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A REFORMA E A FILOSOFIA: INFLUÊNCIA DE SANTO AGOSTINHO NA

REFORMA PROTESTANTE

1. Introdução

Ao longo da História podemos observar o caráter da ação e Soberania divina


de Deus durante o curso da existência do homem. Este preceito Soberano
inclui a eficácia aplicação dos seus desígnios e seu querer durante cada
detalhe ontológico, metafísico e cosmológico de tudo o quanto pode ser
apreendido pela razão intelectiva. Este processo regulador de Deus que infere
a sua soberania elucida a doutrina mui difundida na fé Reformada, sendo tal
doutrina denominada de Providência. Toda a ação Divina na História é
meticulosamente definida e expressa por um Deus, não havendo uma
possibilidade de um mero contingente regido por um efeito de casualidade,
Calvino nos expressa da seguinte forma:
“Para que melhor se patenteie esta diferença, deve-se ter em conta que a
providência de Deus, como ensinada na Escritura, é o oposto de sorte e dos
acontecimentos atribuídos ao acaso. Ora, uma vez que, em todos os tempos,
geralmente se deu a crer, e ainda hoje a mesma opinião avassala a quase
todos os mortais, a saber, que tudo acontece por obra do acaso, aquilo que se
devera crer acerca da providência, certo é que não só é empanado por esta
depravada opinião, mas inclusive é quase sepultado em trevas.”
Diante disso, devemos observar as maravilhas de Deus diante da sua
articulação na história, como o seu “dedo escrevera” sobre a mais perfeita linha
do destino, suscitando homens piedosos e capacitados por sua Graça para
cumprirem o desígnio de sua vontade. Neste ano vigente comemorar-se-á 501
anos da Reforma Protestante, um marco em todo o pensamento cristão e como
“herdeiros” desta Reforma deveram estabelecer e reconhecer a Soberania e
ação de Deus na história, fazendo uma digressão histórico-crítico, observando
os elementos que impulsionaram o monge agostiniano Martinho Lutero em
1517, a promover um retorno as Escrituras, passando dos Reformadores da
primeira e segunda geração, transcorrendo os pré-reformadores e chegando
àquele a quem é atribuído o título de Doutor da Graça, Agostinho de Hipona,
ao qual tanto por Lutero como Calvino, são influenciados, sendo notória a
influência do Bispo de Hipona e sua constante contribuição nos escritos em
citações direta ou indireta da teologia e aplicações da cosmovisão da Fé
Reformada.
2. Santo Agostinho e a Reforma
Aurelius Augustinus Hipponensis nasce em Tagaste em 13 de novembro de
354 e falece em 28 de agosto de 430 em Hipona. Conhecido por ser um dos
maiores teóricos da filosofia e teologia cristã na patrística que compreende dos
sete primeiros séculos. Agostinho antes de mais nada foi um grande teólogo e
através do seu arcabouço intelectual, sua teologia atravessou todo a história,
contribuindo direta ou indiretamente no cristianismo tal como o conhecemos
hoje. É notório o amor do Hiponense em salvaguardar a Glória de Deus –
pode-se notar aí uma semelhança ainda sorrateira do Soli Deo Gloria-, haja
vista seus embates duros contra inimigos da fé que se levantaram ao longo de
sua vida, onde podemos citar a seita gnóstica maniqueísta, os arianos,
pelagianos e montanista. Sua arma sempre fora a Fé embasada nas
Escrituras: “As constantes, e por vezes longas, citações bíblicas ou simples
transcrições de textos escriturísticos devem-se ao fato de que os padres
escreviam suas reflexões sempre com a bíblia numa das mãos.”
Agostinho e a Fé Reformada possuem divergências que podem ser delimitadas
em tempos diferentes e progressão cultural adversas uma das outras, onde
alguns autores tentam radicalizar tais diferenças, colocando Agostinho e a
Reforma (principalmente o Reformador João Calvino da segunda geração)
como teólogos totalmente opostos entre si, mas é notório e não pouca os
símiles teológicas-filosóficas apresentada entre o Hiponense e a Reforma, aos
quais devemos ressaltar.
Suas principais contribuições devem ser conhecidas por todo aquele que
professa uma fé cristã, bem como todo aquele que além de professar a fé
cristã, professa uma fé cristã confessional baseada nas doutrinas dos
reformadores, temas como o pecado original, a graça de Deus, a salvação e a
predestinação. Esta similaridade bem delineada pelo Santo Doutor contribuiu
para a incorporação do retorno para escritura conhecido como Reforma
Protestante, diz uma citação indireta de Richard Balge ( Teólogo Luterano) :
“Se Agostinho de Hipona tivesse vivido no tempo da Reforma, ele teria se
juntado a Martinho Lutero”, bem como a citação de Timothy George (erudito
Batista), descreve : “a linha principal da Reforma Protestante pode ser vista
como uma aguda agostinianização do cristianismo.”

