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O PAPEL DA FÁSCIA

Paola Augusta Kemenes


paola_augusta@hotmail.com

Resumo:

Durante décadas a comunidade científica vem buscando encontrar a explicação científica para o fun-
cionamento da acupunctura, e a falta de respostas durante este tempo trouxe a esta prática milenar
um olhar de desconfiança do Ocidente. Na última década, com a evolução dos estudos sobre o tecido
conjuntivo e seu papel no organismo, muitos pontos começam a ser esclarecidos. Esta revisão mostra
em 2 partes, as mais recentes descobertas que colocam a fáscia como a base física e energética para
o funcionamento da acupunctura. Nesta 1ª parte apresentam-se os estudos sobre o papel da fáscia
no DeQi e na localização dos pontos de acupunctura e em uma próxima edição a 2ª parte mostrará
a revisão sobre o trajecto dos meridianos. Com esta informação, mostra-se a acupunctura por uma
visão palpável e compreensível para a mente ocidental relacionando esta prática milenar a estruturas
anatómicas, mostrando assim que o uso da acupunctura pode estar perfeitamente inserido na prática
da medicina moderna.

■■ Introdução termo “fáscia” significa banda (um longo e estrei-


to pedaço de material).
Há mais de 100 anos atrás, quando o Ocidente O estudo da fáscia não avançou durante muito
descobriu a Medicina Tradicional Chinesa, ou tempo já que sua observação em cadáveres estava
quando Andrew Taylor Still fundou a Osteopa- longe de refletir a complexidade do seu papel no
tia (Still abriu a American School of Osteopathy em organismo. Na verdade a própria fragilidade da
1892), a fáscia era vista somente como um tecido fáscia, sendo um tecido finíssimo tornava quase
de proteção e sustentação, um tecido que envolvia impossível um estudo mais aprofundado.
outros tecidos. Na verdade, em latim clássico o

* Síntese curricular:

Licenciada em Engenharia Zootécnica pela Universidade Estadual Paulista Especialização pela Universidade do Arizona.
Mestrado em Genética Molecular pela Universidade de São Paulo. Diplomada em Massagem e Medicina Chinesa pelo Ins-
tituto Português de Naturologia. Terapeuta da área de massagem e acupunctura.

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Nas últimas décadas do século XX, a quantidade mecanismo de funcionamento da acupunctura no
de estudos sobre a fáscia aumentou significativa- organismo, sem conseguir esclarecer totalmente
mente, sendo que estes estudos nos mostraram este mecanismo.
que este tecido tem um papel bastante mais com- Não é nenhuma surpresa que o Ocidente tenha
plexo e abranjente no organismo, sendo essencial dificuldade em aceitar qualquer metodologia que
para o crescimento e suporte do mesmo. No pri- não possa ser explicada em termos palpáveis. Li
meiro International Fascia Research Congress em 2007, Ping, em seu livro “El Gran Libro de la Medici-
a fáscia foi definida como: “a componente de tecido na China” diz sobre este assunto: “enquanto no
mole do tecido conjuntivo que permeia o corpo, formando Oriente os conceitos podem ser abstratos, no Oci-
uma matriz contínua, tridimensional que dá suporte es- dente existe uma necessidade de bases palpáveis e
trutural a todo o corpo. Ele interpenetra e envolve todos científicas para que qualquer método de trabalho
os órgãos, músculos, ossos e fibras nervosas, criando uma tenha credibilidade” (Li Ping, 2002)
integração para o funcionamento dos sistemas do corpo.” A fáscia, segundo mostram os estudos mais re-
(Findley & Shalwala, 2013) centes (Myers, 2009; Findley, 2012; Langevin,
A fáscia promove suporte mecânico, movimento, 2009), pode ser uma espécie de “elo perdido” nos
transporte de fluidos, transporte celular, contro- estudos sobre o funcionamento da acupunctura,
la o metabolismo em outros tecidos e fornece esclarecendo alguns conceitos em uma lingua-
ao corpo globalidade. Ao conectar todo o corpo gem palpável, de fácil compreenssão para a mente
em uma rede única sem interrupções, a fáscia é ocidental, o que auxilia sobremaneira a aceitação
o tecido capaz de transmitir informações a lon- desta metodologia nos países Ocidentais, especial-
ga distância. O equilíbrio e a integridade da fáscia mente pela comunidade médica.
refletem-se na homeostase do organismo ou no Com os dados obtidos nestes estudos mais recen-
desequilíbrio do mesmo. tes, pode-se dizer que a fáscia (rede de tecido con-
Provavelmente o termo globalidade, ou rede única juntivo) é a estrutura física por onde passa o Qi. É
sem interrupções, ou ainda outros termos indi- sobre este tecido que estão localizados os canais
cando a capacidade deste tecido percorrer todo o energéticos ou meridianos, e quando algo não está
corpo chamou a atenção de alguns membros da bem com a fáscia o organismo irá estar em dese-
classe científica, especialmente os ligados a estu- quilíbrio (Langevin e Yandow, 2002).
dos de circulação de energia no corpo e os ligados Em condições normais a fáscia deve ser flexivel e
a terapias manuais e holísticas. deslizante. As restrições e aderências na fáscia que
Em 2000, em seu livro Energy Medicine, James Osh- podem ocorrer por stress, traumatismos, más pos-
man diz que a trama do tecido conjuntivo é uma turas, etc, tornam a fáscia mais rígida e encurtada,
rede de comunicação semicondutora que pode levando a dor, restrição de movimentos e mau
transportar sinais entre todas as partes do corpo, funcionamento dos órgãos. Qualquer problema
e ainda tem a capacidade de gerar energia já que na fáscia afeta e muitas vezes cria problemas de
cada movimento e cada compressão do corpo faz saúde para os quais não existe qualquer explicação
com que a grade cristalina do tecido conjuntivo dentro dos métodos de diagnóstico da Medicina
gere sinais bioelétricos. Assim qualquer movimen- Ocidental.
to do corpo produz e faz circular energia e infor- Os desequilíbrios da fáscia não aparecem em exa-
mações. (Oschman, 2000) mes e métodos complementares de diagnósticos,
Esta capacidade condutora da fáscia desperta a e podem ser a razão pela qual, já há milhares de
atenção de outro grupo de pesquisadores: aque- anos a Medicina Chinesa saber avaliar os desequi-
les que há décadas vinham tentando perceber o líbrios do corpo antes mesmo destes tornarem-se

