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Informativo 720 – STF


Márcio André Lopes Cavalcante
Processo excluído por não ter sido concluído em virtude de pedido de vista: HC 115252/BA.

Julgados excluídos por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com
base em peculiaridades do caso concreto: MS 25916/DF; RE 748105.

ÍNDICE

Direito Penal
 A abolitio criminis temporária prevista no art. 30 do Estatuto do Desarmamento e a irretroatividade da
reabertura do prazo prevista na Lei n. 11.706/2008.

Direito Processual Penal


 Cabimento de embargos infringentes no STF.

Direito Tributário
 SENAC goza de imunidade tributária do ITBI na aquisição de imóvel onde funcionará a sua sede.

DIREITO PENAL
A abolitio criminis temporária prevista no art. 30 do Estatuto do Desarmamento e a
irretroatividade da reabertura do prazo prevista na Lei n. 11.706/2008

A Lei n. 11.706/2008, ao reabrir o prazo para regularização de armas de fogo, produziu efeitos
retroativos e implicou em abolitio criminis quanto às condutas praticadas entre 23/06/2005 até
30/01/2008 (período em que não houve lei permitindo a regularização)?

STJ: SIM STF: NÃO


Para o STJ, a nova prorrogação trazida pela Para o STF, o fato de a Lei n. 11.706/2008
MP 417/2008, posteriormente convertida (MP 417/2008) ter reaberto o prazo para
na Lei n. 11.706/2008, retroage para que as pessoas pudessem registrar ou
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alcançar as condutas de possuir arma de renovar o registro de suas armas de fogo de


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fogo ou munição de uso permitido uso permitido não significou abolitio


praticadas (AgRg no REsp 1237674/SP, criminis.

www.dizerodireito.com.br
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Em outras palavras, as pessoas que foram
Turma, julgado em 05/02/2013). condenadas por fatos posteriores à última
prorrogação e anteriores à 31/01/2008
(Lei n. 11.706/2008) não têm direito de
ter extinta sua punibilidade.

A reabertura do prazo trazida pela Lei n. A reabertura do prazo trazida pela Lei n.
11.706/2008 é RETROATIVA. 11.706/2008 é IRRETROATIVA.

Comentários
Diferenças entre os crimes dos arts. 12, 14 e 16 do Estatuto do Desarmamento
No Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003), existem três crimes que os concursos
normalmente tentam fazer com que os candidatos se confundam. Vejamos algumas
diferenças básicas:

Posse de arma de fogo de Porte de arma de fogo de Posse ou porte de arma de


uso permitido (art. 12) uso permitido (art. 14) fogo de uso restrito (art.
16)
Possuir na residência ou no Portar em qualquer lugar Possuir ou portar na casa,
local de trabalho que não seja a residência no trabalho ou em qualquer
ou o local de trabalho do outro lugar
agente
arma de fogo, acessório ou arma de fogo, acessório ou arma de fogo, acessório ou
munição, munição, munição,
de uso permitido, de uso permitido, de uso proibido ou restrito,
em desacordo com sem autorização e em sem autorização e em
determinação legal ou desacordo com desacordo com
regulamentar determinação legal ou determinação legal ou
regulamentar regulamentar:
Pena – detenção, de 1 (um) Pena – reclusão, de 2 (dois) Pena – reclusão, de 3 (três)
a 3 (três) anos, e multa. a 4 (quatro) anos, e multa. a 6 (seis) anos, e multa.
Ex: João guarda em sua casa Ex: Bino guarda em seu Ex: Ricardo guarda em sua
um revólver calibre 38, sem caminhão um revólver casa ou carrega consigo uma
ter autorização. calibre 38, sem ter metralhadora importada,
autorização. sem ter autorização.

E se a pessoa possui em casa ou carrega consigo um revólver calibre 38 (arma de uso


permitido) com a numeração raspada, responderá por qual crime?
Art. 16, parágrafo único, IV, do Estatuto do Desarmamento.

