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,tg l* -zafa
CONTBXTO
Mudou-se para.os Eslados Unidos a convite de seu amigo Horkheimer e, entre 1938 e
L941, ocupou o cargo de diretor musical do setor de pesquisa da Universidade de
Princeton, a mesma que, em 1933, convidara Albert Einstein para integrar o seu corpo
docente, e, dep'ois, o de vice-diretor do Projeto de Pesquisas sobre Discriminação Social
da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Em 1953 retornou ao seu país natal, onde reassumiu seu posto no Instituto de Pesquisas
Sociais de Frankfurt, Escreveu, entre outros, Filoso:fia da Música Moderna (1949) e
Filosofia Estética (publicado postumamente, em 1970).
Recomenda que o escritor deve ser tímido e deve aventurar-se, buscar a originalidade de
seus pensamentos e da forma de expressá-los. Em um mundo degradado pelo poder
econômico, no qual as ideologias exeÍcem uma força sobre os homens e "a mentira soa
como verdade e a verdade como mentira" (fragmento 71), o escritor não deve temer a
constatação de que ele é um sobrevivente ençurralado por Íbrças que mercantilizam a
cultura e todas as relações sociais.
Pelo fato de a inocência ter sido banida de todas as telações é que o bom texto deve
preservar as qualidades cle um mundo marcado pela lucìdez e pela beleza' O gesto de
èsct"u"t, de olharmos nossa própria imagem refletida nas palavras, nâo deve admitir
qualquer concessão à facilidade, mesmo correndo p risco de nos tornarmos
incompreendidos.
Para ele, um europeu refinado que passara boa parte da sua vida cultivando a música
modernista de Alban Berg e, depois, a de Schd'nberg e sua atonalidade incidental, a
América pareceu-lhe toda igual. Contraditoriamente, o país que mais celebrava e
enaltecia a singularidade, a cada um procurar ser algo bem diferente dos demais, nâo
parava de produzir e imprimir tudo idôntico, tudo estandartizado. A imensa rede de
atividades que cobria toda a cidade era regida âpenas pela ideologia do negócio. Numa
sociedade onde'as pessoas somente sorriam se ganhavam uma gorjeta, nada escapava
das motivações do lucro e do interesse. Aprofundando-se no estudo da mídia norte-
americana, entencleu que por cletrás daquele aparente caos, onde riídios, filmes, revistas
e jornais, atuavam de maneira livre e independente, havia uma espécie de monopólio
ideológico cujo objetivo era a domesticação das massas. Quando o cidadão saía do seu
serviço e chegava em casa , a mÍdia não o deixava em paz, bombardeando-o, a ele e à
famíïia, com programas cle traixo nÍvel, intercalados com anúncios carregados de clichês
conformi,stas, comprometendo-o com a produção e o consumo.
Não se tratava, para ele, de que aqueles sern fim de novelas e slrows de auditórios
refletissem a vontade das massas, algo autôntico e espontâneo, vindo do meio do povo.
Um anseio que os profissionais da mídia apenâs procuravam dar corpo, transformando-
os diversão e entretenÍmento. Ao contrário, demonstrava, isso sim, a existência de uma
poderosa e inlluente indústria cultural que, de forma planejada, impingia aos seus
èonsumidores closes cavalares cle lugares cornuns e banalidades, cujo objetivo era ajudar
a reproduzir "o modelo do gigantesco mecanismo econônrico" que pressionava sem
paÍar a sociedade como um todo.
Lá, na América, não havia espaço neutro. Não oconia uma cisão entre a produção e o
lazer. Tuclo era a mesma coisa, tudo girava em função do grande sistema. Dessa forma,
qualquer coisa que causasse reflexão, uma inquietação mais profunda, era
imediatamente expelida pela industria cultural como indigesta ou impertinente. Adorno,
terminacta a Segunda Gulna, voltou para a Europa, para Frankfurt, atarefado em reabria
3
il sua escola de sociologia. Morreu em 1969, arrersado com iì humilhirção que estudantes
ultra-esquerdistas o submeteram, em plena sala de aula, durante a revolta de 1968/9.
Filho do filósofo austríaco Rudolf Eisler e Marie Fischer. Em L916, Eisler foi recrutado
para o regimento húngaro do exército austro-húngaro. Foi ferido várias vezes durante a
Primeira Guerra Mundial e em 1918 voltou para Viena. Socialista, Eisler estudou com
Anton von webern, em Viena onde compõe: sonata para Piano No. I
(1923),
Palmstrom (1924), Zeitungsausschnitte (1926), o megafone vermelho (rgz7), Canções
paÍa â Luta (1928) e Canção do Desempregado (1929).
Ë,isler trabalhou com Bertolt Brecht, escrevendo a música para The Measure Taken
(1930). EIe também escreveu a música para vários filmes, incluincto alemão Hell on
Earth (1931), To Whom Does the World Belong (1932) and The Song of the Street
(1e33).
Quando o nazismo ganhou força em 1933, Eisler foi forçado a fugir da Alemanha,
Refugiou-se nos Estados Unidos, onde escreveu a música parâ vários filmes em
Hollywood, incluindo: The 400 Million (1939), The Forgotren Village (1941),
Hangman Also Die (1943), None But the Innely Heart (1944), Jealousy (1945), A
Scandal in Paris (1946) and Deadline at Dawn (1946).
manipulâda é arte para consumidores." (Rosa.2003. l5- apud: Adorno: Eisler, 1996. p.
13-14).
REFERÊNCIA BIBLIOCRÁFICAS
Ç;l^rrt -
I
iy..:xrãr's Lr,-WàP.tZ
2.ólb- 2 lst
A incorporaçi-ro du nrírsicu ao filntr. nrutlo
Ntts printciros iìntls a tusÊnciir tlc som olrrigou os rcalizaclorcs dc l'ilmcs a rlcsenvtrlve rcm un]u
sÉrirr dc procrlclimcntos téc:nicos e cstdticos rlr: cirriiterr niro vcrbal que vilbilizt$scm o üinenrl
cnquanto urtc narrativa. Dcnlrc csscs rccur.\os cstiio rr u.so dc lcgcndas, a cxplicitaçarr do signo
gesluitl iltravés dit ptntominra clos írlores e. esprÌcialnlLÌnt". .rs rrcurios di' linguu[em
específicos do cinema. tais cunttr as técnicns dc entluadrlnrento. os movinrentos de cânrcra e
a montxgelD, quc virianr a sc t(ìrnal as principiris e.spccilicidadcs rla linguilgtm cincmalogriil'icÍt.
Um 0ulrtr ílspccto tluc muilo pouciìs vczcs ú triltaú) com u tlcvidl consiúcraçâo pclos tcóilcrrs dc
cincnril c o lÌrto cltls lìlntcs muclos tcrcm siclo sÈmprc accrnprnhado. pát nìúri"tr. dcsclc :rs
primciras cxihiçóes r:otncrc:ittis. A qucstÍo nrais intcrcssanle quc se nos ilprescnlir etn rclaciio a
eslc litltl é: ltctr rluc a nrúsica? Por cluc nÍo alorcs clialogtnclo ilo vi\,o, prcr:nchcrrdo tr vazio dc
palavras d{r I'ilmcr? Por quc nrio um sonoplaslir,. quc pudcssc criar a lmhicntaçiìo sonora
necr:ssária a cada unl dos moÍnenlos clo I'ilme? E sahido quc hcuve algumas tcitalivas ou
cxpcriôncias nesle senlido, conludr: ni'io tïri cssl n prÍrrica que sc tornou conunl no cinemn
mudo' O quc stltrrevivcu c se lorn(ìu indispensiivel em todls as sllirs tle exibiçIo ftri a músicer, o
itcrtrnpirnhamcnlo musical lo ylv6.