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perceptíveis. Assim, apesar da acupunctura e das cas demonstraram que nas regiões dos acu-
descobertas mais recentes sobre o tecido conjun- puntos existem numerosos ramos nervosos,
tivo e seu papel no corpo estarem separados por plexos e terminações neurais. Estes estudos
milhares de anos, a acupunctura e a fáscia parecem falharam porém na compreenção das estrutu-
estar intimamente relacionadas. ras envolvendo os meridianos.

■■ A Acupunctura e o Ocidente – A 2. Modelo neuroquimico ou neurohumoral


Necessidade de Confirmação – envolve o efeito mais estudado da acupunc-
tura, o efeito analgésico. Este modelo mostra
A acupunctura começou a ser praticada com mais que a acupunctura estimula a produção de
ênfase no ocidente a partir da década de 60, e a substâncias como endorfinas e serotoninas ou
medida que a acupunctura vai conquistando espa- estimula a ligação destas substâncias a seus re-
ço como uma opção terapêutica, cresce o interesse ceptores, no entanto, a sua explicação para os
e a necessidade de explicar esta metodologia em efeitos sistémicos da acupunctura carece ainda
termos científicos. No ocidente o método cientí- de confirmação.
fico visa dar objetividade as nossas observações
empregando a experimentação com controlo de 3. Modelo bioelétrico – este modelo surgiu
alguns parâmetros enquanto se investigam outras quando as análises anatomicas foram incapa-
variáveis. zes de explicar os meridianos da acupunctura
Na área da saúde normalmente os estudos seguem e seu trajecto. O modelo bioelétrico revelou
duas linhas: o estudo dos mecanismos de ação e que as áreas cutâneas onde se situam os pon-
a eficácia terapêutica, e no caso da acupunctura tos de acupuntura, assim como a trajetória dos
ambos trouxeram grandes dificuldades para a co- canais energéticos, apresentam maior conduti-
munidade científica. Neste trabalho nos interessa vidade elétrica. A base deste modelo foi a já
o papel da fáscia no mecanismo de ação da acu- descoberta ligação dos pontos de acupunctura
punctura e por isso os trabalhos sobre a eficácia com áreas de concentração do sistema nervo-
terapêutica poderão ser consultados em outras so. O funcionamento do sistema nervoso, cria
fontes. um campo eletromagnético, pois a condução
Até antes de 2000, os trabalhos existentes podem dos impulsos nervosos envolve uma grande
a grosso modo ser divididos em 3 grandes grupos: movimentação de íons a pequenas distâncias e
os estudos de anatomia; o modelo neuroquímico cargas elétricas oscilando que geram um cam-
e o modelo bioelétrico (Jayasurya, 1995; Lewith, po eletromagnético.
1985):
Apesar de estes modelos de estudo evidenciarem
1. Estudos de anatomia – envolvendo normal- e esclarecerem algumas das propriedades terapêu-
mente dissecação anatómica, onde os cientis- ticas da acupunctura, longe estão de substanciar
tas procuraram relacionar a anatomia do cor- muitos dos resultados obtidos pelos acupuntores.
po, tanto macroscópica como microscópica, Por exemplo, o modelo bioeléctrico não é capaz
em busca de estruturas que correspondessem de explicar porque o sinal causado pela estimula-
aos meridianos e aos pontos de acupunctura. ção de um ponto de acupunctura chega ao córtex
Diversos trabalhos conseguiram relacionar visual no cérebro mais rapidamente do que seria
grande parte dos pontos de acupunctura com capaz através dos circuitos neurológicos conheci-
o sistema nervoso. Observações microscópi- dos, mostrando que provavelmente o sinal utiliza

