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ISBN: 978-85-7006-693-0
CDD: 617.7
CDU: 617.7
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sancionada e publicada no Diário Oficial da União em 20 de fevereiro de 1998.
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O presente é muito fugaz, e seu real valor nossas revistas. Os documentos anali-
somente poderá ser avaliado no futuro. sados tiveram como fontes principais a
Ao compilar documentos históricos e Revista Paulista de Ophthalmologia, os
relatos dos colaboradores, esta obra con- Arquivos Brasileiros de Oftalmologia e a
tribui para a diminuição das lacunas sobre Revista Brasileira de Oftalmologia, além
o passado da Oftalmologia mundial e bra- de anais de congressos. Algumas revistas
sileira, facilitando o trabalho dos nossos anteriores tiveram curta duração e não fo-
futuros historiadores. ram localizadas pelos autores.
Há divergências de datas em alguns Muitos dos últimos artigos sobre a te-
relatos, mas, devido à impossibilidade de mática da história da Oftalmologia nacio-
constatar a veracidade de uma ou outra, nal a que tivemos acesso foram escritos
as datas informadas foram mantidas. há décadas e, em sua maioria, eram rela-
Foram selecionados os fatos aos quais tos pessoais.
os autores e colaboradores tiveram aces- No desenrolar da história de nossa
so ou tempo de anotar, considerados por especialidade no Brasil, destaca-se a con-
eles como importantes na evolução da tribuição de muitos colegas, dentre os
Oftalmologia. quais Hilton Rocha, Cyro Rezende, Moacir
Historiaram-se a prática, o ensino e Álvaro, Waldemar Belfort de Matos, José
a ação social da oculística nacional. Para Antônio Abreu Fialho, Pereira Gomes, Jo-
isso, foram envolvidos dezenas de profis- viano de Rezende, Ivo Corrêa Meyer, João
sionais médicos e não médicos que tive- Penido Burnier, Almiro de Azevedo, Heitor
ram importante contribuição na elabora- Marack, Hilário de Gouvêa, Leiria de An-
ção desta obra. drade e Archimedes Bussaca.
Não nos cabe identificar o primeiro Tradicionalmente, o ensino da Oftalmo-
oftalmologista, e sim reconhecer que o logia no mundo se iniciou com a transmis-
conhecimento que temos hoje só foi pos- são direta do conhecimento de maneira
sível graças a outros precursores, cujos pessoal, e no Brasil não foi diferente. Na
feitos podem ter se perdido no tempo por década de 1950, iniciaram-se quase ao
carência de documentação dos fatos. mesmo tempo as residências de Oftalmo-
A história da Oftalmologia Nacional logia no Rio de Janeiro, em São Paulo e em
começou a ser documentada, principal- Belo Horizonte, o que fez com que o ensino
mente, a partir da década de 1930, com assumisse uma escala maior e mais formal.
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A Jesus Cristo, por ter exaltado, em forma nhecimentos sobre os fatos de nossa his-
de milagres, a necessidade e a importân- tória.
cia da prevenção da cegueira e da reabili- Aos Presidentes das Sociedades Esta-
tação visual. duais e de Subespecialidades, pela coope-
A todos os que contribuíram para a ração na elaboração deste livro.
história da Oftalmologia nacional. Aos funcionários do CBO, que pron-
Aos oftalmologistas brasileiros que tamente nos auxiliaram em todos os mo-
criaram nossas revistas especializadas, mentos da realização deste trabalho.
sem as quais não seria possível a reconsti- As diretorias anteriores do CBO, por te-
tuição de muitos dos fatos relatados. rem criado os Temas Oficiais de Prevenção
Ao Presidente do CBO, Dr. José Augus-
da Cegueira, sem os quais a documenta-
to Alves Ottaiano, pela confiança deposi-
ção e o reconhecimento do trabalho co-
tada.
munitário da Oftalmologia teriam caído
Ao Vice-Presidente do CBO, Dr. José
no esquecimento.
Beniz Neto, pela orientação recebida na
Aos mentores que nos precederam e
execução desta obra.
nos ensinaram a Oftalmologia e o respeito
Aos Presidentes do 62o Congresso Bra-
pelas obras que herdamos.
sileiro de Oftalmologia, Drs. João Marcelo
de Almeida Gusmão Lyra e Mário Jorge Aos nossos pacientes, a quem rende-
Santos, pelo apoio recebido. mos nosso reconhecimento e cuja saúde
A Evaldo Campos, por sua obra Dicio- ocular é nosso objetivo maior.
nário Bio-Bibliográfico dos Oftalmologistas Às autoridades de saúde, em quem
do Brasil, e a João Diniz, pela obra SBO: 90 depositamos nossa confiança e para as
anos de História. quais estamos inteiramente disponíveis
As Diretorias do CBO e SBO pelo traba- para participar da luta pela saúde ocular
lho de congregação de nossa classe para a da população.
construção da Oftalmologia brasileira. Aos oftalmologistas brasileiros, de cuja
Aos colaboradores, que contribuí- labuta diária usufruem os necessitados.
ram para que fossem gravados seus co- A nossas esposas e filhos.
PARTE I
Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia
PARTE II
Política Nacional de Atenção à Oftalmologia
Introdução......................................................271 39 Atenção de Média e Alta Complexidade
35 Política Nacional de Atenção à em Oftalmologia............................................293
Oftalmologia..................................................273 40 Programas de Combate às Causas
36 Atenção Básica à Saúde.................................279 Prevalentes de Baixa Visão e Cegueira...........297
37 Atenção Básica em Oftalmologia..................285 41 Projeto Mais Acesso à Saúde Ocular..............307
38 Redes de Atenção em Oftalmologia..............289 Referências.....................................................317
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O presente capítulo relata de forma su- prata, porém se o olho for destruído ele
mária fatos históricos que direta ou in- deve ter seus dedos cortados. Já se o olho
diretamente contribuíram para o desen- for de um escravo ele deve pagar metade
volvimento da oftalmologia, seguindo-se do preço".
a linha temporal de acontecimentos que A prática da medicina nessa época se
marcam época num período de aproxima- relacionava diretamente com sacerdotes e
damente 4200 anos de história. fazia-se mesclada com superstição e ma-
Em 2.283 a.C., um Imperador Chinês, gia. Por outro lado, o insucesso já se rela-
para observar as estrelas, utilizava len- cionava com possibilidade de punição do
tes feitas a partir da lapidação de rocha, executor do ato.
quartzo ou ametista. O culto ao deus egípcio Hórus surgiu
A primeira menção aos olhos em docu- há cerca de 5000 anos, quando Hórus, fi-
mentos pode estar no Código de Hamu- lho de Isis, perdeu a visão após ser ata-
rabi (Rei da Babilônia, Assíria), 2250 a.C., cado pelo demônio Seth, recuperando-a
passando a Era Cristã e chegando ao ano quando sua mãe invocou a ajuda de Toth.
1500, como balizador para entrarmos na O “Olho de Hórus” é reconhecido como
era da oftalmologia no Brasil, como Brasil símbolo da prescrição médica.
Colônia, Império e República, até nossos Médicos egípcios passaram a recorrer
dias. ao deus Hórus, utilizando o olho como
O Código de Hamurabi, que versava símbolo de saúde e felicidade. O culto a
sobre o Direito, é um conjunto de leis, em Hórus precedeu a veneração ao grande
que considerável parte versava sobre os Imhotep.
olhos: “Se um homem destruir o olho de Imhotep viveu durante o Antigo Impé-
outro homem, ele deve ter seu olho des- rio Egípcio, entre os anos de 2686-2613
truído. No caso de ser um homem livre, a.C., seu nome significa “aquele que vem
ele pagará um maná de prata e, no caso em paz”. Reconhecido como o primeiro
de ser um escravo, ele pagará metade do médico, morreu cerca de 2500 anos antes
preço.” do nascimento de Hipócrates, conhecido
Na Idade do Bronze, tinha-se que "se como o Pai da Medicina.
um médico drenar um abscesso em um Cem anos após a sua morte, Imhotep
olho com uma lanceta de bronze salvan- (Asclépio para os gregos) foi considerado
do o olho, ele receberá dez dinheiros de um semideus médico e por volta de dois
um deus do antigo Egito. Seu templo é reconhecer Imhotep como o pai da antiga
considerado o primeiro hospital da hu- medicina e Hipócrates como o pai da mo-
manidade. A Biblioteca Faraônica Imhotep derna medicina. A seguir a explicação que
armazenava seus tratados de medicina e embasa esse raciocínio.
cirurgia. Pelo que se conhece foram os Fundamentou a sua prática médica na
primeiros tratados médicos escritos. Diag- teoria dos quatro humores corporais, sendo
nosticou e tratou mais de 200 doenças, a vida mantida pelo equilíbrio destes: San-
destas 29 dos olhos. gue, Fleugma, Bílis Amarela e Bílis Negra,
Outra vertente histórica versa que Es- procedentes, respectivamente, do coração,
culápio ou Asclépio era o deus da medi- cérebro, fígado e baço. Cada um desses
cina e da cura. Filho de Apolo, um deus, humores possuía diferentes qualidades: o
e Corônis, uma mortal, nasceu de cesaria- sangue era quente e úmido, a fleuma era
na após a morte de sua mãe, foi criado fria e úmida, a bílis quente e seca e a bílis
por um centauro, Quíron, que o ensinou negra fria e seca. O predomínio natural de
a caçar, as artes da cura pelas ervas e a um destes humores na constituição dos in-
cirurgia. Adquiriu tamanha habilidade que divíduos determinaria diferentes tipos fisio-
podia trazer os mortos de volta à vida e lógicos: o sanguíneo, o fleumático, o bilioso
Zeus então o puniu com a morte por meio ou colérico e o melancólico. As doenças se-
de um raio. riam devidas a um desequilíbrio entre estes
O egiptólogo árabe Ebers descobriu humores, tendo como causas principais al-
um documento historicamente inestimá- terações causadas pelos alimentos, os quais,
vel, entre as pernas de uma múmia em ao serem absorvidos pelo organismo, origi-
Tebas, antigo Egito, datado de 1650 a.C., navam os quatro humores. Entre os alimen-
recebeu a denominação de Papyrus de tos, Hipócrates incluía a água e o ar. A febre
Ebers em sua homenagem. Este papiro era seria devida à reação do corpo para cozer
constituído por 110 páginas ou colunas, os humores em excesso. Seus tratamentos
oito dedicadas aos olhos, que descrevem auxiliavam a physis a seguir os mecanismos
doenças e remédios conhecidos pelos normais, assim expulsando o humor em ex-
egípcios à época. cesso.
Das colunas dedicadas aos olhos exis- Hipócrates foi o responsável pela tran-
tem as relacionadas com a dor no olho, sição da medicina como magia no templo
com a lágrima, com o pus nos olhos, com para a medicina como ciência, ressaltando
o sangue nos olhos, com o giro dos olhos, a importância da observação e do raciocí-
à escuridão, dentre outras. O conheci- nio indutivo.
mento anatômico era geralmente pobre O tratamento de afecções oculares da
apenas pelo domínio das estruturas ana- variedade aguda era realizado por flebo-
tômicas do corpo humano necessário para tomia ou sangria, irritação local ou até em
o embalsamamento de mortos. sítios remotos para remover humores dos
Hipócrates nasceu na ilha de Cós, era olhos. As variedades crônicas foram trata-
membro de uma ilustre família de médi- das principalmente com aplicação local de
cos. Sua existência coincidiu aproxima- leite de mulheres, bile de cabras e prepara-
6 damente com a Guerra do Peloponeso e ções de cobre, ferro e chumbo.
Este ciclo da História da Oftalmologia se sencial da visão, suas ideias sobre a cata-
inicia com o nascimento de Cristo. rata eram as mesmas de Celsus.
Plínio nasceu em Como, na Itália, no Acreditava que a função da retina era
ano 23 da era cristã, tido talvez como o perceber as alterações que ocorriam no
naturalista mais importante da Antiguida- corpo cristalino. Utilizou hyoscyamus para
de. Pregava: “As ilustrações são propensas dilatar as pupilas com propósitos cosmé-
ao engano, especialmente quando se faz ticos. A pupila dilatada era à época sinal
necessário grande número de tintas para de beleza, daí o nome dado a substância,
imitar a natureza,” Por essas razões, reco- atropa belladona. Autor de livros sobre
mendava aos autores “se limitar a uma óptica e doenças dos olhos que infeliz-
descrição verbal” da natureza. Também se mente se perderam no tempo.
aventurou no estudo da medicina e ob- Fundamentou os estudos sobre ana-
servou que os olhos dos animais noturnos tomia médica em macacos, pois a disse-
brilhavam no escuro, mas por não irra- cação humana não era permitida. Esses
diarem luz, observação esta que não foi estudos foram adotados por mais de mil
valorizada por muito tempo. anos até as descrições de dissecações hu-
Cláudio Galeno nascido em 129 da era manas de Andreas Vesalius em 1543. Con-
cristã, romano de origem grega, tornou-se siderado precursor da prática da vivissec-
renomado médico e filósofo. Suas teorias ção e experimentação com animais.
dominaram e influenciaram a ciência mé- Alhazen, físico e matemático pioneiro
dica do ocidente por mais de um milênio. em óptica, pós-Ptolomeu, nasceu no ano
Seus estudos anatômicos do crânio de 965 no Iraque. Escreveu numerosas
e respectivos nervos forneceram bases obras sobre os fenômenos da refração e
para o desenvolvimento do conhecimen- da luz. Em seu livro “Óptica” publicado no
to anatômico e fisiológico dos olhos. En- início do século XI, propôs uma nova teo
fatizava que a Natureza não criava nada ria para a visão; teoria então revolucio-
defeituoso e nada em vão. Descreve o nária e hoje reconhecida como um passo
olho como o mais divino dos órgãos e importante para a compreensão da visão.
admira a sabedoria do criador que to- Luzia, nascida em 283, em Siracusa
mou tanto cuidado no cérebro e na re- ficou conhecida como a Santa proteto-
tina. Como Hipócrates, ele pensou que o ra dos olhos. De família nobre e cristã,
corpo cristalino, a lente, era o órgão es- sua mãe se chamava Eutíquia. Cega de
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e o que fazia mal aos olhos. O seguinte faz mal aos olhos:
Desta obra foram encontrados 36 Choro, fome, jejum, vinho velho, cer-
exemplares em toda a Europa, um deles veja nova, turva, especialmente a de
manuscrito pelo pintor e escultor Miguel centeio, demasiado macerada. Toda
Ângelo, no século XV, que recorreu ao tra- embriaguez e excesso. Todo o le-
tado depois de ter sofrido uma infecção gume, leite, queijo e tudo o que for
nos olhos quando pintava a Capela Sisti- salgado, em fumigação ou estupefa-
na. O manuscrito com algumas das recei- ciente, como a papoila, etc. Sono de-
tas que copiou está guardado na Bibliote- masiado depois das refeições e vigí-
ca do Vaticano. Há, contudo, historiadores lias imoderadas. Canto em demasia
que defendem que o autor destes trata- e coito frequente. Olhar em demasia
dos era um outro Pedro Hispano. para objectos brancos e luminosos.
A seguir, parte transcrita de seu trata- Também faz mal a flebotomia fre-
do, em que relata coisas que fazem bem e quente e ilícita.
que fazem mal aos olhos.
Considerando a interdependente re-
Coisas que fazem bem aos olhos: lação entre o olho como sistema biológi-
Os olhos são órgãos brilhantes, co, tecidos e células, para viabilizar outro
redondos e radiosos, cobertos por sete sistema, o óptico, caracterizado por sua
túnicas e três humores. "Os olhos são precisão física, para não romper o nexo
as janelas da alma", para se verem temporal desde os primórdios sobre o
através deles, como por uma varan- descobrimento da ótica e das lentes, este
da, as cores e as figuras. Por isso diz tema é aqui inserido.
Platão: A vista é da maior utilidade. Os fenícios, próximo ao início da era
Faz-lhe bem todos os colírios e Cristã, descobriram que a areia misturada
pós, arruda, funcho, aloés sucotrino com salitre, fundidos no calor do sol, pro-
na comida, urgebão, mostarda, vina- duziam um sólido, que com o tempo foi
gre de romãs e vinhos dos melhores. denominado vidro em forma bruta.
E mergulhar os olhos em água fria Com o surgimento do vidro e o domí-
com frequência, em tempo de verão. nio da sua manufatura, foram produzidas
Todo o fel de animais vivos, em co- as lentes convexas. Exemplares destas fo-
lírios. Olhar para as montanhas e a ram encontrados nas escavações de Pom-
verdura. Fazer a lavagem frequen- peia; suas distâncias focais eram peque-
te das mãos e dos pés, e raspá-los, nas a ponto de não poderem ser usadas
e conservar também o estômago diante dos olhos.
quente. Igualmente faz bem aos As primeiras referências sobre a exis-
olhos evitar o fumo e muitas coisas tência de lentes bifocais datam de 500 a.C.
que lhe são contrárias. Funcho, ur- e foram encontradas em textos do filóso-
gebão, rosa, erva-andorinha, arruda; fo chinês Confúcio. Durante o século XIII
disto se faz uma água que a vista idosos chineses passaram a utilizar lentes
14 torna aguda. para poder ver coisas pequenas.
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A primeira Santa Casa do mundo foi cria- científica, o que somente começou com a
da em 15 de agosto de 1498, em Lisboa, vinda da Família Real e da criação das fa-
pela Rainha Leonor de Lencastre, esposa culdades de Medicina e de Direito.
do Rei Dom João II, originando a “Con- A Santa Casa de Misericórdia do Rio
fraria de Nossa Senhora de Misericórdia”, de Janeiro, fundada pelo Padre José de
dedicada aos doentes, pobres, órfãos, pri- Anchieta, socorreu inicialmente tripu-
sioneiros e artistas. lantes das caravelas da esquadra do Al-
Ao planejar e fundar a Irmandade de mirante Diogo Flores Valdez que apor-
Invocação a Nossa Senhora da Misericór- taram na Baía de Guanabara em 25 de
dia, com “cem homens de boa fama, sã março de 1582. Padre José de Anchieta
consciência e vida honesta”, a Rainha D. junto com os índios fizeram infusões e
Leonor assumiu o compromisso de apoiar medicamentos com plantas medicinais
os mais desfavorecidos e levar a cabo as para tratar os marinheiros. Diz-se que
14 Obras de Misericórdia, sendo sete espi- aí começa a história da Santa Casa da
rituais e sete materiais, entre elas consolar Misericórdia no Brasil e que essa se res-
os que sofrem, curar e assistir os doentes ponsabilizou pela administração de ce-
e sepultar os mortos. mitérios.
A assistência hospitalar no Brasil se ini- Merece destaque a história das Santas
ciou logo após o descobrimento, quando Casas no Brasil, pois o ensino da medicina
Portugal transferia para suas colônias seu começou dentro delas, mais especifica-
acervo cultural. Nesse período estava em mente na do Rio de Janeiro.
evolução o sistema criado pela Rainha D. Em 1808, foi criada pelo príncipe re-
Leonor. gente D. João a Escola de Anatomia, Me-
No Brasil, a primeira Irmandade da dicina e Cirurgia do Império, instalada no
Santa Casa de Misericórdia foi oficialmen- Hospital Militar do Morro do Castelo, Rio
te fundada em 1543, período colonial, em de Janeiro. Em 1856, foi transferida para
Santos, seguido pela Bahia, Espírito Santo, o prédio do Recolhimento das Órfãs, na
Rio de Janeiro, Olinda e São Paulo. Como Rua Santa Luzia, ao lado da Santa Casa de
primeira instituição hospitalar do país, Misericórdia.
destinava-se a atender aos enfermos dos A outra escola de medicina, contem-
navios nos portos e moradores das cida- porânea a esta, era a Faculdade de Medi-
des. Nesse período nenhuma prática era cina da Bahia, fundada também em 1808.
