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PROFISSIONAIS
AEFFUP 2016
Índice
Capitulo I – Procura de Emprego 9
Organizações do setor/profissionais/científicas 57
Outras Siglas 57
Mensagem da Presidente
da AEFFUP
Construir o Futuro
A 1.ª Edição do “Get Pro” foi pensada como uma atividade que tem como objetivo en-
volver os estudantes, docentes, profissionais da área e aqueles que ainda há bem pouco tempo
estavam sentados deste lado, e respetivas ordens profissionais. Esta atividade culmina com a
elaboração e lançamento deste Guia, como resultado de uma pesquisa pelas saídas profissio-
nais clássicas, mas também pelas áreas emergentes que atualmente empregam os farmacêuti-
cos.
Neste Guia, poderás encontrar alguma informação que julgamos ser útil numa pers-
petiva de preparação para o teu futuro profissional. Nele terás oportunidade de aceder a infor-
mação sistematizada sobre o que deves ter em conta no âmbito da procura de emprego, quais
as saídas profissionais atuais do MICF e ainda um glossário com alguns conceitos gerais de
termos usados no setor farmacêutico. Considerando que ter a perspetiva em primeira mão do
mundo do trabalho é, sem dúvida, uma mais valia, procurámos incluir neste Guia testemunhos
de colegas que já exercem a nossa mui nobre profissão.
Por tudo isto, esperamos que este Guia se revele uma ferramenta útil na tua procura
de informação e esclarecimento de dúvidas.
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Curriculum Vitae
Na maioria dos casos, o primeiro contacto de um candidato com a entidade
empregadora é o Curriculum vitae (CV). Como tal, é muito importante que nele constem
as informações mais relevantes que suscitem interesse nos empregadores, tais como
formação recebida, experiência profissional ou outras atividades desenvolvidas que
mereçam ter particular destaque para o cargo em questão. Devem sempre ser confir-
mados os dados pessoais, nomeadamente os dados de contacto, como o e-mail e o
contacto telefónico, por ser esta a única forma que o empregador tem de comunicar
com o candidato.
Formato
O CV deve apresentar-se de forma organizada, redigido de forma clara e con-
cisa e, ainda, visualmente apelativo e de fácil leitura. Deste modo, deve ter uma apre-
sentação cuidada e não demasiado ostensiva; com recurso a cores sóbrias, e nunca
deverá ultrapassar três páginas. Optar por um formato digital personalizado é preferível
aos formatos pré-definidos, contudo, em alguns casos, é exigido o envio nestes form-
atos, nomeadamente no formato de currículo europeu - CV Europass. A foto deve
ser apropriada e englobar apenas o busto. No entanto, há alguns empregadores que
defendem a não inclusão da foto no CV, uma vez que pode originar alguma parcialidade
no processo de seleção de candidatos.
É aconselhável o recurso a parágrafos curtos e títulos/subtítulos que facilitem
a leitura. Devem ser privilegiados os negritos e sublinhados para destacar informação
mais relevante e deve, ainda, existir um equilíbrio entre a área escrita e os espaços em
branco. Os certificados/diplomas referentes às formações efetuadas não devem ser
anexados ao CV - caso sejam necessários, serão posteriormente solicitados na entre-
vista de emprego.
Organização
Curriculum Cronológico Currículo Funcional
O modo de organização da informação A informação relativa às atividades
mais utilizado, preferencialmente, quando a profissionais deve estar agrupada por
carreira do candidato é mais homogénea. grupos de atividades ou funções se-
A informação deve estar organizada de melhantes. Deste modo, é realçada a
forma coerente, datada dos eventos mais atividade desempenhada e podem ser
recentes para os mais antigos, em relação destacadas informações relevantes indepen-
12 às atividades profissionais. dentemente da sua proximidade temporal.
Conteúdo
É importante incluir a informação no CV de forma crítica, selecionando a
mais relevante de acordo com o cargo e empresa a que se pretende candidatar. Neste
sentido, o CV não deve ser olhado como uma ferramenta imutável, bem pelo contrário:
este deve ser moldado a cada caso, se assim se justificar.
