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Marcelo Andrade
HEGEL
UM BUROCRATA DA GNOSE
Conteúdo
1 – INTRODUÇÃO
2 – O IDEALISMO EM GERAL
3 – HERMETISMO E GNOSE
4 – CABALA EM HEGEL
5 – DIALÉTICA
6 – CONTRADIÇÃO
8 – HISTÓRIA
9 – IGREJA
11 – DIREITO
12 – SEGUIDORES E INFLUÊNCIAS
13 – CONCLUSÃO
14 – BIBLIOGRAFIA
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1 – INTRODUÇÃO
Ele nasceu em Stuttgart, estudou em Tubinga (Tübingen), foi tutor e professor em escolas e
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universidades até se firmar como professor de Filosofia na Universidade de Berlim, posto que
ocupou até falecer.
Ele ambicionou um sistema de pensamento que visa à totalidade, nele um suposto “Espírito”
em suas emanações desenvolve-se ao longo da história a consciência de si mesmo por meio
da dialética.
2 – O IDEALISMO EM GERAL
É difícil precisar o idealismo, pois ele possui vários matizes, porém, podemos dizer que esta
ideologia é caracterizada pela primazia do “eu subjetivo”, no qual a distinção entre objeto e
sujeito não existe como na filosofia realista e ambos se encontram no próprio “eu”. Os mais
famosos pensadores idealistas foram, junto com Hegel, Schelling e Fichte.
O princípio de todas as coisas não é o sujeito pensante nem o objeto pensado; mas é a ideia.
Esta ideia é o ente comum, em se resolvem todas as ideias; porque tudo que é ideal é real, e
vice-versa. – O ente considerado em si, é indeterminado, prescinde de todas as notas de que
se nos representa cercado, não é substância nem acidente, não é finito nem infinito, não é
espiritual nem material, não é uno nem múltiplo. O ente, assim indeterminado e destituído de
todas as notas, é semelhante ao nada; mas não é nada absoluto porque pode-se tornar todas
as coisas – A ideia-ente faz as evoluções em três momentos – No primeiro momento
desenvolve-se nas ordem das ideias e põe-se a si mesmo; - no segundo desenvolve-se na
ordem dos corpos e forma o mundo; - no terceiro, desenvolve-se na ordem dos espíritos,
adquire a consciência de si mesma, de potencial e impessoal torna-se atual e pessoal, e
constitui o espírito – Estas evoluções da ideia-ente, embora contrárias, encontram-se nas
coisas, porque os contrários são idênticos
3 – HERMETISMO E GNOSE
Para Magee (2001, p.1), Hegel não era um filósofo na acepção clássica, mas um pensador
hermético, cujos escritos estavam eivados do misticismo de Cusa, de Eckhart, da alquimia, da
cabala, da astrologia etc. Schelling disse que Hegel copiou muito dos trabalhos de Bohme (que
era cabalista) (MAGEE, 2001, p. 4).
Um dos discípulos de Hegel confirma a influência de Bohme em Hegel e ainda diz que o
cabalista era a principal fonte da nova filosofia (MAGEE, 2001, p. 4)
Bauer diz que Hegel era um gnóstico (MAGEE, 2001, p.5), no mesmo sentido Voeglin e
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Hanratty[1]
O hermetismo, que vem de Hermes Trimegistro, é o estudo e prática de filosofia oculta. Nele,
um suposto conhecimento secreto daria a seu praticante uma certa “iluminação” e/ou traria a
“salvação”. Não deixa de ser uma gnose prática.
Segundo Magee (2001, p.4), a própria estrutura dos trabalhos de Hegel seguia um padrão
hermético ou iniciático:
Magee (2001, p. 13-14) faz o seguinte paralelo entre o pensamento de Hegel e o Hermetismo:
Hegel era obcecado pelo número “3”, assim sua obra é permeada por tríades, como mostra
este esquema de Marias sobre Hegel (2015, p. 351-357):
- Dentro da qualidade, há três estágios: ser (sein), existência(dasein) e ser para si(fürsichsein).
De acordo com Taylor (2014, p. 127), para Hegel, sem o mundo, Deus não é Deus. Mas,
segundo o mesmo autor: não era panteísta, era gnóstico, pois atribuía divindade a coisas finitas
(Taylor 2014, p. 128-129).
Hegel é um pensador que revelou seu hermetismo até mesmo na forma de escrever, sendo
muito difícil, abusando de temas complexos e de linguagem cifrada. Isto pode ser evidenciado
de forma patente em seu trabalho “Fenomenologia do Espírito”.