História da Oftalmologia no Brasil Colônia, Império e República antes do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO)
convidou para reger a cátedra de oftalmo- prático no uso dos medicamentos.
logia da Faculdade de Medicina, Cirurgia e No ano de 1888 fundou, juntamente
Farmácia de São Paulo. com Hilário de Gouveia, José Cardoso de
José Antônio de Abreu Fialho, sergipa- Moura Brasil e Paula Fonseca, a “Revista
no, estudioso da oftalmologia, em 1896 Brasileira de Oftalmologia” que, embora
doutorou-se com estudo “A oculística pe- tenha lançado apenas dois volumes, foi
rante a patologia – perturbações ocula- considerada como “o despertar da im-
res nas moléstias cerebrais”. Sua tese se prensa oftalmológica em nossa terra”.
tornou importante documento na história Foi também Membro Correspondente
da oftalmologia brasileira. Foi fundador da Societé Française d’Ophtalmologie e
da “Revista de Clínicas” e dos “Annaes das Sociedades de Medicina e Cirurgia de
de Oculística do Rio de Janeiro” esta em Curitiba e de São Paulo, Sócio Correspon-
1928, colaborou também com diversos dente da Associacion de la Prensa (Chile),
periódicos do Brasil e do exterior. É, tam- Membro da Sociedade Brasileira de Neu-
bém, o Patrono da Cadeira 21 da Acade- rologia, Psiquiatria e Medicina Legal, den-
mia Sergipana de Medicina. tre outros cargos.
Sylvio de Abreu Fialho, seu filho, em A partir de 1900, as escolas para o en-
seu livro “Páginas Viradas”, relatou que no sino da oftalmologia cada vez mais cientí-
concurso a que se submeteu para a con- fica ganharam novos interessados, desen-
quista da cátedra, surpreendeu os con- volveram-se inicialmente os centros de
correntes favoritos, isto é, “aqueles cujos ensino da oftalmologia do Rio de Janeiro,
nomes granjeavam maior evidência entre Salvador, Belo Horizonte e São Paulo.
as elites". O único trunfo que Abreu Fialho Os primeiros eventos científicos da
possuía era a enorme confiança no saber especialidade foram cruciais para que os
acumulado nas vigílias do estudo em que médicos oftalmologistas começassem a
se haviam consumido as melhores horas se aglutinar em sociedades, foram eles: A
da sua mocidade”. Semana Oftalmo-Neurológica em 1927, a
Hilário de Gouveia foi o primeiro Len- Primeira Reunião Brasileira de Oftalmo-
te propritário de Clínica Oftalmológica da logia em 1935, que posteriormente ficou
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. conhecido como I Congresso Brasileiro de
Segundo Edilberto Campos, o ensino da Oftalmologia, II Congresso Brasileiro de
medicina começou no Brasil com D. João Oftalmologia em 1937, III Congresso Bra-
VI, o ensino da oftalmologia como espe- sileiro de Oftalmologia em 1939.
cialidade autônoma ainda se atrasou mais Alguns aspectos históricos da oftal-
meio século, até 1881, quando Hilário o mologia serão relatados no Capítulo 6,
iniciou. considerando-se os fatores precedentes à
Outro sergipano, Edilberto Campos, fundação do Conselho Brasileiro de Oftal-
defendeu tese denominada “Notas sobre mologia (CBO), suas características e atu-
a correção óptica permanente na myo- ação no país, bem como suas realizações.
pia”. Em 1907 nomeado Secretário do Também a estratificação administrativa
Governo do Estado de Sergipe. Editou o iniciada nos estados, decorrência das ne-
livro “Os Medicamentos da Oculística”, cessidades regionais bem como a forma- 19
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atendendo milhares de pacientes e publi- ostenta seu retrato como cearense bene-
cando trabalhos expressivos. mérito. No centenário de seu nascimento,
Poderíamos citar, por exemplo: foi inaugurado um busto em sua homena-
Ophthalmologia – Novo processo para gem pelo “Centro Médico Cearense”, em
a extração da catarata – Extração por Fortaleza, no largo do Passeio Público. É
pequeno retalho mixto com iridotomia: Patrono da Cadeira 18 da Academia Cea-
Lombaerts & C., 1881.; Tratamento cirúrgi- rense de Letras e da 34 da Academia Cea-
co do Descollamento da Retina: Typogra- rense de Ciências.
phia do Cruzeiro, 1879; Descollamento da Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no
Retina e seu tratamento pela Esclerotomia dia 31 de dezembro de 1928. Seus descen-
Antero-Posterior Meridiana: Typographia dentes, formadores de verdadeira dinastia,
de Pinheiros & C., 1889. continuaram sua obra. A ele o seguiram
Médico oftalmologista, químico, far- como oftalmologistas, 1 filho, 5 netos, 3
macêutico e pesquisador, foi o criador do bisnetos, 4 trinetos e 1 quadrineto.
centenário colírio que leva seu nome. O patriarca José Cardoso de Mou-
Eleito e empossado em 1882 Membro ra Brasil deu início a uma longa geração
Titular da Academia Imperial de Medicina, de oftalmologistas que representa a mais
apresentando memória sob o título “Tra- longeva família oftalmológica do Brasil.
tamento da Conjuntivite granulosa aguda
pelo Abrus Precatorius”.
ATALIBA FLORENCE (1855-1937)
Foi o Presidente da Academia Nacional
de Medicina e Patrono da Cadeira 66. Nascido em Campinas em 1855 e falecido
O Dr. Moura Brasil publicou interessan- dia 17 de agosto de 1937. Foi chefe da Clí-
tes trabalhos, não só sobre assuntos de nica Ophtalmologia da Santa Casa de São
sua especialidade, como também outros Paulo de 1893 a 1899.
relativos a problemas agrícolas e sociais. Diplomado na Alemanha pela Univer-
Ocupou importantes cargos de governo sidade de Wurzburg, voltou para o Brasil
na área da agricultura e no Ministério do e exerceu por muitos anos a especialidade
Interior, Higiene e Saúde. Foi Presidente de oftalmologia, demonstrando sempre
do Liceu de Artes e Ofícios, da Socieda- achar-se corrente das últimas aquisições
de Nacional de Agricultura e do Centro da da ciência. Espírito reto e culto, clínico ob-
Lavoura do Café do Brasil. Foi, também, servador e consciencioso, a reputação que
um dos fundadores da Clínica de Olhos da gozou foi sempre merecida.
Policlínica Geral do Rio de Janeiro, reeleito Em São Paulo substituiu na chefia do
sucessivamente por 43 anos. serviço oftalmológico, ao seu fundador
Agraciado com os títulos de Comenda- dessa clínica na Santa Casa, o Dr. Adolph
dor da Ordem de Cristo e da Ordem Por- Gad.
tuguesa de Nossa Senhora da Conceição Em 1908 voltou à Alemanha, fixando-
de Vila Viçosa. se em Dresden, onde exerceu a profissão
O Dicionário Biobibliográfico Cearen- médica, e também, por nomeação do go-
se, do Barão de Studart, o denomina “Prín- verno brasileiro, as funções de cônsul na-
26 cipe da cirurgia oculista no País”. O salão quela cidade.
Paulo, aos 14 de setembro de 1968, aos 86 Ambulatório Rivadavia Correia e foi pro-
anos de idade. É honrado como patrono fessor da Escola de Enfermagem Alfredo
da cadeira no 80 da Academia de Medicina Pinto.
de São Paulo. Foi membro de conselhos e comis-
sões examinadoras para magistério
EDILBERTO DE SOUZA CAMPOS superior, sociedades e associações na-
(1883-1971) cionais, tais como membro e secretário-
geral da Sociedade Brasileira de Oftal-
Nasceu em 4 de setembro de 1883, na
mologia, e membro e secretário da So-
cidade de Lagarto, no Estado de Sergipe.
ciedade de Medicina e Cirurgia do Rio
Sua biografia foi extraída do site da Aca-
de Janeiro.
demia Nacional de Medicina onde ocupa
Faleceu em 2 de abril de 1971 no Rio
cadeira de membro titular.
de Janeiro.
Doutorou-se em Medicina pela Facul-
dade de Medicina do Rio de Janeiro em
JOAQUIM DE SANTA CECÍLIA
1905, defendendo a tese intitulada “Notas
sobre a correção óptica permanente na
(1886-1941)
myopia”. Logo após a conclusão, publicou Nasceu em 1886, em Ouro Preto, fez o
no Jornal “O Estado de Sergipe”, edição de curso preparatório em Ouro Preto e se di-
21 e 22 de junho de 1905, artigos sobre a plomou em 1905, aos 19 anos, pela Escola
“Higiene Escolar”. de Farmácia daquela cidade.
Em dezembro de 1907 foi nomeado Transferiu-se para Belo Horizonte,
Secretário do Governo do Estado de Ser- onde trabalhou como farmacêutico, na
gipe, cargo que ocupou até outubro de Santa Casa de Misericórdia. Matriculou-
1908, durante o governo do seu pai, Gui- se na Faculdade de Medicina do Rio de
lherme de Souza Campos. Ainda no mes- Janeiro em 1908, vindo a diplomar-se em
mo ano lançou um importante livro, “Os 1912, tendo sido aluno do Professor José
Medicamentos da Oculística”, contendo Antônio Fialho.
144 páginas, destinado a servir de guia Retornou para Belo Horizonte em
prático no uso dos medicamentos pela 1913, voltando a trabalhar na Santa Casa,
categoria médica. como assistente de Dermatologia do Pro-
Buscando especializar-se em oftalmo- fessor Antônio Aleixo.
logia foi para Viena, Áustria, em março de Em 1914, criou o Serviço de Oftalmo-
1909 e retornou ao Brasil no ano de 1911. logia, na Santa Casa de Misericórdia, o
Eleito Membro Titular da Academia qual chefiou por quase 30 anos. Em 1915,
Nacional de Medicina em 1929, apresen- foi indicado para substituto do Professor
tando a memória intitulada “Acidentes da Honorato Alves, responsável pelo ensino
operação de catarata, meios de remediá- da Oftalmologia na Faculdade de Medici-
los”. na de Belo Horizonte.
Exerceu os cargos de Assistente de Clí- Em janeiro de 1916, foi aprovado no
nica Oftalmológica da Policlínica Infantil concurso para preenchimento de vagas,
30 da Santa Casa de Misericórdia do Rio de com a tese Catarata Traumática e seu Tra-
sendo autor de prestigiosíssimo livro so- zário de Andrade, Linneu Silva e Ivo Correa
bre o assunto. Meyer. Dedicou especial atenção ao pro-
Afonso Liborio de Medeiros, pernam- blema da prevenção da cegueira, criando
bucano, foi assistente de Busacca durante em Salvador, a “Fundação contra a Ceguei-
alguns anos e também se tornou divulga- ra Santa Luzia”, destinada ao amparo dos
dor da arte da biomicroscopia, tendo in- doentes da visão.
clusive escrito um livro. Apresentou o trabalho “Quarenta Anos
de Prevenção da Cegueira na Bahia”, onde
COLOMBO SPÍNOLA (1894-1973) sintetizava a atividade de sua longa vida
laboriosa.
Nascido em Salvador, a 14 de julho de
1894, diplomou-se pela Faculdade de Me-
WALDEMAR RANGEL BELFORT
dicina, em 1917, falecendo aos 79 anos.
Integrado na profissão, deixou rabiscado MATTOS (1897-1958)
na sua mesa de trabalho o seu orgulho Este breve relato foi escrito pelo seu bis-
pelo avanço da oftalmologia no Brasil e neto, o Oftalmologista Rubens Belfort
sua alegria de ter sido operado de cata- Mattos Neto.
rata por seu genro, Dr. Fernando Príncipe Waldemar Belfort Mattos entrou na
de Oliveira, ajudado por seu filho, Edmun- primeira turma da Faculdade de Medicina
do Spínola e assistido por um dos seus da Universidade de São Paulo em 1913,
netos. Causou profunda tristeza no meio contraiu gripe Espanhola e quase morreu,
oftalmológico a morte de Colombo Spí- formando-se na segunda turma. Waldemar
nola, ocorrida durante a realização do XVII era filho de José Nunes Belfort Mattos,
Congresso Brasileiro de Oftalmologia, na engenheiro, cientista e responsável pelo
cidade de Salvador, Bahia. observatório da Cidade de São Paulo, que
Esteve presente à solenidade de aber- funcionava na sua casa, na Avenida Paulista.
tura do Congresso, mostrando-se feliz Waldemar provavelmente desenvolveu in-
por reencontrar os amigos de diversos teresse pela oftalmologia ao observar o tra-
Estados. Como vice-presidente do evento, balho de seu pai com lentes e telescópios.
desenvolveu intensa atividade, provendo, Era grande desenhista e responsável
com os demais membros da Comissão pelas ilustrações que os Professores Bove-
Executiva, os meios de dar maior brilho à ro e Oscar Freire utilizavam na Faculdade
reunião. Não chegou a receber, em pessoa, de Medicina da USP em suas aulas, tam-
a Medalha de Ouro que lhe foi conferida bém foi responsável por criar o logo da
pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, faculdade. Foi o primeiro oftalmologista
e que lhe seria entregue em ato solene, da família e formou-se em 1921.
como merecida homenagem aos serviços Em 1922 mudou-se para Campinas
prestados à oftalmologia nacional. onde participou como sócio do início do
Muito estimado pelos colegas, Colom- Instituto Penido Burnier e no começo da
bo Spínola, desde 1931, tomou parte da década de 1930 mudou-se para São Paulo
moderna fase da oftalmologia brasileira onde continuou exercendo Oftalmologia
34 nos Congressos Oftalmológicos, liderando e se envolveu muito em política tendo
44
45
6
15 Fatos quedePrecederam
Escolas Oftalmologiaa eFundação
Especialização,
do CBO
16
7 Aspectos da
Natureza, Finalidades
História dae Estrutura
Sociedadedo CBO
8 Brasileira de Oftalmologia,
Sedes do CBO
17
9 Considerações
Breve Biografiasobre a História da
dos Presidentes do CBO
10 Oftalmologia nos Estados,
Gestões do CBO, Congressos e Temas Oficiais
18
11 Associações Estaduais
Site do CBO para Médicosde Oftalmologia,
19
12 Sociedades de Subespecialidades
Prova Nacional de Oftalmologia,
de Oftalmologia e Cursos de
Especialização Credenciados pelo CBO
13 Periódicos e Revistas de Oftalmologia
14 Série Oftalmologia Brasileira
54
A Secretaria do CBO nas primeiras déca- tos 21 a 23, Vila Olímpia, em agosto de
das era itinerante, acompanhando seus 2009 na gestão Hamilton Moreira.
primeiros presidentes. Passou a funcionar, Essa aquisição somente foi possível
de 1977 a 1985, em espaço cedido nas pelas competentes administrações das
dependências da Oftalmologia na USP gestões precedentes na tarefa de conso-
quando teve à frente da secretaria o Pro- lidar reserva financeira que viabilizasse a
fessor Newton Kara José. Seguiu da mes- aquisição.
ma forma, ocupando de 1985 a 1989 uma Com o gradual surgimento de deman-
sala na então Escola Paulista de Medicina, das envolvendo caráter legislativo e de-
hoje UNIFESP, por ocasião da secretaria do fesa profissional tornou-se cada vez mais
Professor Rubens Belfort Mattos Jr. necessária a presença do CBO também
Durante a gestão que teve como se- em Brasília, desta forma em 13 de setem-
cretário Geraldo Vicente de Almeida, de bro de 2000, na gestão Marcos Pereira de
1991 a 1993 a sede do CBO localizou-se Ávila foi inaugurado um escritório na ca-
à Rua Cesário Mota Jr., 61 conjunto 123. pital do país, anexo à sede da Associação
A primeira sede própria, Alameda San- Médica Brasileira tendo funcionado até
tos, 1343, 11o andar, inicialmente com os agosto de 2004. Em 26 de maio de 2009,
conjuntos 1109 e 1110 foi adquirida em o CBO inaugurou sua atual sede em Brasí-
20 de agosto de 1993 por ocasião da lia, também na gestão Hamilton Moreira.
gestão João Orlando Ribeiro Gonçalves. Novamente em decorrência da cres-
Posteriormente ampliada com mais três cente demanda operacional do CBO
conjuntos contíguos. Sequencialmente perante suas atribuições estatutárias e
foram adquiridos outros quatro conjuntos atribuições delegadas pela Associação
em andares diversos, sempre no mesmo Médica Brasileira e Conselho Federal de
edifício. Medicina, voltadas para o interesse da
Desta complexidade estrutural aliada à oftalmologia, no final de 2017 durante
necessidade de unificação da área e pelo a gestão Homero Gusmão de Almeida,
crescimento das demandas funcionais, 2015-2017, foi adquirida área comple-
para supri-las, nova sede foi adquirida, mentar, conjunto 20, da sede à Rua Casa
agora na Rua Casa do Ator, 1117, conjun- do Ator.
O breve curriculum apresentado a seguir referente aos Presidentes do CBO foi extraí
do da Plataforma Lates – CNPQ http://lattes.cnpq.br/, para os mais antigos que não
o possuíam foi extraído a partir de documentação e relatos de artigos publicados em
literatura oftalmológica nacional e na web, zelando pela uniformização dos dados apre-
sentados.
59
62
63
64
65
67
68
69
DO NORTE
Presidente do CBO no período de 2011 a 2013
Graduação em Medicina pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (1975), título de especialista em
Oftalmologia pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Atualmente é professor Adjunto IV da Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Norte. Tem experiência na área
de Medicina, com ênfase em Oftalmologia, atuando
principalmente nos seguintes temas: Oftalmologia Clí-
nica, Cirurgia de Catarata, Cirurgia Refrativa, Transplante
de Córnea Penetrantes e Lamelares (Anterior e Posterior),
Cirurgia de Pterígio e Glaucoma clínico e cirúrgico.