Abolitio criminis temporária


 O Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003), com o intuito de estimular a
regularização das armas existentes no país, trouxe a possibilidade de aqueles que
tivessem armas ilegais pudessem resolver a situação (art. 30).
 Assim, o Estatuto estabeleceu que os possuidores e proprietários de arma de fogo de
uso permitido não registradas teriam um prazo de 180 dias após a publicação da Lei
(que ocorreu em 23/12/2003) para solicitar o registro da arma.
 Durante esse período, a pessoa que fosse encontrada em sua casa ou trabalho com uma
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arma de fogo de uso permitido ou de uso restrito não cometia os crimes dos arts. 12 ou
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14 do Estatuto. Havia uma abolitio criminis temporária.

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 Esse prazo de 180 dias foi sendo ampliado por diversas leis que se sucederam. Todas as
vezes em que ia chegando ao fim o prazo que as pessoas tinham para regularizar suas
armas de fogo, era editada uma MP ou uma lei ampliando esse limite.
 Ocorre que, em 22/06/2005, terminou o prazo para regularizar as armas de fogo sem
que fosse editada alguma MP ou lei prorrogando esse prazo.
 Somente em 31/01/2008, o Presidente da República editou nova MP 417/2008
(convertida na Lei n. 11.706/2008) reabrindo o prazo para que as pessoas pudessem
regularizar suas armas de fogo. Em outras palavras, essa foi a primeira vez em que o
prazo se encerrou e depois de algum tempo veio outro ato normativo reabrindo a
oportunidade para a regularização.
 Assim, de 23/06/2005 até 30/01/2008 não havia mais autorização legal para que as
pessoas pudessem regularizar suas armas de fogo. Nesse período, o art. 30 do Estatuto
do Desarmamento não tinha mais eficácia.

Resumindo:
 De 23/12/2003 até 22/06/2005: houve sucessivas autorizações para que as pessoas
regularizassem suas armas de fogo;
 De 23/06/2005 até 30/01/2008: não houve MP ou lei autorizando a regularização;
 Em 31/01/2008 (MP 417/2008, convertida na Lei n. 11.706/2008): o prazo para
regularização foi reaberto.
 Em suma, as medidas provisórias e leis prorrogavam o prazo para regularização das
armas, mas no caso da Lei n. 11.706/2008 (MP 417/2008), esta não prorrogou, mas
sim reabriu o prazo.

A Lei n. 11.706/2008, ao reabrir o prazo para regularização de armas de fogo, produziu
efeitos retroativos e implicou em abolitio criminis quanto às condutas praticadas entre
23/06/2005 até 30/01/2008 (período em que não houve lei permitindo a regularização)?

STJ: SIM STF: NÃO


Para o STJ, a nova prorrogação trazida pela Para o STF, o fato de a Lei n. 11.706/2008
MP 417/2008, posteriormente convertida (MP 417/2008) ter reaberto o prazo para
na Lei n. 11.706/2008, retroage para que as pessoas pudessem registrar ou
alcançar as condutas de possuir arma de renovar o registro de suas armas de fogo
fogo ou munição de uso permitido de uso permitido não significou abolitio
praticadas (AgRg no REsp 1237674/SP, Rel. criminis.
Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, Em outras palavras, as pessoas que foram
julgado em 05/02/2013). condenadas por fatos posteriores à última
prorrogação e anteriores à 31/01/2008 (Lei
n. 11.706/2008) não têm direito de ter
extinta sua punibilidade.

A reabertura do prazo trazida pela Lei n. A reabertura do prazo trazida pela Lei n.
11.706/2008 é RETROATIVA. 11.706/2008 é IRRETROATIVA.

