Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS
2
Sumário
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................................... 3
1.1 CONCEITO DE DIREITO PENAL ......................................................................................................... 3
1.2 POSIÇÃO DO DIREITO PENAL NA TEORIA GERAL DO DIREITO ........................................................... 4
1.3 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL (Magalhães Noronha) ........................................................... 5
1.4 FUNÇÕES DO DIREITO PENAL.......................................................................................................... 5
1.5 ENCICLOPÉDIAS PENAIS.................................................................................................................. 7
1.5.1 Política Criminal ................................................................................................................................. 7
1.5.2 Criminologia ....................................................................................................................................... 7
1.5.3 Vitimologia ......................................................................................................................................... 8
1.6 DIVISÕES DO DIREITO PENAL .......................................................................................................... 8
1.6.1 DP Fundamental x DP Complementar ............................................................................................... 8
1.6.2 DP Comum x DP Especial ................................................................................................................... 8
1.6.3 DP Geral x DP Local ............................................................................................................................ 9
1.6.4 DP Objetivo x DP Subjetivo ................................................................................................................ 9
1.7 Fontes do Direito Penal .................................................................................................................. 9
1.7.1 Fontes materiais, substanciais ou de produção ................................................................................ 9
1.7.2 Fontes formais, cognitivas e de conhecimento ............................................................................... 10
1.8 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL ......................................................................................................10
1.8.1 Espécies de interpretação ............................................................................................................... 11
2 PRINCÍPIOS...........................................................................................................................................12
2.1 CONCEITO .....................................................................................................................................12
2.2 PRINCIPIO DA RESERVA LEGAL OU ESTRISTA LEGALIDADE ..............................................................12
2.2.1 Fundamentos do princípio da reserva legal .................................................................................... 13
2.3 PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE .....................................................................................................14
2.4 PRINCIPIO DA ALTERIDADE ............................................................................................................15
2.5 PRINCIPIO DA CONFIANÇA ............................................................................................................15
2.6 PRINCIPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL ...............................................................................................15
2.7 PRINCIPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA ...........................................................................................15
2.8 PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE.............................................................................................17
2.9 PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE ...............................................................................20
2.10 PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO ................................................................20
2.11 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL PELO FATO ....................................................................21
2.12 PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO BIS IN IDEM (“NON BIS IN IDEM”).....................................................22
2.13 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA ...............................................................................23
2.14 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU CRIMINALIDADE DE BAGATELA ...............................................24
2.14.1 Conceito ........................................................................................................................................... 24
2.14.2 Natureza jurídica.............................................................................................................................. 24
2.14.3 Requisitos ........................................................................................................................................ 27
2.14.4 Aplicabilidade .................................................................................................................................. 30
2.14.5 Princípio da humanidade ................................................................................................................. 44
3. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO .............................................................................................44
4. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA .........................................................................................................................44
3
1
ATUALIZADO EM 17/02/2019
INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Art. 1º da Lei de Introdução ao CP: Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a
infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou
cumulativamente.
SANÇÃO PENAL
#OBS: Terceira Via do Direito Penal (Claus Roxin): Segundo Roxin, a reparação voluntária deve ser realizada
antes da instauração da ação penal e tem como consequência a diminuição da pena, a suspensão condicional do
processo e, salvo para os delitos graves, até a dispensa da pena (Princípio da Bagatela Imprópria).
#NÃOCUSTALEMBRAR #RECORDARÉVIVER
1ª VIA 2ª VIA 3ª VIA
PENAS MEDIDAS DE SEGURANÇA REPARAÇÃO DO DANO
#OBS:
1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
4
Reclusão: admite o regime inicial fechado.
Detenção: não admite o regime inicial fechado.
Prisão simples: não admite o regime fechado em hipótese alguma.
Art. 6º - A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou
seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto.
§ 1º - O condenado à pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados à pena de reclusão ou de
detenção.
§ 2º - O trabalho é facultativo, se a pena aplicada não excede a 15 (quinze) dias.
#LEMBRAR:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
#OBS: Nomenclatura – direito penal x direito criminal. O direito Penal enfatiza a pena, a consequência do
crime. O direito Criminal dá destaque ao crime. Por enfatizar o crime, direito criminal é mais amplo. O nome
direito criminal é mais abrangente. A expressão direito criminal foi a opção do Código Criminal do Império de
1830. Hoje o correto é se falar em direito penal, pois (1) há o código penal e (2) a CF fala em direito penal art.
22, I.
#JÁCAIUEMPROVA. PROVA OBJETIVA (2014) PERGUNTOU O QUE SERIA DIREITO PENAL COLETIVO:
Na doutrina internacional tem dois significados:
1. Crime de autoria coletiva: ex. briga em estádio de futebol, invasão sem terra (difícil descrever a conduta de
cada agente). A denúncia pode ser genérica. A sentença tem que ser específica.
2. Crimes que atingem interesses difusos e coletivos. Ex. crimes contra o meio ambiente, saúde pública,
administração pública.
É um ramo do Direito Público, pois (1) as normas do DP são indisponíveis, cogentes. (2) O Estado é o
titular do direito de punir. (3) O Estado sempre aparece como sujeito passivo mediato nos crimes e
contravenções, pois tem interesse em manter a paz pública. Em alguns crimes, ele é mediato e imediato. Ex.:
crimes contra a Administração Pública.
5
1.3 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL (Magalhães Noronha)
1 Ciência: é uma ciência porque suas regras estão contidas em normas e princípios que formam a
chamada Dogmática jurídico penal.
2 Cultural: estudam o que “deve ser”, ao contrário das ciências naturais (“ser”).
3 Normativa: o objeto principal é a norma penal
4 Valorativa: o DP tem sua própria escala de valores na apreciação dos fatos que lhe são submetidos
5 Finalista: tem uma finalidade prática e não meramente acadêmica. Para Roxin, essa finalidade é a
proteção de bens jurídicos. Para Jakobs (Teoria Penal do Inimigo) é a proteção das normas penais.
*#PERGUNTA: O que se entende por Neorretributivismo Penal? Uma vertente diferenciada do Direito Penal
surge nos Estados Unidos, com a denominação "lei e ordem" ou tolerância zero (zero tolerance), decorrente da
teoria das “janelas quebradas” (broken windows theory). Alguns a denominam realismo de direita ou
neorretribucionismo. Parte-se da premissa de que os pequenos delitos devem ser rechaçados, o que inibiria os
mais graves (fulminar o mal em seu nascedouro), atuando como prevenção geral (@vipjus).
(1) Proteção de bens jurídicos – é a função por excelência. Roxin diz que é a função exclusiva do DP. Para ele o
DP não veio para trazer valores éticos, morais. E não é todo e qualquer bem jurídico que é tutelado pelo DP,
somente os mais relevantes, tanto para o indivíduo como também para a sociedade. Funcionalismo dualista
(2) Como instrumento de controle social – objetiva a preservação da paz pública. É um papel até intimidador.
Como instrumento de controle social se dirige a toda coletividade, embora apenas uma parcela mínima da
sociedade se dedique à prática de infrações penais.
(3) Como garantia - antes de ser uma ameaça é uma garantia a todas as pessoas. “CP é a Magna Carta do
delinquente” (Franz Von Liszt). Princípio da reserva legal, por exemplo, é um escudo de todo ser humano contra
o arbítrio do Estado.
6
(4) Função ético-social do Direito Penal – é também conhecida como função criadora ou configuradora dos
costumes. Tem origem na relação entre o Direito Penal e os valores éticos de uma sociedade. Essa função
almeja garantir o mínimo ético que deve existir em toda coletividade. Jellinek
(6) Função simbólica – inerente a todas as leis e não somente ao DP. Não produz efeitos externos. Produz
efeitos na cabeça dos governantes – ideia de que ele fez algo - e na mente dos governados – falsa sensação de
segurança. Ex. Direito penal do terror - tem como primeira característica a (1) inflação legislativa, que é o DP de
emergência. A segunda é a (2) hipertrofia do Direito Penal. Falsificar medicamentos – pena mínima de 10 anos.
Pra tudo se convoca o DP. Há uma crítica enorme. Existe mas não deveria existir. Em curto prazo essa função
simbólica dá ao DP um papel educativo e a médio e longo prazo essa função simbólica retira a credibilidade do
DP.
(7) Função motivadora – a ameaça de sanção penal motiva os indivíduos a não violarem suas normas.
(8) Função de redução da violência estatal – Jesus Maria Silva Sanches criou a Teoria das Velocidades do DP. A
imposição de uma pena pelo Estado, embora legítima, é uma agressão aos cidadãos. A pena é um mal
necessário, mas é um mal. Já que é um mal, deve se restringir a situações essencialmente necessárias.