Qualquer que seja o cargo a que se candidata, no CV do candidato não deve
constar juízos de valor sobre si mesmo ou sobre empregadores/equipas de trabalho
anteriores. Também não é aconselhável que sejam mencionados os motivos da saída
de empregos anteriores.
O CV deve ser escrito utilizando verbos na voz ativa e deve conter a seguinte infor-
mação:
• Informações Pessoais: essencial ter o nome, a idade, o contacto telefónico e o
e-mail;
• Formação Académica;
• Experiência Profissional: para cada cargo deve constar o nome da empresa, o
cargo, o período em que o exerceu e as responsabilidades inerentes ao mesmo.
• Outras atividades: voluntariado, ligação a associações, carta de condução, entre
outras;
• Outros conhecimentos relevantes.
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Carta de resposta a anúncio
Corresponde a um documento simples, que pode ser enviado via postal
ou por via eletrónica. Este documento segue junto ao CV aquando da resposta a um
anúncio de emprego, devendo nele constar a identificação pessoal do candidato,
a referência ao anúncio a que o mesmo responde e a motivação da candidatura.
Devem ser salientados elementos do anúncio que tenham suscitado interesse no
candidato de forma a demonstrar o interesse pelo posto e pela empresa e ainda
demonstrar disponibilidade para entrevista.
Candidatura espontânea
A candidatura espontânea corresponde a uma forma de o candidato
se dar a conhecer a uma determinada empresa. Atualmente, um grande número
de empresas não recorre a anúncios para preencher vagas que surjam nos seus
quadros: recorrem a bases de dados internas, que alojam um conjunto de infor-
mações relativas a candidatos que se apresentaram de forma espontânea. Por
esta razão, esta pode ser uma forma bastante eficiente de conseguir um empre-
go.
Na candidatura espontânea (seja ela via postal, e-mail ou base de dados online),
deve enviar-se para o empregador uma carta de motivação acompanhada do CV.
A carta de motivação, ou carta de candidatura espontânea, deve conter a prin-
cipal razão que leva o candidato a contactar preferencialmente aquela empresa
e a candidatar-se a um posto nesse local. Para além disso, deve demonstrar de
que forma a sua presença na empresa será útil para a mesma, relacionando a
sua formação com a atividade desta e aproveitando o momento para demonstrar
conhecimento, interesse e uma forte motivação para pertencer aos quadros da
empresa a que se candidata. Esta carta deve servir também para gerar interesse
pelo currículo. Por fim, o candidato deve solicitar uma entrevista à entidade em-
pregadora.
Entrevista de emprego
Corresponde a uma das últimas fases do processo de seleção e é nela
que o empregador poderá determinar quais os candidatos que têm perfil pessoal e
profissional que melhor se adaptam à empresa. Deve ser encarada com uma especial
importância. Por outro lado, o candidato também deverá olhar para entrevista como
uma forma de avaliar se a proposta de trabalho vem ao encontro às suas expectati-
vas.
É essencial que previamente seja feito um trabalho de pesquisa por forma
a aprofundar o conhecimento sobre a empresa e cargo a que se candidata (valores,
modo de funcionamento, etc). Devem ser preparadas as respostas às questões mais
frequentemente colocadas, bem como algumas perguntas que deseje formular. De
um modo geral, estes são alguns exemplos de perguntas expectáveis, por parte do
entrevistador: “Porque o devíamos contratar a si? Qual é o seu emprego de sonho?
Onde quer estar daqui a 5 anos? Quais considera ser os seus pontos fortes e pontos
a desenvolver?”
Para além disto, deve preparar todos os documentos necessários para
a entrevista e ainda confirmar a data, hora e local da mesma de modo a prevenir
qualquer tipo de atraso.