Veja o seguinte quadro-comparativo entre os dois entendimentos:


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Entendimento do STF
De 23/12/2003 até De 23/06/2005 até De 31/01/2008 até
22/06/2005 30/01/2008 31.12.2009
Não era crime a posse de A autorização para Voltou a existir previsão
arma de fogo de uso regularizar as armas deixou para regularizar as armas
PERMITIDO ou de uso de existir. Logo, a pessoa de fogo, no entanto, agora
RESTRITO. que foi encontrada na apenas de uso PERMITIDO.
posse de arma de fogo Logo, no caso de a pessoa
durante esse período ter sido encontrada na
cometeu crime (não há posse de arma de fogo
abolitio criminis). nesse período:
 Se a arma encontrada
era de uso PERMITIDO:
a pessoa não cometeu
o crime do art. 12.
 Se a arma encontrada
era de uso RESTRITO: a
pessoa cometeu o crime
do art. 16 (a autorização
legal não abrangeu
armas de uso restrito).

Entendimento do STJ
De 23/12/2003 a 31/12/2009: não é crime a posse de arma de fogo de uso PERMITIDO.
De 23/12/2003 a 23/10/2005: não é crime a posse de arma de fogo de uso RESTRITO.

Após 31/12/2009
Não existe mais possibilidade de regularização das armas de fogo (art. 30)
Não existe mais prazo para regularização das armas de fogo (art. 30 do Estatuto do
Desarmamento). Logo, a pessoa que for encontrada após essa data na posse de arma de
fogo em desacordo com determinação legal ou regulamentar comete crime.

Existe ainda a possibilidade de entrega das armas de fogo para destruição (art. 32)
Vale ressaltar que o Estatuto do Desarmamento permite, até hoje, que os indivíduos que
forem proprietários ou que estejam na posse de armas de fogo possam entregá-las para
serem destruídas. Nesse caso, a pessoa que fizer a entrega espontânea não responderá por
posse ilegal de arma de fogo e ainda receberá uma indenização que varia de R$ 150,00 a
R$450,00.
Assim, se uma pessoa possui ilegalmente uma arma de fogo (de uso permitido ou restrito),
ela poderá resolver a situação. Para isso, deverá acessar o site da Polícia Federal
(www.dpf.gov.br), preencher um formulário eletrônico, imprimir uma guia de trânsito e se
dirigir até uma unidade de entrega credenciada pela PF levando a arma. Vale ressaltar que o
interessado somente poderá transitar com a arma se estiver com o requerimento e a guia
de trânsito impressos. Na guia de trânsito constará o percurso que a pessoa irá fazer.
Além disso, a arma deve ser transportada desmuniciada e acondicionada de maneira que
não possa ser feito o seu pronto uso.
Chegando até o local, a pessoa entrega a arma, que será encaminhada para destruição, e
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receberá um documento indicando o valor da indenização que irá receber por ter entregue
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a arma. O quantum da indenização será baseado no valor da arma entregue.

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Se a pessoa for encontrada em casa, no trabalho, na rua etc com uma arma de fogo, poderá
alegar que estava indo levá-la para destruição e, assim, ficar livre do crime?
NÃO. Isso porque, como vimos acima, o ato de entrega exige todo um procedimento, que
envolve o preenchimento de um formulário eletrônico (onde consta a data da solicitação) e
a impressão de uma guia de trânsito. Se a pessoa for encontrada na posse ou portando uma
arma de fogo sem ter atendido tais exigências, irá responder por crime.

Possibilidade de solicitar o registro Possibilidade de entrega espontânea da


(regularização) da arma de fogo (art. 30) arma de fogo às autoridades (art. 32)
Não mais existe. O prazo foi encerrado em Ainda existe. O prazo para entrega de
31/12/2009. armas mediante indenização agora é
permanente.
Se a pessoa for encontrada possuindo ou Se a pessoa atender todo o procedimento,
portando arma de fogo, haverá crime. receberá uma indenização e não
responderá por posse ou porte de arma de
fogo.

Processo STF. Plenário. RE 768494/GO, rel. Min. Luiz Fux, 19/9/2013 (Info 720).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Cabimento de embargos infringentes no STF

São cabíveis embargos infringentes contra decisão do STF que tiver condenado o réu em
processo de competência originária daquela Corte, desde que tenha havido, no mínimo, quatro
votos divergentes.

