas no prímeh
moléstia ou por outra causa justificativa, como a de resi- julgamento
dir em lugar afastado da sede do tribunal de julgamento,
poderá ser interrogado no domicilio ou dispensado de 1. Após a comparência do arguido em juízo
comparecer em julgamento, procedendo-se a este como sua notificação, o mesmo poderá requerer novo ju
se estivesse presente, sem prejuízo, porém, de ulterior mento, podendo apresentar a sua defesa e o rol de t(
determinação sobre a sua comparência, se o tribunal a munhas, ou recorrer da decisão nos termos do ar
reputar necessária ao esclarecimento da verdade. seguinte. Em ambos os casos o juiz aplicará ao argi
2. Se a causa da não comparência do arguido for as medidas de coacção que achar adequadas nos ter
de natureza temporária adiar-se-á o julgamento pelo gerais, devendo p:aratanto proceder ao seu interrogai
tempo reputado necessário e, decorrido um mês a contar judicial nos termos do artigo 215.°.
da data designada para esse julgamento e a que de novo 2. No segundo julgamento do arguido que ti
tenha faltado, proceder-se-á ao julgamento com se esti- sido julgado à revelia, valerão, para todos os efeito
vesse presente, na data fixada, devendo o arguido ser provas produzidas no primeiro julgamento e sorr
notificado para o julgamento com essa comínação. serão produzidas as que de novo se oferecerem. A a(
3. Se entretanto, o arguido estiver ou se declarar ção ou defesa poderão, porém, requerer a comparênc
. D1ARJO DA REPÚBliCA 629

algumas das testemunhas que já tenham sido ouvidas, ou


de outras pessoas que tenham de prestar declarações e o
tribunal poderá também ordená-la oficiosamente. Artigo 416.°
Novo julgamento de co-arguídos ausentes
Artigo 411.°
Publicidade da audiência e prazos para recurso Se, no caso dos dois artigos antecedentes, houver
lugar a um novo julgamento dos arguidos que tenham
1. A sentença será lida publicamente na audiência respondido à revelia, só estes serão de novojulgados.
e será notificada ao arguido, logo que seja preso ou que
seja conhecido o seu paradeiro. CAPITULOrr
2. O arguido poderá interpor recurso da sentença, Do processo por difamação, calúnia e injúrias
no prazo legal, que se conta a partir da notificação que
para tanto lhe será feita. Artigo 417.°
3. Nos casos em que o arguido foi julgado como se Forma de processo
estivesse presente, a sentença transitará, no prazo legai,
independentemente de qualquer notificação pessoal. Os processos por difamação, injúrias e calúnia, segui-

, Artigo 412.°
Âmbito de recurso interposto para o tribunal supe-
rior

Em recurso da decisão que tiver julgado qualquer


rão termos do processo correccional, com as e especifici-
dades previstas neste capitulo.

Artigo 418.°
Prova da verdade das imputações
arguido à revelia, o Supremo Tribunal de Justiça conhe- 1. Se o arguido pretender provar a verdade das
cerá de facto e de direito e poderá ordenar que se proceda imputações, deduzirá a sua defesa na contestação, não
a novojulgamento, se o julgar necessário. podendo produzir mais de 3 testemunhas por cada facto.
Em seguida será o processo concluso ao juiz, o qual,
Artigo 413.° dentro de três dias, decidirá se é ou não admissivel aque-
Execução da sentença condenatória proferida à la prova, e, no caso afirmativo, declarará sem efeito o
revelia despacho que designou dia para julgamento, observando-
se o disposto nos artigos seguintes.
A sentença condenatória proferida à revelia contra 2. Quando a imputação for de factos criminosos,
arguidos ausentes executar-se-à desde logo quanto à só é admissivel prova resultante de condenação com
multa, imposto de justiça, indemnização e quaisquer trânsito em julgado.
outras quantias em que o arguido for condenado. 3. Deduzida defesa nos termos dos números ante-
riores, se não houver ainda decisão condenatória pelo
Artigo 414.° facto criminoso imputado, ficará o processo suspenso
Arguidos presos ou caucionados e réus ausentes pelo prazo do n," 4 do artigo 3.°, a fim de ser promovida
e decidida a acção penal, procedendo-se depois de har-
1. Se forem acusados conjuntamente diversos monia com o decidido.
arguidos, alguns dos quais estejam presos ou sob caução
e outros não tenham sido encontrados, decorridos 30 dias Artigo 419.°
após a prisão ou caução do primeiro, o processo segue os Contestação do Ministério Público
seus termos contra todos.
2. Os arguidos que não forem encontrados serão 1. Se tiver sido admitida a prova das imputações,
julgados à revelia, nos termos dos artigos anteriores, e o processo irá com vista ao Ministério Público, para no
julgados conjuntamente com os outros, se o tribunal não prazo de oito dias as contestar, oferecer logo o rol de
optar por proceder à separação de processos. testemunhas que não poderá exceder três por cada facto,
e requerer quaisquer outros meios de prova. Em seguida,
Artigo 415.° será notificado o assistente, havendo-o, para o mesmo
Arguidos notificados e arguidos não notificados fim e em igual prazo.
2. Se acusarem conjuntamente o Ministério Públi-
Se houver no mesmo processo diversos arguidos, co e o assistente por actos diversos, cada um poderá
nenhum dos quais esteja preso ou caucionado, mas uns oferecer três testemunhas a cada facto. Se os factos forem
tenham sido notificados do dia de julgamento e outros os mesmos, o Ministério Público poderá oferecer duas
não, adiado o julgamento e decorrido um mês após a testemunhas e a parte mais uma, se não estiverem de
notificação dos primeiros, seguirá o processo contra acordo. Se diversas pessoas se tiverem constituído assis-
todos, correndo à revelia dos não notificados, nos termos tente e não estiverem de acordo, cada uma poderá ofere-
dos artigos anteriores, e sendo todos julgados conjunta- cer mais uma testemunha a cada facto.
mente. 3. Uma cópia da contestação e do rol de testemu-
nhas será entregue ao arguido, no prazo de três dias.
.. :L:::.1;) de AgoSLO de 2010

Artigo 420.° 2. Pronunciado definitivamente o arguido, e


Realização de diligências e marcação de julgamen- será suspenso das suas funções se lhe for aplicável,
to traetamente pena superior a cinco anos de prisão ou se
manutenção do mesmo em funções causar alarme SOCO
o juiz mandará, em seguida, proceder a quaisquer ou ainda quando a sua manutenção não for compatí
.diligências que tenham sido requeridas. e, após a sua com a dignidade exigida para o exercício da função.
realização, designará logo o dia para o julgamento, que
se efectuará dentro dos quinze dias imediatos, salvo se Artigo 426.°
não for possível, por acumulação de serviço. Trâmites processuais

CAPÍTULom A tudo o que não contrarie o disposto nos artigos ante


Do processo por infracções pelos Magistrados riores, serão aplicadas as regras gerais do processo penal

