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CPI BANCOOP - 16ª Legislatura

18/05/2010 - 7ª Reunião - Oitiva Sr. Daniel Pires de Carvalho, Sra. Sandra


A. de Souza, Sra. Rosi de Oliveira, e apreciação de requerimentos

ATA DA SÉTIMA REUNIÃO DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO


CONSTITUIDA PELO ATO Nº 13, DE 2010, COM A FINALIDADE DE INVESTIGAR
SUPOSTAS IRREGULARIDADES E FRAUDES PRATICADAS CONTRA MUTUÁRIOS DA
COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO -
BANCOOP, E PROPOR SOLUÇÕES PARA O CASO.

Aos dezoito dias do mês de maio de dois mil e dez, às onze horas, no Plenário "D.
Pedro I" da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, realizou-se a Sétima
Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito constituída pelo ato nº 13, de 2010,
com a finalidade de "investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de
São Paulo - BANCOOP, e propor soluções para o caso", da Quarta Sessão
Legislativa, da Décima Sexta Legislatura, sob a presidência do Deputado Samuel
Moreira. Presentes os Senhores Deputados Bruno Covas, Vanderlei Siraque, Vicente
Cândido, Waldir Agnello, Roberto Morais, Ricardo Montoro (efetivos), Vitor Sapienza
e João Barbosa (substitutos eventuais, durante o decorrer da reunião). Presente,
também, o Senhor Deputado Antonio Mentor. Ausentes os Senhores Deputados
Estevam Galvão e Chico Sardelli. Havendo número regimental, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos da reunião e solicitou à secretária a leitura da ata da
reunião anterior, que foi dispensada a pedidos e considerada aprovada. Em
seguida, verificada a presença do cooperado convocado, Senhor Daniel Pires de
Carvalho, o Presidente convidou-a para tomar assento à mesa; apresentar sua
qualificação e assumir o compromisso de nada ocultar do que soubesse sobre o
objeto desta Comissão Parlamentar. Após o compromisso, o depoente fez um longo
relato referente ao empreendimento Jardim Anália Franco. Em 30 de janeiro de
2001, adquiriu um apartamento pelo preço certo de R$ 89.900,00 (oitenta e nove
mil e novecentos reais), a serem pagos em 54 (cinqüenta e quatro) parcelas.
Entregou cópia do panfleto de propaganda que enfatizava o slogan "compre seu
apartamento e pague em 54 parcelas". A BANCOOP não era identificada como uma
cooperativa e era possível a utilização do FGTS como parte do pagamento, o que
deu tranqüilidade aos compradores. Só assinou o contrato e o "termo de adesão ao
sistema de cooperativa" seis meses após a compra. Informou que até abril de 2003
efetuava os pagamentos na Caixa Econômica Federal, numa conta do
empreendimento. Depois desse mês, os valores foram transferidos para uma conta
unificada e o Senhor Daniel expressou suas dúvidas sobre a transferência da
integralidade dos valores. Informou já ter pago mais de R$ 200.000,00 (duzentos
mil reais) e que a BANCOOP, alegando erros de cálculos, continua fazendo cobrança
de "aportes", que vem sendo contestado em juízo. Em 2005 a Cooperativa lançou o
FDIC (Fundo de Direitos Creditórios), aprovado, segundo ele, em reunião secreta. A
segunda depoente, Senhora Sandra Aparecida de Souza, após prestar
compromisso, relatou que adquiriu uma casa no empreendimento Vilas da Penha,
pelo valor aproximado de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais). Em novembro de
2006, foi chamada para uma assembléia, ocasião em que foi apresentado um
aporte no valor de R$ 89.000,00 (oitenta e nove mil reais). Como não tinha
condições de pagar, dirigiu-se à BANCOOP e lhe foi apresentada uma proposta de
migrar para o empreendimento Ilhas de Itália, pagando R$ 9.000,00 (nove mil
reais) de multa. Entretanto, ao receber o documento de transferência dos direitos
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da unidade, deparou-se com o CPF do Senhor Alessandro Robson Bernardino, que


fora diretor da BANCOOP e falecera em 2004. Diante dos fatos, procurou um
advogado e entrou na justiça para reivindicar seus direitos. Informou, ainda, que
havia vendido a casa em que morava, utilizando o valor recebido para pagar o novo
imóvel. Dessa maneira, não tendo onde morar, viu-se obrigada a fazer
empréstimos para adquirir uma moradia, ficando com muitas dívidas. A Senhora
Rosi de Oliveira, após compromisso, alegou ter adquirido em 1997 um imóvel no
empreendimento Edifício Torres de Pirituba. Em 2000 liquidou antecipadamente o
apartamento e registrou a escritura definitiva. Decorridos 5 anos, foi surpreendida
por uma cobrança de um saldo residual no valor de R$ 5.800,00 (cinco mil e
oitocentos reais), que também está contestando judicialmente, em ação coletiva. A
Senhora Marlene Fernandes declarou que soube, pela irmã, que era bancária, do
empreendimento Altos do Butantã, tendo adquirido uma unidade em 2000. Em
2002, conseguiu quitar o imóvel, pagando o total de R$ 64.000,00 (sessenta e
quatro mil reais). Em 2006, recebeu a cobrança de R$ 33.000,00 (trinta e três mil
reais), a título de resíduo, a qual também contesta judicialmente. Em 2009 foi
apresentada a Construtora OAS para terminar a obra, que ofereceu aos cooperados
duas opções: ou pagar o valor de mercado, arcando com um adicional de R$
74.000,00 (setenta e quatro mil reais), ou vender a unidade a preço de custo para
a construtora. Sente-se lesada, pois aos 65 anos de idade, não tem condições de
fazer novo financiamento para arcar com esses custos adicionais. O Senhor
Adalberto dos Santos Joaquim, convocado, não pôde comparecer por encontrar-se
hospitalizado. Os Senhores Deputados questionaram os depoentes e, diante das
respostas obtidas, o Deputado Vanderlei Siraque declarou que os depoimentos não
apontaram nenhum tipo de fraude da cooperativa. O Deputado Ricardo Montoro
lembrou a decisão judicial de 1ª instância que anula a validade da assembléia da
BANCOOP na qual foram aprovadas as contas relativas aos anos de 2005 a 2007, e
a eleição do Senhor João Vaccari Neto para presidente da Cooperativa. Em seguida,
passou-se à apreciação dos requerimentos: 1 - De autoria do Deputado Ricardo
Montoro, que requer a convocação do Senhor Marcos Sérgio Migliaccio. Aprovado. 2
- De autoria do Deputado Ricardo Montoro, que requer a convocação do Senhor
Oscar Militão da Costa Júnior. Aprovado. 3 - De autoria do Deputado Bruno Covas,
que requer a dispensa da convocação para os seguintes cooperados: José Eduardo
Faria; Márcia Saran; Clóvis Pardo; Raimundo Assis Santos; Helena de Campos
Malachias e Marcelo Luiz Straface. Aprovado. Nada mais havendo a tratar, antes de
dar por encerrados os trabalhos, o Senhor Presidente convocou reunião para o dia
vinte e cinco de maio, às 11 horas. A presente reunião foi gravada pelo Serviço de
Audiofonia e após transcrição passará a fazer parte integrante desta Ata, que eu,
Fátima Mônica Bragante Dinardi, Agente Técnico Legislativo, lavrei e assino após
sua Excelência. Aprovada em reunião de 25/05/2010.

Deputado Samuel Moreira

Presidente

Fátima Mônica Bragante Dinardi

Secretária – ATL
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COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO

BANCOOP

18/05/2010

PRESIDENTE

DEPUTADO SAMUEL MOREIRA – PSDB


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COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO


BANCOOP
BK CONSULTORIA E SERVIÇOS LTDA.
18/05/2010

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Havendo número


regimental declaro aberta a Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito, constituída
pelo Ato n. 13, de 2010, com a finalidade de investigar as supostas irregularidades e
fraudes praticadas contra cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos
Bancários do Estado de São Paulo e propor soluções para o caso.
Registro, com muito prazer, a presença dos Deputados Bruno Covas, Vanderlei
Siraque, Vicente Cândido, Waldir Agnello e Vitor Sapienza.
Registro também a presença da Dra. Hilma Araujo dos Santos, do PROCON; e
também do Sr. Eurípedes Tozzo, Investigador da Delegacia Fazendária, que se
encontram também à disposição desta CPI e dos Parlamentares desta CPI.
Solicito à Secretária da Comissão que proceda à leitura da Ata da reunião
anterior.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Pela ordem, Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – É para pedir a dispensa da leitura da Ata.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É regimental. Coloco


à apreciação dos deputados desta Casa. Não havendo manifestação contrária, declaro
aprovada a dispensa da leitura.
Passamos, agora, ao primeiro item da nossa pauta de convocação.
Gostaria de verificar a presença dos senhores e senhoras convocados para a
oitiva. Gostaria de verificar a presença do Sr. Daniel Pires de Carvalho, presente; da
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Sra. Marlene Fernandes, ausente; da Sra. Rosi de Oliveira, presente; e da Sra. Sandra
Aparecida Souza, presente; e também do Sr. Adalberto dos Santos Joaquim, ausente.
Constatada, então, a presença dos convocados, eu gostaria, então, de chamar
para que sentasse aqui ao meu lado direito o Sr. Daniel Pires de Carvalho.
Passo, agora, à leitura do texto que contém o embasamento legal para a oitiva.
O senhor foi convocado a comparecer nesta CPI, constituída pelo Ato n. 13, de
2010, com a finalidade de investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de
São Paulo (BANCOOP) e propor soluções para o caso.
E, como testemunha, com fundamento nos arts. 203 e 218, ambos do Código de
Processo Penal, combinado com o § 2º do art. 3º da Lei Estadual n. 11.124, de 10 de
abril de 2002, bem como as demais normas constitucionais e infraconstitucionais
aplicáveis à espécie, cumpre-nos adverti-lo que deve dizer a verdade, não podendo fazer
afirmações falsas, calar ou negar a verdade a respeito dos fatos de seu conhecimento,
por incorrer em crime previsto no art. 4º, inciso II, da Lei Federal n. 1.579, de 18 de
março de 1952.
Então, neste momento, gostaria de passar um Termo de Qualificação, para que a
gente pudesse...
Nome completo, por favor.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Daniel Pires de Carvalho.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Idade?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – 39 anos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estado civil?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Casado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Endereço da


residência?
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O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Rua Francisco Marengo n. 1210,


apartamento 121, bloco D, Tatuapé.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Profissão?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Administrador de empresa e, hoje,


exerço a função na área de análise em tecnologia.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Local de trabalho?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Alexandre Dumas, 2100, 17º


andar, Chácara Santo Antonio.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem algum grau de


parentesco com as partes, tem alguma afinidade com alguém que está envolvido nesse
processo?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não. Simplesmente faço parte do


quadro de cooperados.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu gostaria, então,


que o senhor lesse para nós este termo, que é um Termo de Compromisso do depoente.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Termo de Compromisso do


Depoente: Sob minha palavra de honra, prometo dizer a verdade do que souber e me for
perguntado, relacionado com a investigação a cargo desta Comissão Parlamentar de
Inquérito.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então, eu peço a V.


Sa. a gentileza de relatar o que souber, explicando sempre as razões da ciência dos fatos,
ou as circunstâncias pelas quais nós possamos avaliar a sua credibilidade.
Passo-lhe, então, agora, a palavra para que V. Sa. fique bem à vontade e tenha
um tempo aí em torno de 10 minutos para que o senhor coloque o que o senhor conhece,
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as manifestações que o senhor tenha vontade de fazer, para que depois os deputados
possam fazer as perguntas ao senhor. Fique à vontade.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Ok. Sr. Presidente, eu tenho feito


um trabalho durante este final de semana que me ocupou muito tempo e eu tenho
desenvolvido um texto para que eu possa assim de forma mais simples e objetiva
declarar os fatos ocorridos entre a Cooperativa Habitacional dos Bancários e nós
cooperados, principalmente a minha pessoa.
Eu declaro, neste momento, que dificilmente conseguirei decorrer da palavra em
tempo de 10 minutos, pedindo a V. Exa. que possa nos conceder aproximadamente 25
minutos. O texto é objetivo, procura decorrer os fatos ocorridos na Cooperativa
Habitacional dos Bancários em relação à minha seccional.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu peço ao senhor


que, para que nós possamos ganhar tempo, o senhor comece, aí a gente vai verificando.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Perfeito.


A controvérsia teve início em janeiro de 2001. A BANCOOP construiu um
estande de venda na Rua Francisco Marengo, 1210, Tatuapé, São Paulo, expondo foto
de como seria o empreendimento a ser edificado naquela localidade, fazendo uma oferta
pública. Na central de vendas construída para alienação dos imóveis havia diversas
pessoas tipicamente negociando unidades imobiliárias pelo preço certo de 89 mil e 900
reais, com pagamento em 54 meses, 54 parcelas.
Naquela oportunidade, a cooperativa não se distinguia nem os vendedores
faziam questão de distinguir de forma alguma de uma construtora qualquer ou
incorporadora. O anúncio de venda era feito como uma construtora normal, com
utilização de panfletos, cartazes, jornal de grande circulação e chamadas importantes em
placa na Avenida Radial Leste, em São Paulo, e em outros locais da redondeza, tendo
havido, inclusive, e ainda, anúncio em rede de televisão, no canal 16, Programa Shop
Tour, sempre com ostensiva ênfase no slogan compre seu apartamento e pague em 54
parcelas. Havia até um apartamento-modelo decorado utilizado ostensivamente, para
induzir as pessoas a adquirir uma unidade imobiliária junto àquele empreendimento
imobiliário.
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Em nenhum dos meios utilizados para fomentar o negócio, bem como no ato de
aquisição da pretendida unidade imobiliária, era exposto a qualquer dos adquirentes que
se tratava de contratação por meio de cooperativa, onde a essência seria a associação
para a obtenção de captação de recursos que, ao final, seria transmutado em um
patrimônio de natureza imobiliária, com eventual imputação de saldo residual. Nunca
foi exposto ou sequer ventilado que o valor de venda seria estimado e que poderia haver
pagamentos outros extras, além daquele exposto na central de vendas, e constante de
contrato firmado entre as partes. Registre-se que o contrato somente era enviado aos
adquirentes depois de alguns meses de contratação, quando já havia considerável valor
pago pela parte. O contrato que firmei com a BANCOOP somente me foi encaminhado
seis ou sete meses depois da compra da unidade. Durante esses meses somente os
boletos eram remetidos e eu, de boa-fé, os pagava, imaginando que estava contratando
com uma instituição séria e honesta.
No ato de venda das unidades, a única vinculação institucional que havia era que
se tratava a vendedora de cooperativa habitacional vinculada ao então já conhecido
Sindicato dos Bancários de São Paulo. Nada mais. Toda credibilidade da cooperativa
advinha da figura exposta do Sindicato dos Bancários. Importante registrar, Sr.
Presidente, que as vendas não eram restritas às pessoas matriculadas junto àquele
Sindicato dos Bancários, qualquer pessoa poderia – independentemente da classe
profissional que ostentasse, poderia adquirir as unidades ali ofertadas, ou seja, o
público-alvo era indeterminado, não se restringindo a uma categoria profissional
determinada.
Diante do cerco publicitário utilizado, o preço atrativo da unidade e, por fim, a
atuação agressiva da BANCOOP em um ramo social tão sensível e carente que envolve
a aquisição da moradia própria, uma gama expressiva de pessoas adquiriram em
pouquíssimo espaço de tempo todas as unidades ali ofertadas. Registre-se que o aval do
Sindicato dos Bancários, sindicato esse muito forte no Estado de São Paulo, impunha
credibilidade ao projeto ofertado pela BANCOOP, não havendo até então motivos
suficientemente sólidos para que essa massa de pessoas adquirentes, dentre eles eu,
pudesse vislumbrar o prejuízo imobiliário que estavam prestes a sofrer, que se equipara
e supera em muito o caso da Encol. Muitas dessas pessoas fizeram uso de recursos
cultivados a duras penas em anos de poupança interna, muitos utilizaram, ainda, os
recursos do Fundo de Garantia; outros, ainda, venderam outros imóveis que
eventualmente tinham para satisfazer aquela vontade de ter um imóvel melhor,
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ofertando aos seus uma vida mais estável e superior. Muitos, ainda, venderam carros
para poderem adquirir suas unidades. Na época, certamente todas as pessoas, como eu,
fizeram sacrifícios para adquirir possibilidade de ter sua unidade imobiliária. Mas, logo,
começou o drama da má-gestão da cooperativa, baseando fortemente na intencional
desinformação dos adquirentes das unidades, que, no fundo, tinham somente uma
intenção, qual seja: adquirir a casa própria.
Para surpresa de muitos, após vários meses de pagamento, o contrato de
aquisição da casa própria veio em forma de termo de adesão ao regime de cooperativa
que lhe daria o direito à aquisição ao final de uma unidade imobiliária no Jardim Anália
Franco. Isso se repetiu em diversos bairros na cidade, da Zona Sul à Zona Norte, da
Zona Leste à Zona Oeste, e, ainda, em diversas cidades vizinhas à capital paulista e
litoral.
Contudo, como nada havia até aquela data que desabonasse a conduta da
cooperativa, esse descompasso de vontade terminou sendo considerado irrelevante,
pois, enfim, de uma forma ou de outra, o fim seria o mesmo, imaginava-se, a aquisição
da casa própria. Mas a verdade não era essa. Até o mês de abril de 2006, os pagamentos
da seccional eram feitos na Caixa Econômica Federal, em conta exclusiva da Seccional
Jardim Anália Franco. Depois dessa data, a cooperativa unificou as contas de todos os
empreendimentos no Bradesco, a haver o que se chamou de conta única.
Hoje, desconfiamos que mesmo essa transferência pode ser viciada, pois
ninguém nos garante que todo o valor que havia na conta do Anália Franco foi
transferido na integralidade para a chamada conta única. O ato de encerrar a conta
própria do Anália Franco, unificado com os demais empreendimentos, jamais foi
oficialmente comunicado aos seus cooperados da seccional, em respectiva assembleia.
Simplesmente, foi feito pela direção da cooperativa, sem qualquer tipo de aviso ou
satisfação aos compradores. Questionamentos à época houveram, mas a resposta foi
simplória: redução de custos bancários.
Mesmo nisso, em fevereiro de 2004, foi entregue a primeira torre do
empreendimento. Em maio de 2005, já havendo atraso, face ao contrato assinado, foi
entregue a segunda torre. Curioso que mesmo o exercício regular de um direito, qual
seja, escolher a empresa que iria administrar o condomínio, era suprido pela cooperativa
que impunha a todos a administração da Bancon, uma empresa administradora de
condomínio dos bancários. Muitos questionaram e, após algum tempo, a Bancon deixou
de existir; foi transferida impositivamente para a empresa Vita Administradores de
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Condomínio, cujos donos eram amigos dos dirigentes ou atuavam patrocinando


judicialmente interesses da cooperativa.
Após dura luta, foi possível remover a Vita da administração do Condomínio
Anália Franco. Vê-se, caros deputados, que a cooperativa sempre tende a manter o
negócio sempre na mão de amigos, junto àquelas pessoas que são capazes de se unir a
ela, para cometer os desajustes que hoje estamos denunciando ou de manter escondido
aquilo que a cooperativa deseja profundamente que fique ao desconhecimento das
pessoas.
O prazo para entrega de todas as unidades escoaria em setembro de 2006. Em
2005, começou forte angústia, visto que ainda pendia construir dois prédios inteiros e a
obra não evoluía. E, o que seria pior, todos já haviam quitado integralmente o preço dos
imóveis. A partir daí, as informações e denúncias dos desmandos perpetrados pela
cooperativa foram se avolumando, principalmente com o lançamento dos FIDC – Fundo
de Direitos Creditórios, lançado à revelia de todas as pessoas. Em assembleia secreta
este monstrengo disforme e faminto de recursos financeiros, tão necessário aos fins dito
ilícitos pelo Ministério Público de São Paulo. Na verdade, o FIDC, em linhas gerais, era
cessão de direitos creditórios que a cooperativa alegava ter junto aos seus cooperados,
ou seja, a cessão de crédito pressupõe a existência de um crédito a ser cedido a quem
tenha interesse de adquiri-los mediante deságio. No caso específico do Anália Franco,
naquela época, não havia praticamente mais nenhum crédito a ser cedido para os fundos
que adquiriam FIDC. Na verdade, a operação revestida do mais rigoroso sigilo nunca
teve a transparência necessária para que a massa de adquirentes pudessem saber quais
foram os empreendimentos cujos créditos foram cedidos aos fundos de pensão.
O mais grave. A assembleia que deliberou pela constituição do FIDC foi
realizada de forma secreta, onde os cooperados não foram suficientemente informados
de sua abrangência e sua real necessidade. Vejam que, na época, a cooperativa tinha
quase 15 mil cooperados. Tenho por certo que assunto de tamanha abrangência e
repercussão na vida objetiva de cada um dos adquirentes deveria ter sido
ostensivamente discutida em assembleia seccional, principalmente aqueles que tinham
necessidade dessa antecipação de crédito, para que esses pudessem deliberar se
desejavam ou não o FIDC; e aí, se fosse o caso, ser colocado em votação em assembleia
geral da cooperativa. Mas nada disso foi feito e todos os adquirentes ficaram de fora
dessa deliberação que foi feita assim por opção de conveniência dos gestores da
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cooperativa, movida por motivos efetivamente de que desconhecemos e que a


investigação criminal tocada pelo Ministério Público Criminal poderá esclarecer.
Inclusive, fica aqui a sugestão para que seja oficiado à Bovespa e à CVM para
que venham a esta CPI detalhar aos Srs. Deputados os detalhes desta tão secreta
operação financeira, bem como os bancos que atuaram como custodiante da operação
que, se salvo engano, são Bradesco e Itaú, que deverão também prestar esclarecimentos.
Os valores recebidos na operação do FIDC, na ordem, aproximadamente, em 2004, em
30 milhões de reais, o foram, aproximadamente, em junho de 2004, num fechamento do
balanço da cooperativa, em 2004, Sr. Presidente, anota bem, no fechamento do balanço
de 2004, declarado numa Ata da cooperativa somente havia caixa de aproximadamente
500 mil reais. Agora, no final de 2009, mesmo com a paralisação de todas as obras, a
cooperativa teve recursos para quitar o valor do FIDC na forma antecipada.
Diante deste quadro, e a evidência do não cumprimento do contrato de aquisição
firmado, vez que carecia de construção ainda duas torres no empreendimento Anália
Franco, no ano de 2006, foi criada a Associação dos Adquirentes de Apartamento do
Condomínio Residencial Jardim Anália Franco na esteira que juntos a força desses
consumidores fosse maior.
Foi descoberto que cinco milhões de reais dos recursos da obra foram
repassados a outros empreendimentos, sem qualquer tipo de aval dos adquirentes.
Nenhum documento, até a presente data, relativo a essa operação de empréstimo foi
ofertada à massa de pessoas.
Atualmente, a situação do empreendimento é ímpar. Todas as pessoas quitaram
o valor contratual. Ainda restam duas torres a serem erguidas. A cooperativa alega que
houve erro nos cálculos das unidades, sem fazer prova documental alguma quanto a
isso.
Inclusive, na ação da Associação, foi solicitado pelo juiz a perícia contábil e de
engenharia e foi dada como preclusa após a não apresentação pela cooperativa nos autos
do processo, além do reconhecimento da relação de consumo e outros. Mas, mesmo
assim, para a cooperativa as pessoas devem contribuir com mais recurso financeiro.
Nessa esteira, a BANCOOP faz cobrança daquilo que chama de aporte, tanto das
pessoas que receberam seus imóveis, quanto daqueles que – incrível – ainda não
receberam suas unidades.
Interessante, ainda, que sequer a incorporação ou especificação do condomínio
foi feito pela cooperativa. O que consta no Cartório de Registro de Imóvel é
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simplesmente a averbação da aquisição do terreno pela dita cooperativa, sem nenhuma


construção averbada, o que impede até mesmo o registro dos contratos de aquisição das
unidades, direito básico das pessoas. Hoje, essa massa de pessoas tipicamente lesadas
litigam fortemente no Poder Judiciário paulista, tentando se livrar seja das cobranças
arbitrariamente feitas, seja para se defender, pasmem, das ações de reintegração de
posse que a cooperativa integra contra esses consumidores.
Nesse aspecto, a cooperativa, mesmo sendo ela inadimplente com a obrigação de
entregar as unidades transacionadas, sendo reticente em fazer incorporação imobiliária
e/ou especificação de condomínio, se dá o direito de ir a juízo ingressar com medidas
judiciais que intentem a retomada dos imóveis já entregues. As medidas são tomadas
juntamente para causar terror psicológico nos cooperados, visto que, de regra, a unidade
na qual residem são seu único bem e o temor de, eventualmente, perder o apartamento
causa enorme dor e sofrimento. Para a cooperativa, o Poder Judiciário pode ser utilizado
para causar dor nas pessoas, mesmo naquelas que já demandam contra a cooperativa,
questionando as cobranças extras que a BANCOOP faz à revelia do contrato firmado.
Revela dizer a situação de desalento de mais de 130 famílias que, do Anália
Franco...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Sr. Daniel, só um


minutinho.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Estou terminando, senhor


Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu pediria, se o


senhor pudesse...