Os embargos infringentes do STF estão previstos no art. 331, I, do RISTF, que foi recepcionado
pela CF/88 com força de lei ordinária e não foi revogado pela Lei n. 8.038/90.
Comentários Tema debatido:
No julgamento da ação penal 470 (conhecida como caso “Mensalão”), foi discutido se ainda
existia ou não, no âmbito do STF, o recurso chamado de “embargos infringentes”.

EMBARGOS INFRINGENTES NO CPC


Estamos aqui tratando de processo penal. Por isso, não confunda o que for dito com o
recurso previsto no CPC, também chamado de embargos infringentes (art. 530 do CPC). A
ideia dos dois é a mesma, mas existem diferenças entre eles. Assim, não se deve aplicar as
regras e limitações previstas no CPC para os embargos infringentes no processo penal.
Nesse sentido:
(...) No âmbito do processo penal, não se aplicam as limitações impostas aos Embargos
Infringentes, introduzidas, no Código de Processo Civil, pela Lei 10.352/2001. Desta forma,
não há a necessidade da reforma da sentença de mérito, bastando que a decisão de
Segunda Instância, por maioria, seja desfavorável ao réu, para que sejam cabíveis os
Embargos Infringentes, em matéria penal (AgRg no AREsp 290.285/MG, Rel. Min. Assusete
Magalhães, Sexta Turma, julgado em 21/05/2013).
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EMBARGOS INFRINGENTES NO CPP: o CPP prevê que são cabíveis contra decisões do TJ e TRF.

Previsão:
O CPP prevê a possibilidade de interposição de embargos infringentes contra acórdãos do TJ
e do TRF. Veja:
Art. 609. (...) Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância,
desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser
opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613.
Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto de divergência.

Em que consistem os embargos infringentes no CPP:


No CPP, os embargos infringentes são:
 um recurso exclusivo da defesa,
 interposto contra acórdãos do TJ ou TRF
 que tenham julgado apelação, RESE ou agravo em execução
 sendo o resultado do julgamento contrário ao réu e
 proferido por maioria de votos
 sendo a divergência entre os Desembargadores quanto ao mérito da ação penal.

Não cabem embargos infringentes no TJ ou TRF contra decisões proferidas no julgamento de:
 habeas corpus:
 revisão criminal.

Também não cabem embargos infringentes em ações de competência originária do TJ ou TRF


(foro por prerrogativa de função):
Ex: Deputado Estadual é denunciado e processado pelo TJ. Se ele for condenado por
maioria de votos, a defesa não terá direito de interpor embargos infringentes. Não existe
previsão legal para isso.

Divergência parcial: se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto
de divergência. Ex: os Desembargadores, julgando a apelação interposta, condenaram, por
unanimidade, o réu. Quanto à dosimetria da pena, houve divergência. Quanto à
condenação, a defesa não poderá opor embargos infringentes, sendo este recurso restrito à
discussão da pena imposta.

Embargos infringentes x embargos de nulidade


O art. 609 prevê dois recursos: embargos infringentes e embargos de nulidade.
Os dois são praticamente idênticos, havendo uma única diferença:
Embargos infringentes Embargos de nulidade
São cabíveis quando a divergência no São cabíveis quando a divergência no
acórdão for sobre matéria de mérito. acórdão for sobre matéria de nulidade
processual.

Prazo: 10 dias.

EMBARGOS INFRINGENTES CONTRA DECISÕES DO STJ: NÃO são cabíveis.


Como vimos acima, o CPP somente prevê os embargos infringentes contra decisão de
segunda instância proferida contra o réu (art. 609, parágrafo único). Logo, interpretando
esse dispositivo, a doutrina e a jurisprudência afirmam que não cabem embargos
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infringentes contra decisões do STJ.


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Justamente por não haver previsão legal, o Regimento Interno do STJ não trata sobre
embargos infringentes.

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EMBARGOS INFRINGENTES CONTRA DECISÕES DO STF: SÃO CABÍVEIS

No julgamento do “Mensalão”, a decisão quanto a alguns réus foi construída por maioria,
ou seja, parte dos votos foi favorável aos condenados e a outra contrária.