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Cuidados a ter numa entrevista
A entrevista não se baseia apenas na linguagem verbal, apresentando uma
forte componente de linguagem não-verbal que, apesar de ser tão importante quanto
a primeira, por vezes é descurada. Eis alguns cuidados a ter numa entrevista de em-
prego:
• Adotar um estilo sóbrio e confiável na sua apresentação física;
• Ser pontual;
• Desligar o telemóvel ou colocá-lo em modo silencioso;
• Entrar com passo decidido e cumprimentar o entrevistador, apresentando-se;
• Aguardar que o convidem a sentar;
• Manter uma postura corporal correta (nem demasiado tensa nem demasiado
descontraída);
• Transmitir um ar agradável e bom humor;
• Mostrar-se atento e interessado;
• Manter o contacto visual;
• Não responder com monossílabos;
• Falar com clareza e objetividade;
• Responder com determinação;
• Mostrar que conhece a empresa e a função do cargo;
• Fazer perguntas e pedir esclarecimentos;
• Não criticar anteriores chefes ou empresas;
• Demonstrar que é um candidato adaptável a situações novas, com vontade de
aprender e desejo de progredir;
• Aguardar que o entrevistador dê por terminada a entrevista e agradecer.
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CAPÍTULO II
Saídas profissionais
Áreas de intervenção da profissão farmacêutica
O Farmacêutico, graças à intensa, variada e qualificada componente técni-
co-científica que a sua formação acarreta, é um profissional multifacetado com conhe-
cimentos em vastas áreas, integrando-se em várias vertentes do mercado de trabalho,
capaz de assumir posições de relevo em equipas multidisciplinares e no contacto com
diferentes profissionais e com o cidadão.
Tendo em conta a importância do serviço prestado pela farmácia e pelo far-
macêutico, enquanto especialista do medicamento, e a confiança inspirada através do
seu profissionalismo, este profissional é cada vez mais reconhecido pela população.
Assim, o Farmacêutico é um profissional que, por excelência, e de forma
eficaz e eficiente pode desempenhar funções em Análises Clínicas e Genética Huma-
na, Assuntos Regulamentares, Distribuição Grossista, Ensino, Farmácia Comunitária,
Farmácia Hospitalar, Indústria Farmacêutica, entre outros.
Assuntos regulamentares
Os Assuntos Regulamentares são uma das áreas mais jovens da atividade
farmacêutica, estando o seu aparecimento, em Portugal, muito ligado à adoção das
diretivas comunitárias, no final da década de 80, por parte da Ordem dos Farmacêuticos.
Englobam diversas atividades associadas ao licenciamento/aprovação e manutenção no
mercado de medicamentos de uso humano e veterinário, dispositivos médicos, biocidas,
suplementos alimentares e demais produtos de saúde ou de cosmética. Sendo que os
requisitos regulamentares mais desenvolvidos e exigentes estão na área do medicamen-
to, é esta a área de maior saída profissional para os farmacêuticos, no setor privado,
como seja a indústria farmacêutica, ou nas autoridades, como seja o Infarmed, Agência
Europeia do Medicamento (EMA) ou Direção Geral de Saúde (DGS). 19
Existem também profissionais que se dedicam à área da ciência regulam-
entar na academia, centros de investigação e desenvolvimento de medicamentos e
produtos de saúde, entre outros.
As atividades desenvolvidas pelo profissional de assuntos regulamentares
são várias, das quais destacamos as principais:
Diogo Marques
Ano de conclusão do MICF: 2015
Cargo: Key Account Manager na Alliance
Healthcare
25
Bruno Gonçalves
Ano de conclusão do MICF: 2014
Cargo: Farmacêutico Comunitário, Suíça
28
Leonor Neves
Ano de conclusão do MICF: 2015
Cargo: Farmacêutica Hospitalar, Londres
Direção Técnica
A função de Director(a) Técnico (a) (num sentido mais amplo
designada por Pessoa Qualificada ou Qualified Person) é uma área restrita
a farmacêuticos que está envolvida na vertente mais nobre desta área que
é o fabrico e controlo de qualidade dos medicamentos.
Farmacovigilância
Na fase de comercialização do medicamento os farmacêuticos
de indústria assumem um papel importante na área da Farmacovigilância,
reunindo e submetendo às autoridades todos os relatórios de segurança
sobre o medicamento e propondo medidas em caso de existirem novos
conhecimentos derivados do uso dum medicamento.
