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A HISTÓRIA DA FILOSOFIA LATINO-AMERICANA COMO FILOSOFIA DA

LIBERTAÇÃO EM ENRIQUE DUSSEL

Jonhn Leno Mariano de Lima1

Resumo​: A história da filosofia latino-americana é uma questão posta a prova por Salazar
Bondy (1992), quando realizar a pergunta problemática: “existe uma filosofia da América
Latina?”, a partir desse ponto, temos em construção o surgimento de um novo movimento que
é chamado de Filosofia da Libertação com fundadores importantes: Leopoldo Zea (1973) e
Enrique Dussel (1994). Em que nos remete a uma nova investigação que perpassa todo o
nosso pensamento, em busca de uma solução a questão levantada por Salazar ao respondê-la
como um movimento que busque o ​status de original e que tenha em si um rosto nosso, isto é,
um pensamento original latino-americano. Nesse sentido, realizamos com o presente trabalho
a demonstração da ruptura que ocorreu durante o movimento da filosofia da libertação, visto
que é a partir de sua origem que temos uma nova possibilidade de fazer filosofia em um
movimento diferente do que era realizado. Desde modo, o pensamento crítico latino
americano engendra-se o movimento de pensar a sua realidade e não pensar a realidade desde
o eurocentrismo, mas desde América Latina. E, por meio desse movimento temos a tomada do
sujeito na ótica a partir da sua constituição histórica Dussel (1993) nos situar na concepção do
encobrimento do outro, em que a História da América Latina é contada desde o ponto de vista
dos colonos e não dos colonizados, ou seja, a história contada em sua outra face. Para tanto,
os objetivos do presente trabalho são: apresentar a filosofia da libertação como ruptura da
história da filosofia na América Latina; expor o pensamento do filósofo Enrique Dussel como
filosofia da libertação; e apresentar a filosofia da libertação como possibilidade para o pen
samento crítico na América Latina. Assim sendo, a filosofia da libertação, na perspectiva de
Dussel, nos possibilita um caminho contrário ao fazer filosofia na América Latina e em prol
de uma filosofia latino-americana que esteja articulada com nossa realidade e aprimore os
conceitos desde o seu ponto de partida.

Palavras-chave: filosofia latino-americana; filosofia da libertação; eurocentrismo; Enrique


Dussel; e história.

INTRODUÇÃO​:

Analisar a História da filosofia latino-americana, por meio da perspectiva dusseliana


no que tange sua explicação, pois permitirá uma compreensão em uma ótica distinta a habitual
contada quando referimos-nos ao estudo da história da filosofia na América Latina. Pois
Dussel nos convida a uma discussão da história da filosofia latino-americana, visto que é a

1
Graduando em Filosofia pela Universidade Federal de Alagoas — UFAL - Ac. Simões. Membro
efetivo do grupo de pesquisa: Subjetividade e Crítica ao Sujeito Moderno (Desde América Latina).
<<jonhn.lima@ichca.ufal.br>>
partir dela que podemos caminhar para uma filosofia da libertação, realizando uma
interpretação inversa dos modos de pensar a história das ideias e da filosofia na América
Latina pela filosofia latinoamericana.
O presente trabalho é dividido em dois momentos, o primeiro é a apresentação da
história da filosofia latino-americana, onde consiste na exposição das três épocas que
correspondem desde o período colonial até os dias atuais e o segundo a história da filosofia
latino-americana e a filosofia da libertação.

1. A HISTÓRIA DA FILOSOFIA LATINO-AMERICANA EM DUSSEL

A história da filosofia latino-americana é discutida, de acordo com a perspectiva


crítica-filosófica de Enrique Dussel, a partir da concepção de que existia um pensamento
original no continente, o qual conhecemos hoje como América Latina, antes da chegada dos
europeus e o seu processo de “colonização”. Para o estudo da história da filosofia
latino-americana é necessário que “​Pensamos que los criterios para definir las épocas no son
los mismos que para definir los períodos o las fases. Denominamos "épocas" de la historia de
la filosofía aquella porción de tiempo en la que el discurso filosófico mantiene su estructura
fundamental​”2, e, ainda segundo Dussel tal discurso filosófico possui autonomia própria e
assegura, então, sua história da filosofia. Nos acena Dussel:

“Por lo general las filosofías se atribuyen a las totalidades históricoconcretas (filosofía


"griega", filosofía "romana", filosofía "medieval": es decir de la cristiandad
latino-occidental, etc.). De esta manera podemos hablar de filosofía
“latinoamericana”.”3

Dussel parte da compreensão de que existem determinados critérios que temos que
levar em consideração e, principalmente:

“Un criterio, entonces de la división de la historia de la filosofía es realizar la


interpretación a partir del ​contexto​, de las determinaciones que se ejercen
constitutivamente sobre la filosofía como producción intrínseca a una totalidad
práctico-productiva en un momento de una totalidad histórico-concreta ( una nación
por ejemplo).”4

Para Dussel existem três épocas para a filosofia na América Latina que são: i. a etapa
capitalista pré-industrial (século XVI - XVII)5; ii. a decadência da escolástica (séc. XVIII)6;
iii. Desde a metade do séc XVIII - até hoje7. A primeira época podemos compreender como o

