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Resumo:
Durante décadas a comunidade científica vem buscando encontrar a explicação científica para o fun-
cionamento da acupunctura, e a falta de respostas durante este tempo trouxe a esta prática milenar
um olhar de desconfiança do Ocidente. Na última década, com a evolução dos estudos sobre o tecido
conjuntivo e seu papel no organismo, muitos pontos começam a ser esclarecidos. Esta revisão mostra
em 2 partes, as mais recentes descobertas que colocam a fáscia como a base física e energética para
o funcionamento da acupunctura. Nesta 1ª parte apresentam-se os estudos sobre o papel da fáscia
no DeQi e na localização dos pontos de acupunctura e em uma próxima edição a 2ª parte mostrará
a revisão sobre o trajecto dos meridianos. Com esta informação, mostra-se a acupunctura por uma
visão palpável e compreensível para a mente ocidental relacionando esta prática milenar a estruturas
anatómicas, mostrando assim que o uso da acupunctura pode estar perfeitamente inserido na prática
da medicina moderna.
* Síntese curricular:
Licenciada em Engenharia Zootécnica pela Universidade Estadual Paulista Especialização pela Universidade do Arizona.
Mestrado em Genética Molecular pela Universidade de São Paulo. Diplomada em Massagem e Medicina Chinesa pelo Ins-
tituto Português de Naturologia. Terapeuta da área de massagem e acupunctura.
Uma vez que a agulha de acupunctura esteja acoplada ao tecido, os movimentos feitos na agulha enviam
um sinal através do tecido conjuntivo pela deformação da matriz extracelular como mostra a Figura 1 e a
Figura 2.
Langevin observou que depois da manipulação da agulha, as fibras de colágeno estavam mais retas, mais pró-
ximas e mais paralelas. É esta alteração no formato das fibras que causa uma transmissão de sinal mecânico
através da matriz extracelular e através do citoesqueleto dos fibroblastos e de outras células do tecido que
sofrem uma reorganização activa, este sinal atinge o interior das células, o que deve contribuir para os efeitos
terapêuticos da acupunctura (Lavengin et al, 2007). A reorganização do citoesqueleto em resposta ao sinal
mecânico recebido pela matriz extracelular pode induzir contração celular, migração ou síntese de proteínas
(Maniotis et al., 1997).
A tradução do sinal mecânico para o interior das células com a subsequente resposta celular e seus efeitos em
cadeia, podem explicar o porquê dos tratamentos de acupunctura terem efeitos que duram por muitos dias
ou semanas, ou mesmo resolvem o problema de forma permanente.
Além da acupunctura, outras formas de terapia manual tem a capacidade de causar deformação no tecido
conjuntivo, e assim produzir um sinal mecânico pelo tecido. Uma das técnicas dentro da Medicina Chinesa
com esta capacidade além da acupunctura é o Gua Sha, usado pelos terapeutas para aplicar força de com-
pressão ao paciente. Esta aplicação de força concentrada e localizada não é possível apenas com as mãos. A
estimulação mecânica feita neste caso nos tecidos moles, resulta em uma produção de factores mecânicos de
crescimento que activam e modificam células musculares e o tecido conjuntivo (Findley et al., 2012)
O ideograma Chinês que representa o ponto de acupunctura também significa “buraco”, o que dá a idéia
que os pontos são como fendas no tecido onde a agulha pode penetrar mais profundamente e ter acesso a
componentes mais profundos do tecido (O’Connor e Bensky, 1981) (Figura 3).
Helene Lavegin analisou imagens de cortes transversais do braço com a localização de pontos dos 3 me-
ridianos Yin que por aí passam (Coração, Pulmão e Pericárdio) e dos 3 meridianos Yang (Intestino Grosso,
Intestino Delgado e Sanjiao) e verificou que 80% dos pontos de acupunctura deste meridianos localizam-se
em clivagens de planos fasciais, onde a agulha ao ser inserida encontrará uma maior quantidade de tecido
conjuntivo em relação aos pontos de controle.
James Fox junto com Helene Lavegin, em 2008 (Fox et al., 2008) fez um estudo através de imagens de ul-
trasom durante a puntura no ponto VB 32 (Zhongdu) e num ponto controle próximo (Figura 3). Para evitar
qualquer alteração mecânica na puntura, a mesma foi feita de forma computadorizada, por isso sempre igual
em todos os locais.
Os resultados deste trabalho mostraram que a capacidade das fibras do tecido conjuntivo se enrolarem na
agulha de acupunctura é maior no ponto de acupunctura em relação ao ponto controle, e que o estímulo
mecânico criado pela agulha, se propaga por mais tempo e a maior distância no ponto de acupunctura.
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