31
Produção e Controlo de Qualidade
Gestão
O enorme conhecimento que o farmacêutico de indústria ad-
quire e a ampla visão que tem das empresas, das pessoas e dos merca-
dos, permite-lhe em muitos casos assumir papéis de direção na gestão,
Direção Geral, Direção de Fábrica, Direção comercial, Direção de Market-
ing e mesmo Direção de Pessoal sendo estes normalmente associados
ao corolário duma carreira bem sucedida.
32
Marketing Farmacêutico
O conhecimento do mercado farmacêutico permitiu ao far-
macêutico um alargar de horizontes a áreas como o Marketing Far-
macêutico. É cada vez mais normal encontrar farmacêuticos a atuar em
atividades especializadas de marketing. Os profundos conhecimentos do
farmacêutico sobre o medicamento, farmacologia, farmacocinética, far-
macodinâmica, permitem-lhe compreender e explicar o modo de ação de
medicamentos melhor do que a maioria dos profissionais. Dentro do Mar-
keting Farmacêutico, existem três áreas em que os farmacêuticos ganhar-
am espaço por direito próprio: a gestão de marketing, como directores de
departamento ou gestores de produto, e as áreas comerciais, como del-
egado de informação médica. Esta última é importante para obter acesso
às duas primeiras. Contudo, especial destaque merece uma área nova
que é a de actuar como consultores científicos nas empresas na sua
ligação a outras classes. Assim, nos últimos tempos, os farmacêuticos
encontram-se entre os mais procurados pela indústria para a função de
Medical Scientific Liaison, nova função em que predomina a necessidade
de compreender e saber passar conhecimentos sobre fármacos cada vez
mais complexos.
Assuntos Regulamentares
33
Rui Ferreira
Ano de conclusão do MICF: 2013
Cargo: Product Manager - GSK
36
Francisco Costa
Ano de conclusão do MICF: 2015
Cargo: Medical Scientific Liaison / Novartis
39
Indústria Cosmética
No contexto da Indústria Cosmética, o farmacêutico desempenha um papel
direto na investigação e desenvolvimento de novos ingredientes e produtos cosméticos.
O Controlo e Garantia de Qualidade e a Produção Industrial e Logística, incluindo o con-
trolo de ingredientes ou a implementação de Boas Práticas de Fabrico são outras áreas
de atuação do farmacêutico a nível industrial.
Quer no âmbito do fabrico quer na distribuição de produtos cosméticos, todo o proces-
so inerente à colocação no mercado envolve áreas onde o farmacêutico pode assumir
funções tais como Assuntos Regulamentares, Cosmetovigilância, Gestão comercial e
Marketing e Publicidade. O desenvolvimento de material científico e formação científica
dos recursos humanos são funções habitualmente desempenhadas por Farmacêuticos
na vertente de interação com as Farmácias Comunitárias.
O Farmacêutico tem ocupado também um lugar de relevo no sector da prestação de
serviços à indústria cosmética, tais como elaboração de relatórios de segurança, aval-
iação da qualidade, e avaliação in vitro e in vivo da segurança e eficácia.
45
Ensaios Clínicos
Cristina Lopes
Ano de conclusão do Doutoramento em
Química Analítica: 2008
Cargo: Diretora de Operações Clínicas, BLUE-
CLINICAL Investigação e Desenvolvimento em
Saúde, Lda
46
O que a levou a seguir esta área e como Tive de passar por uma série de entrevistas,
surgiu o interesse pela mesma? incluindo testes psicotécnicos, na altura
Enquanto estudante tive a opor- feitos pela empresa Hays. Depois de se-
tunidade de tomar conhecimento do tra- lecionada, tive de me mudar para Lisboa,
balho de I&D, nomeadamente de investi- onde vivi uns meses, para ter formação
gação clínica, que se fazia na Bial. Na altura, específica na área da investigação clínica.