2
Cf. DUSSEL.​ Historia de la filosofía latinoamericana y filosofía de la liberacion. ​Editorial
nueva américa: Bogotá, 1994. (p. 14)
3
IBIDEM.
4
Op. cit (p.17)(grifo nosso)
5
IBIDEM.
6
Op. cit (p.18)
7
IBIDEM.
capitalismo arcaico, e temos que o fruto do capitalismo não é a ​“extracción de oro y plata”8,
mas sim ​“una circulación en la que la industria es su centro”​. A segunda é caracterizado pela
autonomia da filosofia e a decadência da escolástica, a fase do capitalismo industrial
propriamente dito, mas ​“su presencia en América Latina no se produce por la fundación de
manufacturas primero y fábricas industriales después, sino, principalmente, por la compra de
productos industriales de procedencia inglesa -mediante las clases comerciales de España y
Portugal-. Es la instalación de la dependencia del capitalismo industrial central”9. E, por
último, a terceira fase tange ao momento pelo qual ​“casi todos los países latinoamericanos
permanecen en la dependencia del capitalismo central”10 e ainda a ​“tercera época será la
determinada por una totalidad práctico-productiva post-capitalista”11.

A história da filosofia ​latinoamericana ​é dividida nesse contexto supracitado. Então,


temos a divisão dos períodos do pensamento latino-americano, os quais datam antes mesmo
da chegada dos colonos hispânicos (Espanha e Portugal) o qual denominamos pensamento
pré-hispânico12, pois não é um pensamento filosófico ainda. Os períodos e as fases da história
da filosofia na América Latina são, segundo Dussel: ​“momentos internos de las épocas; las
fases, por su parte, son momentos internos de los períodos. Los criterios para determinar
unos y otros son diversos, ya que no se encuentran a igual profundidad.”13 Nesse sentido,
temos que ​“En cada época, período o fase, la filosofía no está sólo representada por una
filosofía, la hegemónica de cada momento ni sólo ella tiene aparatos materiales”14.
Poderíamos pensar como a filosofia estaria presente em cada etapa dos blocos
históricos-filosóficos15, Dussel nos diz:

“Las filosofías se encuentran entonces como en una tensión estructural, en perenne


contradicción dialéctica, en polémica, controversia, defensa de posiciones. Ese
sentido esencialmente controversial de toda filosofía, su sentido dialéctico en el
sentido de Los Tópicos ("Los lugares" de la discusión) de Aristóteles indica,
justamente, el hecho de que la filosofía se encuentra siempre siendo en un espacio
político, de ejercicio de un cierto poder, espacio que está en perpetuo litigio y exige
defender lo ganado y atacar lo contrario”16

A partir da verificação de que a filosofia na América Latina desempenha um papel


distinto em seu ponto de partida, a história da filosofia latino-americana ​“no puede

8
IBIDEM.
9
Ibidem.
10
Ibidem.
11
Ibidem.
12
Op. cit., p.17
13
Op. cit., p.19
14
Op. cit., p.25
15
Dussel utiliza a expressão blocos históricos para descrever a divisão histórica das épocas no
continente latinoamericano com divisor de água o período político. E denominar blocos
históricos-filosóficos como os períodos e fases que se sucederem dentro dos blocos históricos que
são as três épocas: época pré-industrial; capitalismo industrial; dependência de alguns países
latino-americanas.
16
Ibidem.
circunscribirse a la mera descripción de la filosofía dominante o hegemónica”17, mas ao
contrário, enquanto um pensamento da libertação, uma filosofia que ​“deben nacer por su
propia naturaleza como pensamientos o filosofías anti-hegemónicas, y por ello sin aparatos
materiales importantes; perseguidas frecuentemente; como el pensamiento ilustrado o el
propiamente emancipatorio a fines del siglo XVIII”18

Os períodos da história da filosofia na América Latina estão inseridos nas três épocas
que são filosofia colonial; filosofia da dependência colonial; e a filosofia da segunda
emancipação que serão trabalhadas com algumas minúcias em seguida.

1.1. Filosofia Colonial:

A primeira época do pensamento ​latinoamericano ​é o ​“pensamento amerindiano”,​


enquanto História das “ideias”, visto que antes da chegada dos europeus, os habitantes de
nosso continente possuíam uma visão de mundo, isto é, sua concepção de mundo mesmo não
havendo filosofia ameríndia19. Outrora Dussel nos assegura que o discurso do pensamento
ameríndio não é ilógico, irracional ou primitivo, ao passo que o discurso ameríndio são
descrições das suas estruturas racionais em sua visão de mundo. Sendo necessário
compreendemos que o pensamento ameríndio pode ser utilizado tal como objeto do discurso
filosófico​(?)​. E, reconhecendo a necessidade de nós estudarmos o pensamento ameríndio,
Dussel prossegue:

“Es verdad que no jugará dicho mundo el mismo rol que cumplió el mundo simbólico
griego con respecto a la aparición del discurso filosófico -porque en aquel caso fue la
exigencia de ordenar los símbolos en un nivel abstracto ontológico lo que permitió
justamente el origen de la filosofía-. En nuestra América la filosofía vino, como
actitud y como instrumentos metódicos, ya "hecha" desde Europa. Por ello el
pensamiento amerindiano no cumplió como en Grecia una función de originación.
Pero, es importante conocerlo, porque constituye todavía hoy parte de la conciencia
cotidiana de las estructuras culturales de nuestro pueblo, en especial de las clases
oprimidas y fundamentalmente del campesinado”20

Passado o primeiro momento do pensamento na América Latina, adentramos a


primeira fase da filosofia latino-americana, que é localizada historicamente entre 1492-1807.
Denominada filosofia colonial, é caracterizado, principalmente, como o pensamento que vem
de “fora”, mesmo podendo exercer uma função crítica, em alguns momentos, é ​“un producto
europeo transplantado a nuestras”.​ E, também, que o termo filosofia colonial é devido
“manera especial hasta el siglo XVIII porque la filosofía en dicha época fue una producción