4- CABALA EM HEGEL
Uma das principais fontes de Hegel foi a Cabala, quer pela via indireta de Boheme quer pela
tradução da Cabala Denudata quer pela via indireta de Oetinger.
De fato, a ideia-ente de Hegel, que é um nada, aproxima-se do “ein sof”, o “nada metafísico”
da cabala que evolve ao longo do tempo (MAGEE, 2001, p. 168)
No mesmo sentido, para Sinibaldi (1906, p. 227), Hegel diz que a ideia-ente se desenvolve o e
produz o mundo, o homem e o próprio Deus, tudo seria produzido pelo “nada”.
2- Este “deus em processo” é delineado em sefirots separadas, que são definidas como
momentos de “deus sendo” (de acordo com alguns cabalistas) – como as categorias da lógica
são momentos de uma totalidade orgânica constituindo “exposição de Deus como Ele é na
eternidade em essência antes da criação da natureza e o espírito finito”
3- No cabalismo, Ein Sof ou o “Tudo absoluto” é feito equivalente ao Ayin, “Nada”. Em hegel:
Ser=Nada.
4- Aying (ou ayin=Ein Sof), o ponto no qual os cabalistas discutem a natureza do ser de Deus,
é tida para transcender a distinção entre sujeito e objeto. Este “telos” desenvolve-se dento do
“sujeito absoluto”. Na lógica de Hegel, Ser-Nada, os quais transcendem a distinção de sujeito
e objeto, desenvolvidos na Ideia absoluta, o aqui é um tipo de concepção abstrata do próprio
Pensamento do espírito.
6- Todas as sefirots são imanentes como a totalidade dentro da ultima sefirot – justamente
todas as categorias da lógica de Hegel são imanentes, ou são constitutivas da definição da
Ideia Absoluta.
8- Comentadores como Scholem e Kaplan dizem que a cabala tem uma estrutura dialética e
triforme (tese, antítese e síntese)
9- O tratamento cabalista de Din, ou mal, são como momentos de “Deus sendo” correspondem
a sublação da negatividade de Desejo dento do sistema de Hegel.
5- DIALÉTICA
Hegel desenvolveu uma delirante “lógica”, a dialética dos opostos, as famosas: tese, antítese
e síntese, inspiradas em Heráclito e na Cabala. Segundo Padovani (1995, p. 389), podemos
resumir os erros da lógica hegeliana da seguinte forma:
1 -A lógica tradicional afirma que o ser é idêntico a si mesmo e exclui o seu oposto (princípio da
identidade e da contradição); ao passo que a lógica hegeliana sustenta que a realidade é
essencialmente mudança, devir, passagem de um elemento ao seu oposto;
2 – a lógica tradicional afirmar que o conceito é universal abstrato, enquanto apreende o ser
imutável, ainda que não totalmente; ao passo que a lógica hegeliana sustenta que o conceito é
universal concreto, isto é, conexão histórica do particular com a totalidade do real, onde tudo é
essencialmente conexo com tudo;
6- CONTRADIÇÃO
Para Hegel, não existe o princípio da “não contradição”, mas a “contradição” seria o
fundamento da ciência. Coicidencia opositorum é tema recorrente na cabala e em Hegel
(Campani, 2011, p. 261)
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Segundo Sinibaldi (1906, p. 223), para Hegel:
a) Tudo o que está contido no céu e na terra consta de contradições. Na verdade, todo o finito
exprime o ente e o não ente. Por isso, devendo os finitos reduzir-se ao infinito, este deve ser
uma grande contradição.
c) As coisas, que diferem entre si, devem reduzir-se a uma coisa comum. Logo o ente e o não
ente, por diferirem entre si, devem reduzir-se a uma coisa comum, que, sob um aspecto mais
abstrato, seja ao mesmo tempo ente e não-ente.
O 1 argumento é um sofisma. – É falso que o finito, por exprimir o ente e o não-ente, seja uma
contradição. Porquanto a contradição consiste em afirmar e negar uma e a mesma coisa, ao
mesmo tempo e sob o mesmo aspecto. Ora, o finito afirma a entidade de que é composto, e
nega a entidade de que não é composto. Logo, é falso que o finito afirme e negue uma e a
mesma coisa ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto, e por isso é falso que seja uma
contradição, - É falso também que, pelo fato dos finitos dependerem do infinito, este deva ser
composto de ente e de nada. Porque os finitos dependem do infinito, só enquanto participam
da sua entidade, e por isso o infinito não é composto de ente e de nada, mas é a plenitude da
entidade.