#OBS.: O Direito Penal de 1ª (primeira) velocidade ficou caracterizado pelo respeito às garantias constitucionais
clássicas. Aqui temos a pura e simples essência do Direito Penal que é a aplicabilidade de penas privativas de
liberdade, como última razão, combinadas com garantias. O Direito Penal de 2ª (segunda) velocidade ou Direito
Penal reparador se caracterizou pela substituição da pena de prisão por penas alternativas (penas restritivas de
direito, pecuniárias etc.) que delimitam a vida do criminoso e impõe obrigações, proporcionalmente ao mal
causado. Aqui há uma relativização das garantias penais e processuais penais. Observem que as duas tendências
incorporadas ao presente modelo são aparentemente antagônicas. O Direito Penal de 3ª (terceira)
velocidade ficou marcado pelo resgate da pena de prisão por excelência, além de flexibilizar e suprimir diversas
garantias penais e processuais penais. Trata-se de uma mescla entre as velocidades acima, vale dizer, utiliza-se
da pena privativa de liberdade (Direito Penal de 1ª (primeira) velocidade), mas permite a flexibilização de
garantias materiais e processuais (Direito Penal de 2ª (segunda) velocidade).
#APROFUNDAMENTO. Vejamos algumas teorias que foram cobradas na prova do MPMG – 2017 e ficaram
famosas:
7
Grease the wheels theory (teoria da graxa sobre rodas): A referida teoria se contrapõe à “sand the wheels
theory”, pois preconiza que alguns atos de corrupção devem ser tolerados, tendo em vista que por meio
deles seria possível contornar a burocracia estatal, conferindo maior liberdade ao setor privado, a fim de
gerar crescimento econômico.
A “Sand the wheels theory” defende que a permissão para a prática de atos de corrupção cria um ambiente
institucional ruim, gerando insegurança, e, por conseguinte, inibindo o crescimento econômico.
Por fim, o Estado Vampiro é consequência da transformação de um Estado Democrático de Direito, para um
Estado onde existe tão somente uma aparente legalidade, sendo governado, na prática, por corruptos.
É um filtro entre a letra fria na lei e a realidade social, por isso existem leis que pegam e leis que não pegam.
Gatonet – furto de sinal de tv à cabo. STF por razões de política criminal decidiu que não é crime. Tem por
objeto a apresentação de críticas e propostas para a reforma no Direito Penal em vigor.
O que se entende por Política Criminal Atuarial? “Indica que os presos devem ser organizados de acordo com
seu nível de risco” (assertiva considerada correta). Política criminal atuarial é uma forma de abordagem da
política criminal a partir da utilização da lógica e do cálculo atuarial, sobretudo através da utilização de dados
matemáticos e estatísticos. A rigor, implica a compreensão da realidade criminológica pelo uso de formulações
matemáticas específicas - intimamente associadas ao conceito de gerencialismo e à teoria do risco - de maneira
a definir, através de um projeto governamental, as condutas que devem ser consideradas crimes e traçar
políticas públicas para preveni-las e lidar com suas consequências.
1.5.2 Criminologia
Preocupa-se com o papel da vítima no DP. Muitas vezes o comportamento da vítima estimula a prática de
crimes. (Ex. contar dinheiro em público). O CP brasileiro pouco se preocupa com a vítima, favorecendo mais o
réu. Art. 59, caput; art. 16.
*#TABELA2:
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de
modo diverso.
Esse artigo prevê o princípio da convivência das esferas autônomas - o DP convive pacificamente com as
leis especiais. Dessa forma, as regras gerais são aplicáveis também na legislação extravagante. Ex.: aplicação das
regras gerais de prescrição ao tráfico de drogas.
Direito penal comum: aplicável a todas as pessoas. Ex. Código Penal, lei de drogas.
2
Fonte: Manual de Direito Penal, p. 36, Juspodivm, 2018, 6ª Ed – Rogério Sanches.
9
Direito penal especial: aplicável somente a pessoas que preencham determinadas condições previstas em
lei. Ex.: Código Penal Militar (1001/69), Crimes de responsabilidade do P.R. (Lei 1.079/50), Crimes de
Prefeito (Decreto Lei 201/67).
#OBS.: o art. 1º do DL 201/67 traz a hipótese de crimes julgados pelo Poder Judiciário:
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário,
independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores.
Art. 4º São infrações político-administrativas dos Prefeitos Municipais sujeitas ao julgamento pela Câmara dos
Vereadores e sancionadas com a cassação do mandato. Aqui há um julgamento político pela Câmara.
DP objetivo: conjunto de leis penais em vigor (todas as leis penais já produzidas e que ainda não foram
revogadas).
DP subjetivo: direito de punir exclusivo do Estado. Modernamente é entendido como um poder-dever de
punir. Esse direito de punir é o ius puniendi ou jus puniendi.
São as formas pelas quais o DP surge, nasce e posteriormente se exterioriza. As fontes do direito penal,
portanto, dizem respeito à formação e manifestação do DP. As fontes de criação são as fontes materiais e as
fontes de manifestação/aplicação são as formais.
- Doutrina CLÁSSICA:
Imediatas ou primárias: Só a lei, pois só ela pode criar crimes e cominar penas (princípio da reserva legal).
Mediatas ou secundárias: costumes, princípios gerais do Direito, atos administrativos. Alguns
acrescentam a doutrina, a jurisprudência e os tratados.
#OBS.: A doutrina não tem força cogente. Ela é insegura por natureza. Obs.: a jurisprudência em regra não é
obrigatória Obs.: os tratados internacionais são fontes desde que tenham sido incorporados Obs.: ato
administrativo – quando funcionam como complemento das normas penais em branco heterogêneas.
- *Doutrina MODERNA:
Segundo Rogério Sanches, para a doutrina moderna, temos como fonte imediata a lei, a Constituição
Federal, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos, a Jurisprudência, os princípios e os atos
administrativos.
OBS.: importante salientar, contudo, que a única fonte formal criadora de sanções e de culminar sanções é a lei.
As demais fontes são não-incriminadoras.
É a atividade mental que busca definir a vontade da lei, ou seja, o seu conteúdo e o seu significado.
(Carlos Maximiliano). Sempre deve se buscar a vontade da lei, a mens legis e não a vontade do legislador, a
mens legislatoris. A interpretação de uma lei é obrigatória, por mais clara que ela possa aparecer.
11
#OBS.: Hermenêutica x Exegese. Hermenêutica é a ciência que trata da interpretação. A exegese é a atividade
prática de se interpretar.
Autêntica ou legislativa – efetuada pelo próprio legislador quando edita uma norma destinada a
esclarecer o significado de outra. É a norma interpretativa. A interpretação dada por essa norma é
obrigatória. Art. 13, caput – conceito de causa no DP. Art. 327 CP – conceito de funcionário público. O
funcionário público do DP é o de agente público do D. Administrativo. CUIDADO! Essa norma
interpretativa tem eficácia retroativa mesmo que prejudique o réu, pois ela não cria novo crime ou
comina pena qualquer. Não alcançam os fatos transitados em julgado. Ela pode ser ainda contextual ou
posterior. Contextual é quando a norma interpretativa é editada no mesmo momento da lei interpretada.
Posterior, o próprio nome já diz.
Doutrinária ou científica – realizada pelos estudiosos do DP. Não tem força obrigatória. A exposição de
motivos é uma espécie de interpretação doutrinária, não integrando o corpo da lei.
Judicial ou jurisprudencial – em regra a interpretação judicial não tem força obrigatória, salvo em dois
casos: (1) na decisão do caso concreto (coisa julgada); (2) súmula vinculante.
*#OLHAOGANCHO: é possível a instauração de IRDR para resolver questão repetitiva de Direito Penal, por
aplicação subsidiária dos artigos 976 e seguintes do CPC/2015, a teor do disposto no art. 3º do CPP.
Julgado o IRDR, a tese jurídica fixada deverá ser aplicada por todos os juízes e Tribunais, no Estado ou
Região, aos casos idênticos em tramitação e aos processos futuros, salvo se existir distinção ou superação
(art. 985, incisos I e II e §§ 1º e 2º do Novo CPC). Desse modo, destaca-se que o IRDR é um precedente
obrigatório e não meramente persuasivo.
Gramatical, literal ou sintática – decorre da simples leitura da lei, desprezando qualquer elemento. É
precária. Não é segura.
Interpretação lógica ou teleológica – art.5º da LINDB. O intérprete se vale de vários elementos (1)
histórico (2) sistemático (3) direito comparado (4) extrajurídicos ex.: veneno? Química.
c) Quanto ao resultado
12
Declaratória, declarativa ou escrita – existe perfeita sintonia entre o texto da lei e a sua vontade. O
intérprete não precisa acrescentar ou suprimir nada.
Extensiva – lei disse menos do que queria e a interpretação aumenta o alcance dessa lei.
Ex.: art. 159 – extorsão mediante sequestro. Art. 148 – sequestro e cárcere privado. Lê-se o art. 159 “extorsão
mediante sequestro ou cárcere privado”. A sua utilização é pacífica. Na Defensoria cuidado!! O STF num julgado
isolado e antigo RHC 85217 disse que não podia, mas por confundir com analogia.
Restritiva – a lei disse mais do que queria. O intérprete diminui o seu alcance.