3. A herança de Agostinho em Lutero

Lutero recebeu uma grande e profunda herança teológico-filosófica de


Agostinho, a própria formação de Lutero é totalmente influenciada pelos
escritos do Hiponense. Lutero ingressa na vida monástica entrando para a
ordem dos Agostinianos, de Frankfurt, a 17 de julho de 1505. . A influencia de
Agostinho dá-se por toda a vida de Lutero, em seu prefácio da Theologia
Germânica, obra do século XV e republicada por ele em 1516, Lutero vê em
Agostinho um débito impagável, colocando os escritos do Hiponense acima de
quaisquer outros escritos de autores não inspirados, em uma citação biográfica
referente a vida de Lutero em 1532, nos é posto: “No começo de minha
carreira, como professor de teologia, eu não simplesmente lia Agostinho, mas
devorava suas obras com voracidade”.
Em outro prefácio de seus Escritos Latinos, de 1545 – um ano antes de sua
morte – O Pai da Reforma Luterana, faz referência direta à Obra De Spiritu et
litera de Agostinho, e diz que há uma enorme similaridade entre seu
entendimento sobre a perspectiva de Justiça de Deus. Em uma outra citação,
dessa vez postulada pelo seu amigo reformador Melancthon, este postula da
seguinte maneira : “voz intercambiável com a de Agostinho; uma voz que
renovava o ensino primitivo da igreja”. A semelhança entre o Hiponense e o
Reformador da primeira geração não se aproxima apenas na perspectiva
filosófica-teológica, mas também em um processo histórico, sendo ambos
recebendo a nomenclatura de “Cisne” como nos apresenta John Piper:Aos 71
anos de idade, quatro anos antes de morrer no dia 28 de agosto de 430,
Aurélio Agostinho passou ao seu assistente Eraclius os deveres administrativos
da Igreja de Hipona, localizada na costa norte da África. Em sua época,
Agostinho já era um gigante no mundo cristão. Na cerimônia, Eraclius levantou-
se para pregar, tendo atrás de si o velho Agostinho assentado em seu trono de
bispo. Tomado por um forte sentimento de inadequação na presença de
Agostinho, Eraclius disse: “O grilo canta, o cisne está silencioso”. O cisne
também cantou na voz de Martinho Lutero em mais de um sentido. No dia 6 de
Julho de 1415, Hus foi queimado vivo junto com seus livros. Uma tradição reza
que em sua cela, pouco antes de morrer, Hus escreveu: “Hoje, vocês irão
queimar um ganso (o significado de “Hus” na língua tcheca); porém, daqui a
cem anos, vocês irão escutar um cisne cantando. Vocês não irão queimá-lo,
mas terão de ouvi-lo”.
4. A herança de Agostinho em Calvino
Mais do que qualquer outro escritor da segunda geração da Reforma
Protestante, Calvino fora um profundo apreciador da Teologia e filosofia
Agostiniana, fazendo entre 400 citações diretas de Agostinho na última Edição
das Institutas da Fé Cristã de 1559. O Teólogo presbiteriano B. B. Warfield,
aponta: “o sistema de doutrina ensinado por Calvino é somente o
agostinianismo, conforme se vê em todos os demais reformadores. Pois, se a
Reforma foi, do ponto de vista espiritual, um grande avivamento da religião, do
ponto de vista teológico foi um grande reavivamento do agostinianismo”.
Uma das semelhanças aos quais podemos ver é sobre a questão da
perspectiva da Provisão onde diz Agostinho: “Deus – providência, onisciência e
onipotência-, criou tudo e tudo governa, de tal forma que nada acontece no
universo por acaso”.
Calvino reitera: “E de fato Deus reivindica para si onipotência, e quer que
reconheçamos que ela lhe é inerente, não como a imaginam os sofistas,
indiferente, ociosa e semi-entorpecida; mas, ao contrário, vigorosa, eficaz,
operosa e continuamente voltada à ação; tampouco uma onipotência que seja
apenas um princípio geral de movimento indis- tinto, como se a um rio
ordenasse que flua por leito uma vez preestabelecido; mas, antes, de modo
que se ajuste a movimentos individuais e distintos. Por isso, pois, ele é tido por
Onipotente, não porque de fato possa agir, contudo às vezes cesse e
permaneça inativo; ou, por um impulso geral de continuidade ao curso da