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outras vias de transmissão (Mattos, 2010). do lacunar. Com exceção do líquido lacunar, todas
Uma série de estudos no final do século XX se- as outras substâncias são sintetizadas pelas célu-
guem mostrando o papel do tecido fascial na acu- las do próprio tecido conjuntivo, os blastos, cuja
punctura, e os cientistas viram aqui uma possibili- nomenclatura varia dependendo da localização do
dade de através desta relação responder a dúvidas tecido (osteoblastos, fibroblastos, condroblastos,
no mecanismo de funcionamento da acupunctura etc.) (Bienfait, 2004; Culav et al., 1999).
que nunca tinham ficado totalmente clarificadas A matriz extracelular formada então pelas proteí-
nos modelos de estudo usados anteriormente. nas estruturais fibrosas (colágeno e elastina), pelas
Esta revisão pretende mostrar estes novos concei- glicoproteínas adesivas e pelo gel de proteinogli-
tos e novas relações entre o conhecimento Oci- canos, é mais abundante que as próprias células
dental e a filosofia Oriental. do tecido conjuntivo. É a matriz que determina as
propriedades físicas do tecido e a forma do mes-
■■ A Fáscia mo em cada local e regula a actividade de suas
próprias células. Essencial ainda é que a matriz
A palavra fáscia, usada no singular por ser um te- extracelular distribui as tensões dos movimentos e
cido único, representa um conjunto membranoso da gravidade pelo corpo, gerando equilíbrio ou de-
muito extenso no qual tudo está ligado em conti- sequilíbrio, ou na linguagem da Medicina Chinesa
nuidade, uma entidade funcional que traz globa- saúde ou doença.
lidade ao organismo. Este tecido se espalha por
todo o corpo, formando uma rede ou teia contí- ■■ Colágeno e Elastina
nua desde o alto da cabeça até a ponta dos dedos
dos pés, envolvendo fibras musculares, grupos O colágeno e a elastina são as duas fibras prin-
musculares, vasos sanguíneos, nervos, e todos os cipais da matriz extracelular. A proporção entre
componentes do corpo, desde grandes órgãos até colágeno e elastina varia dependendo da localiza-
a mais pequena célula formando o tecido conjun- ção do tecido conjuntivo, sua função principal e
tivo, que representa 70% dos tecidos do corpo estímulos externos sobre este tecido.
humano (Bienfait, 2004). Promove suporte me- A elastina, proteína de longa duração, é estável e
cânico, movimento, transporte de fluidos, trans- tem baixa taxa de renovação. É responsável pela
porte celular, controla o metabolismo em outros maior parte da elasticidade dos tecidos permitindo
tecidos e fornece ao corpo globalidade. É preciso aos seus filamentos deformarem-se quando ten-
ter a noção inequivoca que este tecido fornece in- sionados, podendo estender-se 150% e retomar
tegridade ao organismo, sem a qual seríamos um sua forma anterior. Não é conhecido qualquer
aglomerado de células e tecidos desorganizados e mecanismo que estimule a produção de elastina,
sem comunicação entre si. mas sabe-se que a quantidade de elastina encon-
O tecido conjuntivo é formado pelas células do trada no tecido reflete a quantidade de stress me-
tecido conjuntivo e por sua matriz extracelular, cânico imposto a este e a solicitação de deforma-
sendo que ao contrário de outros tecidos como ção reversível (Culav et al., 1999).
a pele, ou os músculos que dependem prioritaria- O colágeno, proteína de curta duração, modifi-
mente das suas células constituintes, as proprie- ca-se a vida toda. É secretado de acordo com a
dades do tecido conjuntivo dependem principal- tensão produzida pelo tecido. Tensões mais pro-
mente da quantidade, tipo e organização da sua longadas levam a deposição de colágeno em série
matriz extracelular, formada por fibras (colágeno e assim os feixes de tecido conjuntivo ficam mais
e elastina), proteinoglicanos, glicoproteinas e líqui- longos, já tensões curtas e intermitentes densifi-