#OBS.: interpretação evolutiva, adaptativa ou progressiva – ela serva para ajustar a lei às mudanças da
sociedade. Serve para evitar constantes reformas legislativas.
#OBS.: Interpretação analógica ou intra legem – a lei contém uma fórmula casuística seguida de uma fórmula
genérica. Ex.: art. 121, §2º, I. É impossível que o legislador preveja todas as situações que podem surgir no caso
concreto, todos os motivos de natureza torpe, todas as substâncias que embriagam.
#OBS.: Analogia não pode ser aplicada. Ex. cola eletrônica. In bonam partem é possível, salvo no caso de leis
excepcionais. Analogia legal (aplica lei semelhante) e jurídica (aplica princípio geral do direito).
2 PRINCÍPIOS
2.1 CONCEITO
Os princípios são fontes formais mediatas do direito que não podem criar crimes ou cominar penas, mas
auxiliam na interpretação e na aplicação do Direito Penal. São valores fundamentais que inspiram a criação e a
manutenção do ordenamento jurídico. Os princípios sempre antecedem as leis, que são formadas e criadas com
base nos princípios. Porém, nem todos os princípios já foram consagrados em leis, ou seja, nem todos se
encontram positivados. Os princípios previstos ou não em lei são admitidos no Direito Penal. Ex: princípio da
insignificância que não está positivado.
Ele está previsto no art. 1º CP e no art. 5º, XXXIX, CF. Ele é cláusula pétrea, por ser direito fundamental.
Tem origem na Inglaterra em 1215 no art. 39 da Magna Carta (João sem Terra). Nullum crimen nulla pena sine
lege (não há crime nem pena sem lei). A ideia desse princípio é de que a lei é a fonte formal imediata do Direito
Penal, isto é, somente a lei pode criar crimes e cominar as respectivas penas. Em outras palavras, a lei penal tem
o monopólio, a exclusividade na criação de crimes e cominação de penas.
13
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
#OBS.: Embora só se fale em crime, o princípio também é aplicado para as contravenções penais.
(1) Fundamento Jurídico: A taxatividade, já que a lei deve descrever com precisão o conteúdo mínimo da
conduta criminosa. Se fosse exigido o conteúdo total, os crimes culposos, as normas penais em branco e os tipos
abertos seriam considerados inconstitucionais. Jamais seria possível que o legislador esmiuçasse todos os
detalhes. Ex: O que são drogas? A Portaria do Ministério da Saúde irá auxiliar na definição. Uma consequência
da exigência da taxatividade é a proibição da analogia in malam partem (prejudicial ao réu). #LEMBRAR: A
analogia significa aplicar a um caso não previsto em lei uma lei que regula um caso semelhante.
(2) Fundamento Político: proteção do ser humano contra o arbítrio do Estado. É uma blindagem do cidadão. É
um direito fundamental de primeira geração, pois garante o indivíduo contra a ingerência indevida estatal.
(3) Fundamento Democrático: foi um fundamento criado pelo STF. Expressa a ideia que o povo, através de seus
representantes, determina os crimes e as respectivas penas.
#OBS.: Medidas Provisórias. Há duas posições. A primeira delas, encabeçada pelo STF, diz que sim, desde que
favoráveis ao réu. Ex.: Estatuto do Desarmamento (entregava a arma e excluía o crime). A segunda
MAJORITÁRIA posição diz que, independentemente do conteúdo legal, não havia a possibilidade que MP
versasse sobre Direito Penal, com base no art. 62, §1, “b” da CF.
Art. 62 § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I - relativa a: b) direito penal, processual
penal e processual civil;
#OBS.: Reserva legal ou princípio da legalidade? Alguns doutrinadores utilizam as nomenclaturas como
sinônimas (a maioria distingue), porém há de se fazer a diferença. O princípio da legalidade está no art. 5, II da
CF e se contenta com lei em sentido amplo, quaisquer das espécies normativas previstas no art. 59 da CF. Já o
princípio da reserva legal reclama uma lei em sentido estrito, ou seja, no sentido formal e material. Lei em
sentido formal é aquela que foi criada de acordo com o processo legislativo hígido. Em sentido material é a que
versa sobre conteúdo constitucionalmente reservado à lei. Em uma prova objetiva é melhor optar por reserva
legal.
#OBS.: Mandados de criminalização ou mandados constitucionais de criminalização. São ordens emitidas pela
CF ao legislador ordinário, no sentido da criminalização de determinados comportamentos. O legislador estaria
14
obrigado. Não há discricionariedade. Eles podem ser expressos (a ordem está explícita no texto constitucional.
Ex.: art. 225, § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados e art. 5º, XLII a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei) ou tácitos (a ordem é retirada da harmonia, do espírito de todo o texto da CF. Ex.:
combate à corrupção no poder público. Foi falado pelo STF no caso do mensalão).
*Até 2016, o crime de terrorismo ainda não tinha sido concretizado na legislação brasileira. Pela Lei
13.260/16, houve o cumprimento do mandado de criminalização.
A lei penal deve ser anterior ao fato cuja punição se pretende. A lei penal só é aplicável aos casos ocorridos
após a sua entrada em vigor. O efeito automático desse princípio é de que a lei não retroage, salvo para
beneficiar o réu (irretroatividade da lei penal).
*#OUSESABER #OLHAOGANCHO #NÃOCONFUNDA: A lei que diminui penalidade de infração de trânsito NÃO
retroage para alcançar pessoas que tenham cometido a citada infração antes da sua entrada em vigor (Ex:
diminuição de pontos em determinada infração de trânsito). Não sendo caso de definição de ilícito penal, não
há que se falar em retroação da lei mais benéfica. Este, inclusive, é o entendimento do STJ. Vide AgRg nos EDcl
no REsp 1281027-SP (Info 516).
Para respeitar o princípio da anterioridade basta a publicação da lei ou é preciso que ela esteja em
vigor? Em outras palavras, haveria crime na vacatio legis? NÃO! O princípio só incide após a entrada em vigor da
lei. Não há crime se ocorreu durante a vacatio.
Não há crime na conduta que prejudica somente quem a praticou. Esse é o fundamento para que o
ordenamento jurídico não puna autolesão. O crime exige intersubjetividade, isto é, que a conduta ultrapasse a
pessoa do agente. Ex.: art. 28 da Lei de drogas “crime do usuário” CUIDADO! O uso da droga, por si só, não é
crime. O que o dispositivo incrimina é o porte da droga (“adquirir, guardar, ter em depósito, transportar”). O
núcleo de proteção da lei é a saúde pública.
Origem no direito espanhol. Tem aplicação principalmente nos crimes de trânsito. Quem respeita as
regras da vida em sociedade, tem o direito de confiar que as demais pessoas também respeitarão tais regras.
Confio que o sinal verde me garante que ninguém vem ultrapassando o sinal vermelho. Limitador do dever de
cuidado.
Não poder ser considerado criminoso o comportamento que, embora tipificado em lei, não afronte o
sentimento social de justiça. Ex.: Trotes acadêmicos moderados, a circuncisão (formalmente é lesão corporal).
Não se confunde com a teoria social da conduta, que é um elemento do fato típico.
Apareceu em 1789 na França na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. A lei só deve
prever as penas estritamente necessárias. A lei só deve prever as condutas estritamente necessárias. Nos dias
atuais, o Direito Penal só é legitimo quando utilizado em casos excepcionais, ou seja, quando outros ramos dos
direitos não forem suficientes na tutela de determinados bens. É o Princípio da necessidade do Direito Penal,
que é o fundamento do Direito Penal Mínimo.
#OBS.: Relação entre reserva legal e intervenção mínima: embora o princípio da reserva legal tenha sido uma
grande conquista do homem, hoje ele não se sustenta sozinho. A intervenção mínima veio como um reforço, um
complemento à reserva legal. Não é porque o legislador tem a lei que ele pode incriminar deliberadamente
qualquer comportamento. Ex: sorrir por mais de dez segundos é crime. Obedece ao princípio da reserva legal.
3
A seguinte assertiva foi considerada incorreta (TJPR – 2017): A venda de CDs e(ou) DVDs pirateados é uma prática
amplamente tolerada pela população, implicando a atipicidade material da conduta com base no princípio da adequação
social.
16
#OBS.: Quem são os destinatários? O legislador - recomenda moderação na criação de crimes e cominação de
penas - e o aplicador do direito – principalmente o juiz, mas não apenas o juiz. Só aplique a lei quando for
realmente necessário. Pode constatar que o caso pode ser resolvido por outro ramo do direito.
(1) fragmentariedade/caráter fragmentário do Direito Penal: o DP é a última fase, a última etapa, grau de
proteção do bem jurídico. Manifesta-se em abstrato (destina-se ao legislador) quando afirma que apenas
quando os demais ramos do direito não mais tutelarem com eficácia determinado bem, o DP deve ter lugar. Ex:
art. 311-A - crime de fraude em concurso. Dentro do Universo da ilicitude, apenas alguns fragmentos são ilícitos
penais.