a Bial tinha a única unidade em Portugal Foi assim que comecei a minha carreira
onde se conduziam ensaios de Fase I em na investigação clínica! Acabei por regres-
voluntários saudáveis e isso era muito con- sar ao Norte, onde me mantive a trabalhar
hecido junto da comunidade de estudantes, sempre home based, até Março de 2013.
já que muitos estudantes aproveitavam para Entretanto, mudei várias vezes de emprego
se voluntariar para participar nos ensaios e de empresa. Entre 2008 e 2013, trabalhei
clínicos e com isso obter uma compen- para uma CRO internacional (Covance) e
sação financeira, muito útil para o reforço também para a MSD.
das mesadas!... Desde então, mantive-me Apesar de estar a trabalhar a partir de casa,
curiosa e alerta em relação à investigação viajava muito, mais de 60% do tempo, den-
clínica. Quando me surgiu a oportunidade tro e fora do país. Durante muito tempo es-
de iniciar carreira na área, não hesitei. Senti tive a reportar a estruturas sediadas noutros
que era um desafio que tinha de aceitar! países Europeus e, por isso, as minhas re-
uniões de trabalho implicavam sempre viajar
Como surgiu a oportunidade de envere-
para fora do país. Foi uma experiência mui-
dar por esta área e o que a motiva a
to enriquecedora!
continuar?
No final de 2012 fui abordada pela Blue-
Próximo do término da bolsa de
clinical, a empresa na qual trabalho presen-
doutoramento, a AstraZeneca preparava-se
temente, através do Linkedin. Agendámos
para iniciar um projeto de investigação clíni-
uma reunião e foi-me apresentado o proje-
ca na área dos cuidados de saúde primári-
to que estavam a iniciar e pelo qual eu de
os, que envolvia centenas de centros de
imediato me apaixonei! Não sou nada em-
saúde, por todo o País. A Datamedica,
preendedora, mas se tivesse essa capaci-
Contract Reserach Organization (CRO) se-
dade, este teria sido certamente o projeto
diada em Lisboa a quem tinha sido subcon-
que eu criaria, o meu projeto de vida. Por
tratada a implementação, procurava Clinical
isso, não hesitei em abandonar a minha
Research Associates (CRAs, i.e., Monitores
carreira internacional para abraçar o desafio
de Ensaio Clínico) que pudessem trabalhar
de ajudar a criar e ver crescer uma start-
no projeto. Dado o número de centros de
up numa área que me é tão cara! Eu fui a
ensaio envolvidos e a sua dispersão pelo
segunda pessoa a integrar os quadros da
território português, de modo a aumentar
Blueclinical, em Março de 2013, e atual-
a eficiência, a Datamedica procurava CRAs
mente a empresa conta já com mais de 100
em diferentes pontos do país, de Norte a
colaboradores, dos quais aproximadamente
Sul. Dada a dificuldade em encontrar profis-
75 são do quadro de pessoal a tempo intei-
sionais experientes no Norte do país e pelo
ro. A geração de conhecimento, a tradução
perfil de conhecimento que os farmacêuti-
desse conhecimento em valor para a socie-
cos normalmente trazem da Universidade,
dade, a criação de emprego, são para mim
a Datamedica contactou o Conselho Ped-
um motivo de orgulho por pertencer a esta
agógico da FFUP para os auxiliar na procu-
empresa.
ra de um CRA. Foi nesse contexto que eu
tomei conhecimento da oportunidade e a 47
ela me candidatei.
Para além da criação de emprego direto, O largo espectro do plano curricular de
indiretamente a Blueclinical também aca- Ciências Farmacêuticas deu-me as ferra-
bou por contribuir para acrescentar valor mentas básicas que me permitiram apro-
em Portugal, ocupando mão-de-obra de fundar conhecimento de forma autónoma.