Artigo 421.° Artigo 427.°


Participação Natureza urgente

A participação por qualquer crime praticado por juiz Os processos a que se refere o presente capítulo tê
ou magistrado do Ministério Público, será dirigida ao natureza urgente.
presidente do Conselho Superior da Magistratura Judiciai
ou do Ministério Público, respectivamente, acompanhada Artigo 428.°
de todos os documentos e com a indicação dos demais Transgressões cometidas por Magistrados
elementos de prova.
1. Se a algum juiz ou magistrado do Ministé
Artigo 422.° Público for imputada qualquer transgressão ou cont
Instrução venção, no caso de não se ter verificado a oblação voh
tária, o respectivo auto de notícia será remetido ao O
A participação será distribuída ao presidente do selho Superior da Magistratura Judicial ou do Ministé
Supremo Tribunal de Justiça no caso de se tratar de um Público, respectivamente.
juiz, ou ao Procurador-Geral da República, no caso de se 2. Ouvido por escrito o infractor, o Conse
tratar de magistrado do Ministério Público, o qual inquire Superior respectivo decidirá se haverá ou não luga
as testemunhas indicadas, preside aos exames tidos por procedimento contravencional.
necessários, bem como, ordena as diligências que julgar 3. Havendo lugar a procedimento contravencio
convenientes. os autos serão distribuídos a um dos juizes conselhe
do Supremo Tribunal de Justiça, por sorteio, com exr
Artigo 423.° ção do seu presidente, o qual designará dia para ju
Resposta do arguido mento.
4. Só em caso de sentença condenatória, ha
1. Finda a instrução do processo e ouvido o recurso para o Pleno do Supremo Tribunal de Justiça.
Ministério Público, o instrutor comunicará ao arguido os
factos que lhe são imputados, mandando-o responder por LIVRO V
escrito, em prazo não superior a 15 dias.
2. O arguido poderá consultar o processo na secre- DÂS EXECUÇÕES
taria do Supremo Tribunal de Justiça, durante o prazo
que lhe for concedido, para responder às acusações. CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 424.°
Acusação Artigo 429.°
Efeitos das decisões penais
Junta aos autos a resposta, ou decorrido o prazo que
para esse fim tiver sido designado, irá o processo com 1. As decisões penais condenatórias transi
vista ao Procurador-geral da República, para proferir em julgado têm força executiva em todo o terr
despacho de abstenção ou de acusação, e para os mesmos nacional e ainda em território estrangeiro, conforr
fins será, se houver, notificado o assistente. tratados, convenções e regras de direito ínternacione
2. As decisões penais absolut6rias são exeq
Artigo 425.° logo que proferidas, sendo consideradas extintas
Instrução contraditória e suspensão de funções quer medidas restritivas da liberdade que ao ai
tenham sido aplicadas.
1. Deduzida acusação, o processo seguirá os ter-
mos do processo comum com as especificidades do arti-
go 9° deste Código.
',PRÍNCIPE - D1AIuo DA REPÚBLKA 631

Artigo 430.° Artigo 433.°


Inexistência da decisão ou sentença e dúvidas sobre Extinção da execução
a identidade do arguido
1.
o tribunal competente para a execução declara extinta
Não é exequível a decisão ou sentença penal: a pena ou a medida de segurança, notificando o benefi-
a) Que não emane de tribunal com jurisdição ciário com entrega de cópia e sendo caso disso, remeten-
penal; do cópias para os serviços prisionais, serviços de reinser-
b) Que não determine a pena ou medida aplicável ção social e outras instituições que determinar.
ou aplique pena ou medida inexistente na legislação
penal são-tomense; CAPíTULOn
c) Que não esteja reduzida a escrito; Da execução das penas
d) Que condene pessoa diversa da que for argui-
do no processo. Secção I
2. Quando seja certa a pessoa que foi arguido no Da prisão
processo, mas insuficiente ou inexacta a sua identifica-
ção, preceder-se-à rectificação desta nos autos, depois de Artigo 434.°
realizadas as diligências necessárias. Entrada no estabelecimento prisional

Artigo 431.° Os condenados em pena de prisão dão entrada no


Competência do Ministério Público para a execu- estabelecimento prisional por mandado do juiz compe-
ção tente.

1. Compete ao Ministério Público promover a Artigo 435.°


execução das penas e medidas de segurança, e bem assim Contagem do tempo de prisão
a execução por imposto de justiça, indemnização por
dívidas e mais quantias devidas ao Estado. 1. Na contagem do tempo de prisão, os anos,
2. Compete ainda ao Ministério Público promover meses e dias são computados segundo os seguintes crité-
as execuções para o pagamento coercivo das indemniza- rios:
ções, arbitradas, pelo tribunal penal, aos ofendidos, desde a) A prisão fixada em anos termina no dia cor-
que não representados por advogado. respondente, dentro do último ano, ao do inicio da conta-
3. A indemnização que se obtiver mediante a exe- gem e, se não existir dia correspondente, no último dia do
cução será entregue ao titular do direito sem quaisquer mês;
encargos para este. b) A prisão fixada em meses é contada conside-
rando-se cada mês um periodo que termina no dia cor-
Artigo 432. ° respondente do mês seguinte ou, não o havendo, no últi-
Tribunal competente para a execução mo dia de cada mês;
c) A prisão fixada em dias é contada consideran-
1. A execução corre nos próprios autos perante o do-se cada dia um periodo de vinte e quatro horas, sem

c juiz do Tribunal de la instância em que o processo tiver


corrido.
2. Se a causa tiver sido julgada em I a instância,
prejuízo do que no artigo seguinte se dispõe quanto ao
momento da sua libertação.
2. Quando a prisão não for cumprida continua-
pelo Supremo Tribunal de Justiça ou se a decisão tiver mente, ao dia encontrado segundo os critérios do número
sido revista e confirmada, a execução corre no tribunal anterior acresce o tempo correspondente às interrupções.
do domicílio do condenado, salvo se este for magistrado 3. A contagem da pena de prisão é feita no pro-
judicial ou do Ministério Público ai em exercício de cesso pelo Ministério Público e homologada por despa-
funções, caso em que a execução corre no tribunal mais cho do juiz de execução, devendo na mesma calcular-se o
próximo. seu meio (1/2), dois terços (2/3) e cinco sextos (5/6) para
3. Cabe ao tribunal competente para a execução efeitos de liberdade condicional.
decidir as questões relativas à execução das penas e das 4. O Ministério Público envia aos serviços peni-
medidas de segurança e à extinção da responsabilidade, tenciários e reinserção social, no prazo de cinco dias após
bem como à prorrogação, pagamento em prestações ou o trânsito em julgado, certidão da sentença que aplicar
substituição da pena de multa por trabalho a favor da pena privativa da liberdade e da contagem da pena efec-
comunidade e ao cumprimento da prisão subsidiária. tuada no processo, devendo para tanto ser-lhe entregues
4. A aplicação da amnistia e de outras medidas de pelo tribunal as respectivas certidões.
clemência previstas na lei compete ao tribunal referido
no número anterior ou ao tribunal de recurso onde o
processo se encontrar.
".] ::::.i.. Ode Agosto de 201 C

Artigo 436,° g) Não ter em seu poder objectos capazes de fac


Momento da libertação tar a prática de crimes;
h) Apresentar-se periodicamente perante o tribu
1. A libertação tem lugar durante a manhã do ou outras entidades ou ser acompanhado por técnico
último dia do cumprimento da pena. reinserção social.
2-;-Se o último dia de cumprimento da pena for 2. O tribunal pode ainda, obtido o consentime
sábado, domingo ou feriado, a libertação pode ter lugar prévio do condenado, determinar a sua sujeição a tr
no dia útil imediatamente anterior, se a duração da pena o menta médico ou a cura em instituição adequada.
justificar e a tal se não opuserem razões de assistência. 3. A liberdade condicional tem como suporte ~
3. O momento da libertação pode ser antecipado cutivo o plano individual de readaptação social, que I
de dois dias, quando razões prementes de reinserção além de outros deveres ou regras instrumentais da eXI
social o justificarem. ção, poderá incluir os que constam do número anterio

Artigo 437.° Artigo 439.°


Pressupostos e duraçãü da liberdade condicionai incumprimento das regras ou deveres