Existcnr rnuilas hipritcscs a rcspeilo do impulso inicill quc tcrin lcvado os primcíro.s cxibiclorr:s
a acompanhitr clc nrúsica a.s pro.ieçôes dc scus filmcs. Dcnlrc estts hiptiterscs, as nriris conhcciclas
sao a dc l(urt London2 c a dc Hnnns Eislcr e Thcotlor Adornoi.
Segundo Lttndon, a música leria sidu incorporlrla. inicialmcnlc. som o inluiLo dc abirlìu o ruído
bastantc prtrcmincntcr c dcsagrldiivcl dos prinrciros
projetorcs. Lcvando-sc cm conÍa quc tais projctorcs cranr ainda haslantc prirnirivo.s c quc aindir
não hitviam siclo isolados cm urnÍÌ sah espccial. potlc-se supor quc, rlc iìrlo, tll ruícld nuo era
ilpenils íncftmodo, mas sc colt$lituÍa cm um latcrr pcrrnlncnte cle clispersÍo p:]ril o público
cspcctador.
A hipritesc dc Eislcr/Aclorno, cmhorn tcnha siclrr lìtnnulurh com o inluitu de tnlngonizar a clc
London, nlio a tlescarta, c hoic lloclcnro.s lonrii-las colno
complemr:ntitres. Seguncltt clcs, a salu cLr proicção cr;t um anrllienle bilstilnte inírspito püro o
púhlico dc cntão: uma .slla cscuriì onclc ils pcssoils sc sentilvilm para assistir ir pnricçao Ur:
imagcns virtuais. Dc ccrlo moclo crt conro assistir r lhntasmas aginclo. lsso, ocgrrcnão a*
lbsoluttt silôncirt, se constituirifl enr urÌra verdaclcira to[tura psicolcigica. A música teria sc6,ido.
cntÍo' como uma c.spécíc tle mttirloto pura cs$c mill-eslirr cilusiìdo pclo ambir:ntc. Apcsar dcstas
duas hipóteses screm citaclas cm praticamcntc todos os trrrtos sohrc a música n1 cincnrir mutlo,
e'las nãt'r csgotam as possihilitlitrlcs rlc qucsl.ionâmctrto I rcspcito do assunlrt. Rcccniurncntc, a
discussfro Íbi cstcnclida
por Claudia Corbrnan-I. Segundo cla. os uroti\ros t;ue cxplicant l ador-;Íur tlrr acontpanblnrcntu
ntusical nt) cincuta ntudo ptxlcríânì ser classificados em qualro nívcis rJislinlos: a),l4glrlcrrro.r
hì'çtóricrts; b) ,'lrgunrenlos prugntãlicrt.r; c7 ..lrgunrenrar^ È:iìétic(.r.r,' c tl) ..lrguntenroi pt;ìcriltigico.t
e u|tlropolúglcrl.r. Dtl ponto dc vista histriricr), o rlso cla músict pnra aconrpanhar fiímcs *"gu" .
tradiçãrr clo tttcloilmt tít, baslãn{c comum no Í'inal clo sócuk'r passtrlo c no qual a músícã cra
usada crn (luitlltidiìdc muito grandc. Scguntfi: a ilutoril, a n:úsica no mclodranra chcga ir scr nrci.ç
intporlonte que os diúktgo"s, A prescnçn do pianisla. ou tla orqucslril cÍa inclisfcnsír,url nos
lsülros' cnt unlil época em quc os gôncros dc tcalro musicado crnnt muilos. c rcsponsiiveris prrr
unra grande porcentageur dl prorluçiro dramiitica do períotlu. Enlâo. o quc {)s exibidores'dc
cineml tcri;mr I'eittr sclia, apc'nas, scguir r tcndóncia dominante nor *aru, de cspelÍculo tle
enlítt), incorporando o pinnisla, ou lbrnrações musicais mais uxtcnsas, às prinreírils sess(lcs
c0mcrciais dc cincnta. O argumcnto drrs pr:rgmáticos, ou scia, aquctc clccorrcnlc tla hiptitcsc clc
quc a nrúsica .scn'iria para oculLar o ruído do proiclor, d qucstionaclu â parlir clo scguintc ponro
de vista: lro'' qte u ntú.ri<'tr cru nruis cíìciuute lnru di,s./urçttr o ruíclo tlos ptsleroíes? Sc cssc
ruíclo crra um Íator dc dispcrsiro para u pútrlico. por quc a músicu niio provoclria uma dispcrsão
ainda nlaior cm rclação ao Í'ilnrc (luc üslil\'ü scndo cxihiclo? ll aindd maís: por quc a música
pcrmancccu mcsmo clcpois dos projclorcs tsrcm sü lorniìd(ì mcnos harulhcnl{)s, c sido isolaclos
do púhlico em cabincs tlc projcção? Estas qucstôe$ nos lcvunr aos irrgutrenlos estéticos.
Scgurtdo Claudia Gorbman. um dos lalorcs quc tcria lcr,irrlo iiì incr:rporição da músict nas
2
Curiosamcnlc, apcsar
1! .r1 importância plra a histriria. rnuitas sio asinfrrrnraçircs rlistnrcidas
solrrc u partitura dc o Nuscinwnto ile Llnw Nução. Na passagcnr
rrcima, aLim dã crro clc grafia
no n(rltlc tlc llrcil cxistc unta insinuação dc quc rc músìcrs f'iiranr csculhida.s
apcnus pu, i:r.u,
isenlts dc dírcitos, cn(ìuanto ú sabitlo quc ciilLirh c Brcil sirbiam
e.\iÌtilnìenlc o tluc qucriam c
rcalizaram um tratralho.muilo mcljculoso para -çclccionar os tcnlils
nao rrriginnii do l'ilnrc. o
prdprio GriÍÏìth, na recdiçilo "sonorír" clo lilnrc. rcalizada cm l1]33,
com iì s'iì músísr originat
enl;io sincronizada lì película. omite o ntrme clc llrcil-
Da mcsma ntancira quc o n(lmc tlc Criffith llicou marcado plra
sempre nit história do cinemir
pclns inovaçocs lécnicas quc inlrocluziu cm scus ['ilmcs, cspccialrncntc
pclo clcscnv6lvinrcnkr
das técnicas de nrontageln c, conseqüenlemcnlc, da narraliva fílmica,
tanrllúm no que cliz
respcittl ir música clc r;inema a sua conlribuiçíro é indiscutível. Juntg conr
lìrcil, ele lì:i unr do.s
pritneiros a fazer uso cle uniclades musicais temátícas tJe lìrrnra ÍccorrcnlL',
ou seja, dcr n1g.,
próxirno ao [ciÍmttlít', tt cluc viria il sc tornar uma clns prúticrs
mais comuns alé hoicinas trillüs
musìcais dc Iilnrcs. Sc llrcil tem o móritrt dc tsr crirido a nrúsica
úe
Nnçiirt, Griffìth tem o móríto clc rcr siclo um tlos primeiros dirctorcs pcrceher
o Noscitrtcnkt ilc Llnrc
a a importirncia cla
música na nilrral,Í\'t tílmica.