natureza que prefixou, mas porque, governando céu e terra por sua
providência, a tudo regula de tal modo que nada ocorra senão por sua
determinação. Pois, quando se diz no Salmo [115.3] que ‘Ele faz tudo quanto
quer’, trata-se de uma vontade definida e liberada. Ora, seria insipiente
interpretar estas palavras do Profeta à maneira dos filósofos, ou, seja, que
Deus é o agente primário, visto ser o princípio e a causa de todo movimento,
quando, antes, nas coisas adversas, os fiéis se confortam neste alento: que, já
que estão debaixo de sua mão, nada sofrem senão pela ordenação e mandado
de Deus. Pois, se o governo de Deus assim se estende a todas as suas obras,
é pueril cavilação limitá-lo ao influxo da natureza.”
Outra Influência análoga ao Calvinismo é sobre a questão da depravação
Total,onde Agostinho mostra em uma análise autobiográfica como este é falho
e errante, onde somente pelo auxílio da Graça Divina é que o homem pode
fazer o bem.
“Foi então que tuas perfeições invisíveis se manifestaram à minha inteligência
por meio de tuas obras. Mas não pude fixar nelas meu olhar; minha fraqueza
se recobrou, e voltei a meus hábitos, não levando comigo senão uma
lembrança amorosa e, por assim dizer, o desejo do perfume do alimento
saboroso que eu ainda não podia comer”.
Sobre outro pilar do Calvinismo, a teologia de Agostinho já reverbera para tal
mudança na história, mostrando um processo de chamada Eficaz:
“Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas
dentro de mim, e eu lá fora, a te procurar! Eu, disforme, me atirava à beleza
das formas que criaste. Estavas comigo, e eu não estava em ti. Retinham-me
longe de ti aquilo que nem existiria se não existisse em ti. Tu me chamaste,
gritaste por mim, e venceste minha surdez. Brilhaste, e teu esplendor
afugentou minha cegueira. Exalaste teu perfume, respirei-o, e suspiro por ti. Eu
te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e o desejo de tua
paz me inflama.”
Sobre a questão do Livre Arbítrio e a utilização da Graça, mostra-nos
Agostinho a depravação do homem e a incapacidade de fazer o bem, se não o
for impelido pela Graça:“Que nos ordena Deus em primeiro lugar, e com mais
insistência, senão que acreditemos nele? Ora, é precisamente esta graça que
ele nos concede”.
Sobre a semelhança do Pecado Original diz Agostinho:
“Sei pois, que o bem não mora em mim, isto é, na minha carne. Se se atende
ao conhecimento que tem, está de acordo com a lei; se se olha o que faz, ele
se rende ao pecado. E se alguém pergunta como se sabe que habita em sua
carne, não o bem, mas o pecado, o que diremos senão que o sabe por causa
da transmissão da mortalidade e da freqüência da vontade? O primeiro é
castigo do pecado original; o segundo, adquirimos enquanto vivemos. Os dois,
certamente, a natureza e o costume juntos, fazem muito forte e indomável a
concupiscência que provoca a existência do pecado e diz que habita em sua
carne, ou seja, que tem estabelecido como um certo poderio e reinado.”
A natureza do homem foi criada no princípio sem culpa e sem nenhum vício.
Mas a atual natureza, com a qual todos vêm ao mundo como descendentes de
Adão, têm agora a necessidade de médico devido a não gozar de saúde. O
Sumo Deus é o Criador ao qual não cabe culpa alguma. Sua fonte é o pecado
original que foi cometido por livre vontade do homem. Por isso, a natureza
sujeita ao castigo atrai com justiça a condenação.
Bem similar ao que nos é dito pela Confissão de Fé no Capítulo VI, cujo título é
: “DA QUEDA DO HOMEM, DO PECADO E DO SEU CASTIGO”

1. Por este pecado eles decaíram da sua retidão original e da comunhão


com Deus, e assim se tornaram mortos em pecado e inteiramente
corrompidos em todas as suas faculdades e partes do corpo e da alma.
2. Desta corrupção original pela qual ficamos totalmente indispostos,
adversos a todo o bem e inteiramente inclinados a todo o mal, é que
procedem todas as transgressões atuais.