1. Quando se encontrar cumprida metade da pena Apenas o incumprimento cu1posodas regras, de'.
(1/2) aplicada ao condenado, o mesmo pode' ser colocado ou do plano de readaptação legitimam a actuação do.
em liberdade condicional, pela duração igual ao tempo de no sentido de advertir o condenado, exigir novas gl
prisão que lhe falta cumprir, mas nunca superior a quatro tias de cumprimento ou formu1arnovas exigências.
anos, nos termos e condições constantes do artigo 58.° e
seguintes do Código Penal. Artigo 440.°
2. Não sendo concedida a liberdade condicional Revogação e extinção da liberdade eondícíon
concedida na metade da pena a mesma será, obrigatoria-
mente, reapreciada quando ao arguido tiver cumprido 1. A revogação da liberdade condicional deter
dois terços (2/3) da pena. a execução da pena de prisão ainda não cumprida
3. Sem prejuízo do disposto nos números anterio- pode ser decretada se o condenado no decurso da e:
res, o condenado é colocado em liberdade condicional ção:
logo que houver cumprido cinco sextos (5/6) da pena. a) Infringir grosseira ou repetidamente os de
4. A decisão sobre liberdade condicional compete ou regras de conduta impostos ou o plano individr
ao juiz da execução e deve atender às circunstâncias readaptação social; ou
previstas na lei penal. b) Cometer crime pelo qual venha a ser condi
5. A concessão da liberdade condicional depende em pena superior a um ano revelando deste modo (
sempre do consentimento do condenado, podendo ser finalidades da liberdade condicional não poderã
requerida por este, pelo Ministério Público, pelo Director atingidas.
de Serviços Penitenciários e Reinserção Social, devendo 2. A pena é declarada extinta, independente
ser apreciada oficiosamente pelo juiz de execução da de despacho se, decorrido o período de duração da
pena. dade condicional, inexistirem razões que possam
car a sua revogação.
Artigo 438.°
Sujeição a regras de conduta Artigo 441.°
Inicio do processo da liberdade condícion
1. A concessão da liberdade condicional pode ser
sujeita ao cumprimento de deveres ou subordinada a 1. Até dois meses antes da data admissível
regras de conduta, destinadas a facilitar e garantir o pro- libertação condicional do condenado e independen
cesso de socialização do condenado, nomeadamente a te de requerimento ou ordem judicial, os Serviço
obrigação de: tenciários e Reinserção Social elabora o respecth
a) Pagar dentro de certo prazo a indemnização cesso individual do condenado donde conste:
devida ao lesado ou garantir o seu pagamento por meio a) Os elementos mais relevantes relativos ê
de caução idónea; denado e que constem do seu processo individu
b) Dar ao lesado uma satisfação moral adequada; ceptiveis de permitirem a caracterização da pos
c) Entregar ao Estado certa quantia sem atingir o recluso face ao processo de socialização;
limite máximo estabelecido para o quantitativo da pena b) Parecer sobre a concessão da Iíberdade
de multa; cional aprovado pelo Conselho de Socialização;
d) Não exercer determinadas profissões ou fre- c) Proposta do Director de Serviços Penite
quentar certos meios ou lugares; e Reinserção Social.
e) Não residir em certos lugares ou regiões ou não 2. Oficiosamente ou a requerimento do M
acompanhar, alojar ou receber determinadaspessoas; Público ou do condenado, o tribunal solicita q
f) Não frequentar certas associações ou participar outros relatórios, documentos, informações ou
em determinadas reuniões; diligências que se mostrem relevantes para a deci
633

3. Até 15 dias antes da data admissível para a 3. O disposto no número anterior não se aplica no
libertação, o juiz de execução desloca-se à prisão onde caso de o pagamento da multa ter sido diferido ou autori-
estiver o condenado e ouve o mesmo, em privado, sobre zado pelo sistema de prestações.
o seu consentimento para a liberdade condicional e em
tudo o mais que seja relevante para decisão da mesma. Artigo 444.°
Após, vão os autos com vista ao Ministério Público o Substituição da multa por dias de trabalho
qual emite parecer sobre a concessão da liberdade condi-
cional. 1. O condenado, no prazo previsto nos n.Os2 e 3 do
4. Posteriormente e no mesmo prazo de 15 dias, o artigo anterior, pode requerer a substituição da multa, por
juiz profere decisão fundamentada sobre a liberdade dias de trabalho devendo o condenado indicar as habilita-
condicional a qual é notificada com cópia ao condenado ções profissionais e literárias, a situação profissional e
e ao Ministério Público e remetida cópia aos Serviços familiar e o tempo disponível, bem como, se possível,
Penitenciários e Reinserção Social. mencionar alguma instituição em que pretenda prestar
5. O despacho que deferir a liberdade condicional, trabalho.
além de descrever os fundamentos da sua concessão, 2. O tribunal pode solicitar informações comple-
especifica o respectivo período de duração e as regras de mentares aos serviços de reinserção social, nomeadamen-
conduta ou outras obrigações a que fica subordinado o te sobre o local e horário de trabalho e a remuneração.
beneficiário, sendo este dele notificado e recebendo cópia 3. A decisão de substituição indica o número de
antes de libertado. horas de trabalho e é comunicada ao condenado, aos
6. A decisão do juiz é impugnável por meio de serviços de reinserção social e à entidade a quem o traba-
recurso com efeito meramente devolutivo. .lho deva ser prestado.
4. Em caso de não substituição da multa por dias
Artigo 442.° de trabalho, o prazo de pagamento é de 15 dias a contar
Acompanhamento da execução pelo juiz e visitas da notificação da decisão.
ao estabelecimento prisional
Artigo 445.°
1. Compete ao juiz de execução: Não pagamento da multa
a) Visitar, pelo menos, mensalmente os estabele-
cimentos prisionais, a fim de tomar conhecimento da 1. Findo o prazo de pagamento da multa ou de
forma como estão a ser executadas as condenações; alguma das suas prestações sem que o pagamento esteja
b) Ouvir, na altura da visita, as pretensões dos efectuado, procede-se à execução patrimonial.
reclusos, preventivos e condenados, que para o efeito se 2. Tendo o condenado bens suficientes e desemba-
inscrevem em livro próprio, e resolver essas pretensões raçados de que o tribunal tenha conhecimento ou que ele
com o Director de Serviços Penitenciários e Reinserção indique no prazo de pagamento, o Ministério Público
Social; promove logo a execução, que segue os termos da execu-
c) Exercer as demais funções que lhe sejam atri- ção por custas.
buídas por lei. 3. Não sendo paga a multa pela execução de bens,
2. O juiz de execução pode visitar livremente nem substituída por trabalho a favor da comunidade é
qualquer estabelecimento penitenciário e interpelar qual- executada a prisão alternativa fixada na sentença nos
,C quer funcionário ou recluso, podendo-se fazer acompa-
nhar por funcionário judicial.
termos estabelecidos no Código Penal.

3. O Director de Serviços Penítencíários c Reinser- SecçAúITI


ção Social providenciará funcionário dos mesmos quando Da execução da pena suspensa
tal lhe for requisitado pelo juiz e seja necessário para o
normal exercício das suas competências. Artigo 446.°
4. Os reclusos que estiverem inscritos para a visita Modificação dos deveres, regras de conduta e
são ouvidos pelo juiz a sós ou na presença das pessoas outras obrigações impostos
que este determinar.
1. A modificação dos deveres, regras de conduta e
Secção fi outras obrigações impostos ao condenado na sentença
Da execução da pena de multa que tiver decretado a suspensão da execução da prisão é
decidida por despacho, depois de recolhida prova das
Artigo 443.° circunstâncias relevantes supervenientes ou de que o
Prazo de pagamento tribunal só posteriormente tiver tido conhecimento.
2. O despacho é precedido de parecer do Ministé-
1. A multa é paga após o trânsito em julgado da rio Público e de audição do condenado, e ainda dos ser-
decisão que a impôs e pelo quantitativo nesta fixado, não viços de reinserção social no caso de estes estarem a
podendo ser acrescida de quaisquer adicionais. acompanhar a suspensão.
2. O prazo de pagamento é de 15 dias a contar da
notificação para o efeito.
-- -====---- -
---

