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BELO HORIZONTE
Outubro/2018
Centro Universitário Internacional- UNINTER
BELO HORIZONTE
Outubro/2018
RESUMO
O Barroco Mineiro é uma arte genuinamente brasileira, pois ele valoriza as raízes do
povo brasileiro através da identificação de seu passado e exaltação de sua cultura.
O Barroco Mineiro é considerado um ícone da identidade nacional e foi reconhecido
no século XX como patrimônio histórico e cultural do país. O conhecimento do
patrimônio histórico e artístico nacional, através da educação, é uma forma de
civilizar e garantir o desenvolvimento da nação, se baseando no passado para
construir o futuro. Diante disso, levantou-se o seguinte questionamento: Como a
Cultura Mineira é expressa a partir do Barroco? Para responder a esta pergunta, o
objetivo deste trabalho foi apresentar o Barroco como forma de expressão da
Cultura Mineira e ferramenta de ensino de Artes Visuais. Foi realizada uma pesquisa
bibliográfica descritiva-qualitativa. A coleta de dados foi realizada através de revisão
de literatura e o material foi coletado a partir de referências publicadas em fontes
escritas, tais como livros, revistas científicas e artigos referentes ao tema. Para
atender aos objetivos propostos, num primeiro momento abordou-se o contexto
histórico no qual o Barroco Mineiro se desenvolveu; posteriormente foram
apresentados alguns dos principais elementos da arte barroca, tais como os artistas
e suas obras; por fim discutiu-se o Barroco como ferramenta de ensino da arte e
como forma de conscientização da importância da preservação deste patrimônio
cultural. Através deste trabalho pode-se concluir que é importante conscientizar a
população desde a infância sobre a importância da preservação dos bens artísticos,
históricos e culturais, pois ao se cultivar estes valores desde o ensino fundamental,
garantiremos que no futuro teremos uma sociedade ciente de que a preservação do
patrimônio não é apenas uma obrigação do Estado, mas uma responsabilidade de
todo cidadão.
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................5
2 DESENVOLVIMENTO.....................................................................................................................9
2.1 Contexto Histórico..................................................................................................................9
2.2 Artistas barrocos..................................................................................................................10
2.2.1 Antônio Francisco Lisboa, “O Aleijadinho”............................................................11
2.2.2 Manoel da Costa Ataíde, “o Mestre Ataíde”............................................................11
2.2.3 Francisco Xavier de Brito............................................................................................12
2.2.4 João Nepomuceno Correia e Castro.........................................................................13
2.3 Obras barrocas......................................................................................................................13
2.3.1 Arquitetura barroca.......................................................................................................14
2.3.2 Pinturas............................................................................................................................21
2.3.3 Esculturas........................................................................................................................22
2.4 Barroco e educação.............................................................................................................23
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................27
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................28
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1 INTRODUÇÃO
O Barroco surgiu como uma estratégia dos países católicos contra o crescimento do
protestantismo e manutenção da hegemonia da igreja romana. Uma arte sinuosa e
rebuscada que se opunha à estética classicista do Renascimento. Enquanto o
Renascimento valorizava a racionalidade e o equilíbrio, com foco na simetria da
proporcionalidade, o Barroco tinha como atributo principal o contraste (VAL et al.,
2012).
Val et al. (2012) ressalta que nesse período há uma flexibilidade da sociedade na
aceitação de artistas mulatos e caboclos, o que permite a participação de artistas
leigos e consagra o estilo diferenciado do Barroco Mineiro.
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Logo, podemos dizer que o barroco mineiro nasceu mestiço, retratando seus
criadores: portugueses, brasileiros, negros, brancos, índios e mestiços. Muitos
desses artistas permaneceram no anonimato, outros se sobressaíram e ficaram
conhecidos como mestres da arte barroca, como Antônio Francisco Lisboa, “O
Aleijadinho” e Manoel da Costa Ataíde, “o Mestre Ataíde”, Francisco Xavier de Brito,
João Nepomuceno Correia e Castro, entre outros. (VAL et al., 2012).
Pode-se então dizer que o Barroco Mineiro é uma arte genuinamente brasileira, pois
ele valoriza as raízes do povo brasileiro através da identificação de seu passado e
exaltação de sua cultura.
[...] para nós, brasileiros, falar do barroco é falar de nossa própria origem
cultural, de nossa própria formação histórica, das raízes de nossa maneira
própria e íntima de ver, de sentir, de exprimir uma peculiar experiência do
real que a arte só faz transfundir e sublimar (ÁVILA, 1980, p. 6).