72
73
Oftalmologia Oftalmologia
Salvador, 1946 Poços de Caldas, 1958
Presidente: Heitor Marback, Bahia Presidentes: Moacyr E. Álvaro, São Paulo/
Pedro Moacir Aguiar, Rio de Janeiro
VI Congresso Brasileiro de Tema oficial do Congresso: Desloca-
Oftalmologia mento de Retina, Geriatria em Oftalmolo-
Recife, 1949 gia, Oftalmologia na infância, Eletrorreti-
Presidente: Francisco Figueiredo, Recife, nograma e Oftalmologia Psicossomática
faleceu na véspera do evento, tendo sido
convidado Carlos de Moraes, Bahia, para GESTÃO (1958-1960)
ocupar seu lugar. Presidente do CBO: Ivo Corrêa Meyer, Rio
Grande do Sul
VII Congresso Brasileiro de Vice-Presidente: Luís Assumpção Osório
Oftalmologia Secretário: Mário A. Azambuja
Rio de Janeiro, 1951 Tesoureiro: Paulo F. Esteves
Presidente: Paulo Pimentel, Rio de Janeiro
XI Congresso Brasileiro de
VIII Congresso Brasileiro de Oftalmologia
Oftalmologia Vitória, 1960
São Paulo, 1954 Presidente: José de Almeida Rebouças,
Presidentes: Moacyr E. Álvaro, São Paulo/ Espírito Santo
Cyro Rezende, São Paulo
GESTÃO (1960-1962)
GESTÃO (1954-1958)
Presidente do CBO: Hilton Ribeiro Rocha,
Presidentes do CBO: Moacyr Álvaro, São Minas Gerais
Paulo/Cyro Rezende, São Paulo Vice-Presidente: Casemiro Laborne Tava-
Vice-Presidente: Jaques Tupinambá res
Secretários: Sílvio Toledo e Rubens Bel- Secretário: Joaquim Marinho de Queiroz
fort Mattos Tesoureiro: Hélio Faria
Tesoureiros: Renato de Toledo e Paulo
Braga Magalhães XII Congresso Brasileiro de
Obs.: Por acordo entre as escolas de Oftalmologia
São Paulo, o CBO exerceu suas atividades
Belo Horizonte, 1962
com dois presidentes, secretários e tesou-
reiros, simultaneamente. Presidente: Hilton Rocha, Minas Gerais
77
78
Tema oficial do Congresso: Traumatologia
Prevenção da Cegueira e
Presidente do CBO: Geraldo Vicente de
Reabilitação Visual
Almeida, São Paulo
Vice-Presidente: Roberto Lorens Marback Natal, 2000
Secretário-Geral: Paulo Augusto de Arru- Presidente: Marco Antônio Rey de Faria,
da Mello Rio Grande do Norte
1o Secretário: Ralph Cohen
Tesoureiro: Henrique Shiguekiyo Kikuta XXXI Congresso Brasileiro de
Oftalmologia
XIII Congresso Brasileiro de São Paulo, 2001
Prevenção da Cegueira e Presidentes: Rubens Belfort Jr., São Paulo/
Reabilitação Visual Newton Kara José, São Paulo
Rio de Janeiro, 1998 Tema oficial do Congresso: Senilidade
Presidente: Renato Luiz Nahoum Curi, Rio Ocular
de Janeiro Relatores do livro: Newton Kara José e Ge-
raldo Vicente de Almeida
XXX Congresso Brasileiro de Conferência CBO: A odisseia do glauco-
Oftalmologia ma
Conferencista: Geraldo Vicente de Almei-
Recife, 1999
da, São Paulo
Presidente: Marcelo Carvalho Ventura,
Pernambuco
Tema oficial do Congresso: Retina e Vítreo
GESTÃO (2001-2003)
Clínica e Cirurgia Presidente do CBO: Suel Abujamra, São
Relatores do livro: Carlos Augusto Morei- Paulo
ra Jr., Christiano Barsante, Hisashi Suzuki, Vice-Presidente: Elisabeto Ribeiro Gon-
Jacó Lavinsky, João Orlando Ribeiro Gon- çalves
çalves, Márcio Bittar Nehemy, Marcos Ávi- Secretário-Geral: Mário Luiz Ribeiro
la, Michel Eid Farah e Suel Abujamra Monteiro
Conferência CBO: Retina: Presente e futuro 1o Secretário: Samuel Cukierman
Conferencista: Jacó Lavinsky Tesoureiro: Adamo Lui Netto/Henrique
Shiguekiyo Kikuta
GESTÃO (1999-2001)
XV Congresso Brasileiro de
Presidente do CBO: Marcos Pereira de
Prevenção da Cegueira e
Ávila, Goiás e Brasília
Reabilitação Visual
Vice-Presidente: Paulo Augusto de Arru-
da Mello Curitiba, 2002
Secretário-Geral: Suel Abujamra Presidente: Saly Maria Bugman Moreira,
1o Secretário: Mário Luiz Ribeiro Monteiro Paraná
Tesoureiro: Henrique Shiguekiyo Kikuta
82
83
86
(CDG)
Fale com a ouvidoria
O Conselho de Diretrizes e Gestão (CDG)
A ouvidoria do CBO é uma instância ad-
é o órgão encarregado do planejamento
ministrativa para acolher reclamações, de-
e proposições de metas e estratégias do
núncias, elogios, críticas e sugestões dos
CBO. Formado por membros vitalícios (ex-
associados e da comunidade oftalmológi-
presidentes da entidade) e representantes
ca em geral. O formulário para esta fina-
da comunidade oftalmológica eleitos du-
lidade é preenchido via internet pelo en-
rante os Congressos Brasileiros de Oftal-
dereço eletrônico http: //www.cbo.net.br/
mologia, com mandato de dois anos.
novo/classe-medica/ouvidoria.php.
Os membros vitalícios, por terem exer-
cido a presidência do CBO estão listados
Fale com a CBO a seguir:
Formulário eletrônico específico deve ser ■■ Newton Kara José (Coordenador), Ges-
preenchido para efetuar a consulta por tão 1985-1987.
meio do endereço eletrônico http: //www. ■■ Elisabeto Ribeiro Gonçalves, Gestão
cbo.net.br/novo/classe-medica/contato. 2003-2005.
php. ■■ Carlos Augusto Moreira, Gestão 1983-
1985.
Fale com o jurídico ■■ Joaquim Marinho de Queiroz, Gestão
Outro formulário eletrônico específico 1987-1989.
deve ser preenchido para efetuar a con- ■■ Paiva Gonçalves Filho, Gestões 1975-
sulta por meio do endereço eletrônico 1977 e 1989-1991.
http: //www.cbo.net.br/novo/classe-medi- ■■ João Orlando Ribeiro Gonçalves, Ges-
ca/contato-juridico.php. tão 1991-1993.
■■ Jacó Lavinsky, Gestão 1993-1995.
INSTITUCIONAL ■■ Adalmir Morterá Dantas, Gestão 1995-
1997.
Atual diretoria
■■ Geraldo Vicente de Almeida, Gestão
Apresenta sempre a diretoria em exercí-
1997-1999.
cio. A atual, para o mandato de 2018 a
■■ Marcos Pereira de Ávila, Gestão 1999-
2020, regularmente eleita no Congresso
2001.
Brasileiro de Oftalmologia de 2017 em
■■ Suel Abujamra, Gestão 2001-2003.
Fortaleza e empossada segue:
■■ Harley Edison Amaral Bicas, Gestão
Presidente: José Augusto Alves Ottaia-
no, Marília, São Paulo. 2005-2007.
Vice-Presidente: José Beniz Neto, Goi- ■■ Hamilton Moreira, Gestão 2007-2009.
ânia, Goiás. ■■ Paulo Augusto de Arruda Mello, Ges-
Tesoureiro: Sérgio Henrique Teixeira, tão 2009-2011.
São Paulo, São Paulo. ■■ Marco Antônio Rey de Faria, Gestão
1o Secretário: Abrahão da Rocha Luce- 2011-2013.
92 na, Fortaleza, Ceará. ■■ Milton Ruiz Alves, Gestão 2013-2015.
rido o manual de candidatura para sediar ção em Oftalmologia são credenciados pelo
Congressos de Oftalmologia do CBO, con- CBO, condição obtida após o cumprimento
tendo objetivos, pré-requisitos, estrutura de várias exigências em termos de titulação
física e recursos humanos. Este manual dos professores, carga horária e condições
pode ser acessado pelo endereço http:
de ensino. O CBO também promove anu-
//www.cbo.net.br/novo/publicacoes/ma-
almente a Prova Nacional de Oftalmologia
nual_candidatura.pdf.
para a emissão do título de especialista e
Quem somos para a avaliação permanente da qualidade
do ensino da especialidade no Brasil.
Nesta parte é apresentado um breve des-
Outra grande contribuição do Conse-
critivo do CBO, transcrito de seu site con-
forme segue. lho ao aprimoramento científico de cerca
Fundado em 1941, o Conselho Bra- de 17 mil médicos oftalmologistas está re-
sileiro de Oftalmologia (CBO) é uma as- lacionada com a realização do Congresso
sociação científica e cultural de médicos Brasileiro de Oftalmologia. Uma vez por
oftalmologistas. Principal entidade re- ano, a nata da Oftalmologia nacional é
presentativa da especialidade no Brasil, reunida para discutir o que existe de mais
o CBO tem como missão fundamental a atual na ciência da Especialidade, em um
promoção da saúde visual e ocular da po- evento considerado o segundo maior em
pulação. Para atingir essa meta, o Conse- Oftalmologia de todo o mundo.
lho desenvolve várias ações em defesa do Desde 1996, o CBO desenvolve vários
aprimoramento técnico-científico e ético Programas de Educação Continuada em
dos médicos oftalmologistas e também Oftalmologia com o objetivo de favorecer
na defesa de suas prerrogativas profissio- a constante atualização científica dos mé-
nais. As finalidades do CBO estão defini- dicos oftalmologistas. A entidade também
das em seu Estatuto. é responsável pela elaboração e edição de
O CBO é filiado à Associação Médica coleções de livros básicos sobre os vários
Brasileira (AMB), à Associação Pan-Ame- temas ligados à oftalmologia, que são dis-
ricana de Oftalmologia (APAO), ao Inter- tribuídos aos Cursos de Especialização e
national Council of Ophthalmology (ICO) comercializados em condições especiais
e membro da International Agency for the para alunos e associados.
Prevention of Blindness (IAPB).
Em sua estrutura conta com 17 funcio-
O Conselho edita quatro publicações
nários e colaboradores que trabalham nos
periódicas, sendo uma delas institucional,
departamentos de gerência, assessoria, en-
o Jornal Oftalmológico Jota Zero; a Re-
sino, científico, imprensa e administrativo.
vista Veja Bem, voltada para educação do
A sede do CBO está localizada em São
paciente e as revistas científicas Arquivos
Paulo (SP), na rua Casa do Ator, no 1117, 2o
Brasileiros de Oftalmologia e e-Oftalmo. O
andar – Vila Olímpia.
CBO também organiza os mais importan-
tes congressos de Oftalmologia do Brasil
e, juntamente com a AMB, é responsável Sociedades filiadas
pela emissão do Título de Especialista em O CBO possuiu uma comissão destinada
94 Oftalmologia. às sociedades que atuam em áreas espe-
Campanha do CBO que, conforme seu Nesta publicação, coloca-se entre a classe
site, reporta que o Novembro Azul é uma oftalmológica e as operadoras de planos
causa importante e não deve passar em de saúde, os custos abordando para cada
branco. Afinal, por meio dele, é possível tipo de procedimento valores de taxa de
levar a mais pessoas informações sobre o sala, gazes medicinais, materiais, medica-
quão prejudicial o diabetes pode ser à vi- mentos, taxas e equipamentos.
são e sobre o quanto é fundamental que Segundo os autores da publicação,
pacientes portadores da doença deem a tenta-se estabelecer bases de negocia-
devida atenção à Saúde dos seus olhos. ção entre médicos oftalmologistas e as
Convida os colegas a ajudar na dissemina- operadoras de planos de saúde, que re-
ção do conhecimento sobre esta doença presentam fontes de pagamento muito
disponibilizando material de apoio para importantes para aqueles que atuam em
os associados, para que sejam promovi- serviços privados no Brasil. Periodicamen-
das palestras, caminhadas e outros even- te as planilhas são reavaliadas, novos pro-
tos. cedimentos são incorporados. Esta publi-
Importante ressaltar, como diz o CBO, cação encontra-se a disposição dos sócios
é essencial que cada um se engaje nesta do CBO na área restrita de seu site.
ação e faça sua parte, inclusive, falando
sobre o assunto com pacientes. Com o es- Manual do aluno
forço de todos podemos levar essa ação Esta publicação apresenta os Cursos de
tão importante a muito mais pessoas! Especialização em Oftalmologia do Brasil,
entre instituições públicas e particulares,
Kit educação do paciente num total de 95 cursos credenciados pelo
Este programa disponibiliza aos pacientes CBO, em todas as regiões do País.
folders educativos que podem ser impres- Para que um curso seja credenciado
sos e utilizados como fonte de informa- necessita de que a instituição desenvolva
ções sobre diversas doenças oculares. Im- o programa de ensino da especialidade,
portante ferramenta de apoio ao trabalho sugerido pelo CBO. A Comissão de Ensi-
do médico oftalmologista. no e a Diretoria do Conselho, em conjun-
Os temas a seguir relacionados são to com coordenadores e mentores dos
apresentados por catarata, glaucoma, cursos, constantemente somam esforços
importância da consulta oftalmológi- para o aperfeiçoando do programa de
ca, problemas oftalmológicos e terceira ensino.
idade, colírios, o que você precisa sa- Aborda a Prova Nacional do CBO que é
ber sobre conjuntivites, prevenir é me- composta por quatro etapas: prova teórica
lhor, importância dos cuidados oculares I, prova teórica II, prova teórico-prática e a
nas principais fases da vida, manual de prova prática com objetivo de conceder o
prevenção de acidentes oculares, visão Título de Especialista em Oftalmologia.
subnormal, olho seco, olho diabético e O Certificado de Atualização Profissio-
estrabismo e degeneração macular rela- nal em Oftalmologia, de suma importân-
100 cionada com a idade. cia para manter o médico atualizado, há
102
Professor Newton Kara José, secretário do cias, já que alguns serviços conside-
CBO em quatro gestões, de 1977 a 1985, ravam que seria uma perda de poder
e presidente na gestão seguinte, de 1985 em benefício do CBO. Mas a ideia se
a 1987, em entrevista à revista Jota Zero impôs por sua absoluta necessidade.
relata muitos fatos referentes a história da
Prova Nacional de Oftalmologia que me- O coordenador do CDG conta que em
recem ser reproduzidos: seus primórdios, a Prova Nacional de Of-
Quando era chefe dos residentes talmologia era elaborada pelo CBO (ge-
de Oftalmologia da Universidade ralmente pelo presidente com a ajuda do
McGill (Canadá) pude examinar de secretário-geral e de outros integrantes
perto o sistema de titulação baseado da diretora), enviada para os diversos
na realização de uma prova nacional
cursos de especialização, devolvida ao
unificada, então em vigor naquele
CBO e corrigida pelo presidente com a
país e nos Estados Unidos. De vol-
ajuda dos outros diretores. A preocupa-
ta ao Brasil, juntamente com outros
ção com a lisura do procedimento logo
colegas dos quais destaco Rubens
fez com que o CBO enviasse um obser-
Belfort Junior e Carlos Augusto Mo-
vador a cada local de aplicação para evi-
reira, conseguimos fazer com que o
tar possíveis fraudes. Outro passo nes-
CBO instituísse a Prova Nacional de
se sentido foi a limitação dos locais de
Oftalmologia.
aplicação, inicialmente em onze capitais
Quando da implantação da prova, du- do País, depois seu número foi gradativa-
rante a gestão de Carlos Augusto Moreira, mente reduzido até a unificação da prova
cada serviço tinha seus próprios mecanis- em São Paulo, por questões logísticas e
mos para aprovação e titulação dos mé- de uniformização dos critérios de aplica-
dicos-residentes e que, muitas vezes, nem ção.
se davam ao trabalho de informar ao CBO A Prova Nacional de Oftalmologia é
sobre a sistemática de ensino e a lista dos considerada uma das mais perfeitas do
novos especialistas. O Professot Newton mundo e cada oftalmologista do Brasil
Kara José declarou: deve se orgulhar do sistema de ensino e
A implantação da Prova Nacional titulação instituído pelo CBO. O Professor
de Oftalmologia encontrou resistên- Newton Kara José concluiu que:
PR 6 cursos/29 vagas
SUL: 13 4 cursos/15 vagas
RS
VAGAS: 53
SC 3 cursos/9 vagas
BA 6 cursos/32 vagas
PE 5 cursos/23 vagas
CE 6 cursos/26 vagas
NORDESTE: 26 2 cursos/5 vagas
VAGAS: 104 AL
MA 1 curso/4 vagas
PB 2 cursos/4 vagas
PI 1 curso/3 vagas
RN 1 curso/4 vagas
SE 2 cursos/3 vagas
GO 3 cursos/16 vagas
Regiões
CENTRO-OESTE: 10 DF 3 cursos/15 vagas
Norte
VAGAS: 40 MS 2 cursos/5 vagas
105
Prova Nacional de Oftalmologia e Cursos de Especialização Credenciados pelo CBO
29-10-2018 11:27:44
A seguir, a lista dos coordenadores e
PARTE I Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia
107
Site: www.ipsemg.mg.gov.br/
Universidade Federal do Pará/
Hospital Universitário Bettina Ferro
Fundação Hilton Rocha
de Souza (HUBFS)
Endereço: Avenida José do Patrocínio
Endereço: Campus IV da UFPA – Rua Au-
Ponte, 1355 – Mangabeiras
gusto Corrêa, 01 – Bairro Universitário do
CEP: 30210-090 – Belo Horizonte-MG
Guamá
Tel.: (31) 3282-1333/Fax: (31) 3281-1162
CEP: 66053-020 – Belém-PA
E-mail: especializacaofhr@yahoo.com
Tel.: (91) 3201-7810/Fax: (91) 3201-7815
Site: www.fundacaohiltonrocha.com.br
E-mail: oftalmobettina@hotmail.com
Site: http://www.ufpa.br/bettina
Faculdade de Medicina do Trabalho
do Triângulo Mineiro (UFTM)
PARAÍBA (PB)
Endereço: Avenida Frei Paulino, 30
CEP: 38025-180 – Uberaba-MG Faculdade de Ciências Médicas de
Tel.: (34) 3312-0600/(34) 3318-5000 Campina Grande
Site: www.uftm.edu.br Endereço: Avenida Senador Argemiro de
E-mail: oftalmologia@hc.uftm.edu.br Figueiredo, 1901 – Itararé
CEP: 58411-020 – Cidade: Campina Gran-
Universidade Federal de de-PB
Uberlândia/Hospital de Clínicas Tel.: (83) 2101.8800/Fax: (83) 2101-8800
Endereço: Avenida Pará, 1720 Depto de E-mail: coreme@cesed.br
Cirurgia, Bloco 2H Site: http://www.cesed.br/portal/?page_
CEP: 38400-902 – Uberlândia-MG id=21411
Tel.: (34) 3218-2364/Fax: (34) 3232-8620
Memorial Santa Luzia (a partir de
Site: www.ufu.br
2018)
Endereço: Avenida Senador Ruy Carneiro,
Universidade Federal de Juiz de
860
Fora/Hospital Universitário
CEP: 58032-100 – João Pessoa-Paraíba
Endereço: Avenida Eugênio do Nascimen- Tel.: (83) 3226-7000
to, s/n – Bairro Dom Bosco E-mail: adm@memorialsantaluzia.com
CEP: 36038-330 – Juiz de Fora-MG Site: www.memorialsantaluzia.com
Tel.: (32)4009-5300/(32) 4009-5351
E-mail: direcaohu.cas@ufjf.edu.br PARANÁ (PR)
Site: www.hu.ufjf.br
Faculdade Evangélica de Medicina
Hospital Universitário Ciências do Paraná
Médicas/Instituto de Olhos Endereço: Alameda Augusto Stelfeld, 1908
CEP: 80730-150 – Curitiba-PR
Endereço: Rua Pouso Alegre, 407
Telefax: (41) 3240-5000
CEP: 30110-010 – Belo Horizonte-MG
Site: www.fepar.edu.br
Tel.: (31) 3248-7110
112
Site: www.hucm.org.br
Faculdade de Medicina da
RIO DE JANEIRO (RJ)
Universidade Federal Fluminense/
Universidade do Estado do Rio Hospital Antônio Pedro
de Janeiro/Hospital Universitário Endereço: Avenida Marquês do Paraná,
Pedro Ernesto 303 – 2o andar
Endereço: Avenida 28 de setembro, 87 – CEP: 24033-900 – Niterói-RJ
Vila Isabel Tel.: (21) 2629-9000/Fax: (21) 2629-9411
CEP: 20551-900 – Rio de Janeiro-RJ E-mail: facmed-uff@vtm.uff.br
Tel.: (21) 2587-6406/(21) 2587-6404/Fax: Site: www.huap.uff.br
(21) 2255-4589
Site: www.uerj.br Universidade Federal do Rio de
Janeiro/Hospital Universitário
Centro de Estudos e Pesquisas Clementino Fraga Filho
Oculistas Associados (CEPOA) Endereço: Rua Prof. Rodolpho Paulo Roc-
Endereço: Rua Jornalista Orlando Dantas, co, 225, Oftalmologia 11o andar
49 – Botafogo CEP: 21941-913 – Rio de Janeiro-RJ
CEP: 22231-010 – Rio de Janeiro-RJ Telefax: (21) 2562-2841
Tel.: (21) 2189-9333/(21) 2189-9319/Fax: E-mail: sam@hucff.ufrj.br
(21) 2553-5039 Site: www.ufrj.br
E-mail: cepoa@oculistasassociados.com. (oferece Pós-Graduação em Oftalmologia)
br
Site: http://www.cepoa.com.br/ Hospital Municipal da Piedade
Endereço: Rua Capela, 96 – Piedade
Serviço de Oftalmologia Instituto CEP: 20740-310 – Rio de Janeiro-RJ
“Benjamin Constant” Tel.: (21) 3111-6540/Fax: (21) 3111-6550
Endereço: Avenida Pasteur, 350 – Botafo- E-mail: ceahmpiedade@gmail.com
go
CEP: 22290-240 – Rio de Janeiro-RJ Hospital Federal da Lagoa
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E-mail: dpmo@ibc.gov.br Tel.: (21)2629-0000/Fax: (21) 3111-5105
Site: www.ibc.gov.br E-mail: dirhgl@nerj.rj.saude.gov.br
114
Em 1932 foi publicado o primeiro número Librecry Online), em 2002 pelo Latindex
dos Arquivos do Instituto Penido Burnier. (Regional System of Inoformation Online
A associação médica foi criada com a fina- for Scientific Journals of Latin America, Ca-
lidade de difundir o conhecimento médi- ribe, Spain and Portugal), ainda em 2002
co oftalmológico e incentivar a pesquisa, no Periodica (Index of Latin American
permanecendo ativa até hoje. Journals of Science), em 2005 no MEDLI-
NE/Publimed (Medical Literature Analysis
ARQUIVOS BRASILEIROS DE and Retrieval System Online), banco de
OFTALMOLOGIA (1938) dados da National Library of Medicine, em
2005 ainda a EMBASE (Excerpta Médica),
Os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia
em 2008 Scopus (Elsevier) e ISI (The Insti-
foram publicados inicialmente em 1938 e
tute for Scientific Information) e o Web of
tiveram como fundadores Waldemar Bel-
Knouledge (Web of Science, Thomson Reu-
fot Mattos, Benedito Paula Santos e Dur-
ters) e em 2009 para o portal de periódi-
val Prado.