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Artigo 447. ° 2. A admoestação é proferida de imedi


Apresentação periódica e sujeição a tratamento Ministério Público, o arguido e o assistente de
médico ou a cura para a acta que renunciam à interposição de recm
3. O tribunal executa a admoestação de fc
1. Sendo determinada apresentação periódica esta se não confunda com a alocução final referi
perante-o tribunal, as- apresentações são anotadas no 2 do artigo 335.0•
processo.
2. Se for determinada apresentação perante outra Secção V
entidade, o tribunal faz a esta a necessária comunicação, Da execução das penas acessórias
devendo a entidade em causa informar o tribunal sobre a
regularidade das apresentações e, sendo caso disso, do Artigo 451.0
não cumprimento por parte do condenado, com indicação Decisão e trâmites
dos motivos que forem do seu conhecimento.
3. A sujeição do condenado a tratamento médico 1. A decisão que decretar a proibição ou é
ou a cura ern instituição adequada durante o período da são de exercício de função pública é comun
suspensão é executada mediante mandado emitido, para o dirigente do serviço ou organismo de que de
efeito, pelo tribunal. condenado.
4. Os responsáveis pela instituição informam o tri- 2. A decisão que decretar a proibição ou ;
bunal da evolução e termo do tratamento ou cura, poden- são de exercicio de profissão ou actividade que
do sugerir medidas que considerem adequadas ao .êxito de titulo público ou de autorização ou homolo
do mesmo. autoridade pública é comunicada, conforme os
organismo profissional em que o condenado este
Artigo 448. ° to ou à entidade competente para a autorização c
Falta de cumprimento das condições de suspensão logação.
3. O tribunal pode decretar a apreensão, 1
1. Quaisquer autoridades e serviços aos quais seja po que durar a proibição, dos documentos que
pedido apoio ao condenado no cumprimento dos deveres, profissão ou actividade.
regras de conduta ou outras obrigações impostas comuni- 4. A incapacidade eleitoral é comunicada
cam ao tribunal a falta de cumprimento, por aquele, des- são de recenseamento eleitoral em que o cone
ses deveres, regras de conduta ou obrigações. encontrar inscrito ou dever fazer a inscrição.
2. O tribunal decide por despacho, depois de reco- 5. A incapacidade para exercer o poder p
lhida a prova e antecedendo parecer do Ministério Públi- tutela, a curatela, a administração de bens ou
co e audição do condenado. jurado é comunicada à conservatória do registo I
3. A condenação pela prática de qualquer crime estiver lavrado o registo de nascimento do conde
cometido durante o periodo de suspensão é imediatamen- 6. Para além do disposto nos números am
te comunicada ao tribunal competente para a execução, tribunal ordena as providências necessárias pare
sendo-lhe remetida cópia da decisão condenatória. ção da pena acessória
4. Para os efeitos do disposto no n." 1, a decisão 7. A decisão que decretar a proibição de
que decretar a imposição de deveres, regras de conduta veiculos motorizados é comunicada às entidade
ou outras obrigações é comunicada às autoridades e ser- tentes para a emissão da respectiva carta de (
viços aí referidos. devendo o facto ser anotado por esta no cadastt
dntor,
Secção IV 8. No prazo de 15 dias a contar do trânsi
Da execução da prestação de trabalho a favor da gado da sentença, o condenado entrega na sec
comunidade e da admoestação tribunal, ou em qualquer posto policial, que
àquela instituição, a licença de condução, se
Artigo 449.0 não se encontrar já apreendida no processo.
Prestação de trabalho a favor da comunidade 9. Se o condenado na proibição de condu
los motorizados não proceder de acordo com (
Se o arguido dever ser condenado à prestação de tra- no número anterior, o tribunal ordena a apn
balho a favor da comunidade, a respectiva execução faz- licença de condução.
se nos termos de legislação especial. 10. A licença de condução fica retida na
do tribunal pelo periodo de tempo que durar a
Artigo 450.0 sendo devolvida decorrido o periodo da proibiç
Admoestação

1. A admoestação é proferida após trânsito em jul-


gado da decisão que a aplicar.
" / 635

Secção VI b) Oficiosamente ou a requerimento do Ministério


Da execução das medidas de segurança Público, do internado ou do defensor, as diligências que
se afigurem com interesse para a decisão.
Artigo 452.° 2. Até à mesma data os serviços de reinserção
Normas de execução social enviam relatório contendo análise do enquadra-
mento familiar e profissional do internado.
1. Para além do que fica referido nos artigos 111. ° 3. A revisão obrigatória da situação do internado
a 122.° deste Código e nas disposições do Código Penal a tem lugar com audição do Ministério Público, do defen-
execução das medidas de segurança, regem-se pelas sor e do internado, só podendo a presença deste ser dis-
normas da presente secção. pensada se o seu estado de saúde tornar a audição inútil
2. A decisão que decretar o internamento especifi- ou inviável.
ca o tipo de instituição em que este deve ser cumprido e
determina, se for caso disso, a duração máxima e mínima Artigo 456. °
do internamento, bem como os periodos previstos para a Disposições aplicáveis
sua revisão nos moldes semelhantes ao estabelecido para
as penas de prisão .. São aplicáveis à medida de internamento, com as
3. O início e a cessação do internamento efectuam- necessárias adaptações, as normas referentes à execução
se por mandado do tribunal. da pena de prisão.

Artigo 453.° SecçãoVll


Comunicação da sentença Das custas e execução de bens

1. O Ministério Público envia aos serviços prisio- Artigo 457.°


nais e de reinserção social e à instituição onde o interna- Lei aplicável
mento se efectuar, no prazo de cinco dias após o trânsito
em julgado da decisão de internamento, devendo indicar Em tudo o que não for especialmente previsto neste
expressamente a data calculada para revisão da medida. Código, a execução de bens rege-se pelo Código das
2. Em caso de recurso da decisão que aplicar Custas Judiciais e, subsidiariamente, pelo Código de
medida de segurança de internamento e de o arguido se Processo Civil.
encontrar privado da liberdade, o Ministério Público
envia aos serviços prisionais cópia da decisão, com a Artigo 458.°
indicação de que dela foi interposto recurso. Disposições subsidiárias em matéria de custas

Artigo 454.° É subsidiariamente aplicável o disposto no Código das


Processo individual do internado Custas Judiciais.

1. Na instituição onde o internamento se efectuar é


organizado um processo individual, no qual se registam
ou juntam as comunicações recebidas do tribunal e os
elementos a este fornecidos, bem como os relatórios de CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
avaliação periódica dos efeitos do tratamento sobre a
r---o----- -- _ __ .
nP.ri 17nlliitlllip iln intp1"O~iln Preâmbulo
2. Anualmente e sempre que as condições o justifi-
carem, ou o tribunal o solicitar, o director da instituição LIVRO 1- DA JURISDIÇ10, COMPETÊNCIA E
remete para o processo organizado naquele tribunal o Acçl0
relatório de avaliação periódica.
TíTULO I- DA JURISDIÇ10 E COMPETÊNCIA
Artigo 455.°
Revisão, prorrogação e reexame do intemamento Secção 1- Disposições gerais

1. Até dois meses antes da data calculada para a Artigo 1.0_ Legalidade da acção penal, interpretação e inte-
revisão obrigatória da situação do internado ou a pedido gração da lei processual penal
deste, o tribunal responsável pela execução da pena Artigo 2. Principio da suficiência da acção penal
ordena: Artigo 3. Questões prejudiciais não penais
a) Pericia psiquiátrica ou sobre a personalidade a Artigo 4. Questões prejudiciais em processo não penal
realizar, sempre que possível, no próprio estabelecimento
em que se encontra o internado, devendo o respectivo
relatório ser-lhe apresentado dentro de 30 dias;
Secção Ií- Da Jurisdição Artigo 34.°· Obrigatoriedade de denúncia ao Ministério
Público
Artigo 5.°. Administração da justiça penal Artigo 35.°. Denúncias facultativas
Artigo 6. 0. Exercicio da função jurisdicional penal Artigo 36.°· Conteúdo da denúncia