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cam o colágeno e sua deposição dá-se em para- no tecido. O tecido conjuntivo vai ter mais destas
lelo formando feixes conjuntivos mais resistentes cadeias de glicoproteínas e portanto mais hidrata-
e compactos, porém com menos elasticidade. ção quanto mais sujeito for a cargas de compres-
Quanto mais feixes de colágeno o tecido tiver, são como é por exemplo o caso das articulações.
menos elástico ele será. De qualquer forma a ca- Desta forma os proteinoglicanos tem a função de
pacidade de alongamento do colágeno é bastante dar rigidez a matriz extracelular, resistindo a com-
restrita, menos de 10% (Mattos, 2010). pressão e preenchendo espaços.
Esta capacidade de modificação das fibras de Existem fortes evidências mostrando que a altera-
colágeno parece ser a grande responsável pelos ção da fisiologia do tecido conjuntivo associada ao
desequilíbrios no organismo, já que uma das ca- stress mecânico, provoca uma mudança da quan-
racterísticas fundamentais da fáscia é que o menor tidade e do tipo de cadeias de proteinoglicanos,
tensionamento, seja ele activo ou passivo, repercu- o que altera também a forma habitual do tecido
te sobre o conjunto. Todas as peças anatómicas do (Bienfait, 2004).
corpo desta forma estão ligadas entre si. As fibras
de colágeno tornam-se mais densas numa tenta- ■■ Glicoproteínas e Integrinas
tiva de defenderem o tecido de tensões, e desta
forma o tecido fica mais sólido e menos elástico, As glicoproteínas assim como os proteinoglicanos
deixando de cumprir sua função mecânica e rece- possuem papel estrutural e metabólico no tecido
bendo desta forma uma maior carga de tensões, conjuntivo. Formam o muco de tecidos e secre-
voltando a se densificar. Além da redução na mo- ções. Estas moléculas tem um importante papel
bilidade e na elasticidade, a densificação do colá- em promover a conecção entre os componentes
geno deixa as fibras mais largas e reduz o espaço da matriz celular e entre o interior das células e a
extracelular prejudicando a circulação dos fluidos matriz extracelular. Através deste papel, tem uma
(Culav et al., 1999). importante função de regulação, sendo capazes de
promover mudanças não só no formato das célu-
■■ Proteinoglicanos las, como na proliferação e diferenciação celular
(Ingber, 1998).
Segundo componente mais abundante na matriz As integrinas constituem a principal família de
extracelular. São macromoléculas solúveis com receptores da superfície celular que intervém na
um papel estrutural e metabólico. Algumas fun- fixação da célula à matriz extracelular. A impor-
ções metabólicas importantes destas moléculas tância das integrinas é reforçada pelas funções
são a hidratação da matriz, a manutenção da esta- que desempenham numa ampla variedade de
bilidade da rede de colágeno e assim a habilidade processos bilógicos. As integrinas transmitem
de resistir a forças de compressão (Bienfait, 2004; informações de tensão e compressão da matriz
Culav et al., 1999). extracelular para o interior das células inclusive
Os proteinoglicanos ligam-se de forma covalente para o núcleo, e com isso regulam a organização
a uma ou mais cadeias de glicosaminoglicanos. As do citoesqueleto e modulam processos celulares
cadeias de glicosaminoglicanos tem carga negati- como proliferação e diferenciação celular, migra-
va e criam um potencial osmótico que faz com ção e posicionamento das células, ou simpesmente
que a matriz extracelular absorva água das áreas o tamanho e formado das mesmas (Dieter, 2005).
envolventes o que auxilia na manutenção da hidra-
tação da matriz, sendo que o grau de absorção vai
depender do número de cadeias de glicoproteínas