cos da Coordenação de Aperfeiçoamento
Por seis anos a Revista de Ophthalmo-
de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fun-
logia de São Paulo e os Arquivos Brasilei-
dação do Ministério da Educação.
ros de Oftalmogia foram editados conco-
mitantemente, em 1945 sofreram fusão
REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA
permanecendo o nome Arquivos Brasilei-
ros de Oftalmologia.
DE OFTALMOLOGIA (1942)
Com o prematuro falecimento de Wal- Segundo Abreu Fialho esta revista foi a
demar Belfort Mattos, passou a ser dirigi- continuidade dos Annaes de Oculística do
da pelo seu filho, Rubens Belfort Mattos Rio de Janeiro fundada em 1928.
e posteriormente por seu neto, Rubens Em 1942 a Revista Brasileira de Of-
Belfort Mattos Jr. talmologia foi fundada pelos Drs. Evaldo
Em 1977 os Arquivos Brasileiros de Of- Campos, Jonas de Arruda e Osvaldo Bar-
talmologia passaram a ser custeados pelo bosa. Dr. Evaldo Campos como proprie-
Conselho Brasileiro de Oftalmologia. A tário fez sua doação para a Sociedade
doação dos Arquivos Brasileiros de Oftal- Brasileira de Oftalmologia por meio de
mologia pela família Belfort, para o Con- escritura pública na gestão Marcello Mar-
selho Brasileiro de Oftalmologia, deu-se tins Ferreira (1964-1965).
em fevereiro de 2000 pelo representante De sua fundação até 1994 era editada
da família Prof. Rubens Belfort Mattos Jr. trimestralmente, a partir de 1995 passou a
Além da publicação impressa, em ou- ser mensal permanecendo assim até mar-
tubro de 1999 iniciou-se sua publicação ço de 2004. Passou a ser bimestral a partir
eletrônica, pelo SciELO. O ISSN eletrônico do volume maio-junho de 2004. Desde
foi obtido em 2004. a circulação do primeiro número até de-
Com o aprimoramento do nível cientí- zembro de 1989 a revista era impressa
fico dos artigos publicados pelo ABO ini- no sistema linotipo, passou em fevereiro
cialmente foram incluídos no LILACS (La- de 1990 a ser impressa em fotolito e com
120 tin American Literature in Health Sciences), novo formato, o americano.
de Oftalmologia (ABO). Arq Bras Oftalmol. Pedro Paulo Fabri, Presidente da Associação
2018; 81(1):VII-VIII. Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa
Bicas, HEA. The Arquivos Brasileiros de Of-
talmologia and I. Arq Bras Oftalmol. 2018; Jornal Oftalmológico Jota Zero
81(1):V. http://www.cbo.net.br/novo/classe-medi-
Anais do XIX Congresso Brasileiro de Of- ca/revista-jotazero.php
talmologia. 1977; 22-7.
Revista eOftalmo – Conselho Brasileiro
Revista da Sociedade Brasileira de Oftal- de Oftalmologia
mologia http://www.eoftalmo.cbo.com.br/
Diniz, J. SBO: Sociedade Brasileira de Of-
talmologia – 90 anos de história. Rio de Revista Veja Bem – Conselho Brasileiro
Janeiro; 2012 de Oftalmologia
http://www.cbo.net.br/novo/publico-ge-
Anais de Oftalmologia ral/vejabem.php
Associação Paranaense de Oftalmologia
SBAO em Revista
Universo Visual Paulo Fadel, Presidente da Sociedade Bra-
Flavio Bitelman sileira de Administração em Oftalmologia
124
Uveítes
Glaucoma
■■ Fernando Oréfice
■■ Paulo Augusto de Arruda Mello
■■ Clovis Arcoverde Freitas Neto
■■ Remo Susanna Jr.
■■ Homero Gusmão de Almeida Órbita, Sistema Lacrimal e Oculoplástica
■■ José Vital Filho
Cristalino e Catarata
■■ Antonio A. Velasco e Cruz
■■ Carlos Eduardo L. Arieta
■■ Silvana A. Schellini
■■ Marco Antônio Rey de Faria
■■ Suzana Matayoshi
■■ Ana Rosa P. de Figueiredo
Retina e Vítreo
■■ Guilherme Herzog Neto
■■ Carlos Augusto Moreira Jr.
■■ Jacó Lavinsky
Banco de Olhos e Transplante de Cór-
■■ Marcos P. de Ávila nea
■■ Hamilton Moreira
Neuroftalmologia
■■ Luciene Barbosa de Sousa
■■ Mário Luiz Ribeiro Monteiro
■■ Elcio H. Sato
■■ Marco Antônio Rey de Faria
126
127
exercer a Cátedra de Oftalmologia, o Pro- nesto foi incorporado à UEG como Hospi-
fessor Werther Duque Estrada, que a regeu tal das Clínicas e a partir do ano de 1975
interinamente até julho de 1955. Nesta passou a se chamar Hospital Universitário
data, a ela foi reconduzido, uma vez apro- Pedro Ernesto (HUPE).
vado no Concurso de Títulos, Trabalhos Com a dotação de um hospital próprio
e Provas para a Docência-Livre da Clínica para a Faculdade de Ciências Médicas,
Oftalmológica da Faculdade de Ciências coube ao Professor Duque Estrada organi-
Médicas, da Universidade do Distrito Fede- zar o novo serviço, sendo de extrema valia
ral, quando defendeu a tese “Ora Serrata a oferta que lhe fez o Governo de Sua Ma-
Retinae. Contribuição ao Estudo Anátomo- jestade Britânica, por intermédio do seu
Patológico da Periferia da Retina”. Embaixador Sir Leslie Fry.
Em março de 1956, após concurso de No ano de 1967, foi aprovado em Con-
Títulos, Trabalhos e Provas para a Cátedra curso de Títulos, Trabalhos e Provas para a
de Clínica Oftalmológica, o Professor Wer- Docência-Livre de Oftalmologia o Profes-
ther Duque Estrada tomou posse como sor Afonso Fatorelli, com a tese “Catarata
Professor Catedrático daquela Faculdade, na Criança e no Jovem. Contribuição ao
quando defendeu a tese “Incisões e Sutu- Estudo Clínico-Cirúrgico”.
ras na Operação da Catarata”. Nesta época o corpo docente era
Como ainda não dispusesse a Facul- constituído pelos Drs. Afonso Fatorelli, Ar-
dade de Ciência Médicas de um Hospital geu Barbieri, Eloy Pereira (Chefe de Clíni-
de Clínicas, as aulas eram realizadas na 1a ca), Luiz Eurico Ferreira, Marcello Martins
Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia Ferreira, Paulo Nei Viana, Ricardo Lúcio de
do Rio de Janeiro. Souza, Ronald Galvarro Vianna, e Rosuel
No ano de 1957, as atividades docen- Zaidan. Posteriormente, juntou-se ao gru-
tes da Cátedra de Oftalmologia da Facul- po o Dr. Carlúcio Andrade.
dade de Ciências Médicas passaram para No início do ano de 1975 passaram a
o Hospital da Cruz Vermelha Brasileira, na integrar a Disciplina de Oftalmologia os
Lapa, centro da cidade do Rio de Janeiro. Drs. Luiz Fernando Regis-Pacheco, João
Nesse mesmo ano, foi aprovado em Gabriel Cordeiro Costa, e Rubeval Souza
Concurso de Títulos, Trabalhos e Provas, de Araújo. Posteriormente, em anos sub-
para a Docência-Livre de Oftalmologia da sequentes, foram admitidos os Drs. Sérgio
Faculdade de Ciências Médicas, da Uni- Guedes de Araújo, Maria Elisa Katayama, e
versidade do Distrito Federal, o Professor Ricardo Lima de Almeida Neves.
Luiz Eurico Ferreira, com a tese “Cirurgia No início daquele mesmo ano, a Dis-
do Claucoma Primário”. ciplina de Oftalmologia recebeu o legado
No ano de 1962, a UEG recebeu do Go- que fizeram August e Else Lohnstein, que
verno do Estado da Guanabara, por meio possibilitou a ampliação e aparelhamento
do governador Carlos Lacerda, o Hospi- do ambulatório de oftalmologia, que se
tal Pedro Ernesto, tornando-se Hospital- mudava para novo prédio.
Escola da Faculdade de Ciências Médicas, Em 1983, com a aposentadoria do Pro-
localizado à Avenida Vinte e Oito de Se- fessor Werther Duque Estrada assumiu a
134 tembro, Vila Isabel. chefia o Prof. Dr. Luiz Eurico Ferreira, uma
pelo Conselho Universitário da USP ocor- que também recebia pequenos grupos de
reu em 1951 e no final do mesmo ano o alunos para atividades práticas na Santa
funcionamento da FMRP foi autorizado Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto.4
pelo Governo do Estado e Zeferino Vaz foi Mas a busca por um organizador do
indicado para ser o primeiro Diretor.1,3 Em Ensino de Oftalmologia era contínua e o
poucos meses a administração da nova evento que propiciou o contato de Zefe-
Escola estava organizada, viabilizando a rino Vaz com Almiro Azeredo foi o I Con-
realização do primeiro vestibular e a aula gresso da Associação Médica Brasileira
inaugural aconteceu em maio de 1952.3 (AMB), realizado em Ribeirão Preto em
Zeferino Vaz era empreendedor, dinâ- 1956. Segundo Hilton Rocha:
mico e conhecia as tendências do Ensino Os médicos do Brasil sabem-no e
da Medicina. O padrão-ouro da época principalmente sentem e reconhecem
que a Faculdade de Medicina de Ribei-
era o modelo Flexneriano, que também
rão Preto foi uma espécie de clarinada,
era o recomendado pela Fundação Rock-
que serviu para reunir céleres todos os
feller, principal fonte de apoio financeiro que, cogitando da melhoria do ensino
nos primórdios da FMRP. Assim, o tem- médico nacional, viram a possibilidade
po integral para os docentes, a existência de se concretizarem os seus projetos,
de um ciclo básico e um ciclo clínico, a suas convicções e seu ideal.5
superespecialização e a importância da
tecnologia e da pesquisa, foram consi- Como Membro da Diretoria do Centro
derados na elaboração da estrutura cur- de Estudos do Hospital dos Servidores do
ricular. Mas, no Projeto da FMRP, foram Estado do Rio de Janeiro, Almiro Azeredo
considerados, também, outros fatores, participou desse Congresso e se identifi-
entre eles: as mudanças no sistema de cou com o projeto político-pedagógico
Saúde Brasileiro (criação de Institutos de da FMRP, por encontrar semelhanças com
Previdência), a valorização mundial da o que admirava nos Estados Unidos. Aze-
prevenção, a possibilidade de introdução redo e Vaz conversaram informalmente e
da Residência Médica no Brasil e as ne- foi considerada a possibilidade do Pro-
cessidades sociais da população. Assim, fessor Almiro, após a sua planejada Livre-
foram planejados o Hospital Universitário Docência, passar a integrar o corpo de
e o Centro de Saúde Escola.1* professores da FMRP.6
Entre as disciplinas da FMRP, constava
a Clínica Oftalmológica, planejada para o Marcos históricos4,6
final do Curso. Na Biblioteca da FMRP, em 1959 (abril) – Contratação do Prof. Dr.
1956, já estavam disponibilizados dois pe- Almiro Pinto de Azeredo, Livre-Docente
riódicos de Oftalmologia, mas, para as três pela Faculdade Nacional de Medicina da
primeiras turmas, ainda não havia um pro- Universidade do Brasil (atual Universidade
fessor. Assim, as aulas teóricas foram mi- Federal do Rio de Janeiro), para organizar
*Os parágrafos finais deste texto foram atualiza- o Ensino, a Pesquisa e a Extensão Univer-
dos do capítulo de Rocha EM. A Oftalmologia da sitária na FMRP-USP.
FMRP-USP no terceiro milênio. In: Azeredo A. Me-
morial das Atividades Educacionais. Ribeirão Preto,
1959-1960 – Organização do então
142 FUNPEC. 2015; 99-102. Departamento de Oftalmologia (incluin-
A partir de 2015, as atividades foram 4. Bicas HEA, Oliveira JAA. Mamede RCM, Rodrigues
MLV. Departamento de Oftalmologia, Otorrinola-
expandidas também para o Hospital de ringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço – His-
Américo Brasiliense, HC Criança, e para o tórico. Medicina Ribeirão Preto. 2002; 35:321-34.
Hospital Estadual de Barretos. 5. Comissão de Graduação, Comissão de Cultura e
Na área de cultura e extensão, a divisão Extensão Universitária – Nota Histórica. Medicina
Ribeirão Preto. 2006; 39:1-2.
de oftalmologia atua por meio de campa-
6. Azeredo A. Memorial das Atividades Educacionais.
nhas de orientação, detecção e prevenção Ribeirão Preto, FUNPEC. 2015.
de doenças oculares e de cegueira, pales-
tras em congressos, informações para jor-
Histórico do Centro de Estudos
nais, rádio, TV e divulgação de atividades
Oftalmológicos “Cyro de Rezende”
nas suas páginas na internet: www.roo.
Harley E. A. Bicas
fmrp.usp.bre http://www.oftalmouspri-
beirao.com.br/home. A divisão de oftal-
Quando foi dada a primeira aula de Of-
mologia tem produzido material didáti-
talmologia da recém-nascida Faculdade
co e livros, como a contribuição no livro
de Medicina de Ribeirão Preto, em curso
Semiologia Geral e Especializada, organi-
de férias por ela promovido a professores
zado pelos Professores Badini Martinez,
normalistas do Ensino Rural (por Plínio de
Dantas e Voltarelli e, mais recentemente,
Mendonça Uchoa, oftalmologista da San-
o Atlas de Oftalmologia, organizado pelos
ta Casa de Misericórdia de Ribeirão Pre-
Professores Eduardo Melani Rocha e Maria
to).1
de Lourdes Veronese Rodrigues, que con-
Ao ser nomeado para assumir a che-
tou com a colaboração de quase todos os
fia da cadeira de Oftalmologia, em
membros da Divisão de Oftalmologia.
29/04/1959, Almiro Pinto de Azeredo, che-
Os Docentes da Oftalmologia partici-
gado do Rio de Janeiro, não encontrou coi-
pam de órgãos decisórios e colegiados do
sa muito diferente. Juscelino Kubitschek de
HCRP, FMRP e USP, além de serem con-
Oliveira era o Presidente, sucedendo a três
sultores e revisores de orgãos de fomento
outros. Com egressos da primeira turma de
à pesquisa, revistas médicas, sociedades
Residência em Oftalmologia (1961-1962,
de especialidade e instituições privadas.
Geraldo Ferreira Vianna, Argemiro Lauret-
Eles participam ainda de intercâmbio e
ti Filho e José Tanuri Habib), da segunda
colaborações com instituições de ensino e
(1962-1963, Erasmo Romão) e da terceira
pesquisa nacionais e internacionais.