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eu não consigo abreviar.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nós vamos lhe


permitir, mas se tivesse condições... Tudo bem; prossiga.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Revela a situação de desalento de


mais de 130 famílias que estão inscritas para receber as unidades dos últimos blocos.
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Essas famílias quitaram a integralidade do valor de face do contrato; estão quitando ou


já quitaram o valor do chamado aporte financeiro cobrado pela cooperativa, e ainda não
viram as duas torres finais serem entregues.
Pior. Consta claramente que a cooperativa não tem suporte financeiro suficiente
para lhes devolver o valor que investiram – aproximadamente, 200 mil reais por
unidade, e, dificilmente, terão os apartamentos entregues. O valor a ser, eventualmente,
restituído é de, aproximadamente, 26 milhões de reais e, certamente, a BANCOOP não
tem esse recurso disponível, pois, se houvesse, terminaria os dois prédios faltantes.
O prejuízo financeiro de monte é cristalino no caso em testilha e sob argumento
algum pode ser negado. Os prédios estão sem construir e ela, cooperativa inadimplente,
não restitui os valores àqueles consumidores e muito menos entrega os seus imóveis.
Na outra ponta importante finalmente registrar. Várias pessoas já receberam suas
unidades e adquiriram vagas extras, não as receberam até a presente data. Cada vaga
extra foi transacionada pela cooperativa, hoje, por mais de 20 mil reais, e jamais foram
entregues.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Só um minuto,


Daniel.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Queria saber se o depoente está


representando alguma entidade, porque ele não está falando do caso dele.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Estou falando do meu caso


Seccional Anália Franco, que é aquilo que eu vivencio, senhor deputado.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Inclusive o que está escrito aí é mais


genérico do que no caso pessoal...

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – O meu caso pessoal, está aqui.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor representa alguma entidade?


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O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Sr. Daniel, eu pediria


que o senhor ouvisse o deputado, primeiro, para que depois o senhor se manifeste.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor está representando alguma


entidade?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não estou representando nenhuma


entidade. Eu estou fazendo um depoimento da minha pessoa e aquilo que o nosso
ambiente vivencia.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Eu sugiro que o senhor focasse mais no


caso do senhor.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – O meu caso é esse.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Eu acho que não seria tão longo se fosse
o caso do senhor, por isso estou perguntando se o senhor está representando alguma
entidade.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Sr. Daniel, eu pediria


que o senhor tivesse um pouquinho mais de calma e responde com traquilidade os
questionamentos dos deputados.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Perfeito.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vicente


Cândido, o depoente está à vontade para se manifestar da forma que quiser, na
amplitude...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Queria saber se está representando


alguma entidade, porque ele está falando do caso como um todo, da cooperativa como
um todo, e não do caso dele em si.
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O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É um direito dele.


Nós vamos ter oportunidade de perguntar especificamente sobre o caso dele.
Eu só pediria que o senhor agilizasse a conclusão, porque já extrapolou um
pouco o tempo. Eu pediria que o senhor pudesse resumir e depois o senhor passaria,
então, esse depoimento, por escrito, para que nós distribuíssemos aos deputados. Mas eu
pediria que o senhor caminhasse para a conclusão. Visse o que fosse mais importante e
destacasse aqui no seu depoimento.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – O que eu tenho a dizer, Sr.


Presidente, é que é muito importante esse relato que eu tenho, não vai ser muito breve,
faltam apenas duas folhas.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então, o senhor


caminhe, por favor.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Sem contar a questão de não


entrega da área de lazer para os condôminos e para mim que se encontra em aberto e
sem prazo de entrega. E, nesse clima de insegurança que centenas de famílias, como eu,
vivem em um empreendimento tecnicamente irregular, face à ilegalidade face à lei de
incorporações, sob ameaça de perda dos imóveis que já quitaram e outros, mais
desolados ainda, que estão sem suas residências, apesar de já terem pago, em valores
atualizados, mais de 200 mil reais; sem contar, ainda, a questão de crime previsto na Lei
de Incorporações Imobiliárias, art. 5865, inciso II, da Lei 4.591/65, fala que aquela lei é
crime contra economia popular promover, fazendo proposta, contrato, prospectos ou
comunicação ao público, aos interessados, de forma falsa, a constituição de
condomínios. E mais: incide na pena de um a quatro anos.
Importante a dizer e reforçar que eu e as pessoas que fazem parte na associação
também de adquirentes ajuizou Ação Civil Pública, em 2006, que tramita, hoje, na 25ª
Vara, da Capital, aos cuidados do Magistrado Gilson Delgado Miranda que, no final de
2009, julgou esta ação procedente determinando, entre outras deliberações, que a
cooperativa faça a incorporação imobiliária do empreendimento, individualizando as
unidades e que outorgue as escrituras àqueles que estão na posse de suas unidades. A
BANCOOP recorreu dessa decisão e, agora, aguarda-se a remessa dos autos ao Tribunal
para julgamento de Recurso de Apelação que poderá demorar aproximadamente dois
16

anos. Há também em juízo na 25ª Vara, aos cuidados ainda do mesmo magistrado, cinco
ações coletivas de inexigibilidade de aporte com depósito judicial dos valores cobrados
pela cooperativa, que ainda pendem de julgamento. Essas ações foram ajuizadas em
2007.
O aporte, para que os Srs. Deputados saibam, foi uma forma que a cooperativa
criou para captar mais recursos dos adquirentes da unidade sem qualquer sustentação no
contrato. O aporte no valor de, aproximadamente, seis milhões de reais deveria ser pago
em 48 parcelas. Hoje, restam cobradas apenas 10 parcelas e a obra não foi concluída
ainda e, certamente, não será.
Diante disso, e visando claramente driblar a decisão judicial proferida nos autos
da Ação Civil Pública, na manhã do dia 15 de maio deste ano, em um buffet na Zona
Leste de São Paulo, foi feita uma apresentação pela empresa OAS, para assumir as
obras do empreendimento em nome da BANCOOP. O custo a ser repassado a cada
adquirente seria em torno de 100 mil reais, mais 12% ao ano, mais IGPM, para os
apartamentos tipo com o meu e de 170 mil reais para cobertura, que deverá ser pago à
OAS. Para aqueles que não aceitarem o acordo e estão morando deverão entregar o
imóvel à BANCOOP e receberá a devolução em 36 meses, após um ano de carência.
Para aqueles que não têm um imóvel construído, a OAS negocia caso a caso e ela, OAS,
fica com a unidade para vender ao preço de mercado, é óbvio. Rápida análise da
proposta feita pela OAS nota-se que claramente um enorme prejuízo será para os
adquirentes e para mim.
A informação verbal que nos foi dada pelas pessoas que conduziam o evento era
que a BANCOOP não fornece a nenhuma outra construtora os dados do projeto e
demais informações necessárias, tipo: impostos, credores em aberto, INSS entre outros,
a fazer outros orçamentos para que tenhamos a liberalidade de verificar se, de fato, esses
valores cobrados pela OAS correspondem, de fato, a somente construção. Ou seja,
novamente estamos sujeitos às escolhas da cooperativa, como era no passado com a
Bancon, Vita e demais.
Contudo, hoje estamos dispostos e contamos com a colaboração de todos os
deputados para levar todos esses fatos ao conhecimento público e também ao Poder
Judiciário, seja novamente contra a BANCOOP, seja contra a OAS. Vejam que os
cooperados discutem com a BANCOOP desde 2006 e sempre foi um dos pleitos dos
adquirentes que a cooperativa se afastasse do empreendimento. Ela nunca aceitou se
afastar e sempre reiterou suas cobranças requerendo, inclusive, reintegração de posse de
17

unidades. Agora, incrivelmente, se aproveitando do desespero das pessoas, vem acenar


com um acordo claramente prejudicial, pois não respeita o contrato que temos e nos
impõe novos pagamentos de valores expressivos em um formato que muitos não têm
condições de arcar. Acreditamos que esteja havendo um direcionamento por parte da
cooperativa e pessoas que a cercam.
Finalmente, informo que a assembleia que aprovou as contas da cooperativa
relacionadas aos exercícios de 2005, 2006, 2007 e 2008 e demais deliberações, entre
elas, elegeu o Sr. Vaccari Presidente da cooperativa, foi declarada nula pelo Poder
Judiciário, no dia 10 de maio deste ano, visto aquelas velhas e conhecidas mazelas da
cooperativa, quais sejam: não convocar regularmente seus participantes para atos tão
importantes, ou seja, sempre as assembleias são secretas e/ou feitas de modo a impedir a
efetiva participação das pessoas, ficando tudo decidido entre aqueles que compactuam
com os atos da cooperativa.
Vejo como a maior alternativa aos cooperados, neste momento, já que ficamos
anos sem as obras, é suspender todo e qualquer ato da cooperativa, até que os órgãos
competentes tomem a decisão sobre os fatos que estão sendo analisados.
Desde já, Sr. Presidente e demais Deputados e esta Casa Legislativa, agradeço a
minha oportunidade de pronunciamento para relatar o meu sofrimento e de minha
família e de diversas outras pessoas e de seus familiares.
O meu muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Gostaria de registrar a


presença do Deputado Ricardo Montoro, do Deputado Roberto Morais.
Passo, então, agora a palavra aos deputados, para que possam fazer as suas
manifestações.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Bom dia, Sr. Daniel Pires de


Carvalho.
18

Eu gostaria de saber, porque aqui se trata, o depoimento se trata da relação


pessoal do senhor com a BANCOOP, cooperativa dos bancários, se o senhor autoriza,
porque a relação do senhor com a BANCOOP é sigilosa, se o senhor autoriza o
fornecimento, que a BANCOOP possa fornecer à CPI para que nós possamos apurar se
o que o senhor disse corresponde com a realidade, o fornecimento dos dados pessoais
do senhor com a BANCOOP?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Está autorizado, sem problema. A


BANCOOP pode fornecer.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Uma outra questão importante. O


senhor mora no apartamento?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Moro no apartamento.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Já foi concluída a obra do senhor?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Já foi concluída a minha obra.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Qual o valor do apartamento que o


senhor adquiriu? É apartamento?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Isso.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Que o senhor adquiriu da BANCOOP.


Qual o valor que consta no contrato?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – 89 mil e 900 reais.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor saberia dizer qual valor de


mercado desse apartamento?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Zero.


19

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Zero?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Zero. Não tem documento!

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então, o senhor devolveria esse


apartamento à BANCOOP sem receber nenhum centavo?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eu sou um homem de honra e


cumpro...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não! O senhor disse que o valor é


zero.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Posso responder?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A pergunta que eu faço ao senhor:


então, se o valor é zero o senhor devolveria à BANCOOP sem receber nenhum centavo,
já que o senhor...?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não, por uma razão. Porque como
eu comprei e hoje ele não vale nada, mas eu aguardo o término do meu empreendimento
para que ele possa, pelo menos, se tiver algum valor, indenizar esses dez anos de
sofrimento que eu passo.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Uma outra questão importante. O


valor é 89 mil e 900 que o senhor disse. Desses 89 mil e 900, quanto o senhor pagou
diretamente à BANCOOP?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Paguei, aproximadamente, 200


mil reais e 23 a 24 mil, que é o aporte, está no depósito em juízo na ação de número
2007/135799.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor pagou 200 mil reais à


BANCOOP?
20

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Perfeito.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E fez depósito em juízo também?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Depósito em juízo do aporte


financeiro.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Tem uma ação contra a BANCOOP?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Perfeito.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor assinou um contrato com a


BANCOOP?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eu assinei o contrato com a


BANCOOP após sete meses, eu já tinha pago alguns valores que, naquele momento, o
valor já era para mim muito alto daquelas economias que eu tinha feito, porque eu tive
que tomar uma decisão...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor entrou com uma ação


judicial?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eu entrei com uma ação judicial


porque eu fiz um valor contratual, e esse contrato me descrevia conforme...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não, não! Mas esse não é o contrato.


O senhor tem o contrato?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Tenho o contrato aqui e o termo


de adesão.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor poderia juntar cópia do


contrato na CPI, só para que nós pudéssemos...
21

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Estarei entregando, Deputado


Vanderlei, todos os documentos necessários, que inclusive comprova a minha parte no
quadro da cooperativa, eu estarei entregando todos os documentos aqui à Casa
Legislativa.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor é do Anália Franco?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Anália Franco, perfeito.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Existe algum conselho de obras nessa


Seccional Anália Franco?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Existe. Foi constituído um


conselho de obra pela cooperativa, mas o que esse conselho, Deputado Vanderlei, ele
não conseguiu dar andamento nos procedimentos dessa construção junto com a
cooperativa e acabou deixando muitas pessoas ainda temerosas e que forçaram até
entrar com seu depósito judicial, é que no decorrer dessas obras não nos traziam
qualquer detalhamento financeiro ou informações pertinentes à utilização dos recursos
de depósito em juízo, desculpe, de aporte financeiro.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O conselho de obras é constituído por


quem? Eu não conheço. O senhor disse que tem um conselho de obras, quem são os
componentes desse conselho de obras? Por membros da cooperativa ou pelos
cooperados?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Os conselhos são feitos pelos


cooperados, só que nem sempre os cooperados representam em grande maioria.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – São todos cooperados do Anália


Franco? Mas e outros seccionais?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não, não. Esses cooperados que


têm lá fazem parte do Anália Franco.
22

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E como foi constituído esse conselho?


Teve alguma assembleia?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Teve... Eu não me lembro, porque


nesse momento do conselho, nessa época, eu não me lembro de ter participado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor já participou de alguma


assembleia do conselho?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não. Não participei.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Nenhuma assembleia?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não participei de nenhuma dessas


assembleias do conselho.
Eu fui uma vez numa convocação de apresentação que existiu pela cooperativa,
que foi feita na Rua São Bento, que era uma apresentação de explanação sobre custos de
obra, de quanto seria o Bloco A, de quanto seria o Bloco B.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Uma assembleia da cooperativa, da


BANCOOP, e não do conselho de obras que o senhor participou?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Isso. Que eu me lembro foi da


cooperativa... Na verdade, era uma reunião, não me lembro agora se era uma reunião ou
foi oficialmente uma assembleia. Eu acredito que foi uma reunião para explanar sobre
de quanto a BANCOOP conduziria a construção das duas torres faltantes.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu não consegui captar tudo que o


senhor leu, mas, se não me engano, esse conselho de obras retira da cooperativa a
responsabilidade para concluir. Não está concluído ainda o Anália Franco. É isso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Isso. O Anália Franco não está


concluído.
23

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não está concluído ainda.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Agora nós não temos, deputado,


nenhuma informação concreta de como é o trabalho dessa comissão. Talvez isso tenha
prejudicado muito no decorrer, ou vontade das pessoas de finalizar uma obra. Não é
claro. Tanto que nesse buffet do dia 15, no encontro que teve agora para outra solução
da OAS, nós pedimos informações para essas comissões...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Foi transferida, então, da cooperativa


para a OAS?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não, não foi transferido. Ainda


não foi transferido.
Em que nós pedimos algumas informações sobre custo, de como isso seria
envolvido para terminar. E, além de não ter uma segunda, ou terceira ou quarta
proposta, era imposta de forma, entre aspas, imposta, às pessoas pela decisão de fazer
pela OAS.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Além da OAS teria alguma outra


construtora interessada?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eu não sei, porque existe uma


necessidade de trabalho em conjunto e que isso, hoje, não está existindo. Não saberei
dizer por quê.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Obrigado, por enquanto só. Obrigado,


senhor Daniel.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Obrigado, Deputado Vanderlei. E


conto com sua colaboração e ajuda às nossas comissões.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem a palavra o


Deputado Bruno Covas.
24

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Bom dia, senhor Daniel.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Bom dia!

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Queria agradecer a presença de V. Sa., aqui


na nossa Comissão Parlamentar de Inquérito. Agradecer, inclusive, que V. Sa. vem
trazer documentos e informações não apenas referentes aos seus problemas pessoais,
como a outros problemas. Importante isso já que até mesmo o Presidente, quando lhe
abriu a palavra, disse para o senhor falar sobre tudo que tem conhecimento em relação à
BANCOOP. Acho que o que V. Sa. traz é de muita contribuição para o trabalho desta
CPI.
Sr. Daniel, eu anotei aqui. O contrato, então, previa um valor de 89 mil e 900
reais.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Perfeito, deputado.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – V. Sa. já pagou 200 mil?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Perfeito.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Fora o aporte de 23 mil reais que está
depositado em juízo?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Perfeito.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O aporte estava previsto no contrato?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não. O contrato tem uma cláusula


16 que ele diz que no final das obras do empreendimento poderia haver um resíduo ou
poderia haver uma devolução, caso o caixa da seccional ficasse positivo.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Mas até agora não houve final da obra?
25

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não houve final da obra. E o


caixa nosso da seccional, devido a juntar as contas tudo, ninguém sabe mais que valor
que nós temos mais.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A previsão inicial era de quantas torres?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Quatro torres.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor disse que duas foram construídas?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Duas concluídas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor chegou a utilizar parte do seu


recurso de FGTS para saldar esses 200 mil reais?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Utilizei parte dos recursos do


FGTS, na época me foi colocado de minha conta por volta de 11 mil e alguns reais, eu
trouxe extrato que eu busquei na Caixa Econômica Federal, na agência da Consolação,
que é a responsável pelo gerenciamento de FGTS na BANCOOP de todos os
empreendimentos que me parece. Esse caso do Fundo de Garantia para mim foi uma
grande decepção, porque, além de eu comprar o empreendimento, uma das coisas que
como cidadão brasileiro sempre me dei por garantia quando que se usasse o FGTS
estaria o brasileiro seguro da sua obra e da sua construção. Não sei como são feitas nas
outras incorporadoras, mas eu acredito que deve ter aí critérios rigorosos ao ponto de
dar a garantia ou informação a mim cooperado ou a qualquer outra pessoa que utiliza o
FGTS, sobre a obra. E eu não tive informação nenhuma, a Caixa Federal também não
dá informação, você vai perguntar sobre cronograma físico de obra, como que as coisas
acontecem, eles falam: o que a gente pode te falar é que o gestor de Fundo de Garantia
cessou o fornecimento de recursos para a BANCOOP e também que desde 2007 o seu
dinheiro não é usado, 2007 ou 2006, não lembro, está aqui no extrato, não é mais
utilizado por uma segurança de devolver o restante que sobra para a conta do
cooperado, no caso, a minha conta.
26

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado, um aparte,


só uma consideração?

