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Daniel Mescoito Gomes1; Gilberto Caldeira Barreto; Lucy Anne Cardoso Lobão Gutierrez;
Valdinei Mendes da Silva; José Almir Rodrigues Pereira.
1
Universidade Federal do Pará – Campus Universitário do Guamá, Rua Augusto Côrrea, 01 CEP 66075-110 - Caixa
postal 479 PABX +55 91 3183-2121 - Belém - Pará E-mail: daniel.mescoito@gmail.com; gbarreto@ufpa.br
VI SEREA - Seminário Iberoamericano sobre Sistemas de Abastecimento Urbano de Água
João Pessoa (Brasil), 5 a 7 de junho de 2006
INTRODUÇÃO
Dentre os modelos de simulação hidráulica já desenvolvidos, o EPANET pode ser destacado pela
confiabilidade e quantidade de usuários existentes em muitos países. Esse programa é um software
de domínio público, desenvolvido pela U.S. Environmental Protection Agency – EPA, que pode ser
utilizado livremente por qualquer usuário (GOMES, 2004).
Observam Ormsbee e Lingireddy (1997), que apesar do software EPANET ser importante
ferramenta na operação de sistemas de abastecimento de água, a eficiência/eficácia da sua
aplicabilidade depende sempre da precisão dos dados e informações de entrada. Esses
pesquisadores ainda ressaltam que a estimativa dos valores das demandas nos nós é, historicamente,
um dos passos mais difíceis da simulação hidráulica de sistemas de abastecimento de água.
Dentre os procedimentos necessários à simulação, a distribuição dos valores de vazão nos Nós
merece atenção especial. Normalmente, na distribuição do consumo nos Nós é estimada a vazão
específica do sistema, calculada a partir da razão entre a “vazão total distribuída” e a “extensão
total” da rede de distribuição, ou seja, é considerada a distribuição linearmente uniforme da vazão, o
que pode ocasionar falhas nos resultados da simulação.
É importante observar que a distribuição da vazão é relacionada com a população abastecida por
cada NÓ, o que, na maioria dos casos, é diferente nos NÒS de um mesmo setor. Em muitas
simulações é utilizado o mesmo valor de densidade populacional para calcular o consumo em todos
os NÓS, o que nem sempre representa a realidade do sistema de abastecimento de água.
Assim, para verificar outros procedimentos para distribuição de vazão nos Nós, neste trabalho foi
avaliada a distribuição de consumos na rede considerando as economias na área abastecida, ou seja,
na simulação foram comparados resultados utilizando vazão especifica em l/s.m e em l/s.economia.
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João Pessoa (Brasil), 5 a 7 de junho de 2006
METODOLOGIA
ÁREA DE ESTUDO
No 23º setor é atendida população da ordem de 6.500 habitantes, com per capita de 534 L/hab.dia,
tendo 5.823 m de rede. Esse elevado valor de consumo per capita de água motivou a realização de
estudos na área do 23º setor, para redução das perdas e melhor controle do sistema de abastecimento
de água.
A fim de facilitar a realização desse trabalho, foi utilizado o software EPANET e consideradas
diferentes populacionais densidades nas 3 áreas em que foi dividido o 23º setor de abastecimento de
água (conjunto Benjamin Sodré). A área 1corresponde a condomínio de prédios com 4 Pavimentos
e 4 apartamentos por pavimento; a Área 2, é formada por residências e prédios; e a Área 3 é
predominantemente ocupada por residências, conforme representado na Figura 2.
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SIMULAÇÃO HIDRÁULICA
Neste trabalho foram realizadas duas simulações hidráulicas para o 23º setor de abastecimento da
Região Metropolitana de Belém. Na primeira foi utilizada metodologia de distribuição de vazões
nos NÓS baseada na distribuição linearmente uniforme, por meio da vazão específica em l/s.m,
enquanto na outra foram consideradas diferentes áreas de densidades demográficas, com aplicação
da vazão específica em l/s.economia.
Para tanto, o comportamento hidráulico da rede de distribuição de água foi avaliado por meio de
simulações no EPANET com comparação da distribuição da demandas nos nós em dois cenários
hidráulicos diferentes:
Nessa etapa foram definidos os dados necessários para as simulações estáticas e dinâmicas do 23º
setor de abastecimento de água, bem como realizada a sistematização dos dados. No Quadro 1 são
apresentados os dados e informações obtidos na COSANPA.
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a) A vazão adotada foi obtida por meio de macromedidor do tipo tubo de Pitot ligado a um
Data Logger, instalados na saída da distribuição no período de 24 horas.
b) Para a distribuição do consumo de água nos nós no Cenário 01 foi utilizada planilha do
software Excel, considerando as variáveis: vazão específica e comprimento do trecho;
c) Para a distribuição do consumo de água nos nós no Cenário 02 foi utilizada planilha do
software Excel, considerando as variáveis: vazão total distribuida e número de economias por
trecho.
RESULTADOS
A curva da bomba foi gerada por meio da utilização software EPANET, com entradas dos dados de
altura manométrica e vazão nominal da bomba, conforme mostrado na Figura 3.