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Ainda, de acordo com Rezende (2011), “o homem sempre terá sua identidade
formada pelo seu patrimônio, pela sua herança social, assim como a sociedade terá
sua identidade formada pelo seu patrimônio histórico, artístico, cultural e natural. ”
Justifica-se este trabalho pela relevância do tema Barroco Mineiro para as artes
visuais, para a história, para a cultura e para a sociedade. O Barroco Mineiro é
considerado um ícone da identidade nacional e foi reconhecido no século XX como
patrimônio histórico e cultural do país (REZENDE, 2011). O conhecimento do
patrimônio histórico e artístico nacional, através da educação, é uma forma de
civilizar e garantir o desenvolvimento da nação, se baseando no passado para
construir o futuro.
Além disso, o Barroco Mineiro apresenta indubitável caráter educativo, uma vez que
sua simbologia, linguagem singular e reconhecimento como patrimônio histórico e
cultural vem ao encontro da educação. Através do estudo da arte barroca, os alunos
compreendem o conceito de herança cultural, que por sua vez engloba várias áreas
do conhecimento. Essa interdisciplinaridade permite que os alunos compreendam a
arte não como um elemento isolado dos outros, mas como algo que está
intimamente relacionado à história, à sociologia, à geografia, entre outras disciplinas.
Quanto aos objetivos, esse estudo classifica-se como uma pesquisa descritiva, que,
de acordo com Gil (2002, p. 42) “têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis”. Pela forma de abordagem, esse
estudo é qualitativo, por se tratar de uma pesquisa descritiva na qual as informações
não são quantificáveis.
principalmente por livros e artigos científicos (GIL 2002, p. 44). A coleta de dados foi
realizada através de revisão de literatura e o material foi coletado a partir de
referências publicadas em fontes escritas, tais como livros, revistas científicas e
artigos referentes ao tema, utilizando os termos: “barroco”, “arte”, “educação”,
“ensino” e “artes visuais”.
2 DESENVOLVIMENTO
A arte barroca teve origem na Itália durante o século XVII, mas rapidamente se
espalhou pela Europa e, no fim do século XVIII chegou ao continente americano.
Apesar de ter marcado presença nos estados de Pernambuco, Bahia, Rio de
Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, foi no estado de Minas Gerais que o estilo
barroco teve seu apogeu (VAL et al., 2012).
De acordo com Oliveira (1998a), o Barroco no período colonial foi dividido em três
ciclos:
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Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, nasceu em Ouro Preto
(denominada então de Vila Rica) na data provável de 29 de agosto de 1730. Seus
pais eram o entalhador Manoel Francisco de Lisboa e uma escrava chamada Isabel,
contudo, não há nenhum registro oficial que comprove sua data de nascimento e sua
filiação. Aleijadinho começou a desenvolver uma doença degenerativa nas
articulações por volta dos 40 anos de idade, tal doença provocou grave deformação
e perda dos movimentos dos pés e das mãos. Mesmo assim, o artista continuou a
trabalhar na construção de igrejas e altares em cidades de Minas Gerais. A sua
morte ocorreu provavelmente em 1814 e seu corpo foi sepultado na Matriz de
Antônio Dias. A importância de suas obras, porém, só foi reconhecida muitos anos
depois de sua morte (VAL et al., 2012).
É possível notar como a doença influenciou e dividiu sua obra em duas fases. Antes
de desenvolver a doença as suas obras apresentavam harmonia, equilíbrio e
serenidade, após a doença, contudo, é notável a presença de um sentimento gótico
e expressionista em seus trabalhos. De uma forma geral, a sua escultura é marcada
por um forte dramatismo, por formas exuberantes, expressões teatrais e luz.
Destaca-se as linhas curvas e drapeados nas vestes, além de emoções violentas
nos gestos e rostos dos personagens, o que contraria a sobriedade e racionalidade
características do Renascimento (VAL et al., 2012).
Aleijadinho era arquiteto, escultor e decorador. Ele foi considerado o maior artista
brasileiro do período colonial, que deixou para o Brasil um legado artístico de pura
genialidade. Dentre suas obras, encontradas em Ouro Preto, destaca-se a Igreja
São Francisco de Assis, que apresenta notável esplendor arquitetônico e artístico e
as esculturas dos doze profetas do Antigo Testamento, em pedra-sabão, na cidade
de Congonhas do Campo (PINTO, 2006).
O pintor foi um dos mais valorizados do período colonial, sendo um dos artífices
mais bem pagos pelas suas pinturas no Santuário Bom Jesus de Matozinhos, na
cidade de Congonhas, que é um dos mais importantes templos que representam a
arte colonial mineira e hoje é Patrimônio Mundial da UNESCO (MARTINS, 2013).
Figura 1 - Capela Nossa Senhora do Ó, em Sabará – MG. À esquerda: fachada; à direita: nave da
igreja.
A Capela do Padre Faria (Figura 2) teve sua construção iniciada em Ouro Preto pelo
padre de mesmo nome no início do século XVIII, sendo reconstruída em maiores
proporções por volta do ano de 1740. Em 1756, a igreja estava em fase final de
construção (VAL et al., 2012).