O SR. BRUNO COVAS – Pois não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Essa diferença de 111


mil. Era 89 e o senhor disse que pagou 200 mil. Tem ideia do que era? Eles dizem do
que era essa diferença de 110 mil?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Essa diferença, que para chegar


ao valor de dez mil, acontece o seguinte. O valor que nós firmamos o contrato, que o
meu foi feito no dia 30 de janeiro de 2001, ali começou em 89 mil e 900 reais. Como eu
fui pagando em diversas parcelas, conforme era o previsto, em 54 meses e eu paguei em
menos, se não me engano, salvo a memória, foi em 36, alguma coisa assim, no decorrer
de todos esses anos, os valores de chaves, os valores semestrais e que eu tinha que
pagar, todos eles eram corrigidos. Então, hoje, esse valor pago, corrigido, na data de
hoje, após 10 anos está dando exatamente o valor em média entre 200 mil reais. 200 mil
reais é a média.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Me concede um aparte?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A palavra está com o


Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – Tem o aparte, Deputado Roberto Morais.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Bom dia, Daniel. Só me explica. Os


demais cooperados também desembolsaram, já está nesse valor de 200 mil reais? E o
que é esse aporte de 25 mil? Para que foi?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Sim. Veja. Os cooperados, em sua


maioria até divulgado também pela BANCOOP, nesse buffet aí que teve, a média é 205
mil reais pagos e corrigidos; aproximadamente 200 mil. E esse aporte devido à situação
que chegou à Seccional do Anália Franco, onde quando nós fomos pedir o término da
27

obra que via que estava atrasando demais, a cooperativa, na situação, chamou os
cooperados e aprovou esse aporte numa assembleia, onde quem depositava em juízo
tinha em seu pescoço um crachá dessa natureza e quem não depositasse em juízo...

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Tinha um cartão vermelho?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Tinha um cartão vermelho. O


constrangimento para mim parecia situação até de caso de polícia, porque eu fiquei
numa situação constrangedora, porque eu tenho uma legalidade judicial de participar e
não posso. Então, esse aporte eles aprovaram e como foi declarado aqui que dia 10 de
maio agora foi nula todos os balanços da cooperativa por uma das Varas Judiciais de
São Paulo, que eu estou aqui com o processo em mãos, nessa declaração da Justiça
mostra claramente como é feita as atitudes e procedimentos de assembleia, aonde ela
vem aqui e faz a anulação dessa assembleia. E também lá no dia eu me lembro quando
eu fui a uma dessas assembleias que era geral tinha lá cooperados, que eu achei até
inteligente por parte deles, fazendo com cartório uma ata notória e nessa ata notória eles
registravam a situação dos cooperados que a BANCOOP não deixava entrar e lá estava
a lista de diversos deles e a ata notória foi feita na qual tem uma validade federal. Então,
o aporte foi feito, na verdade, para tentar sanar já prejuízos que nós tínhamos e que o
empréstimo solidário que foi para outras unidades sem autorização da seccional, sequer
temos ele na totalidade dentro do empreendimento.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Devolvo a palavra ao Deputado Bruno


Covas.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Um aparte, Deputado Bruno, só


para uma questão de ordem?

O SR. BRUNO COVAS – Tem o aparte o Deputado Ricardo Montoro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Me parece, e peço desculpas por ter


chegado um pouco atrasado, eu não sei se esse assunto foi comentado na CPI, mas a
informação publicada no dia 10 de maio da anulação da eleição do Sr. Vaccari e a
anulação da aprovação dos balanços, se não me falha a memória, são quatro anos de
28

balanço da BANCOOP, eu acho que é uma modificação muito grande no


encaminhamento da CPI. Eu sugiro que no momento que o Presidente considerar
adequado a gente possa ter uma reunião entre os membros da CPI, assessorados pelos
advogados, para saber qual é a dimensão dessa notícia com relação ao andamento da
CPI. Me parece que às vezes os depoimentos passam a ser irrelevantes já que eles foram
anulados, os balanços foram anulados. Eu vejo um maior grau de complicação em toda
essa problemática da BANCOOP. É só para uma questão de ordem que eu submeto a V.
Exa. para que a gente possa, quem sabe, no momento oportuno, nos reunirmos para
analisarmos exatamente essa situação.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem a palavra o


Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – Sr. Daniel, o senhor disse que através do processo,
não sei se eu anotei certo aqui, 2007/135799, V. Sa. questiona na Justiça o valor do
aporte. É isso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – É questionado. A petição inicial


distribuída na 25ª Vara de São Paulo pede a inexigibilidade do débito, uma vez que eu
entendo que o que eu comprei foi expresso publicamente e que também no meu contrato
não diz que existe aporte financeiro. Então, eu busquei a minha defesa uma vez que
aquele projeto de vida constituído naquele momento para o do imóvel foi baseado nesse
contrato que é o contrato regido pela então cooperativa.

O SR. BRUNO COVAS – O senhor disse que ainda tem mais 10 parcelas do
aporte. É isso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – 10 parcelas a serem depositadas e


agora chega esse montante aí de 100 mil reais para pagar. Pode ser que chegue. Não foi
aprovado ainda, pode ser que chegue.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essas 10 parcelas em que valor cada


parcela?
29

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Hoje eu estou pagando próximo


de 620 e poucos reais, mais ou menos.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Ou seja, 10 parcelas de 620...

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – 625.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Dá seis mil reais. Seis mil reais mais os
23...

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – 48 meses.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Vamos arredondar, 30 mil reais. 30 mais os


200 pagos, 230 mil; mais os 100 que eles que querem, 330 mil.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – 330 mil.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Esse é o valor total que a BANCOOP quer
cobrar de um contrato inicial de 90 mil reais?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Perfeito. Que caso venha a ter,


por exemplo, uma participação da OAS, nesse montante valor que ela está cobrando
certamente ela levará, se eu tiver um ganho que possa me indenizar durante esse período
aquele sofrimento que eu passei o novo faminto financeiro chega para tirar isso de mim.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor tem alguma outra ação contra a
BANCOOP, além dessa de 2007?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Nós temos uma ação de 2006, que
é da Associação de Moradores, à qual sou associado, lá da Associação de Moradores, e
que essa associação penetrou com uma ação, tem uma Ação Civil Pública, pedindo a
continuidade da obra, pedindo a inexigibilidade. O não pagamento eu acho que não tem.
É a quitação, tem quitação.
30

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor tem o número do processo?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Tenho, está tudo aqui, que


inclusive ele já foi decidido pelo juiz da 1ª Instância, me parece que não tramitou em
julgado, mas ele está em 1ª Instância, ele já está na situação declarando a escrituração
de todos os adquirentes, tanto os que moram e os que não moram no condomínio.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Desse tempo todo, a partir de 2001, quando
o senhor teve contato com a BANCOOP... Aliás, final de 2000. É isso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não. Eu fiz a compra no dia 30 de


janeiro de 2001. Aí depois de sete meses foi que...

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – De 30 de janeiro de 2001 para cá teve


alguma atuação do Ministério Público, algum TAC, algum Termo de Ajustamento de
Conduta?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não... Teve. Teve um TAC, um


Termo de Ajustamento de Conduta, que foi feito pelo Sr. João Guimarães, representante
da instituição do Ministério Público e que, naquela época, muita gente, como eu
também, já se manifestava contra qualquer Termo de Ajustamento de Conduta para
aquele momento, porque a gente sabia, por orientação dos nossos advogados, que a
gente não conseguiria ver aquela obra terminada da forma como aquilo foi feito.
Qual foi o nosso procedimento? Nós, usando a força dos associados, da
Associação do Anália Franco, nós fizemos, então, no momento do processo, que o juiz
deu o direito, o direito, chamado para conciliação. Então teve no momento no processo
uma fase de conciliação. Nesse momento de conciliação, nós esperávamos o quê? O juiz
falou: diga os dois lados – tanto o lado da BANCOOP como o lado dos cooperados. E
existia lá até uma divisão entre as pessoas de fora e as pessoas de dentro e os de fora
realmente fazem de tudo, fazem de tudo para querer alguma coisa, porque eles estão
numa situação difícil, é de se entender sim. Você falar, de repente, 100 mil reais para
eles, cento e poucos mil reais para quem não recebeu, de repente fica mesmo, é fácil
convencer isso. Mas, o que acontece é que quando chamou, quando foi chamado na
conciliação do processo, o que aconteceu? Nós levamos uma proposta para que fosse
31

dada uma solução dentro da Justiça, ali nos autos do processo. E quando levamos, até a
juíza que fez toda a parte da conciliação falou que não tem nada de mais, é coisa até...
Estão lá os itens do que foi pedido e simplesmente tinha um representante só da
BANCOOP lá e falou não, não, não, bato o pé, não aceito, não aceito. E acabou. E nós
imaginávamos que isso poderia ter sido levado para a comissão, que poderia ter sido
levada essa proposta aos outros demais interessados que ficavam sempre ali junto com a
BANCOOP porque eles estão desesperados, gente. Não tem como dizer que não é. É
diferente. Realmente existe uma diferença entre uma pessoa que mora e uma que não
mora. Agora, não pode quebrar uma regra contratual, um procedimento, para poder usar
da força que é um dos parágrafos que eu mencionei de usar psicologicamente da
fraqueza daquelas pessoas que estão sem suas unidades.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só para terminar, Sr. Daniel, o senhor disse
que tem hoje as chaves, está morando no apartamento, mas não tem a escritura. É isso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não tenho escritura, meu


empreendimento não tem incorporação imobiliária, meu empreendimento não tem
sequer a especificação de condomínio.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor sabe em nome de quem está o


terreno hoje?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Até o último contrato que nós


temos aqui, tem um contrato que declara a venda que foi no valor de 10 milhões de
reais, que o proprietário, à época, acho que foi ele que cedeu para alguém da nossa
unidade e acabou passando para a gente e aqui parece que está em nome da Cooperativa
Habitacional dos Bancários, no nome da BANCOOP. Hoje parece que ele está
desenrolado.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Agradeço, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum


deputados gostaria de se manifestar? Tem a palavra o Deputado Waldir Agnello.
32

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Obrigado, Presidente.


Cumprimentar os meus pares, assessores, a imprensa, senhor Daniel Pires,
obrigado pela sua presença aqui.
Sr. Daniel, vamos conversar um pouco mais a respeito de algumas questões que
V. Sa. fez no seu depoimento? Primeiro sobre essa questão do FGTS na Agência
Consolação. É isso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Perfeito.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Na sua fala, o senhor passou a


impressão de que teria havido uma grande facilidade de o senhor obter esse recurso do
FGTS na aplicação desse seu investimento.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Sim.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor acha que alguém, lá na


agência, estaria agindo de forma assim a facilitar realmente esse uso do FGTS?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Deputado Agnello, o que acontece


é o seguinte. Eu não tive dificuldade nenhuma em utilizar o recurso do Fundo de
Garantia. Assim como estava estampado nesse jornal, a Folha de São Paulo, da época,
em setembro de 2001, se não me engano, eu cheguei lá, vou usar Fundo de Garantia, fui
à BANCOOP, assinei uns documentos que teriam que ser assinados e tão breve esse
desconto do Fundo de Garantia foi efetuado na minha conta, de forma parcial, conforme
a medição da obra.
Agora, depois de todos esses fatos acontecendo, isso eu não poderia dizer antes,
vamos dizer assim, até no início dos dois primeiros anos e tal a gente procurava ver
sobre a BANCOOP se encontrava problemas, não tinha nada ali, tudo normal. Mas
depois de todos esses fatos desses anos todos eu fiquei um pouco preocupado, né?
Porque como usar FGTS eu nunca vi um desastre desse, nunca vi um desastre desse.
E quando eu fui perceber que era cooperativa, porque eu já tinha percebido que
era cooperativa e fui ver e foi cair na minha mente: Poxa! FGTS e cooperativa, a única
cooperativa do Brasil que usa da Caixa Econômica Federal? Não sei. Entendeu? Se o
senhor pergunta para mim se houve alguma facilidade? Isso daí os órgãos competentes
33

podem investigar, agora, que foi fácil de eu usar, foi; não tive nenhuma burocracia para
isso.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Interessante.


Uma outra questão, Sr. Daniel Pires, a respeito, o senhor mencionou também, no
seu depoimento, que nós deveríamos olhar com mais atenção as operações com a
Bovespa, CVM, outros bancos, o senhor citou Itaú e eu não peguei algum outro banco.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Perfeito. O custodiante Banco


Bradesco e Itaú.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O que exatamente o senhor imagina que


possa ter acontecido? Uma especulação financeira?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Sim.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E se houve ganhos nessa especulação


financeira, o senhor tem conhecimento que esses ganhos de aplicação financeira ou
especulação tenham sido divididos, compartilhados com os cooperados? Porque não é
proibido no nosso país aplicar dinheiro; só que se é de uma cooperativa, o meu
raciocínio é esse, deveria o lucro ser revertido para os cooperados. O senhor tem
conhecimento de alguma transação nesse sentido?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – O conhecimento que tive do FIDC


é que foi uma captação de recurso financeiro que ele era destinado à utilização na obra.
E esse FIDC ele pagou um custo por isso, nós pagamos um custo por isso, que era 12%
ao ano mais alguma coisa. E o que me deixou, porque eu não consegui entender até
agora, não só eu, como meus advogados e a gente tem sempre batido nisso e a gente não
consegue entender até agora, que os FIDC, em 2004, recebeu por volta de 25 ou 30
milhões de reais, só que no fechamento do balanço da cooperativa, em 2004, tinha só
570 e poucos mil.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – De 25 ou 30 milhões caiu para 570 mil?


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O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Isso, perfeito. Depois de 2005,


não houve mais entrada de recursos. Então, o que acontece? Isso a gente fica sem
entender, não sabe para onde foi, não sabe para onde foi investido. Não tem.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Nenhuma correspondência foi expedida


esclarecendo o destino desses 25 milhões ou mais aí?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não. E não recebemos nenhuma


notificação, uma carta, dizendo que a gente iria participar para aprovar esses fundos.
Esse valor, por exemplo, que eu acabo de mencionar aqui, para deixar claro aos
senhores deputados, que no site, inclusive muitas das atas eu acompanhei porque está
pública no site da Bovespa, para quem quiser ver, indo no site da Bovespa no setor, na
opçãozinha de renda fixa, vai lá, em assembleia, e você puxa todas as atas da assembleia
dos fundos de investimentos. E um deles que eu vejo aqui é que na ata da assembleia
ordinária, realizada em 24 de fevereiro de 2005, que era para eleição do Presidente,
eleição da diretoria e conselho fiscal da cooperativa, no terceiro item desta ata diz o
seguinte: a destinação do recurso do exercício, após a leitura da proposta da diretoria de
não ratear, é, portanto, reinvestir na sociedade do resultado líquido de 2004 que foi de
579 mil reais e as explicações do porque da mesma também foi aprovada pela totalidade
dos votos com apenas uma abstenção.
Ora, qualquer pessoa que faz uma continha simples imagina, até que me prove o
contrário, porque eu estou falando de documento, entra um dinheirão, 2005, não sei,
questiono, pergunto, alguém pode me responder, por favor? E fica a dúvida ou a
pergunta. Estou trazendo os fatos, porque eu quero uma resposta.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum deputado


gostaria? Tem a palavra, ainda, o Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Eu gostaria de continuar usando a


palavra. Obrigado, Presidente.
Sr. Daniel, ainda nesse nosso bate-papo aqui, o senhor disse que contratou um
empreendimento no valor de 89 mil reais. Depois o senhor já atingiu aí a marca de 200
mil reais, tendo sido aportado nesse mesmo empreendimento. É isso mesmo?
35

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Isso.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Quantos metros quadrados tem o


apartamento que o senhor comprou?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Ele tem 80 metros quadrados.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Se o senhor, fazendo uma conta


grosseira, rápida, o senhor diria – apesar de já ter respondido que hoje seu apartamento
não vale nada, porque não está documentado, mas só para um raciocínio aqui, esse custo
por metro quadrado do apartamento, o senhor acha que ele é compatível com o valor de
mercado, hoje? 200 mil reais...

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – O valor de mercado, hoje,


deputado, se o senhor permite a palavra um pouquinho...

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Por favor.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – O valor de mercado, hoje, para se


construir, já prevendo lucro em média, o metro quadrado aí, qualquer parte de
construção, você vai chegar próximo aí de mil e oitocentos reais, dois mil reais o metro
quadrado.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Aqui está dando dois mil duzentos e
cinquenta reais, se parar nos 200 mil, mas o senhor falou que tem mais 100 mil. É isso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Tem mais.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Interessante.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – É. Isso o terreno já havia sido


pago, o terreno já havia sido pago e esses valores que a gente está calculando aí são os
valores do que querem terminar as construções de hoje, do que querem terminar as
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construções de hoje, que é o valor que está sendo cobrado para fazer essa proposta com
a OAS.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E essa construção, o senhor tem


conhecimento do nome de alguma empresa que tenha feito essa construção? O senhor se
lembra qual construtora, quais empresas envolvidas nesse processo?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Olha, nós sempre tivemos o


conhecimento de que quem construiu foi a Germany.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Germany?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Germany. Foi a Germany que


construiu lá com a gente. Quando eu estava entrando na segunda unidade, na segunda
torre, já tinha pessoas morando e lá dentro eu cheguei a presenciar, antes da construção,
até por aquele entusiasmo de ver a sua casa própria sendo levantada, eu cheguei a
presenciar, naquele momento, que eram feitos já bobinas, tinha umas bitolas, sei lá, que
era feito um monte de blocos, eram construídos ali mesmo no terreno, eram construídos
ali, e era a Germany que tocava essa obra. E aí, no decorrer de todos esses anos, a gente
tem visto aí com as investigações do Ministério Público e que tem colocado todos esses
fatos na mídia, expondo todo o trâmite dessas operações. E aí a gente fica numa
situação difícil, deputado.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Essa empresa Germany o senhor tem


conhecimento de algum nome que opera nessa empresa, que é presidente, diretor ou
algum responsável?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não. O que eu tenho de notícia


são as notícias dadas pela mídia, que ali dentro contém nome de pessoas envolvidas de
relações com a BANCOOP, sindicato, sei lá quem.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Seriam proprietários.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Seriam proprietários.


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O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Ou teriam alguma função na Germany?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Justamente. Isso é o que o


Ministério Público tem mostrado e a gente tem ficado numa situação cada vez mais
complicada, porque aí você começa a perguntar: Onde está meu dinheiro? Onde foi
parar meu dinheiro? Eu quero meu dinheiro. Então, fica difícil.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte, deputado?

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Pois não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor também mencionou durante seu


depoimento que a administração do empreendimento ficou a cargo da Vita. É isso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Perfeito. O que aconteceu?


Quando eu cheguei à BANCOOP, a administradora de condomínio, pelo que meus
colegas moradores já me colocavam e eu conheci também essa empresa... Foi até
interessante isso, porque quando eu comprei da BANCOOP, depois que eu fiquei
sabendo que era cooperativa e tudo, eu tive alguns cuidados, eu fui atrás de informação,
eu falei: Será que o condomínio não vai ser caro e tal? Eu fiquei preocupado. Então, eu
tive o prazer de conhecer a Bancon, que era a administração de condomínios dos
bancários que ficava no mesmo endereço da cooperativa. E eu fui lá perguntar: Poxa,
mas e aí? Quanto vai ser o condomínio? Será que vai ser muito caro e tal? E com isso
daí a gente teve o conhecimento, eu tive o conhecimento dessa empresa. Só que depois,
quando eu cheguei para morar, tinha uma briga no condomínio terrível dos moradores
para poder tirar essa Bancon... Bancon, não. Acho que era a Vita que era para tirar, uma
das duas era para sair. E existia resistência para se tirar, existia profunda resistência para
se tirar. Aí depois vêm as pessoas e comentam: Pô, as pessoas que estão lá na Vita é
parente não sei de quem da BANCOOP, é fulano, é amigo, é não sei o quê. Eu falei:
Gente, é difícil.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Da mesma forma, o senhor conhece algum


proprietário dessa Vita?
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O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não conheço, não conheço. Eu só


estou verdadeiramente aqui relatando os fatos que de verdade eu presenciei. E mais
detalhes pode ser que algum depoente ou alguém venha dizer para vossa senhoria.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Eu agradeço o aparte.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Antes de passar a


palavra ao Deputado Vicente Cândido, eu gostaria de registrar a presença do Deputado
Antonio Mentor, Líder do PT. Obrigado pela presença, deputado.
Tem a palavra o Deputado Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sr. Daniel, algumas perguntas aqui para


que esclareça os fatos.
O senhor aderiu em 2001 e o senhor recebeu a chave do imóvel quando?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Foi em maio de 2005.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Foi o tempo de construção ou teve algum


atraso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Teve atraso na obra.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Quanto tempo?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Se eu pegar a carta aqui eu leio.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Não há necessidade.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Mas eu acredito que foi mais de,
se não me falta a memória, foi mais de seis meses ou sete meses. Alguma coisa assim.
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O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor lembra qual o motivo do atraso


da obra?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Bom, o motivo do atraso da obra,


um deles já falava da parte financeira de difícil recebimento financeiro. Alguma coisa
assim.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor teve o valor inicial de


aproximadamente 90 mil. O senhor calcula que corrigido hoje estaria por volta de 200
mil.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – 205 mil, 210 mil.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Está litigando com a BANCOOP a


cobrança de um aporte financeiro do período do contrato.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Perfeito.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Agora, todas as adesões, nós já vimos aí


os modelos do contrato de adesão, diz lá que a obra é preço de custo e que está sujeito a
aporte financeiro no decorrer da obra. O senhor está dizendo que no do senhor não tem
esse cláusula esclarecendo isso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não. Eu estou dizendo que lá ele


tem a clareza de dizer que no final da obra poderia haver o chamado resíduo.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Lá está escrito.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Está escrito resíduo. Só que o


resíduo nosso, deputado, já chegou a 25 e agora chega a mais cento e tanto.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor está questionando o valor, mas


que está...
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O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Questionando o valor e nunca


ninguém comprovou os custos dessa obra de forma que você pudesse ter. Nunca!
Ninguém! Até então teve a comissão, a comissão disse que ia ser instituída para poder
fazer parte, em nome dos cooperados, e levar a clareza aos cooperados disso. Os nossos
advogados sempre puxou e perguntou sobre os dados, mas nós nunca tivemos nem
sequer através da comissão que, inclusive, uma dessas pessoas da comissão fez parte na
conciliação da Ação Civil Pública do empreendimento e lá o juiz perguntou claramente
para a pessoa se ela tinha os dados financeiros, o que era levado nos custos, e a pessoa
simplesmente falou nós não temos esse dado, na presença do juiz. E lá também foi
pedida a perícia contábil e de engenharia pela própria excelência lá do Tribunal, da Vara
Cível, e que também não foi entregue. Então, fica difícil questionar se você pode ter
valor entre pagar ou não. Você precisa saber o valor que verdadeiramente foi
consumido na obra.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Essa comissão não é indicada pelos


cooperados daquele empreendimento?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Sim, ela é indicada pelos


cooperados.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Ela representa os cooperados. A


comissão representa os cooperados, ela é indicada pelos cooperados.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Para que a comissão tenha a


legalidade de representação, para mim, para mim, Daniel, ela precisa estar dentro de
uma conduta perfeita, precisa estar dentro de uma conduta perfeita, com os números,
trazendo os detalhes, para todo e qualquer cooperado. Isso não existe. Então, para mim
não tem valor e se eu tiver por algum momento como meu advogado já me orientou que
questionar a comissão em relação à parte judicial, será notificado também.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor deu a entender na resposta ao


Deputado Waldir Agnello que teve muita facilidade no uso do Fundo de Garantia. Em
que período o senhor usou o Fundo de Garantia?
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O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eu usei...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Foi logo no início da adesão ou não?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Exatamente o ano eu não sei, mas


eu acredito deve ter sido assim 2004, 2005. Eu sei que parou em julho ou junho de
2006. Dali para frente, a Caixa não concedeu mais os créditos à cooperativa e passou a
ter uma... Lá eles fazem assim: tinha o dinheiro na conta, separou numa conta tipo 12
poupança...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Mas o senhor tem ciência de que uso de


Fundo de Garantia para aquisição de imóvel é praxe, é lei, isso não é uma concessão à
cooperativa, qualquer que seja ela. Não é isso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Sim. Com certeza. Agora, o que


eu coloco, deputado, o que eu coloco, não é sobre a legalidade ou não, porque o fundo
gestor tem seus procedimentos e acredito que ele tem seus métodos. Agora, o que eu
questiono é que nunca se viu neste país, exceto não sei se a Encol utilizou FGTS, mas
nunca se viu neste país o recurso de FGTS, a imagem de FGTS colocada a quem quer
ou tem direito de usar numa obra passar por tal drama como esse, ao ponto de você
chegar à Caixa Econômica Federal da Rua da Consolação e fazer alguns
questionamentos aos funcionários e a pessoa passar por um constrangimento terrível.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Agora não está liberando mais?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não está liberando mais.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor compareceu nessa reunião no


dia 15/05 agora?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Fui. Fui lá no dia 15/05.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Qual foi a decisão? Teve decisão dessa


reunião?
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O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Olha, o que acontece é o seguinte.