(1963-1964, Harley Edison Amaral Bicas)
formava-se o corpo docente do Departa-
Referências
mento de Oftalmologia.2
1. Rodrigues MLV, Iliano RT. FMRP-USP – História.
Disponível em: http://www.fmrp.usp.br/a-faculda- O Centro de Estudos Oftalmológicos
de/historia/. Acesso em: 8 de abril de 2018. “Cyro de Rezende” foi fundado em 12 de 145
da eram muito difíceis: para comparecer chimedes Busacca (1970). Mas os que de
à primeira reunião científica (4 de junho fato atravessaram fronteiras foram H. Car-
de 1966), um dos dois palestrantes convi- dona e R. Sampaolesi (1974). Memoráveis
dados (J.A.F. Caldeira) viajou de São Paulo festas e atividades esportivas alegraram
a Barrinha (a cerca de 40 km de Ribeirão as programações. Recentemente, a partir
Preto) de trem, durante a madrugada, de 2010, elas passaram a ser conjuntas,
sendo de lá trazido em automóvel. com a Oftalmologia da UNICAMP e da
O inspirador e articulador da funda- UNESP (Botucatu), nas Jornadas Paulistas
ção do “Céo”, como, carinhosamente, a de Oftalmologia.
instituição passou a ser chamada, foi o
Professor Almiro Pinto de Azeredo, che- Referências
fe do Departamento de Oftalmologia da 1. Vaz Z. Ofício 832/54 a Plínio de Mendonça Uchoa.
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto. FMRP-USP. 20 de julho de 1954.
2. Bicas HEA, Oliveira JAA, Mamede RCM, Rodrigues
As razões que o motivaram e as lembran-
MLV. Departamento de Oftalmologia, Otorrinola-
ças das primeiras atividades documentam ringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Histó-
os primórdios do “Céo”. 3 O nome home- rico. Medicina Ribeirão Preto. 2002; 35(3):321-34.
nageava o Catedrático do Departamento 3. Azeredo AP. Histórico do Centro de Estudos Cyro
homônimo da Faculdade de Medicina da de Rezende. Anais da Reunião Jubileu de Prata do
Centro de Estudos Oftalmológicos Cyro de Rezen-
Universidade de São Paulo, Cyro de Barros
de, M.L.V. Rodrigues. Ribeirão Preto; 1989. p. 59-
Rezende, falecido em acidente automobi- 61.
lístico em 1962. As finalidades da institui- 4. Livro de Atas do Centro de Estudos Oftalmológi-
ção eram “...o aprimoramento oftalmológi- cos Cyro de Rezende (1966-1995).
co ... e o aumento das relações sociais entre 5. Rodrigues MLV. Anais da Reunião Jubileu de Prata
do Centro de Estudos Oftalmológicos Cyro de Re-
seus membros.”4,5 Ficavam, pois, claramen- zende. Ribeirão Preto. 1989. p. 1-48.
te definidas as duas vertentes do “Céo”,
que norteariam suas atividades: ciência e
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
estudo de um lado, confraternização e fol-
guedos de outro. Na verdade, as “reuniões
CAMPINAS (UNICAMP)
de congraçamento” foram as que acaba- Em 1974, o oftalmologista Newton Kara
ram por se tornar tradicionais. José foi convidado pelo Professor Lopes
Desde então, a regularidade anual das de Faria para assumir a chefia da Disciplina
reuniões científicas consolidou o congra- de Oftalmologia da Unicamp, entretanto,
çamento dos egressos do Departamento recusou o honroso convite por se julgar
de Oftalmologia da FMRP-USP. (Residen- ainda imaturo.
tes e Pós-Graduandos) e seus Professores. O oftalmologista Newton Kara José
As sessões científicas logo se distin- ingressou na Unicamp no ano de 1977
guiram por seus altos níveis, contando, após o afastamento do Professor Antônio
sempre, com renomados convidados, Augusto de Almeida. Sua história como
tanto do Brasil, como de outros países. Professor Titular e como Chefe do Depar-
Um memorial resumido dessas primeiras tamento de Oftalmologia da Faculdade de
reuniões acha-se preservado.5 O primeiro Ciências Médicas se mistura com a evolu-
146 estrangeiro, embora radicado no Brasil, a ção do próprio Departamento. Conta, que
152
153
política que à Medicina. Então, a direção clínica. A boa estrela de Linneu ganhou a
da instituição resolveu abrir dois concur- batalha e o Presidente do Estado Arthur
sos, separando as duas especialidades. Na Bernardes e seu secretário Affonso Penna
ORL, após concurso público, o candidato Junior foram sensíveis ao pedido. Os es-
único vencedor foi Dr. Renato B. Machado forços conjugados do Governo do Estado,
e na Oftalmologia permaneceu Honorato da Diretoria da Faculdade de Medicina e
Alves. de doações de professores da própria Es-
Professor Renato instalou a Clínica cola, de Médicos e pessoas da sociedade,
ORL em cômodo da policlínica da Santa foram os responsáveis pela reforma do
Casa de BH. Em agosto de 1918 foi con- prédio. O Diretor da Faculdade de Medi-
vocado juntamente com outros Médicos cina, Cícero Ferreira, Linneu e o governo
Mineiros, chefiados por Borges da Costa, de Minas somaram esforços no sentido
para a Missão Brasileira da Primeira gran- de que o prédio vago fosse cedido para
de guerra (1918/1919). Ao retornar não abrigar as clínicas de OFT e ORL da Fa-
encontrou mais guarida na Santa Casa. culdade de Medicina de Belo Horizonte.
Esboçou-se novamente a duplicidade de Assim nasceu o Hospital São Geraldo e
serviços (OFT e ORL). novamente as duas disciplinas se uniram.
Em janeiro de 1919 realizaram as pro- Recebeu o nome de Hospital São Geral-
vas para Professor Substituto da Clínica do em homenagem ao Santo que dedicou
Oftalmológica, sendo aprovados os três sua vida aos pobres e doentes.
candidatos: Dr. Linneu Silva em 1o lugar O Hospital São Geraldo foi inaugurado
foi indicado Professor substituto Edilberto no dia 04 de julho de 1920. No dia 07 de
Campos (2o lugar) e Dr. Joaquim de Santa setembro de 1927 o Presidente Antonio
Cecília (3o lugar), foram indicados Livre- Carlos Ribeiro de Andrade cria a Univer-
Docentes e Dr. Linneu Silva tomou posse sidade de Minas Gerais (UMG). Ela nasceu
como Catedrático em 16/07/1916. numa época em que devaneio seria admi-
Dr. Santa Cecília planejou e fundou a ti-la. Mas nunca é devaneio uma obra que
Clínica de Olhos da Santa Casa de BH. se sustenta na genialidade e no idealismo.
Professor Linneu instalou a Clínica OFT Na década de 1930 Linneu ausentava-
no porão do prédio da Faculdade, em 08 se frequentemente de BH para frequentar
setembro de 1914, por não haver outro a clínica de Abreu Fialho no Rio de Janei-
espaço físico disponível. Nessa ocasião, ro e os três Livres-Docentes Santa Cecília,
próximo da Faculdade, vagara um prédio Laborne Tavares e Hilton Rocha assumiam
da Diretoria de Higiene do governo de alternadamente esta clínica da UMG.
Minas dirigida pelo Professor Samuel Li- Com a fundação da Faculdade de Ciên
bânio. Depois de intensa luta conseguiu- cias Médicas do Rio de Janeiro, Linneu Sil-
se, com a ajuda de Cícero Ferreira e Sa- va requereu e conseguiu a sua transferên-
muel Libânio a doação deste prédio para cia para a referida faculdade como Profes-
abrigar as duas Clínicas: OFT e ORL que se sor Catedrático.
uniram novamente. Em memorável concurso o candidato
Dr. Linneu fez um pedido dramático único, Dr. Hilton Ribeiro da Rocha, assu-
162 ao Governador Arthur Bernardes para miu a Cátedra. Continua ele em sua au-
Ferreira ocupou seu lugar na Cátedra de ônidas Ferreira a direção da Clínica Of-
Oftalmologia em 1920, permanecendo talmológica, passou a ser exercida por
durante 37 anos, até sua aposentadoria, Egon Armando Krueger, especialista pelo
em 1957. Durante este período, o servi- Instituto Penido Burnier, em Campinas,
ço de Oftalmologia era sediado na Santa Catedrático até 1976, quando se aposen-
Casa de Misericórdia. Participaram deste tou. Durante a chefia de Egon Armando
serviço Carlos Alberto Pereira de Olivei- Krueger, deu-se a construção do Hospital
ra (1940), Rubem Nogueira de França de Clínicas da UFPR que muito contribuiu
(1945), Arthur Borges Dias (1945), Raquel para o desenvolvimento da especialidade.
Rebello (1949), Leônidas do Amaral Fer- Sua construção começou em 1949, durou
reira Filho (1951), Francisco de Paula Soa- 10 anos.
res Filho (1953) e Egon Armando Krueger Novos professores concursados assu-
(1956). miram: Carlos Augusto Moreira (1957), Ru-
Nos anos 1940 eram poucos os que bem Nogueira de França (1960), Moysés
clinicavam no Paraná: Leônidas Ferreira, Lerner (1961), Nelson Bockmann (1965),
Carlos Estrella Moreira, Mathias Piechnik Paulo Zelter Gruppenmacher (1973).
Filho, Celso Ferreira, Saul Chaves, Bernar- Em 1976 Carlos Augusto Moreira e
do Pericás, Carlos Alberto Pereira de Oli- Paulo Gruppenmacher prestaram con-
veira, Arthur Borges Dias, Fernando Simas, curso à Livre-Docência, ambos aprovados
Egon Krueger, Julio Garmatter, Laffayette com distinção.
Vianna, Moysés Lerner, Raquel Rebello Após a aposentadoria de Krueger, em
(primeira médica ortoptista do Paraná), 1976, a disciplina passou a ser chefia-
Rubem Nogueira de França, James Ross e da em rodízio de um ano por Leônidas
João Leite. A estes juntaram-se nos anos Ferreira Filho, Francisco de Paula Soares
1950 Leônidas Ferreira Filho, Francisco de Filho, Carlos Augusto Moreira e Paulo Z.
Paula Soares Filho, Luiz Zornig, Nelson Bo- Gruppenmacher. Com a aposentaria de
ckmann, Carlos Augusto Moreira, Felizar- Leônidas Ferreira Filho, em 1981, e de
do Leite Ferreira e Walmyr Peixoto, todos Paula Soares, em 1983, ficou a cargo de
radicados em Curitiba. Em Rio Negro atua Moreira e Gruppenmacher, por meio de
va Antonio Saliba, que mais tarde trans- revezamento anual. Na sequência fo-
feriu-se para Ponta Grossa, onde também ram aprovados em concursos Humberto
exerciam a Oftalmologia Paula Xavier e Schwartz Filho, em 1976, e Naoye Shio-
Antonio Chechia. No norte do Paraná, em kawa, em 1979, a princípio como Assis-
Londrina, praticava a especialidade Arthur tentes e depois como Adjuntos. Depois
van der Berg. foram aprovados em concursos subse-
Sem residências no Brasil, Paula Soa- quentes Hamilton Moreira, Ana Tereza
res, em 1952, e Carlos Augusto Moreira, Ramos Moreira, Mario Teruo Sato e Lu-
em 1956, a fizeram em Rosário, Argentina. ciane Moreira.
Na volta ligaram-se à Universidade Fede- Em concurso público para Titular de
ral do Paraná (UFPR), como Auxiliar de En- Oftalmologia em 1990, inscritos Carlos
sino, propiciando desse modo o início de Augusto Moreira e Carlos Augusto Morei-
164 suas carreiras universitárias. ra Júnior, ambos foram aprovados. Carlos
165
171
tório em sua residência, atendendo tam- do corpo docente pela nova legislação de
bém no Hospital de Santo Amaro. Eram ensino – a Reforma Maximiliano. Entre as
os tempos da oftalmologia de José Be- disciplinas da nova faculdade consta a Clí-
rardo Carneiro da Cunha, Pereira da Sil- nica Oftalmológica, sob comando do Pro-
va, Pedro Pontual e José Ferreira da Silva. fessor Isaac Salazar da Veiga Pessoa.
Com o advento da República, em 1889, Isaac Salazar nasceu no dia 11 de abril
surgem as faculdades particulares, entre de 1886. Formou-se na Faculdade de Me-
as quais as escolas de Farmácia e Odon- dicina do Rio de Janeiro em 1911. De volta
tologia. Em 1895, durante mandato do ao Recife, assume a cátedra de oftalmo-
governador Alexandre Barbosa Lima, logia aos 34 anos de idade. Durante os
ocorre a proposta de criação da Facul- vinte e um anos em que ocupou o cargo,
dade de Medicina do Recife. A proposta participa da transferência da sede da Fa-
é rejeitada no Senado. Em 1909, durante culdade da Rua Barão de São Borja para
o I Congresso Médico de Pernambuco, o prédio no Derby – onde funcionara o
é apresentada pelo farmacêutico Durval Mercado de Delmiro Gouveia, político e
Brito a proposta de criação da Escola Li- industrial nordestino. O terreno foi cedi-
vre de Medicina, sendo rejeitada nova- do pela prefeitura do Recife, sendo a nova
mente sob alegação de falta de recursos. escola inaugurada em 1922 por Dr. Otávio
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pa- de Freitas, diretor da Faculdade de Me-
raná já possuem estabelecimentos de dicina. Entre os feitos de Isaac Salazar se
ensino médico, até que em 1914, a ideia encontra a cirurgia de catarata do Padre
da criação da Faculdade de Medicina Cícero Romão Batista.
do Recife parte de médicos que lecio- Em 1941, na sua residência na Avenida
nam no estado, oriundos da Escola de Rosa e Silva, 1.002, morre Isaac Salazar. Em
Farmácia e Odontologia de Pernambu- seu lugar, assume Dr. Francisco Figueiredo,
co. Desta vez, é formada a Comissão de professor de Biofísica, homem requintado
Elaboração da futura Faculdade de Me- e de extrema educação. Artista da medi-
dicina, sendo eleita a diretoria provisória cina, incansável no atendimento aos pa-
composta pelos doutores José Otávio de cientes, cabe a Figueiredo a organização
Freitas (diretor), Alfredo Cordeiro da Fon- do VI Congresso Brasileiro de Oftalmolo-
seca Medeiros (tesoureiro) e Tomé Isido- gia a ser realizado em Recife em 1949. O
ro Dias da Silva (secretário). No dia 6 de esforço, no entanto, resulta em demasia.
dezembro daquele ano, os estatutos são Nas vésperas do Congresso, o coração do
apresentados. Estabelecem o provimento professor não resiste e ele vem a falecer
das cadeiras por nomeação da Congrega- em sua residência na Estrada do Arraial.
ção de Farmácia de Pernambuco, consti- Para substituir Dr. Figueiredo surge
tuída por vinte e oito lentes catedráticos. Clóvis de Azevedo Paiva. Médico nascido
A primeira guerra assume o protagonismo no dia 16 de julho de 1917 em São Bento
dos acontecimentos. Apenas em 1920 é do Una, cidade do interior pernambucano,
realizada a segunda congregação prepa- antigo cantor e locutor da rádio PRA-8,
ratória da Faculdade de Medicina do Reci- interno da Clínica Oftalmológica desde o
188 fe, na qual se aprova a ata do dia 5 de abril quinto ano de medicina. Em 1947 começa
que se tem história no Rio Grande do Sul João Borges Fortes, José da Costa Gama,
foi inaugurado na Santa Casa de Miseri- Júlio Bocaccio, Ítalo Marcon, Paulo Horta
córdia de Porto Alegre pelo Dr. lvo Corrêa- Barbosa, Saul Bastos, Clodoaldo dos San-
Meyer em 1930. Em 1932 o Dr. Ivo torna- tos, Lorival Cardoso, Afonso Pereira e Ma-
se professor catedrático de Oftalmologia nuel Vilela.
da Universidade Federal do Rio Grande do Vários filhos dos colegas mencionados
Sul (UFRGS), e em 1934 funda a Socieda- antes seguiram a Oftalmologia, tais como
de de Oftalmo-Otorrino do Rio Grande do João Borges Fortes Filho, Antônio José da
Sul. Costa Gama, Jorge Esteves, Humberto Lu-
Uma das primeiras imagens retinográ- bisco Filho, Henrique Lubisco, Francisco
ficas colhidas em nosso continente (1934) Bocaccio, Newron Carlos Degrazia, Ga-
pertencem ao Professor Ivo Corrêa-Meyer, briela Corrêa-Meyer, Alexandre Marcon,
bem como a introdução no Rio Grande do Isabel Cardoso. Muitos destes se destaca-
Sul de métodos tais como a gonioscopia, ram na Santa Casa, no Hospital de Clínicas
oftalmoscopia indireta, transplantes de e/ou no Hospital de Banco de Olhos de
córnea, retinopexias, angiofluoresceino- Porto Alegre.
grafia, fotocoagulação e vitrectomia via O Hospital Banco de Olhos de Porto
pars plana. Alegre foi inaugurado em 1956, tendo
Por iniciativa de Ivo Corrêa-Meyer foi também como importantes oftalmologis-
feito o primeiro transplante de córnea no tas, além dos mencionados anteriormen-
Rio Grande do Sul em 1938 pelo Dr. Archi- te, Antônio Augusto Silveiro Cruz, Antônio
mede Busacca. Também por sua iniciativa Celso de Araújo, Luiz Roberto Freda e Ze-
foram implementados os primeiros cursos niro Sanmattin.
para formação de oftalmologistas desde Alguns destes colegas acima também
1955, fato que precede a criação das resi- tiveram filhos que seguiram a Oftalmolo-
dências médicas, marcando um pioneiris- gia, tais como Roberto Freda, Ricardo Fre-
mo na própria universidade. da e Aline Lutz Araújo.
A partir de 1960 as ligações universi- O Serviço de Oftalmologia do Hospi-
tárias estenderam-se com a Fundação Fa- tal de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) deu
culdade Federal de Ciências Médicas de início às suas atividades em 1972, com o
Porto Alegre (antiga faculdade Católica de Dr. Idel Luiz Kwitko. Com a transferência
Medicina) por meio de seu filho, o Dr. Ri- do ensino da UFRGS para o HCPA, vários
vadávia Corrêa-Meyer. outros professores da UFRGS que atua-
Dentre os inúmeros colegas que fize- vam na Santa Casa passaram também a
ram parte do Instituto Ivo Corrêa-Meyer pertencer a este serviço, além de Jacó La-
e do Serviço de Oftalmologia da Santa vinsky, Samuel Rymer e Edson Procianoy.
