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Uma análise do Viola de Bolso Arte e Memória Cultural constata que municípios do extremo sul da
Bahia não conseguem dar respostas às demandas para a criação de políticas culturais
apresentadas pelo governo estadual...porque?
“A Cultura é o futuro das cidades.” é o que sustenta Rita Davies em livro intitulado “A Cultura pela
Cidade”, organizado por Teixeira Coelho. A citação – segundo Davies – consta do documento
Agenda de Desenvolvimento Econômico de Toronto, Canadá em que antevê a importância
econômica da cultura. Rita Davies então aproveita a experiência de Toronto para analisar os
impactos da economia da Cultura e também o potencial desta, para o desevolviemnto humano e
social. O foco é a cidade, locus e espaço vital cotidiano das expressões culturais.
A falta de encaminhamentos dos resultados das Conferências municipais é prova cabal desse
alheamento, ao percebermos que em nenhum município os resultados da Conferencia foram levados
a sério, nem se adotou qualquer item discutido e encaminhado pelos presentes. O tema da
implementação dos Sistemas municipais de Cultura seria um mote que elevaria as intenções dos
gestores locais e bastaria apenas que os responsáveis e legítimos condutores da mobilização,
articulassem os envolvidos, produtores culturais, artistas e grupos, artesãos e empresários da
cultura, para posteriores rodadas de discussões e consensos, mantendo assim acesa a chama da
intencionalidade e do querer. Quem sabe assim o debate ganharia forma e demandaria gestos
concretos e medidas legais da gestão municipal da cultura.
Porém isso é uma projeção ainda subjetiva e nem sequer foi pensada pelos dirigentes municipais de
cultura, infelizmente. Nem em Salvador, a capital da expressão cultural, o processo andou. Aliás, o
(des)caso de Salvador é emblemático, já que nem Secretaria específica tem e, um Conselho
municipal de Cultura funcionando de verdade, é perspectiva distante.
Sabe aquelas brigas antigas – retrógradas – entre prefeito e governo estadual? Parece que é o caso
de Salvador, para quem está olhando de longe, no interior do estado...
A esperança de maio
Quanto aos municípios, o governo estadual faz uma nova tentativa neste final de maio em Salvador,
quando reunirá todos os Dirigentes Municipais de Cultura em evento que tem caráter muito mais de
solenidade política do que reforço ou meta conclusiva de um processo importante para as políticas
públicas de cultura do estado. Claro, o efeito resultante disso é a re-animação institucional, o
contato com os gestores municipais para se fazer garantir a presença no evento(no Teatro Castro
Alves e no Centro de Convenções da bahia); É um olhar positivo do governo sobre si mesmo, além
de envolver os representantes territoriais e aproximar uma articulação com a Coordenação dos
Pontos de Cultura, tudo a relembrar que existem coisas acontecendo neste campo. É a oxigenação
do processo, para não parar.
Muito bem. Fora isso, o evento em Salvador tem cara de campanha eleitoral, recheado pelas
notícias dos Editais lançados entre abril e junho, pela abertura de novos créditos para produção
cultural, porque depois a justiça eleitoral não permite movimentações dessa natureza.
Discriminação N %
Sim 192 46,0
Não 225 54,0
Total de municípios 417 46,0
Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros Cultura/Suprocult - Secult
Do ponto de vista da relação entre unidades da federação, a expectativa era que houvesse uma
significativa melhora, que avanços fossem registrados com a adoção de programas por parte dos
municípios e que a injeção de recursos financeiros em atividades culturais, intensificada, se
traduzisse em ações estruturantes.
Isso poderia caminhar para a discussão sobre políticas estruturantes de cultura e a superação de
problemas que se repetem ano a ano, tanto na capital quanto na maioria dos municípios baianos.
Não há registros de eventos significativos que tenham se transformado em exemplos e inspirados
programas mais consistentes de apoio à cultura local, nem mesmo a criação ou surgimento de novos
equipamentos culturais, nenhum espaço de apoio e incentivos às diversas formas de artes.
A impressão que fica – no caso do extremo sul - é que as Conferências municipais passaram como
um meteoro, raspando os territórios e suas unidades administrativas municipais; suas resoluções
esquecidas, com suas definições para encaminhamentos, engavetadas.
Não há registro de mudanças, do ponto de vista institucional do estado. Nem há espaços para
diálogos no terreno da municipalidade quando o assunto é política cultural. Os gestores municipais
fazem que escutam o governo estadual e em sua maioria, não demonstram interesse em aderir ao
processo que visa implantar o SNC.
Essa tem sido a força motriz de ressonância real do que vem se realizando na Bahia: a força
expressiva dos movimentos de cultura, principalmente naqueles nichos que agora ganham corpo nos
Pontos de Cultura em todo o estado. A proposta de interiorização da ação cultural e a
descentralização dos recursos financeiros foi vencedora e chega ao seu ápice em 2010.
Essa construção já demonstra impactos positivos no presente e sinaliza resultados surpreendentes no
futuro próximo. É por isso que do ponto de vista dos movimentos sociais de cultura, os Pontos de
Cultura, as Redes sociais de intercâmbio e articulação, essa movimentação viva e crescente não
pode esperar pelo poder público lento e alheio a mudanças.
Mas os movimentos de cultura devem sim, jogar óleo na maquina estatal para fazer que esta se
movimente e que isto dê fluidez, fazendo as coisas acontecerem no que lhe cabe, neste contexto
histórico de avanços das políticas e da participação das comunidades e grupos nas decisões locais
ou de carater estadual ou nacional.
Sumário Santana,
é do Viola de Bolso Arte e Memória Cultural
e membro da executiva de Pontos de Cultura da Bahia.