Eu citei aqui em um dos itens que o constrangimento que nós vivemos e a situação
difícil em que as pessoas se encontram, é muito fácil para a cooperativa controlar essa
situação para uma assembleia ou você querer aprovar.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Mas teve decisão?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não. Teve uma participação com


número maior de pessoas dizendo que iriam aderir aos 100 mil.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Então teve uma decisão?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Mas não foi assembleia. Mas,


tudo bem, que fosse.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Não foi assembleia, foi reunião de


cooperados, teve decisão. Qual foi a decisão?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – A decisão é que eles iriam usar a


OAS, eles iam querer usar a OAS com proposta única. E o que me estranha é que essa
decisão tomada não comprova a questão de quanto vai ser o custo dessa obra e quanto
vai ser. Nada disso.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Ta bom, teve a decisão. Qual foi o


percentual que aderiu a essa proposta de trocar a construtora?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Deputado, eu acho que o senhor


tem que perguntar para a BANCOOP, desculpa.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Mas o senhor não estava na reunião?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eu estava na reunião, mas eu não


faço matemática de percentual lá, não, porque eu estou lá participando.
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O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Mas teve uma decisão de maioria, não é


isso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eu cheguei e vi, deputado.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Eu estou imaginando que o senhor está


inteirado do assunto. O senhor leu um documento. Até perguntaria: alguém ajudou o
senhor a escrever o documento, então?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não. Eu sou formado em


administrador de empresa.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor que escreveu esse documento?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eu escrevi o documento. Eu sou


formado em administrador de empresa, eu sou formado em tecnólogo, gerencio uma
multinacional, uma área delas, há 14 anos. Eu sei muito bem escrever, o senhor não
precisa ficar preocupado com isso, não.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Está bom, mas é que o senhor descreveu


aí sobre a reunião, o senhor falou anteriormente que não teve decisão e o senhor está me
dizendo agora que teve decisão.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eu falei que não teve decisão do


quê?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – No discurso do senhor, o senhor disse


que não teve decisão; que teve reunião e não teve decisão.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não teve decisão assembleiar,


assembleiar. Não era assembleia, era uma apresentação de proposta.
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O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Está bom, não estou discutindo aqui a


natureza da reunião. Teve uma reunião, o senhor participou e teve uma decisão. Uma
decisão de maioria que decidiu o quê?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Que vão querer continuar com a


OAS.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – E a OAS estava querendo cobrar mais


quanto?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – 100 mil reais, em média.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Esse número o senhor lembra, 100 mil


reais em média?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – 100 mil reais em média, mais


12% ano e mais IGPM e as coberturas de 180 mil...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – A indicação da OAS é da direção da


BANCOOP ou é de cooperados?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não sei.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor não tem informação se os


cooperados indicaram outras construtoras ou não?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eles não indicaram, não foi


apresentada outra construtora.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor não sabe quem indicou, então, a


OAS?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não sei.


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O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – A BANCOOP fez alguma proposta para


ela continuar e não a OAS? O senhor lembra disso?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – A BANCOOP fez proposta, sim.


Se você analisar pelos custos do que a cooperativa ia fazer quando ela fez o “prospect”
para a gente aqui, que tem uma torre B, uma A, uma era sete milhões, a outra era cinco
milhões e tal, se você analisar pelo que ela fez se dava até muito mais barato do que
poderia ser feito pela OAS.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor lembra do valor do número da


BANCOOP se fosse para ela continuar?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Dava 12 milhões.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O valor individual, já que nós falamos o


valor da OAS individual?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eram os 25 mil do aporte


financeiro.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Da BANCOOP?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Isso.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Para continuar?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Para continuar. Só que qual o


grande problema?
O problema é que já não tinha mais cinco milhões na obra que tinha sido de
empréstimo solidário para outros empreendimentos, esse dinheiro já não existia mais.
Hoje, com todo dinheiro do aporte financeiro estando lá disponível, mesmo depósito
corrigido dos depósitos judiciais que aonde teve rentabilidade muito maior do que o
Sinduscon, com todas essas finanças, a BANCOOP não termina. E, se fosse para ela
terminar, nós temos um grande problema. Se ela não entregou em 2006, para nós, nós já
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vivenciamos todo esse problema durante esses anos todos, como que você vai dar
crédito e colocar finanças em algo que não termina e pode sumir o dinheiro de novo,
desaparecer e falar o custo da obra é mais tanto, o custo da obra é mais tanto?!

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Mas um dos motivos que a obra não


termina deve ser caso semelhante ao do senhor que está pagando em juízo e não para a
BANCOOP, e como ela vai terminar a obra se ela não recebe dos cooperados?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Mas como eu vou dar meu


dinheiro, como eu vou conseguir dar meu dinheiro, se a comissão não traz informação,
você não tem dados do que está sendo gastado na obra e você também, além de a
comissão não fornecer isso, você sequer consegue ter garantia do seu imóvel, porque
muitos cooperados, inclusive até eu faria isso, se você tivesse pronto um direito de
escrituração e você chegasse e falasse – olha, é 25 mil, eu tenho certeza que muitos iam
lá e falavam para acabar com tamanho desse problema que eu estou sofrendo, me dá a
escritura e tó! Mas isso não aconteceu, deputado. Então, o que acontece? Hoje, você
fica... O grande problema é você ficar refém, porque a lei de incorporação diz que você
é obrigado, que é obrigado a fazer, isso está na lei, e quando a gente chega lá e fala é
mais 25 do depósito? É. Tudo bem, então me dá a escritura. Não! A escritura não. A
escritura eu te dou lá na frente.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sr. Daniel, cada produto tem que ter o
preço. O princípio da cooperativa é que feche lá o empreendimento, que tenha adesão e
que tenha adimplência, que as pessoas pagam, senão, porque aí saí mais barato, é mais
demorado, porque tem aporte de recursos sem recorrer a bancos. Quer mais rápido, quer
mais caro? Vai recorrer ao mercado tradicional, que é o que vocês estão fazendo. Se
todos pagassem, pelos relatos até agora aqui, acho que muitos dos empreendimentos já
teriam terminado. Agora, se não paga, não tem dinheiro, não tem como fazer obra.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Eu discordo, deputado. Eu


discordo do senhor totalmente, porque se o senhor tivesse uma casa sua e eu fosse o
construtor e o senhor chegasse lá e falasse assim para mim: eu vou te pagar conforme o
andamento que você for fazendo a minha casa. E eu chegasse lá e a sua casa valesse, sei
lá, 20 milhões de reais que eu fosse construir para o senhor e o senhor me desse cinco
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milhões de reais, e eu chegasse com esses cinco milhões e falasse assim: Deputado
Vanderlei, o contrato que eu firmei com o senhor eu não tenho mais esses cinco
milhões, o senhor pode me desembolsar mais cinco porque eu vou dar continuidade,
porque eu não consigo fazer mais, o senhor daria esses cinco milhões para mim?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Não dá para responder numa questão


pontual. Eu estou falando dentro do contexto, como o senhor leu o balanço da
BANCOOP...

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Sr. Deputado, da mesma forma


que o senhor está fazendo respeitosamente as perguntas para mim...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Daniel, um minuto. O


deputado está com a palavra.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Eu acho que o contexto que está se


discutindo aqui é mais complexo. Quando o senhor leu aí um item do balanço que a
BANCOOP recebe 30 milhões no FIDC e tem 500 mil em caixa, não dá para fazer
análise desse jeito parcial, porque o balanço pode ter ativos, pode ter empréstimos, pode
ter um monte de outras questões e o senhor leu uma linha do balanço. Então a pergunta
do senhor também é muito difícil de responder, porque nós estamos discutindo aqui
num outro contexto. Está certo?
Os depoimentos que tem tido aqui, as pessoas moram, pegam a chave, alguns até
pegaram a escritura, depois vão lá questionar o preço do imóvel. Pelas contas que o
senhor fez até agora, que o preço de custo de um imóvel nesse padrão é por volta de mil
e oitocentos ou dois mil reais, hoje seria por aí, sem terreno, o preço do senhor está
dentro do preço de custo de mercado, não o preço de venda – o preço de venda pode ser
três, quatro mil reais o metro quadrado. Então, tem gente reclamando aqui muito na
onda do denuncismo e pegando carona. Não estou dizendo que é o caso do senhor, mas
tem muito oportunismo nesse sentido.
Veio um depoimento aqui de que a pessoa pagou 30% do imóvel, mora lá e não
quer pagar mais. Isso é muito cômodo. E depois quer que a BANCOOP termine a obra.
Se não tem dinheiro, não tem obra.
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O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Cada caso é um caso.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Terá dinheiro e terá obra, se pagar mais


caro, como pode ser a negociação com a empreiteira no padrão tradicional, vai pagar
IGPM, vai pagar um monte de coisa, vai pagar mais caro. O senhor está dizendo que a
BANCOOP tem uma proposta de que vai custar mais 25 mil reais e da OAS pode ser
100 mil. Está bom, então é questão de escolha, é questão de escolha, a maioria pode
estar escolhendo esse caminho.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Mas o grande problema,


deputado, é o que eu mencionei para o senhor. Se o senhor coloca, hoje, lá na nossa
torre, quando a BANCOOP fez a proposta colocando 12 milhões para terminar, era para
terminar o empreendimento todo. Todo. E, hoje, lá, só tem dois esqueletos. E boa parte,
como a própria comissão diz, 75% dos recursos do aporte financeiro já foi injetado na
obra. Então, se era para ser colocado 12 milhões e terminar o empreendimento, 75% foi
injetado e a gente só enxerga dois esqueletos. Não está pronto. E mais cinco milhões de
crédito que tínhamos e que esses créditos fazem anos e deveriam ter sido corrigidos.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Quantas ações tem litigando contra a


BANCOOP, como a do senhor? O senhor imagina o número?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Olha, nós temos alguns grupos até
em ação coletiva, deve estar em torno de 60 e poucas pessoas.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Seria mais ou menos quanto em recursos


financeiros?

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Não dá para saber, mas uma parte
entrou depois, outra entrou antes e aí foi.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Estou contemplado, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não havendo mais


deputados inscritos, então, eu agradeço a presença do senhor Daniel Pires de Carvalho.
49

E solicito, então, que esteja conosco aqui, alterando um pouco a ordem, em


função de solicitação da Sra. Sandra Aparecida de Souza, que tem compromissos e
gostaria de ser ouvida neste momento, porque precisa se retirar, eu solicito, então, que
tome assento aqui a meu lado a senhora Sandra Aparecida de Souza.

O SR. DANIEL PIRES DE CARVALHO – Sr. Presidente, eu estou deixando


todos os documentos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ok, senhor Daniel.


Obrigado. Obrigado pela informação.
Senhora Sandra Aparecida de Souza.
Passo, agora, à leitura do texto que contém o embasamento legal para nossa
oitiva.
A senhora foi convocada a comparecer a esta CPI, constituída pelo Ato n. 13, de
2010, com a finalidade de investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de
São Paulo (BANCOOP) e propor soluções para o caso.
E, como testemunha, com fundamento nos arts. 203 e 218, ambos do Código de
Processo Penal, combinado com o § 2º do art. 3º da Lei Estadual n. 11.124, de 10 de
abril de 2002, bem como as demais normas constitucionais e infraconstitucionais
aplicáveis à espécie, cumpre-nos adverti-la de que deve dizer a verdade, não podendo
fazer afirmações falsas, calar ou negar a verdade a respeito dos fatos de seu
conhecimento, por incorrer em crime previsto no art. 4º, inciso II, da Lei Federal n.
1.579, de 18 de março de 1952.
Eu pediria para que a senhora respondesse a este Termo, que é um Termo de
Qualificação.
Nome completo, por favor.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sandra


Aparecida de Souza Scarabelli.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Idade?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – 47 anos.


50

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estado civil?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Casada.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Profissão?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Servidora


pública.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Local de trabalho?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Avenida


Presidente Wilson, 5330.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Cargo?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu sou


Técnico Judiciário.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem algum grau de


parentesco, afinidade com alguma das partes?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Qual é o cargo, Presidente?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sou Técnico


Judiciário.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então, eu peço a V.


Sa. a gentileza de relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência e as
circunstâncias pelas quais a gente possa avaliar a credibilidade das afirmações.
Eu gostaria que a senhora lesse esse Termo de Compromisso.
51

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Termo de


Compromisso do Depoente: Sob minha palavra de honra, prometo dizer a verdade do
que souber e me for perguntado, relacionado com a investigação a cargo desta
Comissão Parlamentar de Inquérito.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Sra. Sandra, nós


passaremos a palavra a senhora por cerca de 10 minutos, para que a senhora fique à
vontade relate o que for do seu conhecimento a respeito desse assunto. Logo após,
passaremos então para que os deputados possam fazer perguntas.
Tem a palavra, então.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Meu nome é


Sandra. Eu sou casada, tenho três filhos. Sou funcionária pública federal.
Eu sei que o deputado, agora no final, falou alguma coisa a respeito de...
Eu queria deixar bem claro que eu não preparei nada, porque eu só vim com os
meus fatos e com o que aconteceu comigo. E, realmente, a única coisa que eu planejei
falar é que em nenhum momento, aliás, acho que até demorei para me expor, tinham me
ligado da imprensa, eu não gosto de me expor, eu não gosto de saber, pensar ter a
possibilidade de ser manobra política, até porque eu tentei procurar a imprensa durante
anos, nunca conseguimos uma abertura, eu não sei por que, eu acho que isso é um caso,
não é meu. Enfim, eu entrei com medida judicial para ver meu bem. Eu não moro na
BANCOOP e aconteceu o seguinte.
Em 2003, eu fui na Villas da Penha e adquiri um imóvel, esse imóvel estava em
construção. Tinha uma fase... Eram quatro fases o Condomínio Villas da Penha, de casa,
um condomínio fechado. Minha irmã morava lá perto, na época, a gente tinha uma
vontade de mudar lá, eu morava em Guaianazes, trabalhava no centro, na Líbero Badaró
e tinha essa vontade, como eu tenho três filhos. Eu morava num apartamento de dois
dormitórios que eu adquiri quando casei e comprei querendo o sonho da casa própria
mesmo.
A gente ficou bastante contente na época. Eu tenho colegas do meu trabalho que
compraram, tiveram sucesso com a BANCOOP, a BANCOOP tinha uma credibilidade
bem grande, a gente achou que estava assim comprando uma coisa, realmente, um
imóvel do sonho. E a pessoa que me vendeu inclusive estava comprando imóvel lá, ela
mora lá, ela chama Renata, ela me passou essa credibilidade e eu comprei.
52

A gente comprou com 60 parcelas para pagar e dessas 60, acho que eram cinco
anuais e uma parcela de chave. Eu tinha, o dinheiro que usei de recurso foi meu e do
meu marido, ele também é funcionário público, e eu tinha um processo que eu tinha
entrado um tempo atrás, de trabalhista, que saiu no decorrer desse caminho da
BANCOOP e que eu investi – tirei do processo trabalhista e coloquei num processo da
BANCOOP, que eu não sabia que ia virar processo, senão não teria colocado.
Eu paguei com muito sacrifício. Como eu disse, eu tenho três filhos. Hoje, eles
estão com 16, 13 e 09 anos. Como eu e meu marido, a gente sempre fala que o nosso
tesouro são os nossos filhos, a gente paga escola para eles, a gente procura investir na
educação, então teve momentos assim de a gente parar de sair. Olha, a gente está
investindo, a casa que vai sair, a casa é assim, é bacana. A gente passava lá bem
animado para a hora que saísse a casa, realmente. Nós pagamos de 2003, pagamos
anuais, não atrasamos uma parcela, não teve uma parcela nenhum dia atrasado, com
muito sacrifício a gente pagou cada centavo.
Quando foi dia 09 de novembro, eu não vou me esquecer a data, de 2006, meu
filho faz aniversário dia 10 de novembro, nós fomos convocados para uma assembleia
no Sindicato dos Bancários e que foi essa confusão do aporte. Isso foi uma surpresa
porque a gente nunca imaginou que ia ter um aporte, mas no mesmo valor da casa que a
gente havia comprado. A gente fechou a casa, na época, acho que era 120 mil; nós
pagamos um total de 76, sem correção, não corrigia. Como eu falei, eu não trouxe nada.
E eles estavam pedindo 89 mil. A gente não tinha condições de pagar esses 89, até
porque eu já tinha vendido o único imóvel em que eu morava, eu vendi. A pessoa que
comprou meu imóvel me deu 50 por cento. Eu falei: bom, como eles não atrasam,
atrasam pouco, atrasam seis meses ou um ano, e está construindo, ele me deu um prazo.
O ano que vem eu te entrego o imóvel, ele falou. Então já vou preparando os outros 50
por cento. A gente fez assim e ele ficou aguardando. Como meu imóvel valia bem
menos lá onde eu morava, eu, realmente, quando eu tive essa notícia, porque eu tinha
que entregar no ano seguinte, eu fiquei sem morar. Quer dizer, teoricamente, se eu
entregasse.
Mas, naquele dia, realmente, eu e meu marido saímos de lá da Rua São Bento
assim desnorteados mesmo, sem ter vontade de pegar metrô, sem ter vontade de ir para
casa. Então, esse movimento de vir aqui hoje é até muito da minha parte corajoso,
porque, realmente, a única coisa que eu não tenho vontade é de me expor, para
ninguém. Se eu me sentir em algum momento em manobra política... Porque é assim: eu
53

tinha certeza que este ano o caso da BANCOOP ia vir à tona. É uma das coisas.
Justamente pelo PT agora estar numa posição. Então, por mais que a gente não queira se
envolver com política, a gente acaba se envolvendo, porque não tem jeito. E aquele dia
eu saí desnorteada, sem rumo mesmo. Duas pessoas completamente sem rumo.
E aí nós ficamos muito perdidos. Naquele novembro a gente ainda pagou.
Dezembro, nós fomos conversar na cooperativa e eles ofereceram para a gente a
possibilidade de migrar para um Ilhas D’Itália, que diz que provavelmente sairia com
muito mais facilidade que o nosso, porque o aporte do Ilhas d’Itália era menor.
Eu falei: bom, mas... Ela falou: Tem uma pessoa que desistiu. A gente pensou.
Só que você vai perder seis por cento para migrar. Quer dizer, eu ia assumir ainda, para
que eu pudesse morar, que eu tinha que desistir do meu para pegar o outro. Então, eu
falei: Bom, nós ainda achamos isso. Porque eu ainda estava acreditando que eu
precisava, que era um problema. Não sei. A gente não sabe o rumo da coisa. E eu tentei,
ainda entrei, falei vou fazer isso, tomei essa decisão, e deixei para fazer isso em janeiro.
Eles me passaram e falaram que eu iria perder tanto, eu ia passar um valor “x” para
Ilhas d’Itália e ia continuar pagando e lá a chance de sair, segundo eles, era maior. E foi
muito estranho porque eu tinha que pagar nove mil para poder entrar no Ilhas D’Itália,
que era esse valor. Eles iam passar todo crédito da minha cota para o Ilhas D’Itália e eu
tinha que pagar nove mil. E aí, eu falei: Bom, final de ano, tudo, a gente apertou, vamos
fazer. Só que de repente me deu vontade de não fazer. Eu falei: Eu vou estar trocando
seis por meia-dúzia e vou estar perdendo ainda.
E para minha surpresa foi ótimo eu não ter feito isso, porque eles tinham me
dado... Eu não sei, eu não lembro direito da história, porque eu não entrei realmente
com processo, eles me deram o CPF da onde eu ia transferir e, nem sei por que, eu fui
consultar o CPF. Como eu trabalho com licitação, essas coisas, a gente tem mania de
consultar CPF, aquelas coisas de CND, certidão negativa, e eu fui consultar e deu o
nome de Alessandro Robson Bernardino. Esse Alessandro já era morto. Eu falei: Como
é que eu vou comprar imóvel de um morto? Eu falei: Gente, isso aqui é muita confusão.
Aí eu peguei e falei: Não! Não me restou outra alternativa a não ser entrar
judicialmente. Eu entrei.
Eu trabalhava na Líbero, a BANCOOP fica na Líbero, eu tentei diversas vezes
conversar. Eu falei: Gente, eu só quero morar. Eu tenho que entregar meu imóvel, eu só
quero morar, eu tenho três filhos. E não tem, não tem possibilidade de falar com
ninguém. Não me restou outra alternativa senão contratar um advogado, um advogado
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que já tinha pego um caso da BANCOOP, de uma colega minha, por conta de escritura
e tudo mais, que foi bem sucedido, e aí eu fiz isso e entrei com esse processo. Entrei
com esse processo e tentei esquecer e resolver. Porque é assim, se você ficar pensando,
você não vive. Seus filhos não têm mãe, seus filhos não têm pai. E como é que é? Você
tem que trabalhar, você tem que viver, você tem que tocar a vida, afinal de contas... Aí
eu fiz assim, eu deixei, a gente entrou com processo e fui tentar outra alternativa.
Eu e meu marido fizemos todas as dívidas possíveis e imagináveis. Como
funcionário público a gente tem crédito em tudo quanto é lugar, todo mundo oferece
crédito, então, a gente acabou comprando um imóvel, a gente tem bastante dívida,
muita, em crédito consignado.
Quando eu fiz a cooperativa da BANCOOP, eu tinha feito, antes disso, a gente
já tinha vontade de ter um imóvel, eu tinha feito um consórcio da Porto Seguro de 30
mil. Como a gente não sabia como funcionava consórcio, a gente fez um valor pequeno.
Quando aconteceu isso, a gente resolveu aumentar esse valor e foi isso que fez com que
a gente pudesse adquirir a casa, mais os empréstimos que a gente fez, a gente conseguiu
adquirir um imóvel na Vila Matilde, que nós estamos pagando, morando lá, e com
bastante sacrifício, porque a gente tinha planejado muitas coisas para os nossos filhos
em termos de educação e tudo mais, porque a gente lutou muito para ser funcionário
público, a gente tem estabilidade, então a gente não pode falar disso. Em compensação,
a gente tem muita dívida agora e só agora a gente está se levantando para poder falar
mesmo do assunto, porque teve momento que as pessoas nos procuravam e eu não
acredito mais em ninguém, eu vou ser sincera. Qualquer pessoa que falar comigo, hoje,
a respeito, eu não sei onde estou pisando, eu não sei em que chão eu estou pisando, eu
não sei quem é honesto, eu não sei quem é desonesto, não acredito em quase nada e
ninguém; e não sei em quem acreditar.
Até... A desconfiança é tanta, que na 10ª Vara onde meu caso está, que é no
Fórum João Mendes, eu pedi a gratuidade da Justiça. O juiz alegou que eu não tinha
direito a gratuidade, porque eu e meu marido tínhamos uma renda que não era
necessária gratuidade. Minha advogada falou: Mas isso nunca aconteceu. A gente já
começa a desconfiar e falar: Meu Deus! Está tudo comprado. Você não sabe mais em
quem confiar. Você chega num ponto da sua vida, porque eu não comprei um imóvel no
Guarujá, segundo imóvel, não comprei uma chácara, não comprei nada disso. Eu
comprei um imóvel para morar.
55