17
Op. cit., p.26
18
Ibidem.
19
Op. cit., p. 27
20
Op. cit., p. 28
exclusiva de la clase dominante, de la Hispanic-Portuguese class, or of los que se
articulaban con ellos.”21
No primeiro período são utilizados três formações ideológicas que são o pensamento
de protesto, discurso de derrotado, subjetividade passsiva, frente à luz da lógica aristótelica
das 10 categorias, isto é, o instrumento da segunda escolástica renascentisa ibérica, sendo
utilizada por de Fernández de Oviedo. A filosofia era parte da formação dos clérigos e
juristas, como algum tipo de filosofia de base. O primeiro período da filosofia colonial (1492-
1553), segundo Dussel, é tratada como a filosofia política antes da conquista, enquanto
crítica/pensamento político, verificando-se uma “filosofia da libertação”, em que está presente
nos escritos de Bartolomé de las Casas, em que nas palavras de Dussel Fue una filosofía
política, crítica de la opresión y en favor de los domina"' dos. Fueron auténticos "intelectuales
orgánicos" de una etnia y un pueblo explotado. El tema deberá ser tratado con detención en el
futuro.22

O segundo período (1513- 1700) corresponde ao processo de normatização da


filosofia a primeira normatização cumpriu-se com a fundação das Universidades do México e
Lima, na época colonial, com igual ​alcance ​da Alcalá de Henares ou de Salamanca. Em 1553
iniciou as classes de “artes” e com elas formalmente ensinaram a filosofia ao nível
universitário no México e em Lima.

O terceiro período, corresponde a crise da ilustração (1700- 1759/67, 1750-1800), tem


início “en 1700, por indicar el fin de los Habsburgos; pero en realidad sería mucho más exacto
situarlo en los 50s, cuando reina Carlos III; poco después se produce la expulsión de los
jesuitas del Brasil por parte de Pombal (1759), y su expulsión en 1767 de América hispana; es
una verdadera ruptura histórica”23. Dessa forma, compreendemos ainda que é marcado com a
escolástica dos jesuítas e a derrocada do antigo regime filosófico pelo novo regime filosófico,
pois os planos para o continente latino-americano é outro, como nos pontua Dussel: “Los
jesuitas constituyen, digo y repito, la estructura fundamental de la hegemonía ideológica del
antiguo régimen que debe ser destruido por el nuevo, y ese nuevo régimen.”24 É enfatizado,
ainda por Dussel:

“La revisión de la filosofía colonial es una de las exigencias de nuestro


tiempo, como ya lo hemos dicho, porque la reconstrucción de nuestro pasado,
más allá de la parcial visión de liberales y conservadores, puede hacernos
vislumbrar una historia ideológica desde los oprimidos, encontrando aliados
en muchos sectores del pensamiento que creíamos enteramente aliados de la
reacciónl.”

21
Op. cit., p. 29.
22
Op. cit., p.30
23
Op. cit., p.33
24
Ibidem.
Sendo assim, a investigação da filosofia colonial deve ser norteada em torno de uma
revisão, permitindo uma reconstrução acerca da história ideologica dos oprimidos, frente ao
pensamento para a reação. E, prosseguindo acerca do terceiro período e a expulsão dos
jesuítas, temos:

“Esta ideología propia se confronta con la ideología y filosofía que sostenían


los jesuitas. Existió así una "lucha ideológica" por la hegemonía; ésa es la
causa de la inexplicable expulsión de América de 2.200 jesuitas.
Filosóficamente es una ruptura gigantesca; estos jesuitas significan la esencia
misma de la estructura de la enseñanza de la filosofía en América Latina.”25

Em que situava esta nova filosofia ​“por supuesto el mundo colonial: colonialismo que
va a significar mucha mayor extracción de riqueza”​ 26. A situação de exploração
latino-americana, colocada em questão. Foram enfrentadas pelos oprimidos que são os índios
e também pelos “criollos”27 que “comienzan a emanciparse de la concepción borbónica de
colonias”. Realizando, assim, um novo movimento da filosofia da libertação.”28 E sobre essa
filosofia, temos:

“Esta filosofía está impregnada de algunos temas de la ilustración, pero


en el fondo, se originaba a partir de un proceso prácticorevolucionario;
derivado de las clases oprimidas, en este caso los criollos”29

Pensando a respeito das classes dos oprimidos, como movimento filosófico para a
prática revolucionária. E essa filosofia, “pensar de acordo com o seu contexto”, visto que a
educação autoritária seria o oposta dessa filosofia, como nos diz Dussel:

“¿qué significa la nueva educación? ¿Significa lo mismo que para el


Emilio de Rousseau? ¿Significa educar a los hombres para un nuevo
estado social? En América Latina todo esto no significaba lo mismo
que en Francia, porque en Francia la nueva educación intentaba
justamente crear sujetos aptos para el capitalismo industrial”30

Por meio disso, podemos compreender que determinadas concepções criadas no


continente europeu não corresponde a um conhecimento aplicado em uma totalidade no que
tange América Latina. Ademais, “la filosofía de la ilustración capitalista son rebatidos en