ENTR'ACTE
-
Entreato pausa ou intervalo entre dois atos de uma peça teatral. Em peças musicais
(Intermezzos) é a perforrnance entre atos de uÍna produção teatral. Na música para balé,
ópera e drama" é tradicional a execução de interlúdios musicais. Alguns entreatos ou
intermezzos ficararn famosos, em muitos casos eclipsando a produção teatral, para a
qual foram escritos: La servo padrona, ópera bufa em dois atos, de Pergolesi; no hecho
final do primeiro ato de Don Giovanrzi, de Wolfgang Amadeus Mozart, em que o
compositor uniu o divertimento dançado, acompaúado de Ìrm pequeno conjunto de
câmara; um interlúdio composto por Alban Berg para a versão filmica de sua ópera
Lulu, entte as duas cenas do ato central.
Os artistas mais radicais da vanguarda francesa se reuniram para realizar um dos mais
geniais filmes de toda a história do cinema. Francis Picabia (pintor), Erik Satie
(compositor), René Clair (cineasta), Marcel Duchamp (multi artista), Man Ray
(fotógrafo) e Jean Borlin (bailarino) criaram um divertido e experimental cuÍta no qual
foram exploradas todas as possibilidades possíveis da linguagem cinematogrrifica, a
favor de suas idéias surrealistas. O resultado é um caleidoscópio de imagens. Para esta
produção, os Dadaistas colaboraram no projeto inventando Ìrm novo modo de produção:
instantaneismo. Teve como atores: Marcel Duchamp, Erik Satie, Marcel Achar{ Jean
Borlin, Georges Auric, Charles Martinelli, Henri Rollan, Albert Préjan, René Clair.
Entreato, como o próprio nome diz, foi criado paÍa ser projetado no intervalo das duas
partes do escandaloso balé Relâche, concebido pelo próprio Picabia, cujo título significa
"nflo há encenação hoje" ou "descanso", do Ballets Suédois do Teato dês Champs-
Elysées em Paris. Com imagens sucedendo-se sem neúuma lógrcq com duração de
cerca de vinte e dois minutos, são usadas cenas de pessoÍts correndo em câmara lenta,
observando um ovo sobre uma fonte de água tansformaÍ-se em um pássaro, o filme
mostra desde ângulos inusitados de uma bailarina barbuda e ritmos frenéticos de um
firneral até balões inflríveis soltos no ar e imagens de Man Ray e Marççl Duçhamp
jogando xadrez, com panorâmicas tEio rápidas que se reduzem a manchas disformes na
tela. Planos agressivos e propositalmente desprazerosos caracterizam esta comédia de
perseguição d9 um artista que, no final, faz desaparecer todas as personagens, inclusive
ele próprio. É o maÍco do dadísmo que significa nada, a antipolítica ã a antiarte, o
primado da incoerênci4 do absurdo, do choque, da derrisão e do acaso. A erupção
inconformista e con&a-burguesa, cuja existência foi datada entre 1916 e 1923, celebrava
a iconoclastia inconteste, o lúdico "pÍazeÍ de viver e de inventü', o grau zero dos
signos.
Para este filme, Erik Satie utilizou a chamada música-mobilia, compostia em 1920, com
variações que ele pretendou tansformar em background (musica de firndo) para sons
que o público deveria produzir como interferênci4 e abordou a otécnica despedaçada" e
"repetitiva". As duas partes do Íilme são formadas por sequências: uma sequência de
cerca de noventa segundos, mostrando Saüe e Picabia acionando um canhão do alto de
um prédio. Esta sequência, como um Íilme mudo, é moshada no início do balé, antes da
pequena abertura ("OuverturettÊ"), e aates da cortina ser levantada (uRideauu). A
musica desta parte do filme é chamada "Projectionnette", e eúi inclúda como segunda
parte da partitura de Relâche. Ela se assemelha a um esforço não real de sincronização
da música e imagem nesta parte do filme. Provavelmente, a música "Projectionnette" foi
tocada duas ou três vezes antes do procedimento da paúe "Rideau" da música O resto
do filme foi mostado como enheato entre os dois atos do balé. A partitura desta parte
não está incluída na partitura de Relâche, Das foi essrita por Satie em uma partitura
separada, intitulada "Cinéma". Esta parte da música contém longos trechos repetidos,
sutílmente modificados a cada novo evento do fiüne. Na partitura, Satie nomeia dez
seções associadas às cenas do filme.
Com quase 40 anos, surpreendeu a todos quando resolveu voltar a estudar. Em 1905
ingressou Schola Cantorun de Paris e estudou contraponto e orquestração com Vincent
d'Indy e Albert Roussel. Após tês anos recebeu o diploma corna avaliação "très bien*
(múto bom).
EIe e Ficasso foram grandes amigos. Ficasso disse inslusive que Satie foi uma rlas
influências mais importantes em sua vida. Em 1917 os dois trabalharam juntos no Ballet
Parade, paÍa o Balet russo de Diaghilev. Satie compôs a música, inovadora e original,
na qual inggrporgu sgns de máquina dg gscrever, qirplg 9 tilg de p-islgfe g gqe fgi objelg
de escândalo. Picasso cuidou do cenário e do veshuirio. E Jean Cocteau escreveu o
aÍgumento. Foi onde apaÍeceu pela primeira vez o termo surrealismo, usado por
Appolinaire sobre o Parade, para descrever uma criação artística que explora o mundo
dos soúos e do subconsciente. A palawa "surrealismo" descreveu mais tarde todo um
mgvig-rg5rtg er-tíqtipq p lilpnirio gug yrÍip e quÍgl.
A música de Satie foin na época" apreciada por poucos e desprezada pela maioria dos
compositores e críticos musicais. Diversas fragilidades lhe costumavem ser apontadas, a
mais importante das quais se referia à sua deficiente formação enquanto compositor e
pianis!+ Dizia-s-e gntãg qu9 as suas miniaturas m,.gqigais cgp escqlas pouco
convencionais, harmonias esfranhes e uma total ausência de virtuosismo instrumental
eram apenas o reflexo de um cornpositor de fracos recursos técnicos. A verdade é que
Satie tiúa consciência das suas debilidades, tanto que em 1905 chegou a freqüentar
aulas com musicos prestigiados, abandonando por algrrm tempo a vida boêmia a que se
e-ntregara gom qppeúo lgcfgindo as qgqsõgq do Cafe /u Chgl /V.oi1, em Montmartre,
-
onde tocava todas as noites sob o nome de Gymnopédiste. Entetanto, acabou por sE
desinteressar das aulas e, após cerca de 15 anos sem compor, decidiu retomar a
composição e regressar à vida noturna de Paris. Mas as suas peças continuaram a ser
profirndanente originais e discretamente subversivas, buscando inspiração num
arnbiente artístico estranho aos circuitos institucionais: os bares e cabarets que ele
coúeciatEiò bem.
