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Polícia ZERO HORA DOMINGO, 18 DE ABRIL DE 2010 Editor: Marcelo Ermel - 3218-4737

policia@zerohora.com.br
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Corrupção
nas cadeias
(1)

Em meio a celas superlotadas e longe da


fiscalização da sociedade, alguns agentes
penitenciários subornam, facilitam acesso
a armas e a celulares e torturam presos

CARLOS ETCHICHURY e JULIANA BUBLITZ

D
entro das cadeias gaúchas, dência, ancorada nos anos 60, década de sua ma penitenciário. Em média, são instaurados
protegidos pela cumplicidade criação, conspira a favor da impunidade. Na entre 250 e 350 procedimentos por ano. Nos
de presos e de seus familiares, Susepe, nada impede que o corregedor de ho- últimos cinco anos, 419 servidores sofreram
agentes penitenciários gaúchos je, responsável por reprimir desvios e depurar algum tipo de punição – diz o corregedor-ge-
são acusados de vender drogas o órgão, seja o carcereiro de amanhã, abrindo e ral da Susepe, Homero Diógenes Negrello.
e celulares, liberar apenados sem autorização fechando celas no fundo de uma galeria, ombro É nesse contexto que proliferam extorsões,
judicial e extorquir e torturar presidiários. a ombro com um colega por ele investigado. achaques e espancamentos, como o ocorrido
Face oculta do caos instalado nas decrépitas O resultado é uma corregedoria permissiva, semana passada na Penitenciária Regional
e superlotadas penitenciárias do Rio Grande que pune condutas suspeitas transferindo fun- de Caxias do Sul. Flagrada pelas câmeras de
do Sul, a realidade não se restringe às celas: ul- cionários – foi o que aconteceu com um agente vídeo da própria instituição, as imagens de
trapassa muros e grades e repercute na vida de indiciado pela Polícia Federal suspeito de parti- agentes torturando presos abalaram a prisão
inocentes, fora das prisões, em todo o Estado. cipar de uma quadrilha de furto e roubo de ve- que a Susepe considera modelo no Estado.
Investigações desencadeadas por órgãos ículos desarticulada no Estado. É um exemplo, São tantas as denúncias que promotores da
como Ministério Público, Polícia Civil e Polí- mas há dezenas de situações semelhantes. Vara de Execuções Criminais (VEC) da Capital
cia Federal demonstram que as ações ilícitas Medidas drásticas, como demissões, são in- decidiram agir. Até 2008, eles informavam à Po-
de alguns servidores da Superintendência dos comuns. Em uma década, apenas 12 agentes lícia Civil, à corregedoria e à colegas do MP que
Serviços Penitenciários (Susepe) contribuem, foram expulsos num universo de 2,5 mil con- atuam nas áreas criminais sobre os indícios de
direta e indiretamente, para a multiplicação cursados. Para efeito de comparação, em igual crime. Com exceções, a apuração era pífia. Agora,
de crimes como homicídios, furtos e roubos. período a Polícia Civil, com 5 mil integrantes, eles mesmo investigam.
A maior parte dos casos, porém, sequer é expurgou da corporação 165 maus policiais O resultado, ainda tímido, já é percebido. No
investigada. Já que os delitos praticados pelos – um número sete vezes superior. ano passado, 10 agentes foram presos e pelo
funcionários das cadeias gaúchas têm crimi- – A nossa legislação é diferente. Há uma menos 30 denunciados. De hoje a terça-feira,
nosos como vítimas ou comparsas, raramen- sindicância e, posteriormente, o processo é Zero Hora revela, em uma série de reporta-
te chegam ao conhecimento das autoridades. enviado para a Procuradoria-geral do Estado gens, como o crime corrói o cárcere.
Quando chegam, não são prioritários. (PGE), que decide sobre a demissão. Creio
Caberia à Susepe coibir abusos e punir ilíci- que foge da nossa atribuição eu afirmar o por- carlos.etchichury@zerohora.com.br
tos no cárcere. Mas a estrutura da superinten- quê de as demissões serem menores no siste- juliana.bublitz@zerohora.com.br

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