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– Temos de lutar contra os nossos defeitos e paixões até o último dos nossos dias. A vida
cristã não é compatível com o aburguesamento.
– O Senhor deseja que comecemos de novo depois de cada fracasso: este é o fundamento da
nossa esperança.
Esta luta – que o Senhor nos pede ao longo de toda a vida, mas
especialmente nestes tempos litúrgicos em que Ele se nos manifesta de modo
mais próximo na sua Santíssima Humanidade – concretizar-se-á muitas vezes
em firmeza à hora de cumprirmos delicadamente os nossos actos de piedade:
sem substituí-los por qualquer outra coisa que se apresente, sem nos
deixarmos levar pelo estado de ânimo do dia ou do momento. Concretizar-se-á
ainda no modo de vivermos a caridade, corrigindo as formas duras do nosso
carácter (do nosso mau carácter); em realizar bem o trabalho, que saberemos
oferecer a Deus; em empenhar-nos numa acção apostólica eficaz à nossa
volta; em valer-nos dos meios oportunos para que a nossa formação espiritual
não estacione numa via morta...
II. NO NOSSO CAMINHAR para Deus, nem sempre venceremos. Muitas das
nossas derrotas serão de pouco relevo; outras, pelo contrário, terão
importância, mas o desagravo e a contrição nos levarão de volta a Deus. E
começaremos de novo, com a ajuda do Senhor, sem desânimos nem
pessimismos, que são fruto da soberba, mas com a necessária paciência e
humildade, ainda que não vejamos fruto nenhum. Em inúmeras ocasiões
ouviremos o Espírito Santo dizer-nos: Torna a começar..., sê constante, não te
preocupes com esse fracasso, não te preocupes com todas as experiências
negativas anteriores juntas..., torna a começar com mais humildade, pedindo
mais ajuda ao teu Senhor.
Temos de fazer como São Pedro que, depois de uma noite inteira em que
não havia pescado nada, lança de novo as redes ao mar só porque o Senhor
lhe manda: Mestre, diz-lhe, estivemos trabalhando a noite inteira e não
pescamos nada; mas porque Tu o dizes, lançarei a rede13. Apesar do cansaço,
apesar de não ser hora de pescar, aqueles homens voltam a lançar ao mar as
redes que já estavam lavando para o dia seguinte. As considerações humanas
que tornavam desaconselhável a pesca ficaram para trás. O motivo que os leva
a reiniciar a tarefa é a confiança de Pedro no seu Senhor. Pedro obedece sem
mais raciocínios.
Recomeça... É Jesus quem no-lo diz com especial intimidade nestes dias tão
próximos do Natal. “Quando o teu coração cair, levanta-o, humilhando-te
profundamente diante de Deus e reconhecendo a tua miséria, sem te
maravilhares de haver caído, pois não há nada de admirável em que a
enfermidade seja enferma, a debilidade débil e a miséria miserável. No entanto,
detesta com todas as tuas forças a ofensa que fizeste a Deus e, com valor e
confiança na sua misericórdia, persevera no caminho da virtude que tinhas
abandonado”14.
(1) Mt 11, 12; (2) São João da Cruz, Cântico espiritual, 3, 2; (3) São Josemaría Escrivá, É
Cristo que passa, n. 82; (4) ibid., n. 77; (5) Tomás de Kempis, Imitação de Cristo, II, 9, 8; (6)
Georges Chevrot,Simão Pedro, Quadrante, São Paulo, 1967, pág. 20; (7) São Gregório
Magno, Homilia 12 sobre os Evangelhos; (8) São João Crisóstomo, Exortação II a Teodoro, 5;
(9) Mt 13, 8; (10) cfr. Is 35, 4; (11) At 3, 6; (12) 2 Cor 11, 12; (13) Lc 5, 5; (14) São Francisco de
Sales, Introdução à vida devota, 3, 9.