25
Op. cit., p.34.
26
Ibidem.
27
Criollos é o termo aplicado aos filhos dos espanhóis (homens brancos e ricos) nascidos nas
colônias espanholas. Participaram juntamente com os índios e os mestiços. Dussel atribui a
participação deles como eles tomarem a consciência da situação das colônias.
28
Ibidem.
29
Ibidem.
30
Op. cit., p. 35
América Latina.”31 É, pois, contemplado no terceiro período, o fim da escolástica. Sendo
assim, podemos inferir que temos que a filosofia da libertação corresponde a filosofía que
exprime a si como “tiempo fundamental de filosofía como acto segundo, a partir de la praxis
de los oprimidos, en este caso los criollos; es filosofía de la liberación en contra de la filosofía
constituida, hispánica, europea, de dominación.”32

1.2. filosofia dependência colonial: Neocolonial

A filosofia neocolonial tem início conforme nos apresentar Dussel. “A partir de 1807,
cuando Napoleón entra en Portugal, o en e1 1809, cuando invade a España, hasta hoy los
países dependientes del capitalismo” e também, com o contexto, de “es la época en que el
dinero es invertido para la producción de mercancías y esas mercancías adquieren por la
circulación más dinero.”33Como realizado com a primeira época, a segunda época, ou seja, a
época da dependência é trabalhada por Dussel, por meio de alguns períodos.
O primeiro corresponde a filosofia antes da emancipação (1807), quando a ​“filosofía
surge desde la praxis misma para justificar la voluntad revolucionaria: el uso de las armas,
la libertad de comercio, el derecho de constitución de una nación y otros temas. Podríamos
releer temas de actualidad en esos filósofos.” E a isso, temos que a produção da filosofia,
consistindo em uma produção da filosofia política, refere-se a “Fray Servando de Mier, en
México, de un Moreno en La Plata, de un Bolívar en la Gran Colombia y tantos otros.
Podríamos encontrar en ellos una filosofía explícita. Era gente que conocía las categorías
tradicionales; que podían construir un discurso filosófico.” Em que, está presente a
realização da práxis. O período em questão, corresponde ao desfecho dos índios na rebelião.34
O segundo período corresponde ao fracasso da nova ordem (desde 1820) corresponde
ao pós-emancipador. É o ​“nuevo orden debió ser el del capitalismo industrial, central,
creador, autoproductivo. Pero América Latina había llegado demasiado tarde al festín
industrial del capitalismo​”35 e sobre a filosofia nessa época, temos:

“Es muy bello escuchar lo que escribe Alberdi (1810-1884) en su Ideas para
presidir la confección de un curso de filosofía contemporánea (en 1842);
"Nuestra filosofía ha de salir de nuestras necesidades". Esta filosofía hubiera
podido ser aquella "de nuestras necesidades", una filosofía productiva. Pero
Alberdi continúa: "la filosofía americana debe ser esencialmente política y
social en su objeto. Ardiente y profética a sus instintos; sintética y orgánica en
sus métodos; positiva y realista en sus procedimientos; republicana en su
espíritu y destino. Hemos nombrado una filosofía {latinoamericana) y es
preciso que hagamos ver que ella puede existir”36

31
Ibidem.
32
Ibidem.
33
Op. cit., p. 36
34
Op. cit., p.37
35
Op. cit., p.38
36
Ibidem.
Em que para Dussel, Alberdi atribui os moldes de fazer filosofia latinoamericana
distinto da época, pois assegura o papel da filosofia como aquela responsável para pensar a
sua realidade, quando nos atribui o sentido de pensar as nossas necessidades.
O terceiro período corresponde ao positivismo como a sombra da expansão
imperialista (1880) corresponde ao “denominado imperialismo (por monopolización y
concentración del capital productivo y financiero en el capitalismo central, más expansión en
el mundo neocolonial a fines del siglo XIX)” ​e em um momento de dominação da filosofia
tradicional. E a influência de Augusto Comte. E, em relação ao positivismo latinoamericano
corresponde as ​“corrientes conservadoras de los siglos XIX y XX lo criticaron por
anticatólico, librepensador, etc. Ya que la izquierda latinoamericano.”37 e sobre a filosofia
nesse período, Dussel nos situa:

“Sobre el "positivismo" latinoamericano habrá todavía que trabajar mucho.


Las corrientes conservadoras de los siglos XIX y XX lo criticaron por
anticatólico, librepensador, etc. Ya que la izquierda latinoamericana”38

E, de modo geral, o “positivismo” serviu como “una crítica a las oligarquías


conservadoras, y en esto acertaron; pero, al mismo tiempo, fue la filosofía e ideología
articuladas con el proceso de la organización de la dependencia [...] Ellos fueron los
responsables de una ideología de neocolonialismo” Sendo assim, devemos realizar uma
investigação do papel real que desempenhou o positivismo frente a América Latina, visto que
“El imperialismo necesitaba entre nosotros una ideología que permitiera su expansión. El
positivismo fue esa ideología, por ello tuvo dificultades en comprender lo popular”39 O
positivismo refere-se segundo Flores:

“A importação e o aparecimento do Positivismo em Iberoamérica


significaram, praticamente, a extinção de todas as correntes filosóficas
anteriores, com honrosa exceção da Escolástica, que se refugia em Seminários
e Conventos. A Metafísica e as Humanidades, em geral, além de receber
ataques duríssimos por parte dos positivistas, são formalmente expulsas dos
programas de ensino público”40