Tomou-se calt entre os jovens compositores, que eram atraídos pelos tífulos bem-
hpmt14doq .d" spq! pgças, e gïercep granìe influgpci3 em s€gs amigos, oq ngüíyeis
contemporâneos Debussy e Ravel, mudando assim o curso da história da musica. Após
anos de bebedeir4 morreu de cirrose em I de julho de 1925. Em seu quaÍto acharam,
abrís de seu velho piano, uma música que acreditavam perdida, que ele tinha escrito uns
26 anos antes, chamada Jack-in-the-box. Foí ainda inovador por ter criado o Ragtime,
p$ilp Cg pré-Jazz,ggm as estuturas migi$aliqt?q gug gtg p3g!ôs.
htto://www.lastfm.oUmusic/Erik+Satie/Parade+-+Relache+-+Mercure+-+G.
riblg
TH[' JAZZ SINGER
A Crrnlor de Jnzz (Tlrc ,hrzz Singer, no original em inglês) é consiclerado como o
primeiro,filme de grande duração com falas e canto sincronizado com um disco de
acelato. E um Íìlme musical norte-americano estreado em 6 de outubro de 1927. A partir
dai os filmes mudos passararn a ser totalmente substituídos pelos fihnes falados ou
talkies, que passaram a ser a grande novidade. Al Jolson foi o ator principal do filme e o
primeiro a falar e cantar num filnre, com sua voz gravada em banda sonorit
sincronizada.
The ,Ia:z Sìnger foi produzido pela Warner Bros. com o sistema sonoro Vitaphone. Al
Jolson, famoso cântor de jazz da época, canta r'árias canções no filme, diÍigido por Alan
Crosland. A história é lraseada numa peça de mesmo nome, um grandi suãesso da
Broadway em 1925, remontada em 1927, com George Jessel no papel principal. Foi unr
dos primeiros filmes a ganhar o Oscar, dividindo a premiação especial com O Circo, rJe
Charlie Chaplin.
Sinopse
Antes de entregar o papel principal a Al Jolson, a Warner tentou contratar o ator que
fazia o papel na Broadway, entretânto Jessel pedÍu um salário muito alto. A Warner foi
entâo atrás de Eddie Cantor, que também recusou o papel.
Reccpçclo e imltaclo
Com-o tempo, aprendemos que o som aumentou os limites do filme dos quatro cantos
da lela, pois, graças a ele, lemos a possibilidade de saber algo que está
acontecendo fora
das.quatro linhas que_determinam il imagem. se há um gtõ, um tiro
ou qualquer outro
efeito sonoro óbvio fora da imagem, e ò personagem reage a ele, sabemìs que está
o
acontecendo. Isso expandiu o espaço. Não seria mais necãssário colocar a
imagenr de
uma arma disparando, cortar para um personagem reagindo a ela e assim poriiante.
Agor1, através apenas da imagem de uma pessoa se retorcendo, somactá ao ruído
anterior de tiro, saberíamos que ela havia sido baleada.
O Canlor cle,Iaz: ainda não ulilizou esses complexos - e hoje comuns - efeitos
do som.
Ele aposta no básico para trazer uma novidade e assim dar ã primeiro passo à
um novo
mundo. O som é totalmente redundante a imagem, mas ele traz algo rnais: a nragia
das
músicas' Um espetáculo da Broadrvay, por eiemplo, poderia s.iquase perfeitãmente
transposto para a tela. E aí está o ponto forte de o cantor cle ,ki:: merrrro
se ndo o
primeiro filme falado da história, sabe usar muito bem, a seu favor, as
sensações que
belas canções do gênero podem trazer a um filme.
Toda sua estrutura bísica vem dos filmes mudos, inclusive com os tradicionais
letreiros
de diálogos. Há apenas um único diálogo entre os personagens clurante todo
o filme, o
que é assustador, devido sua sincronia e verossimilirança - Tembrando que
o som direto
só chegou ao cinema nos anos 50, 60.
Yi |mo frase, que se tornou marca do filme, dita entre uma cançâo e outra. É, sem
dúvida, a melhor cena do filme. o personagem de Al Jolson virf para a tela e, com
convicção, diz: "acalmem-se, vocês não viram nada aincla',, loio após urá du,
primeiras sequências musicais do tonga. Aliás, é em suas costas que õ filme inteiro
está.
Ele convence não apenas nas sequências mudas, pois é um ator a6surdamente
expressivo - a cena que ele chora quando está pintado dè negro é incrivelmente
sensível.
Mas o seu carisma na hora do espetáculo é tão grande que fïca difícil não se contagiar
e
reagir à música que está sendo cantada.
Canções
Ápresentando o sou
Enquanto em muitos filmes anteriores já havia som em forma de diálogo, todos foram
curtas' Dreqm Streel (1921) foi mostrado em Nova York com u*o r.quência de canto
individual e ruídos da multidão. A reunião foi precedida por urn programa de curtas
som, incluindo unta sequência com Grilïith falãndo diretimente á aúaiencia, mas o
recurso em si não tinha cenas com fala. Do mesmo modo, o primeiro filme cla rilarner
Bros com características Vitaphone, Don.lnan,estreou agostà 1926,e otc The Beler,
estreado em outubro de 1926, tinham apenas uma pontuação sincronizando instrumental
e efeitos sonoros' The Jcaz Singer contérn aquelei, bemìomo inúmeras sequências de
canto sincronizado e alguns discursos sincronizados: duas músicas populares são
executadas pelo jovem Jakie Rabinorvitz, o Future Jazz Singer; .uu poi, unr
cantor,
realiza a devocional Kol Nidre, o làmoso cantor Yossele Rosen-blatt, apaiecendo como
a
si mesmo, canta outra melodia religiosa. Como o adulto Jack Robin, iolson realiza seis
canções, cinco 'Jazz" populares e a melodia Kol Nidre. O som do Íìlme tbi gravado
pela British-born George Groves, que tambénr havia trabalhado em Don ,hmi, para
dirigir, o_estúdio optou por Alan Crosland, que já tinha dois filmes Vitaphone em seu
crédito: Don,únn e Old San lirmtcisco.
Premiere e reccpçiio
A estréia foi marcada para 6 de outubro de 1927, a Warner Bros teatro emblemático de
Nova lorque. A escolha da data tbi o show business pura no dia seguinte foi o yom
judaico em lorno clo qual grande partà do enreclo do-filme gira. Í251 4
FpPut' o feriado
formação para a estréia foi tensa. Além da Wutn.r'Bros situação fínanceira
irecária, a
apresentação física do lïlme em si era extremamente complexa:
Cada um dos números musicais Jolson Íbi montado sobre uma bobina separada
com
um disco de som separado de acompanhamento. Mesmo que o filme teve apeníts
oitenta e nove minutos de duração ... havia quinz-e bobinas quinr" discos de giraï,
eo
" rnuito rapidam-ente.
projetista tinha de ser capaz de trocar os rógistros Vitaphone
O
menor tropeço, hesitação ou erro humano resultaria em humilhaçao pública e financeira
para a empresa,
Nenhum dos irmãos Warner puderam assistir: Sam Warner, o mais forte clefensor da
Vitaphone, tinha morrido no dia anterior de pneumonia, e os irmãos sobreviventes
haviam retornado parâ a Califórnia para seu Íuneral. Dois meses após o lançamento do
filme, a Warner anunciou que The .Iuzz Singerestava senclo exibìdo em 2ã5 salas de
cinema, um recorde para a época. Este filme, que custou 4zz0a0 dólares, uma grande
q.uantia para os padróes da warner, foi urn enorme sucesso de público. Em 1õ9g,
o
filme foi escolhido pelo American FiÌm lnstitute como um dos melhores filmes noitr-
americanos de todos os tempos.
z4ls-
O anti.herói tragicômico Carlítos, Ëm suâ faceta trabalhador industrial talveztenha sido quem melhor
traduziu a Grande Depressão (1929-1941, nos Estados Unidos. Charles Chaplin com seu filme Tempos
Modernos (Modern Times,l936) sintetizou como ninguérn o período histórico marcado pelo desemprego
eÍn massâ, queda acentuada do produto interno bruto em decorência do declínio da produção industrial E
dos preços das ações subseqüente à Quebra da Bolsa de Nova lorque em 1929. A Grande Depressão
-
gerou grandes repercussões para a nação norte-americana cerca de 325 bilhões de dólares foram
perdidos só em bens. O declínio econômico tazido pela Depressão teria custado aproximadamente um
ano e dois meses de emprego. EntÍetento, a fenda no padrão de vida não se configurou de forma equiinime
para todas as parcelas da população estadunidense. Oficiais das Forças Armadas, pilotos de linhas aéreas,
professores universitários e alguns operários especializados se mantiveram estáveis. Alguns norte-
americanos ainda conseguiram prosperar em seus negócios, chegando em poucos casos acumular foúunas
significativas. É evidente que a mâior parte da população nãõ se enquádrou nesse perfit. (GRAHAM
J[JMO& le76)
Trabalhadores de áreas marginais sensíveis (como barbeiros, músicos, jardineiros, etc.) foram aqueles que
mais sentiram as repercussões negativas da crise. Professores primários, principalmente, os que
trabalhavam em escolas públicas, somados a arquitetos, pequenos çomerciantes e agricultores sofreram
uÍn severo deslinio em suas atividades. Os cidadãos que não eram detentores do perfil sócio-ideal de
trabalhador (não-brancos, judeus, homens de meia idade e velhos, etc.) tiveram na Depressõo a
antecipação do tempo de dependência e angústia do fim da vida. Em suma" a Grande Depressão delineou
urn quadro de mazelas sócio-econômicas baduzido no desmoronamento dãs esperanças e no desespero
pela sobrevivêncig sobretudo das camadas mais baixas da população que encarou fome, superpopulação,
desnutrição e doenças. A indignação com os turbulentos anos de crise que sê configuravam não poderia
ter se ausentado do mundo das artes. Denfe as formulações artísticas da época, o cinema talvez tenha
sido um dos maiores elementos de orítica - seja pelo molde realista seja pela sutileza da comédia. Mesmo
conendo o risco de trarrsformaÍem-se em fracassos comerciais, filmes eomo Blach Legion (1g37) com sua
contestação a violências raciais e I Am Fugitivefrom a Chain Gang (1935). *ítica ao tratamento dado aos
presos, ganfiaram destaque pela ousadia e posição política firme conta os desproperios de uma nação
assolada pela crescente crise. Contudo é com o talento do humor do Charles Chaplin em sua obrafiempos
Madernos (Modern Tìmes, t936) que a crítica ao modo de produção capitalista e à reprodução social
burguesa gue se deu de forma mais genial.
Chaplin esforça-se em delinear nõo somente concepções que abrangem as questões trabalhisüas em si, mas
também uma perspectiva de humanidade em que a busca pela felicidade é uma constmte. A frase do
início do filme pontua a idéia central da obra: "Tempos Modernos. Uma história sobre a indústria, a
iniciativa privada e a cruzada da humanidade em busca da felicidade." (CHAPLIN, 1936) O personagem
de Chaplin representa o habalhador da primeira meüade do século )O( em vários aspectos, contudo
simultaneamente rcssalta o desajuste à modernidade burguesa. Por um lado, o industrial worker se
destaca da multidão como individualidade heróica gue se identifica com o público-massa (construção
caracterÍstica de Hollywood), mas por outrg pontua urna tentativa frustrada de inserção na sooiedade
capitalista traduzida na busca pelo anonimato (configurando-se €m um anti-herói probtemático).
(ALVES, 2005) A constante sensação de estranhamento com relação à sociedade é o elemento centÍal da
tragicomicidade da película. Tanto no ambiente de habalho quanto em seu cotidiano sempre há um
desajuste à realidade.
O ambiente fabril nos traz muitas informações sobre os elementos constitutivos do modo de produção
capitalista e da sociedade norte-am€ricana da época. A linha de montagem fordista com sua exbema
especialização produz partes de mercadorias não-identificadas Chaplin não nos deixa saber o que estr{
-
sendo produzido. Somente sabcmos que é uma fábrica de componentes elébicos (Electro Steel Corp.). Q
trabalhador perde a noção total de produto dada à divisão de tarefas. Desse modq o trabalho ganha
caráter abstrato. Em uma cena mais adiante, Carlitos volta à fábrica só que agoÍa na condição de
assistente de manutenção das máquinas. Uma leitura possível é que o velho que acompanha Chaplin
&
Íepresente os aÍrtigos artesâos rnetalúrgicos. A cena em que o funcionririo mais antigo fica preso nas
engÍenagens pode demonstrar que o novo capitalismo marcado pelo taylorismo-fordismo suplantara o
sistema de produção artesanal.
Desüaca-se também nesse ambiente a tentativa de controle total do funcionr{'rio por parte do capitalista" O
GEpE nz controla r linha de produção no que diz respeito ao seu andarnento, enquanto o capitalista dita a
velocidade da produção através de uma grande tela a ls Big Brother como n& obra literriria 1984 de
George Orwell (1949). A utilização de uma teta para o controle dos funcionários - o personagem de
Chaplin é observado até dentro do banheiro! - já tinha sido realizada no clássico filme de ficção
científica, Metropolis do cineasta alemão Fritz Lang em 1926. A ligação com a máquina (fetiche do
capital) é tão grande que o trabalhador industrial passa a ser parte dela. Tanto que Carlítos é engolido por
ela e, após um dia estressante dia de trabalho é imbuído pela loucura. Já que não hri o trabalhador perfeito
como em Metropolis (Lang, 1926) * onde é criado um robô incansável de afeições humanas - tenta-se
fazer do ser humano uma máquina * com a realização de trabalhos censativos e repetitivos em umâ
aviltante jornada de trabalho dirária. Um outro exemplo de conhole total do capitalista sobre o funcionririo
é a tentativa de utilização da Máquina Alimenladora Bellotps . O mecanismo é anunciado por um vendedor
mecânico (a máquina substitui o vendedor humano!) como "um artefato prótico para alimentar seus
empregados enquanto trabalham". (CHAPLIN, 1936) Assim, procura-se eliminar os tempos mortos da
produçËo tal como concebe a teoria taylorista. A tentativa é desastrosa. A sopeira dr{ uma pane e guâse
eletrocuta o industial vorker interpretado por Charles Chaplin.
Devido a esse estranhamento constante, o personagem chaplino não consegue permanecer por muito
tempo no mesmo emprego. Como um artista circense que foi desde a infãnci4 Cnlitos se desdobra em
funções que vão desde operrârio da indústri4 passando por vigia de loja de departamento e auxiliar de
manutenção de mriquinas até garçom e showman em um bar à noite. O personagem não chega a ser
exatamente o que mais tarde o sociólogo Huw Beynon chamou úe trabalhador hilenizado, uma vez que
tal categoria se caracteriza no emprego baseado em um contrato que nâo segue uma padronização
específica no qual o trabatho pode ser temporário ou ocasional; autônomo, doméstico ou franqueado; por
meio expediente ou integral; em que diversas atividades são exercidas pelo mesmo indivíduo em
diferentes horr{rios do dia ou da noite. (BEYNON, 1995) Carlitos teve vários empregos, porérn não
permaneceu atrelado a eles simultanesmente. O personagem de Chaplin não teve várias ocupações com o
objetivo de tentar completar sua renda mensal ou semanal, mas sim dovido à sua inadaptação ao serviço.
A mudança de emprego é constante. Portanto, a questão é o estranhamento e não a flexibilização do
mundo do trabalho.
Charles Chaplin não se conteve em explicitar apenas o mundo do trabalho: evidenciou também o
desdobramento da modernidade burguesa na vida social. A intemação no hospício -
provavelmente
inspirado eÍll sua mãe que üambém teve um surto n€rvoso -, assim como a clausura no presídio - após ter
sido confundido com um líder comunista - retrata os espÂços onde os que não seÍvem pâÍa o tabalho são
alocados pela sociedade burguesa. (HALE, 2006; ALVES, 2005) O sofrimento seja Íísico ou mental é
fruto do pÍoc€sso de indusrialização frenético em que o doee habalhador - de tantas ahibuições - é na
verdade a figura mais atormentada do filme. A cena €m que Chaplin canta 6 dança ao som da musica
Nonsense Song é o real momento em que o indusírial worker pode se libertar. Naquele momento ele pode
,
ser ele mesmo, gozando da liberdade plena de sua vontade. No final do fìtme a sua viagem psÍa o
horizonte junto à Paulette Goddard pode ser interpretada como a morte social dos personagens. Tentar
escapar da sociedade burguesa - simbolizada pela caminhada na estrada vazia sem nada a frente - é algo
inconcebível, haja vista que não podemos nos isolar socialmente. Desse modo, o Vagabundo (Ihe Tramp)
e a Garota (The Gamin) parecem estar destinados a não-existência. (SUSMAN apud GOLDMAN, 2004)
No início do cinema haviam vários questionamentos sobre a legitimidade do cinema como arte. Muitos
achavam que o cinema estaria semprc escravizado e relativizado ao teaüo (antes, peças teatrais eram
filmadas e exibidas, e mesmo quando depois não o fossem, a rnaioria dos autores ainda sim teatralizavam
demais os filmes, não gerando um diferencial contundente que o pudesse diferencia-lo çlaramente do
teatro). O çinema para ganhar esse status de arte própria teve de evoluir muito a ponto de "criar um novo
modelo expressivo do real, a partir de elementos p€rtencentês aos próprios, e somente, mecanismos
cinematográficos", dÊ aoordo resumidamente com umas das teorias que elevam o cinema a categoria de
arte. E é exatamente isso que Chaptin fez, e de forma plena em *Tempos modernos". Obra-prima.
Defintivament€ uÍna obra prima. Charles Chaplin criou várias obras máximas pÊÍe o cinem4 mas na
minha opinião, "Tempos Modernos" é daqueles tipos de filmes que se envolvem bçm com todas as
possibilidades com que um filme pode ser envolvido. A temáticg a direção, o roteiro, a trilba e todos os
elementos paÍa a criação de uma peça cinematográfica estão ali e em momentos de puÍa B perfeita
conexão. Além de todas estas questões que são elementos do filme em si, ainda há a quesüio do contexto
histórico no qual o filme foi realizado: era 1936,o cinema mudo já havia acabado faziarn quase l0 anos (
o lo filme falado foi 'O cantor de Jazz" de 1927) e Chaplin se questionav& e era questionado se seu
personagem vagabundo iria continuar mudo. "Luzes da cidade" de 1931, outra grande obra do diretor,
também foi mudo e fez grande sucesso, mas aquela altura não se sabia como as pessoas iriam receber
novamente ouFo filme mudo do diretor. Carlitos é um personagem mestre em gegs visuais e fazêlo falar
poderia destruir a magia do personagem. Ainda sim, mesmo conha tudo e todos, também devido a seu
alto conceito perante hollyrrood, Chaplin não exitou em faz6r, e pela úttima vez, um filme em que
Carlitos continuaria mudo e pela última vez um próprio filme com o personagem Carlitos. Apesar disso, o
filme tem algumas falas, mas esüa é cla.ramente uma menção ao surgimento de novas tecnologias, um dos
temas no qual quase todo o filme se baseia- Não vou me prender a jri tão comentada análisc a qual o filme
é uma crítiça a novas formas de produção e especialização, que escraviza o operariadq uma çrítica ao
próprio conceito de modernidade industrial que surgi4 que todo professor de história gosta de fazer após
exibi-lo numa sala de aula (eu tambem passei por isso). Na época do filme, em que os EUA ainda sentia
as dores da crise de 29 e que a 2o guerra estava por se anunciar, Chaplin recheou o filme de temas
perigosos para a époc4 tanto devido a política estrangeira ( na Alemanha e na ttália foi obviamenb
proibido por acharem que o filme ünha apelos socialistas) quanto a política interna dos states que vivia a
era do Macarthismo. Mas enfim, me prender um pouco a genialidade de Chaplin em tratar as imagens e
em somo ela se relaciona com a mensagçm das cenas e do filme como um todo. Mas aÍinal, por que
Chaplin é considerado um gênio? Porque ele sabe fazer como pouços no que no cinema mais se aclama:
se manisfestar bem através das imagens. A inventividade em criar quadros'e situações que são
fantasticamentes explicadas somente pelas imagens é sua marca regisrada. Quem não se lembra da
antológica cena eÍn que carlitos é confundido como líder de um movimento grevista após pegar uma
bandeira que cai de um caminhão? Ou quando ele é engolido pelas máquinas, demonstrando o totat
domínio das máquina sobre o homem? Chaplin não usa das palavras, porque delas não as neçessita. No
único momento èm que o personagem usa ìua voz, na realidade ele nao fala" mgs canta. E canta num
dialeto inexistente, talvez uma mistura de vririas línguas. Nesta ceng o pononagem tem que cantar pars
entreter o público, mas como por obra do destino ele perde a leba da música (outra momento hihírio por
sinal), Caditos simplesmente çanta qualquer coisq mas para que o público entenda o que significã a
canção, ele de novo faz o uso da mímica pana retratar o que esta rÊprcsenta. De novo Chaplin exatta o
poder da linguagem visual para poder se exprÊssar e se comunicar. E de novo cons€gue nos presentËaÍ
com uma cena memorável. As cenas de fábrica também são muito interessantes, muito bem rechEadas de
elementos que enriquec€m o que a situação quer significar. Nos momentos em que Carlitos eú{
plenamente condicionado a fazer o babalho de enroscar parafusos, todo o frrndo do quadro é sempre
muito bem agitado, demonstrando o vigor de uma fribrica que nõo párq assim como seu trabalho. Os
imensos aparatos mecânicos, com suas Ënonnes engrenâg€ns são um show à parte, e Carlitos sempre nos
concede uma relação de domínio destas sobre ele. Ou seja, nos filmes de Chaplin, além de um bom
u1
domínio das situações,que na maior parte das vezes se explicam por elas mesmas,taÍnbém tem de haver
um bom ceniirio, seja em sua simbologia e sua relação com o tema, seja na possibilidade de interação dos
personagens com ele, ou seja através de ambos, que é o que mais ocoÍre no gaso de "Tempos modernos".
Além de todas essas qualidades do filme (a temática que fanscende as épocas: essa questiio do moderno
X antigo e da relação do homem e da sociedade com esse conflito; a riqueza no trato da comunicação
somente através das imagens; a estética que se envolve plenamente com o tsma e com os próprios
personag€ns em cena) a música é outro fator fundamental no filme. De autoria do próprio Chaplin,
"Smile" se tornou um grande olássico mundial, possui regravações cantadas inslusive por vozes
brasileiras. As músicas do filme como um todo modelam o ritmo da cena de forma extremamente
coeÍEnt6, mostrando que as imagens junto com suas composições e a música, formam umn riqueza
dialética que Gm por objetivo expressar ao máximo a mensagem, a proposta de cada cena. Essa questão
da música já era muito bem utilizada obviamente em toda a história do oinema mudo, mas saber que
Chaplin era o autor das músicas (o IMD não me afirma se Chaplin era ou não o autor de todas as músicas
de "Tempos modernos", acredito que sim) do filme enriquecem sua autoria com relação a genialidade do
Íilme. Enfim, muitos comentários acerca desse filme devem ser feitos, talvez eu escrrÊva um pouco mais
minha opinião sobre ele no futuro, mas o que deve ter prevalecido até aqui (espero eu) é toda a riqueza
que existe no Íìlme, seja no fïlme, nos temas ou no contexto no qual ele foi feito. "Tempos modemos'é
daqueles filmes que ultrapassam as épocas, sempre ini se falar dele, ele sempre serrí útil para se entender,,
mesmo que parcialmente, a evoluçâo do cinem4 e porgue não, a evotução da própria história. E por isso é
um obra que tem de ser vista e revista.
Portanto, o fìlme de Charles Chaplin rêportou-se as pessimas condições de trabalho as ôrduas horas de
trabalho e o desempenhar repetitivo do apertar parafusos e puxÂÍ de alavancas -decorrente da maior
especialização da liúa - é mais permitido
de produção fordista- Com tal divisão de tarefas nõo ao
trabalhador saber o que afinal es[ava produzindo: como o trabalhador não partioipa das demais etapas do
processo produtivo ele perde a noção total de produto. Tanto que pâra expressar esse fenômeno, Chaplin
não nos deixa saber que produto a indúsnia no filme esta produzindo. As características do fordismo
ainda estão presentes no mundo afual. O sociólogo Huw Beynon, especiatisüa do mundo do trabatho, ao
reiterar Ritzer ressalta que tal concepçãq não só de trabalhador, mas também de consumidor ainda
estariam em vogü'Muitas características do fordismo também são encontradas no estito de McDonald's:
a homogeneidade dos produtos, a rigidez das tecnologias, as rotinas padronizadas de trabalho, a
desqualificação, a homogeneização da mão-de-obra (e do fieguês), o trabalhador em massa e a
homogeneização do consumo (...) nestes e em oubos aspectos, o fordismo continua vivo e forte no mundo
moderno'" (RITZER apud BEYNON, 1995, p.12) Nesse sentido, Tempos Modernos (Modern Times,
1936), último Íilme mudo produzido por Charles Chaplin ainda soa ahral. Em uma sociedade marcada
pela complexidade, onde os indivíduos são regrados pelos segundos precisos do retógio, Carlitos
conquistou o mundo com sua simplicidade convertendo-se em um dos maiores gênios do cinãma de todos
os tempos -
sejam eles modernos ou não!
Cesar l)utra Inócio
graduou-se em Ciências Sociais peh Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRI).
Atualmente É discente do Programa de Pós-graduação em História Comparada pela mesma instituição, arcrn dt
pesquisador do Lnboratório de Estudos do Ternpo presente (TXMPO).
ETf,LIOGRÂTÏA
ALVES' Giovanni. A balalhr dc Cnditos tnbalho c cslnnhamcnto crn Tcmpos Modemoc, dc Charlcs Choptin. ln: ArtCultum. Ubcrlandio, V.Z,
No.l0, Janciro-Junho dc 2005.
!-EML |{uw A deslnriçilo daclassc opcmrin inglesa? tn: Revistr Brqsilcira dc Ciêncios Sociais. No.27, Ano lQ Fevcrciro 1995, p.5-l?),
9!llll\r 9ltorlcs. Tcmpor Modemos. Tllulo origind; Modcm
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Julho dc 2006.
llgncg Clortcl Ctrplil - opêrírio; Paulctlc Goddrrd - a jovcm pobrc; Ílcnry Bcrgmrn - propriclárlo do ceÍê; finy SrndÍord - B[
Blll; Chcrtcr Conklin -
mcc0ntco; Hank Mann - tedrto; Shnlcï Blystonc - pri àe júm; Al úrncrt Grrdr - prcrldcntc de Elcctro Stcel
Corp.; Richerd Alcrurlcr colcgn dc cctn; Cccil Rcynoldr - pttor; Mlrr McKloncy
- - mulhcr rlo prrlon Edwnrd LcSdnt - scriÍc
coulcr; Mnlrlcsll - gnrçon; Srmmy Stcin - opendor rlc turblnn; Gloriu DcHrvcn - iÍurl dr jãvcn; Bobby Errbct - opcrúrloi
_Frcd
Chuck-Hnnilúon - optrdrio; WRIlcr Jnmcc * capatrz dr linha rh montrgcm; Edwrrd Kinbrll - gòvcrnador; Lsck Low opcrório;
HnrrY rfllbon oPcÍirio,
-
-
http:/ .Y!,t w'lemoopresenle.ory/index.php?option=com conlent&task=vieJv&idE1395<ênlid=83
I
aal*
Radio Dnys
,'\r'tigo cle;lrumis Ìtlillarch originalnrente publicado enr 0-ì rìe sctcnrbro de 1987
Como enr "lnteriores" (1978), Woody Allen não aparece corììo iÌtor. Sti a sua voz, em otÏ
narrando a história. Ou as estórias - já que atraves de unr núcleo lamiliar, num bairro da
Nova lt'rrque do final dos anos 30 à primeira nretade da década de 40. se conduz toda a
nostalgia cle un: período que nas músicas, nos mitos, rro imaginário se transpõe do
regional para o universal. A empatia é total.
"A Era do Rádio" é a obra prima de Woody Allen, 5l anos, l6 lÌlnres como diretor; dois
como roteirista e ator; um só como ator - "Testa de Ferro por Acaso", 7976, de Martin
RitU além de uma adaptação de um filme japonês: "Kinzino l(izi / What's Up, Tiger
Lilly?", consegue ser tão bom - ou melhor - do que "I-lannah e suas Irmãs". Alias, será
perda de tenrpo e energia estabelecer comparações e discussões entre um ou outro filme
deste cineastq que vindo da televisão, construiu em pouco nrais de dez anos, uma obra
fascinante enquanto universal em seu regional. Como já lnzia o mestre Leon Tolstoi ("Se
queres ser universal, cante a sua aldeia"), Allen captura corações e mentes, joga o aFrado
tridente da ernpatia que leva às lágrinas nostálgicas, ao falar de gente como a gente -
mesmo em épocas e cidades diferentes. Mas os sentimentos são os mesmos.