Nem tudo que é ilícito gera é ilícito penal, mas tudo o que é ilícito penal também é ilícito nos demais ramos do
Direito. Nem toda ofensa ao direito de propriedade é furto, mas todo furto também é um ilícito civil.
#OBS.: Fragmentariedade às avessas. Ocorre quando a conduta perde seu caráter penal. Em outras palavras, o
crime deixa de existir, pois a incriminação se torna desnecessária. Os demais ramos do Direito já resolvem o
problema. Ex.: Adultério.
(2) subsidiariedade: fala-se que o direito penal é um executor de reserva. O DP só pode agir no caso concreto
quando o problema não puder ser solucionado pelos demais ramos do Direito. O estrago causado pelo DP é
muito grande. Antecedentes, as penas, o próprio processo penal.
Ele fica de prontidão, esperando eventual intervenção. A subsidiariedade ocorre no plano concreto, ou seja, tem
como destinatário o aplicador do Direito. O crime já existe, mas precisamos saber se a aplicação da lei penal é
17
necessária no caso concreto. Ex.: 80% dos inquéritos que apuram crime de estelionato são arquivados. O Direito
Civil acaba resolvendo.
#OBS.: Há alguns autores que invertem e falam que fragmentariedade é em concreto e a subsidiariedade em
abstrato, mas acabam fugindo ao que a jurisprudência aplica, e ao que a doutrina alemã impõe.
Alguns chamam de razoabilidade (direito italiano) ou ainda em convivência das liberdades públicas
(direito norte-americano). No passado esse princípio tinha um único significado. Hoje mudou. O STF diz que o
princípio da proporcionalidade tem uma dupla face (Gilmar – direito alemão). De um lado a proporcionalidade é
uma proteção ao excesso (sempre se falou dessa face) - não se pode punir mais do que o necessário para a
proteção do bem jurídico.
*#OUSESABER #OLHAOGANCHO: O que se entende por garantismo penal integral? A expressão “garantismo
penal integral” foi cunhada por Douglas Fischer para demonstrar que o garantismo à luz da hermenêutica
constitucional, com seus consectários reflexos no Direito Penal e Processual Penal, tutela não apenas os direitos
individuais dos acusados, investigados ou processados na esfera criminal, devendo valorar todos os direitos e
deveres previstos na Constituição Federal. Isso porque os direitos fundamentais não preveem apenas uma
proibição de intervenção (proibição de excesso, übermassverbot), mas também uma vedação à omissão
(proibição da proteção deficiente, proibição da proteção insuficiente, untermassverbot). Dessa forma, o
garantismo penal integral ou proporcional é aquele que assegura os direitos do acusado, não permitindo
violações arbitrárias, desnecessárias ou desproporcionais, e, por outro lado, assegura a tutela de outros bens
jurídicos relevantes para a sociedade, em consonância com as duas vertentes do princípio da
proporcionalidade, incluindo a proibição do excesso (übermassverbot) e a proibição da proteção deficiente
(proibição da ineficiência, proibição da proteção insuficiente e untermassverbot). Assim, o garantismo divide-se
em: a) Garantismo negativo: visa frear o poder punitivo do Estado, ou seja, refere-se à proibição de excesso.
Trata-se de um modelo normativo que obedece à estrita legalidade voltado a minimizar a violência e maximizar
a liberdade, impondo limites à função punitiva do Estado. b) Garantismo positivo: visa fomentar a eficiente
intervenção estatal, ou seja, refere-se à proibição da intervenção estatal insuficiente (deficiente), bem como
evitar a impunidade. Assegura a proteção aos bens jurídicos de alta relevância social.
(1) legislativo: proporcionalidade abstrata. Ocorre no momento de cominação da pena a determinado crime. Há
uma seleção qualitativa (escolha da espécie de pena) e quantitativa (determinação das graduações – mínimo e
máximo). Na escolha de fatos a serem tipificados também (eu).
(2) jurisdicional: proporcionalidade concreta. Ocorre no momento de aplicação da pena pelo juiz. Pena base
4
A seguinte assertiva foi considerada correta (TJPR – 2017): A pena de dez a quinze anos de reclusão cominada ao crime de
ter em depósito, para venda, produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais de procedência ignorada é
flagrantemente inconstitucional, devendo ela ser substituída pela pena correspondente ao tráfico de entorpecentes.
20
art. 273 é CONSTITUCIONAL (RE 829226 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/02/2015; RE 844152 AgR, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 02/12/2014).
#DICA: Para fins de concurso, você deve estar atento para o modo como a pergunta será formulada. Se
indagarem a posição do STJ, é pela INCONSTITUCIONALIDADE. Se perguntarem sobre o STF, este possui
precedentes sustentando que o art. 273, § 1º-B, do CP é CONSTITUCIONAL. Caso o enunciado não diga qual
dos dois entendimentos está sendo exigido, assinale a posição STJ porque esta foi divulgada em Informativo e é
mais conhecida.
STJ. Corte especial. AI no HC 239.363-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/2/2015 (Info 559).
Só há crime quando a conduta é capaz de lesionar, ou ao menos de colocar em perigo de lesão, o bem
jurídico penalmente protegido. Este princípio vai se relacionar de maneira muito íntima com o princípio da
exclusiva proteção do bem jurídico. Legislador – não pode criar tipos penais que, do ponto de vista social, já
foram consagrados como inofensivos. Aplicador - mesmo orientação, mesmo quando haja lei formal.
Celso de Melo no julgamento dos membros dos homossexuais militares – “o Direito Penal moderno é o
direito penal da proteção do bem jurídico”. A única função legitima no DP nos dias atuais é a proteção do bem
jurídico. Qualquer outra fundamentação (vingança, ética, moral, filosófica, religiosa) não pode servir de
substrato para a utilização do DP. O DP não deve se ocupar de questões éticas, morais, religiosas, etc. É
diferente do princípio da alteridade, onde há a proteção de um bem jurídico, mas não é possível incriminar
atitudes puramente subjetivas, ou seja, aquelas que não lesionem bens alheios.
#OBS.: E o que são bens jurídicos? São valores ou interesses relevantes para a manutenção e o
desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. Nem todo bem jurídico é bem jurídico penal. Quais são os bens
jurídicos penais? A seleção de bens jurídicos penais é feita pela CF. É o que se chama de Teoria Constitucional do
Direito Penal. O DP só é legítimo quando protege valores consagrados na CF.
#OBS.: o que é a espiritualização dos bens jurídicos? Na sua origem o DP só se preocupava com os crimes de
dano em proteção aos bens jurídicos individuais. Com a sua evolução, o DP também passou a se preocupar com
os crimes de perigo “Direito Penal do perigo ou risco” e os crimes envolvendo bens jurídicos difusos. Ocorreu o
que se chama de antecipação da tutela penal. O DP não mais espera que o dano ocorra. Ex.: crimes ambientais.
Quando o DP antecipou essa tutela ocorreu o que ROXIN chamou de Espiritualização, Desmaterialização ou
Liquefação de bens jurídicos.
21
#UMPOUCODEDOUTRINA: Com a evolução dos tempos, e visando a antecipação da tutela penal, pois assim
mostrou-se possível a prevenção de lesões às pessoas, o Direito Penal passou a também se preocupar com
momentos anteriores ao dano, incriminando condutas limitadas à causação do perigo (crimes de perigo
concreto e abstrato), ou seja, à exposição de bens jurídicos – notadamente de natureza transindividual – à
probabilidade de dano. Exemplificativamente, surgiram crimes ambientais, pois é sabido que a manutenção do
meio ambiente sadio e equilibrado é imprescindível à boa qualidade de vida, e do interesse das presentes e
futuras gerações, nos moldes do art. 225, caput, da Constituição Federal. Para o Supremo Tribunal Federal: A
criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional por parte do
legislador penal. A tipificação de condutas que geram perigo em abstrato, muitas vezes, acaba sendo a melhor
alternativa ou a medida mais eficaz para a proteção de bens jurídico-penais supraindividuais ou de caráter
coletivo, como, por exemplo, o meio ambiente, a saúde etc. Portanto, pode o legislador, dentro de suas amplas
margens de avaliação e de decisão, definir quais as medidas mais adequadas e necessárias para a efetiva
proteção de determinado bem jurídico, o que lhe permite escolher espécies de tipificação próprias de um
direito penal preventivo.
#APROFUNDAMENTO: Pelo que é possível extrair do ordenamento jurídico brasileiro a premissa de que toda
conduta penalmente típica só é penalmente típica porque significante, de alguma forma, para a sociedade e a
própria vítima. É falar: em tema de política criminal, a Constituição Federal pressupõe lesão significante a
interesses e valores (os chamados “bens jurídicos”) por ela avaliados como dignos de proteção normativa.
O princípio da exclusiva proteção do bem jurídico não se confunde com o princípio da alteridade.
EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO: naquele, por sua vez, não há interesse legítimo a ser protegido
pelo Direito Penal, pois já há proteção no ordenamento.