E aí você fica sabendo que o presidente, o assessor do presidente, e tantas outras


coisas e são tantas fofocas e tudo mais, porque eu não estou aqui, eu não sou juíza, eu
não sou advogada, eu trabalho no Judiciário, sim, sou uma pessoa instruída, tenho nível
superior, não sou nenhuma bobinha, mas também não sou uma pessoa investigadora que
possa entrar no meio disso tudo. Teve gente, hoje, no meu serviço, que falou: Não vai,
porque isso daí você não sabe onde você está pisando; de repente, você leva um tiro na
hora em que você sai de lá. Pelo nível de desconfiança que está este país.
Então, o que eu tenho a dizer é isso. Se alguém quiser perguntar alguma coisa,
eu vim com o que eu tenho, com a minha história, não vim preparando nada. Só tenho
isso para oferecer.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Sra. Sandra, a gente


agradece a sua manifestação.
Eu abro a palavra aos deputados.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Sra. Sandra, apenas para que a gente possa
identificar, a senhora citou vários valores, até para poder esclarecer, o valor inicial do
imóvel era de 120 mil reais?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu não


lembro o valor exato, mas acho que era mais ou menos isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Nessa faixa.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Fique tranquila. 119 ou 121. Qualquer coisa
nessa faixa.
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A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Inclusive, se a senhora puder, depois, enviar


a esta CPI a documentação que a senhora tenha, até para que a gente possa fazer registro
disso tudo. Mas só para a gente ficar numa faixa de valores. Fique tranquila. É normal
qualquer erro aí em torno de 120 mil.
A senhora disse que pagou 76 mil.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quando a senhora já havia pago 76 mil,


teve uma assembleia, no dia 09 de novembro de 2006, onde a BANCOOP solicitava um
aporte de 89 mil reais.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Nessa assembleia, o aporte foi aprovado?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não. Foi


uma confusão. Quase que mataram o Vaccari. O Vaccari... Nossa! Foi muita confusão!
Não teve nada aprovado.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então, os cooperados não aprovaram o


aporte?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não. A


manifestação foi muito calorosa, porque aí estavam todas as unidades de todos os
lugares, então, foi se juntando em grupos quem era da Penha, quem não era. Inclusive,
foi naquele momento que saíram muitas associações, nomes, trocando e-mails, essas
coisas. Não foi aprovado nada naquele dia.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então, em novembro de 2006 o aporte não


foi aprovado pelos cooperados.
57

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A senhora continua a pagar as parcelas?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu paguei até


o dia que eu entrei judicialmente. Eu não paguei mais.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Isso foi em que data?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Fevereiro de


2007, março de 2007.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então, em fevereiro de 2007, a partir,


provavelmente, de uma liminar, algo assim, a senhora parou de recolher as parcelas.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sim.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quando houve essa negociação sobre uma
possível mudança da Penha para outro empreendimento? Quando foi essa conversa com
a BANCOOP? Foi depois da assembleia?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Foi depois da


assembleia.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Isso foi final, então, de 2006, começo de
2007?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E a senhora disse que a BANCOOP, então,


estava propondo que a senhora comprasse um empreendimento de morto?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – É. Quando


eles me ofereceram, eles não falaram isso. Eu que fui investigar, pelo CPF, porque eu
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tinha que pegar o termo de transferência. E, pelo CPF, eu coloquei por acaso, porque eu
queria saber de quem eu estava comprando. Como eu não tenho acesso a SPC, essas
coisas, eu fiz o que eu tenho acesso, que qualquer cidadão tem – que é a certidão
negativa de débito, e aí coloquei e aí que eu descobri que era morto.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Me dá um aparte, deputado?

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte ao deputado.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Só perguntar para a Sra. Sandra, a


senhora tem o número do CPF dessa pessoa?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Tenho.


Tenho em casa.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Pode fornecer?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Aqui... Eu


acho... Eu tenho lá na outra bolsa. Sim, posso.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Ainda pelo aparte, a localização desse


imóvel que foi sugerido para a senhora migrar para ele, por favor.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Ele fica na


Rua Marina Crespi, que eu fui ver, inclusive, não o imóvel que eu ia morar, porque
ainda não estava construído.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Marina?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Marina


Crespi, na Mooca. Condomínio Ilhas D’Itália. Eu não sei o número.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Obrigado.


59

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só para entender bem essa migração. A


senhora faria um contrato direto com o Sr. Alessandro ou é um contrato da senhora com
a BANCOOP? Como é que, juridicamente, iria operar isso? E como é que a senhora
obteve quem era o cooperado?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Então, eu


tive contato com a BANCOOP, eu que procurei para tentar morar. Eu conversei com a
Kátia, que na época era vendedora, não sei, o pessoal ficava na mesa, atendendo. E aí
ela me ofereceu essa unidade que ela garantiu que ia sair. E ela me deu um termo que eu
tinha que reconhecer, essas coisas, reconhecer firma e tudo mais, e eu tinha que voltar
com isso. Eu não me recordo dos detalhes. Eu tenho tudo, eu acho, que escrito, porque
quando a advogada fez, a gente fez, está no processo. Mas, assim. Eu entrei com o CPF
porque eles tinham me dado o CPF que era de onde ia sair essa unidade. Essa unidade a
pessoa disse que não ia querer, eu não sei o que aconteceu, na época, que estava
disponível, mas essa unidade então seria da BANCOOP, não sei, porque se estava com
o nome do sócio da BANCOOP, eu achei que era muita confusão, eu resolvi não
terminar a negociação, digamos assim.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A senhora tem esse documento dessa


proposta de como isso foi feito ou só foi oralmente?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu tenho o


CPF. Ela me deu, ela chegou a me dar, tudo, mas eu devolvi, porque depois que eu
consultei esse CPF, eu falei: Não, não vou querer porque isso também é uma fria, eu
não estou entendendo isso. E aí que eu contratei a advogada para me acompanhar,
porque eu percebi que sozinha eu não ia conseguir resolver isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A senhora depois disse que vai fornecer o
número do CPF do senhor Alessandro Robson Bernardino.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu contei a


história, na época, mas tem coisas que a gente acaba apagando, porque foi tanta
confusão... Você queria se situar, você queria só um lugar para morar.
60

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Além dessa assembleia no dia 09 de


novembro de 2006, a senhora foi convocada para alguma outra assembleia?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não. Eu fui a


uma outra assembleia, que eu não fui convocada, que eu tive dificuldade... Assim, até...
Minto. No começo eu não tive dificuldade de entrar. Eu entrei com a minha funcional e
eu não sei por que cargas d’água eles acabaram me deixando entrar, até estranharam
porque outras pessoas na mesma condição que eu não entraram. Eles me deram aquele
crachá vermelho e, no final, eu tive que sair, antes de começar, e voltar; quando eu
voltei, estava com a porta fechada, aí eles não me deixaram mais entrar, já tinha, estava
fazendo a votação e tudo mais. Mas nós não fomos convocados. Eles convocaram...

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A senhora estava credenciada, com crachá,


e não pôde entrar de novo na reunião.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não pude


entrar de novo, porque eu entrei e, como ia demorar, eu saí para buscar minha bolsa,
porque eu trabalhava perto, eu vou buscar minha bolsa e retorno, senão vai fechar lá. E,
quando eu retornei, não pude entrar.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A senhora sabe mais ou menos que data
isso ocorreu?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Então, eu


posso ver, mas eu não recordo2 a data.
Inclusive, eu percebi uma coisa. Que estavam pessoas lá, quem eles queriam.
Isso eu posso garantir, porque eu procurei pessoas que eu conhecia assim da Villas da
Penha, que a gente teve contato, alguma coisa assim, mas eu não achei essas pessoas.
Eu achei só... Eu acho que foi uma convocação muito seletiva. Eu não recebi, eu não
mudei de endereço... Aliás, eu mudei de endereço, mas foi avisado na BANCOOP, e no
endereço que eu estava, a gente sempre busca as correspondências, a gente morou
bastante tempo lá, não devolviam. Então, não teve essa convocação. Tudo quanto é
coisa da BANCOOP eu recebia. Sei lá.
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Boleto?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – É, boleto.


Então, não, não recebi.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então, fora essa assembleia do dia


09/11/2006, a senhora nunca foi convocada para uma assembleia. Teve uma que a
senhora conseguiu entrar, mas depois não conseguiu retornar.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Isso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Por enquanto é só, senhor Presidente.


Agradeço à senhora Sandra.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Antes de mais nada, até para que nós
possamos esclarecer as nossas investigações, seria importante que a depoente
autorizasse à BANCOOP encaminhar a esta CPI o relacionamento dela com a CPI, que
é sigiloso, sigiloso – os contratos, as condições. A senhora autoriza?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sim. Eu acho


que sim. Sim.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A senhora tem curso superior?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sim.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Só uma questão que me deixou


intrigado.
Todos os pagamentos para a BANCOOP eram pagos através de boletos?
62

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sim.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Se não me engano a senhora falou no


depoimento que a senhora falou com uma pessoa, vendedora, não sei quem é – de nome
Kátia, e ela deu um número de uma conta para a senhora?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não, não tem


nada a ver com os pagamentos. Foi quando teve a assembleia, dia 09 de novembro, eu
procurei a BANCOOP, e a atendente Kátia que me atendeu, porque a gente ficava para
ser atendido conforme a chegada, tinha uma senha, eu falei da minha vontade de morar
e que por conta da assembleia, dessa pedindo aporte, que eu queria ver se não tinha
outra possibilidade. Eu fui lá de canequinha mesmo pedindo para morar. E aí ela falou:
Olha, assim está pedindo aporte. Ela me ofereceu algumas opções, tinha Pirituba, eu não
lembro os locais que tinha, que ela falou: Olha, aqui o aporte vai ser menor ou não vai
ter aporte, porque tem dinheiro em caixa. E ela me afirmou que o Villas da Penha não
tinha dinheiro em caixa. Eu falei: Cadê o meu dinheiro? Daí, ela me ofereceu o Ilhas
D’Itália, que foi quando a gente começou uma negociação, que eu ia embarcar nessa
negociação.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas a pergunta, Sra. Sandra


Aparecida de Souza Scarabelli, a pergunta é a seguinte: a senhora me disse que ela
pediu um aporte para a senhora. Os aportes têm que ser...

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não, ela não


pediu aporte.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas a senhora disse que tinha CPF.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Para você


mudar de uma unidade para outra você tem que pagar, não sei se uma multa, porque eu
não sei o nome.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sim. Tem que pagar uma multa.


63

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – É. Eu ia


pagar isso, porque eu ia...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pagar para a BANCOOP.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Isso, para a


BANCOOP. E o meu dinheiro do Villas da Penha ia ser passado para esse Ilhas
D’Itália, o que sobrasse desse valor.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas essa tal Sandra...

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Aí ela me


deu um compromisso de transferência em que essa unidade que ela estava me
oferecendo tinha o CPF desse Alessandro.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Alessandro Robson Bernardino, que a


senhora disse, se não me engano.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sim.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas esse CPF não é da BANCOOP?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Como que a senhora...? Porque o CPF


são dados sigilosos, como é que a senhora obteve a informação desse CPF?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Ela me deu


essa transferência.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não, não. Ela deu um CPF para a


senhora. Como a senhora descobriu que esse CPF não era da BANCOOP?
64

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Isso é


sigiloso entre aspas, porque qualquer pessoa esclarecida sabe que existe na Caixa
Econômica Federal uma certidão que chama certidão negativa de débito, eu sei, porque
eu trabalho com licitação, mas qualquer pessoa pode ver isso. Se você tentar fazer.
Qualquer pessoa, qualquer cidadão.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então, a senhora pode verificar o meu


CPF.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não, não


posso ver se deve ou não. Isso não. Eu só posso ver quem é. Se a pessoa me der o CPF,
independente, você pode ver de casa, você entra na Caixa Econômica Federal...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E vê o CPF de qualquer pessoa?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Você coloca


certidão negativa de débito, ele coloca: CNPJ ou CPF? Tanto faz, e você entra e sai. E
isso é uma coisa que só sai o nome da pessoa, qualquer pessoa pode saber. É que nem
todo mundo sabe.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Alessandro Robson Bernardino é uma


pessoa falecida? Não existe?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Isso. Eu


perguntei, eu fui perguntar, aí ela disse que era um dos sócios que já tinha... Eu falei:
Mas por que está passando para mim?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas o pagamento para a BANCOOP


não tinha que ser através de boleto?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não!


Desculpa, me permita, mas o senhor está confundido as coisas. Eu paguei sempre para a
BANCOOP em boleto. Naquele momento, eu estava tentando mudar de unidade e nós
íamos fazer um termo de transferência de compromisso de compra e venda.
65

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Aí não é pago para a BANCOOP?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não. Eu


tinha que assinar esse termo de compromisso de compra e venda aí tinha que passar essa
unidade do Ilhas D’Itália para mim.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu entendi, dona Sandra.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Mas eu não


paguei, o que eu ia pagar...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas a senhora fez algum pagamento?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não fiz, não


deu tempo. Graças a Deus esse dinheiro eu não perdi.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A senhora não fez nenhum


pagamento, nenhum depósito, nada?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não. Não,


porque eu desisti. Quando eu percebi o caminho que eu estava pisando...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A senhora não concluiu, não fez


nenhum pagamento, não depositou nenhum cheque, nada?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A senhora fez algum depoimento ao


Promotor José Carlos Blat sobre essa questão?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sim.


66

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E o que a senhora disse ao Promotor


José Carlos Blat sobre essa questão?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu disse a


mesma coisa.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não! A mesma coisa não é...

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Foi o que eu


acabei de falar, essa história que eu contei.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Que a senhora não fez depósito...

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não. Eu ia


fazer, quase fiz, mas não deu tempo, graças a Deus, porque quando eu percebi que
estava numa...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu estou dizendo assim: a senhora não


pagou, não deu nenhum cheque, não deram nenhum número da conta para a senhora?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Deram,


deram isso tudo, mas acabou não se efetivando.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – No Ministério Público a senhora não


apresentou nenhuma cópia de cheque?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Olha, porque


é assim...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – É só uma pergunta.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Porque


depois quem pegou a ação foi a advogada que está com o meu processo.
67

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas o advogado não faz o depoimento


para a senhora, o depoimento é pessoal.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu sei, mas


assim, eu não vou me recordar dos documentos que ela passou. Se ela passou, eu fiquei
com cópia, sim. Das coisas que eu fiquei com cópia...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas eu estou dizendo: a senhora não


fez nenhum depoimento ao Ministério Público e não juntou nenhum documento de
pagamento, nada disso?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Dessa pessoa


o senhor está falando? O meu pagamento?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Algum cheque, cópia de algum


cheque, alguma coisa nesse sentido.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Olha, teve,


nessa transação, teve o envolvimento de um cheque que eu não me recordo direito e a
advogada, quando eu vi que eu estava entrando numa...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas esquece a advogada.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não, não.


Espera aí. Ela pegou tudo, então sempre estive acompanhada dela, então não me
recordo. Como eu não preparei nada para vir aqui hoje, como eu falei, eu não me
recordo, então não sei, eu não posso ter certeza.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sra. Sandra, a senhora tem certeza que


não deu nenhum cheque para a senhora Kátia?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Dei o


cheque, mas a gente pegou de volta, porque a gente desconstituiu. A gente chegou a dar
o cheque, sim, mas desconstituiu porque a gente desistiu.
68

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A senhora poderia juntar à CPI a cópia


desse cheque, por favor, para que nós pudéssemos?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não sei se eu


tenho, tenho que conversar com a advogada, porque eu devo ter, deve estar...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não. Esquece a advogada. Aqui nós


estamos solicitando a senhora. A senhora tem o direito de constituir advogado, até
porque a senhora está acompanhada, é um direito de todos, direito constitucional.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – É que se


passaram anos e tem coisas que eu não me recordo dos detalhes. Eu sei que teve e eu
desisti a tempo. Eu sei que quando eu constituí advogada eu desisti a tempo de não...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Um aparte, deputado?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – É que aqui nós precisamos dos


detalhes para verificar se houve ou não houve fraudes, entendeu?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Entendi. Eu


posso juntar, sim, se for necessário.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Um aparte, deputado?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Um aparte ao nobre.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – A senhora está com outra advogada


constituída para o caso. É isso? O doutor que está do lado da senhora, ele não está nesse
caso?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Então, ele é


do Villas da Penha e teve um momento em que eu ia sair do particular e entrei na ação
coletiva, nós conversamos.
69

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Ele está acompanhando a senhora, hoje,


por quê?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Quem? A


advogada?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O advogado que está ao lado da senhora.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não. Eu pedi


para ele me acompanhar...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Mas não é advogado desse caso. Está


acompanhando, hoje, excepcionalmente. É isso?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sim. Mas a


gente acaba tendo... Como a Associação Villas da Penha tem meu e-mail, a gente tem
algum contato, digamos assim.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Um aparte ao nobre deputado


Montoro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Obrigado, deputado. É que eu acho


que estava tendo uma confusão, Deputado Siraque. A Sandra não deu nenhum cheque
quando soube que o CPF se referia a uma pessoa que havia morrido. Nesse caso, não
houve nenhum desembolso de cheque.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu lembro


que eu cheguei a preencher o cheque e depois eu peguei. Eu não lembro direito. Eu
preciso até me lembrar. Eu não perdi dinheiro nessa transação. Isso é certeza.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – É que eu entendi que ela foi...


70

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – A informação que o deputado tem é


que ela teria recebido um cheque?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não. Ela deu informação de que teria


ido até a BANCOOP, falado com uma tal funcionária Kátia e essa funcionária, se não
me engano, pediu para fazer um pagamento de nove mil reais ou nove mil e poucos
reais.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – É, de


transferência.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – De transferência. Aí a pergunta que se


faz à depoente é se foi ou não feito esse pagamento.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não, então,


ele não chegou a ser concretizado, não.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não foi concretizado?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Outra coisa também que a senhora


disse no depoimento que a senhora saberia que o caso da BANCOOP viria à tona este
ano. Por quê? É alguma questão política?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – É, eu acho


que é uma questão mais intuitiva, por isso que é ruim a gente falar. Porque, na verdade,
o ano passado eu fiz esse comentário inclusive com o pessoal do meu serviço...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A senhora disse isso por causa do PT,


alguma coisa assim?
71

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu falei


assim: Gente, eu acho que o ano que vem isso aí vai vir à tona, porque é ano de eleição.
Eu falei sim.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A senhora acha, então, que essas


questões virem à tona é questão da eleição.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Pela ordem, senhor Presidente.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não, não é


questão disso. A questão é a seguinte. Que o PT tem envolvimento, eu acho que para
mim é uma certeza. É lógico que eu não tenho provar, como eu disse. Eu sou uma
cidadã que preciso de... E, na verdade, existem coisas que, quando você está na posição,
existem coisas que você consegue abafar. Infelizmente, neste país ainda é assim. A
gente gostaria que fosse mais diferente. Eu acho que as coisas tinham que caminhar,
independente...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E o que leva a senhor a ter a certeza?


A senhora tem alguma prova do envolvimento?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não. Eu falei


o ano passado, falei por falar, e, na verdade, aconteceu.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não, porque para nós é importante se


tiver alguma prova, para que nós possamos aqui apurar, porque aqui só interessa chegar
à verdade.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Espero que


sim.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas eu estou dizendo, a senhora tem


alguma prova do envolvimento de alguém?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não.