Casa de Misericórdia de Porto Alegre con- Vários filhos destes colegas também
tribuindo de maneira significativa para o seguiram a Oftalmologia, tais como Sér-
crescimento da oftalmologia no Estado, gio Kwitko, Daniel Lavinsky, Fábio Lavinsky,
destacam-se: Luis Assumpção Osório, Má- Fernando Procianoy e Letícia Procianoy.
rio Azambuja, Paulo Esteves, Israel Scher- E vários colegas ligados a outras ins-
192 mann, Flávio Ferreira, Humberto Lubisco, tituições também contribuíram para o
198
205
O CBO possuiu uma comissão específica ■■ Gestão 1981-1983: Jorge Alberto Fon-
destinada ao assessoramento de relações seca Caldeira
Institucionais entre ele e todas as socieda- ■■ Gestão 1983-1985: Harley Edison Ama-
des que atuam em subespecialidades da ral Bicas
oftalmologia. ■■ Gestões 1985-1987/2001-2003: Rena-
A seguir listam-se estas sociedades to Luiz Nahoum Curi
com algumas informações relevantes para ■■ Gestão 1987-1989: Keila Miriam Mon-
conhecimento de suas atividades, direto- teiro de Carvalho
rias presentes e pretéritas, além das ati- ■■ Gestão 1989-1991: Edson Procianoy
vidades desenvolvidas em prol dos seus
■■ Gestão 1991-1993: Carlos Fumiaki Ue-
associados.
sugui
■■ Gestão 1993-1995: Paulo Sérgio Prat-
CENTRO BRASILEIRO DE tes Horta Barbosa
ESTRABISMO (CBE) ■■ Gestão 1995-1997: Miguel Ângelo
Fundação: 1967 Gontijo Álvares
E-mail: cbe@cbo.com.br ■■ Gestão 1997-1999: Mauro Goldchmit
Site: www.cbe.org.br ■■ Gestão 1999-2001: Maria de Lourdes
Motta Moreira Villas Boas
Gestões e Presidentes: ■■ Gestão 2003-2005: Tomás Fernando
■■ Gestão 1969-1971: Henderson Celesti- Scalamandre Mendonça
no de Almeida ■■ Gestão 2005-2007: Geraldo de Barros
■■ Gestão 1971-1973: Luiz Eurico Ferreira Ribeiro
■■ Gestão 1973-1975: Carlos Ramos de ■■ Gestão 2007-2009: Luís Eduardo Mora-
Souza Dias to Rebouças de Carvalho
■■ Gestão 1975-1977: João Francisco ■■ Gestão 2009-2011: Galton Carvalho
Cêntola Nóbrega Vasconcelos
■■ Gestão 1977-1979: Paulo Sérgio Prat- ■■ Gestão 2011-2013: Maria de Lourdes
tes Horta Barbosa Fleury Franco de Carvalho Tom Back
■■ Gestão 1979-1981: Roberto Motiaki ■■ Gestão 2013-2015: Marcelo Francisco
Endo Gaal Vadas
209
Oliveira Ferreira
■■ Gestão 1999-2001: Adamo Lui Netto ■■ Gestão 2007-2009: Islane Maria Castro
■■ Gestão 2001-2003: Hamilton Moreira Verçosa
■■ Gestão 2003-2005: Nicomedes Ferreira ■■ Gestão 2009-2011: Célia Regina Naka-
Filho nami
■■ Gestão 2005-2007: Nilo Holzchuh ■■ Gestão 2011-2013: Rosa Maria Grazia-
■■ Gestão 2007-2009: Tania Mara Cunha no
Schaefer ■■ Gestão 2013-2015: João Borges Fortes
■■ Gestão 2009-2011: Tania Mara Cunha Filho
Schaefer ■■ Gestão 2017-2019: Galton Carvalho
■■ Gestão 2011-2013: César Lipener Vasconcelos
■■ Gestão 2013-2015: Newton Kara José
■■ Gestão 2015-2017: Cleber Godinho SOCIEDADE BRASILEIRA DE
■■ Gestão 2018-2019: Ramon Coral Ghanem ONCOLOGIA EM OFTALMOLOGIA
(SBOO)
SOCIEDADE BRASILEIRA DE Fundação: 06 de setembro de 2000
OFTALMOLOGIA PEDIÁTRICA E-mail: mmaestri@terra.com.br
(SBOP) Site: www.sboo.com.br
Data da fundação:
Endereço: R. Casa do Ator, 1177 Conjunto 21 Gestões e Presidentes:
CEP 04546-004 ■■ Gestão 2000-2001: Clélia M. Erwenne
E-mail: sbop@cbo.com.br ■■ Gestão 2001-2003: Jacob Melamed
Site: www.sbop.com.br ■■ Gestão 2003-2005: Roberto Lorenz
Marback
Gestões e Presidentes:
■■ Gestão 2005-2007: José Wilson Cursino
■■ Gestão 1989-1991: Clélia Maria Erwen-
■■ Gestão 2007-2009: José Vital Filho
ne
■■ Gestão 2009-2011: Renato Luiz Gon-
■■ Gestão 1991-1993: Rosana Nogueira
zaga
Pires da Cunha
■■ Gestão 2011-2013: Priscilla Luppi
■■ Gestão 1993-1995: Edson João Gerais-
Ballalai
sate Filho
■■ Gestão 2013-2015: Virgínia Laura Lu-
■■ Gestão 1995-1997: Mauro Plut
cas Torres
■■ Gestão 1997-1999: Tomás Fernando
■■ Gestão 2015-2017: Eduardo F. Marback
Scalamandre Mendonça
■■ Gestão 2017-2019: Marcelo K. Maestri
■■ Gestão 1999-2001: Ana Tereza Ramos
Moreira
SOCIEDADE BRASILEIRA DE RETINA
■■ Gestão 2001-2003: Luis Carlos Ferreira
de Sá E VÍTREO (SBRV)
212 ■■ Gestão 2003-2005: Andrea Araújo Zin Fundação: 1976
214
Gestões e Presidentes:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
■■ Gestão 1985-1988: Carlúcio Andrade
CATARATA E CIRURGIA REFRATIVA
(ABCCR/BRASCRS)
■■ Gestão 1988-1990: Renato Ambrósio
■■ Gestão 1990-1992: Canrobert de Oli- Fundação: 2014
veira Data da filiação do CBO:
■■ Gestão 1992-1994: Carlos França Ran- Sede própria: Praia do Flamengo no 66,
gel bloco B, salas 401/405, Flamengo – Rio de
■■ Gestão 1994-1996: Ricardo Guimarães Janeiro-RJ.
CEP: 22.210-903
■■ Gestão 1996-1998: Paulo César Fontes
Telefone: (21) 2225-2600
■■ Gestão 1998-2000: Ednei Nascimento
E-mail: abccr@brascrs.com.br
■■ Gestão 2000-2002: Walton Nosé
Site: www.brascrs.com.br
■■ Gestão 2002-2004: José Eutrópio Vaz
■■ Gestão 2004-2006: Carlos Heler Ribei- Gestões e Presidentes:
ro Diniz ■■ Gestão 2014-2016: Carlos Gabriel de
■■ Gestão 2006-2008: Waldir Martins Por- Figueiredo
tellinha ■■ Gestão 2016-2018: Pedro Paulo Fabri
■■ Gestão 2008-2010: José Ricardo Carva-
lho Lima Rehder
215
20 Considerações Iniciais
21 Aspectos da Correção dos Vícios de Refração com
Óculos
22 Correção dos Vícios de Refração | A Solução de
Divinolândia, São Paulo
23 Das Primeiras Campanhas de Prevenção de Doenças
Oculares ao Projeto “Olho no Olho”
24 Histórico das Campanhas de Prevenção da Cegueira no
Brasil
25 Fórum Nacional de Saúde Ocular e Campanhas de
Prevenção da Cegueira
26 Projetos Comunitários para Prevenção da Cegueira na
Visão de um Professor da UNICAMP
27 Dorina Gouvea Nowill
28 Instituto Benjamin Constant
29 Histórico da Reabilitação Visual no Brasil
30 Exemplos Notórios de Iniciativas Pessoais de
Oftalmologistas na Saúde Pública
31 Histórico das Campanhas de Cirurgia de Catarata
32 Abril Marrom
33 Projeto Internacional de Baixa Visão – Lions e Christian
Blind Mission
34 Banco de Olhos de Sorocaba
Como citado por Durval Prado e publica- Dessa forma a prática da refração ca-
do nos Arquivos Brasileiros de Oftalmolo- racteriza-se por uma pacífica situação que
gia de 1944, poucos assuntos de nossa es- também é científica. Ao lado do oftalmo-
pecialidade oferecem maior contribuição logista temos o profissional óptico, que
e valor prático à sociedade que a esquias- é o técnico em lentes que ao ler a pres-
copia e a prescrição de óculos. crição das lentes provenientes do ato da
A oftalmologia tem em sua principal optometria médica, adequa a escolha da
atividade a realização do exame de refra- lente às armações, fazendo a montagem
ção, etapa inteiramente dependente de dos óculos.
um sistema óptico construído às custas de Conforme citado no livro “História da
tecidos e células, desta feita a melhor for- Óptica no Brasil”, os médicos oftalmolo-
ma de servir à correção das imperfeições gistas não prescreviam óculos no início do
óticas e o auxílio por um especialista em século XX, porém nas propagandas inseri-
medicina. das no mesmo livro tem-se que em 1924
Em 1939, Durval Prado em artigo in- a Ótica Especialista e em 1928 a Ótica Ge-
titulado a prática da optometria comenta rin, dentre todas, só aviavam as receitas de
que “felizmente, a rigor, não possuímos o lentes de óculos prescritas pelos médicos,
problema do optometrista no Brasil, visto à época ditos oculistas.
que não possuímos leis que os amparem Os monges lapidavam pedras semipre-
quando diplomados lá fora”. ciosas e criavam um tipo de lupa rudimen-
Também Durval Prado, em 1944, em tar. Francis Bacon apresentou algumas
seu livro intitulado “Noções de Ótica, Re- dessas ditas “pedras de visão”, os óculos.
fração Ocular e Adaptação de Óculos”, já As primeiras lentes não tinham grau e
no prefácio expõe que forçoso é reconhe- eram usadas para caracterizar riqueza e
cer que a oftalmologia constitui uma espe- para embelezar. A seguir as lentes corri-
cialidade pouco cirúrgica. Os casos atendi- giam apenas presbiopia e hipermetropia.
dos nos consultórios são os de clínica pura, Eram fabricadas manualmente, muito ca-
principalmente refração. ras e usadas por poucas pessoas.
Pela assistência que presta à popula- Óculos com lentes cada vez de melhor
ção no Brasil a optometria continua como qualidade e armações mais elegantes são
doutrina exclusiva do médico oftalmolo- de disponibilidade muito recente, princi-
gista. palmente após a Segunda Guerra Mundial.
população tinha déficit visual por erros nhecida experiência em refração, destaca
refracionais não corrigidos. Esta situação, a contribuição de alguns oftalmologis-
embora em proporção cada vez menor, tas, predominantemente europeus, para
perdura até hoje. a evolução da especialidade, a partir do
A partir do aumento das necessidades século XIX, quando são criados e desen-
laborais em decorrência da rotineira utiliza- volvidos aparelhos que até os dias de hoje
ção de microcomputadores, com monito- fazem parte de um consultório oftalmo-
res nas mais variadas alturas, aumentaram lógico. A contribuição de pioneiros como
as exigências visuais e muitos pacientes Donders, Jäger, Badal, Snellen, Cuignet,
passaram a necessitar de lentes oftálmicas Ruete, Helmholtz, Goldmann e Gullstrand,
prescritas considerando suas necessidades entre outros, é bastante conhecida, mas
ocupacionais, o que leva à escolha de len- poucos sabem da contribuição de brasi-
tes mais complexas e passa pela seleção e leiros, como Hilário de Gouveia, médico
indicação de um determinado modelo de oftalmologista, que em 1873 inaugurou
lente progressiva ou multifocal. no Rio de Janeiro o Instituto Ophthalmo-
Decorrente ainda da necessidade de logico Brazileiro, onde receitava óculos
visão plena, de perto e para as distâncias pelos modernos métodos optométricos
intermediárias, surgiu uma nova categoria de Donders. Assim como também traba-
de lentes, as chamadas lentes ocupacio- lhos de José Antonio de Abreu Fialho, que
nais. Nessas, a correção óptica se faz des- em 1926 publica o Tratado de Ophthal-
de o perto até o intermediário, variando mologia, onde na parte IV – Anomalias
este de 1 a 2 metros ou pouco mais, po- da refração ou defeitos ópticos dos olhos,
rém sua seleção deve ser individualizada descreve seu tratamento com óculos de
para a necessidade visual diagnosticada. grau e apresenta uma armação de provas,
Essas são mais dependentes ainda da ana- por ele mandada construir.
mnese e conhecimento médico. Na última parte do seu artigo, Profes-
Considerando o levantamento históri- sor A. Duarte enumera ainda outras con-
co referente ao exame do paciente para tribuições de oftalmologistas brasileiros
a prescrição de lentes de óculos, a seguir para estabelecer as bases do tratamento
transcreve-se do Jornal Brasileiro de Of- das ametropias e presbiopia pelos ócu-
talmologia, considerações sobre a oftal- los de grau no país, ressaltando os cursos
mologia e a evolução da optometria por de introdução e atualização em Refração
A. Duarte. Clínica promovidos pela SBO, pelo CBO e
O tratamento dos erros de refração e pela Soblec.
da presbiopia, que só podem ser feitos a Até fins do século XIX havia poucos
partir de um exame realizado por médico médicos oftalmologistas. Muitas vezes o
oftalmologista, o único capaz de diagnos- cliente comprava óculos depois de expe-
ticar e prescrever óculos, lentes de con- rimentá-los por tentativas em tendas e lo-
tato e detectar problemas oculares, dos jas de artigos ópticos ou no sortimento de
mais simples aos mais complexos, percor- vendedores ambulantes. E os óculos eram
222 reu um longo caminho até os dias de hoje. feitos geralmente com as duas lentes na
224
Erros de refração não corrigidos para lon- nolândia pelo “Consórcio de Desenvol-
ge são a maior causa de diminuição da vi- vimento da Região de Governos de São
são, calculando-se 200 a 250 milhões em João da Boa Vista” (Conderg)* em parce-
todo o mundo.¹ Para conseguir a correção ria com a UNICAMP, com a finalidade de
dos erros de refração é necessário o cum- confeccionar óculos de baixo custo para a
primento de uma série de quesitos que clientela atendida.4-6
vão desde o sentir a necessidade visual, a A óptica funciona ininterruptamente
decisão de procurar atendimento, acesso desde a sua instalação e atende aos clientes
e aquisição de óculos. do serviço de oftalmologia. Nesses 29 anos
Apesar de fácil correção e de seu baixo foram confeccionados 50.520 óculos. Os
custo o problema parece estar aumentan- óculos foram distribuídos gratuitamente e
do em todo o mundo. As barreiras para a financiados pelo SUS a R$ 28,00 por óculos.
correção óptica são multifatoriais, sendo as Os custos marginais da óptica são sub-
principais, o reconhecimento das necessi- vencionados pelo Conderg, que oferece
dades, a dificuldade de acesso ao exame o local com as despesas de manutenção,
oftalmológico e a aquisição de óculos. despesas de escritório, aquisição de novos
A experiência mostra que na quase to- equipamentos e pagamento com pessoal
talidade dos serviços de atendimento do (uma secretária).4-6
SUS a aquisição de óculos fica por conta Os óculos são entregues em até 30 dias
do paciente, e em muitos casos não é rea e os obstáculos para a confecção mais rá-
lizada por falta de condições financeiras. pida são o tempo de pedido e de entrega
A Organização Mundial da Saúde das armações e lentes corretivas.
(OMS) atenta para a barreira que repre- Nos seus 29 anos de existência, a óp-
senta a aquisição de óculos, vem estimu- tica do Conderg vem aumentando pro-
lando os estados membros a priorizarem gressivamente sua capacidade de atendi-
projetos de distribuição de óculos gratui- mento.
tamente ou a baixo custo.²
Baseado nessa premissa, em 1994, a
*O Conderg, formado em 1987, abrange 16 muni-
UNICAMP instalou uma óptica de baixo cípios do Estado de São Paulo (480 mil habitantes),
custo para a população carente.³ criou em Divinolândia um serviço de oftalmologia
junto com a UNICAMP, para atendimento do pacien-
O modelo dessa óptica foi novamente
te SUS, nos moldes do atendimento realizado em
implantado em 1998 na cidade de Divi- Campinas.
média 50 óculos por mês, em 2000 a pro- que possibilita a correção dos erros de re-
dução passou para 200 óculos e em 2001 fração da maioria dos usuários do hospi-
para 400 óculos. tal, serve de modelo no combate ao grave
O aumento da produção de óculos foi problema dos óculos receitados, porém
possível pela aquisição de novos equipa- não confeccionados por falta de condi-
mentos e a contratação de mais um auxi- ções financeiras.
liar além do óptico, que é o mesmo desde Enquanto o problema não é resolvido,
o início.4,5 milhões de brasileiros continuam com a
Atualmente, a óptica tem capacidade qualidade de vida prejudicada.
instalada e recursos humanos para confec-
cionar até 1.600 óculos por mês (20 por dia), REFERÊNCIAS
porém, sua produção foi reduzida a 250 por 1. Vitale S, Cotch MF, Sperduto RD. Prevalence of vi-
mês por limitação imposta pela verba SUS. sual impairment in the United States. JAMA. 2006;
Assim como os grandes hospitais pú- 295:2158-63.
blicos possuem farmácia própria para ser- 2. Thylefors B, Négrel AD, Pararajasegaram R, Dadzie
KY. Reviews/Analyses. Global data on blindness.
vir seus usuários, seria aconselhável que
Bull WHO. 1995;73:115-21.
mantivessem, também, uma óptica, dimi- 3. Kara-José N, Melo HFR, Matsui IA. Senne FMB. Pe-
nuindo os custos dos óculos para os pa- reira VL. Criação de um banco de óculos.
cientes necessitados.³ 4. Machado MC, Kara-José N, Goes JL. Óculos de
Além disso, o governo brasileiro deve- baixo custo: Experiência em Divinolândia (SP). Arq.
Bras Oftalmol. 2010; 73(1):57-9.
ria estimular a industrialização de um tipo
5. Machado MC, Kara-José N. Acesso à correção óp-
de armação padronizada e com preço mí- tica: experiência de óptica em hospital público de
nimo para ser adquirido pela população Divinolândia, SP. In Kara-José N, Rodrigues MLV,
de baixa renda. Em uma segunda etapa, Carvalho RS. Saúde ocular e prevenção da ceguei-
ra. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2009.
através de seus órgãos competentes, de-
6. Arieta CEL, Delgado AMN, Kara-José N et al. Re-
veria realizar a distribuição gratuita de
fractive errors and cataract as causes of visual im-
óculos com lentes corretoras, a exemplo pairment in Brazil. Ophthalmic Edpidemiol. 2003;
do que já ocorre em outros países.³ 1(1):15-22.