O direito penal do fato se ocupa do fato praticado pelo agente, pouco importando suas condições sociais,
o que interessa é o que ele fez ou deixou de fazer. Direito penal do autor é aquele que vai rotular, estereotipar
determinados grupos de pessoas. Leva em conta a figura do agente. O exemplo histórico foi o direito penal da
Alemanha nazista. Tribunal de Nuremberg. O Direito Penal do Inimigo é o exemplo moderno do Direito Penal do
autor. Não se admite o DP do autor, pois viola o princípio da isonomia.
#OBS.: Reincidência – é uma agravante genérica. Será que não é um resquício do DP do autor? RE 453.000/RS
(informativo 700). O STF decidiu por unanimidade que é constitucional, pois seria compatível com o DP do fato,
22
pois praticou um fato e foi condenado e agora praticou outro fato, o que justifica uma punição mais severa. O
STF está estudando a possibilidade de súmula vinculante sobre o assunto.
*#OUSESABER: O que se entende por crimigração? A crimigração consiste na criminalização de imigrantes e das
questões relacionadas à imigração. Trata-se de um direcionamento das normas penais em desfavor do
fenômeno humano da imigração. A Crimigração é um fenômeno global, muito frequente nos EUA e na Europa,
mormente em razão dos graves fluxos migratórios recentes. O Brasil não fica isento a tal contexto, tendo suas
características peculiares. O reconhecimento da crimigração é fundamental para se perceber a perda
progressiva de direitos de pessoas pela simples condição de serem migrantes, ou seja, como uma
manifestação de um Direito Penal voltado contra pessoas (Direito Penal do Autor) e não contra fatos. O tema
é relevante para a DPU, principalmente, em razão da criminalização de pequenos traficantes internacionais de
drogas, muitas vezes, impulsionados por situações de grave vulnerabilidade em seus países de origem como
“guerras civis” ou “desastres naturais”, são as chamadas “mulas do tráfico”.
Veda a dupla punição pelo mesmo fato. Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. EX.: Art.
123 Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Pode aplicar a
agravante genérica de crime contra descendente? E de crime contra a criança? NÃO! NÃO! O fato de a vítima
ser filha da agente já é elementar do crime. Esse filho obrigatoriamente é uma criança. São duas elementares do
crime.
#OBS.: Súmula 241 do STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial. Se o sujeito só apresenta uma única condenação definitiva
anterior ela será usada como reincidência e não poderá figurar TAMBÉM como circunstância judicial
desfavorável. Pode haver duas ações, em searas judiciais diversas, pelo mesmo fato, desde que as imputações
sejam diversas.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A circunstância judicial “conduta social”, prevista no art. 59 do
Código Penal, representa o comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de trabalho e no
relacionamento com outros indivíduos. Os antecedentes sociais do réu não se confundem com os seus
antecedentes criminais. São circunstâncias distintas, com regramentos próprios. Assim, não se mostra correto o
magistrado utilizar as condenações anteriores transitadas em julgado como “conduta social desfavorável”. Não
é possível a utilização de condenações anteriores com trânsito em julgado como fundamento para negativar a
conduta social. STF. 2ª Turma. RHC 130132, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/5/2016 (Info 825). STJ. 5ª
Turma. HC 475.436/PE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/12/2018. STJ. 6ª Turma. REsp 1.760.972-MG,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/11/2018 (Info 639).
23
Circunstâncias judiciais ou inominadas - 1ª fase - não podendo fugir do mínimo e do máximo de pena
cominada pela lei àquele tipo penal. Circunstâncias atenuantes e agravantes - 2ª fase não poderá
ultrapassar os limites do mínimo e do máximo legal. As circunstâncias agravantes somente serão aplicadas
quando não constituem elementar do crime ou os qualifiquem. Causas de aumento e diminuição - 3ª
fase: As causas de aumento e diminuição podem tanto estar previstas na Parte Geral do Código Penal
quanto na Parte Especial. Elas são causas que permitem ao magistrado diminuir aquém do mínimo legal
bem como aumentar além do máximo legal. O STF (RE 453.000/RS) também disse que reincidência não é
bis in idem, por não se tratar do mesmo crime.
Art. 19 Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos
culposamente.
A Doutrina apresenta dois resquícios da responsabilidade penal objetiva: (1) a rixa qualificada; e (2)
embriaguez voluntária ou culposa. Teoria da actio libera in causa (A teoria da actio libera in causa é aquela em
que o agente, conscientemente, põe-se em estado de inimputabilidade, seja com intenção de cometer crime –
preordenada – ou não – voluntária. Considera-se como marco da imputabilidade penal o período anterior à
embriaguez.)
(1) art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores. Pena - detenção, de quinze dias a dois
meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo
fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
(2) Art. 28, II Não excluem a imputabilidade penal: II. A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
substância de efeitos análogos. (A pessoa não tinha nem consciência do que fazia, mas responde).
Tem origem no Direito Romano, do brocado de minimus non curat praetor - os pretores não cuidam do que
é mínimo. Era do D civil. No DP surge em 1970- Claus Roxin – o DP não deve se ocupar de condutas
insignificantes, incapazes de lesar ou pelo menos de colocar em perigo o bem jurídico protegido pela lei penal.
Ele princípio guarda uma estreita relação com o funcionalismo penal e Roxin é um dos grandes nomes do
funcionalismo. Roxin diz que mais que um princípio é uma medida de política criminal.
#OBS.: Autoridade policial pode aplicar o princípio da insignificância? Para o STJ só o juiz pode. HC
154.949/MG. PENAL. HABEAS CORPUS. FURTO. IRRELEVÂNCIA PENAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
RESISTÊNCIA. ALEGAÇAO DE POSSIBILIDADE DE ABSOLVIÇAO DO CRIME DE RESISTÊNCIA ANTE A ATIPICIDADE
DA CONDUTA DE FURTO. IMPOSSIBILIDADE. ATO LEGAL DE AUTORIDADE. Para Kléber e para concursos
policiais, a autoridade policial pode aplicar o princípio da insignificância, principalmente para analisar a
legalidade da prisão em flagrante.
Pontes diz que é o grupo, família, categoria que pertencente determinado instituto do direito. A NJ é
de uma causa de exclusão de tipicidade que não é prevista em lei (supralegal).5 A tipicidade penal é formal e
material. A formal é o juízo de adequação entre o fato e a norma. O fato praticado na vida real se amolda ao
modelo de crime tipificado. A material é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico, não bastando que o fato se
encaixe na norma, ele em que ser capaz de lesionar o bem. Na aplicação do princípio da insignificância não há
tipicidade material. O STF disse que esse princípio realiza uma interpretação restritiva da lei penal, diminuindo o
alcance da lei penal, para ao banalizar a lei penal. STF – mesmo após o trânsito pode ser reconhecida a
atipicidade. Pode ser conhecida de ofício, por meio de HC.
5
Atenção: A banca CESPE considerou INCORRETA a seguinte assertiva: “Os princípios da insignificância e da irrelevância
penal do fato não contam com previsão expressa no direito penal brasileiro”, por entender que AMBOS estariam previstos
no art. 59 CP. Então, #SELIGA, afinal: manda quem pode; obedece quem tem juízo e quer passar.
25
Tipicidade material é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. É a lesão (a subtração do copo de água tem
tipicidade formal, mas não tem tipicidade material, porque não coloca em risco o patrimônio da pessoa, não
provoca grande lesão a ninguém. É, portanto, causa de exclusão da tipicidade, porque falta a tipicidade
material).
- No princípio da insignificância, o fato tem tipicidade formal, entretanto falta a tipicidade material.
Se o fato for penalmente insignificante significa que não lesou nem causou perigo de lesão ao bem
jurídico. Logo, aplica-se o princípio da insignificância e o réu é absolvido por atipicidade material, com
fundamento no art. 386, III do CPP. O princípio da insignificância atua, então como um instrumento de
interpretação restritiva do tipo penal.
Esse princípio é muito usado no Brasil e vem ganhando cada vez espaço. A jurisprudência tanto do STF e
quanto do STJ são unânimes em admitir o princípio da insignificância. Ministério Público também aceita essa
aplicação.
*#SELIGANATABELA:
INFRAÇÃO BAGATELAR PRÓPRIA6 INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA
= PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA = PRINCÍPIO DA IRRELEVÂNCIA PENAL DO FATO
A situação nasce penalmente relevante. O fato é
típico do ponto vista formal e material.
A situação já nasce atípica. O fato é atípico por
Em virtude de circunstâncias envolvendo o fato e o
atipicidade material.
seu autor, consta-se que a pena se tornou
desnecessária.
O agente tem que ser processado (a ação penal deve
O agente não deveria nem mesmo ser processado já ser iniciada) e somente após a análise das
que o fato é atípico. peculiaridades do caso concreto, o juiz poderia
reconhecer a desnecessidade da pena.
Não tem previsão legal no direito brasileiro. Está previsto no art. 59 do CP.