O 2 argumento é falso tanto com relação a matéria, como em relação a forma – é falso com
relação a matéria. Porque o ente é indeterminado na ordem positiva, enquanto exprime uma
realidade; ao passo que o não ente é indeterminado na ordem negativa, porque não exprime
uma realidade. Por isso, o ente e o não-ente, por não convirem com um terceiro termo comum,
não convém entre si. – É falso na forma; porque o meio termo indeterminado é particular em
ambas as premissas, contra a IV regra do Silogismo.
O 3 argumento também é falso. Duas coisas diferentes podem reduzir-se a uma coisa comum,
quando diferem em parte, mas não quando são inteiramente opostas, assim o homem e o
animal reduzem-se ao mesmo gênero animal, mas porque diferem num só elemento essencial.
O ente, porém, e o não-ente não podem reduzir-se a um princípio comum, porque são
inteiramente opostos, um afirma o que o outro nega.
Hegel também se nega a admitir a potência, tudo é ato ou ato puro em decorrência da
identificação dos contrários (Maritain, 1994, p. 159)
Para Hegel, a realidade é o absoluto, que existe numa evolução dialética de caráter lógico,
racional. De acordo com sua famosa afirmação, todo o real é racional e todo o racional é real.
Tudo o que existe é um momento desse absoluto, um estágio dessa evolução dialética, que
culmina na filosofia, em que o espírito absoluto possui a si mesmo no saber
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Hegel diz que o fim último do homem é evolução contínua, universal e ilimitada da humanidade.
(Marias 2015, p. 266) Hegel tende a divinizar o ser humano (Maritain, 1994, p. 121) e faz com
que a razão do homem pode tudo compreender sem ter uma disciplina de fora (Maritain 1994,
p. 122)
Em sintonia com ideias gnósticas de trabalho, para Hegel, o trabalho era similar a uma
“redenção”. Ao mesmo tempo, ao atuar sobre a natureza externa para servir aos seus
propósitos, ao trabalhar, o ser humano contribui para transformar a ela e a si próprio, e para
conduzir os dois lados a uma reconciliação final. (Taylor 2014, p. 147).
Walter Benjamin (1985) citando Hegel: “lutai primeiro pela alimentação e pelo vestuário, e em
seguida o reino de Deus virá por si mesmo (Hegel, 1807)”. Esta tese é crucial para Marx, com
a única diferença que este colocou-a sob o manto do materialismo.
Esta visão era comum em certos ramos protestantes do séc. XVI-XVII, muitos destes
protestantes emigraram para os EUA. Também é uma visão próxima do judaísmo, em especial
da Cabala. É uma visão que diz ser possível ao homem retificar sua natureza decaída pelo
pecado original e anular a “dupla maldição” (a terra maldita por causa do pecado de Adão e o
trabalho pesar sobre o homem pela mesma razão).
8– HISTÓRIA
Hegel tinha uma visão histórica imanentista. Segundo Marcuse (apud Manieri, 2013), Hegel
transformou a história em ontologia, o Espírito se revela e se desenvolve na história, a essência
da realidade é uma essência histórica.
Em Hegel, a história segue um processo finalista referente à teleologia interna, na qual não se
encontra um agente exterior que atua em um material dado, nele realizando os seus
propósitos, mas é apenas o autodesenvolvimento do espírito a partir de si mesmo. “O espírito
age essencialmente, converte-se no que é em si, no seu ato, na sua obra; torna-se deste modo
objeto para si e tem-se perante si como um ser determinado (HEGEL, 1995, 62)”
Segundo Taylor (2014, p. 93 e 240) a visão de história de Hegel é influenciada pelas teses
milenaristas de Joaquim de Fiore, com a famosa divisão tripartite das épocas do Pai, do Filho e
do Espírito Santo.
As teses de Fiore foram condenadas pela Igreja Católica e seu pensamento advém segundo
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Emma Jung (apud Magee 2001, p. 238) do Catarismo e do misticismo judaico.