Secção ID· Da Competência CAPÍTULO Il- Do arguido e do seu defensor

Artigo 7.°. Lei reguladora da competência material e fun- Artigo 37.°. Qualidade de arguido
cional Artigo 38.°. Constituição de arguido
Artigo 8.°. Competência do Supremo Tribunal de Justiça Artigo 39.°. Outros casos de constituição de arguido
Artigo 9.°. Foro especial Artigo 40.°. Posição processual
Artigo 10.°. Competência dos tribunais colectivos Artigo 41.°. Direitos e deveres processuais
Artigo 11.°. Competência do tribunal dejúri Artigo 42.°. Defensor
Artigo 12.°. Competência do juiz singular de primeira Artigo 43.°. Direitos do defensor
instância Artigo 44.°· Obrigatoriedade de assistência
Artigo 13.°. Competência territorial Artigo 45.°. Assistência a vários arguidos e substituiçã
Artigo 14.°. Crime parcialmente praticado em território do defensor
nacional
Artigo 15.°. Desconhecimento do lugar do crime CAPíTULO m- Da acção civil
Artigo 16.°. Crimes a bordo de navio ou aeronave ou
pequenas embarcações Artigo 46.°. Indemnização por perdas e danos
Artigo 17.0. Crimes cometidos no estrangeiro Artigo 47.°. Pedido civil em separado
Artigo 18.°. Crimes em que é ofendido o juiz de direito ou Artigo 48.°. Efeitos da transacção na acção civil
magistrado do Ministério Público Artigo 49.°. Legitimidade e prazos para o pedido (
Artigo 19.°. Acumulação de crimes e conexão subjectiva indemnização
Artigo 20.°. Conexão objectiva por comparticipação Artigo 50.°. Efeito da extinção da acção penal antes (
Artigo 21.°. Conexão objectiva por infracções reciprocas julgamento
ou simultâneas Artigo 51. 0. Reparação por perdas e danos
Artigo 22.°. Crimes que são causa ou efeito uns dos outros Artigo 52.°. Indemnização fundada em responsabilida
Artigo 23.°. Contravenções e transgressões que constam civil ou pelo risco
do mesmo auto de notícia Artigo 53.°. Pagamento da indemnização
Artigo 24.°. Crimes da responsabilidade só de alguns
arguidos e praticadas em regiões diversas LIVRO u- DO PROCESSO
Artigo 25.°. Prorrogação de competência no caso de acu-
mulação de crimes TÍTULO I· Disposições gerais

TÍTULO n- DAS ACÇÕES EMERGENTES DO CAPíTULO I· Das formas do processo


CRIME
Artigo 54.°. Formas de processo penal
CAPÍTULO I· Da acção penal Artigo 55.°· Processo de querela
Artigo 56.°· Processo correccional e de transgressão
Secção única- Do Ministério Público, da parte acusa- Artigo 57.°...Processo sumário
dora e do assistente Artigo 58.°. Forma de processo. Pena a que se atende

Artigo 26.°. Exercicio da acção penal CAPÍTULO Ií- Dos actos judiciais
Artigo 27.°. Quem pode exercer a acção penal, além do
Ministério Público Artigo 59.°. Manutenção da ordem dos actos judiciais
Artigo 28.°. Legitimidade para exercer a acção penal nos Artigo 60.°. Publicidade do processo e segredo de just
crimes cujo procedimento criminal dependa de queixa Artigo 61.°. Obrigação de mostrar processo que não e
Artigo 29.°. Legitimidade em procedimento dependente em segredo de justiça
de acusação particular Artigo 62.°. Certidões de processo em segredo de just
Artigo 30.°. Homologação da desistência da queixa ou da Artigo 63.°. Publicação não autorizada de actos ou c
acusação particular mentos de processo
Artigo 31. 0. Assistentes em processo penal Artigo 64.°. Meios de comunicação social
Artigo 32.°. Representação judiciária do assistente Artigo 65.°. Horas em que se praticam os actos judi
Artigo 33°· Exercicio da acção penal pelo Ministério arguidos presos
Público Artigo 66.°. Requisitos de validade dos actos do proc
Artigo 67.°. Língua e forma escrita dos actos e nom
de intérprete
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Artigo 68.°. Participação de surdo, deficiente auditivo ou Artigo 101.°_ Dedução da suspeição
de mudo Artigo 102.°. Efeito da dedução da suspeição
Artigo 69.°. Actos decisórios Artigo 103.°. Má fé instrumental
Artigo 70.°. Auto ou acta
Artigo 71.°. Redacção do auto ou acta Secção II· Da falsidade
Artigo 7r· Registo e transcrição
Artigo 73.°. Reforma de auto perdido, extraviado ou des- Artigo 104.°. Admissibilidade e regime de recurso do
truído incidente de falsidade
Artigo 74.°. Chamamento ajuízo Artigo 105.°- Quando pode ser levantado o incidente
Artigo 75.°. Notificação aos arguidos ou réus, assistentes, de falsidade
partes civis e advogados e solicitadores Artigo 106.°. Arguição posterior à decisão final
Artigo 76.°. Requisição de funcionários Artigo 107.°. Processo do incidente de falsidade
Artigo 77.° .• Cumprimento de mandados pelos oficiais de Artigo 108.°. Efeito do incidente de falsidade
diligências Artigo 109.°- Dedução do incidente de falsidade na
Artigo 78.°_ Cumprimento de mandados pela autoridade audiência de julgamento
policial Artigo 110.°. Má fé sobre incidente da falsidade
Artigo 79.°. Testemunhas fora da área de jurisdição
• Artigo 80.°- Requisição de actos a praticar em área de Secção Ilf- Da alienação mental do arguido
~ jurisdição diversa
Artigo 81.°_ Falta injustificada de comparecimento Artigo 111.°. Exame médico-forense no caso de sus-
Artigo 82.°. Requisição de esclarecimentos, documentos peita sobre a integridade mental do arguido
ou diligências indispensáveis Artigo 112.°- Falta de integridade mental posterior à
Artigo 83.°. Prazo geral para despachos e promoções dos pratica da infracção
magistrados Artigo 113.°. Nomeação do defensor oficioso no caso
Artigo 84.°. Prazo para os actos da secretaria de falta de integridade mental
Artigo 85.°. Compromisso e juramento Artigo 114.°. Audiência de ascendentes, descendentes
Artigo 86.°_ Quem não presta juramento e cônjuge e equiparado
Artigo 115.°- Incidente suscitado na instrução prepara-
CAPÍTULO m- Das nulidades e da ilegitimidade tória ou antes do julgamento
Artigo 116.°. Efeito da declaração de irresponsabilida-
Secção I· Das nulidades
de antes do julgamento
Artigo 117.°- Incidente suscitado durante a execução
Artigo 87.°_ Nulidades da decisão condenatória
Artigo 88.°. Regime de arguição e conhecimento das Artigo 118.°. Medidas de segurança provisórias
nulidades Artigo 119.°. Internamento de inimputáveis
Artigo 89.°. Irregularidades do processo Artigo 120.°. Cessação da medida de segurança de
internamento
C~ Secção II· Da ilegitimidade
Artigo 121.°. Colocação em estabelecimento de bene-
ficência
1'1igc90.°", Ilegitimidade nos crimes semi-públicos
.•.
 AA
Artigo 122.°.. Destino de internado, findo o interna-
Artigo 91. v- Ilegitimídade do assistente nos crimes mento
públicos e semi-públicos
Artigo 92.°. Irregularidade da representação do argui- CAPÍTULO V· Das Excepções
do ou do assistente
Secção 1- Disposições gerais
CAPÍTULO IV-Dos Incidentes
Artigo 123.°- Enumeração das excepções
Artigo 124.°. Legitimidade para a dedução e conheci-
Secção I· Dos impedimentos e suspeições
mento das excepções
Artigo 93.°. Impedimentos do juiz Artigo 125.°. Dedução e trâmites das excepções
Artigo 94.°. Impedimentos do Ministério Público Artigo 126.°- Restrições à prova testemunhal na trami-
Artigo 95.°. Impedimentos dos escrivães, peritos e tação das excepções
intérpretes
Artigo 96.°. Incompatibilidade dos juízes Secção II· Da incompetência
Artigo 97.°. Incompatibilidades dos advogados
Artigo 98.°. Dedução dos impedimentos Artigo 127.°. Excepção da incompetência
Artigo 99.°. Efeito da dedução dos impedimentos
Artigo 100.°- Suspeição dos juízes
Artigo 150.°. Flagrante delito
Artigo 128.°. Efeito da incompetência do tribunal
Artigo 151.0. Detenção em flagrante delito
Artigo 152.°. Detenção fora de flagrante delito
Secção Ilf- Da Iitispendência
Artigo 153.°. Mandados de detenção
Artigo 129.°. Lítíspendêãciã"' Artigo 154.°. Comunicações
Artigo 155.°. Libertação do detido
Artigo 156.°. Apresentação ao Poder Judicial
Secção IV· Do caso julgado
Artigo 157.°. Habeas corpus por detenção ilegal
Artigo 158.°. Tramitação do incidente
Artigo 130.°. Caso julgado absolutório por falta de
tipicidade ou extinção da acção
Artigo 131.°. Caso julgado absolutório pessoal Secção fi· Das medidas de coacção
Artigo 132.°. Absolvição por falta de provas
Artigo 133.°. Abstenção da acusação e despronúncia Artigo 159.°. Principio da legalidade
Artigo 134."· Caso julgado sobre questão prejudicial Artigo 160.°. Escolha da medida
não penal Artigo 161.°. Requisitos gerais
Artigo 135.°. Caso julgado condenatório Artigo 162.°. Cumulação de medidas
Artigo 136.°. Efeitos da sentença absolutória em acção Artigo 163.°. Competência para aplicação da medida
não penal Artigo 164.°. Termo de Identidade e residência
Artigo 165.°. Obrigação de apresentação e proibição de i