*#AJUDAMARCINHO: Infração bagatelar imprópria é aquela que nasce relevante para o Direito penal, mas
depois se verifica que a aplicação de qualquer pena no caso concreto apresenta-se totalmente desnecessária
(GOMES, Luiz Flávio; Antonio Garcia-Pablos de Molina. Direito Penal Vol. 2, São Paulo: RT, 2009, p.305)”. EM
OUTRAS PALAVRAS, O FATO É TÍPICO, TANTO DO PONTO DE VISTA FORMAL, COMO MATERIAL. No entanto,
em um momento posterior à sua prática, percebe-se que não é necessária a aplicação da pena. Logo, A
REPRIMENDA NÃO DEVE SER IMPOSTA, DEVE SER RELEVADA (assim como ocorre nos casos de perdão judicial).
Segundo LFG, a INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA possui um fundamento legal no direito brasileiro. Tratase
6
Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/01/ebook-princc3adpio-da-insignificc3a2ncia-vf.pdf
26
do art. 59 do CP que prevê que o juiz deverá aplicar a pena “conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime”.
Ex.: João praticou um crime. E o que ocorreu após a prática do crime? O réu casou, teve filhos, tem uma
empresa com 50 funcionários? Da data em que o crime foi praticado até a data da sentença, o juiz conclui que a
pena não é necessária. A bagatela imprópria se ASSEMELHA ao perdão judicial (art. 107, IX). O perdão judicial é
causa extintiva da punibilidade, que só é admitida nos casos expressamente previstos em lei. Ex. de mãe que
deixa filho dentro do carro e ele morre asfixiado. O fundamento é o mesmo, só que o perdão judicial está
duplamente previsto em lei, tanto ele como instituto como as hipóteses legais em que ele incide.
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: IX - Pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
*#IMPORTANTE: O fato de os delitos terem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos
efeitos do perdão judicial concedido para um dos crimes, se não restou comprovada, quanto ao outro, a
existência do liame subjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal. Ex: o réu, dirigindo seu veículo
imprudentemente, causa a morte de sua noiva e de um amigo; o fato de ter sido concedido perdão judicial para
a morte da noiva não significará a extinção da punibilidade no que tange ao homicídio culposo do amigo. STJ. 6ª
Turma. REsp 1.444.699-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 1/6/2017 (Info 606).
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDENCIA #STJ: Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e
de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a
teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130,
ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.688.878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
28/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 622). STF. 1ª Turma. HC 137595 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
em 07/05/2018. STF. 2ª Turma. HC 155347/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli, julgado em 17/4/2018 (Info 898).
Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor pecuniário de associação sem
fins lucrativos com o induzimento de filho menor a participar do ato. STJ. 6ª Turma. RHC 93.472-MS, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/03/2018 (Info 622) #IMPORTANTE
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDÊNCIA #STF: Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes
tributários e descaminho? 20 mil reais (tanto para o STF como para o STJ) Incide o princípio da insignificância
aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações
efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo). STF. 1ª Turma. HC 127173, Rel. Min.
Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão: Min. Roberto Barroso, julgado em 21/03/2017.
#CASCADEBANANA #CUIDADO: Neste informativo 897, a 1ª Turma do STF afirmou que esse parâmetro de 20
mil reais não poderia produzir efeitos penais em virtude do princípio da independência das instâncias:
Asseverou que a lei que disciplina o executivo fiscal não repercute no campo penal. Tal entendimento, com
27
maior razão, deve ser adotado em relação à portaria do Ministério da Fazenda. STF. 1ª Turma. HC 128063, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 10/4/2018 (Info 897). Este precedente, contudo, não é a posição majoritária,
não sendo recomendável a sua adoção em provas.
* #AJUDAMARCINHO: Diante disso, muitos leitores indagaram: o que fazer agora? Houve mudança de
entendimento do STF? O STF deixou de aplicar o limite de 20 mil reais da Portaria 75/2012? NÃO. De fato, este
julgado (HC 128063) vai contra aquilo que o STF vinha decidindo há anos sobre o tema. Isso não significa,
contudo, que o STF tenha mudado de posição. O que houve, no presente caso, foi uma decisão isolada
decorrente de uma ausência temporária de dois Ministros na Turma.
* #DEOLHONOCENÁRIO #POLÊMICA: Ei, psiu: o que você precisa entender é que esse julgado não representa,
por enquanto, mudança de entendimento do STF.
2.14.3 Requisitos
(1) Objetivos – VETORES (diz respeito ao FATO – não escrever crime, pois exclui a tipicidade – praticado): são
requisitos muito próximos que precisam ser avaliados no caso concreto – furtar carneiro para churrasco de um
produtor rural humilde – não aplica; sonegação de imposto- sim pelo grande patrimônio do Brasil . Nem o STF
consegue conceituar bem esses requisitos. Eles caminham na mesma direção, aduzindo que o fato não tem
relevância penal. Idealizados pelo Ministro Celso de Mello:
Importância do bem para a vítima. Leva em consideração a extensão do dano e o valor sentimental do
bem. STF: furtaram uma bicicleta, mas era o meio de transporte da família. Essa importância é econômica,
sentimental. “Disco de ouro” de Elimar Santos.
Condições do agente. Será que o reincidente tem direito ao princípio da insignificância? STJ – SIM. STF –
NÃO. O STF entende que o princípio da insignificância por ser política criminal, não deve ser aplicado a
quem transgride constantemente a lei penal. Usar o posicionamento do STF para o MP e do STJ para a DP.
Para o STJ pelo princípio ter excluído a tipicidade. Na segunda fase é que se analisa a reincidência. A
reincidência não atinge a tipicidade. Obs.: Criminoso habitual é aquele que faz da prática de crimes o seu
meio de vida: NÃO! STF e STJ.
#ATENÇÃO #POLÊMICA: É possível aplicar o princípio da insignificância em favor de um réu reincidente ou que
já responda a outros inquéritos ou ações penais? É possível aplicar o princípio da insignificância em caso de
furto qualificado? O Plenário do STF, ao analisar o tema, afirmou que não é possível fixar uma regra geral (uma
tese) sobre o assunto. A decisão sobre a incidência ou não do princípio da insignificância deve ser feita caso a
caso. Apesar disso, na prática, observa-se que, na maioria dos casos, o STF e o STJ negam a aplicação do
princípio da insignificância caso o réu seja reincidente ou já responda a outros inquéritos ou ações penais. De
igual modo, nega o benefício em situações de furto qualificado. STF. Plenário. HC 123108/MG, HC 123533/SP e
HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 3/8/2015 (Info 793).
#ATENÇÃO #MP #DP Se você estiver fazendo uma prova prática ou oral da Defensoria ou do Ministério Público,
pode optar por expor a divergência existente na jurisprudência e posicionar-se defendendo a “tese
institucional”. Para isso precisará apresentar argumentos:
É possível a aplicação do princípio da insignificância em favor de réus reincidentes ou que respondam a outros
inquéritos ou ações penais?
Defensoria: SIM MP: NÃO
Se o fato é insignificante, é porque não há tipicidade Se o réu é reincidente em práticas delituosas essa
30
material. Ora, não pode um fato ser considerado circunstância revela clara demonstração de que ele é
atípico para o réu se ele for primário e esse mesmo um infrator contumaz e com personalidade voltada à
fato ser reputado como típico se o acusado for prática delitiva.
reincidente. Ou o fato é típico, ou não é, não A lei seria inócua se fosse tolerada a reiteração do
importando as condições pessoais do agente, mesmo delito, seguidas vezes, em frações que,
considerando que estamos analisando o “fato” isoladamente, não superassem certo valor tido por
criminoso. insignificantes, mas o excedente na soma. E mais:
Assim, para a incidência do princípio da seria verdadeiro incentivo ao descumprimento da
insignificância, devem ser examinadas as norma legal, mormente tendo em conta aqueles que
circunstâncias objetivas em que se deu a prática fazem da criminalidade um meio de vida.
delituosa, o fato em si, e não os atributos inerentes O princípio da insignificância não pode ser acolhida
ao agente. para resguardar e legitimar condutas desvirtuadas,
Se forem analisadas as condições subjetivas do réu mas para impedir que desvios de conduta ínfimos,
para se aplicar ou não o princípio, estará sendo dada isolados, sejam sancionados pelo direito penal,
prioridade ao direito penal do autor em detrimento fazendo-se justiça no caso concreto. O fato de haver
do direito penal do fato. outras condenações, ações penais ou inquéritos
As condições pessoas do autor somente devem ser revela, assim, a reprovabilidade e ofensividade da
aferidas quando da fixação da eventual e futura conduta, vedando a aplicação da insignificância.
pena.
*#Súmula 606-STJ: não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal de
internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97.