72

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E a senhora disse também que numa


assembleia quase mataram o João Vaccari Neto. Por quê?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Porque todo


mundo, na hora em que ele foi pedir o aporte...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Ele foi agredido na assembleia?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Ele não


chegou a ser agredido, fisicamente.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Verbalmente?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Se fosse, se


xingar fosse, ele estaria morto, com certeza.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Um aparte?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pois não.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Eu tinha essa pergunta sobre a questão


quase mataram o Vaccari, quando ela colocou. Só me preocupou quando a senhora disse
que ficou temerosa em vir depor na CPI e levar um tiro?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sim. Não, o


pessoal do serviço brinca, porque a gente é funcionário público. E a gente fica até com
medo das coisas...

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Mas não de deputado né?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não. A gente


brinca, porque a gente não sabe onde está pisando, neste caso. A gente não sabe onde
está o interesse. Mas não é o deputado. Desculpa.
73

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Obrigado, senhora


Sandra.
Eu devolvo a palavra ao Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu vou encerrar o depoimento.


Obrigado, senhora Sandra.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum deputado


inscrito? Deputado Waldir Agnello tem a palavra.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Dona Sandra, novamente os meus


cumprimentos.
Lamento, a senhora traz um depoimento carregado de bastante decepção, mas
não desista do seu sonho, não, ainda que ele esteja sendo um pesadelo, agora.
A senhora pode afirmar a esta CPI em que data essa transferência que a senhora
buscou essa migração de um empreendimento para outro, em que data isso ocorreu?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Desde 09 de


novembro de 2006.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – 09 de novembro de 2006, que é um dia


antes do aniversário do seu filho. É isso?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – O dia


seguinte é aniversário do meu filho, então não esqueço, é uma data assim, é um divisor
de águas na minha vida. E, depois dessa data, a gente pensou nessa possibilidade. Então
foi dessa data que eu fui procurando a BANCOOP, tentando achar uma alternativa, sem
entrar judicialmente, porque era minha intenção, até janeiro de 2007, porque foi assim e
a decidiu não embarcar nessa transferência, porque a gente percebeu que era uma...

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – A senhora já ouviu falar no nome dessa


pessoa que a senhora consultou o CPF dele? A senhora sabe o nome dessa pessoa?
74

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Alessandro


Robson Bernardino.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Alessandro Robson Bernardino.


A senhora, por um acaso, sabe quando foi que essa pessoa morreu?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não. Eu


fiquei sabendo depois. E aí me contaram que morreram três diretores da BANCOOP,
que foi o presidente, o vice-presidente e o diretor financeiro. Eu não sei quem é quem,
eu sei que ele é um desses.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Esse Sr. Alessandro Robson Bernardino


estava entre esses três que morreram?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – E morreram


no mesmo dia, porque eles foram atrás de um terreno, alguma coisa assim, no nordeste,
é o que eu sei, então, vou contar a versão do que eu sei, os três foram atrás de um local
para a cooperativa, enfim, para imóveis, e acho que num acidente de carro os três
morreram.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – A senhora sabe que esse acidente


ocorreu em novembro de 2004?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Dois anos antes de a senhora de ser


oferecido à senhora uma unidade de um...

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu fiquei


sabendo que já tinha morrido.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Dois anos antes. E que, curiosamente,


esse Sr. Alessandro Robson também tem participação na Germany Construtora?
75

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Pois é.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E que curiosamente um diretor da


BANCOOP também, Sr. Alessandro, era proprietário de uma das unidades, também,
que estava sendo oferecida para a senhora?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Para o senhor


ter uma ideia de como eu me senti pisando em ovos. Sei lá em quê. Na verdade, eu acho
que eu fiquei sem rumo mesmo, por isso que eu desisti dessa transferência.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Muito bem. Agradeço o seu


depoimento.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum deputado


inscrito? Tem a palavra o Deputado Antonio Mentor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero


cumprimentar a todos.
Apenas eu acompanhei o depoimento da senhora desde o início, e a senhora faz
várias hipóteses, levanta várias hipóteses que eu gostaria de solicitar da senhora se a
senhora teria como provar essas hipóteses de uma maneira documental, já que a senhora
é uma pessoa esclarecida, já mostrou aqui que é esclarecida, trabalha com licitação e
sabe que as questões formais do processo em qualquer certame licitatório são
fundamentais; da mesma maneira, tudo aquilo que é dito, precisa ser provado.
Em primeiro lugar, eu queria perguntar à senhora se a senhora informou à
BANCOOP a mudança do seu endereço, oficialmente.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Informei.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – A senhora tem como provar isso?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sim.


76

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Se a senhora tiver como provar, apenas


sim ou não. Se a senhora tiver como provar, gostaria que a senhora enviasse a esta CPI
o documento que prove que a senhora, oficialmente, informou à BANCOOP a mudança
do seu endereço, para que a senhora pudesse ser então informada a respeito das questões
relativas aos seus interesses na BANCOOP.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sim.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – A segunda. A senhora nos disse também


aqui que talvez tenha feito um pagamento e a senhora se lembra de tantas coisas, a
senhora não se lembraria desse pagamento com mais exatidão, não é? Esse cheque?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu teria que


rever os fatos, porque eu não lembro exatamente dos detalhes, não. Eu não lembro.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – É que a senhora se lembra de tantas


coisas com tantos detalhes e dessa que é uma coisa importante parece que a senhora não
tem uma lembrança tão segura assim.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Porque não


concretizei o fato. Fiquei tão insegura, porque aí me pegou em outro momento. Uma
coisa é você estar num momento feliz, adquirindo até uma data “x”. Depois é você estar
perdida, e foi num momento de estar perdida mesmo que aconteceu tudo isso.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Claro, claro. A gente tem compreensão


dessas situações em que a vida oferece para a gente momentos de maior tensão.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu não


desejo esse momento para ninguém.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Mas faz parte da vida.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Espero que


não faça para muita gente.
77

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Quando a senhora migrou de um


empreendimento para outro, a senhora tratou dessa questão com uma funcionária da
BANCOOP de nome Kátia.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Sim.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Completo o nome dela a senhora tem?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Não.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – A senhora tem como demonstrar a esta


CPI, de maneira formal, que houve essa transação, que houve essa discussão, que houve
essa documentação assinada? Enfim, a senhora tem como demonstrar isso
documentalmente para a CPI?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu não sei


exatamente o que eu tenho. Como eu falei da advogada, é porque tudo depois eu passei
e vi que eu precisava de uma assessoria jurídica mesmo, que eu não estava pisando em
um lugar assim realmente concreto que pudesse, e aí eu precisei. Então eu fui passando
tudo para ela.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Gostaria que a senhora enviasse a esta


CPI tudo aquilo que a senhora pudesse provar daquilo que a senhora informou a esta
CPI. Por favor.

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Ok.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Bruno Covas.
78

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só para esclarecer, a senhora disse que


informou à BANCOOP a mudança de endereço. Que ano houve essa mudança de
endereço?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu mudei em


2008.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – 2008? Agradeço.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Queria registrar aqui um protesto. Com


todo respeito à Bancada do Partido dos Trabalhadores, este já é talvez o oitavo ou nono
depoimento que nós ouvimos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Oitavo.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E todos os questionamentos que V.


Exas. dirigem aos depoimentos dá a impressão que vocês estão querendo defender a
BANCOOP e não investigar a BANCOOP. Dá a impressão de que o depoente é réu e
não vítima. Eu não estou entendendo a posição de vocês. Queria, com todo respeito,
fazer esse protesto e pedir para que haja imparcialidade nas perguntas, até sem
constranger o depoente, de forma que a pessoa levanta dali se sentindo incriminada com
o tom, com algumas perguntas. Então, queria, com toda lisura, transparência, registrar
esse meu protesto aqui, Presidente. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Gostaria que as


pessoas que estão participando participassem, mas evitassem manifestações de aplausos
ou de vaias.
Tem a palavra o Deputado Antonio Mentor.
79

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, o papel de uma CPI, uma


Comissão Parlamentar de Inquérito é buscar a verdade. E, evidentemente, que nessa
busca, nesse trabalho da busca, na verdade, pode provocar entendimentos equivocados,
como é o caso do meu amigo Deputado Waldir Agnello, neste momento.
Nós temos que tratar aqui, Deputado Waldir Agnello, das questões que possam
ser demonstradas oficialmente, não apenas impressões, porque impressões, opiniões,
nós temos as mais variadas possíveis. E aqui ninguém é réu e ninguém é vítima. Nós
estamos em busca da verdade. Apenas isso.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor tem dúvida que haja vítimas
aqui, deputado?

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Haverá um réu ou uma vítima depois que


nós constatarmos os fatos e chegarmos a uma conclusão e enviarmos essas conclusões a
quem de direito, no caso, ao Ministério Público e ao Judiciário, para que lá, sim, exista a
transformação de depoentes em réus e vítimas.
Portanto, eu lamento até, peço desculpas à depoente, se eventualmente eu possa
ter tido, ter transmitido essa impressão, não era minha intenção, absolutamente, mas, ao
contrário disso, a minha intenção é buscar a verdade. Nós queremos fazer isso de
maneira oficial e documentada tanto quanto possível. Evidentemente, que de uma forma
educada, respeitosa, em relação a todos aqueles que aqui vierem para nos ajudar nesse
trabalho que nós estamos desenvolvendo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Registrada a


manifestação de ambas as partes.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu queria informar que não tem mais


a ver com a depoente, que nós respeitamos, mas eu acho que o Deputado Waldir
Agnello está equivocado, porque aqui nós estamos com diversas bancadas e o senhor
80

não tem o direito de dizer para nós o que nós vamos perguntar, como nós não temos o
direito de dizer a V. Exa. o que o senhor deve perguntar, de acordo com os critérios
regimentais, para que nós possamos esclarecer a verdade.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – A verdade.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Aqui nós só queremos a verdade.


O senhor tem uma impressão, se eu, por exemplo, eu não vou nem falar pela
bancada, porque pela bancada fala o meu líder Deputado Antonio Mentor. Eu não tenho
dúvida nenhuma que eu, particularmente, defendo a BANCOOP. Sabe por que, nobre
deputado? Porque se a gente não defender a BANCOOP, o senhor não pode confundir a
BANCOOP com eventual direção da BANCOOP, com quem é cooperado ou deixa de
ser cooperado, com a CPI ou não CPI. A BANCOOP é muito importante. Ou nós
resolvemos essa questão do equilíbrio econômico-financeiro da BANCOOP, ou aquelas
pessoas que ainda não receberam as suas casas, o sonho das suas vidas, para eles
receberem a BANCOOP tem que dar certo. Se a BANCOOP não der certo, terão um
prejuízo enorme e aí nós teremos vítimas. Agora, se tem pessoas que cometeram erros,
se cometeram crimes ou não, isso nós temos que apurar aqui. Se têm dúvidas, se
existem conflitos judiciais, é o Poder Judiciário que tem que resolver, de acordo com o
Código Civil, com o Código do Consumidor; se tem alguma questão de Código Penal, a
Justiça Criminal deve resolver.
Aqui, nós queremos chegar à verdade e a verdade não tem um lado só. Até
porque nós temos a Constituição do Brasil, que V. Exa. é um grande conhecedor, tem
uma formação talvez melhor do que a nossa da Bancada do Partido dos Trabalhadores,
deve conhecer que existe o direito de acusação e o direito de defesa, o direito ao
contraditório, que é um direito que foi conquistado a duras penas. O senhor deve
conhecer, principalmente depois da Revolução Francesa. O senhor é de um partido e
nós somos de outro. Então, a democracia, a beleza da democracia é isso. Por exemplo,
outro dia nós vimos um Promotor, um excelente Promotor, Dr. Cembranelli, e um
excelente advogado, que foi o Dr. Podval, um fazendo a acusação e outro fazendo a
defesa. Essa é a beleza da democracia que alguns parlamentares, Sr. Presidente, ainda
não descobriram. Aqui não tem um lado só, aqui não tem um lado só. Sempre... Aqui
tem nove lados, mas só tem um interesse: defender as pessoas aqui e chegar à verdade.
Mas, infelizmente, nós só chegaremos à verdade formal.
81

À depoente eu peço desculpas, porque ela veio fazer um depoimento. E aqui é


uma outra discussão. Só que não venha dar pito, Deputado, não venha dar pito. O
senhor foi eleito igualzinho aos demais deputados desta Casa. Os 94 todos somos iguais.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E é com essa liberdade que estou me


expressando. A liberdade que me cabe, cabe a V. Exa. também.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vicente


Cândido, Deputado Ricardo Montoro, só um momentinho, Deputado Vanderlei Siraque,
Deputado Waldir Agnello.
Acho que foram registradas as manifestações do Deputado Waldir, do Deputado
Antonio Mentor, do Deputado Vanderlei Siraque. Elas servem para reflexão de ambas
as partes. Nós vamos continuar aceitando todo tipo de manifestação do deputado, de
qualquer deputado e de qualquer ordem. Eu gostaria só que nós nos ativéssemos ao
depoimento da Sra. Sandra, e déssemos o prosseguimento nesse item de nossa pauta. Eu
acho que essa discussão poderia se dar por esgotada, âmbito de reflexão de ambas as
partes, registradas as manifestações, gostaríamos de caminhar dentro da nossa pauta. É
possível?

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Gostaria só de fazer...

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Se os deputados vão se manifestar, que


dispensasse a depoente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Queria ver se algum


deputado tem mais algum questionamento para a senhora Sandra Aparecida de Souza.
A depoente gostaria de fazer mais alguma observação?

A SRA. SANDRA APARECIDA DE SOUZA SCARABELLI – Eu me


esqueci de um detalhe. Três semanas atrás me ligou a BANCOOP, então está
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respondido se eu mudei de endereço, eles me ligaram no meu telefone, no meu celular,


perguntando se eu queria me cadastrar ou não. Eu não entendi a pergunta, a atendente
foi a Carolina, eu falei: O que você quer dizer com cadastrar? Ela falou: Bom, você
consta aqui como futura moradora da Ilhas D’Itália e a gente quer saber se você quer
continuar na BANCOOP ou descredenciar. Eu falei: Qual é a diferença? Porque eu
quero a minha casa ou o meu dinheiro. Ela falou assim: Se você se credenciar, você vai
continuar recebendo a correspondência da BANCOOP, você vai continuar associada.
Eu falei: Bom, eu não sei como está minha situação aí. Agora, se você não fizer nada,
você não recebe mais nada. Eu falei: Bom, então me manda por e-mail. Você pode? Ela
falou: Qual e-mail? Aí ela me falou, ela tem meu e-mail lá, então eles têm todos os
meus dados. Só que eles não me mandaram. Eu tentei entrar em contato com a Carolina
e não me mandaram mais nada. Então eu não fiz nada, eu falei com a advogada e ela
disse: Espera. Porque o meu processo, em relação à cooperativa, está encerrado, ele está
em fase de execução. Ele tem uma súmula cadastrada dizendo que a cooperativa não
tem status de cooperativa, como quase todos os processos que tem. O meu é particular,
só meu mesmo, mas tem outros coletivos. E o juiz dá ganho de causa em todas. E
inclusive teve prazo para a BANCOOP recorrer, a BANCOOP entrou com uma
manifestação, não foi nem um recurso, ele desconsiderou e disse que se ela quisesse
entrar com um recurso que fosse um recurso de valor e tal, que não tem como mais, o
que ela falava não tinha sentido, porque ela realmente não tem status de cooperativa e
tem relação de consumo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não havendo mais


manifestação de deputados, eu agradeço a sua presença e a sua participação. Obrigado,
dona Sandra.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Eu queria dialogar rapidamente aqui com


a questão levantada pelo Deputado Waldir Agnello. Ele sabe o respeito que eu tenho, a
admiração que eu tenho pelo deputado, pela pessoa dele, mas, Deputado, eu acho que do
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lado de cá também tem a mesma impressão. A motivação desta CPI, ela tem uma
conotação forte de uma CPI política, de incriminação da BANCOOP ou de pessoas da
BANCOOP, que vai, no meu ver, na mesma esteira de uma boa parte da mídia, que tem
falado aí o que bem entende sem nenhuma prova ou com matérias distorcidas, ou com
matéria que às vezes não têm nada a ver com o fato aqui da BANCOOP em si ou da
CPI. Se não fosse isso, pela investigação em si nem precisaria da CPI, porque já tem
investigação aí nos meios judiciários, no Ministério Público e Polícia. Então a CPI aqui,
nesse sentido, também se faz desnecessária. Então, eu também tenho a interpretação do
lado de cá de que ela tem uma conotação forte política, ainda que nós estamos aqui
procurando esclarecer fatos. Mas eu acho que do lado de cá também é verdadeiro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Ricardo Montoro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Eu queria deixar bem claro que


acho que todos nós defendemos a BANCOOP, defendemos a transparência da
BANCOOP, defendemos os balanços que a BANCOOP vai apresentar, a fiscalização.
Nós defendemos. Eu acho que essa é a função da CPI. E, mais uma vez, eu não me
coloco dentre aqueles que querem politizar esta CPI. Então, não tem o menor sentido.
Nós estamos em fase de depoimento. Acredito que as informações estão se
avolumando. E vamos defender, sim. Defender a transparência, defender os
depoimentos, defender que as autoridades da BANCOOP venham, para que isso possa
reverter em benefício, essa é a função da CPI, em benefício de todos os cooperados.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu passo, então, a


convidar para que tome assento ao meu lado a senhora Rosi de Oliveira.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Bruno Covas.
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Os outros três depoentes que não haviam
respondido a V. Exa., senhor Adalberto e senhora Marlene se encontram?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A Sra. Marlene


encontra-se presente. E o Sr. Adalberto dos Santos, ausente, inclusive com uma
justificativa de que se encontra hospitalizado. Então, nós temos além do depoimento da
Sra. Rosi, temos o depoimento da Sra. Marlene, como último depoimento desta nossa
reunião. A Sra. Marlene encontra-se entre nós.
Então, vamos dar sequência ouvindo a senhora Rosi. Obrigado pela presença da
senhora. Eu passo, então, à leitura do texto que contém o embasamento legal para a
nossa oitiva. Obrigado pela presença.
A senhora foi convocada a comparecer a esta CPI, constituída pelo Ato n. 13, de
2010, com a finalidade de investigar as supostas irregularidades e fraudes praticadas
contra cerca de três mil mutuários da BANCOOP e propor soluções para o caso.
E, como testemunha, com fundamento no art. 203 e art. 218, ambos do Código
de Processo Penal, combinado com o § 2º do art. 3º da Lei Estadual n. 11.124, de 10 de
abril de 2002, bem como as demais normas constitucionais e infraconstitucionais
aplicáveis à espécie, cumpre-nos adverti-la de que deve dizer a verdade, não podendo
fazer afirmações falsas, calar ou negar a verdade a respeito dos fatos de seu
conhecimento por incorrer em crime previsto no art. 4º, inciso II, da Lei Federal n.
1.579, de 18 de março de 1952.
Eu passo às suas mãos este termo, que é um Termo de Qualificação para que a
senhora possa compartilhar conosco esta qualificação.
Nome completo?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Rosi de Oliveira.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Idade?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – 48.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estado civil?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Solteira.


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O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Endereço de


residência?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Rua Dr. Gomes Ferraz, 176, apartamento 113,
Edifício Holanda.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Profissão?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Formadora.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Desculpe.

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Sou formadora, professora. É que é escola de


profissionalização.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Local de trabalho?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Fundação Casa, na Avenida Celso Garcia,


2593, Tatuapé.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem algum grau de


parentesco, afinidade com alguma das partes, diretores da BANCOOP, deputados?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Não. Nenhum.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então, eu peço à


senhora a gentileza de relatar o que souber, explicando sempre as razões de
conhecimento que a senhora tem e as circunstâncias pelas quais nós possamos possa
avaliar a credibilidade do seu depoimento.
Eu peço, então, que a senhora leia para nós esse Termo de Compromisso.
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A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Termo de Compromisso do Depoente: Sob


minha palavra de honra, prometo dizer a verdade do que souber e me for perguntado,
relacionado com a investigação a cargo desta Comissão Parlamentar de Inquérito.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A senhora terá, então,


em torno de 10 minutos para que faça as considerações que a senhora achar importante,
as coisas que a senhora tem conhecimento. Fique bem à vontade e depois os deputados
passarão a perguntar.

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Obrigada.


