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CAPÍTULO I
Nada mais contraditório que esta concepção de infância que o adulto construiu
depois de passar por tal período. Identificada por um idealismo que ignora as
circunstâncias presentes na vida infantil, seu caráter utópico foi anunciado e
difundido pelos poetas românticos, que a cantaram como o período por
excelência da vida humana. Dessa forma, foi elaborada uma série de atributos
que qualificam os pequenos e reproduzem ideologicamente sua diminuição
social: a menoridade, a fragilidade física e moral, a imaturidade intelectual e
afetiva. É o que leva todo pequeno, que vivencia diariamente essa
inferioridade, a querer suplantar esta fase e todo adulto a almejar sua
recuperação.
Não é por acaso que a burguesia ascendente dos séculos XVIII e XIX
foi a patrocinadora da expansão e aperfeiçoamento desse sistema escolar.
Retirando o direito de expressão dos menores, habilitava-se à transmissão do
conhecimento segundo o ponto de vista do adulto, postulando como
imprescindível a posse de um tipo de saber que a criança não possui, o que
ainda lhe garante mais razão e poder.
Convém ainda lembrar que muitos livros escritos para adultos foram
adotados pela infância como as Aventuras de Robinson Crusoé e as Viagens
deGulliver. É certo também que a verdadeira literatura infantil agrada aos adultos.
Quem não se enternece com a história do Patinho Feio? Qual o adulto que não se
diverte com as traquinagens da Emília?
Na verdade toda obra literária destinada às crianças pode ser lida pelo
adulto. A literatura para adultos, ao contrário, apenas destina-se a eles. Nesse
sentido ela é menos abrangente que a infantil.
pelo adulto como o principal elo entre ele e o futuro. Esta grande relevância dada
ao papel infantil em nossa sociedade vem se traduzindo na elaboração de uma
literatura para crianças cada vez mais elaborada e de qualidade.
O Brasil é um país onde os livros de literatura são muito caros e não são
muito valorizados. Procurando incentivar a utilização de livros e despertar o gosto
pela leitura, o Governo Federal investiu na compra de livros de literatura infantil,
para as séries iniciais e finais do Ensino fundamental. As escolas receberam
vários livros do programa “Literatura em minha casa”, onde os alunos ganhavam
livros para levar para casa. O único inconveniente era que os livros eram muito
grossos, o que assustava principalmente os alunos que não tinham o hábito de
leitura. Nas séries iniciais os alunos costumam escolher o livro pela grossura do
mesmo e não pelo tema. Os livros eram de gêneros diversos: poesias, crônicas,
narrativas, folclore, contos, teatro, etc.
Em 2006, o governo federal mandou para as escolas acervos
bibliográficos para os professores trabalharem com literatura em sala de aula. A
única diferença foi que os livros agora não podem ser entregues para o aluno,
mas sim apenas emprestar. Nessa coleção, segundo a professora, existem livros
de imagem, poesias, contos, narrativas, etc., todos de excelente qualidade.
Para concluir, é preciso ressaltar que o mundo da literatura tem muitas
facetas. Lê-se para: ampliar o conhecimento, obter informações, diversões para
chegar ao “prazer do texto”. A história de letramento da criança influencia no seu
desenvolvimento como leitor e produtora de textos.
que uma pessoa precisa ter para decifrar e traduzir o escrito em linguagem oral.
Aqui está o segredo da atividade do professor. Todo professor deveria um dia
olhar uma palavra, por exemplo, casa, e escrever todos os conhecimentos
necessários para ler essa palavra. É isso que ele vai ensinar na alfabetização.
Não basta dizer.
Alfabetizar-se ou adquirir letramento, faz parte da continuidade da
proposta educacional de qualquer metodologia de ensino e é comum as crianças
iniciarem este processo por volta dos 5 (cinco) anos de idade, concluindo-o aos 7
anos. Trata-se, portanto, da habilitação do código escrito, que ocorre com
quaisquer crianças ditas normais, desde que seja submetida a adequadas
condições de ensino.
A criança que não consegue ler não é capaz de escrever, podendo ser
capaz de copiar, mas não de expressar-se com significado pessoal, pois a
expressão não pode preceder a recepção. O professor, experiente, é conhecedor
desta realidade ao deparar-se com criança “copistas” que atualmente frequentam
as salas de aula, inclusive em séries mais avançadas, favorecidas pela política
educacional atual, da aprovação automática. Por um lado, trata-se de crianças
possuidoras de reais patologias de leitura e escrita, como a dislexia, mas por
outro lado, podem ser frutos da incompetência do sistema educacional,
responsável pela produção do fracasso escolar.