#DIZERODIREITO: o professor Márcio Cavalcante ensina que, apesar de haver um julgado em sentido contrário,
o entendimento que prevalece no STF é o mesmo do STJ. O desenvolvimento clandestino de atividade de
transmissão de sinal de internet, via rádio, comunicação multimídia, sem autorização do órgão regulador,
caracteriza, por si só, o tipo descrito no artigo 183 da Lei nº 9.472/97, pois se trata de crime formal, inexigindo,
destarte, a necessidade de comprovação de efetivo prejuízo. STF. 1ª Turma. HC 152118 AgR, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 07/05/2018.
2.14.4 Aplicabilidade
É aplicável a todo e qualquer crime que seja com ele compatível e não somente aos crimes patrimoniais.
Crime de Furto: Furto insignificante (fato atípico) x Furto privilegiado (há crime art. 155, §2º) - Se o
criminoso é primário, e é de pequeno valor (até um salário mínimo – jurisprudência) a coisa furtada, o juiz
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
7
#FICADEOLHO: Caiu na 2ª fase da DPU – 2017 (CESPE).
32
pena de multa. Não pode ter por parâmetro o valor da res furtiva (coisa subtraída), devendo ser analisadas
as circunstancias do fato e o reflexo da conduta do agente no âmbito da sociedade.
o Não se aplica ao: Furto durante o repouso noturno; furto de água potável mediante ligação
clandestina; furto de coisas para trocá-las por drogas; a restituição do bem à vítima não afasta o crime
*; Furto qualificado.
Ex.: furto de um relógio que custa 500 reais. Ex.: furto de um relógio que custa 90 reais.
Crimes tributários – descaminho (apesar de estar no CP é crime tributário) quando o valor do tributo
devido não ultrapassa 10.000 reais.
Art. 20 da Lei 10.522/2001 Serão arquivados, sem baixa na distribuição (significa que essa dívida não é excluída.
Se passar de dez mil ele ajuíza a ação), mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos
das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00.
* #AJUDAMARCINHO8 #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
O princípio da insignificância pode ser aplicado no caso de crimes tributários e no descaminho?
SIM. É plenamente possível que incida o princípio da insignificância tanto nos crimes contra a ordem tributária
previstos na Lei nº 8.137/90 como também no caso do descaminho (art. 334 do CP).
O descaminho é também considerado um crime contra a ordem tributária, apesar de estar previsto no art. 334
do Código Penal e não na Lei nº 8.137/90.
Existe algum limite máximo de valor para que possa ser aplicado o princípio da insignificância nos crimes
tributários?
8
Texto retirado do seguinte site: http://www.dizerodireito.com.br/2018/03/qual-e-o-valor-maximo-
considerado.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+com%2FrviB+%28Dizer+o+Dir
eito%29.
33
SIM. A jurisprudência criou a tese de que nos crimes tributários, para decidir se incide ou não o princípio da
insignificância, será necessário analisar, no caso concreto, o valor dos tributos que deixaram de ser pagos.
O tema foi decidido sob a sistemática do recurso repetitivo e fixou-se a seguinte tese: Incide o princípio da
insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não
ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com
as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp
1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo).
Em suma, qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho?
Tanto para o STF como o STJ: 20 mil reais (conforme as Portarias 75 e 132/2012 do MF).
Esse valor deve ser calculado quando? No momento da sentença, ele deve ser atualizado com juros e correção
monetária para saber se passa do teto de R$ 20 mil?
35
NÃO. Para se verificar a insignificância da conduta, deve-se levar em consideração o valor do crédito tributário
apurado originalmente no procedimento de lançamento.
Assim, os juros, a correção monetária e eventuais multas de ofício que incidem sobre o crédito tributário
quando ele é cobrado em execução fiscal não devem ser considerados para fins de cálculo do princípio da
insignificância. STJ. 5ª Turma. RHC 74.756/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/12/2016.
Para o STF é possível aplicar o novo limite (de 20 mil reais) mesmo que o fato tenha ocorrido antes da Portaria
75/2012?
SIM. Para o STF, o limite imposto por essa portaria (20 mil reais) pode ser aplicado de forma retroativa para
fatos anteriores à sua edição considerando que se trata de norma mais benéfica (STF. 2ª Turma. HC 122213, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 27/05/2014).
Esse valor é considerado insignificante tanto no caso de crimes envolvendo tributos federais, como também
estaduais e municipais?
NÃO. Esse parâmetro vale, a princípio, apenas para os crimes que se relacionam a tributos federais,
considerando que é baseado no art. 20 da Lei n.° 10.522/2002, que trata dos tributos federais. Assim, esse é o
valor que a União considera insignificante.
Para fins de crimes de sonegação fiscal que envolvam tributos estaduais ou municipais, deve ser analisado se há
lei estadual ou municipal dispensando a execução fiscal no caso de tributos abaixo de determinado valor. Esse
será o parâmetro para a insignificância. Veja como decidiu o STJ:
(...) 4. Para a aplicação do referido entendimento aos tributos que não sejam da competência da União, seria
necessária a existência de lei estadual no mesmo sentido, até porque à arrecadação da Fazenda Nacional não se
equipara a das Fazendas estaduais. Precedentes e doutrina.
5. Inviável a aplicação do referido entendimento ao caso em análise, no qual o paciente foi denunciado por, em
tese, suprimir o valor de R$ 819,00 (oitocentos e dezenove reais) de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS), de competência dos estados, de acordo com o art. 155, II, da Constituição Federal.
6. Um dos requisitos indispensáveis à aplicação do princípio da insignificância é a inexpressividade da lesão
jurídica provocada, que pode se alterar de acordo com o sujeito passivo, situação que reforça a impossibilidade
de se aplicar referido entendimento de forma indiscriminada à sonegação dos tributos de competência dos
diversos entes federativos da União. (...) STJ. 6ª Turma. HC 165003/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
em 20/03/2014 (Info 540).
Por que se aplica o princípio da insignificância para o descaminho, mas não para o contrabando?
No delito de contrabando, o objeto material sobre o qual recai a conduta criminosa é a mercadoria PROIBIDA
(proibição absoluta ou relativa). Em outras palavras, o objetivo precípuo dessa tipificação legal é evitar o
fomento de transporte e comercialização de produtos proibidos por lei.
No contrabando não se cuida, tão somente, de sopesar o caráter pecuniário do imposto sonegado, mas
principalmente, de tutelar, entre outros bens jurídicos, a saúde pública.
Em suma, no contrabando, o desvalor da conduta é maior, razão pela qual se deve afastar a aplicação do
princípio da insignificância. Veja:
O princípio da insignificância não incide na hipótese de contrabando de cigarros, tendo em vista que “não é o
valor material que se considera na espécie, mas os valores ético-jurídicos que o sistema normativo-penal
resguarda. STF. 2ª Turma. HC 118.359, Min. Cármen Lúcia, DJ 11/11/2013.
Em sede de contrabando, ou seja, importação ou exportação de mercadoria proibida, em que, para além da
sonegação tributária há lesão à moral, higiene, segurança e saúde pública, não há como excluir a tipicidade
material tão-somente à vista do valor da evasão fiscal, ainda que eventualmente possível, em tese, a exclusão
do crime, mas em face da mínima lesão provocada ao bem jurídico ali tutelado, gize-se, a moral, saúde, higiene
e segurança pública. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1418011/PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
em 03/12/2013.
*Crimes ambientais: Tribunais Superiores passaram a aplicar. É possível aplicar o princípio da insignificância
para crimes ambientais. Ex: pessoa encontrada em uma unidade de conservação onde a pesca é proibida,
com vara de pescar, linha e anzol, conduzindo uma pequena embarcação na qual não havia peixes. STF. 2ª
Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816).
9
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=347409.
38
detenção em regime aberto e ao pagamento de 10 dias-multa. A pena privativa de liberdade foi substituída por
duas penas restritivas de direito. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) deu parcial provimento à
apelação da defesa apenas para reduzir o valor unitário do dia-multa. Em seguida, foi interposto recurso
especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas aquela corte rejeitou o recurso. Contra essa decisão, foi
impetrado o HC 137652. No STF, a Defensoria Pública sustentou a aplicação do princípio da insignificância ao
caso concreto. Alegou que a conduta do condenado apresentou “mínima ofensividade na seara penal com
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente ante à lesão jurídica provocada”. Nesse sentido,
salientou que os fiscais do Ibama não apreenderam peixes nem petrechos de pesca não autorizados na posse do
condenado. De acordo com o relator, ministro Luís Roberto Barroso, não há ilegalidade flagrante ou abuso de
poder que autorize a imediata aplicação do princípio da insignificância penal no caso concreto, “especialmente
porque o direito penal não deve passar o sinal errado de que os crimes ambientais são menos importantes do
que outros”. Para ele, na hipótese, a insignificância penal da conduta funcionaria como “um indesejável
incentivo à prática de novos delitos”. O ministro acolheu a linha do parecer da Procuradoria-Geral da República
(PGR) segundo o qual o princípio da insignificância é inaplicável, considerando que a conduta descrita nos autos
é potencialmente lesiva ao meio ambiente. A PGR considerou que, ao contrário do que alegado no HC, a falta de
apreensão de peixes ou petrechos pelos fiscais não é suficiente para concluir pela inexpressividade da lesão
jurídica provocada. “O paciente, pescador profissional, foi flagrado junto a outros três indivíduos, por três vezes
consecutivas, em embarcação motorizada, praticando pesca em local proibido e com redes de arrasto de
fundo”, verificou. Ainda nos termos do parecer, como registrado pelas instâncias ordinárias, a pesca em local
proibido caracteriza atividade predatória que acarreta sérios danos aos ciclos de reprodução da espécie “e
culmina por lesionar, em cadeia, todo o ecossistema”. “Por sua vez, o uso de rede de arrasto pode causar
impactos ambientais relevantes na medida em que implica a captura de grandes quantidades de espécies –
visadas e não visadas pelo agente –, bem como na destruição de vegetação aquática submersa, principalmente
em se tratando de leitos de águas rasas, como é o caso do Estuário Lagoa dos Patos”, avaliou.