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■■ Fluido Intersticial e Circulação efeito biomecânico do De Qi pode ser chamado
de Água Livre de compressão da agulha (needle grasp 1) (Helms,
1995).
O fluido intersticial preenche todos os espaços Durante algum tempo a explicação fisiológica para
livres entre as células do tecido conjuntivo, entre a compressão da agulha era a contração da mus-
os feixes de colágeno e entre a rede de elastina. culatura esquelética (Gunn e Milbrandt, 1977) o
Este líquido, possui intensa actividade metabólica que entretanto não era suportado pelos resultados
com importante papel na nutrição dos tecidos e na quantitativos das pesquisas, já que a compressão
eliminação de substâncias. É a partir deste líquido da agulha acontecia mesmo em locais onde não
que se forma a linfa (Moore e Persaud, 2005). há musculatura esquelética como no pulso ou em
Como foi colocado anteriormente, a densifica- punturas superficiais apenas atingindo a pele. No
ção dos feixes de colágeno em resposta a tensões início dos anos 2000, Helene Langevin e sua equi-
constantes, reduz o espaço extracelular e conse- pa na Universidade de Vermont, começaram a tra-
quentemente o volume disponível para a circula- balhar com uma nova proposta: a de que o tecido
ção do fluido intersticial. envolvido na compressão da agulha era o tecido
Pelo fluido intersticial ocorre a circulação de água conjuntivo (Langevin et al., 2001).
livre, diferente da circulação de fluidos chamada Langevin propôs que a compressão da agulha
circulação de água associada. A circulação de água se dá porque as fibras de colágeno e elastina do
livre é uma circulação rápida, que ocorre utilizan- tecido conjuntivo se enrolam e comprimem a
do as mucinas hidrófilas dos feixes de colágeno agulha durante a rotação da mesma. Desta forma
como “conductos”, uma vez que a fisiologia das uma ligação mecânica entre tecido e agulha é es-
mucinas permite trocas osmóticas mediante alte- tabelecida e um sinal mecânico é transmitido. A
ração de densidade no meio interno. Marcell Bien- subsequente tradução deste sinal mecânico para a
fait diz sobre esta circulação: “...Não é ridículo resposta celular pode explicar os efeitos locais e
pensarmos que essa circulação vital poderia ser distais da acupunctura.
a circulação energética dos acupuntores. Ambas O enrolar das fibras do tecido conjuntivo ao redor
as circulações de água livre e de água associada, da agulha, resulta numa grande ampliação da co-
dependem do movimento da fáscia e confirmam nexão mecânica entre a agulha e o tecido conjun-
a noção de globalidade deste tecido” (Bienfait, tivo no local da inserção. Existe porém logo
2004). no início da inserção, uma força que estimula as
fibras a começarem a se enrolar na agulha, sen-
■■ A Fáscia e a Sensação de De Qi do que esta força parece ser derivada da tensão
superficial da agulha, somada a atração elétrica
Um dos fenômenos ligados a prática da acupunc- (Langevin et al., 2001). Uma vez que o tecido
tura e que intriga os cientistas há décadas é a cha- conectivo é formado por células envolvidas pela
mada sensação de De Qi. Esta sensação é descrita matriz extracelular contendo fibras de colágeno
de muitas formas pelos pacientes: na forma de e elastina associadas a glicoproteinas e proteino-
ardor, pressão, choque, calor, etc e muitos auto- glicanos de carga negativa (Aumailley e Gayraud,
res consideram o De Qi essencial para o resultado 1998), a atração elétrica deve ocorrer entre o metal
positivo da prática da acupunctura. Enquanto o da agulha e as cargas do tecido. Esta força de atra-
paciente sente o De Qi, o terapeuta sente como se
1 Nos trabalhos científicos utilizados neste capítulo o termo utilizado
o tecido em volta da agulha se tivesse contraído e pelos autores é “needle grasp”, que traduzi como compressão da agulha
na falta de um termo mais correcto, já que o termo grasp ilustra melhor
segurasse a agulha com mais força, sendo que este a capacidade do tecido em envolver a agulha durante o estímulo da acu-
punctura.

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ção é fraca, mas com força suficiente para iniciar o enrolamento das fibras na agulha especialmente dado ao
pequeno diâmetro da mesma.

Uma vez que a agulha de acupunctura esteja acoplada ao tecido, os movimentos feitos na agulha enviam
um sinal através do tecido conjuntivo pela deformação da matriz extracelular como mostra a Figura 1 e a
Figura 2.

Langevin observou que depois da manipulação da agulha, as fibras de colágeno estavam mais retas, mais pró-
ximas e mais paralelas. É esta alteração no formato das fibras que causa uma transmissão de sinal mecânico
através da matriz extracelular e através do citoesqueleto dos fibroblastos e de outras células do tecido que
sofrem uma reorganização activa, este sinal atinge o interior das células, o que deve contribuir para os efeitos
terapêuticos da acupunctura (Lavengin et al, 2007). A reorganização do citoesqueleto em resposta ao sinal
mecânico recebido pela matriz extracelular pode induzir contração celular, migração ou síntese de proteínas
(Maniotis et al., 1997).

A tradução do sinal mecânico para o interior das células com a subsequente resposta celular e seus efeitos em
cadeia, podem explicar o porquê dos tratamentos de acupunctura terem efeitos que duram por muitos dias
ou semanas, ou mesmo resolvem o problema de forma permanente.

Figura 1: A imagem da esquerda mostra a inserção da agulha no tecido conjuntivo e a


direita mostra que com a rotação da agulha as fibras de colágeno representadas pelo ama-
relo enrolam-se na agulha. Os fibroblastos são atraídos por este sinal mecânico e o sinal chega ao
citoesqueleto representado pela área rosa escuro da figura (Langevin et al., 2001).

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Figura 2: Formação de uma espiral no tecido conjuntivo com a rotação da agulha em tecido conjuntivo observado ao
microscópio. Os números de 0 a 7 mostram o número de rotações efectuadas na agulha (Langevin e Yandow, 2002).

Além da acupunctura, outras formas de terapia manual tem a capacidade de causar deformação no tecido
conjuntivo, e assim produzir um sinal mecânico pelo tecido. Uma das técnicas dentro da Medicina Chinesa
com esta capacidade além da acupunctura é o Gua Sha, usado pelos terapeutas para aplicar força de com-
pressão ao paciente. Esta aplicação de força concentrada e localizada não é possível apenas com as mãos. A
estimulação mecânica feita neste caso nos tecidos moles, resulta em uma produção de factores mecânicos de
crescimento que activam e modificam células musculares e o tecido conjuntivo (Findley et al., 2012)

■■ A Fáscia e os Pontos de Acupunctura

O ideograma Chinês que representa o ponto de acupunctura também significa “buraco”, o que dá a idéia
que os pontos são como fendas no tecido onde a agulha pode penetrar mais profundamente e ter acesso a
componentes mais profundos do tecido (O’Connor e Bensky, 1981) (Figura 3).