prestadores de serviços e reduzindo as im- Essa capacidade de aprender sozinho foi
portações e aumentando as exportações de obviamente aprimorada durante o tempo
I&D. de doutoramento. Aliás, o doutoramento foi
Na unidade de Fase I da Blueclinical, lo- excelente para me permitir ver mais além,
calizada no Hospital da Prelada, no Porto, alargar horizontes. Talvez hoje optasse por
realizam-se dezenas de ensaios clínicos uma área diferente de conhecimento, mais
por ano, em voluntários saudáveis. A com- próxima da investigação clínica, mas cer-
pensação financeira pela participação num tamente investiria igualmente num douto-
ensaio clínico acaba por contribuir positiva- ramento pelas soft skills que me permitiu
mente para o orçamento disponível no final adquirir.
do mês. Nesta altura de crise que o país
Foi necessária formação externa à da
atravessa, isso terá certamente ajudado
FFUP para que fosse possível envere-
muitos dos nossos voluntários. Quem tiver
dar por este caminho?
curiosidade em saber mais sobre o assun-
Claro que sim. Nem a licenciatura
to, pode consultar o website da empresa,
nem o doutoramento me deram o conhe-
www.blueclinical.com, o qual contém infor-
cimento técnico necessário para trabalhar
mação detalhada sobre o modo de partici-
na área de investigação clínica. Pelo menos
par nos ensaios.
na minha altura, apesar do plano curricular
Quais considera serem os pontos fortes cobrir muitas áreas, senti que no final tudo
que a levaram a conseguir o emprego? se conjugava para afunilar as saídas profis-
O facto de ser apaixonada pela sionais para, essencialmente, 3 possíveis: a
área e de trabalhar com gosto e dedicação Farmácia Comunitária, a Farmácia Hospita-
talvez sejam os fatores que mais tenham lar e a Investigação básica. Aliás, do meu
contribuído para eu conseguir o emprego e ano de licenciatura, poucos foram os que
conseguir mantê-lo, que também é impor- seguiram um caminho diferente desse.
tante.
Se tivesse que enumerar as três
Outras características que acredito que
maiores dificuldades do seu trabalho,
também tenham dado o seu contributo são:
quais escolheria?
organização, multitasking, “olho para o de-
Gestão de tempo / equilíbrio “vida profis-
talhe”, pensamento crítico, perfecionismo,
sional vs. vida familiar/amigos”. O trabalho
gostar de desafios e de aprender coisas
é demasiado absorvente, há sempre o que
novas, não ter receio de arriscar, muita re-
fazer. Por isso, quando se gosta do que se
siliência e capacidade de auto-motivação.
faz e há sempre o que fazer, é um desafio
Considerando a formação que a FFUP imenso não perder os laços com as pes-
lhe concedeu, quais foram as matéri- soas, não colocar de parte a vida social.
as em que se sentiu mais preparada Algo que definitivamente tenho de mel-
e quais foram aquelas em que sentiu horar...
mais dificuldades para enfrentar este Trabalho sobre pressão. A investigação
desafio? clínica tem um ambiente muito competitivo,
Na FFUP desenvolvi o gosto pela ciência, a onde os resultados são monitorizados de
resiliência, a vontade de trabalhar para con- muito perto para que nada falhe.
48 seguir mais e melhor.
Os clientes procuram numa empresa como Só em investigação clínica, a Comissão
a Blueclinical o melhor serviço, com a mel- Europeia estima um investimento anual de
hor qualidade, nos melhores tempos (i.e., €21 mil milhões, na UE. Se em Portugal
o mais rapidamente possível), e pelo custo tivéssemos um investimento proporcional à
mais competitivo possível. Compete a cada população que temos, isso corresponderia
colaborador trabalhar nesse sentido e ger- a um investimento anual de cerca de €400
ir os imprevistos da melhor forma possív- milhões. Face a esta realidade, só posso
el para que as expectativas do cliente não ver um futuro risonho, também com muitas
saiam defraudadas. Pode ser enervante... oportunidades para os jovens que irão en-
Só sei que nada sei. Na investigação clíni- trar no mundo do trabalho, dentro e fora de
ca não há lugar para dogmatismos. É uma portas. E, mais uma vez, estou certa que a
área muito regulada, mas em constante Blueclinical estará apta a aproveitar essas
evolução. A verdade de hoje pode não ser a oportunidades e a continuar a contribuir
verdade de amanhã. Estudar todos os dias, para a geração de valor!
consultar sempre a fonte para confirmar se
o que conhecemos se mantém, pode ser
esgotante...