Sua planta é composta por nave, capela-mor, sacristia lateral e torre sineira
isolada. A nave forma o corpo principal e constitui a parte mais alta do
conjunto. A fachada é lisa e simples, composta por uma larga porta
centralizada e duas janelas laterais rasgadas, com simples balaustradas.
Localizada no adro, encontra-se a monumental cruz de três braços,
exemplar único em Minas Gerais. Apresenta, em seu interior, magníficos
altares e retábulos inteiramente dourados no estilo D. João V. Na pintura do
forro, está representada a coroação da Virgem pelos anjos; nos quatro
painéis laterais, cenas da vida de Maria (VAL et al., 2012, p. 19).
Fonte: http://www.ouropreto.com.br/atrativos/religiosos/capelas/capela-do-padre-faria
Fonte: http://www.ouropreto.com.br/atrativos/religiosos/igrejas/basilica-menor-de-nossa-senhora-do-
pilar
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O Museu da Arte Sacra de Ouro Preto, que foi inaugurado no ano 2000, encontra-se
na cripta dessa edificação. Nele estão expostas imagens santas, banquetas,
resplendores, documentos e vestimentas de indivíduos residentes na região na
época da edificação da matriz (VAL et al., 2012).
Uma capela primitiva de taipa foi construída em Ouro Preto por volta do ano de 1690
pelo bandeirante Antônio Dias em homenagem à Nossa Senhora da Conceição.
Essa capela foi ampliada em 1705, após ser instituída matriz. Através de um projeto
de Manoel Francisco Lisboa, a construção da atual Matriz de Antônio Dias (Figura 4)
teve início em 1727, com os trabalhos se estendendo até o ano de 1756, quando
iniciou-se o trabalho na talha da capela-mor, que, por sua vez, foi finalizada 1770.
Entre os anos de 1770 e 1772 foram realizadas as obras de pintura e douramento da
talha e entre 1860 e 1863 foi construído o adro em frente à igreja (VAL et al., 2012).
Fonte: http://www.ouropreto.com.br/atrativos/religiosos/igrejas/santuario-de-nossa-senhora-da-
conceicao-de-antonio-dias
Fonte: http://www.ouropreto.com.br/atrativos/religiosos/igrejas/igreja-sao-francisco-de-assis
2.3.2 Pinturas
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Três das mais famosas pinturas barrocas de autoria de Mestre Ataíde estão
representadas abaixo (Figura 6), "Ascensão de Cristo", Matriz de Santo Antônio, em
Santa Bárbara (MG); “Assunção da Virgem”, teto da Igreja de São Francisco de
Assis, Ouro Preto (MG) e A Última Ceia, Colégio do Caraça em Santa Bárbara (MG).
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Figura 6 - “Assunção da Virgem”, no teto da Igreja de São Francisco de Assis. Ouro Preto – MG (à
esquerda); "Ascensão de Cristo", na Matriz de Santo Antônio, em Santa Bárbara – MG (à direita,
acima) e A Última Ceia, Colégio do Caraça em Santa Bárbara – MG (à direita, abaixo).
2.3.3 Esculturas
Figura 7 - Fachada da Igreja (1798 ?) e Estátuas dos Profetas (1800- 1805) – Aleijadinho (acima) e
Santa Ceia – A primeira entre as Capelas dos Passos (1797) – Aleijadinho (abaixo). Santuário do
Senhor do Bom Jesus de Matosinhos, Congonha dos Campos, MG.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei N.º
9394/96, a educação abrange: “[...] os processos formativos que se desenvolvem na
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais” (BRASIL, 1996).
Dessa forma, a educação deve estar associada aos valores de identidade pessoal e
cultural e à proteção do Barroco Mineiro, abrangendo suas características, os
espaços físicos, obras de arte, seu valor cultural e histórico. Ao se trabalhar na
conscientização dos alunos quanto a importância histórica e cultural do Barroco,
busca-se “uma pedagogia cultural que capacite o educando a compreender sua
identidade e a se reconhecer em seus próprios valores e em sua memória pessoal e
coletiva” (REZENDE, 2011, p. 72).
A educação através das artes visuais é uma forma de expressão pessoal e uma
ferramenta importante para a identificação cultural e para o desenvolvimento, pois,
através das artes é possível compreender a representação simbólica de traços
intelectuais, materiais, emocionais e espirituais característicos de uma sociedade, de
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suas tradições e crenças, do seu modo de vida e do seu sistema de valores (PINTO,
2006). Também se faz necessário que os alunos compreendam que:
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Mário de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. São Paulo. 1928.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei n.º 9394/96,
de 20 de dezembro DE 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional., Brasília,DF, dezembro, 1996.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002.
OLIVEIRA, Myrian Andrade Ribeiro de. Escultura no Brasil Colonial. In: ARAÚJO,
Emanuel (Org.) Universo Mágico do Barroco Brasileiro. São Paulo: Sesi, 1998a,
p.129-135.
SAGA: a grande História do Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1981, vol. 2-p.127.