Figura 3: ideograma Shu simplificado, usado de


maneira geral para representar todos os pontos do
corpo. O termo Shu tem diversas representações e
diversos significados. (Zhang, 2006)

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Os textos de acupunctura mais recentes relacionam a localização dos pontos a estruturas anatómicas e me-
didas específicas, mas apesar destas referências a melhor forma de encontrar o ponto exacto é através da
palpação, durante a qual o acupuntor procura por uma depressão leve ou mesmo pela sensação de ceder do
tecido a uma pressão suave (Langevin e Yandow, 2002).

Tradicionalmente a acupunctura é feita em pontos específicos do corpo, os pontos de acupunctura ao longo


de meridianos descritos á milhares de anos. Muitos destes locais como os estudos anteriores mostram resi-
dem sobre lâminas de tecido fascial entre os músculos ou entre músculos e tendões. Seguindo esta estrutura,
quando a agulha é inserida no ponto correcto, irá penetrar primeiro através da derme e tecido subcutâneo
e em seguida no tecido conjuntivo intersticial, enquanto que por outro lado se a agulha for inserida fora do
ponto correcto irá penetrar a derme e o tecido subcutâneo e depois chegar a uma estrutura como um osso
ou um músculo, como mostra a imagem na Figura 3

Figura 3: O ponto VB 32 (Zhongdu) situado no tecido conjuntivo de conexão entre os músculos


bíceps femoral e vasto lateral, e em preto o ponto de controle. Da mesma forma na figura da
direita o IG 14 (Binao) entre os planos fasciais e o ponto de controle (Lavegin e Yandow , 2002)

Helene Lavegin analisou imagens de cortes transversais do braço com a localização de pontos dos 3 me-
ridianos Yin que por aí passam (Coração, Pulmão e Pericárdio) e dos 3 meridianos Yang (Intestino Grosso,
Intestino Delgado e Sanjiao) e verificou que 80% dos pontos de acupunctura deste meridianos localizam-se
em clivagens de planos fasciais, onde a agulha ao ser inserida encontrará uma maior quantidade de tecido
conjuntivo em relação aos pontos de controle.
James Fox junto com Helene Lavegin, em 2008 (Fox et al., 2008) fez um estudo através de imagens de ul-
trasom durante a puntura no ponto VB 32 (Zhongdu) e num ponto controle próximo (Figura 3). Para evitar
qualquer alteração mecânica na puntura, a mesma foi feita de forma computadorizada, por isso sempre igual
em todos os locais.
Os resultados deste trabalho mostraram que a capacidade das fibras do tecido conjuntivo se enrolarem na
agulha de acupunctura é maior no ponto de acupunctura em relação ao ponto controle, e que o estímulo
mecânico criado pela agulha, se propaga por mais tempo e a maior distância no ponto de acupunctura.