*#DEOLHONAJURIS #STF: O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c
parágrafo único, II, da Lei 9.605/98: Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares
interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: II - pesca quantidades superiores às
permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;
Caso concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de método não
permitido. STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 891).
Obs.: apesar de a redação utilizada no informativo original ter sido bem incisiva (“O princípio da bagatela não se
aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98”), existem julgados tanto do
39
STF como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da insignificância para o delito de pesca ilegal. Deve-
se ficar atenta(o) para como isso será cobrado no enunciado da prova.
Crimes patrimoniais. Existe teto? A jurisprudência tem girado em torno de 20% do salário mínimo. Não tem
lógica, que um crime de vitimização difusa, como o tributário, tenha um valor maior que os individuais.
Lesão corporal;
Roubo ou crimes praticados com violência ou grave ameaça à pessoa – porque se trata de um delito
complexo que envolve patrimônio, grave ameaça e a integridade física e psíquica da vítima.
Crimes sexuais;
Crime militar – hoje o STF não admite mais o princípio da insignificância, em razão da hierarquia da disciplina.
*#OUSESABER: Com relação a essa questão, o Superior Tribunal Militar, bem como o STF, tem rechaçado a
aplicação do princípio da insignificância no âmbito da Justiça Militar. Ocorre que, em relação à bagatela
imprópria, há decisão do STM aplicando-a. No caso julgado, um militar recebeu um telefonema da mãe avisando
que precisava de dinheiro para comprar um medicamento para o pai, recém-operado da perna. Após ter tentado
conseguir, em vão, um empréstimo com os colegas, o rapaz aproveitou-se do descuido de outro soldado que
havia deixado o armário aberto e furtou R$ 120 de dentro de sua carteira. O acusado foi condenado pelo
Conselho de Justiça por furto simples. Ao apelar para o STM, em seu voto, a relatora do processo rejeitou o
princípio da insignificância, pois a jurisprudência da Corte é clara ao negar esse entendimento quando estão em
jogo valores fundamentais à vida militar. No entanto, a relatora absolveu o réu baseada em outra premissa: a de
que a condenação imposta ao rapaz com base na literalidade da lei seria desproporcional ao caso concreto,
aplicando a bagatela imprópria, entendimento seguido por seus colegas. Ao analisar o processo, a Ministra
apontou algumas características que o tornam especial: o militar confessou a prática do delito, restituiu
integralmente a quantia subtraída antes de ser ouvido no IP Militar e, posteriormente, teve sua conduta elogiada
pelos superiores. A relatora reconheceu nessa situação o princípio da bagatela imprópria ou da irrelevância penal
do fato, que resumiu em uma frase: “a justiça do caso concreto”. Nos dizeres de LFG: ”Infração bagatelar
imprópria: é a que nasce relevante para o Direito Penal (porque há desvalor da conduta bem como o desvalor do
resultado), mas depois se verifica que a incidência de qualquer pena no caso concreto apresenta-se totalmente
desnecessária (...)”
Tráfico de drogas. Trata-se de crime de perigo abstrato ou presumido e o bem jurídico protegido é a saúde
pública.
41
#CUIDADO! No crime do art.28 da Lei de Drogas – a primeira turma do STF em 2012, uma única vez, aplicou o
princípio da insignificância. HC 110.475/SC. PENAL. HABEAS CORPUS. ARTIGO 28 DA LEI 11.343/2006. PORTE
ILEGAL DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE. ÍNFIMA QUANTIDADE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE.
WRIT CONCEDIDO. Se a posse de droga for em estabelecimento militar não tem aplicação, de forma alguma.
Moeda Falsa. É crime contra a fé-pública, que é um bem inesgotável – falsificação de moeda coloca em
risco o próprio sistema financeiro;
Contrabando;
Estelionato Seguro-desemprego;
Súmula 574-STJ: Para a configuração do delito de violação de direito autoral e a comprovação de sua
materialidade, é suficiente a perícia realizada por amostragem do produto apreendido, nos aspectos externos do
material, e é desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou daqueles que os
representem.
VENDA DE DVD’S PIRATAS - Essa conduta amolda-se ao § 2o do art. 184 do CP: Violação de direito autoral Como
essa prática é cada vez mais comum, havendo, inclusive, “feiras” fiscalizadas pelo Poder Público onde esse
comércio ocorre livremente, a Defensoria Pública alegou que não haveria crime, com base no princi ́pio da
adequação social. Essa tese é acolhida pela jurisprudência?
NÃ O. Tanto o STF como o STJ entendem que é ti ́pica, formal e materialmente, a conduta de expor à venda CDs e
DVDs falsificados. Em suma, é crime.
O fato de, muitas vezes, haver tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática não significa que a
conduta não seja mais tida como ti ́pica, ou que haja exclusão de culpabilidade, razão pela qual, pelo menos até
que advenha modificação legislativa, incide o tipo penal, mesmo porque o próprio Estado tutela o direito
42
autoral. Não se pode considerar socialmente tolerável uma conduta que causa sérios prejui ́zos à indústria
fonográficas brasileira e aos comerciantes legalmente institui ́dos, bem como ao Fisco pelo não pagamento de
impostos. Nesse sentido: STF HC 98898, julgado em 20/04/2010.
Justamente para que não houvesse mais dúvidas, o STJ editou um enunciado:
Súmula 502-STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se ti ́pica, em relação ao crime previsto no artigo
184, parágrafo 2o, do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.
Também não se aplica o princi ́pio da insignificância ao crime de violação de direito autoral. Em que pese a
aceitação popular à pirataria de CDs e DVDs, com certa tolerância das autoridades públicas em relação a tal
prática, a conduta, que causa sérios prejui ́zos à indústria fonográfica brasileira, aos comerciantes legalmente
institui ́dos e ao Fisco, não escapa à sanção penal, mostrando-se formal e materialmente ti ́pica (STJ. 6a Turma.
AgRg no REsp 1380149/RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 27/08/2013).
A pena prevista para esse crime é de 2 a 4 anos. Trata-se de reprimenda desproporcional para esse tipo de
conduta? NÃ O. De acordo com o STJ, não há desproporcionalidade da pena prevista, pois o próprio legislador,
atento aos reclamos da sociedade que representa, entendeu merecer tal conduta pena considerável,
especialmente pelos graves e extensos danos que acarreta, estando geralmente relacionada a outras práticas
criminosas, como a sonegação fiscal e a formação de quadrilha (HC 191568/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta
Turma, julgado em 07/02/2013).10
Crime praticado reiteradas vezes: o princípio não é aplicável ao criminoso habitual (STF e STJ)
10
Mais comentários em: http://www.dizerodireito.com.br/2016/08/nova-sumula-574-do-stj-comentada.html
43
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de posse/porte de
droga para consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/2006). Para a jurisprudência, não é possível afastar a
tipicidade material do porte de substância entorpecente para consumo próprio com base no princípio da
insignificância, ainda que ínfima a quantidade de droga apreendida. STJ. 6a turma. RHC 35.920-DF, Rel. Min.
Rogério Schietti Cruz, j. em 20/5/2014.
#SELIGANASÚMULA #NÃOSABOTESÚMULAS:
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública. STJ.
Corte Especial. Aprovada em 20/11/2017.
* Apropriação indébita:
o STJ: APLICA.
O STJ já firmou o entendimento de que é possível a aplicação do princípio da insignificância ao
delito de apropriação indébita previdenciária, desde que o total dos valores retidos não
ultrapasse o valor utilizado pela Fazenda Público como limite mínimo para que sejam ajuizadas
as execuções fiscais (20 mil reais). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1241697/PR, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 06/08/2013. STJ. 6ª Turma. RHC 59839/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
07/04/2016.
o STF: NÃO APLICA:
O bem jurídico tutelado pelo delito de apropriação indébita previdenciária é a subsistência
financeira da Previdência Social. Logo, não há como afirmar-se que a reprovabilidade da
conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido, considerando que esta conduta causa
prejuízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social, configurando nítida lesão a bem
jurídico supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material nesses casos implicaria
ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016.
Não se aplica
4. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
- Anotações de aula