Para mostrar que a filosofia da história de Hegel não segue tão somente um esquema ternário,
mas trinitário, Mottu seleciona algumas passagens da Fenomenologia do espírito (capítulo VII),
das Lições sobre a filosofia da religião e, principalmente, das Lições sobre a filosofia da história
universal. Com base nessas passagens, ele inicialmente argumenta que Hegel, tal como
Joaquim, periodiza o devir do mundo como o movimento do Espírito, que se realiza enquanto
liberdade crescente ao longo de um processo histórico tripartido. E mais: que esse esquema
tripartido, que se expressa pelos termos Pai, Filho e Espírito Santo, põe em evidência a figura
do Espírito como perspectiva de realização do progresso histórico.
Mottu (1980, p. 163) dá especial destaque a uma passagem das Lições sobre a filosofia da
história universal de Hegel (1997, p. 660), que associa o «reino do Filho» à Idade Média e o
«reino do Espírito» à Reforma. Nessa oportunidade, Hegel escreve claramente que Deus, ao se
exteriorizar no mundo como Filho, não encontra sua plenitude, pois ela só viria com a figura do
Espírito, depois que o Filho fosse "revogado" (aufgehoben). E acrescenta, na sequência, que a
"última bandeira" é a do espírito livre (des freien Geistes), com sua "nova Igreja" e seu "reino da
liberdade espiritual".
Aplicando esta visão hegeliana de história no materialismo se deu em Marx, na qual supostas
regras racionais da história informam a realidade do mundo e fornecem a chave para sua
compreensão.
9 - IGREJA
Sem avançar em possíveis contradições do sistema hegeliano quando discorre sobre “igrejas”,
podemos dizer que todo o sistema hegeliano é religioso, no caso, bem gnóstico-cabalista, pois
acreditava em “religiosidade oculta”.
Um dos momentos do espírito absoluto, isto é, do espírito que se atualiza não apenas
conhecendo um objeto (espírito subjetivo), não apenas realizando uma civilização (espírito
objetivo), mas contemplando a si mesmo como espírito. E isto é representativo e não
conceitual.
Por outro lado, deve ter a religião as seguintes linhas gerais, de acordo com Hegel (Taylor
2014, p. 79):
A Igreja e a religião devem estar identificadas com o estado; porque para Hegel o espírito
envolvido na Religião é subjetivo e só estado é real (SINIBALDI, 1906, p. 447 Esta visão de
Hegel é totalmente contrária a Igreja Católica (Taylor 2014, p. 79)
Para Hegel, o Estado é espírito vivente, razão encarnada, detentor de uma própria realidade
metafísica. (Padovani, 1995, p. 390-391)
Hegel ensina que o fim do Estado, ou da sociedade civil, não é o bem comum de seus
membros, mas é o próprio Estado, isto é a grandeza de seu poder, a riqueza progressiva e a
harmonia de sua organização, a perfeição cada vez mais completa da vida individual por meio
do organismo social. O Estado é um deus presente pois é o infinito, e por isso é o fim imóvel e
absoluto de si mesmo; é omnipotente; tem todos os direitos de que é única fonte. A ação do
Estado é absolutamente independente da lei moral
Segundo Manieri (2013) “Hegel vê no próprio conteúdo do mundo – um povo com seus
costumes, sua organização política, seu Estado, suas revoluções etc. – uma forma de
exteriorização do Espírito”.
Esta visão destrói a liberdade individual e enfraquece o direito a propriedade, pois o Estado é a
única fonte do direito, tudo o que o Estado manda seria justo e honesto.
Hegel não via corpos intermediários na sociedade. “Se o Estado é confundido com a
sociedade civilburguesa e se sua determinação é posta na segurança e na proteção da
propriedade e da liberdade pessoal, então o interesse dos singulares enquanto tais é o fim
último (...).” (NOVELLI, 2012, p. 183)
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Dialeticamente ele dizia que a
E ainda:
Se o Estado é o espírito objetivo, então só como membro é que o indivíduo tem objetividade,
verdade e moralidade. A associação como tal é o verdadeiro conteúdo e o verdadeiro fim, e o
destino dos indivíduos está em participarem numa vida coletiva; quaisquer outras satisfação,
atividades e modalidades de comportamento têm o seu ponto de partida e o seu resultado
neste ato substancial e universal (HEGEL, 1986, Filosofia do Direito, p. 179)
11 - DIREITO
Hegel funda o Direito na vontade (MORRIS p. 303), contrário ao tomismo que funda na razão.
Confunde liberdade com Direito.