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■■ A Fáscia e o Trajecto dos Meri- dianos” ou trilhos miofasciais formam linhas pelo
dianos corpo por onde são distribuidas trações, tensões,
fixações, compensações e a maioria dos movimen-
Os meridianos tão procurados por anatomistas, tos do corpo. Ao todo Myers descreve 12 linha
parecem afinal estar relacionados a linhas miofas- tensionais que se interconectam e dão sustentação
ciais de tensão criadas ao longo do corpo. biomecanica a todo corpo2. (Myers, 2009)
Este tema ficará para a 2ª parte desta revisão, onde Um dos fundamentos básicos utilizados por
se irá destacar o trabalho de dois autores que pa- Myers para definir os trilhos miofasciais foi a di-
recem ser se não os únicos, mas os primeiros a recção e profundidade das fibras fasciais encon-
desenvolver um conceito mais profundo relacio- tradas. Segundo ele, os trilhos miofasciais devem
nando a fáscia com a regulação e movimentação prosseguir em uma direção e profundidade con-
do corpo, assim como com o equilíbrio do corpo sistente através de conexão directa pela membra-
de forma global. na fibrosa ou indirecta, conectadas por meio de
Phillip Beach é um Osteopata australiano que na uma junção óssea interposta. Mudanças bruscas
década de 80 começou a estudar Medicina Tra- de direção ou profundidade acabariam por anular
dicional Chinesa e desenvolveu alguns conceitos a capacidade do trilho miofascial em transmitir a
interessantes sobre os meridianos da acupunctura. tensão para o próximo elo da cadeia. Segundo a
Em seu livro “Muscles an Meridians – The Manipu- noção de globalidade da fáscia, qualquer lesão no
lation of Shape”, Beach diz que os meridianos são trilho miofascial pode gerar problemas em toda a
linhas que parecem não seguir nenhuma estrutura cadeia e atrapalhar a transmissão de tensão. Em
anatómica, alguns seguem em linha reta, outros termos clínicos, ele conduz a um entendimento
em zigue-zague. Nesta altura este autor já suge- diretamente aplicável de como problemas doloro-
ria que os meridianos deveriam seguir as linhas da sos em uma área do corpo podem estar ligados
fáscia, porém ele próprio comenta que uma vez a uma região totalmente “silenciosa” e até certo
que a fáscia está em toda a parte, naquela altura ponto distante desse problema. Dessa forma o co-
esta afirmação acabava significando zero. (Beach, nhecimento dos trilhos permite ao terapeuta defi-
2010) nir uma estratégia de tratamento global em todo o
Uma década depois, outro terapeuta, Thomas trilho afetado, uma estratégia holística.
Myers que nos anos 90 ensinava Anatomia Mio- O conceito de que a fáscia conecta o corpo como
fascial no Instituto Rolf começou a exclarecer o um todo em uma trama sem fim não é antagô-
paradigma de Beach e mostrar que apesar da fáscia nico ao conceito músculo – osso apresentado na
estar em todo o corpo e em cada célula, a pos- descrição anatómica usual, ao contrário, é comple-
sibilidade de relação com os meridianos da acu- mentar. Quando uma parte do corpo se movimen-
punctura era real. Myers começou a desenvolver ta, o corpo responde como um todo e funcional-
junto com seus alunos um trabalho exaustivo na mente o único tecido ao qual se pode atribuir essa
área das cadeia miofascia. Nesta altura todos os resposta é o tecido conjuntivo.
livros mostravam a teoria de músculos individual- Phillip Beach corrobora este conceito em sua te-
mente, mas Ida Rolf dizia sempre que tudo estava oria de “campos contrácteis”, onde desenvolve
conectado através da fáscia. Este trabalho resul- um modelo de compreensão biomecânica de todo
tou na publicação em 2001 da primeira edição de o corpo, não só da musculatura, mostrando que
seu livro “ Anatomy Trains”. Myers, desenvolveu as
relações diretas e indiretas entre músculos e movi- 2 Para evitar equivocos, uma vez que Myers chama suas linhas de me-
ridianos miofasciais, neste trabalho as linhas de Myers receberão o nome
mentos, e no seu trabalho mostra que estes “meri- de trilhos e o uso do termo meridianos será exclusivamente para os me-
ridianos da medicina chinesa.

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cada célula individual tem elementos contrácteis, 2007).
já que tudo está envolvido pela fáscia, sugerindo Partindo-se do princípio que mesmo uma ener-
que desde a pressão sanguínea até a função dos gia subtil precisa de um meio físico para fluir e
rins afeta os padrões de movimento e forma do se manifestar, e baseado nos estudos que foram
corpo. Desta forma o modelo de Beach segue me- apresentados, pode-se definir que a fáscia é a base
nos a anatomia da fáscia (como o de Myers) e mais física por onde o Qi circula, e suas fibras são es-
a lógica dos movimentos, relacionando posturas senciais para a transmissão do sinal de acupunctu-
corporais com a facilidade em palpar os pontos ra tanto em termos locais como à distância, pode-
correspondentes a determinados meridianos da mos dizer que a condição da fáscia será essencial
acupunctura e sua relação superficial e profun- para um bom fluxo de Qi no organismo.
da. Em seu trabalho Beach mostra ainda como a Em termos funcionais, a fáscia molda e dá forma
punctura de certos pontos altera a posição subtil ao corpo. A estrutura da fáscia aumenta a resis-
do corpo e diz que a escolha dos pontos é uma tência, melhora a circulação sanguínea e absorve
maneira de manipular a forma, sendo que forma e choques, além de manter o corpo estruturado,
função estão profundamente correlacionadas. protegido e lubrificado. Permite que a estrutura
Ambos os autores citam-se mutuamente em seus corpórea se mova facilmente, deslizando as lâmi-
trabalhos e comentam não só a estreita relação nas fasciais uma sobre a outra à medida que nos
entre os conceitos que desenvolveram sugerindo- dobramos e nos movemos.
-os como complementares, como ainda a relação As restrições e aderências na fáscia e entre os te-
entre seus trabalhos e a Medicina Chinesa. cidos adjacentes, como no caso de traumatismos,
stress, processos inflamatórios, cirurgias, más pos-
■■ Conclusão turas, etc, torna a fáscia mais sólida e encurtada,
criando pressões em áreas sensíveis, levando à dor,
Nesta primeira parte da revisão sobre o papel restrições de movimento e mau funcionamento
da fáscia na Medicina Chinesa, pode-se ver que dos órgãos. Num trauma ou irritação o corpo cria
apesar de a acupunctura e as descobertas mais um tecido cicatricial para ajudar a reparar e a imo-
recentes sobre o tecido conjuntivo e seu papel no bilizar a área, tal qual uma bandagem. Ela liga as
corpo estarem separados por milhares de anos, a estruturas como se fosse uma cola e se torna parte
acupunctura e a fáscia parecem estar intimamente estrutural da fáscia. A porção da fáscia que forne-
relacionadas. ce lubrificação para a mobilidade, agora pode tor-
Actualmente os estudos mostram que funcional- nar-se uma substância pegajosa e sólida. Isto pode
mente a rede de tecido conjuntivo não promove inibir a circulação do sangue e da linfa, reduzir os
apenas suporte para o corpo, mas também man- movimentos do corpo, inibir a força dos músculos
tém o balanço do organismo ao regular os reflexos e comprometer as funções orgânicas. O fluxo de
neurais, a actividade neuroendócrina, a imunidade Qi será debilitado ou irregular e desequilíbrios irão
e através da reparação de danos em células e teci- aparecer no organismo. Estudos mostraram que
dos. Desta forma coloca-se a hipótese de que exis- pacientes com dores lombares crônicas possuem
te um sistema de auto vigilância no corpo humano a fáscia na região lombar mais densa e com fibras
que difere essencialmente dos nove sistemas fun- mais desorganizadas do que pacientes sem dor
cionais (sistema digestivo, nervoso, respiratório, lombar (Langevin et al., 2009).
circulatório, estrutural, glandular, urinario, imuno-
lógico e linfático) que regula através da fáscia o Temos que nos lembrar que a fáscia é continua
equilíbrio e a homeostase do organismo (Wang, ao longo do corpo, assim como a circulação de