226
230
231
O Professor Doutor Newton Kara José ■■ 1905: Victor de Brito, com trabalho so-
empenhou sua vida acadêmica em prol da bre “Profilaxia do Tracoma”, iniciou a
prevenção da cegueira no Brasil, uma vida prevenção da Cegueira no Rio Grande
dedicada à cidadania, fazendo jus ao ápi- do Sul.
ce da carreira universitária como titular de ■■ 1908: João de Castro Pache Faria, pu-
Oftalmologia da UNICAMP e da USP de blicou a tese “Da Higiene Ocular nas
São Paulo. Seu trabalho foi assessorado escolas do Distrito Federal” e Manoel
pelas Professoras Maria de Lourdes Vero- Gomes Tarlé a tese “Contribuição ao
nese Rodrigues e Regina de Souza Carva- Estudo das Causas de Cegueira no Rio
lho. Compilou as principais atividades em de Janeiro”.
prol da prevenção da cegueira no Brasil, ■■ 1911: Amphilophio de Albuquerque
sendo a primeira datada de 1866 por ini- Meio defendeu tese sobre “Profilaxia
ciativa de Hilário de Gouveia. A seguir es- Ocular”.
sas iniciativas em ordem cronológica. ■■ 1919: a atenção dos leigos foi atraída
■■ 1866: Hilário de Gouveia criou os cur- para a problemática da cegueira por um
sos livres de Oftalmologia e mais tarde, artigo de Edilberto Campos publicado
juntamente com outros colegas, idea- no jornal “O País”, do Rio de Janeiro.
lizou a reforma do ensino médico no ■■ 1920: início do envolvimento dos alu-
Brasil, que resultou na oficialização do nos de graduação em Medicina na
ensino de Oftalmologia. Prevenção da Cegueira; isto foi feito
■■ 1881: chegou ao Brasil a notícia do tra- por Lineu Silva, de Minas Gerais, que
balho de Credé, sobre a profilaxia da enviou por meio deles carta às au-
Oftalmia Neonatorum, interessando toridades de seu Estado, falando da
grandemente aos médicos brasileiros, necessidade da profilaxia da Oftalmia
porque essa doença era responsável Neonatorum (Método de Credé).
na época por cerca de 50% dos casos ■■ 1928: em São Paulo, Manoel Corrêa da
de cegueira. Apesar disso, somente em Fonseca, apresentou tese de doutora-
1935 foi aprovado o decreto que tor- mento sobre “Profilaxia da Cegueira”.
nou obrigatório o uso do Método de ■■ 1929: Colombo Spínola iniciou a Pre-
Credé no Brasil. venção da Cegueira na Bahia; criou a
Uma das áreas da oftalmologia que mais se tários mostrou-se a viabilidade e possibi-
desenvolveu no país foi a da Oftalmologia lidade de atacar a deficiência visual por
Preventiva ou Comunitária, com destaque catarata no país todo.
para os Congressos Brasileiros de Preven- Estes projetos foram determinantes
ção à Cegueira promovidos pelo Conselho para que o ministério da saúde adotasse a
Brasileiro de Oftalmologia (CBO). estratégia, com as modificações pertinen-
Nessa área, a Disciplina de Oftalmolo- tes, em 1999.
gia da Universidade Estadual de Campi- Houve crescimento acelerado da ofer-
nas, liderada pelo Professor Newton Kara ta de cirurgias. O número de cirurgias de
José, desenvolveu o Projeto Zona Livre de catarata oferecidas e realizadas pelo SUS
Catarata, concomitantemente ao Instituto aumentou de cerca de 80.000 ao ano, e
Nacional de Oftalmologia do Peru, sob a nos anos seguintes para mais de 360 mil
coordenação do Professor Francisco Con- anuais. Desde então a oferta de cirurgias
treras, em 1986. aumentou também na área privada bene-
Esses projetos, realizados em Campinas, ficiando grande número de idosos.
Brasil e Chimbote no Peru, demonstraram A estratégia de eliminar barreiras de
pela primeira vez, na América Latina, a im- acesso ao atendimento e cirurgias de cata-
portância da catarata como causa principal rata demonstradas tiveram tanto êxito que
de cegueira. Tiveram o apoio da Fundação provocaram reunião para treinamento e
Hellen Keller de Nova Iorque (HKI) e do Ins- difusão do Projeto Zona Livre de Catarata.
tituto Nacional de Olhos (NEI) do ministé- Em 1989 oftalmologistas de nove paí
rio da Saúde dos Estados Unidos. ses da América Latina se reúnem em Se-
Também ficou demonstrada a possibi- minário realizado em São Paulo, e esta-
lidade de eliminar a deficiência visual por belecem um protocolo comum, lançando
catarata e vícios de refração em determi- um documento intitulado “Programa e
nada região com eficiência. Manual sobre procedimentos para esta-
Esses projetos foram replicados, pela belecer um projeto intensivo de cirurgias
UNICAMP, nos anos seguintes com modifi- de catarata”.
cações que permitiram a expansão para ou- Os oftalmologistas são reconhecidos
tras regiões do estado de São Paulo e Brasil. no Brasil pelo alto nível da medicina que
Alguns anos depois com a participação praticam e também pela preocupação so-
do CBO e de diferentes serviços universi- cial e comunitária.
245
para diretor do Instituto Benjamin Cons- Sight First em convênio com o Lions Club
tant, ocupou o cargo o Dr. Luiz Augusto do Rio de Janeiro que constava na realiza-
Morizot Leite que faleceu em 1959. As- ção de 1.000 cataratas entre 2000 e 2001.
sumiu o Dr. Joaquim de Azevedo Barros Em 2001 o Serviço foi credenciado
que criou o Banco de Olhos do Instituto pela Comissão de Residência Médica do
Benjamin Constant que funcionava com Ministério da Educação e Cultura.
dificuldade só conseguindo melhorar Em 2003 realizou uma grande refor-
quando iniciou a importação de córneas ma no centro cirúrgico e ambulatório
dos EUA e da África. Com a aposentado- e passou a ser reaparelhado e em 2005
ria do Dr. Joaquim de Azevedo Barros fi- teve ajuda do Banco de Desenvolvimento
cou à frente da oftalmologia Luiz Augusto Econômico e Social e da Caixa Escolar do
Morizot Leite Filho. Não possui residentes Instituto nas compras de mais aparelhos e
somente médicos estagiários que faziam computadores.
a formação em oftalmologia. Em 1971 ini- De 2003 a 2016 foram atendidos 40
ciou a primeira turma de residentes cujo mil consultas e exames complementares
diploma era fornecido pelo Instituto e mostrando o crescimento do Serviço, po-
1975 passou a ser um curso de especiali- rém em março de 2016 por determinação
zação do CBO com duração de dois anos. do Ministério Público houve interrupção
Em 1996 com a aposentadoria de Mo- do apoio da Caixa Escolar do Instituto
rizot Leite Filho, assumiu a chefia o Dr. Benjamin Constant que ocasionou as in-
Rogerio Neurauter. Em 1998 com número terrupções das cirurgias e da entrada de
reduzido de oftalmologistas do quadro novos residentes em 2017.
do Ministério, criou-se os setores de glau- Em 2018 com o convênio entre a Em-
coma, catarata, uveíte, retina etc. chefia- presa Brasileira de Serviços Hospitalares,
dos por médicos voluntários e a partir daí Guinle (HUGG) e o Instituto Benjamin
houve um desenvolvimento mais acelera- Constant foi possível voltar as ativida-
do do Serviço podendo ser realizado mu- des normais com a entrada de novos
tirão de catarata, campanhas como Veja residentes e campanhas de cirurgia para
Bem Brasil, coordenado pelo CBO e Minis- as pessoas carentes, sendo a primeira
tério da Saúde, Campanha de Reabilitação ação deste convênio realizada na sema-
Visual Olho no Olho, Campanhas de Saú- na de 19 a 23 de março com a realização
de Ocular, com parceria de Helen Keller, de 202 cirurgias de catarata em pacientes
Instituto de Saúde Ocular e Sul América, carentes.
248
251
São centenas de oftalmologistas e/ou es- patia diabética e tratamento com laser. O
colas médicas que desde os primórdios evento evoluiu ao longo dos anos para
do CBO e SBO tem realizado de maneira uma Campanha Multidisciplinar com am-
persistente e crescente Projetos de aten- pla participação da comunidade e reco-
dimento às comunidades carentes. nhecimento a nível nacional, como exem-
Entre os primeiros projeto destacamos plo de Campanha em Diabetes.
a luta pela erradicação do tracoma, o mé- O Projeto visa a proporcionar orienta-
todo de Crede, regulamentação da pres- ção, conscientização, mobilização e atendi-
crição e aviamento de óculos. mento médico especializado gratuito para
Mais recentemente projetos de refra- as principais complicações associadas ao
ção escolar, retinopatia diabética, trauma Diabetes (cegueira, amputação, insufi-
ocular, glaucoma, visão subnormal e uso ciência renal, entre outras), com o intuito
do cinto de segurança. de diminuir sua morbimortalidade e me-
Os projetos são inúmeros e realizados lhorar a qualidade de vida dos pacientes
de maneira independente. Assim, é im- diabéticos. Através de grande campanha
possível enumerá-los todos. Praticamente de mobilização social e informação, com
não existe nenhum Estado do Brasil onde múltiplos serviços multidisciplinares e a
eles não tenham ocorrido. realização de procedimentos médicos es-
Em nome do conjunto da obra, refe- pecializados.
rimo-nos à Hilton Rocha, Claudio Chaves, Nos 13 primeiros anos de campanha,
Liana Maria O. Ventura, Rubens Belfort Jr, aproximadamente 22 mil pacientes com
Arlindo Portes, José Ricardo Carvalho Lima diabetes foram submetidos a mapeamen-
Rehder e Maria de Lourdes V. Rodrigues. to de retina e a exame para detecção do
pé do diabético. Mais de 2.000 pacientes
graves foram tratados gratuitamente com
MUTIRÃO DO DIABETES DE ITABUNA
fotocoagulação a laser da retina, sendo
A Campanha anual de Combate ao Dia- estes submetidos a exames bioquímicos
betes de Itabuna conhecida como Muti- para detecção da nefropatia diabética. Por
rão do Diabetes começou no ano 2004, edição são avaliados clinicamente cerca
atendendo cerca de 199 pacientes em sua de 1.500 a 2.000 diabéticos.
primeira edição, somente com exame de Nas semanas que antecedem o Muti-
fundo de olho para a detecção da retino- rão do Diabetes, geralmente a partir do
“Novembro Azul”, são realizadas ações de mais 5.000 glicemias capilares por edição,
grande mobilização social, como a Peda- para a detecção de possíveis novos casos
lada Azul, um passeio ciclístico com cerca de diabetes. O Diabetes Kids, área lúdica
de 1.000 ciclistas que percorrem as prin- infantil com estandes de detecção e orien-
cipais avenidas da cidade, e a Campanha tação de diabetes em crianças, sendo ava-
Itabuna Azul que transforma Itabuna em liadas cerca de 300.
uma das cidades mais iluminadas com a Cerca de 1.100 voluntários participam
“Luz Azul” do Brasil, com vários marcos anualmente de forma direta dos Mutirões,
iluminados, assim como pontes, avenidas, como médicos, enfermeiros, nutricionis-
igrejas, praças, hospitais, torres, prédios, tas, psicólogos, educadores físicos, far-
e, principalmente, as varandas das casas, macêuticos, odontologistas, advogados,
mostrando a grande participação espon- clubes de serviços, fisioterapeutas, entre
tânea da comunidade ao longo dos anos. outros, além de mais de 400 estudantes
Em 2017, em sua 13a edição, o Mutirão destas áreas, principalmente de medicina
de Itabuna, com cerca de 1.100 voluntá- e enfermagem. Mais 50 médicos, entre
rios, foram examinados em torno de 1.700 clínicos, angiologistas, nefrologistas, en-
pacientes com diabetes, com mapeamen- docrinologistas, cardiologistas, oftalmo-
to de retina para detecção de retinopatia logistas, e principalmente especialistas
diabética e Exame do Pé Diabético, com em retina, que possuem vasta experiência
tratamento gratuito com fotocoagulação em Mutirões de detecção da retinopatia
a laser da retina nos casos indicados, em diabética, que vêm de várias partes do
torno de 170 pacientes. Cerca de 400 pa- País. E pelo 7o ano seguido aconteceu a
cientes com Retinopatia Diabética foram transmissão ao vivo do Programa de te-
submetidos a avaliação renal e bioquímica levisão aberta no Mutirão (Record TV Ca-
(sumário de urina por fita, hemoglobina brália) atingindo cerca de 30 cidades do
glicada, creatinina, glicemia e colesterol interior da Bahia, para aproximadamente
total e frações), e, também, a avaliação 2 milhões de potenciais telespectadores,
cardiológica, com exames gratuitos de levando a informação e a prevenção para
Eletrocardiograma e Ecocardiograma, to- várias outras pessoas.
davia mais de 20 pacientes foram encami- As sociedades médicas como o Con-
nhados para cateterismo cardíaco quase selho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e
que imediato e mais de 50 pacientes sus- a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo
peitos de isquemia para cintilografia cardí- (SBRV), assim como a Sociedade Brasi-
aca. Realiza-se, concomitantemente uma leira de Diabetes (SBD) vêm apoiando o
grande Feira Multidisciplinar de Educação evento e muita delas lá representadas.
em Saúde voltada exclusivamente para o Nos últimos anos em parceria com o CBO,
Diabetes para mais de 15 mil pessoas da e mais recentemente, com a participação
Comunidade, com mais de 30 estandes de da SBRV, através do seu portal eletrônico,
múltiplos serviços, que possuem o cará- múltiplas campanhas foram estimuladas
ter educativo e de assistência ao cuidado pelo Brasil, tendo o Mutirão do Diabe-
com o diabetes (psicologia, avaliação físi- tes de Itabuna como um importante
254 ca, nutricional, odontológica, fisioterapêu- referencial.
255
■■ Como avaliar a qualidade dos insumos Kara-José N, Temporini ER. Cataract surgery: why are
there some patients excluded. Rev Panam Salud
utilizados? Ter lucro com cirurgias pelo
Publica. 1999; 6(4):242-8.
Sistema Único de Saúde não é fácil. É Kara-Junior N, Schellini SA, Silva MRBM, Bruni LF, Al-
possível que para garantir receita, haja meida AGC. Projeto catarata – Qual a sua impor-
economia em insumos básicos. tância para a comunidade? Arq Bras de Oftalmol.
1996; 59(5):490-6.
Kara-Junior N, Temporini ER, Kara-Jose N. Cataract
Consideramos que a fim de se justi-
surgery: expectations of patients assisted during
ficar trocar um projeto de saúde pública a community project in São Paulo, State of São
de efetividade, qualidade e segurança Paulo, Brazil. Rev Hosp Clín Fac Med USP. 2001;
comprovados por uma nova estratégia 56(6):163-8.
com resultados obscuros, com prejuízo Kara-Junior N, Espindola RF. Evolução e viabilização
de um centro cirúrgico ambulatorial para cirur-
inclusive para a formação de novos ci-
gias de catarata em larga escala em um hospital
rurgiões e ignorando a ampliação da es- universitário. Arq Bras Oftalmol. 2010; 73:494-6.
trutura física de hospitais públicos, o que Kara-Junior N, Mazurek, MGG, Santhiago MR, Parede
poderia inclusive dificultar a aceitação de TR, Espindola RF, Carvalho RS. Phacoemulsifica-
futuras ações de incentivo à cirurgia de tion versus extracapsular extraction: governmental
catarata, seja necessário que dados so- costs. Clinics. 2010; 65:4.
Kara-Júnior, Newton; Dellapi Jr, Roberto Espíndola, Ro-
bre os resultados pós-operatórios sejam
drigo França de. Dificuldades de acesso ao trata-
disponibilizados para a comunidade mé- mento de pacientes com indicação de cirurgia de
dica, a fim de comprovar a efetividade da catarata nos Sistemas de Saúde Público e Privado.
nova iniciativa. Arq Bras Oftalmol. 2011; 74:323-5. 259
sificação no Brasil. Rev Bras Oftalmol. 2011; 70: tics? Clinics. 2016; 71(60).
275-7. Marback RF, Temporini ER, Kara-Junior N. Emotional fac-
Kara-Junior N. A review of cataract surgery teaching-. tors prior to cataract surgery. Clinics. 2007; 62:433-8.
Arq Bras Oftalmol. 2015; 78:392. Temporini ER, Kara-Junior N, Holzchuh N, Kara-Jose N.
Kara-Junior N, Kara-José N. The occurrences of con- Popular beliefs regarding the treatment of senile
secutive infections after cataract surgeries: ran- cataract. Rev de Saúde Públ. 2002; 36(3):343-9.
260
Suel Abujamra
262
264
266
14.000 13.624
9.894
10.000 9.702
9.300 9.214
9.040
7.862
8.000
6.000
4.120
4.000
2.557
2.286
2.000 1.593
995 846 1.016
746 726 803 668
500 492 436 566 518
248 358 404 342 379
0
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Ano
Figura 35.1 Total de córneas doadas.
29-10-2018 11:28:01
Mensagem Final
saúde não está apenas na escassez de 1. Mere Jr YA. Saúde, desperdício e corrupção. Fal-
recursos financeiros, mas no desperdício. tam recursos ao setor, mas pode-se fazer mais.
A eficiência do sistema deve ser perse- Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/opi-
niao/2018/05/yussif-ali-mere-jr-saude-desperdi-
guida. O desperdício deve ser combatido.
cio-e-corrupcao.shtml.Acessado em: 24/05/2018.
A inclusão da Oftalmologia na atenção 2 5o Fórum A Saúde Do Brasil Desperdício e or-
primária aumenta a eficiência do sistema çamento restrito ameaçam saúde pública e priva-
com os seus mais de 85% de resolubili- da no país. Disponível em https://www1.folha.uol.
com.br/seminariosfolha/2018/04/desperdicio-e-
dade e combate o desperdício diminuin-
-orcamento- Acesso em: 24/05/2018.
do o encaminhamento à assistência de
3. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Política Nacional
média e alta complexidade. Além disso, o de Atenção em Oftalmologia. Disponível em: http://
combate à corrupção, a garantia de mais bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/
recursos e a avaliação da qualidade da prt0957_15_05_2008.html. Acesso em: 30/04/2017.
4. Organização Mundial da Saúde (OMS). Financia-
assistência prestada continuarão sendo
mento dos sistemas de saúde — O caminho para a
essenciais para garantir a sustentabilida- cobertura universal. Disponível em: http://www.who.
de do sistema. int/whr/2010/whr10_pt.pdf. Acesso em: 30/04/2018.
272
Não importa ao tempo o minuto que pas- ■■ Igualdade entre sexos e valorização da
sa, mas o minuto que vem. mulher.
(Machado de Assis – 1839-1908) ■■ Reduzir a mortalidade infantil.
■■ Melhorar a saúde das gestantes.
ACESSO UNIVERSAL AO ■■ Combater a AIDS, a malária e outras
SISTEMA DE SAÚDE doenças.
Em 2010, de acordo com as estimativas ■■ Qualidade de vida e respeito ao meio
da Organização Mundial de Saúde (OMS), ambiente.
285 milhões de pessoas, do mundo intei- ■■ Todo mundo trabalhando pelo desen-
ro, tinham deficiência visual (DV) e destas volvimento, devemos lutar para obter
39 milhões eram cegas. As populações po- pelo menos estes três ideais ou valo-
bres e os grupos de idosos eram os mais res:4
afetados: 82% das pessoas cegas e 65% ●● Igualdade social.
das pessoas com cegueira moderada ou ●● Justiça social.
grave tinham mais de 50 anos. Cerca de ●● Acesso universal ao sistema de saú-
80% dos casos de DV, incluída a cegueira, de.
são evitáveis.1
O mundo moderno assiste a uma dra- Dentre as necessidades humanas, a
mática deterioração das condições de vida saúde ocupa lugar de centralidade. A saú-
que atinge segmentos cada vez maiores de é um bem, um recurso e um direito
da população. Uma parcela significativa de alienável, é condição fundamental para
filósofos, políticos, empresários e trabalha- o desenvolvimento dos povos e para o
dores discutem sobre o que fazer para me- equilíbrio social. A saúde, em seus deter-
lhorar a saúde e a qualidade de vida.2 minantes e condicionantes, é resultado de
Podemos sonhar com um mundo sem predisposições biológicas e de influências
fome e sem doença? Para atingir os oito ambientais, sociais e culturais, mas, tam-
Objetivos de Desenvolvimento do Milê- bém, da oferta de aparatos sociais que se
nio, que são:3 empenham na proteção e recuperação do
■■ Acabar com a fome e com a miséria. estado de saúde das pessoas e da coleti-
■■ Educação básica para todos. vidade.5
deriam ser de natureza humanitária, mas ção em Oftalmologia (PNAO), que reitera
são de natureza econômica.2 Esta situa- a necessidade de ações integradas para:8
ção exige um posicionamento cada vez ■■ A constituição de redes regionalizadas
mais definido quanto à exclusão social; à e hierarquizadas de serviços de aten-
questão do acesso aos serviços de saúde; ção em Oftalmologia.