Secção V- Da prescrição ausentar do local de residência


Artigo 166.°. Caução
Artigo 137.°. Prescrição Artigo 167.°. Substituição da caução
Artigo 168.°. Quebra da caução
CAPÍTULO VI- Do imposto de justiça e multas Artigo 169.°. Levantamento da caução
Artigo 170.°. Proibição de saida do pais
Artigo 138.°. Imposto de justiça Artigo 171.°. Prisão preventiva
Artigo 139.°. Emolumentos aos defensores e indemni- Artigo 172.°. Duração da prisão preventiva
zação às testemunhas Artigo 173.°. Reexame das condições de aplicação
prisão preventiva
TÍTULO u- DO PROCESSO PROPRIAMENTE Artigo 174.°. Revogação da prisão preventiva
DITO Artigo 175.°. Suspensão da prisão preventiva
Artigo 176. 0. Substituição da prisão preventiva
CAPÍTULO I· Da notícia da infracção Artigo 177.°. Extinção da prisão preventiva
Artigo 178.°. Desconto da prisão preventiva e da detenç
Artigo 140.°. Aquisição da notícia da infracção Artigo 179.°. Substituição de outras medidas de coacçã
Artigo 141.°. Participação obrigatória Artigo 180.°. Recurso das medidas aplicadas
Artigo 142.°. Denúncia facultativa Artigo 181.°. Habeas corpus por prisão ilegal
Artigo 143.°. Auto de notícia ou de denúncia Artigo 182.°. Tramitação do incidente
Artigo 144.°. Valor do auto de noticia ou denúncia Artigo 183.°. Cumprimento da decisão

CapítlJ.!oII· Das medidas cautelares e de policia Secçãoli· Das medidas de garantia patrimonial

Artigo 145.°. Comunicação da noticia do crime Artigo 184.°. Caução económica


Artigo 146.°. Providências cautelares quanto aos meios de Artigo 185.°. Arresto preventivo
prova Artigo 186.°. Competência para aplicação
Artigo 147.°. Identificação de suspeito e pedido de infor-
mações Secção IV- Da indemnização por privação da libei
Artigo 148.°. Revistas e buscas de ilegal ou injustificada

CAPÍTULO Ilf- Da detenção e das medidas restritivas Artigo 187.°. Modalidades


de liberdade Artigo 188.°. Prazo e legitimidade
Artigo 189.°. Conceito de funcionário
Secção I· Da detenção

Artigo 149.°. Conceito de detenção


639

CAPÍTULO IV· Relações com autoridades estrangeí-


Secção V· Prova por reconhecimento
ras e entidades judiciárias internacionais
Artigo 220.°. Reconhecimento de pessoas
Artigo 190.°- Prevalência dos acordos e convenções inter-
Artigo 221.°. Reconhecimento de objectos
nacionais
Artigo 222.°. Pluralidade de reconhecimento
Artigo 191.°· Rogatórias ao estrangeiro
Artigo 192.°. Recepção e cumprimento de rogatórias de
Secção VI· Da reconstituição do facto
autoridades estrangeiras
Artigo 193.°. Recusa do cumprimento de rogatórias
Artigo 223.°. Pressupostos e procedímento
Artigo 194.°. Cooperação com entidades judiciárias inter-
nacionais
Secção VIT· Da prova pericial
CAPÍTULO V· Da prova
Artigo 224.°- Quando tem lugar
Artigo 225.°. Quem a realiza
Secção 1- Disposições gerais
Artigo 226.°. Desempenho da função de ~~rito
Artigo 227.°. Despacho que ordena a pencia
Artigo 195.°. Meios de prova
Artigo 228.°. Consultores técnicos
Artigo 196.°. Meios de prova admissíveis
Artigo 229.°- Procedimento
,a\rtigo 197.°· Confissão
Artigo 230.°. Relatório pericial , .
~go 198.°- Legalidade da prova
.Artigo 231. 0. Esclarecimentos e nova p~n~~a .
Artigo 199.°- Métodos proibidos de prova
Artigo 232.°. Pericia médico-legal e psíqmatnca
Artigo 200.°- Livre apreciação da prova
Artigo 233.°. Perícia sobre a personalidade
Artigo 234.°. Destruição de objectos
Secção Il- Da prova testemunhal
Artigo 235.°. Remuneração de peritos
Artigo 236.°. Valor da prova pericial
Artigo 201.°· Objecto e limites do depoimento
Artigo 202.°. Depoimento indirecto .
Secção VIU- Da prova documental
Artigo 203.°. Vozes públicas e convicções pessoais
Artigo 204.°- Capacidade e dever de testemunhar
Artigo 237.°. Admissibilidade
Artigo 205.°- Deveres gerais da testemunha
Artigo 238.°. Quando podem juntar-se documentos .
Artigo 206.°- Recusa de parentes e afins
Artigo 239.°. Documentos escritos em lingua estrangeira
Artigo 207.°- Impedimentos
ou pouco legíveis
Artigo 208.°- Declarantes
A •