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Qi, assim quando uma seção dela se retrai ou fica A acupunctura é capaz de proporcionar uma al-
imobilizada, pode afetar outras áreas ou mesmo teração no tecido fascial através do enrolamento
afetar o corpo inteiro já que o suave fluxo de Qi das fibras de colágeno ao redor da agulha e da ca-
ficará comprometido. Da mesma forma quando deia de eventos gerados por esta transmissão de
um bloqueio ou uma cicatriz é tratada, ela libera sinal mecânico. Ainda está por ser determinado a
o fluxo de energia, transmissão nervosa e circula- maneira como cada uma das diferentes formas de
ção sanguínea. manipulação da agulha de acupunctura afecta as
A circulação de água pela fáscia é essencial para diferentes respostas celulares possíveis.
a saúde do próprio organismo, assim como a hi- A conexão entre mente e corpo tão importante na
dratação da própria fáscia, uma vez que a matriz Medicina Chinesa e por tanto tempo deixada de
extracelular deve estar banhada pelo fuido inters- lado pela medicina Ocidental é fundamental para
ticial. Assim quando este aspecto do corpo não o bom funcionamento da fáscia e consequente-
está bem, surgem bloqueios e com eles sinais de mente a boa circulação do Qi. Imagine-se no papel
desequilíbrio do organismo. Edemas que surgem dos pulmões tentando respirar plenamente numa
pela imobilização, manchas na pele, espinhas, fu- pessoa deprimida, curvada, sobre tensão. Imagi-
rúnculos, vermelhidão, são exemplos de estase do ne-se no papel dos rins tentando filtrar o sangue
líquido lacunar; dores agudas sem gravidade, do- quando os seus ductos e vasos internos tem o es-
res que se irradiam ou ‘queimam’, a retração e o paço limitado porque a postura está contraída ou
encurtamento muscular, são bloqueios da fáscia. o corpo caído para baixo. Imagine-se no papel do
Marcell Bienfait diz que a osteoartrose (densifi- fígado tentando purificar o sangue e eliminar de-
cação, calcificação e degeneração da cartilagem) tritos tóxicos ou metabólicos enquanto seu dono
ocorre pelo mal funcionamento da bomba articu- está frustrado, enrijecido e afundado na cadeira.
lar causada pela perda da elasticidade cápsulo-liga- Ajustar a postura corporal, trabalhar a mente de
mentar-comum no processo de envelhecimento e forma positiva otimiza todos os aspectos do fluxo
pela ociosidade do homem moderno. De facto o natural interior, o fluxo de Qi melhora quando se
próprio processo de envelhecimento do homem relaxa a postura corporal e aquieta a consciência e
é a densificação progressiva do tecido conjun- esta capacidade de trabalhar em conjunto corpo
tivo, reduzindo o volume dos espaços lacunares e mente é fundamental na Medicina Chinesa, nas
e a circulação dos fluídos (Bienfait, 2004), o que Artes Marciais e em todas as terapias holísticas.
na Medicina Chinesa chamamos de vazio de Yin
causado pela idade e esgotamento dos fluidos or-
gânicos.

PALAVRAS-CHAVE:

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