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Saudações aos que lutam. Inspirados pelas palavras de Rosa Luxemburgo, que não
deixou o horror da prisão encarcerar sua utopia socialista, apresentamos ao conjunto da
militância do PSOL Ceará nossa contribuição ao VII congresso do partido.
Não pretendemos esgotar as discussões com este texto, pelo contrário, queremos
que ele seja um ponto de partida para o diálogo com a militância do partido. Um texto aberto
para contribuições, sujeito a críticas e a novas adesões no decorrer dos próximos meses.
O exemplo de Rosa, que nos deixava há 101 anos, nos anima a defendermos que na
conjuntura adversa que atravessamos, nossas convicções revolucionárias sejam aquecidas
pelo calor da luta popular. A esperança militante de ver superadas todas as formas de
exploração e opressão não pode dar lugar ao desânimo em que o projeto reacionário quer
nos ver enclausurados.
Essa instabilidade política caminha paralelamente aos ataques aos direitos da classe
trabalhadora e setores populares. O grande capital vai avançando na destruição dos direitos
sociais conquistados com muito sangue, suor e lágrimas de nosso povo. Bolsonaro é o idiota
mais útil de nossa história recente
As mobilizações dos últimos meses não foram suficientes para reverter esse cenário.
Esta reversão depende de uma substancial mudança na correlação de forças da sociedade
brasileira, o que só será possível se avançarmos no nível de consciência e organização da
classe trabalhadora e setores oprimidos. Para alcançarmos esse objetivo, é fundamental
traçarmos uma tática de oposição sem tréguas ao governo Bolsonaro. Este cada vez mais
vem se mostrando o que sempre foi: uma figura caricatural do baixo clero fisiológico e corrupto
do Congresso Nacional incapaz de resolver as questões fundamentais do país.
Vale ressaltar que as raízes dessa crise não surgiram agora, de uma hora para a
outra; na verdade a situação atual aponta para a falência do modelo de segurança pública
adotado há tempos, desde o primeiro mandato de Cid Ferreira Gomes (PDT), centrado
estritamente no fortalecimento de forças repressoras e que não trata de fazer enfretamento
aos problemas estruturais da nossa sociedade. A retórica de um “Pacto por um Ceará
pacífico” preocupado em coibir a criminalidade a partir de ações sociais é cotidianamente
contrastada pela violência policial contra a juventude negra, alinhada com as políticas de
extermínio e encarceramento.
Quando da concessão de habeas corpus coletivo para mulheres grávidas pelo STF
no início de 2018, a defensoria pública do estado estimava em 440 grávidas submetidas ao
cárcere. A maioria das aprisionadas são presas provisórias, isto é, sem condenação judicial,
e acusadas de tráfico de drogas. São também as mulheres, companheiras, mães e irmãs,
que acumulam a tarefa de sustentar materialmente e garantir justiça para os mais de 17 mil
presos, a maioria provisórios, no insalubre e violento sistema penitenciário cearense
Ao mesmo tempo em que tem como prioridade da sua agenda a pauta da segurança
pública, ou melhor, do aumento do aparato repressivo do Estado, o governo do PT/PDT tem
como diretriz uma política de educação baseada em índices e avaliações quantitativas. Sem
levar em conta a atual carência de mais de 5 mil professores na rede estadual de ensino está
adiando a convocação do concurso realizado em 2018 em que foram aprovados 2500
docentes ainda sem previsão de quando todos serão convocados.
Aliado de Ciro Gomes, Camilo Santana (PT) fez tramitar em regime de urgência –
solicitado por deputados do PT e PDT – a contrarreforma da previdência, que copia os moldes
daquela aprovada por Paulo Guedes e Bolsonaro. Mais sete anos na idade mínima para as
mulheres e cinco para homens, inclusive na aposentadoria especial de professoras (es).
Por trás de tudo isso, um projeto político e econômico para o Ceará, baseado numa
ideia de ‘desenvolvimento’ e de ‘progresso’ para poucos. A busca pelo suposto equilíbrio das
contas públicas do estado vem como forma sustentar um determinado projeto de
desenvolvimento pautado nos interesses de grandes corporações e sustentado por fontes de
energia sujas. Nesse contexto, por exemplo, a água das populações mais pobres do estado
e dos povos originários é retirada para alimentar projetos como o da Termelétrica e da
Siderúrgica do Pecém. A resistência dos povos indígenas do Ceará em 2017 e 2018 em
paralelo com a persistência do governo estadual nesses projetos aponta para a possibilidade
de uma “guerra da água” no estado, que tende a tomar proporções cada vez maiores.