Artigo 240.°. Valor probatório dos documentos autenticos


Artigo 209.°. Segredo profissional
e autenticados
Artigo 210.°. Segredo de funcionários
Artigo 241.°- Documento falso
Artigo 211.°. Segredo de Estado
Artigo 212.°. Regras sobre a inquirição
CAPíTULO VI· Dos Meios de Obtenção de Prova
Artigo 213.°. Imunidades e prerrogativas
Secção I· Dos Exames
Qecção m-
Das declarações do arguido, do assistente e
das partes civis
Artigo 242.°- Pressupostos
Artigo 243.°. Sujeição a exame
Artigo 214.°. Declarações do arguido: re~s gerais .
Artigo 244.°. Pessoas no local do exame
Artigo 215.°. Primeiro interrogatório pelo JUIZ de arguido
detido
Secção Il- Das Revistas e Buscas
Artigo 216.°. Primeiro interrogatório pelo Ministério
Público de arguido detido
Artigo 245.°. Pressupostos
Artigo 217.°. Interrogatório do arguido pelas polícias e
Artigo 246.°. Formalidades da busca
outros interrogatórios . .
Artigo 247.°. Busca domiciliária
Artigo 218.°. Declarações do assistente e das partes CIVIS
Artigo 248.°. Formalidades da revista
Secção IV· Da prova por acareação
Secção Hl- Das apreensões
Artigo 219.°. Pressupostos e procedimento
Artigo 249.°
Objectos susceptíveis de apreensão e pressupostos desta
Artigo 250.°. Apreensão de correspondência
i i

Artigo 251.°. Apreensão em escritório de advogado ou em


consultório médico Artigo 286.°. Finalidade do debate instrutório
Artigo 252.°. Apreensão em estabelecimento bancário Artigo 287.°. Adiamento do debate
Artigo 253.°. Segredo profissional ou de funcionário e Artigo 288.°. Decisão sobre o debate instrutório
segredo de Estac;lP .. _ Artigo 289.°. Nulidade da decisão
Artigo 254.°. Cópias e certidões Artigo 290.°. Recurso da decisão
Artigo 255.°. Aposição e levantamento de selos
Artigo 256.°. Apreensão de coisas perecíveis, perigosas CAPÍTULO VllI· Da pronúncia e despacho que
ou deterioráveis designa dia para julgamento
Artigo 257.°. Restituição dos objectos apreendidos
Artigo 291.°. Saneamento do processo
Secção IV- Das escutas telefónicas Artigo 292.°. Reabertura do processo
Artigo 293.°. Despacho que designa dia para julgamento
Artigo 258.°. Admissibilidade Artigo 294.°. Comunicação aos restantes juízes
Artigo 259.°. Formalidades das operações
Artigo 260.°- Nulidade CAPÍTULO IX
Artigo 261.°. Extensão Do julgamento e da sentença em processo de querela

CAPÍTULO Vil- Da Instrução Secção I· Do Julgamento

Secção I· Disposições gerais Artigo 295.°. Contestação e rol de testemunhas


Artigo 296.°. Adicionamento ou alteração do rol de teste-
Artigo 262.°- Finalidade da instrução munhas
Artigo 263.°. Fases de Instrução Artigo 297.°. Publicidade da audiência
Artigo 298.°. Deveres de conduta das pessoas que assis-
Secção Il- Da instrução preparatória tem audiência
Artigo 299.°. Presidência da audiência e poderes do presi-
Artigo 264.°. Âmbito dente .
Artigo 265.°. Carácter secreto Artigo 300.°. Competência do tribunal
Artigo 266.°- Direcção Artigo 301.°. Conduta dos advogados
Artigo 267.0·Actos a praticar pelo juiz durante a instrução Artigo 302.°. Situação e deveres de conduta do arguido
preparatória Artigo 303.°. Continuidade da audiência de julgamento
Artigo 268.°. Actos a ordenar ou autorizar pelo juiz Artigo 304.°. Audiência sobre os requerimentos da parte
durante a instrução preparatória contrária
Artigo 269.°. Delegação de poderes instrutórios Artigo 305.°· Defensor do réu
Artigo 270.°. Competência especial para a investigação Artigo 306.°. Falta do Ministério Público ou dos represen-
Artigo 271.°. Dispensa de Instrução Preparatória tantes das partes
Artigo 272.°. Prazos da instrução preparatória Artigo 307.°. Presença do arguido
Artigo 273.°. Arquivamento e melhor prova Artigo 308.°. Falta do arguido
Artigo 274.°. Arquivamento em caso de dispensa da pena Artigo 309.°. Comparência do ofendido
Artigo 275.°. Suspensão provisória do processo Artigo 310.°. Falta de declanmtes e de testemun!ms
Artigo 27ó.o. Duração, iniciativa e efeitos da suspensão Artigo 311.°. Questões prévias
Artigo 277.°. Acusação pelo Ministério Público Artigo 312.°· Interrogatório do arguido
Artigo 278.°. Reclamação hierárquica Artigo 313.°. Confissão
Artigo 279.°. Intervenção hierárquica Artigo 314.°. Interrogatório no caso de haver vários
Artigo 280.°. Acusação particular arguidos
Artigo 315.°. Quem procede aos interrogatórios e declara-
Secção Ifl- Da instrução contraditória ções
Artigo 316.°. Quem não pode depor como testemunha na
Artigo 281.°. Finalidade e âmbito da instrução audiência de julgamento
Artigo 282.°. Requerimento para a abertura da instrução Artigo 317.°. Recolha das testemunhas antes de deporem
contraditória Artigo 318.°. Juramento
Artigo 283.°. Direcção e conteúdo da instrução contradi- Artigo 319.°. Inquirição das testemunhas
tória Artigo 320.°. Perguntas proibidas
Artigo 284.°. Prazo para a instrução contraditória Artigo 321.°- Dever de permanência das testemunhas e
Artigo 285.°. Debate instrutório dos declarantes
CAPÍTULO XII- Do processo sumário
Artigo 322.°. Produção de prova e ordem de produção
Artigo 323.°. Novos elementos de prova
Artigo 359.°. Quando tem lugar
Artigo 324.°. Valoração de provas e leitura dos depoimen-
Artigo 360.°. Trâmites do processo sumário
tos prestados na instrução
Artigo 361.°. Adiamento da audiência
Artigo 325.°. Revelação de outros crimes cometidos pelo
Artigo 362.°. Falta do Ministério Público e termos do
arguido
julgamento
Artigo 326.°. Convolaçãc para crime diverso da acusação
Artigo 363.°. Recursos em processo sumário
Artigo 327.°. Convolação para crime diverso, com base
em factos não acusados
Artigo 328.°. Alegações orais CAPÍTULO XIII· Da revisão e confirmação de sen-
tença penal estrangeira
Artigo 329.°. Últimas declarações do arguido e encerra-
mento da discussão
Artigo 364°- Necessidade de revisão e confirmação
Artigo 330.°. Segredo da deliberação e votação
Artigo 365.°- Tribunal competente
Artigo 366.°. Legitimidade
Secção II· Da Sentença
Artigo 367.°. Requisitos da confirmação
Artigo 368.°. Exclusão da exequibilidade
Artigo 331.°. Questão da culpabilidade
Artigo 369.°. Inicio da execução
Artigo 332.°. Questão da determinação da sanção
Artigo 370.°. Procedimento
Artigo 333.°. Elaboração e assinatura da sentença
Artigo 334.°. Requisitos da sentença
LIVRO li- DOS RECURSOS
Artigo 335.°. Leitura da sentença
Artigo 336.°. Sentença condenatória
CAPÍTULO 1- Espécies e Tramitação dos Recursos
Artigo 337.°. Sentença absolutória
Artigo 338.°. Publicação de sentença absolutória
Artigo 371.°. Decisões que admitem recurso
Artigo 339.°. Nulidade da sentença
Artigo 372.°. Decisões que não admitem re~rso
Artigo 340.°. Correcção da sentença
Artigo 373.°. Legitimidade e interesse em agir
Artigo 341.°. Condenação em indemnização civil no caso
Artigo 374.°. Renúncia ao recurso
de absolvição
Artigo 375.°. Trâmites dos recursos em processo penal
Artigo 342.°. Acta da audiência de julgamento.
Artigo 376.°. Reclamação contra o despacho que não
Artigo 343.°. Requerimentos e protestos verbais
admitiu o recurso
Artigo 377.°. Subida dos recursos nos processos de quere-
CAPÍTULO X- Do julgamento e da sentença em pro-
la e correccionais
cesso Correccional
Artigo 378.°. Recursos que sobem imediatamente
Artigo 379.°. Recursos com efeito suspensivo
Artigo 344.°. Regras supletivas
Artigo 380.°. Efeito devolutivo como regra
Artigo 345.°. Apresentação da contestação
Artigo 381.°- Recursos que sobem nos próprios a1l;tos
Artigo 346.°. Continuidade da audiência de julgamento
Artigo 382.°. Efeito do recurso quanto aos arguidos não
Artigo 347.°. Redacção dos depoimentos escritos
recorrentes
Artigo 348.°. Alegações orais
~b...,~Sl~ 0_ Proibíc.•.ão da retormatio in pejus
Artíon
....•....oJ'VoJ. 01