Como vê o futuro/perspetivas de
crescimento da sua área em Portugal e
no estrangeiro?
O I&D farmacêutico e a investi-
gação clínica continuam a crescer, a nível
mundial. 49
Consultoria
Joana Ferreira
Ano de conclusão do MICF: 2015
Cargo: Consultora/Serviço de Consultoria e Gestão
de Farmácias na Glintt – Business Solutions, Lda.
Como vê o futuro/perspetivas de
crescimento da sua área em Portugal e
no estrangeiro?
Sendo que é ainda um projeto piloto em
Portugal, não é fácil prever a extensão da
expansão desta área. No entanto, confio
muito neste projeto uma vez que utiliza uma
abordagem multidisciplinar para melhorar
os processos e aumentar o sucesso das
Farmácias a vários níveis.
51
Associações Setoriais
Colégios de Especialidade da
Ordem dos Farmacêuticos
A Ordem dos Farmacêuticos é composta, na sua organização, por quatro
Colégios de Especialidade, designadamente: Indústria Farmacêutica, Análises Clíni-
cas e Genética Humana, Farmácia Hospitalar e Assuntos Regulamentares.
Para aceder às especialidades e, consequentemente, aos Colégios respetivos, os
farmacêuticos devem apresentar a sua candidatura, cumprindo os requisitos descritos
em cada uma das Normas para Atribuição do Título de Especialista em vigor.
Além do tempo mínimo de exercício do ato farmacêutico no setor em causa,
os farmacêuticos deverão demonstrar competências em determinadas áreas, sendo
posteriormente sujeitos a um exame escrito, prático e/ou oral, dependendo da espe-
cialidade.
Neste momento, existem 343 especialistas em Indústria Farmacêutica, 937
em Análises Clínicas, 706 em Farmácia Hospitalar, 143 em Assuntos Regulamentares
e 20 em Genética Humana. 53
CAPÍTULO III
Glossário
Glossário para Farmacêuticos
Organizações do setor/profissionais/científicas:
ANF (Associação Nacional das Farmácias)
APEF (Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia)
APDC (Associação Portuguesa de Direito do Consumo)
APIFARMA (Associação Portuguesa Da Indústria Farmacêutica)
SPCF (Sociedade Portuguesa de Ciências Farmacêuticas)
APAC (Associação Portuguesa de Analistas Clínicos)
APFH (Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares)
APJF (Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos)
FIP (International Pharmaceutical Federation)
EMA (European Medicines Agency)
INFARMED (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde)
AFP (Associação de Farmácias de Portugal)
APREFAR (Associação dos Profissionais de Registos e Regulamentação Farmacêutica)
GROQUIFAR (Associação de Grossistas de Produtos Químicos e Farmacêuticos)
Outras siglas:
AIM (Autorização de Introdução no Mercado)
ASMF (Active Substance Master File)
AUE (Autorização de Utilização Especial)
BPF (Boas Práticas de Fabrico)
BPL (Boas Práticas de Laboratório)
CAM (Comissão de Avaliação de Medicamentos)
CCDESM (Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Estratégico do Sector do Medic-
amento)
CNPM (Conselho Nacional de Publicidade de Medicamentos)
CPMP (Comité das Especialidades Farmacêuticas)
DCI (Denominação Comum Internacional)
DGCC (Direcção Geral do Comércio e da Concorrência)
DIV (Dispositivos Médicos para diagnóstico in Vitro)
DM (Dispositivos Médicos)
DMF (Drug Master File)
EC (Ensaios Clínicos)
EEE (Espaço Económico Europeu)
EFSA ( European Food Safety Authority)
FDA (Food and Drug Administration - Agência reguladora E.U.A.)
57
Outras siglas:
58
Guia de Saídas Profissionais 2016
2ª Edição
Associação de Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universi-
dade do Porto
Tiragem: 150 exemplares