Na verdade, eu não tenho muito que fazer, não tenho muito para falar. Tenho
mais a perguntar, porque a minha situação é a seguinte. Eu comprei, eu adquiri um
empreendimento da BANCOOP, em 97, foi com o início das negociações, em 2000 eu
liquidei, antecipadamente até, o empreendimento e recebi o termo de quitação e registrei
minha escritura definitiva. Registrada essa escritura eu me senti tranqüila, porque estava
realizando um sonho meu de comprar um imóvel que era meu e fiquei feliz da vida,
como todo mundo fica. Inclusive teve até festa na entrega da chave e tudo mais. Recebi
esse termo, tenho a escritura, está registrada em cartório e, cinco anos depois, eu tenho
uma surpresa, quando eu estou chegando em casa, de receber uma cobrança dizendo que
eu ainda devia alguma coisa desse empreendimento, sendo que as negociações
anteriores ficaram claras de que nosso empreendimento – Torres de Pirituba, não devia
mais nada.
É basicamente isso. Não tenho muita história. Acho que é mais questões para
vocês perguntarem.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então, eu abro a


palavra para os senhores Deputados.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Bruno Covas.
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Qual o valor dessa cobrança que apareceu
em 2005?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Foi por volta de cinco mil e oitocentos reais.
Não sei exatamente, mas eu tenho o valor aqui.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A título do que a cobrança?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – De residual de obra.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Isso estava no contrato?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Olha, não claramente. Não de uma forma que
eu entenderia.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Hoje a senhora mora no empreendimento?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Moro e pretendo ficar morando.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essa cobrança está sendo discutida em


juízo? Como é que está?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Está. Eu faço parte de uma ação coletiva da


Associação dos Cooperados do Edifício Torres de Pirituba que a gente entrou com uma
ação contra esse valor a ser cobrado.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Todos os cooperados também receberam


cobrança?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Receberam. No meu condomínio, sim.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A senhora participou de alguma assembleia


da BANCOOP durante esse período de 97 a 2000.
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A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Olha, até eu liquidar, ter certeza, sempre que
eu fui convocada diretamente eu fui. Participei também de reuniões com eles. Eu
sempre fui uma pessoa que gostei de participar e saber no que eu estava mexendo.
Então, quando precisava, a gente se reunia. Tinha o Cantomaz, tinha o Luís, na época,
Luís Malheiros. Desculpe se eu errei o nome. Mas a gente se reunia, de vez em quando,
para discutir algumas coisas das obras e para acompanhar. A título de acompanhamento
mesmo. Mas a maioria das assembleias eram feitas via um jornal que ninguém lia e
você nunca sabia quando ia acontecer.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Hoje tem algum tipo de problema em


relação a essa cobrança, nome negativado ou não?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Não, porque foi entrado com uma liminar, o
advogado pediu uma liminar e a gente não tem nenhum problema de cobrança.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A liminar garante o quê?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Garante que o imóvel é meu, para habitação, e


que nada pode ser feito em relação ao meu nome no SPC ou coisa parecida.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Era isso. Eu agradeço.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu queria agradecer aqui a presença


da Sra. Rosi de Oliveira, mas me parece que, no caso, aqui é mais uma controvérsia
jurídica do que alguma – já que a CPI é para apurar se houve fraudes ou não houve
fraudes aí na BANCOOP, mas me parece que o caso dela especificamente é mais uma
questão da relação de consumo, do Código Civil, uma controvérsia jurídica que está
sendo discutida; ela entrou com uma ação judicial, parece que ganhou uma liminar na
primeira instância e a BANCOOP provavelmente deve ter recorrido. Então, eu acho que
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se trata mais de uma controvérsia jurídica do que os deputados aqui... Mas seja bem-
vinda.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Um aparte. Concluiu,


deputado?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu concluí, Sr. Presidente, mas se


quiser o aparte...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É que eu queria só


fazer uma pergunta.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pois não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A senhora disse que


quitou, recebeu as chaves, concluiu praticamente as negociações, depois de cinco anos a
senhora recebeu uma cobrança cujo objeto seriam resíduos. É isso?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Isso. Depois de cinco anos. Não só eu, como
todos os 224 condôminos do nosso condomínio.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Depois de ter


escritura, de estar quitado, de estar morando.

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Depois de ter quitado. Eu tenho escritura, o


apartamento é meu. Se eu quiser negociar, hoje, eu posso, mas a dívida está no meu
nome, como cooperada. Uma coisa que eu não sabia, que quando a gente adere a uma
cooperativa, quando você quita a negociação que você fez, você precisa enviar uma
carta pedindo descredenciamento. Isso não era do meu conhecimento, fiquei sabendo
depois que a gente entrou com a ação de que era necessário eu não ser mais cooperada e
talvez nem ter sido cobrada se eu não fosse mais cooperada, mas isso a gente fica
sabendo depois, são surpresas que ao longo do caminho vão aparecendo, como essa, que
você quita uma conta e, de repente, vem alguém que fala: Não, você não acabou, ainda
falta. Não dá para entender um negócio desse.
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O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum deputado


gostaria? Tem a palavra o Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Sra. Rosi, a senhora tem conhecimento,


nesse empreendimento chamado Torres de Pirituba, qual foi a construtora que ergueu
essa edificação lá?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Olha, eu não vou lembrar o nome agora. Eu


sei que foram duas. Passou de uma, depois essa construtora parece que faliu e mudou
para uma outra. Eu conheci os proprietários, na época, da primeira, mas eu não sei te
dizer os nomes. Eu sei que depois, ao longo do caminho, foi mudado. O meu prédio foi
construído por uma única construtora. Mas os outros três...

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – A senhora não se lembra do nome?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Não, não lembro. Sinceramente não lembro.


Eu preciso ver nos meus papéis.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Então, lá é um empreendimento de


quatro torres?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Quatro torres. 224 apartamentos.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte, deputado? Se fosse possível a


senhora verificar qual foi a empresa e depois enviar, por escrito, aqui à CPI?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Claro.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – A senhora acredita ter alguma


anotação?
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A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Olha, eu posso ter porque eu costumo anotar


tudo que eu converso com as pessoas, tudo que eu anoto. Inclusive, no contrato, na
época, também, fiz muitas anotações e tenho em casa.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Por favor. Eu queria reiterar o pedido


do Deputado Bruno Covas que essa informação para nós é relevante para nós
estabelecermos uma linha de raciocínio.

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Tá. É só me falar para onde eu mando.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Pode mandar para a Secretaria da CPI


mesmo.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sra. Rosi, eu queria só mais alguns


esclarecimentos. A senhora comprou o imóvel em 2001. É isso?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Eu quitei em 2000.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – A senhora adquiriu quando?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Em 97, no lançamento. Eu fui, eu acho, uma


das primeiras pessoas a comprar.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Em 97 e em três anos a senhora quitou?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Isso, porque o prazo era de 50 e poucos


meses. Esse empreendimento dos 224 apartamentos foi adquirido em apenas um dia,
por causa da propaganda e a confiabilidade do Sindicato dos Bancários que era ligado à
BANCOOP, na época. Os dois, eu não sei quem ligado a quem. Mas era um momento
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de muita credibilidade, a gente foi por confiança mesmo. Eu fui lá, e naquele dia foram
vendidos os 224 apartamentos. Então, eu fiz, eles me deram um recibo do valor do sinal
que eu dei, o contrato veio bem depois. E, no ano de 2000, como eu mudei de empresa,
saí, fui desligada da empresa onde eu trabalhava para mudar para uma outra, eu resolvi
quitar o restante, que eu deveria terminar de pagar em 2002, mais ou menos.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O tamanho do imóvel?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Tem três dormitórios e uma vaga de garagem.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Metro quadrado a senhora não lembra?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Uns 60 metros quadrados.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O valor, na época, a senhora lembra?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Na época foi, quando eu fechei que eu dei o


sinal, era um valor de 37 mil e pouco. Era um valor totalmente acessível e as condições
de pagamento, mas no fechamento eu acho que deu um total de 50 mil. Na quitação.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – 50 mil reais. A senhora quitou em 2000 e


depois de cinco anos, em 2005, a senhora recebeu a cobrança de um resíduo?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Isso.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – E o valor desse resíduo?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Cinco mil e oitocentos reais.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Cinco mil e oitocentos reais. Ok.

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Tanto é que... Posso completar?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sim, pois não.


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A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Esse valor a gente, na época, achou muito


estranho. Nós nos reunimos no condomínio, porque, por diversas vezes, anteriormente,
nós tínhamos nos reunido com o pessoal da BANCOOP e teve um espaço que sobrou no
condomínio que ficaram para vagas de garagem, e essas 25 vagas de garagem foram
vendidas para o condomínio, a título do que faltava para o orçamento, para concluir os
quatro prédios. Então, ficou fechada essa negociação de que essas vagas, a compra
dessas vagas liquidaria a nossa dívida com a cooperativa, com a construção do
condomínio.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Mas a BANCOOP continuou fazendo


obra no condomínio até quando?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Eu acho que o último empreendimento foi


entregue em 2005 ou 2006. Eu não tenho certeza, mas acho que em 2006 que foi
entregue o último edifício.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Quando a senhora quitou em 2000, ainda


tinha obra a concluir, inclusive de áreas comuns.

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Área comum praticamente estava pronta. O


que era só o término dos edifícios que a gente ficou lá com os tapumes, mas os prédios
já estavam levantados. Eles foram erguidos rapidamente, só o último que foi entregue
em 2006 que demorou um pouco mais.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – A BANCOOP, a construtora saiu da obra


quando? A senhora lembra?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Quando? Quando ela entregou esse


condomínio, acho que em 2006. Eu não sei exatamente, mas eu acho que foi em 2006.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum deputado


gostaria de fazer uso da palavra?
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O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem a palavra o


Deputado Antonio Mentor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Apenas para insistir naquilo que eu venho


solicitando de todos os depoentes, porque eu acho importante que todas as questões aqui
levantadas sejam objeto, evidentemente, de uma comprovação, se possível, documental.
E aí não vai nenhum tipo de agressão ou desconfiança. Absolutamente. Eu penso que
essa seja uma das tarefas desta Comissão Parlamentar de Inquérito.

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Com certeza.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – A senhora afirma aqui que quando da


negociação das 25 vagas na garagem houve, portanto, a quitação de todas as pendências
relativas ao empreendimento. É isso?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Segundo o que me foi dito, sim. Eu não


participei da reunião. Ah! Tá... Recebi o termo de quitação do apartamento. Sim. Tanto
é que recebi.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Depois de cinco anos a senhora disse que


chegou uma cobrança de cinco mil e oitocentos reais, aproximadamente.

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Isso.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Há uma justificativa para essa cobrança?


A senhora também recebeu, além do boleto pedindo para a senhora pagar ou algum
documento solicitando o pagamento, a senhora recebeu também alguma justificativa
que pudesse, a senhora também recebeu alguma justificativa, alguma planilha dizendo:
Olha, nós estamos cobrando cinco mil e oitocentos reais relativamente a isso, isso, isso,
isso, isso?
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A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Eu não recebi planilhas nem prestação de


contas. Eu recebi uma carta dizendo que o termo de quitação estava sendo dado para ser
lavrada a escritura e que aquele era, tinha sido entregue o termo de quitação, mas que
ainda havia um valor residual. Eu não sei exatamente o teor da carta, preciso ver para
comprovar. Mas era isso, comunicando que tinha um valor residual ainda depois da
obra, conforme havia dito em contrato.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Poderia enviar, por favor, uma cópia


dessa correspondência para esta CPI?

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Claro. Está aqui até. Eu posso dar uma cópia.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Se puder deixar aqui, a Secretaria vai se


encarregar de fazer cópia e deixar nos autos da CPI.

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – Está bom.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum deputado


gostaria de se manifestar? Então, eu agradeço a presença da senhora Rosi de Oliveira.
Muito obrigado pela sua colaboração.

A SRA. ROSI DE OLIVEIRA – O prazer é meu.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Obrigado.


Convido para estar aqui, ao meu lado direito, a senhora Marlene Fernandes.
Passo agora à leitura do texto que contém o embasamento legal para esta oitiva.
A senhora foi convocada a comparecer a esta CPI, constituída pelo Ato n. 13, de
2010, com a finalidade de investigar as supostas irregularidades e fraudes praticadas
contra cerca de três mil mutuários da BANCOOP e propor soluções para o caso.
E, como testemunha, com fundamento no art. 203 e art. 218, ambos do Código
de Processo Penal, combinado com o § 2º do art. 3º da Lei Estadual n. 11.124, de 10 de
abril de 2002, bem como as demais normas constitucionais e infraconstitucionais
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aplicáveis à espécie, cumpre-nos adverti-la que deve dizer a verdade, não podendo fazer
afirmações falsas, calar ou negar a verdade a respeito dos fatos de seu conhecimento por
incorrer em crime previsto no art. 4º, inciso II, da Lei Federal n. 1.579, de 18 de março
de 1952.
Eu passo às suas mãos, para que a gente possa fazer a qualificação da senhora.
Nome completo?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Marlene Fernandes.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Idade?

A SRA. MARLENE FERNANDES – 65 anos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estado civil?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Divorciada.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Endereço de


residência?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Rua Cássio da Pátria, 1432, apartamento


122.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Profissão?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Sou aposentada. Formação em


psicologia.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem algum grau de


parentesco ou afinidade com diretores da BANCOOP, com deputados ou com alguma
das partes envolvidas nesse processo?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Não. Não tenho.


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O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então, nós daremos à


senhora algo em torno de 10 minutos. A senhora fique à vontade para dizer o que a
senhora gostaria de falar e os conhecimentos que a senhora tem sobre esse assunto.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Em 2000, eu fiquei sabendo, através da


minha irmã, que era bancária, que eles estavam estendendo a venda para as pessoas...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Dona Marlene, vamos


tentar chegar mais perto do microfone.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Então, eu fiquei sabendo através da


minha irmã sobre a venda desse empreendimento no Alto de Butantã. Como eu fiquei
sabendo que era de confiança, que era do Sindicato dos Bancários, então como eu queria
complementar a minha renda, que eu havia me aposentado, então eu peguei os meus
recursos e investi. Em 2002, em dezembro, foi que assinei o contrato e, inclusive, a
pessoa que estava me atendendo comentou que haveria a possibilidade de, no final das
obras, haver um rateio. Eu perguntei: Mas como esse rateio? De que valor? Ele falou:
Não! No final das obras, quando tiver que fazer playground, alguma coisa no final das
obras. Então, eu assinei, comecei a pagar. Terminei de pagar em 2002, foi que eu recebi
uma carta solicitando, comentando que se eu quisesse liquidar que eu poderia. Então, eu
já entraria para o sorteio. Então, eu arrumei recursos, pedi dinheiro emprestado, e
terminei de pagar. Recebi o recibo de quitação imaginando que no final das obras eu
tivesse que participar com um valor não muito grande nesse empreendimento. Então, eu
até aluguei, porque eu precisava complementar minha aposentadoria.
Quando foi em 2006 aí eu comecei a receber convocação para participar de
assembleia. Quem dirigia era o Sr. João Vaccari e ele explicou para as pessoas que teria
que fazer um rateio, de um valor relativamente grande, que eu não esperava, e isso me
assustou muito, porque eu não sabia disso. Inclusive, no dia as pessoas ficaram muito
nervosas na assembleia, e o Sr. João Vaccari ainda comentou que o pessoal estava
cobrando que havia sido feito empréstimo nosso, do nosso empreendimento, para outros
empreendimentos e que isso seria restituído. Isso não aconteceu.
Começaram a chegar os boletos para a gente e com valor de mais de 100% do
que eu pagava das prestações. Eram 36 parcelas. Eu me assustei. O pessoal do nosso
prédio, os cooperados, então montaram uma associação, entraram na Justiça e houve
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uma liminar que não nos obrigou a pagar esse volume que eles haviam nos mandado.
Eram boletos. Começaram a chegar os boletos e eu me assustava, porque era tudo
corrigido. Inclusive o vigésimo quinto estava no valor de 900 e tantos reais, o que eu
achei que era uma proposta meio indecente mesmo.
Quando foi o ano passado eu fiquei sabendo que ia ter uma assembleia onde eles
iam apresentar a OAS como possível representante para terminar os empreendimentos.
O caso é o mesmo do Anália Franco, é bem parecido. A situação é a mesma,
praticamente. Então tudo que o rapaz falou, o Daniel falou, o nosso caso é praticamente
idêntico. E a OAS solicitou a minha presença e o que eles estavam propondo era o
seguinte: eu poderia ficar com o imóvel, só que no valor de mercado. E eu tenho o meu
contrato aqui, que o valor estimado era 37 mil. No total, em 2002, eu havia pago 64 mil.
E a proposta deles era: eles pagarem para mim a preço de custo, sendo a primeira
parcela vencendo depois de um ano, seriam 36 parcelas. E eles também estavam
solicitando a multa de 15% sobre o valor total, corrigido, que era como multa pelo meu
desligamento da BANCOOP. O que eu acho... Eu acho que é fora de cogitação, porque
não havia essa cláusula no contrato que eu assinei.
Então, eu acho que a BANCOOP não honrou o compromisso comigo. A OAS,
no caso, estaria me lesando também. Então, por esse motivo que eu inclusive entrei com
ação individual contra a BANCOOP, porque eu acho que não foi justo isso. Esse valor
para mim não era um valor lógico, coerente, de acordo com o contrato que eu assinei.
Eles falam em empréstimo também. É um empréstimo solidário. Eu até trouxe
uma cópia para o senhor dar uma analisada de que eu não estou falando mentira aqui.
Nós estamos com um superávit, inclusive, e não foi repassado para a gente, não foi
devolvido.
Então, a situação minha é essa. Aqui está. Onde está o seu dinheiro? Que eles
falam do empréstimo solidário. Aqui assinado pelo Sr. João Vaccari Neto, que houve
empréstimo para os outros empreendimentos e esse empréstimo não foi repassado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A senhora pode


fornecer isso tudo para a CPI?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Esse aqui eu tirei cópia sim, para ficar
aqui anexado ao processo.
99

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Obrigado. Mais


alguma observação?

A SRA. MARLENE FERNANDES – É isso. Eu me sinto lesada. O meu


conceito de respeito por mim não permite que eu aceite isso. Como agora, com 65 anos?
Esse não foi o termo que eu assinei. Como, com 65 anos, agora eu vou fazer um
financiamento nesse valor? O que a OAS me propôs era fazer esse pagamento. Se eu
quisesse devolver o apartamento, eles pagariam para mim a preço de custo, sendo em 36
parcelas, a primeira, isto o ano passado, a primeira vencendo este mês agora de maio,
sem correção. E depois as 24 com correção, a partir de dois anos, após o contrato. E se
eu quisesse adquirir o imóvel, continuar com o imóvel, ele estaria, o ano passado, no
valor de 145 mil, que era o preço de mercado. Eu não comprei o imóvel a preço de
mercado. Eu comprei o imóvel, está escrito aqui, a preço de custo. Então, fica meio...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais alguma


consideração que a senhora queira fazer?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Olha, meu sobrinho também está na


mesma situação. Ele comprou também para morar com a esposa e também está na
mesma situação.
Agora, eu não sei como fica a situação, porque eu achei inadmissível pagar para
a BANCOOP uma multa pelo rompimento de contrato. No dia que foi feita a
assembleia, inclusive eu falei: Eu não aceito, porque eu acho um desrespeito comigo
aceitar essa condição.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais alguma


consideração?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Não. Eu acho que é isso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu passo a palavra,


então, aos deputados.
Gostaria, inicialmente, de me inscrever.
100

Só para a gente entender, dona Marlene, a senhora adquiriu um apartamento da


BANCOOP.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Da BANCOOP.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quando a senhora


fez?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Em dezembro de 2000.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A senhora assinou o


contrato.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Assinei o contrato. Eles atrasaram,


inclusive, nas entregas. Do primeiro, acho que foi uns seis meses. No segundo bloco
atrasaram também. O terceiro eles só levantaram o esqueleto e foi onde o Sr. João
Vaccari convocou os cooperados para a assembleia pedindo o aporte. Aqui não está
escrito aporte. Em algum lugar está escrito aporte.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E a senhora pagou até


o fim?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Paguei até o fim. Inclusive eu tenho o


recibo de quitação, que também está aqui.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estava estimado em


34 e a senhora pagou 64.

A SRA. MARLENE FERNANDES – 64. Aqui estão todos os valores que eu


paguei.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Essa diferença de 64


para 34 – 30 mil, é juros, correção, é aporte, é resíduo? O que é?
101

A SRA. MARLENE FERNANDES – Foi assim. 5490 reais foram itens que
eles colocaram no apartamento, que até então não tinham sido mencionados aqui, tipo
melhorias, então eles mandaram boletos...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A senhora foi


pagando.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Fui pagando. 12 parcelas eu paguei.


Depois diferença de andar também, teve 1592. E na quitação foi 34 mil e pouco. Então,
eu imaginei que estivesse com o imóvel quitado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A senhora quitou. A


senhora mora no apartamento?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Não, eu não estou morando no


apartamento.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mas a senhora


adquiriu?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Eu adquiri, recebi as chaves.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem escritura?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Não, porque eles falaram que iam dar a
escritura depois que terminasse a quarta torre.

O SR. BRUNO COVAS – Um aparte, Presidente? A senhora disse que em


2002 quitou todo valor, o valor total de 64 mil reais. A senhora recebeu uma carta de
quitação?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Recebi um recibo de quitação.


102

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Aí a senhora deu


outra finalidade ao apartamento. Qual a finalidade?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Sim, era para complementar a minha


renda, porque eu estava aposentada, então eu aluguei. Aqui está o recibo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E logo em seguida


vieram novas cobranças ou teve tempo para vir a cobrança?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Eu me assustei, porque eu imaginei que


fosse ter que pagar um valor pequeno no final das obras, como o corretor me orientou.
Aí em 2006 eu comecei a receber esses boletos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – 2006, quatro anos


depois?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Quatro anos depois. Sendo que a


primeira parcela já era de mais de 750 reais.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Qual o montante


dessa nova cobrança?

A SRA. MARLENE FERNANDES – 33 mil reais.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A senhora, por


exemplo, eu não sei, inclusive se alguém puder contribuir, não sei se alguém pode
esclarecer a diferença de aporte para resíduo? A senhora tem alguma ideia, alguém tem
alguma ideia? O que eram cobranças relacionadas a aporte, que eu ouço muito falar
aqui? Porque resíduos, que eu entendo, seja o resto de algo.

A SRA. MARLENE FERNANDES – O nome aporte não consta aqui. Eles


falam resíduos no final das obras.
103

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Resíduos, pelo que eu


entenda, seja resto de algo.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Resto de uma obra. No finalzinho,


porque o rapaz comentou...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Resíduo. E a senhora


está dizendo que essa cobrança que está vindo posterior, a senhora começou com 34,
pagou 64 e recebeu uma cobrança de 30 e...?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Aproximadamente 33 mil.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Que seria o resíduo, o


resto?

A SRA. MARLENE FERNANDES – 36 parcelas, sendo a primeira de 750 e


poucos reais e a vigésima quinta, depois eles pararam de mandar, porque a gente estava
protegido por aquela liminar, que era uma cobrança indevida, então, eu recebi a
vigésima quinta que já era mais de 900 reais a prestação.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A senhora faz parte,


então, de um condomínio que são quantas torres?

A SRA. MARLENE FERNANDES – São quatro torres.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quantas foram


entregues?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Foram entregues duas torres. Pararam na


terceira.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A terceira está parada


no esqueleto?
104

A SRA. MARLENE FERNANDES – A terceira está parada e a outra não


iniciou ainda.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nem iniciou a outra?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Não, nem iniciaram.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E continuam as obras


paradas desde quando?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Eu acredito que continue parada, a não


ser que a OAS que eles puseram um plantão de vendas no nosso condomínio e eles
estão vendendo a última torre.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A OAS está


vendendo?