O princípio de que deriva o Direito é a vontade universal e objetiva da ideia absoluta, - vontade
substancial e racional mas impessoal. Esta vontade é o fim de si mesma, isto é seu fim interno
é a liberdade, o seu objeto é o mundo externo, em que ela se realiza. Mas, nesta realização
externa, a liberdade assume a forma de necessidade. Por isso, o direito é a liberdade realizada
Baseia-se, Hegel, em três tipos de liberdade: liberdade pessoal, liberdade da moral subjetiva e
liberdade substancial (ou liberdade social) (BEISER, 2008).
Para Hegel, a justiça se insere no contexto do Estado. Não há uma justiça abstrata,
independente dele, porque para ele, o Estado é um deus. O Estado é a razão em si e para si.
importante salientar que não há, para Hegel, liberdade sem direito. Ao contrário, o direito é a
concretização da liberdade. Quanto mais desenvolvida a consciência, maior a liberdade. O grau
máximo de consciência de um povo é a consciência nacional. Portanto, a lei que expressa essa
consciência, se cumprida, é o máximo de liberdade que um cidadão pode possuir. Ela permite
a concretização de potencialidades muito maiores do que aquelas decorrentes apenas da
vontade de um indivíduo ou de uma ou algumas famílias.
Nesse sentido, é inimaginável qualquer grau de liberdade no estado de natureza. Se a
liberdade é a concretização da vontade humana, sua materialização exige o direito, que
transforma a natureza em cultura e a suplanta. O primeiro nível de liberdade exige a
propriedade privada; o nível mais avançado exige o Estado nacional e as leis. Um ser humano,
assim, é escravizado pela natureza, não sendo livre.
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Hegel misturava ideias como liberdade, Espírito, Estado e dialética para fundar sua filosofia do
Direito.
Hegel combate o direito natural e a escola histórica do Direito. Hegel era adepto de um direito
somente abstrato sem reconhecer particularidades locais.
No ramo da direita se encontravam: Gabler, Hinrichs, Daub etc. Eles faziam forte apologia
conservadora política.
O ramo da esquerda era formado por Feuerbach, Strauss, Marx etc. Estes eram
revolucionários e pregavam ruptura contra a ordem vigente.
No séc. XX, a influência permaneceu em autores marxistas como Lukács, Adorno, Sartre etc.
13- CONCLUSÃO
Como vimos, Hegel foi um autor que usou e abusou de linguagem cifrada e confusa, como é
típico em tratados gnósticos, herméticos e cabalistas, todos eles retrocompatíveis. Ao escrever
de modo “difícil” tenta mostrar conhecimento e saber.
Toda sua obra transborda de gnose, principalmente pelo veio cabalista. Sua doutrina é
diametralmente oposta à doutrina católica e deu suporte a pensamentos igualmente contrários
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à Igreja.
Segundo Schopenhauer, Hegel é: “uma cabeça medíocre que por todos os meios quis passar
por um grande filósofo e sua filosofia é um mínimo e pensamento diluído em quinhentas
páginas de fraseologia nauseabunda” (apud SINIBALDI, 1906, p. 306).
Segundo Padovani (1995, p. 387), Hegel frequentemente deformava os fatos para enquadrá-
los no esquema lógico do seu sistema racionalista-dialético, bem como alterava este por
interesses práticos e políticos.
Para nós, Hegel foi um pseudo-filósofo que estava a serviço da gnose dando-lhe “roupagem”
técnica sob um véu de suposta erudição.
14 – BIBLIOGRAFIA
CAMPANI, Carlos Antônio Pereira. Fundamentos da Cabala: Sêfer Yetsirá - Edição revisada e
ampliada, 2011.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Filosofia do Direito, Lisboa: Guimarães Editores, 1986.
MAGEE, Glenn Alexander. Hegel and the Hermetic Tradition, Ithaca: Cornell University Press,
2001.
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PADOVANI, Umberto, CASTANGOLA, Luis. História da Filosofia, São Paulo: Melhoramentos,
1995.
ROVIGHI, Sofia Vanni. História da Filosofia Contemporânea. São Paulo: Loyola, 2004.
TAYLOR, Charles. Hegel, sistema, Método e Estrutura. São Paulo: É Realizações, 2014.
http://www.nefipo.ufsc.br/files/2012/03/A-racionalidade-do-real.pdf
O três estágios do espírito absoluto são a arte, a religião revelada e a filosofia. Na arte, trata-se
da manifestação sensível do absoluto; a ideia absoluta é intuída. Na religião esta ideia é
representada p. Marias, (2015, p. 360)
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