Kleiman (1995, p. 25) diz que: “A palavra letramento não está
dicionarizada pela complexidade e variação dos tipos de estudos que se
enquadram neste domínio. O argumento que justifica o uso do termo ao invés da
alfabetização está no fato de que, em certas classes sociais as crianças são
letradas, antes mesmo de serem alfabetizadas”. Isso é certo, principalmente
porque percebemos que quando a criança tem contato com a escrita ela se
desenvolve mais rápido na leitura e escrita.Segundo Teberosky (1994, p: 25),
letramento significa “trazer a língua materna com toda sua riqueza para a sala de
aula, tornando o ambiente instigante para o pensamento e não um ambiente
alfabetizador com palavras isoladas descontextualizadas, portanto sem sentido”.
O ambiente da sala de aula é pois de grande importância para o letramento. É
preciso que a criança se sinta motivada a pensar e participar das atividades
propostas. Porém, há palavras e textos que aparecem no ambiente alfabetizador
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que devem estar contextualizados, portanto com sentido para que o aluno tenha
prazer em ler e escrever.
Teberosky, citado por Kleiman (1999, p: 29), afirma que,
Para entender a atividade de compor textos deve-se considerar que o ato de escrever
supõe um conhecimento das normas sobre qual a linguagem que se
escreve e sobre como colocar essa linguagem nos textos”. Esse
conhecimento pode ser denominado conhecimento letrado porque
implica saber ler ou pelo menos ouvir leituras.
descobrir sua funcionalidade e exercer na prática, papéis diferenciados como: leitor, escritor,
crítico e revisor.
para que o alfabetizado possa usar a escrita nas suas diversas funções e em
diferentes contextos”. Ou ainda, “é promover o processo de construção de
conhecimento do aluno em torno da escrita”.
As pesquisas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky contribuíram muito para
nos mostrar que não é a escola que apresenta a escrita às crianças.
Evidenciaram, também, que desde que elas estejam envolvidas em uso e funções
da escrita e se questionem sobre o seu funcionamento, está ocorrendo uma
aprendizagem.
Alfabetizar não se reduz ao domínio das “primeiras letras”. Envolve
também saber utilizar a língua escrita nas situações em que esta é necessária,
lendo e produzindo textos.
Ao desvendar a barreira do código, ao compreender como a língua
funciona, o sujeito da aprendizagem – o educando - está dando continuidade a
sua caminhada para o “letramento”.
Neste momento, ele vai se deparar com a língua em toda sua
complexidade, o que lhe exigirá cada vez mais um envolvimento intenso e
profundo com este objeto de conhecimento – a língua escrita.
Segundo Ferreiro (1986, p: 32), “a escrita é um objeto cultural, resultante
do esforço coletivo da humanidade. Desta forma cumpre diversas funções sociais
e tem meio concreto de existência. ”
Do ponto de vista histórico, este objeto cultural surge quando o homem
tem necessidades de comunicar o que viveu, sentiu, pensou e falou através dos
sistemas gráficos. A sociedade usa a escrita para propósitos variados e esta ideia
deve permear o uso da escrita na escola.
A partir do uso da língua como instrumento de comunicação, é que a
criança a descobre enquanto sistema de representação. É fundamental que a
língua escrita esteja presente na vida da criança, a fim de que ela desenvolva
hipótese sobre a mesma ao aprender a ler.
É importante que a criança perceba durante a sua vida escolar, que existe um mundo da
escrita, um mundo social, cultural, econômico, industrial; um mundo
da produção, edição e difusão onde todo o material impresso pode
ser contado em milhares ou centenas de milhares. Jolibert, (1994, p:
30).
De acordo com Luft (1995, p: 63) “A inteligência linguística, por outro lado
não é privilegio deste ou daquele, como outros tipos de inteligência. Pertence à
condição do ser humano, ser de linguagem verbal”.
Pássaros nascem programados para voar, peixes para nadar, assim o
homem nasce programado para (dentre outras coisas) falar. Com o avanço no
conhecimento é possível perceber o papel da escola no desenvolvimento de uma
aprendizagem que tem lugar fora dela. Não se trata de ensinar a fala ou fala
“correta”, mas sim as falas adequadas ao contexto de uso.