Primeiro, devemos perceber que embora a maior parte da população dos estados do
Nordeste tenha rejeitado o programa de Bolsonaro e Guedes nas eleições, a esquerda da
ordem (PT/PSB/PCdoB/PDT) tem viabilizado sua implementação, ampliando o alcance da
reforma da previdência em votações nos parlamentos estaduais. O alinhamento de Camilo a
uma política de segurança pública centrada na repressão reforça tal argumento, com torturas
sendo vivenciadas nas prisões e a criminalização dos territórios periféricos, da juventude
negra e de sua cultura.
Segundo, que embora possa haver (e há) honestidade política em parte da base social
que se sentiu traída, a cúpula dos partidos da esquerda moderada tem um compromisso de
não confrontar o ajuste neoliberal levado adiante pelos seus governos. Assim o fizeram
Acrísio, Elmano e Fernando (bancado do PT na ALCE), votando sem constrangimentos na
reforma da previdência estadual. Isso nos leva a concluir que por mais que no decorrer das
lutas que estamos travando contra a extrema direita, lutadores e lutadoras que mantém
referência no PT e na esquerda moderada sejam nossos aliados, suas direções não são
capazes de levar essa luta adiante de forma consequente.
Este quadro coloca um desafio importante para a esquerda socialista. O de lutar para
constituir os mais amplos espaços de unidade de ação numa frente única da classe
trabalhadora, ao mesmo tempo em que desenvolve uma contundente crítica às direções
pelegas. São direções comprometidas com a ordem e que no movimento sindical, popular e
nos partidos negociam a velocidade da retirada de direitos, porque já não conseguem a esta
se opor, isto quando não a apoiam explicitamente.
Os que tentarem – e os que já tentaram – a aposta num meio termo entre as posições
moderadas do petismo e um programa efetivamente radical, acabarão diluídos na consciência
da classe como parte da geleia geral do “progressismo”, que expôs sofrivelmente os seus
limites no final de 2019. A contrarreforma da previdência desnudou mais um grande acordo
nacional: com progressismo, com tudo. É impossível deixar de lembrar aqui que no dia da
votação da contrarreforma no Senado quase não tivemos mobilização das centrais sindicais
no Brasil. Desde quando tal acordo tinha sido celebrado? Por isso defendemos que o PSOL
saiba atravessar esta adversa conjuntura pautando todas as unidades necessárias e ao
mesmo tempo mantendo sua independência de classe, sua autonomia frente aos partidos da
ordem e sua defesa do projeto socialista.
Quando das eleições de 2018, em que houve uma intervenção nacional que desequilibrou
completamente a divisão do fundo eleitoral (destinando 95 mil reais a apenas uma candidata),
buscamos dar transparência a toda a discussão e construir alternativas e propostas a partir
de uma plenária ampla. Sempre lutamos pela manutenção da nossa sede em Fortaleza,
porque entendemos que ela é um espaço importante para a vida partidária. Apresentaremos,
no Congresso, um balanço mais detalhado da situação que encontramos no PSOL e de como
deixamos o partido após esses dois anos.
No cenário nebuloso que vivemos, muitos setores têm defendido - como forma de
resistir ao avanço da extrema direita - alianças eleitorais mais amplas. Entretanto, nós
entendemos que possíveis unidades eleitorais das organizações da esquerda socialista com
PT e seus satélites contribuem para inviabilizar o fortalecimento de um polo de esquerda
consequente e radical. Afundam toda a esquerda – da moderada à radical – no naufrágio
“progressista”. Podemos resistir com todas e todos que tiverem disposição de ir às ruas, mas
vivemos tempos que exigem mais do que a resistência. Uma alternativa de futuro passa
necessariamente pela superação dos limites da estratégia conciliatória. Se enganam os que
pensam que esta desmoronou completamente com golpe de 2016. Continua firme e forte, e
os governos “progressistas” dos Nordeste fizeram o terrível favor de nos lembrar.
ASSARÉ
AQUIRAZ
ARACATI
BARBALHA
BATURITÉ
BELA CRUZ
CAMOCIM
CAUCAIA
2.Celia Freitas
9. Hugo Brilhante
CRATO
1.Alessandro Cavalcante de Lima
CRATEÚS
FORTALEZA
IBARETAMA
ICAPUÍ
IGUATU
JAGUARUANA
LIMOEIRO DO NORTE
1. Francisco George Maia Lima
MARACANAÚ
MARANGUAPE
MORADA NOVA
OCARA
PARAIPABA
SÃO BENEDITO
SOBRAL
SENADOR POMPEU
TABULEIRO DO NORTE
TIANGUÁ