Em determinados casos, a divergência ocorreu quanto à condenação (alguns Ministros


votaram pela absolvição) e em outros, a discordância foi a respeito da pena que seria
aplicada.

A partir disso, iniciou-se a seguinte discussão: cabem embargos infringentes no STF?

Vimos acima que o CPP somente admite os embargos infringentes no caso de acórdãos do
TJ e do TRF que julguem, por maioria, apelação, RESE ou agravo em execução.

Existe algum texto normativo que preveja embargos infringentes no STF?


SIM. O Regimento Interno do STF afirma que são cabíveis embargos infringentes contra
decisão do Plenário ou da Turma do STF que tiver julgado procedente a ação penal se
houve, no mínimo, 4 votos divergentes (art. 333, inciso I e parágrafo único). Veja:
Art. 333. Cabem embargos infringentes à decisão não unânime do Plenário ou da Turma:
I – que julgar procedente a ação penal;
(...)
Parágrafo único. O cabimento dos embargos, em decisão do Plenário, depende da
existência, no mínimo, de quatro votos divergentes (...)

Em outras palavras, se o STF condenou algum réu e houve, pelo menos 4 Ministros que votaram
a favor dele, o Regimento Interno afirma que serão cabíveis embargos infringentes.

Mas os recursos não devem ser previstos em lei? É válido que os embargos infringentes
sejam previstos apenas no Regimento Interno do STF?
SIM. Isso porque o regimento interno do STF possui força de lei. Explico.
O regimento interno do STF foi editado em 1980, período em que estava em vigor a
Constituição Federal de 1967 (ou CF/69 para alguns).
A Constituição da época previa que o STF tinha o poder para regular, por meio de seu
regimento, matéria processual de sua competência. Em outras palavras, a Constituição
permitia que o STF legislasse sobre direito processual relacionado com suas competências.
Desse modo, o regimento interno do STF, quando foi elaborado, possuía força de lei,
conferida pela Carta Magna então em vigor.
No momento em que a CF/88 foi editada, o regimento interno do STF foi recepcionado
como lei ordinária.
Logo, o art. 333, I, do regimento interno do STF, que prevê os embargos infringentes, possui
força, valor, eficácia e autoridade de lei.

Lei n. 8.038/90


Em 1990, foi editada a Lei n. 8.038, que instituiu normas procedimentais para processos de
competência originária que tramitem perante o STJ e o STF.
Desse modo, essa lei disciplinou o procedimento que seria aplicável no caso de ações penais
que tramitem originariamente no STF.
O “Mensalão”, por exemplo, teve que obedecer as regras previstas nessa lei.
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A Lei n. 8.038/90 previu que seriam cabíveis embargos infringentes contra as decisões
proferidas em ações penais originárias no STF?
NÃO. A Lei n. 8.038/90 foi silente quanto ao cabimento dos embargos infringentes no
processo penal, ou seja, nem disse que eram permitidos nem que eram vedados.

O que o STF debateu, portanto, foi o seguinte:


O art. 333, I, do Regimento Interno do STF, ao prever os embargos infringentes, ainda está
em vigor ou foi revogado tacitamente pela Lei n. 8.038/90?
O art. 333, I, do RISTF, que prevê a existência dos embargos infringentes no STF, continua
em vigor.
O STF, por uma apertada maioria (6x5), decidiu que o art. 333, I, do RISTF não sofreu
derrogação tácita ou indireta em decorrência da superveniente edição da Lei 8.038/90, que
se limitou a dispor sobre normas meramente procedimentais, indicando o rito aplicável
para as ações penais originárias desde o oferecimento da denúncia até o encerramento da
instrução probatória. Desse modo, a Lei n. 8.038/90, de forma proposital, não dispôs sobre
os recursos cabíveis em caso de ações penais originárias no STF, caracterizando uma lacuna
intencional do legislador ordinário.
Além disso, o Min. Celso de Mello lembrou que foi elaborado e submetido ao Congresso
Nacional um projeto de lei pretendendo a abolição dos embargos infringentes em todas as
hipóteses previstas no art. 333 do RISTF, tendo esse projeto sido rejeitado pelo Parlamento
sob o fundamento de que esse recurso seria um importante instrumento nos processos que
tramitam no STF. Assim, houve uma expressa manifestação do Congresso no sentido de que
os embargos infringentes realmente existem e que não deveriam ser revogados.
Por fim, foi lembrado, também, que a regra do art. 333, I, do RISTF busca permitir a
concretização, no âmbito do STF, nas ações penais originárias, do postulado do duplo
reexame, que visa a amparar direito consagrado na Convenção Americana de Direitos
Humanos, na medida em que realizaria, embora insuficientemente, a cláusula da proteção
judicial efetiva.