Ainda sobre a Confissão de Fé de Westminster ( Capítulo IX: Livre-Arbítrio)


temos:

1. Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade, que ele nem é forçado
para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer
necessidade absoluta da sua natureza.
2. O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de
querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas
mudavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder.
3. O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o
poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a
salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a esse
bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-
se ou mesmo preparar-se para isso.

Portanto, não é o nosso intuição afirmar que Agostinho era adepto a toda uma
teologia que posteriormente viria a se chamar de Teologia Reformada ou
afirmar que ele foi o primeiro protestante, ou mesmo que suas doutrinas eram
totalmente de acordo com a Reforma de 1517, isto seria um erro anacrônico,
bem como uma mera especulação, pois é nítido perceber que Agostinho como
homem de seu tempo, se debruçou e esforçou-se para o seu tempo e para a
igreja de seu tempo, mas destarte isto não interfere que o Doutro da Graça
através dos seus escritos não rompesse com tal barreira física, corroborando
para uma abertura do processo filosófico-teológico de outros homens que
estariam a frente de seu tempo, homens estes que assim como Agostinho,
marcariam gerações, contribuiriam para solidificar doutrinas, se levantariam
como apologetas e enfrentariam controvérsias da sua fé.
Sendo assim é inegável o papel que Agostinho exerceu sobre o pensamento
de Lutero e Calvino, sendo pelo radicalismo dos Reformadores no pensamento
Agostiniano, ou a continuação do pensamento do Hiponense, o que torna-se
irrefutável é o desdobramento dos escritos de Agostinho sobre a Reforma
Protestante sendo um canal, uma instrumentalização de um Deus controlador e
gerenciador da História, ao qual, diferentemente do que chama-se hoje de
fatalismo, Deus utiliza-se de meios para chegar ao seu fim, sendo o Deus
mantenedor do meio e do fim conforme lhe apraz (Rm 11:36)

REFERÊNCIAS
Cf. Instituta da Fé Cristã, I,XIV,2 ,pg 165 ; I,XVI,1-,pg.198-208; I,XVII,1-8;10-
11;14, pg’s.211-220;22-223;227; I,XVIII,2,pg.231.
Instituas da Fé Cristã I,XVI,2.
Roger Olson. The Story of Christian Theology: Twenty Centuries of Tradition &
Reform. Downers Grove, Ill. IVP Academic, 1999.
Para a maior compreensão do termo Patrística Cf. B Altaner; A.Stuiber,
Patrologia, S. Paulo,Paulus,1988,pp.21-22.
Cf. B Altaner; A.Stuiber, Patrologia, S. Paulo,Paulus,1988,pp.21-22.
Richard D. Balge, Martin Luther, Agostinian (artigo publicado em
http://www.wlsessays.net/files/BalgeAugustinian.pdf), acessado em 10 de
outubro de 2016 às 22:55.
Timothy George. Teologia dos Reformadores (São Paulo, SP: Edições Vida
Nova, 2004), p.76.
Martinho Lutero. Luther Works, LI, xviii.
Peter Fraenkel, Testimonia Patrum: The Function of the Patristic Argument in
the Theology of Philip Melanchthon (Genebra: Droz, 1961), p. 32.
PIPPER, John. O legado da alegria soberana. São Paulo: Editora Vida Nova.
Benjamin Breckinridge Warfield, John Calvin: the man and his work(The
Methodist Review, Outubro de 1909).
Agostinho. Confissões. Nota de J. Oliveira Santos, apud, De Bono
Perseverantiae: Quid vero nobis primitus et maxime Deus iubet, nisi ut
credamus in Eum? Et hoc ergo ipse dat (São Paulo, SP: Nova Cultural, 1999),
p. 286.
Los dos libros sobre diversas cuestiones a Simpliciano. p. 69-71.
A natureza e a graça. p. 114.

Lincow
Cristão Reformado, membro da Igreja Presbiteriana do Brasil, servo de Cristo,
pecador por natureza e casado com a Rafaella Moreira. Bacharel em Teologia
(FATIN), Licenciado em Filosofia (UFPE) e Mestrando em Filosofia (UFPE),
estudante de Agostinho de Hipona.

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