O quarto período da segunda época corresponde a segunda emancipação da


normatização (desde 1910), marcado pelo populismo com a aparição do “bloque histórico en
el poder hegemonizado por la burguesía de los países periféricos” e também pelo
“florecimiento de la producción nacional industrial periférica.” O período é marcado, pelos
“fundadores” com o movimento de retorno a nós e a profissionalização da filosofia frente a
segunda emancipação. A primeira normatização científica e filosofia universitária na época
colonial hispânica, pelos “pensadores tan dispares como Alejandro Korn (1849-1945), José

37
Op. cit., p. 41
38
Ibidem.
39
Op. cit., p. 42
40
Cf: FLORES, Alberto Vivar.
Vasconcelos (1882-1959), Farías Brito (1862-1917), José Enrique Rodó (1871-1917)”41 Por
isso, Dussel nos diz:

“Era la toma de conciencia de lo de América, como José Caos enseñara


magistralmente a sus discípulos, aunque (y quizá porque) venga de España (
que no es Inglaterra), lo mismo que García Vacca en Venezuela. ​Es necesario
enfrentarse a Europa, a lo francés, no imitar; retornar al origen. Por ello
el tema de lo indígena es la novedad. Un Manuel González Prada (1848-1918)
es un precursor, cuando escribe sobre "Nuestros indios", en Horas de lucha,
(Lima 1908). [..] Con Aimé Casaire (1913) o posteriormente con Frantz
Fanon (1925-1961), el tema del negro recuperará su lugar central en la
reinterpretación del pasado latinoamericano, la América Latina de las
plantaciones. ”42

Temos os fundadores, como pensadores responsáveis pela filosofia como um estudo nas
universidades. E, ao longo, dos anos discursos das minorias começam a entrar em vigor como a
recuperação ao tema do negro como tema central da reinterpretação do passado latinoamericano.
Tomando o seu fim com “​El "fracaso de la ilusión" populista, cuando Estados Unidos ha dominado
sin oposición la totalidad del sistema capitalista (aproximadamente diez años después de la guerra
última, en torno a 1955[...] es fin de período y paso, en algún caso a nueva época, y en el resto, a un
nuevo período”​ 43. Sendo também a primeira fase dos “intelectuais orgânicos”.
O quinto período corresponde a crise da dependência (1945-1955), correspondendo a segunda
fase dos “intelectuais orgânicos” da dependência. Segundo Dussel “La primera fue el positivismo, la
segunda es la de diversas escuelas o movimientos de las filosofías "universalistas" neutras,
científicas.”44 O pós-guerra que permite a saída de muitos estudantes latinos para universidades
europeias e norte-americanos. A filosofia do período anterior é dito como não-científica, sem rigor ou
folclórica pelos novos intelectuais. Estes movimentos buscou que a filosofia estivesse em um plano de
autonomía absoluta, mas sem “articulación teórica ni práctica con la realidad cotidiana del continente,
de su situación política, económica y cultura”.45

1.3. filosofia antes da segunda emancipação

A primeira emancipação, como nos diz Dussel, ​“fue liderada por la oligarquía
criolla, mientras que la segunda será dirigida por el pueblo mismo A terceira época (desde
1959)”.​ E, sobre a segunda emancipação, temos que:

“Mariátegui (1895-1930) que, con sus Siete ensayos sobre la realidad


peruana (Amauta, Lima, 1928), inaugura un pensar arraigado en lo
latinoamericano. Sus reflexiones sobre el indigenismo le dieron ante los

41
PASSIM. DUSSEL, Enrique. ​Historia de la filosofía latinoamericana y filosofía de la liberacion. ​(p. 42-43)
42
Op. cit., p. 43 (grifo nosso)
43
Op. cit,. p. 44
44
Ibdem.
45
Passim: Op. cit., p. 45-46
dogmáticos marxistas la fama de populista. En realidad los partidos
fundados en América Latina desde 1919 eran cabalmente europeistas, y
decenios después comenzarán a incorporar la reflexión mariateguiana”
46

A filosofia da libertação emerge a partir da verificação da práxis da libertação e do


capitalismo central47. Não sendo possível falar sobre os periodos da terceira época, mas
explorar que é a partir de alguns questionamentos frente ao que é o pensar na América Latina,
que podemos realizar a indagação e a busca para a criação ou recriação do que é pensar
latinoamericano. Nesse sentido, temos:

“No podemos entrar en detalle de la filosofía originaria de esta tercera


época y -en la que todavía no habrá que hablar de períodos, porque
estaríamos sólo en el primero de esta época, el noveno de la historia de
la filosofía latinoamericana. Pero no podemos olvidar que, fue Augusto
Salazar Bondy (1925-1974), el primero que planteo la relación entre la
filosofía y la dependencia, y la liberación latinoamericana (que hemos
llamado "segunda emancipación") y la filosofía como filosofía de la
liberación”

Salazar Bondy é um importante pensador latino-americano pela apresentação da


relação entre filosofia e sua dependência e é a partir dela que realiza seu questionamento
sublime: “Existe uma filosofia latinoamericana?”. Temos que é a partir desse momento onde é
realizado uma tentativa de solução a essa indagação, por meio da recuperação do que consistir
pensar de modo latino-americano. E, sendo este motivo que leva Dussel e também Leopoldo
Zea a partirem para a revisão histórica do que é o pensamento filosófico em um ponto de
vista, desde o Latino Americano.