A SRA. MARLENE FERNANDES – A OAS está vendendo. Eu passei lá


esses dias e eles estavam pedindo 160 mil reais para quem quisesse adquirir.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Houve alguma


assembleia que deliberou sobre essa passagem para a OAS?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Houve. A maioria das pessoas, eles


aceitaram. Eu acredito que era assim como uma saída da BANCOOP, porque estava
todo mundo desgastado demais com a situação. Então, acharam que era uma válvula de
escape. Só que eu achei que eu não estaria me respeitando se eu aceitasse isso, eu estaria
me lesando.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A senhora teve duas


opções: ou se desligar, pagando uma multa a recebendo o valor principal que a senhora
já pagou, com um ano de carência e tal, ou fazer uma opção pela OAS em que
condições?
105

A SRA. MARLENE FERNANDES – Preço de mercado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Que seria quanto?

A SRA. MARLENE FERNANDES – O ano passado, em maio, era de 145 mil.


Eu teria que pagar essa diferença de 74 mil, porque tinha de descontar a multa que eu
tinha para a BANCOOP. Então, 74 mil.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A senhora teve de


pagar 74 mil a mais.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Porque corrigido eles faziam 87 mil.


Com a multa, então, ficaria em 74 mil e pouco.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Só para esclarecer, a


senhora para ir para o sistema da OAS teria que pagar mais?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Teria que fazer um financiamento e


pagar mais essa diferença, até 145 mil.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ah! Que seria 74 mil,


mais ou menos. A senhora teria que pagar mais 74 mil, além dos 64 mil que pagou?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Isso.

O SR. BRUNO COVAS – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem a palavra o


Deputado Bruno Covas e, logo após, o Deputado Ricardo Montoro.
106

O SR. BRUNO COVAS – Só para entender, então. Quando houve a


transferência do empreendimento da BANCOOP para a OAS, ela estabeleceu a seguinte
regra: Agora a senhora precisa pagar o valor de mercado ou vender pelo preço de custo.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Vender pelo preço de custo, ainda


descontando 12 mil que era a multa por eu estar rescindido o contrato com a
BANCOOP.

O SR. BRUNO COVAS – E a OAS hoje lhe cobra esse valor?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Eles não se manifestaram, porque eu


entrei com ação individual, para me proteger ou para negociar.

O SR. BRUNO COVAS – A ação configura como ré a BANCOOP?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Isso.

O SR. BRUNO COVAS – A OAS não?

A SRA. MARLENE FERNANDES – A OAS não.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Eu queria fazer um comentário,


porque, pelo visto, a senhora está sendo cobrada mais de três vezes pelo preço do
contrato.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Exato.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – É o milagre da multiplicação da


dívida. Por isso que eu defendo a cooperativa. Precisa saber exatamente onde é que está
isso. Podíamos consultar inclusive o Aurélio, dicionário competente, para saber a
diferença entre taxa de mudança de andar, de resíduo, de aporte, de melhoria, de multa.
É uma série, que não só no seu depoimento, mas em todos os depoimentos que foram
prestados a esta CPI, esses termos se multiplicam. E a maioria deles, se não me falha a
107

memória, 100% deles, sem a devida explicação. É por isso que a gente defende a
transparência da BANCOOP.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Eu não estou denegrindo o nome a


empresa, nada. Eu estou aqui pedindo justiça. Eu acho que não tem lógica, é um
desrespeito isso. Está aqui o depoimento do Sr. João Vaccari falando sobre o
empréstimo solidário.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Tinha mais esse termo. Desculpe, eu


esqueci de envolver aqui para eu consultar o dicionário.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Empréstimo solidário, que foi tirado


dinheiro do nosso empreendimento para ser emprestado a outro empreendimento. E o
Sr. João Vaccari, numa das assembleias que eu participei, ele comentou, as pessoas
estavam cobrando: E esse dinheiro, como fica? Ele falou: Não! Esse dinheiro vai voltar
para o empreendimento. E isso não aconteceu.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem a palavra o


Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Dona Marlene, obrigado por a senhora


ter vindo.
Uma pergunta que vou fazer para a senhora. A senhora entrou com uma ação
judicial contra a BANCOOP. A senhora ganhou a ação judicial ou não?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Não. Eu acredito que analisou o meu


caso, eu acho, não sei se não leu tudo, não sei o que aconteceu, ela falou que como era
cooperativa, que eu deveria respeitar as normas da cooperativa. Mas eu acho que não sei
se meu advogado não soube se explicar bem, não sei se na petição ele conseguiu. Sei lá,
eu acho que eu fui mal assessorada, e entrei com recurso.
108

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Nesse Altos do Butantã, a senhora


entrou com uma ação individual e lá tem uma associação do Altos do Butantã.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Tinha. Foi extinta.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O advogado da senhora é o mesmo


advogado da associação?

A SRA. MARLENE FERNANDES – É.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A senhora tem conhecimento se ele


entrou com alguma ação para homologar o acordo feito na assembleia a favor dos
demais moradores, o mesmo advogado da senhora ou não?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Não sei se foi bem a favor. Como eu


falei, eu acho que os cooperados estavam tão desgastados com essa situação que eles
acharam que a OAS entrando tudo ia acontecer de maneira que todos estavam prevendo.
Mas isso, inclusive, não está acontecendo, porque foi o ano passado que eles fizeram
contrato, o pessoal, é lógico, a maioria ganhou, alguns não aceitaram, não sei se foi por
ingenuidade, todo mundo resolveu homologar a ação. Eu não aceitei, e eu deixei bem
claro. Eu falei: Eu não estou de acordo com isso. Meu sobrinho também, que é dono de
um apartamento lá, então nós não aceitamos. É uma coisa meio complicada. As pessoas,
eu acho que inconscientemente, queriam sair do problema e acharam que a OAS era a
tábua de salvação de todo mundo. E não é, porque eles nem começaram ainda as obras
lá. Garantiram que depois de 18 meses eles estariam começando a entregar.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Dona Marlene, o caso da senhora tem


uma certa diferença em relação às pessoas que entraram na OAS, se não me engano,
pelo que a senhora diz. O da senhora já está concluído e a senhora já tinha quitado e daí
teve um valor residual.

A SRA. MARLENE FERNANDES – É o aporte, que eles chamam.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – É um aporte ou valor residual?


109

A SRA. MARLENE FERNANDES – É um aporte.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Para garantir o preço de custo ou não?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Porque estavam comentando que estava


negativo.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A senhora, vamos dizer, na


subjetividade da senhora, não estou querendo discutir aqui, a senhora tinha quitado e aí
depois foi cobrado um valor residual. É isso?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Sim.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Qual esse valor? A senhora já falou,


mas eu...

A SRA. MARLENE FERNANDES – 33 mil e alguma coisa. Mais de 33 mil.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Isso daria quanto no total, pelo


apartamento?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Daria...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A senhora pagou, se não me engano,


64, então daria em torno de 97 mil.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Noventa e pouco.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E a OAS está pedindo 160? É isso?

A SRA. MARLENE FERNANDES – É. Na época, ano passado, eles falaram


em 145 mil, inclusive eles estavam tentando fazer com que eu assinasse. Não, mas aí
como a senhora vai fazer? A BANCOOP está saindo, está passando a responsabilidade
110

para a gente, a senhora não vai ficar nem com a BANCOOP nem com... Eu falei: Não.
Eu vou tentar procurar a Justiça e eu vou ver se a Justiça me ouve, se entende meu caso.
Porque eu me senti lesada.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A senhora aluga o apartamento da


senhora?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Sim. Conforme eu falei de início, era


para complementação da minha aposentadoria.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Complementa? Qual o valor do


aluguel?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Mas eu tenho que esclarecer isso para


você?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – É que interessa para nós, aqui.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A senhora não é, na


verdade...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – A senhora não é obrigada.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Eu gostaria de um aparte, é


possível?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A senhora fique à


vontade. Se não quiser, não tem problema nenhum.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Se a senhora não quiser, não responda.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Alugo por 800 reais, que é a


complementação.
111

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Um aparte ao nobre Deputado


Montoro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Obrigado, nobre Deputado


Vanderlei Siraque.
É mais uma tentativa de V. Exa. em querer mostrar que as pessoas que estão
reclamando têm um padrão de vida digno. Eu acho que a dona Marlene morar numa
casa, alugar o apartamento que ela comprou da BANCOOP é justo e não tem nada a ver
com o sentido desta CPI.
Eu gostaria de saber da dona Marlene se foi feito empréstimo solidário, é mais
uma coisa que eu nunca ouvi falar, em todo caso...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A palavra está com o


Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Mas eu pedi um aparte.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu cedi o aparte ao Deputado Ricardo


Montoro.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então, tem a palavra


o Deputado Ricardo Montoro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Se tem o empréstimo solidário é


porque o empreendimento tem uma sobra de caixa, porque eu entendo que o
empréstimo solidário você pega dinheiro de uma caixa, de um caixão que está alto e
passa para uma caixinha que está baixa. Depois a maioria deles, pelos depoimentos que
nós tivemos aqui, não teve a devida resposta.
E outra coisa. Aí eu me dirijo ao Deputado Vanderlei Siraque, nós dois que
defendemos a BANCOOP, o fato de a OAS já estar intervindo nas obras da BANCOOP
é um sinal de falência da BANCOOP. Eu não sei como é que esse processo jurídico se
manifesta. Eu gostaria de ter um esclarecimento disso, porque me parece uma figura
meio esdrúxula.
112

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu estou fazendo depoimento aqui, Sr.


Presidente? Só para esclarecer ao Deputado Ricardo Montoro, porque ele fez uma... Só
para saber, não sei se eu estou sendo inquirido. Se é permitido.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Sinta-se à vontade e se não quiser


responder não tem problema; é uma manifestação que eu estou fazendo. Sinta-se à
vontade. Nossa amizade está acima disso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O Deputado Ricardo


Montoro apenas usou de um aparte e lhe fez uma pergunta, cabe a você...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas é que eu não estou na qualidade


de depoente, nobre deputado. Nós podemos conversar até pela nossa amizade.
O deputado ajuda nas reflexões aqui, até por falta de argumentação, porque nós
estamos apurando até para o nosso, vamos dizer, os cidadãos que aguardam aqui se
houve ou não houve fraude na BANCOOP. E o depoimento da Sra. Marlene Fernandes,
no caso dela, existe uma controvérsia jurídica entre ela e a BANCOOP, uma relação de
consumo. Me parece que ela não trouxe nenhuma prova aqui se há fraude ou não há
fraude, Deputado Montoro, é isso, e nem ela disse e nem foi a intenção dela.
A intenção dela, ela tem uma subjetividade, tem o sonho dela, tem as
dificuldades, e nós somos solidários com ela, mas a CPI vai apurar se houve ou não
houve fraude. E, no caso. É uma pergunta: A senhora tem alguma prova de que houve
fraude ou não?

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Posso fazer um aparte?

A SRA. MARLENE FERNANDES – Sim, senhor. Posso até ler para o senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Um aparte respeitoso, até para


ajudar. Deputado, me parece que a fraude, quem vai julgar se é fraude ou não é o
Ministério Público e a Justiça. Nós devemos mostrar os fatos.
113

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não, não. A CPI...

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Cabe à CPI verificar se houve


fraude, especificamente?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu respondo a vossa excelência.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Estou perguntando, amigavelmente.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Amigavelmente. Nós temos os


poderes de verificar, sim, se houve ou não houve fraude. É o que foi o pedido da CPI. E
nós vamos apurar. Se houver, doa a quem doer, nós temos que prestar providências. É
para isso que serve a Assembleia Legislativa.
Eu não vou perguntar, eu não vou constranger a dona Marlene, ela não disse isso
em nenhum momento. A dona Marlene se sente lesada, ela acha que deveria ser um
valor, ela tem as dificuldades dela, como todas as pessoas aposentadas, e tem as dores
dela aqui, mas a apuração da CPI é se houve ou não houve fraude. É isso que eu queria
dizer, Deputado Montoro, que V. Exa. tem muito mais conhecimento, até pela sua
experiência, pelos seus cabelos brancos, em relação ao meu, mas ainda vou chegar.
Eu não vou mais fazer pergunta à depoente, também até para... Eu acho que é
uma questão que vai ser decidida na Justiça e não tem nenhum dado que comprove ou
não comprove fraude.
É isso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu queria registrar a


presença do Deputado João Barbosa entre nós.
Tem a palavra o Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Obrigado, Presidente.


Gostaria de ouvir da Sra. Marlene se a senhora tem conhecimento qual o nome
da construtora que fez a edificação desse empreendimento?
114

A SRA. MARLENE FERNANDES – Eu não tenho, eu posso levantar esse


dado. No momento eu não tenho.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Por favor.


E também Presidente só anunciar que nós estamos sendo prestigiados aqui, a
pedido da CPI, por orientação deste deputado aqui, pela Delegacia Fazendária. Então,
está aqui um membro da Delegacia Fazendária. Quero agradecer a V. Exa. de ter
acatado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nós já registramos,


Deputado Waldir. Sr. Eurípedes Tozzo, nós já no início registramos a presença dele e
agradecemos a presença.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E eu quero agradecer a V. Exa. de ter


acatado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Também está conosco


a Sra. Hilma, do PROCON, que nós também já registramos a presença.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Muito obrigado, Presidente.


Eu não tenho mais perguntas para a Sra. Marlene, não. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum deputado


gostaria de se manifestar? (Pausa.) Não havendo, eu agradeço, mais uma vez, a presença
da senhora, dona Marlene Fernandes. Muito obrigado pela sua colaboração.

A SRA. MARLENE FERNANDES – Eu deixo isso aqui. Aqui está o


empréstimo solidário. E eu quero ressaltar também que eu não estou falando só por
mim. Eu falo também pelos outros cooperados que às vezes com uma situação ainda
pior que a minha, porque tem uns que pagam, pagaram e não receberam o imóvel.
Então, é uma situação muito drástica, as pessoas sofrem com isso, porque tem gente
morando de aluguel, tem gente morando no fundo do quintal dos pais, que a gente sabe.
Então, vamos esperar que a Justiça ajude essas pessoas.
115

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Obrigado, dona


Marlene.
Nobres deputados, nós passamos agora ao nosso segundo item da pauta.
Deliberação sobre os seguintes requerimentos.
Requerimento n. 01, de autoria do Deputado Ricardo Montoro, convocando o Sr.
Marcos Sérgio Migliaccio, cooperado da BANCOOP.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sr. Presidente, a última reunião e num


intervalo informal nós fizemos um acordo de procurar exaurir, hoje, os depoimentos. E
onde o Deputado Bruno Covas tinha uma relação de 10 ou 12 e abriria mão de alguns
convocados, a não ser que tivesse novidade nos depoimentos. E hoje traz aqui o
Deputado Montoro seis novos depoimentos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não, dois


depoimentos.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Me permite, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem a palavra.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Só para esclarecer, em comum


acordo com o Deputado Bruno Covas, ele vai tirar seis e eu julguei...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – E coloca dois?

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Ou seja, estamos eliminando quatro.


Está no ganho.
116

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Como tem contador, agora, receituário


aqui, vamos fazer a contabilidade.
Então, aprovados esses dois, nós vamos ouvir mais quantos cooperados?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – De qualquer forma,


nós vamos procurar, a semana que vem, já ouvir algumas testemunhas, pessoas de um
novo bloco de convocados. Nós vamos começar a ouvir já um outro bloco de
convocados. Podendo ouvi-los, ao aprovar o requerimento, podendo ouvi-los em
qualquer momento e até poderá surgir algum fato novo de algum cooperado, que nós
não impediremos de apreciar o requerimento. Mas, de qualquer forma, na semana que
vem, nós passaremos a ouvir algumas testemunhas, alguns prestadores de serviços,
pessoas, e até mesmo começar a se preparar para ouvir a diretoria.
Nós ainda estamos com uma dificuldade. Dos requerimentos enviados
solicitando documentos, e nós enviamos à BANCOOP quatro requerimentos e um ao
Corregedor do DIPO, que são as cópias dos inquéritos, nós só recebemos, ainda, desses
cinco requerimentos que foram enviados a essas instituições a resposta de um
requerimento. Então, isso tem prejudicado um pouco a análise e o diagnóstico da
situação da BANCOOP para que a gente possa imediatamente ouvir os diretores. Então,
eu queria propor que talvez, sem ser na semana que vem, que na outra, nós pudéssemos
ouvir já os diretores, o que está um pouco dentro do cronograma que era final de maio.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Pela ordem, senhor Presidente. Só


para... Eu imagino que esses documentos são necessários para que a gente possa iniciar
a argüição aos diretores da BANCOOP, que é o desejo comum de toda CPI. Quem sabe
a gente ratificar esse pedido, a CPI ratificar oficialmente esse pedido.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nós estamos


acompanhando e acho que temos aí um compromisso de esta semana termos esses
requerimentos.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, senhor Presidente. Eu


acho que foi muito interessante a gente ouvir os cooperados, mas aqueles que nós
ouvimos, até o momento, eu acho que já deu uma noção do problema, real do problema.
Agora, hoje, principalmente, eu acho que tem, eu vi, pelos menos nos outros dois
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depoimentos, que a gente acaba constrangendo os cooperados, as pessoas que vêm, nós
não podemos deixar de fazer as perguntas, mas eu acho que não tem mais, a não ser que
tiver algum fato novo, nós respeitamos os deputados, mas se for pelo mesmo fato, que
sinceramente eu vejo muito a relação aí do Código do Consumidor e do Código Civil e
as controvérsias jurídicas que todos têm o direito de reclamar junto ao Judiciário, a
direção vai se defender, tem o contraditório, mas se não tiver fatos que vão além desses,
eu acho que já deu uma noção geral, que nós pudéssemos ouvir também os atuais
dirigentes, porque, na verdade, se refere mais às questões.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu acho que... Uma


sugestão. Ainda que pese todas essas considerações, mas sem prejuízo de avaliar o
requerimento, nós podíamos colocar em discussão e verificar a importância aqui do
Deputado Ricardo Montoro. Se achar importante.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Eu não sei se é regimental, mas


podemos votar os dois requerimentos no mesmo momento. Ou seja, vamos diminuir em
quatro.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Se você acha


importante, deputado.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Eu acho importante para a CPI.


Esses dois requerimentos são da maior importância.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Vamos então colocar


em discussão o primeiro requerimento do Deputado Ricardo Montoro.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sr. Presidente, só para deixar claro. O


Deputado Bruno Covas está abrindo mão de seis depoentes, ele mantém um e nós
vamos aprovar mais dois agora do Deputado Montoro.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mantém um? Não


entendi. Não.
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O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Então serão mais três cooperados a depor


na semana que vem. É isso?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Um que não veio hoje


pode-se ouvir.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Fica essa pendência. Nós vamos ouvir


mais três.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais três. E também


com a hipótese também de o próprio autor do requerimento em achando desnecessário
poderá fazer um novo requerimento desconvocando.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – E para a semana que vem a gente ainda


convoca.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Convoca já algumas


testemunhas que possam falar sobre o caso.
Em discussão o requerimento de autoria do Deputado Ricardo Montoro
convocando o Sr. Marcos Sérgio Migliaccio, cooperado da BANCOOP. Em discussão.
(Pausa.) Não havendo oradores inscritos, passamos à votação. Em votação. Os
deputados que forem favoráveis permaneçam como estão. (Pausa.) Aprovado.
Requerimento de Item número 2 de autoria do Deputado Ricardo Montoro
convocando o Sr. Oscar Militão da Costa Junior, cooperado da BANCOOP. Em
discussão. (Pausa.) Não havendo oradores inscritos, em votação. Os deputados que
forem favoráveis permaneçam como estão. (Pausa.) Aprovado.
Requerimento de autoria do Deputado Bruno Covas, no sentido de dispensar a
convocação aprovada por esta CPI dos seguintes cooperados: José Eduardo Faria,
Márcia Saran, Clóvis Pardo, Raimundo Assis Santos, Helena dos Campos Malachias e
Marcelo Luiz Straface. Em discussão. (Pausa.) Não havendo oradores inscritos,
passamos à votação. Os deputados que forem favoráveis permaneçam como estão.
(Pausa.) Aprovada dispensa da convocação.
Passamos então para o nosso terceiro item da pauta, para tratar de outros
assuntos de interesse da CPI. Temos alguma pendência com a Procuradoria que se ache
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necessário? Tinha a questão do tempo de discussão de cada deputado, mas acho que as
coisas estão andando dentro do normal e, em princípio, eu acho que está tudo bem.
Mais algum assunto?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Precisa ver se o Bruno Covas não tem


alguma carta.

O SR. BRUNO COVAS – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, tem a


palavra o Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – O Deputado Vanderlei Siraque e o Deputado


Vicente Cândido pedem que eu faça a leitura de uma carta. Eu tenho outras cartas para
serem lidas. Se puder, dois minutos, eu faço.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O Deputado Bruno


Covas faz muita questão? Acha relevante? O senhor tem todo direito da palavra.

O SR. BRUNO COVAS – Rapidamente, em dois minutos eu faço a leitura da


carta.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputados, por favor.


Tem a palavra o Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – São Paulo, 15 de março de 2010. Em 20 de outubro


de 2005, meu marido Domenico Infante esteve no escritório da BANCOOP, em
companhia do Dr. José Emílio Escanferla, advogado, que nos informou que não tinha
nenhum problema, que poderíamos comprar junto...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Pela ordem, senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem.


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O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Eu acho que já teve a polêmica semana


passada. Se é documento em mãos da CPI ou do relator...

O SR. BRUNO COVAS – Eu estou fazendo a juntada desse documento.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Então, nós vamos ter que ler todos os
documentos que virão aqui? Nós vamos analisar em reunião de trabalho e depois ver se
é pertinente, se tem conteúdo, se vai ser de ajuda, porque senão eu vou começar também
a ler um monte de requerimento aqui de sentença judicial.

O SR. BRUNO COVAS – Eu não ia ler, mas V. Exas. pediram com tanto
afinco...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Eu acho que não deve ler.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Me dá um aparte, Deputado Bruno


Covas?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Se é pertinente, se tem denúncia, a CPI


vai analisar coletivamente depois.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Deputado, em nome da paz e do


bom entendimento, eu solicito, como colega de bancada, que o Vereador Bruno Covas
postergue a leitura dessa carta.

O SR. BRUNO COVAS – Eu agradeço, mas, enquanto deputado estadual, eu


solicito, então, que faça só o registro do recebimento da carta e declino de fazer a
leitura.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não havendo nada


mais a ser tratado, dou por encerrada esta reunião, convocando-os a todos para terça-
feira, dia 25, às 11 horas, para a reunião ordinária desta CPI.

* * *

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