Como toda criança dos anos 30/40, 'Woody Allen (ou)viu o mundo pelas ondas
hertzenianas do rádio, que vivia sua fase de ouro - antes do advento da televisão. E do
mundo nágico da radiofonia, os grandes programas, os grandes artistas, aquelas músicas
maravilhosas, Allen construiu, à sua maneira, uma nova obra-prima: "Radio Days", um
Iihne que leva o espectador acima dos 40 anos às lágrimas da saudade de toda uma época.
Afïnal, assim como a nossa televisão foi decalcada do modelo americano, o radio que se
fazia nos Estados Unidos tiúa a perfeita conbafação no Brasil - a começar pela Nacional,
que disputando audiência com a Tarnoio e outros prefixos - signiÍìcava o grande veículo
de comunicação nacional.
A atual mulher - Mia Farrow, como Sally Vy'hite, a vendedora de ciganos que soúa com
a glória de se tomar uma cantora de rádio e a ex-mulher, Diane Keaton, como a cantora da
festa de New Year, ao final - são as presenças femininas de empatia. Mas, para orgulho
verde-amarelo, a brasileira Denise Dumont teve sua chance de ouro para acontecer no
cinema americano: aparece como uma cantora sul-americana, cantando "Tico Tico no
?
,,A Era do Rádio', é o "Amarcord" woodeniano - tão lírico, belo e emocionante como a
o melhor filrne de Allen, não
obra-prima do cineasta italiano. E quanto a dízet que este é
cometo tal heresia: afìnal, seu "Allàn's Project 1987"
já está em fase de montagem e' tão
fará, pois este
logo chegue as telas, pode fazer tudo recorieçar. Pode, não! Possivelmente
húem ãfogo em sentimentos & imagens. Fonte: h$py'lrvrvrv.millurch.orq/0rtieo/radio-dav.s.
quando os Estados unidos
Por que o rádio? Porque era a mídia que havia naqueles dias,
saiam da Grande Depressão e atravessavam a II Gu.na Mundial.
A televisão ainda não
havia invadido o, l-uËr, o cinema era diversão de fim de semana.
A família, cuja noção é
d9 que é nos dias
elemento forte do enredo, era um conceito mais compacto importante
e
sala para escutar a
de hoje. Depois do jantai, os filhos e pais, tios e avós se reuniam na
(Zono)' enquanto
música das grandes" orqulstra s de jazz e ouvir seriados de aventura
os viziúos ou sobre os seios da
batiam papo despretensiosamente, fofocando sobre
menina que morava na esquina-
( itrcruir.,,\ r:ada epiSódio coticliano n'.rrrarclo pelrr ttiurtirtti .t lituu csliì\'iì sen'ìpre n0 fádiO-
ller,ia :iclÌ'ìl-Ìle a lembrança clo progriìnìit de riidio tluc ins;tit"rtrrr rrtn detenttiuado I'eito ou
drr rrrúrsica que tocava clurante um momelÌto irllp()rliìr-ìtc. O riitlio ditava o trilha sonora da
titla dus pcssoâs. Isso e muito bem retrato pelo lìlrnc. jri rluc cste sË ltreocupitem valorizar
n trillu sonora enr detrimento da irnagern. Enr ttenltrrtÌìil cettit tl música deixa cle estar
presente e nruitas vezes tica evidenle que ela veltr do rridio.
llssa vllorizaçãa é conquistacla atrarrés cle vários recurs(ìs. L)s cenários e a fbtografìa ,
conr clireçâo de Speed Hopkins e Carlo Di Palma. crianr unta autbientação escuÍa en que
o rosto dos personagens não é selnpre identifìcado. a identilìcação fìca por conta da
nrirsicn que está a tocar no rádio. Pois o perlÌl cle cada personagem é traçado de acordo
con1 as músicas e os programas de râdio que ouven. Era a.ssinr tanrbérn que se traçava o
pcrÍìl clas pessoas na época- jovens ouvianì un tipo de mitsica, adultos outto, além dos
prograrnas. Corno a tia que ouvia programas de nritsica, a prima que ouvia Carmen
Ivlirancla, e o tio tlue ouvia programas de esporte. Esse amtriente escuro tnmbém enfatiza
qÌle o protagonista da história e o Rádio. seus coadjuvanl.es l-tcam na escuridão. Portanto
toclas as cenas que se passam dentro do universo dc unra grtincle emissora de rádio, sendo
arssinr metaforicamente "dentro" do rádio, são nrais claras pois não hrl coadjuvantes; todo
aquele conjunto que está seudo mostrado Íàz parte do rádio'
As cenas transcorridas nesse universo também mostram a busca pela perfeição nas
transmissões radiofrnicas como é percebido pelo fato de Sally $/hite, uma aspirante a
atriz de rádio só fazer sucesso depois de liwar-se de seu sotaque , tendo uma voz
universal. Voltando a questão da narrativa diferenciada usada por V/oody Allen é preciso
notar que ao relatar a história do rádio e dos anos 50 de fonna mais subjetiva que didática
o cineasta trouxe um nível de humanização a essa história que a tornou muito mais
compreensível. As cenas que nrostram a reação dos ouvintes às noticias e não
simplesmerrte como elas eram transmitidas, permite aos espectadores se transportarem
para epoca e quase vivenciarem aquela realidade. Ainda que usando muitos recursos
ficcionais, Woody Allen conseguiu fazer em seu "A Era do Rádio" um retrato fiel da
época, dos costumes e principalmente da relação dos ouvintes com o rádio.
Fgnte;httn://bloqs.rnvspace.corylindex.ctìn?lìr-leoelion=b!oe.vierv&lricndld=405884514&bloeld=44239J587.
Diretor: \Voody Allen: elenco: Diane Keaton, Mia Farrorv, Seth Creen, Julie Kavner, Joslt Mostel,
lvlichael Tucker, Dianne Wiest, Martin Rosenblat! Judith Malina, Denise Dunront; produção:
Robert Greenhut; roteiro: Woody Allen; fotografìa: Carlo Di Palnra
Trilha sonorâ: Nat Bonx, Jimmy Eaton, Edward Eliscu, Jack Fulton, Joe Garland, Moe Jaffe,
Andy Razaf; duração:85 min.; ano:1987; país: EUA; gênero: Cornédia; cor: Colorido;
d istribu idora: Lum ière; estudio: Orion Picfures Corporation.
Dentre as diversas canções da trilha sonora destacam-se: ln the Mood - Glenn Miller & His
Orchestra; I Double Dare You - Larry Clinton & His Orchestra; Opus One - Tommy Dorsey &
His Orchestra; Frenesi - Artie Shaw & His Orchestra; Donkey Serenade - Allan Jones; Body and
Soul - Benny Goodman; You and I - Tommy Dorsey & Flis Orchestra; Rentember Pearl Harbor -
Samrny Kaye; That Old Feeling - Cuy Lombardo & His Royal Canadi; There'll Be Bluebirds
Over) The White Cliffs of Do; Goodbye - Benny Goodman & His Orchestra; I'm Getting
Sentimental over You - Tommy Dorsey & His Orchestra; Lullaby of Broadrvay - Richard Himber
& His Orchest; American Patrol - Glenn Miller & His Orchestra; Take tlre "A" Train - Duke
Ellington & His Orchestra; One, Two, Three, Kick - Xavier Cugat & His Orchest; South
American Way - Carmem Miranda; Tico Tico no Fubá - Denise Durnont,