2. A HISTÓRIA DA FILOSOFIA LATINO-AMERICANA COMO FILOSOFIA


DA LIBERTAÇÃO DUSSELIANA

A partir da reflexão acerca da história da filosofia na América Latina, é percebido que


estamos inseridos, na terceira época, mas como seria a análise do período ou fases da história
da filosofia na América Latina sobre a luz da filosofia da libertação? Dussel, apresentar sua
importância, visto que a filosofia da libertação dusseliana e a história da filosofia
latino-americana possuem uma forte ligação, pois a história desempenha o papel inicial na
realização da libertação, atuando como o cerne para a realização da filosofia da libertação
onde nas palavras de Dussel, é descrito que: “El punto de partida de la filosofía de la
liberación dusselina es una Histórica o filosofía de la historia de la filosofía, que pretende

46
Op. cit., p. 47
47
Ibidem.
reinterpretar el pensar mundial desde dos perspectivas.”48 Temos a história do movimento
filosofia da libertação e sua expansão enquanto corrente de pensamento latinoamericano. Um
pensamento crítico que atribui a si, a possibilidade de ser a voz do oprimido. Será exposto ao
longo do capítulo II, a história da filosofia da libertação e, em seguida, a exploração do que
consiste a filosofia da libertação enquanto voz dos oprimidos.

2.1. História da filosofia da libertação

Podemos compreender, em meio a síntese da apresentação da filosofia da libertação49,


que a filosofia da libertação foi influenciada, inicialmente nos anos 70, pelo conceito de Outro
de Lévinas, porém ao situar o pensamento com a obra de Frantz Fanon, Os condenados da
terra. Houve o “desmonte teórico” e correlacionado com a prática, em que o acesso histórico
era fundamental na destruição da “modernidade”, especificamente ​“ao mito da
modernidade”50, i.e, um movimento contra a ilusão do eurocentrismo frente a modernidade.

O primeiro pensador que realizou o caminho contra isso, foi Bartolomé de las Casas
em 1514 ao realizar o enfrentamento ao eurocentrismo, por meio do contra-discurso da
modernidade. A filosofia da libertação se separa de Lévinas, visto que deveria pensar a
vulnerabilidade do Outro visando o processo de reconstrução de uma nova ordem. Para tanto,
o filósofo da libertação não é a representação ou na fala em nome dos outros, mas assume a
responsabilidade de lutar pelo Outro que é a vítima, a mulher oprimida do patriarcalismo, o
negro, o índio, o oprimido. A filosofia da libertação situa a nossa existência, enquanto
oprimido, e não supor que a inexistência de dominador ou dominado.

Necessário compreender como qual é o contexto da situação, pois bem, trazermos a


tona não apenas a análise histórica elaborada por Dussel da época mais também de Eduardo
Galeano na obra ​As veias abertas da América Latina​, que nos diz: “Bacon, De Maistre,
Montesquieu, Hume e Bodin negaram-se a reconhecer “homens degradados” do Novo Mundo
como seus semelhantes. Hegel falou da impotência física e espiritual da América e que os
indígenas tinham perecido ao receber o sopro da Europa” E sobre o pensador que realizou o
contradiscurso aos europeus, o autor diz: “O frei Bartolomé de Las Casas agitava a corte
espanhola com suas denúncias da crueldade dos conquistadores da América: em 1557, um
membro do conselho real lhe respondeu que os índios estavam muito abaixo na escala da
humanidade para serem capazes de receber a fé”. Las Casas, em um tom irônico, ainda
segundo o autor, diz: “os índios preferiam ir para o inferno para não se encontrarem com os
cristãos.” (GALEANO, 2019. p.68)

48
Cf. DUSSEL. ​Introducción a la Filosofía de la Liberación Latinoamericana​. 5ª ed. Editorial
Nueva América: Bogotá, 1995 (p. 39)
49
Cf. DUSSEL. ​A Filosofia da Libertação frente aos estudos pós-coloniais, subalternos e a
pós-modernidade.​ Rev. Direito e Práx. Rio de Janeiro. (p. 3240-3243).
50
Podemos compreender “o mito da modernidade” refere-se
A filosofia da libertação tem origem na Argentina, como forma alternativa de produzir
filosofia. Sobre seu surgimento, temos:

“Hace algo más de veinte años, a finales de la década del 60, surgía en
América Latina la Filosofía de la Liberación –en Argentina, al comienzo, y
lentamente en todo el continente, posteriormente en algunos lugares del
Mundo periférico y aun de países centrales–. [...] latinoamericanista ha debido
nutrirse de un mayor rigor metodológico. Todo ello alienta la “tradición”
filosófica en la que se originó la Filosofía de la Liberación, por lo que hoy
puede crecer con mayor claridad que antes, en la primera década del siglo
XXI. Y, sobre todo, la realidad desde la cual surgió dicha filosofía, es hoy
más acuciante que nunca, en continua y desesperante espiral de subdesarrollo:
la miseria, la pobreza, la explotación de los oprimidos de la periferia mundial
(en América Latina, Africa o Asia), de las clases dominadas.” 51

A filosofia da libertação, busca por recuperar a filosofia ameridiana enquanto objeto


investigativo da filosofia (como é o caso do pensamento crítico dos povos amautas incas). As três
etapas descritas por Dussel são:

“(i.) La primera, ante el proceso de la Conquista (desde 1511 con la protesta


de Antón de Montesino), toma conciencia de la injusticia en el nivel de la
historia mundial naciente La disputa de Valladolid (1550) entre Ginés de
Sepúlveda (el filósofo moderno hegemónico) y Bartolomé de las Casas (el
contradiscurso crítico) es un primer ejemplo de ello. (ii.)La segunda, ante el
proceso de la primera emancipación (desde 1750 aproximadamente), irrumpe
con un pensamiento crítico de liberación, desde un Benito Díaz de Gamarra,
con su Elementa Recientioris Philosophiae (1774), un Carlos de Sigüenza y
Góngora o Francisco Xavier Clavigero, contra el absolutismo borbónico. Pero
en especial son los supuestos filosóficos de un fray Servando de Mier (en
México), Manuel M. Moreno (1778-1811, en el Plata), Simón Rodríguez
(1751-1854 en Venezuela), el mismo Simón Bolivar, Juan Germán Rocío u
otros patriotas que manifiestan un discurso de liberación. (iii.) La tercera, ante
el proceso de la segunda emancipación. Desde un Mariátegui (1895-1930) con
sus Siete ensayos sobre la realidad peruana (Lima, 1928) a la revolución
cubana (1959), se va originando el tercer momento de la Filosofía de la
Liberación o su surgimiento en sentido estricto. Desde la crisis del populismo
y el desarrollismo, en el movimiento del 68 en América Latina, por el
descubrimiento de la articulación de la filosofía con el proceso de
subdesarrollo periférico, que Salazar Bondy (1925-1974) problematiza en
¿Existe una filosofía en América Latina?, se toma conciencia filosófica de la
posición dominada y dependiente en el “sistema mundo” –como define
I.Wallerstein–. Nace así la Filosofía de la Liberación contemporánea.”52

51
Cf.ASTRAIN, Ricardo Salas. (org) Pensamiento Crítico Latinoamericano​: Conceptos
Fundamentales.​ Ediciones UCSH: Chile, 2005 ​(Dussel. Filosofía de la liberacon. p. 373)
52
Op. cit., p. 374
De modo geral, podemos compreender que a filosofia da libertação, surgiu como um
movimento para compreender o papel da filosofia latino americana, e em busca de sua
história. Realizando o exercício de compreender a existência de pensadores que possibilitaram
o livre pensar ao longo da história do Continente latino-americano.

A origem da filosofia da libertação é constituída no II Congresso Nacional de Filosofía


argentino, en Córdoba en 1971. Temos a participação da filosofia da libertação em
congressos, simpósios ao longo da América Latina. Sendo uma participação importante nos
anos 1989-1993, por meio dos debates entre os filósofos europeus modernos, dentre eles a
hermenêutica de Paul Ricoeur e a filosofia da libertação dusseliana.53

2.2. Filosofia da libertação: A voz do oprimido.

A filosofia da libertação é efetivada, por meio do exercício de revisão histórica de si e


ser a voz do oprimido como o espírito construtivo vivo no diálogo e na história mundial. É,
como nos diz Dussel: ​“la Filosofía de la Liberación parte de la realidad de la miseria, la
pobreza, la explotación”54. E ao partir dessa realidade, a filosofia da libertação é:

“Contra la ontología clásica del centro, desde Hegel hasta Marcuse, por
nombrar lo más lúcido de Europa, se levanta una filosofía de la liberación de
la periferia, de los oprimidos, la sombra que la luz del ser no ha podido
iluminar. Desde el no-ser, la nada, el otro, la exterioridad, el misterio de lo
sin-sentido, partirá nuestro pensar. Es entonces, una "filosofía bárbara"”
(DUSSEL, 1996. p. 26)

E, como dito antes, a filosofia da libertação precisa antes de ser filosofia da libertação,
o exercício da práxis da realidade, ou seja, a práxis da libertação. Tomando em evidência a
condição do sujeito latino-americano e sua realidade. Prosseguirmos que o sentido esperado
para isso é:

“describir el sentido de la praxis de liberación que sólo abstractamente


vislumbraron los críticos post-hegelianos de izquierda europeos y que sólo la
praxis de los actuales pueblos oprimidos de la periferia, los trabajadores
asalariados ante el capital, de la mujer violada por el machismo y del hijo
domesticado pueden en realidad revelarnos”55

Vemos que os oprimidos são valorizados, por meio dessa filosofia, em que tornam-se
o tema central da filosofia da libertação, a voz do povo. E em mesmo ponto, convidá-os para
fazer sua voz ser ouvida. Como uma filosofia que articular com a realidade do Outro e o põe

53
Passim. Op. cit., p. 376-380.
54
Op. cit., p.380
55
Cf: DUSSEL. ​Filosofia de la liberación​. Editorial Nueva América: Bogotá, 1996. (p. ​27)
como tema central da discussão, a filosofia da libertação, possui algumas exigências que são
citadas abaixo:

“Llamamos "Filosofía de la liberación" al discurso estrictamente filosófico,


saber científico-dialéctico, que da prioridad temática (el "de" como genitivo
objetivo) a la praxis de liberación del oprimido (histórico social como clase,
geopolíticamente como nación, sexualmente como oprimido por la ideología y
prácticas machistas, pedagógicamente alienado y todo encerrado en un
fetichismo idolátrico), y prioridad en cuanto origen y fundamentalidad (el
"de" como genitivo subjetivo) a la liberación de la filosofía de la ingenuidad
de su autonomía absoluta como teoría. La "filosofía de la liberación" es un
saber teórico articulado a la praxis de liberación de los oprimidos, hecho que
piensa en primer lugar y como condición de posibilidad de todo otro tema.”56

Assim como Aristóteles possui as suas categorias, e dentre elas a categoria de


substância e essência se sobressai, a categoria em Dussel que se sobrepõe às outras é a
categoria de Exterioridade. E sobre ela Dussel, informa:

“Aquí abordamos la categoría más importante, en cuanto tal, de la filosofía de


la liberación, en mi interpretación. Sólo ahora se podrá contar con el
instrumental interpretativo suficiente para comenzar un discurso filosófico
desde la periferia, desde los oprimidos [...] Es la novedad de nuestros pueblos
lo que se debe reflejar como novedad filosófica y no a la inversa.”57

E, sobre a exterioridade. O primeiro aspecto que trazemos é que a exterioridade


dusseliana não possui o mesmo sentido da exterioridade hegeliana, pois para Hegel a
“exterioridade é interior à totalidade do ser, ou pôr fim, da ideia”58. Além disso, é realizado o
caminho que o oprimido realiza, tal como o ser que é o fundamento de todo o sistema.
Pensando que a condição do oprimido fere ao sistema com atributo negativo, ao passo que a
tentativa de saciar estruturalmente a fome do oprimido seria a mudança radical do sistema.59
Dussel aponta também que: “O rosto do outro, primeiramente como pobre e oprimido, revela
realmente um povo, mas do que a mera pessoa singular.”60 Realizando dessa maneira o
exercício que o outro deverá usar para chegar na exterioridade e pensar a si, enquanto ser
existente, como ferida de um sistema. Exercendo o seu ser como o Outro, e não como um ser
pessoa de modo particular. E, em seu texto original, Dussel prossegue realizando a
apresentação crítica do papel do outro e da categoria da exterioridade que nos diz:

“En cuanto otro incondicionado, exterior, el otro como otro consiste en un


no-ser. Más allá del horizonte del ser, el otro es el bárbaro (que no es hombre

56
Cf. DUSSEL. ​La Praxis y la filosofía de la liberación​. Editorial Nueva América: Bogotá, 1983. (p.31)
57
DUSSEL. (Filosofía de la liberación), 1994. p.55
58
DUSSEL. (Filosofia da libertação) . p. 47
59
Op. cit., p.48
60
Op. cit., p. 50
para Aristóteles), o la mujer en la sociedad machista (que es castrada para
Freud), o el huérfano que nada es y todo lo debe aprender (como el Emilio de
Rousseau). Por cuanto no es, en cuanto alteridad de la totalidad, igualmente
puede decirse que es nada.”61

A filosofia da libertação e a história da filosofia latinoamericana, caminham juntas em


relação aos momentos que tratam de expor o que é o conhecimento no Continente
latino-americano. A história da filosofia da libertação é apreendida com o enfrentamento de
Las Casas até a filosofia da libertação contemporânea com a denúncia do mito da
modernidade. E, em uma esfera de pensamento dusseliana nos situa a seguir uma filosofia da
libertação que seja capaz de situar o oprimido no discurso e encontra-se como o outro.
Podemos encontrar com o mesmo espírito dusseliano nos versos de Jonhn Lima:

“em criação de novo fruto


em substituição do saber moribundo
em busca de compreensão do ser
mas não pelos olhos dos outros

pois seu meu povo


o quando podemos ser novo
em ser os olhos de nossa própria face
exercendo assim o direito genuíno de ser
antes de mais nada
ser gente
que pensa reflete e exerce
o seu direito de ser”62

Sendo assim, como nos versos de Lima, a filosofia da libertação dusseliana indagá-nos
a exercer o direito de pensar a nossa existência e o dizê-lo, não realizando pressuposições que
sabemos não corresponder à nossa realidade. Assumir o nosso pensamento crítico de modo
latino-americano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A história da filosofia latino-americana é dividido em três momentos que tangem


desde a época colonial a época da profissionalização da filosofia nas universidades. É, em
Dussel que temos o nosso sentido crítico frente ao eurocentrismo, realizando um contar
distinto do dominador, mas promovendo o diálogo com ele, enquanto outro, i.e, enquanto
povo oprimido. Servindo como base, para a postulação do que é o pensamento legítimo
latino-americano, como filosofia da libertação: a voz do oprimido, a voz da periferia, a voz do
outro em frente ao sistema que quer apenas comentá a nossa existência. É Dussel o porta voz.

61
DUSSEL. (Filosofía de la liberación), 1994. p. 61
62
LIMA; FLORES, 2019. p. 40.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ASTRAIN, Ricardo Salas.(org) Pensamiento Crítico Latinoamericano​: Conceptos


Fundamentales. Ediciones UCSH: Chile, 2005

DUSSEL, Enrique. ​Historia de la filosofía latinoamericana y filosofía de la liberacion.


Editorial Nueva América: Bogotá, 1994.

______. ​Filosofía de la liberación​. Editorial Nueva América: Bogotá, 1994.

______. ​Filosofia da libertação: na América Latina. trad. Luiz João Gaio. 1ª ed (portuguesa).
Loyola: São Paulo, 1982

______. ​La Praxis y la filosofía de la liberación​. Editorial Nueva América: Bogotá, 1983.

______. ​A Filosofia da Libertação frente aos estudos pós-coloniais, subalternos e a


pós-modernidade​. trad. Lucas Fagundes Machado e E. Emiliano Maldonado. vol 08. Rev.
Direito e Práx. Rio de Janeiro, 2017.

FLORES, Alberto V. ​O liberalismo em Ibero-América:​ um pensamento “fora” do lugar

FLORES, Alberto V; LIMA, Jonhn. ​Gênesis do centenário da semana de arte moderna:


poema. Goiânia​, ​GO: Editora Phillos, 2019.

GALEANO, Eduardo. ​As veias abertas da América Latina​. trad. Sérgio Faraco. Porto
Alegre, RS: L&PM,2019

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