Como pode ser observado na Figura 4, nos horário de 00h00min a 03h00min o consumo de água é
da ordem de 30% do consumo médio. Enquanto que às 07h00min, 12h00min e 18h00min os
consumos variam entre 120% a 130% da vazão média.
A análise da variação do consumo foi realizada em todos os pontos da rede de distribuição do 23º
setor de abastecimento, em 1.472 ocorrências em cada cenário. No cenário 01 (simulação com
distribuição por metro de rede), ocorreu variação de consumo de 0,01 l/s e 0,42 l/s (amplitude de
0,41 l/s), enquanto que no cenário 02 (simulação com distribuição por quantidade de economias)
essa variação foi 0,03 l/s a 1,97 l/s (amplitude de 1,94 l/s).
Com essa diferença de amplitudes é possível deduzir que a simulação feita com base na distribuição
por economias apresenta distribuição de consumo mais ampla, e, portanto, mais heterogênea, como
pode ser observado nas Figuras 05 e 06, e na Tabela 2.
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Figura 5. Variação do consumo (l/s) de água para a simulação do 23º setor da COSANPA,
considerando distribuição das vazões nos NÓS pelo comprimento da rede (cenário 01).
Figura 6. Variação do consumo (l/s) de água para a simulação do 23º setor da COSANPA,
considerando distribuição das vazões nos NÓS pela quantidade de economias (cenário 02).
Tabela 2: Freqüência dos consumos em l/s para os dois cenários de simulação do 23º Setor de
abastecimento de água da Região Metropolitana de Belém.
CONSUMO - L/S CENÁRIO 01 CENÁRIO 02
0.000 |— 0.667 100.000 % 44.844 %
0.667 |— 1.333 0.000 % 54.002 %
1.333 |— 2.000 0.000 % 1.153 %
Total 100.000 % 100.000 %
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A análise da variação do consumo foi realizada em todos os pontos da rede de distribuição do 23º
setor de abastecimento, em 1.472 ocorrências em cada cenário. No cenário 01 (simulação com
distribuição por metro de rede), ocorreu variação de pressão de 4,94 mca e 24,43 mca (amplitude de
19,49 mca), enquanto que no cenário 02 (simulação com distribuição por quantidade de economias)
essa variação foi 3,43 mca a 23,86 mca (amplitude de 20,43 mca).
Portanto, como pode ser verificado nas Figuras 07 e 08, e na Tabela 3, há diferença na variação das
pressões para os dois cenários. A simulação com distribuição por quantidade de economias, gerou
resultados de pressão heterogêneos, apresentando-se como a metodologia mais coerentes com a
ocupação da área estudada.
Figura 7. Variação da pressão (mca) de água para a simulação do 23º setor da COSANPA,
considerando distribuição das vazões nos NÓS pelo comprimento da rede (cenário 01).
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Figura 8. Variação da pressão (mca) de água para a simulação do 23º setor da COSANPA,
considerando distribuição das vazões nos NÓS pela quantidade de economias (cenário 02).
Tabela 3: Freqüência das pressões em mca para os dois cenários de simulação do 23º Setor de
abastecimento de água da Região Metropolitana de Belém.
PRESSÃO – mca CENÁRIO 01 CENÁRIO 02
0.0000 |— 10.0000 1.8318 % 17.5712 %
10.0000 |— 20.0000 23.4057 % 62.4830 %
20.0000 |— 30.0000 74.7626 % 19.9457 %
total 100.000 % 100.000 %
O mesmo procedimento para análise das variações de consumo e pressão pode ser realizada para a
variação das velocidades, com obtenção de resultados semelhantes, ou seja, a distribuição das
velocidades no cenário 02 foi mais heterogênea, como pode ser verificado nas Figuras 9 e 10, e na
Tabela 4.
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Figura 9. Variação da velocidade (m/s) da água para a simulação do 23º setor da COSANPA,
considerando distribuição das vazões nos NÓS pelo comprimento da rede (cenário 01).
Figura 10. Variação de velocidade (m/s) da água para a simulação do 23º setor da COSANPA,
considerando distribuição das vazões nos NÓS pela quantidade de economias (cenário 02).
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Tabela 4: Freqüência das velocidades em m/s para os dois cenários de simulação do 23º Setor de
abastecimento de água da Região Metropolitana de Belém.
VELOCIDADE – m/s CENÁRIO 01 CENÁRIO 02
0.0000 |— 0.9000 100.000 % 74.4650 %
0.9000 |— 1.8000 0.000 % 21.4008 %
1.8000 |— 2.7000 0.000 % 4.1342 %
total 100.000 % 100.000 %
CONCLUSÃO
Conforme pode ser verificado nas análises dos resultados de consumo, pressão e/ou velocidade,
houve grande diferença entre as simulações dos cenários estudados.
Portanto, é possível recomendar que a metodologia adotada para simulação do cenário 02 seja a
mais adequada na simulação hidráulica utilizando o EPANET, no caso de redução de perdas e
melhorias da distribuição de água em setores com características semelhantes as do 23º setor de
abastecimento da Região Metropolitana de Belém.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS