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Concepções de Justiça

relacionadas: a liberal,
libertária, comunitarista,
igualitária e capacitária
Walace Ferreira
Publicado em 02/2013. Elaborado em 01/2013.
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• VARIEDADESFILOSOFIA DO DIREITOESCOLAS
JURÍDICASPOLÍTICA E ECONOMIA
O Estudo das diferentes concepções de justiça, como
igualitária e liberal, é de grande importância para o
desenvolvimento do Direito.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Para cada uma dessas diferentes concepções de


justiça, a liberal, a libertária, a comunitarista, a
igualitária e a capacitária, existe diferentes pensadores
que aparecem como grandes expoentes dessas
concepções. Assim, podemos dizer que numa
abordagem básica a respeito da “Teoria da Justiça”
enfatizaremos as teorias de Jonh Rawls como
representante da perspectiva liberal, Robert Nozick
como representante da perspectiva libertária, Michael
Walzer da perspectiva comunitarista, Ronald Dworkin
da perspectiva igualitária, e Amartya Sen da
perspectiva capacitaria.

1. CONCEPÇÃO LIBERAL

Quanto a Rawls, representante da perspectiva


liberal de justiça, este tem na publicação de Theory of
Justice (Teoria da Justiça), de 1971, o estabelecimento
de uma das principais contribuições ao debate sobre
justiça do século XX. Neste livro, Rawls procura pensar
a justiça como eqüidade. Muito próximo de algumas
ideias fundamentais da ética kantiana, Rawls parte da
pessoa como um absoluto moral. Quer com isso dizer
que todo ser humano, uma vez alcançada a idade da
razão, é autônomo e tem um perfeito senso de justiça.
Assim, estabelece uma ponte entre os conceitos de
"pessoa moral" e "sociedade bem-ordenada". Para que
ocorra o perfeito entrosamento entre as duas variáveis,
pessoa e sociedade, estabelece como imprescindíveis
alguns direitos individuais e sociais primários. Estes
seriam liberdades básicas de pensamento e de
consciência que capacitariam o indivíduo para tomar
decisões e buscar a implantação do bem e da justiça;
liberdade de movimento e de livre escolha de
ocupações; liberdade de rendas e riquezas; e condições
sociais para o respeito a todo indivíduo como pessoa
moral.

Rawls considera que uma sociedade somente


será justa se todos os valores sociais, tais como
liberdade e oportunidades, ingressos e riquezas, assim
como as bases sociais e o respeito a si mesmo, forem
distribuídos de maneira igual, a menos que uma
distribuição desigual de algum ou de todos esses
valores redunde em benefício para todos, em especial
para os mais necessitados.

Para este filósofo americano, os dois


pressupostos para se fazer uma sociedade mais justa
seriam: 1) igualdade de oportunidade aberta a todos
em condições de plena eqüidade; e 2) os benefícios
nela auferidos devem ser repassados
preferencialmente aos membros menos privilegiados
da sociedade, satisfazendo as expectativas deles,
porque justiça social seria, antes de tudo, amparar os
desvalidos. Para se conseguir isso é preciso, todavia,
que uma dupla operação ocorra. É necessário que os
talentosos, os melhor dotados - por nascimento,
herança ou dom - aceitem com benevolência em ver
diminuir sua participação material em bens, salários,
lucros e status social, minimizadas em favor dos outros,
daqueles que se encontram desassistidos socialmente.
Estes, por sua vez, poderiam assim ampliar seus
horizontes e suas esperanças em dias melhores,
maximizando suas expectativas.

O ponto de partida de Rawls, portanto, está


numa concepção geral de justiça que se baseia na ideia
de que todos os bens sociais primários - liberdades,
oportunidades, riqueza, rendimento e as bases sociais
da auto-estima - devem ser distribuídos de maneira
igual a menos que uma distribuição desigual de alguns
ou de todos estes bens beneficie os menos favorecidos.
Mas esta concepção geral ainda não é uma teoria da
justiça satisfatória. A razão é que a ideia em que se
baseia não impede a existência de conflitos entre os
vários bens sociais distribuídos. Por exemplo, se uma
sociedade garantir o acesso a uma determinada
escolaridade a todos os seus cidadãos e ao mesmo
tempo exigir que essa escolaridade seja assegurada
por uma escola da área de residência, no caso de uma
pessoa preferir uma escola fora da sua área de
residência por ser mais competente e estimulante,
gera-se um conflito entre a igualdade de oportunidades
no acesso à educação e a liberdade de escolher a
escola que cada um acha melhor.

Nesse sentido, a concepção geral de justiça de


Rawls deixa estes problemas por resolver. Será então
indispensável um sistema de prioridades que justifique
a opção por um dos bens conflitados. E nesse caso, se
escolhemos um bem em detrimento de outro, é porque
temos uma razão forte para considerar um dos bens
mais prioritário do que outro. Com isso, Rawls divide a
sua concepção geral em três princípios: Princípio da
liberdade igual, em que a sociedade deve assegurar
a máxima liberdade para cada pessoa compatível com
uma liberdade igual para todos os outros; Princípio da
diferença, em que a sociedade deve promover a
distribuição igual da riqueza, exceto se a existência de
desigualdades econômicas e sociais gerar o maior
benefício para os menos favorecidos; e Princípio da
oportunidade justa, em que as desigualdades
econômicas e sociais devem estar ligadas a postos e
posições acessíveis a todos em condições de justa
igualdade de oportunidades.

2. CONCEPÇÃO LIBERTÁRIA

No tocante a Robert Nozick, sua obra mais


relevante é de 1974, Anarchy, state and utopia
(Anarquia, Estado e utopia). Ali, o autor elabora um
tratado teórico sobre a função do Estado moderno,
propondo uma nova função desse Estado, no qual se
expõe uma nova teoria da justiça distributiva, um
modelo utópico experimental sob um novo conceito de
Estado mínimo. Também propõe uma integração entre
a ética, a filosofia moral e a teoria econômica,
conjugadas com uma posição unificada em matéria
política. Segundo Nozick no prefácio do referido livro,
indivíduos têm direitos, e há coisas que nenhuma
pessoa ou grupo pode fazer com os indivíduos sem
violar seus direitos. Tão fortes e de tão alto alcance são
esses direitos que colocam a questão do que o Estado e
seus servidores podem e não podem fazer. Assim, o
debate no livro envolve a natureza do Estado, suas
funções legítimas e suas justificações.

Nesse sentido, Nozick começa com uma


formulação categórica dos direitos individuais,
abordando com grande seriedade a alegação
anarquista de que, na manutenção de seu monopólio
do uso da força e da proteção de todos dentro de um
território, o Estado tem que violar direitos individuais e,
por conseqüência, é intrinsecamente imoral. Refutando
essa alegação, o autor argumenta, inicialmente, que
um Estado nasceria da anarquia, mesmo que ninguém
tivesse essa intenção ou tentasse criá-lo, através de
um processo que não precisaria violar direitos de
ninguém. Se na primeira parte do livro, Nozick justifica
um Estado mínimo, na segunda parte alega que
nenhum Estado mais amplo pode ser justificado, e
finaliza com uma descrição hipotética de como ele
poderia surgir, mostrando quão pouco atraente seria
esse tipo de Estado mais amplo.
Dessa forma, Nozick se inscreve numa
perspectiva de justiça anarquista libertária,
contestando a refutação final da legitimidade de toda
forma de Estado. No desenvolvimento do seu
argumento, Nozick raciocina, como Hobbes e Locke, a
partir do estado de natureza. Porém aqui o autor tenta
mostrar, ao contrário dos dois tradicionais
contratualistas, que não é necessário formular a
hipótese de um contrato social – fundando o Estado
político exterior à Sociedade – para fugir dos
inconvenientes desse estado de natureza (a guerra de
todos contra todos ligada à incerteza da distinção entre
o que é de um e o que é de outro). Trata-se, para ele,
de pensar a emergência de um modelo Estado Moderno
Mínimo a partir de uma inteligência estritamente
econômica do social.

Esse Estado mínimo que Nozick defende deveria


garantir unicamente a proteção (à propriedade, às
garantias individuais, etc). Ademais, para os libertários,
qualquer concepção de Estado maior que o Estado
mínimo não é legítima, pois teria que interferir na vida
das pessoas, ferindo suas liberdades. A liberdade, por
sua vez, diz que as escolhas devem ser individuais, e a
escolha de uma mão só (como seria a do Estado)
poderia violar a possibilidade de escolha do indivíduo.
Seguindo essa lógica, a concepção libertária é uma
crítica à justiça distributiva, alegando que a distribuição
não pode ser ponto de legitimidade para a ampliação
do Estado.

3. CONCEPÇÃO COMUNITARISTA

Passando agora para a concepção de justiça


comunitarista, temos como principal expoente Michael
Walzer. Os comunitaristas têm as suas raízes no
aristotelismo, em Hegel e na tradição republicana da
Renascença (como por exemplo, Maquiavel e "O
Príncipe”). O comunitarismo propõe que o indivíduo
seja considerado membro inserido numa comunidade
política de iguais. E, para que exista um
aperfeiçoamento da vida política na democracia, exige-
se uma cooperação social, um empenhamento público
e participação política, isto é, formas de
comportamento que ajudem ao enobrecimento da vida
comunitária. Consequentemente, o indivíduo tem
obrigações éticas para com a finalidade social, devendo
viver para a sua comunidade organizada em torno de
uma só ideia substantiva de bem comum.

Os comunitaristas surgem a partir da crítica que


elaboram em relação às concepções liberais e
libertárias. Aqui, eles vêem a comunidade como o lugar
onde aparece o espaço comum da cultura, da política,
dentre outras esferas sociais. A cultura dentro da
comunidade é que vai definir esse espaço de
compartilhamento das práticas sociais. No
comunitarismo, a concepção de bem é o que informa o
direito, é aquilo que é justo ou injusto, portanto. Os
comunitaristas alegam que a concepção liberal
equivoca-se por ser uma concepção neutra. Afinal, para
eles não há como a justiça ou o Estado serem neutros,
pois como seria possível distribuir direitos sem levar
em conta os bens em questão. Eles respondem que não
é possível ver os indivíduos isolados, devendo ser
olhadas segundo a perspectiva da comunidade em que
estão inseridas, uma vez que cada modo individual de
vida é também determinado pela comunidade.

Assim, bens sociais diferentes podem e devem,


segundo Walzer, ser distribuídos de formas diversas por
razões e procedimentos distintos, conforme as
diferentes esferas de aplicação da justiça. Nesse
sentido, nas suas esferas de justiça, que compõem a
ideia de igualdade complexa, devem se levar em conta:
1) os bens sociais distintos; 2) as razões sociais
distintas; 3) os procedimentos distintos; 4) os agentes
distributivos distintos, em que não só o Estado pode
participar.

Se para os liberais a justiça deveria ser aplicada


independentemente da comunidade, para os
comunitaristas deve-se levar em conta a comunidade
em que o indivíduo está inserido, de modo que se
possa, a partir daí, aplicar efetivamente aquilo que
consideram justiça. Assim, se Rawls parece querer
apresentar sua teoria da justiça como uma verdade
universal, os comunitários argumentam que os padrões
da justiça devem estar fundados na forma de vida e
tradições das sociedades em particular, o que,
portanto, pode variar de contexto para contexto. Para
Michael Walzer, a conclusão é a mesma, quer dizer, que
uma efetiva crítica social deverá se repousar e refletir
sobre os hábitos e tradições da vivência de um povo,
em tempos e lugares específicos. Quem abstrai o
contexto particular, para universalizar o procedimento,
está fadado à incoerência filosófica e à irrelevância
política.

Dessa forma, os liberais partem da ideia de que


nas condições modernas de pluralismos de valores,
somente o princípio geral da igualdade de direitos,
liberdades, e oportunidades, pode servir como pauta
normativa da justiça. Já os comunitaristas respondem
que é preciso um referencial prévio, um horizonte de
valores comunitariamente compartilhados para se
decidir sobre questões de justiça numa sociedade. Por
isso colocam os valores da comunidade e suas
orientações à frente dos atributos do universalismo,
dão prioridade à noção de bem comum na fixação de
critérios de justiça, e fazem a inevitável referência aos
determinantes contextuais e à tradição para a criação e
imposição de normas.

Com isso, os liberais dão primazia aos direitos


individuais, que antecedem qualquer forma de
determinação coletiva, enquanto os comunitaristas
colocam prioridade na forma de vida comunitária. Para
estes últimos uma sociedade baseada meramente na
garantia dos direitos individuais carece de força
motivadora e integradora capaz de uma coesão
solidária suficiente para manter a própria sociedade.
Por este motivo julgam o projeto liberal
demasiadamente errado no sentido de garantir e
manter a estabilidade social, a legitimação política e a
cidadania.

4. CONCEPÇÃO IGUALITÁRIA

Chegando agora na concepção igualitária, cujo


expoente principal é Ronald Dworkin, o que é
interessante na filosofia política deste autor, e junto
com ela a sua filosofia do Direito, é a tentativa de
mostrar que a liberdade e a igualdade não se
contradizem, mas se complementam. Apesar de ele
trabalhar segundo a lógica da tradição liberal de
autores como Rawls, sua compreensão do liberalismo é
bastante particular, na medida em que acredita que a
igualdade é o seu fundamento.

Na reinterpretação dos pressupostos


fundamentais do liberalismo, Dworkin elabora algumas
críticas a autores como Rawls e Nozick. Em primeiro
lugar, Dworkin não concorda com a prioridade atribuída
por Rawls como sendo o primeiro princípio de justiça,
aquele segundo o qual todos teriam igual direito às
liberdades básicas como liberdade de consciência,
liberdade de falar sobre assuntos políticos, liberdade de
votar, liberdade para possuir propriedades, liberdade
para não ser preso e julgado sem o devido processo,
etc. Considera a tese de Rawls segundo a qual qualquer
ser racional preferiria, tendo as condições mínimas de
vida satisfeitas, incrementar a liberdade e não a
riqueza material, uma proposição injustificada. Além
disso, alega que Rawls possuiria uma visão
conservadora do caráter das pessoas. Isso significa que
Dworkin pensa que, mesmo sob o véu da ignorância, as
pessoas poderiam arriscar e assumir princípios de
justiça não igualitários achando que estariam em
posições de vantagem sobre os demais. Portanto,
segundo Dworkin, a tentativa de Rawls de mostrar que
as liberdades básicas são mais importantes do que as
diferenças econômicas e sociais, é falha.
Com relação à teoria liberal defendida por
Nozick em Anarchy, state and utopia, Dworkin concorda
que as pessoas possuem direitos e que estes são
invioláveis, mas discorda que esses direitos existam
independentemente do Estado civil, numa espécie de
estado de natureza. Considera que para Nozick, a
liberdade é tudo e a igualdade nada, e nisso há uma
completa oposição nas visões dos dois filósofos.
Dworkin discorda também do papel quase exclusivo
dado ao direito à propriedade e, conseqüentemente, da
concepção mínima de Estado e das funções que ele
deve cumprir, ou seja, o de garantir este direito e de
zelar pela segurança dos cidadãos.

Portanto, Dworkin discorda de Nozick na sua


ideia básica, isto é, que se assumirmos seriamente
os direitos humanos teremos que condenar as práticas
do Estado de Bem-Estar Social. Criar impostos para fins
de redistribuição de riqueza, nesse sentido, não é violar
direitos nem uma forma de escravizar indivíduos,
argumenta Dworkin. Além disso, apesar do fato de que
ele concorda com Nozick que a justiça é na tradição
liberal independente de qualquer noção sobre a boa
vida, discorda que um liberal deva ser absolutamente
cético quanto à melhor forma de viver. Na verdade, ele
sustenta que se deve deixar ao indivíduo a decisão
sobre como ele quer viver, mas isso não significa que
as diferentes formas de viver não devam ser
escrutinadas, discutidas e justificadas publicamente.

Dworkin nega, com efeito, que a noção de


direitos individuais esteja em conflito com a igualdade.
Nega, também, que defender direitos implique num
abandono da noção clássica de bem comum que
parece ser realmente o fim último da política. Quer
dizer, o bem-estar social não precisa estar em oposição
aos direitos individuais. O conflito é, para Dworkin,
apenas aparente e superficial, pois no fundo acredita
que tanto direitos individuais quanto o bem-estar social
estão fundados na igualdade.

Dworkin estabelece em seu igualitarismo liberal


uma enfática concepção substantiva de igualdade
baseada, por exemplo, na igual distribuição de
recursos. Dworkin se afasta das teorias liberais
baseadas em Rawls que pretendem dar conta da justiça
em termos puramente políticos. Tal separação entre
ética e política é, segundo ele, esquizofrênica, pois nela
não podemos reconhecer as convicções mais
elementares da vida moral quotidiana. Assim, Dworkin
sustenta que um Estado liberal deve, realmente, ser
neutro quanto às diferentes formas de vida, isto é, ele
não deve impor uma concepção particular de vida feliz.
Entretanto, deve também garantir as condições
mínimas para que todas as formas de vida possam
realizar seus projetos de vida boa. Portanto, há uma
continuidade entre ética e política, ou seja, uma forma
de vida só pode realizar-se num contexto social.

Um outro princípio básico do igualitarismo liberal


requer que o governo trate todos aqueles que estão
sob sua responsabilidade igualmente na distribuição de
algum recurso de oportunidade. Assim, Dworkin
sustenta que certas condições mínimas devem ser
garantidas pelo Estado para que os cidadãos realizem
seus projetos existenciais. O acesso à educação básica,
por exemplo, é uma condição necessária para que haja
sucesso no estabelecimento de metas dos diversos
planos de vida e a sua efetiva realização. E quanto à
igual distribuição de recursos, Dworkin sustenta que
eles devem de algum modo figurar como parâmetros
porque não podemos descrever o desafio de viver bem
sem fazer algumas pressuposições sobre os recursos
que devem estar disponíveis para uma boa vida.

Nesse sentido, aquilo que Dworkin chama de


"igualdade liberal" consiste numa visão segundo a qual
uma distribuição justa de recursos é atingida quando
todos podem usufruir igualmente daquelas condições
que são necessárias para a sua forma de vida.
Conseqüentemente, as desigualdades de recursos
devem ser retificadas pela simples transferência e as
desigualdades pessoais devem ser compensadas por
um sistema de impostos redistributivos, por exemplo.
5. PERSPECTIVA CAPACITÁRIA

Por fim, a perspectiva capacitária de justiça tem


como expoente Amartya Sen, economista indiano que
ganhou o prêmio Nobel em 1998 por suas contribuições
a chamada economia do bem-estar. Mesmo antes de
ganhar o Nobel, o autor já vinha ganhando notoriedade
devido aos posicionamentos acerca da busca por
justiça. Sen vem realizando uma crítica rigorosa e
sistemática dois fundamentos “welfaristas” da
economia do bem-estar e das limitações teóricas e
práticas de suas conseqüências. Ele mostra como a
pobreza e a fome não são necessariamente eliminadas
pelos boons econômicos e conseqüentes aumentos da
renda média.

Em “Desigualdade Reexaminada”, livro de 2001,


o autor procura fazer, exatamente como o nome diz,
um reexame da questão da desigualdade. Ali defende
que, na busca por justiça social, as capacidades é que
devem ser igualadas. Capacidades são poderes para
fazer ou deixar de fazer, sem os quais não há escolha
genuína. Na economia filosófica de Sen predomina a
ideia de que a “vida boa” é uma vida com escolhas
genuínas, na qual ninguém é forçado a viver de alguma
forma específica, por mais rica que esta forma de vida
possa ser outros aspectos.

Uma questão chave levantada ao se falar em


desigualdade corresponde exatamente sobre o que
seria o seu contrário, ou seja, “igualdade de quê?”.
Como falar em igualdade se os homens são diferentes
entre si, sejam por características internas, sejam
externas. Nesse sentido, a heterogeneidade básica dos
seres humanos seria a primeira contradição da ideia de
igualdade. Daí ser errado, a seu ver, usar apenas a
ideia de renda como sendo a principal variável focal
para medir a desigualdade. Ou seja, deve-se levar em
conta a multiplicidade de variáveis em cujos termos a
igualdade pode ser julgada.

Sen diverge de Rawls, alegando que sua


abordagem negligencia certas considerações que
podem ser de grande importância para a avaliação
substantiva da igualdade. Alega que como as pessoas
são diferentes entre si, duas pessoas podem deter um
mesmo pacote de bens primários, mas podem ter
diferentes liberdades para buscar suas respectivas
concepções do bem, quer estas concepções coincidam
ou não. Por outro lado, Sen ressalta que Rawls teve o
grande mérito de transformar o modo como se pensa a
questão da justiça. Sua teoria teve o efeito de mudar os
interesses por desigualdades apenas de resultados e
realizações para aquelas de oportunidades e
liberdades.

Na visão de Sen, querer a igualdade de alguma


coisa, algo visto como importante, tem de ser estudado
com cuidado, pois exigir a igualdade num espaço pode
fazer com que se seja anti-igualitário em outro espaço.
Uma das conseqüências da diversidade humana é que
a igualdade num espaço tende a andar junto com a
desigualdade noutro. Rendas iguais, por exemplo, não
necessariamente significa igual sentimento de
felicidade, pois nem todas possuem as mesmas
potencialidades humanas (saúde, habilidade,
disposição, etc). Fossem as pessoas todas iguais e a
igualdade num espaço seria congruente com as
igualdades em outros.

Outro aspecto de Sen consiste na sua defesa da


liberdade como instrumento para a pessoa buscar bem-
estar. A liberdade de escolha pode ter importância
direta para a qualidade de vida e bem-estar de uma
pessoa. Agir livremente e ser capaz de escolher são,
nesta concepção, diretamente conducentes ao bem-
estar. A análise do bem-estar de uma pessoa deve
levar em conta, com isso, a liberdade que ela tem de
buscar suas ações. Se alguém passa fome, por
exemplo, deve-se saber se é provocado pela falta de
recursos disponíveis para se alimentar ou se é questão
de jejum por opção. O aspecto do bem-estar, nesse
sentido, é especialmente importante em problemas
com os de seguridade social, alívio da pobreza,
remoção da desigualdade econômica acentuada e, em
geral, na busca por justiça social. Definindo suas
características, faz-se necessário buscá-las.

Sen acredita que as capacidades possuem um


papel direto no bem-estar das pessoas, pensando a
educação como uma das maneiras mais eficazes para
se desenvolver as capacidades individuais. Assim, se
estivéssemos oferecendo um emprego, e tivéssemos
três candidatos, a sabe, um muito pobre, outro muito
infeliz e outro com doença crônica, faríamos justiça
capacitaria empregando aquele que tem uma doença
crônica. Isso porque a partir dos recursos auferidos no
trabalho o indivíduo terá aumentada a sua capacidade
ligada à saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa forma, pensar o conceito de justiça a


partir dessas concepções apresentadas ganha
destaque quando atentamos para os principais
representantes dessas perspectivas teóricas. Entre elas
há aproximações e diferenciações, buscando cada qual
pensar a justiça segundo uma lógica particular, sendo
todas entretanto extremamente relevante para o
pensamento global sobre o tema, e que muito pode
contribuir para a evolução da ciência do Direito.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

DALL’AGNOL, Darlei. O igualitarismo liberal de


Dworkin. In: Kriterion: Revista de Filosofia.
Vol.46, nº.111, Belo Horizonte, Jan/June, 2005.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?
pid=S0100-512X2005000100005&script=sci_arttext>.
Acesso em: 02 jan. 2013.

DWORKIN, Ronald. O Império do Direito. São


Paulo: Martins Fontes, 2003.

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de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994.

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Zahar Editor, 2003.

SEN, Amartya. Desigualdade Reexaminada. São


Paulo: Record, 2001.

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de Ciências Sociais. Vol. 14, nº 39, fevereiro 1999.
Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v14n39/1721.pdf>.
Acesso em: 03 jan. 2013.

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of pluralism and equality. New York: Basic Books, Inc.,
Publishers, 1983.

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