Confira como votou cada Ministro:


1ª corrente: 2ª corrente:
NÃO mais existem SÃO CABÍVEIS os
embargos infringentes no STF embargos infringentes no STF
Min. Joaquim Barbosa Min. Roberto Barroso
Min. Luiz Fux Min. Teori Zavascki
Min. Cármen Lúcia Min. Rosa Weber
Min. Gilmar Mendes Min. Dias Toffoli
Min. Marco Aurélio Min. Ricardo Lewandowski
Min. Celso de Mello

Principal argumento dos Ministros que votaram contra o cabimento dos infringentes:
O art. 333, I, do RISTF foi, de fato, recepcionado como lei ordinária pela CF/88.
Ocorre que essa previsão foi derrogada pela Lei n. 8.038/90.
A Lei n. 8.038/90 especificou os recursos cabíveis no âmbito do STJ e do STF, e esgotou o
rol de medidas processuais voltadas ao reexame dos julgados.
O fato de a Lei n. 8.038/90 não ter tratado sobre os embargos infringentes caracteriza
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silêncio eloquente, a indicar a intenção de revogar o art. 333, I, do RISTF.


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Além disso, alguns Ministros apontaram que essa previsão do art. 333, I, do RISTF gera uma
situação absurda, considerando que não são cabíveis embargos infringentes em ações

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penais originárias no TJ, no TRF nem no STJ. Desse modo, somente haveria embargos
infringentes em ações penais originárias no âmbito do STF, o que violaria o princípio da
isonomia e o caráter nacional do direito processual.

Consequências:
Com essa decisão do STF, alguns réus do Mensalão terão direito de interpor embargos
infringentes. Ressalte-se que, nos embargos, não será rediscutido todo o caso. Os embargos
somente poderão ser opostos para impugnar decisões nas quais o réu obteve, no mínimo, 4
votos em seu favor. Nos demais casos, não é possível a propositura do recurso. Assim, parte
da condenação já transitou em julgado e o STF irá debater, provavelmente no próximo dia
06/11, se os réus que não têm direito aos embargos infringentes já poderão ser submetidos
ao início do cumprimento da pena.

Prazo:
O prazo para os embargos infringentes no STF é de 15 dias. No entanto, como são muitos
réus, com advogados diferentes, foi concedido prazo em dobro para a interposição do
recurso, aplicando-se, por analogia, o art. 191 do CPC.

DIFERENÇAS ENTRE OS EMBARGOS INFRINGENTES PREVISTOS NO CPP E NO RISTF:

Como vimos acima, os embargos infringentes disciplinados pelo CPP possuem diferenças
em relação aos previstos no RISTF (matéria criminal). Vejamos as principais diferenças:

Embargos infringentes no CPP Embargos infringentes no RISTF


Interpostos contra acórdãos do TJ ou TRF. Interpostos contra acórdãos do STF.
Cabíveis quando o TJ ou o TRF tiver julgado: Cabíveis quando o STF tiver julgado:
 Apelação  procedente a ação penal;
 RESE  improcedente a revisão criminal;
 Agravo em execução.  recurso ordinário constitucional (art.
102, II, b, da CF/88), de forma
desfavorável ao réu.
Não cabem em processos criminais de Cabem em processos criminais de
competência originária do TJ ou TRF. competência originária do STF (ex:
Mensalão).
Não cabem em revisão criminal. Cabem em revisão criminal.
O resultado do julgamento deve ter sido O resultado do julgamento deve ter sido
contrário ao réu pelo placar de 2x1, contrário ao réu, com, no mínimo, 4
considerando que o órgão julgador no TJ Ministros votando de forma divergente.
(câmara) ou TRF (turma) é composto por 3
Desembargadores.
Prazo: 10 dias. Prazo: 15 dias.
Caso a divergência seja sobre matéria de Caso a divergência seja sobre matéria de
nulidade processual, este recurso é nulidade processual, este recurso também
chamado de embargos de nulidade. é chamado de embargos infringentes.

Processo STF. Plenário.


AP 470 AgR - vigésimo quinto/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki.
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AP 470 AgR - vigésimo sexto/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso.
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AP 470 AgR - vigésimo sétimo/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 18.9.2013 (Info 720).

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DIREITO TRIBUTÁRIO

SENAC goza de imunidade tributária do ITBI na aquisição de imóvel onde funcionará a sua sede

O art. 150, VI, “c”, da CF/88 prevê que as instituições de educação e de assistência social, sem
fins lucrativos, gozam de imunidade tributária quanto aos impostos, desde que atendidos os
requisitos previstos na lei.
A imunidade somente incide sobre o patrimônio, a renda e os serviços da instituição de ensino
que estejam relacionados com as suas finalidades essenciais (art. 150, § 4º da CF/88).
As entidades do chamado “Sistema S”, tais como SESI, SENAI, SENAC e SEBRAE, também gozam
de imunidade porque promovem cursos para a inserção de profissionais no mercado de
trabalho, sendo consideradas instituições de educação e assistência social.
Se o SENAC adquire um terreno para a construção de sua sede, já havendo inclusive um projeto
nesse sentido, deverá incidir a imunidade nesse caso considerando que o imóvel será
destinado às suas finalidades essenciais.
Comentários Imunidade tributária
Imunidade tributária consiste na determinação de que certas atividades, rendas, bens ou
pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos.
Trata-se de uma dispensa constitucional de tributo.
A imunidade é uma limitação ao poder de tributar, sendo sempre prevista na própria CF.

O art. 150, VI, c, da CF/88 prevê que as “instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos” gozam de imunidade tributária quanto aos impostos, desde que
atendidos os requisitos previstos na lei. Vejamos a redação do dispositivo constitucional:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

Vamos estudar um pouco mais sobre essa imunidade:

Atendidos os requisitos da lei:


A lei mencionada pela alínea c do inciso VI é uma lei ordinária ou complementar?
Lei complementar, por força do art. 146, II, da CF/88:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

Obs: a imunidade é uma forma de limitar o poder de tributar; logo, a imunidade é sempre
regulada por lei complementar.

Requisitos da imunidade: a LC estabelecerá os requisitos para a fruição da imunidade.

Imunidade condicionada: percebe-se que a imunidade do inciso c não é autoaplicável,


dependendo de lei complementar para que sejam definidos os requisitos necessários à
concessão da imunidade. Por essa razão, ela é chamada de “imunidade condicionada”.
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Que lei complementar é essa?


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Ainda não foi editada uma lei para tratar de forma específica sobre este tema.
Desse modo, a doutrina e a jurisprudência aplicam o CTN (art. 14).

INFORMATIVO esquematizado
Requisitos previstos no art. 14 do CTN:
Para gozarem da imunidade, as entidades devem obedecer aos seguintes requisitos:
a) não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer
título;
b) aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais;
c) manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de
formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

Falta de cumprimento: na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do art.


9º (obrigações acessórias), a autoridade competente pode suspender a aplicação do
benefício.