à qualidade, equidade e à ética nas ações ■■ A garantia de uma linha de cuidados
de saúde, sua distribuição e suporte finan- integrais e integrados para a atenção
ceiro.2 oftalmológica por meio do credencia-
O impacto da perda visual tem profun- mento das Unidades de Atenção Espe-
das implicações para a sociedade como cializada em Oftalmologia e dos Cen-
um todo. Dados do Instituto Brasileiro de tros de Referência em Oftalmologia.
Geografia e Estatística (IBGE) do Censo de ■■ O estabelecimento dos fluxos assisten-
2000 indicam que a primeira causa de de- ciais que perpasse todos os níveis de
ficiência entre 24,5 milhões de deficientes atenção.
brasileiros é a visual, representando 48,1%
■■ O desenho dos mecanismos de refe-
do total.6 Não há como desconsiderar a im-
rência e contrarreferência.
portância social da cegueira e da baixa vi-
■■ A adoção de providências necessárias
sual na vida individual, familiar e da comu-
que perpasse todos os níveis de aten-
nidade, uma vez que desencadeiam graves
ção, para que haja a articulação assis-
problemas sociais, econômicos e educacio-
tencial entre os serviços.
nais (repetência e evasão escolar) e, depois,
dificuldades na inserção ou inserção inade-
A PNAO foi concebida com as seguin-
quada no mercado de trabalho.7
tes competências:8
A visão do Plano de Ação Mundial
■■ Atenção Básica: realização de ações de
2014-2019 da OMS é um mundo no qual
caráter individual ou coletivo, voltadas
ninguém sofre de deficiência visual por
à promoção da saúde e à prevenção
causas evitáveis, onde as pessoas com
dos danos e recuperação, bem como
perda de visão inevitável podem alcançar
ações clínicas para o controle das do-
seu pleno potencial, e onde existe acesso
enças que levam a alterações oftalmo-
universal aos serviços integrais de atenção
lógicas e às próprias doenças oftal-
oftalmológica.1 Na realidade, sistemas de
mológicas, que possam ser realizadas
saúde estruturados, eficientes, efetivos e
neste nível, ações essas que terão lugar
equitativos, ainda que não assegurem todo
na rede de serviços básicos de saúde.
o projeto de vida das pessoas, constituem-
■■ Atenção Especializada em Oftalmo-
se em condição absolutamente necessária
logia: realizar atenção diagnóstica e
à promoção da qualidade de vida humana.5
terapêutica especializada e promover
o acesso do paciente portador de do-
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À
enças oftalmológicas a procedimentos
OFTALMOLOGIA (PNAO) de média e alta complexidade, em ser-
O Ministério da Saúde (MS), por meio da viços especializados de qualidade, vi-
274 Portaria GM/MS n.º 957, de 16 de maio de sando a alcançar impacto positivo na
278
283
Cada NASF apoia as ações de três a 15 de Atenção à Saúde (SAS) do MS, sob a
equipes da Saúde da Família (dependen- Coordenação de Média e Alta Comple-
do se NASF tipo 1 ou 2). xidade do Departamento de Atenção à
A PNAB articula outras iniciativas do Saúde (DAS), todos os procedimentos de
MS com a Estratégia de Saúde da Família. Oftalmologia previstos pelo Ministério da
Assim, a Estratégia apoia programas como Saúde encontram-se na tabela do SIG-TAP
o “Saúde na Escola” e o “Academia da (Sistema de Gerenciamento da Tabela de
Saúde”, entre outros. A Atenção à Saúde Procedimentos).22 Passados dez anos des-
Ocular não está, ainda, inserida de forma te documento, urge uma regulamentação
permanente na Atenção Básica, sendo ge- que preveja uma Atenção Básica em Of-
rida, no âmbito do MS, pela Coordenação talmologia que seja ampla, resolutiva e
de Média e Alta Complexidade. de qualidade. Cabe, ainda, a introdução
Há, entretanto, uma série de ações de iniciativas de telemedicina – teleoftal-
de cuidados oculares que podem ser in- mologia – que tenham capacidade para
seridos na Atenção Básica e que permi- ampliar a telepresença de oftalmologis-
tem uma ampliação das ações propostas tas especialistas, aproximando-os de ge-
pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia neralistas e outros médicos especialistas
(CBO), em prol da saúde ocular da popu- (pediatras, geriatras e endocrinologistas,
lação brasileira.10 O CBO vê na inserção do por exemplo), evitando encaminhamen-
médico oftalmologista como membro do tos desnecessários e otimizando recursos
NASF uma real possibilidade de se articu- humanos e financeiros.9
lar uma ampliação da oferta de consultas Os médicos oftalmologistas brasileiros
oftalmológicas, com exame de refração sempre foram conscientes do seu papel
e prevenção às principais causas de ce- social e, como o profissional apto a desen-
gueira e deficiência visual (erros refrativos, volver todas as ações de cuidado à saúde
glaucoma, retinopatia diabética, catarata, ocular da população brasileira dispõe-se a
degeneração macular relacionada com a enfrentar, como um todo o desafio de se
idade, além de diversas causas de ceguei- estender o acesso à consulta oftalmológi-
ra e deficiência visual na infância), além de ca completa a todos os que dela deman-
educação continuada para os membros darem.
da equipe de Saúde da Família, como os O Programa “Olhar Brasil” trouxe uma
agentes comunitários de saúde, no acom- estruturação necessária ao atendimen-
panhamento dos tratamentos prescritos, to oftalmológico, principalmente para os
na orientação da forma correta de se ins- escolares, representando um avanço na
tilar colírios, higiene ocular e cuidados bá- qualidade do atendimento em larga esca-
sicos. Esta inserção permitirá, ainda, apoio la inaugurado pelas diversas campanhas
às ações do Programa Saúde na Escola, desenvolvidas pelo CBO como “Veja Bem
que contempla em suas atividades aferi- Brasil” e “Olho no Olho”.24 Essa experiência
ção da acuidade visual e consultas para os de sucesso poderia transformar-se em um
alunos da rede pública de ensino.10 modelo para o desenvolvimento de uma
Em maio de 2008, foram publicadas Atenção Básica em Oftalmologia ampla
as Portarias que regem a PNAO, em vi- com acesso a toda população. Um Progra-
286
287
290
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CBO-2018 - Miolo.indd 291
Figura 39.2 Mapa do Estado de São Paulo com divisão geográfica das Redes Regionalizadas de Atenção à Saúde, 2012.
Fonte: www.saude.sp.gov.br/perfil/gestor/mapas.28
291
Redes de Atenção em Oftalmologia
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Oliveira28 realizou estudo para avaliar existe para o agendamento de consultas.
PARTE II Política Nacional de Atenção à Oftalmologia
294
295
Atenção de Média e Alta Complexidade em Oftalmologia
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CBO-2018 - Miolo.indd 296 29-10-2018 11:28:03
Programas de Combate às Causas
40 Prevalentes de Baixa Visão e
Cegueira
O CBO entende que este é o caminho para -benefício é o uso de unidades móveis
acolher a população brasileira em um dos (ônibus ou barcos) equipadas para exame
seus mais fundamentais direitos constitu- refracional, uma vez que a contratação de
cionais, a saúde. mão de obra e a aquisição dos consultó-
rios oftalmológicos que ficarão pouco uti-
PROGRAMA CBO DE EXPANSÃO lizados representam custos demais.
DO EXAME DE REFRAÇÃO OCULAR Nos casos dos escolares, aumentar a
NO SUS abrangência do Programa Olhar Brasil,
com o exame realizado nas escolas é o
No dia 06 de fevereiro de 2015, atenden- melhor meio de atingir esta faixa etária.
do solicitação da Coordenação de Média e O universo que necessita de correção
Alta Complexidade da Secretária de Aten- óptica, segundo Ferraz (2013), é cerca de
ção à Saúde do Ministério da Saúde o CBO 30% da população. Assim a quantidade
enviou cinco estratégias para a expansão de pessoas que necessitam de receita de
do exame da refração ocular no SUS. Na óculos no Brasil seria de aproximadamente
elaboração das propostas foi considerado 60 milhões. Como a OMS preconiza uma
que: avaliação oftalmológica a cada 2-3 anos,
Os erros de refração estão entre as isto representaria 20 milhões de receitas
cinco prioridades da OMS no combate à de óculos por ano. Deste número, caberia
disfunção visual no mundo. ao SUS 3/4 ou 15 milhões de receitas de
No Brasil, os erros de refração são im- óculos por ano. A oferta de óculos padro-
portante causa de deficiência visual. Além nizados, com a aproximação da correção
disso, o tratamento dos erros de refração óptica pelo equivalente esférico, para os
é de alta eficiência e relativo baixo custo, portadores de astigmatismo igual ou me-
quando comparado com as perdas sociais nor que 1,00DC, é um meio de ter correção
e laborais deles decorrentes. óptica de baixo custo em larga escala.
A estratégia para pequenos municí- Para as grandes cidades, a melhor es-
pios, considerando-se o melhor custo- tratégia é ter Unidades Fixas Oftalmológi-
tendo em vista que a grande e maciça de- dricas ou esferocilíndricas igual ou maior
manda em oftalmologia é o exame refra- que ±1,00 DC, receberão posteriormente
cional. os seus óculos. Estima-se que entre 80% e
90% dos alunos poderão receber os seus
NA ESCOLA óculos no momento de sua prescrição.
São dados relevantes:
Os alunos matriculados na rede públi-
■■ 20% das crianças em idade escolar
ca de Ensino fundamental (1a a 8a série),
apresentam algum problema oftalmo-
previamente identificados pelos seus pro-
lógico; em cada 1.000 escolares, 100
fessores com problemas visuais (teste de
são portadores de erros de refração
acuidade visual – TAV) constituem a po-
– 5% delas apresentam redução de
pulação alvo. Uma vez identificada a ne-
acuidade visual para menos de 50%
cessidade de uso de óculos, a prescrição,
de visão normal – 95% dos problemas
o aviamento e o seu fornecimento ocor-
oftalmológicos podem ser evitados ou
rerão no mesmo momento da consulta
minorados com promoção de saúde e
oftalmológica (armação e lentes prontas).
assistência.
Alunos identificados com outros proble-
■■ Prevalência de erro de refração na faixa
mas oftalmológicos terão a garantia de
etária de 7 a 14 anos necessitando cor-
referência para referência para serviços
reção óptica: 10%.
especializados em Oftalmologia no âm-
■■ Estimativa do número de atendimen-
bito do SUS. Uma equipe multidisciplinar
tos de escolares na escola: de cada
(médico oftalmologista, agente de saúde
1.000 escolares submetidos à TAV pelo
e óptico) com equipamento acomodado
professor. 150 escolares são triados
em mala ou mochila percorrerá as escolas
para exame oftalmológico completo. A
e nelas examinará os escolares, prescre-
avaliação prescrição dos óculos e avia-
verá e entregará os óculos prescritos sem
mento dos óculos pelo óptico utilizan-
demora. Assim, estará sendo construída a
do armações e lentes prontas ((???)%
Atenção Primária em Oftalmologia, com
das prescrições poderão ocorrer dessa
a missão de buscar o aprimoramento da
forma) representarão o trabalho reali-
saúde ocular da população. Esse Programa
zado por uma equipe em 1 dia.
aumentará a abrangência do Programa
Olhar Brasil, principalmente nas regiões
EM UNIDADES OFTALMOLÓGICAS
carentes de infraestrutura de profissio-
nais. A triagem visual, o exame oftalmoló-
MÓVEIS EM MUNICÍPIOS COM
gico e o aviamento e entrega dos óculos MENOS DE 50 MIL HABITANTES
subsequente à prescrição ocorrerão na Nenhum país do mundo dispõe de re-
própria escola evitando a necessidade de cursos suficientes para serem aplicados
transporte. Com a prescrição, montagem em todas as demandas da área de saúde.
e entrega dos óculos de imediato, evita- Um dos princípios básicos de economia
se a demora no recebimento dos óculos em saúde pública é o de adotar medidas
pelo escolar e a falta de conferência. Os personalizadas que propiciem redução de
298 escolares que apresentarem erro de refra- custos sem que ocorram impactos nega-
pia em lâmpada de fenda (avaliação da glaucoma. Prevê o acesso aos colírios nas
superfície ocular e dos segmentos ante- unidades/serviços habilitados. A aquisição
rior e posterior), gonioscopia, tonometria e dispensação dos medicamentos ficam
ocular, fundoscopia e mapeamento de re- sob a responsabilidade dos serviços de
tina. oftalmologia habilitados no SUS. As Se-
Nos casos em que a presença de cata- cretarias Estaduais de Saúde (SES) ou Se-
rata aponte para tratamento cirúrgico, o cretarias Municipais de Saúde (SMS) que
paciente é submetido às seguintes ações tivessem sob sua gestão unidades/centros
para confirmação diagnóstica e pré-ope- de referência que realizassem assistência
ratório: paquimetria, ceratometria, micros- aos portadores de glaucoma, deveriam
copia especular de córnea, ultrassonogra- exigir o atendimento ao Protocolo Clínico
fia do bulbo ocular, biometria ultrassônica e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do MS.
para cálculo do poder dióptrico da lente Em 2011, levantamento e análise dos
intraocular. dados secundários feitos pelo Departa-
O tratamento cirúrgico poderá incluir mento de Regulação, Avaliação e Controle
uma das seguintes modalidades: cap- de Sistemas (DRAC) apontaram distorções
sulotomia com Yag-laser, capsulectomia nos procedimentos relacionados como
posterior cirúrgica, cirurgia de catarata glaucoma, confirmados em auditorias fei-
(facectomia com implante de lente intrao- tas pelo Departamento Nacional de Au-
cular ou facectomia sem implante de len- ditorias do SUS (DENASUS).40 Isso levou
te intraocular ou facoemulsificação com o MS a estabelecer novas regras, contro-
implante de lente intraocular), vitrectomia les, revisão dos medicamentos utilizados
anterior, reposicionamento de lente intra- para tratamento do glaucoma e dispen-
ocular ou cirurgia de catarata congênita. sação dos colírios nas farmácias. Então, o
MS identificou risco de descontinuidade
Glaucoma na atenção aos pacientes com glaucoma
O glaucoma é a segunda maior causa de no SUS, cuja maior parte é atendida por
cegueira irreversível no mundo. No Brasil, prestadores contratados e que manifes-
estima-se que até 2-3% da população aci- taram não ter interesse na manutenção
ma de 40 anos possa ter a doença, sendo do atendimento após a retirada do colírio
que em 50% a 60% destes, o diagnóstico é do procedimento. Na maior parte dos es-
de glaucoma primário de ângulo aberto e tados poucos pacientes tiveram até esse
em torno de 20% é de glaucoma primário momento acesso aos documentos para
de ângulo fechado. Em 2003, o CBO esti- se cadastrarem nas farmácias e as farmá-
mava que no país houvesse 900 mil porta- cias onde estes seriam dispensados, não
dores desta doença e que, provavelmente, possuem estrutura física, equipamentos
720 mil estavam assintomáticos, ainda ne- e pessoal para atender o elevado núme-
cessitando de diagnóstico. ro de pacientes usuários de colírios, o que
A PNAO8 além de definir as redes es- tem retardado este processo de migração.
taduais e regionais na atenção básica e Até a resolução deste impasse, os servi-
especializada em oftalmologia ainda es- ços que já realizaram a migração poderão
302 tabelece o Protocolo Clínico e Diretriz optar pelo modelo de oferta dos colírios
305
partir disso, foi montada a programação. prestado no local de seu domicílio, tendo
Em seguida, os especialistas (oftalmolo- sido esgotadas todas as formas de trata-
gistas, dermatologistas, otorrinolaringo- mento de saúde em sua cidade.
logistas, neurologistas) ministraram pales- Muitas prefeituras já fazem o deslo-
tras que foram ofertadas presencialmente camento de seus cidadãos quando é ne-
ou à distância (transmissão por teleconfe- cessário buscar atendimento em outra
rência), um período por semana, durante cidade. Em sua maioria, as ações existen-
oito meses. Dentro da Oftalmologia, fo- tes são iniciativas dos municípios, isolada-
ram abordados os seguintes temas: pro- mente.
pedêutica básica enfocando a avaliação Algumas iniciativas chamam atenção
da acuidade visual, causas de cegueira e pelo nível de organização que alcançaram.
como detectá-las, erros de refração e seus O governo de Minas Gerais desenvolveu
sintomas, catarata, glaucoma e diagnósti- o Sistema Estadual de Transporte Sani-
co diferencial do olho vermelho. Todas as tário (SETS) para apoiar o SUS. A frota é
aulas foram voltadas para conhecimentos monitorada por satélite, garantindo mais
práticos, focando a detecção dos proble- controle gerencial, conforto e segurança
mas oculares e condutas que o médico ge- para o usuário. O SETS está disponível so-
ral deve ter estando frente ao diagnóstico mente para os municípios que participam
que foi feito. Os temas foram apresenta- da Agência de Cooperação Intermunicipal
dos aos 18 participantes com antecedên- em Saúde Pé da Serra – ACISPES –, que é
cia, estabelecendo-se a oportunidade de uma associação civil sem fins econômicos
discussão por um fórum on-line que foi com sede em Juiz de Fora (MG).
montado e organizado pela equipe exe- A Rede Cegonha, estabelecida pela
cutora, funcionou por uma semana para Portaria no 1.459/2011, no âmbito do SUS,
cada tema abordado nas aulas teóricas. A é uma estratégia do MS para assegurar a
experiência foi muito positiva. atenção humanizada durante a gestação,
na hora do parto e no pós-parto. Faz parte
Transporte Sanitário do serviço prestado um sistema de logísti-
Uma das formas de promover a saúde do ca com plano de remoção da gestante ao
usuário do SUS é viabilizando atendimen- local de ocorrência do parto, implemen-
to médico de acordo com as circunstâncias tação da regulação de leitos obstétricos
apresentadas. Muitos municípios não têm e neonatais, de urgência e ambulatorial
o oftalmologista atuando em sua locali- (consultas e exames), no modelo “Vaga
dade, mas a facilitação de deslocamento Sempre”. O transporte funciona para situ-
para municípios próximos, principalmente ações de urgência, quando a gestante, as
se neles a rede de atenção de saúde ocu- puérperas e os recém-nascidos de alto ris-
lar estiver plenamente ofertada, traria um co necessitam de atendimento. Por meio
acesso ao cidadão de maneira ágil com do Sistema de Atendimento Móvel de Ur-
pouco investimento. O Transporte Sanitá- gência – SAMU Cegonha, é garantido o
rio é um serviço de assistência ao cidadão transporte em ambulâncias devidamente
atendido pela rede pública de saúde, que, equipadas com incubadoras e ventilado-
312 comprovadamente, necessite de atendi- res neonatais.
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