Artigo 349.°. Sentença


Artigo 384.°. Recurso para o tribunal pleno .
Artigo 385.°- Obrigatoriedade de recurso das decisões
CAPÍTULO XI- Do processo de transgressão
proferidas contra assentos
Artigo 386.°. Baixa do processo
Artigo 350.°- Auto de notícia
Artigo 351.°. Pagamento voluntário e remessa do auto a
CAPÍTULO II· Da revisão das sentenças e despachos
Tribunal
Artigo 352.°. Decisão sobre o auto de notí~ia
Artigo 387.°. Caso em que é admissivel a revis~o
Artigo 353.°. Termos do processo e garantias Artigo 388.°. Extinção da acção penal, prescnção e cum-
Artigo 354.°· Pagamento voluntário no Tribunal
primento da pena. .
Artigo 355.°. Designação da data do julgamento
Artigo 389.°. Legitimidade para o pedido
Artigo 356.°. Testemunhas
Artigo 390.°. Apresentação do requenmento.
Artigo 357.°. Da Audiência
Artigo 391.°. Documentos obrigatoriamente Juntos
Artigo 358.°- Recursos
Artigo 392.°. Produção de prova sobre os novos factos ou
elementos de prova
Artigo 393.°- Produção de prova sobre falta de integridade
mental do condenado
º-'±!:_---- .....

Artigo 394.°. Processamento por apenso CAPÍTULO Ilf- Do processo por infracções pelos
Artigo 395.°. Tramitação pelo juiz da causa Magistrados
Artigo 396.°. Tramitação no Supremo
Artigo 397.°. Autorização da revisão Artigo 421.°. Participação
Artigo 398.°. Autorização da revisão e execução da pena Artigo 422.°. Instrução
Artigo 399.°. Anulação das sentenças penais inconciliá- Artigo 423.°. Resposta do arguido
veis Artigo 424.°. Acusação
Artigo 400.°. Negação da revisão Artigo 425.°. Instrução contraditória e suspensão de fun-
Artigo 401.°. Diligências anteriores ao novo julgamento ções
Artigo 426.°. Trâmites processuais
LIVRO IV· DOS PROCESSOS ESPECIAIS Artigo 427.°. Natureza urgente
Artigo 428.°- Transgressões cometidas por Magistrados
CAPÍTULO I· Dos processos de ausentes
LIVRO V· DAS EXECUÇÕES
Artigo 402.°. Processo de ausentes
Artigo 403.°. Julgamento à revelia e com dispensa de CAPÍTULO 1- Disposições gerais
comparência do arguido
Artigo 404.°. Afixação de editais e julgamento Artigo 429.°. Efeitos das decisões penais
Artigo 405.°. Tramitação do julgamento de réus reveis Artigo 430.°. Inexistência da decisão ou sentença e dúvi-
Artigo 406.°. Ausência justificada, por impossibilidade de das sobre a identidade do arguido
comparência Artigo 431.°. Competência do Ministério Público para a
Artigo 407.°. Ausência posterior ao início do julgamento execução
Artigo 408.°. Comparência do arguido na audiência de Artigo 432.°. Tribunal competente para a execução
julgamento Artigo 433.°. Extinção da execução
Artigo 409.°. Prazos, no caso de haver lugar à extradição
do arguido CAPÍTULO Il- Da execução das penas
Artigo 410.°. Novo julgamento e valor das provas no
primeiro julgamento Secção I· Da prisão
Artigo 411.°. Publicidade da audiência e prazos para
recurso Artigo 434.°. Entrada no estabelecimento prisional
Artigo 412.°. Âmbito de recurso interposto para o tribunal Artigo 435.°. Contagem do tempo de prisão
superior Artigo 436.°. Momento da libertação
Artigo 413.°. Execução da sentença condenatória proferi- Artigo 437.°. Pressupostos e duração da liberdade condi-
da à revelia cional
Artigo 414.°. Arguidos presos ou caucionados e réus Artigo 438.°. Sujeição a regras de conduta
ausentes Artigo 439.°. Incumprimento das regras ou deveres
Artigo 415.°. Arguidos notificados e arguidos não notifi- Artigo 440.°. Revogação e extinção da liberdade condi-
cados cional
Artigo 416.°- Novo julgamento de co-arguidos ausentes Artigo 441.°. Inicio do processo da liberdade condicional
Artigo 442.°. Acompanhamento da execução pelo juiz e
CAPÍTULO IT- Do pi'ocessu por difamação, calúnia e 'visitas ao estabelecimento prisional
injúrias
Secção Il- Da execução da pena de multa
Artigo 417.°. Forma de processo
Artigo 418.°. Prova da verdade das imputações Artigo 443.°. Prazo de pagamento
Artigo 419.°. Contestação do Ministério Público Artigo 444.°. Substituição da multa por dias de trabalho
Artigo 420.°. Realização de diligências e marcação de Artigo 445.°. Não pagamento da multa
julgamento
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Secção Ifl- Da execução da pena suspensa

Artigo 446.°. Modificação dos deveres, regras de conduta


e outras obrigações impostos
Artigo 447.°· Apresentação periódica e sujeição a trata-
mento médico ou a cura
Artigo 448.°. Falta de cumprimento das condições de
suspensão

Secção IV· Da execução da prestação de trabalho


a favor da comunidade e da admoestação

Artigo 449.°. Prestação de trabalho a favor da comunidade


Artigo 450.°. Admoestação

Secção V· Da execução das penas acessórias

• Artigo 451.°. Decisão e trâmites

Secção VI· Da execução das medidas de segurança

Artigo 452.°- Normas de execução


Artigo 453.°. Comunicação da sentença
Artigo 454.°. Processo individual do internado
Artigo 455.°. Revisão, prorrogação e reexame do interna-
mento
Artigo 456.°. Disposições aplicáveis

Secção VII· Das custas e execução de bens

Artigo 457.°. Lei aplicável


Artigo 458.°. Disposições subsidiárias em matéria de
custas.

DIÁRIO DA REPÚBLICA

AVISO

A correspondência respeitante à publicação de anúncios no Diário da República, a sua assinatura ou


falta de remessa, deve ser dirigida ao Centro de Informática e Reprografia do Ministério da Justiça,
Administração Pública, Reforma do Estado e Assuntos Parlamentares - Telefone: 2225693 - Caixa
tal n.' 901 - E-mail:cir@cstome.netSão Tomé e Príncipe. - S.Tomé.

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