Sem fins lucrativos: tais entidades podem e devem ter superávit, até para que consigam se
manter e ampliar o atendimento dos fins sociais propugnados. O que não podem é visar ao
lucro. Se houver resultado positivo (superávit), este deverá ser reaplicado na própria
instituição e em suas finalidades institucionais.
Não se pode confundir também a apropriação particular do lucro (o que é proibido) com a
permitida e natural remuneração dos diretores e administradores da entidade imune, como
contraprestação pelos seus trabalhos.
A remuneração não pode ser proibida, desde que ela represente com fidelidade e coerência a
contraprestação dos serviços profissionais executados, por meio de pagamento razoável ao
diretor ou administrador da entidade, sem dar azo a uma distribuição disfarçada de lucros.
Portanto, admite-se salário, desde que a preço de mercado e sem benefícios indiretos.

SESI, SENAI, SENAC, SENAI etc gozam de imunidade imune


As entidades do chamado “Sistema S”, tais como SESI, SENAI, SENAC e SEBRAE, também
gozam de imunidade porque promovem cursos para a inserção de profissionais no mercado
de trabalho, sendo consideradas instituições de educação e assistência social.

Restrição quanto à imunidade:


A imunidade somente incide sobre o patrimônio, a renda e os serviços da instituição de
ensino que estejam relacionados com as suas finalidades essenciais (art. 150, § 4º da CF).

ITBI
ITBI significa imposto sobre transmissão inter vivos, sendo tributo de competência dos
Municípios.
Segundo o art. 156, II, da CF/88, o ITBI será cobrado quando houver “transmissão inter vivos, a
qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos
reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição”.
Ex: João vende uma casa a Pedro. Sobre essa transmissão, haverá a incidência do ITBI.

Caso concreto julgado pelo STF


O SENAC efetuou a compra de um terreno baldio (imóvel vago) que seria utilizado para a
construção de um edifício onde funcionaria a sua sede, conforme um projeto que já estava
aprovado. O Município efetuou o lançamento do ITBI afirmando que o SENAC somente
gozaria de imunidade quanto a esse bem quando o projeto já estivesse concluído e o
edifício já estivesse construído.
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A tese do Município foi aceita pelo STF?


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NÃO. Segundo decidiu o STF, haveria imunidade no presente caso.


Processo STF. 1ª Turma. RE 470520/SP, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/9/2013 (Info 720).

INFORMATIVO esquematizado
JULGADOS QUE NÃO FORAM COMENTADOS POR SEREM DE MENOR
RELEVÂNCIA PARA CONCURSOS PÚBLICOS

Anistia e registro de aposentadoria


Em conclusão de julgamento, o Plenário denegou mandado de segurança impetrado contra ato do TCU,
que negara registro às aposentadorias das impetrantes — v. Informativo 477. No caso, as impetrantes
teriam sido beneficiadas pela anistia, com fundamento no art. 8º, § 5º, do ADCT, e reintegradas no quadro
funcional do Ministério da Educação. Ressaltou-se que o TCU limitara-se a examinar a concessão da
aposentadoria com base no art. 71, III, da CF e não a anistia em si. Reputou-se que as impetrantes não
teriam ocupado cargo, função ou emprego público na Administração Pública Federal, mas apenas teriam
desempenhado atividade temporária sem qualquer vínculo, junto a pessoas jurídicas de direito privado
para a efetivação do transitório Programa Nacional de Alfabetização.
MS 25916/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 19.9.2013.

Concurso: criação de cargos e não instalação do órgão


O fato de haver o esgotamento do prazo de validade do concurso antes da instalação do órgão a que
vinculadas vagas obstaculiza o reconhecimento do direito do candidato à nomeação. Essa a conclusão da 1ª
Turma ao desprover agravo regimental. No caso, o STJ consignara cuidar-se de candidato aprovado fora do
número de vagas previstas no edital. Reputou-se inexistir direito subjetivo à nomeação. Esclareceu-se que
os cargos públicos teriam sido criados no período de validade do certame. No entanto, o órgão fora
instalado muito após o término do prazo de validade do concurso.
RE 748105 AgR/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 17.9.2013.

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