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Direito Executivo
Esta matéria deve ser estudada pelo prof. Rui Pinto e Lebre de Freitas.
Quanto a esta matéria devemos saber que há execuções que se baseiam em dívidas
comuns, dívidas comunicáveis ou dívidas próprias. Esta distinção é fundamental e é o nosso
ponto de partida. É importante relembrar os casos de comunicabilidade de dívidas estudado em
direito da família, art. 1691 CC.
Vamos então começar, e é sempre por aqui que devemos começar, natureza das
dívidas.
DÍVIDA COMUM
Quando temos uma dívida comum significa que no título executivo está marido e mulher,
estão os dois cônjuges, temos título executivo contra os dois. Isto significa que à luz da regras
da legitimidade, art. 53/1 CPC, quem tem legitimidade passiva para esta acção executiva são os
dois. Estamos a falar de um título executivo contra os dois que obrigada os dois.
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Depois disto, temos de fazer uma análise ao Código Civil (direito substantivo) e uma
análise ao Código Processual Civil (direito adjectivo).
! Quem é que responde pela dívida? Neste caso respondem os dois, art. 1691/1/a'
CC.
! Que bens é que respondem pela dívida? Se a dívida obrigada os dois, art. 1695/1
CC, respondem os bens comuns e subsidiariamente os bens próprios entre eles solidariamente.
Sabemos então, pelo CC que esta dívida obriga os dois é quais os bens que respondem.
Sabemos também que têm os dois legitimidade passiva para esta acção executiva. Isto significa
que se for proposta uma acção executiva contra os dois temos dois executados, neste caso não
há cônjuge do executado. Não existe por que têm os dois legitimidade para serem executados.
Quanto ao direito adjectivo, Código Processo Civil. Se forem os dois demandados então
temos dos dois com legitimidade passiva. Os problemas que se colocam a propósito das dívidas
comuns:
- há título executivo contra os dois mas a execução é proposta apenas contra um. Temos
um título, de acordo com o qual são os dois partes passiva, temos depois o CC que tem um
regime que responsabiliza os dois mas depois propõe-se a acção executiva e demanda-se
apenas um. Por norma ninguém tem interesse nisto por que a maior parte das pessoas se é
casada o patrimônio principal é o patrimônio comum. Acontece então que se tem um título
executivo comum a ambos mas quer-se executar como se fosse uma dívida própria, por que
alguém tem bens próprios mais valiosos que os bens comuns. Assim podemos ter exequentes
que fazem precisamente isto, têm título executivo contra os dois mas querem executar aquela
divida como se fosse dívida própria e não uma dívida comum. Por esta razão, aquilo que se
discute é se havendo título executivo contra os dois é necessário ou não propor a acção
executiva contra os dois. Quando se fala em necessário estamos a fazer referência à existência
de um litisconsorcio necessário, se existe um litisconsorcio necessário ou não na propositura da
acção executiva contra os dois. A este propósito, analisar para a próxima aula quais é que são
as divergências doutrinárias em torno desta questão. Analisar a posição do professor MTS e Rui
Pinto para quem existe um litisconsorcio necessário, ver argumentos, e posição do prof. Lebre
de Freitas para quem não existe litisconsorcio necessário. Temos de conhecer estas
divergências doutrinárias e explicar porquê. Art. 34 CPC, aplica-se aqui também ou não?
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DÍVIDAS COMUNICÁVEIS
Dívidas comunicáveis são dívidas em que só um é que consta do título executivo mas a
dívida responsabiliza os dois.
Quanto ao direito substantivo, Código Civil. Significa que existe uma causa para
a comunicabilidade da dívida, por exemplo alínea b', se for comunicável significa que só um é
que contraiu a dívida mas o outro também responde:
! Quem é que responde pela dívida? art. 1691/b' CC. Quanto à dívida comunicável
só consta um do do título executivo, mas de acordo com o CC respondem os dois pela dívida.
O que acontece muitas vezes nos casos práticos é temos que temos situações como
estas é o exequente demanda os dois, propõe acção executiva contra os dois. Neste caso
temos alguém que devia ser cônjuge do executado mas foi citada como executado, o que é que
ela poderá fazer para se defender? Deve alegar a ilegitimidade em oposição à execução.
Sendo a execução procedente, começa como executada e acaba como cônjuge do executado,
situação em que se altera o estatuto processual no decurso da própria acção. Começa como
executada, opõe-se alegando a sua ilegitimidade e acaba como cônjuge do executado. Ela
poderá dizer que é parte ilegítima MAS SE A DÍVIDA FOR COMUNICÁVEL, o exequente pode
deduzir um incidente de comunicabilidade. Se este incidente de comunicabilidade for
procedente ela passa a ser de novo executada. Em bom rigor, o que o exequente deveria ter
feito desde o início era, em vez de propor acção executiva contra ela deveria ter, desde logo,
deduzido um incidente de comunicabilidade. Até ao incidente de comunicabilidade estar
decidido e ser procedente, ela é sempre cônjuge do executado, nunca é executada. Se o
incidente de comunicabilidade for improcedente então ela continua a ser cônjuge do
executado.
Quanto às dívidas comunicáveis temos uma situação em que o CC diz que respondem
os dois pela dívida art. 1691 CC por que existe uma causa de comunicabilidade e que
respondem os bens comuns e subsidiariamente os bens próprios, MAS SE NÃO EXISTIR UM
INCIDENTE DE COMUNICABILIDADE NA ACÇÃO EXECUTIVA PODEREMOS TER UMA
DESCONFORMIDADE ENTRE O DIREITO SUBSTANTIVO E O DIREITO ADJECTIVO. Se não
existir incidente de comunicabilidade, então estamos a executar aquela dívida como se fosse
uma dívida própria. À partida os executados não têm interesse em estender a dívida, o que
pretendem é salvaguardar o máximo de patrimônio. Assim, podemos ter uma desconformidade
entre aquilo que é o direito substantivo e aquilo que é o regime adjectivo. Os exequentes, por
seu lado, têm interesse em estender a dívida para terem mais uma pessoa obrigada por que se
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estenderem a dívida ao cônjuge do executado sempre podem ir buscar bens próprios mesmo
desse cônjuge do executado. Aqui temos de falar do incidente de comunicabilidade.
O incidente de comunicabilidade, arts. 741 e 742 CPC, nestes artigos detectamos desde
logo que quem pode requerer a incomunicabilidade é o exequente e o executado, impróprio
executado pode dizer "não não, não sou só eu o responsável por isto, a minha mulher também
é.", é ainda muito importante salientar a natureza do título. É relevante por que não existe
incidente de comunicabilidade quando o títulos seja judicial, precludiu a possibilidade de o
chamar. Se ele queria chamar o outro cônjuge para efeitos de alegar a comunicabilidade
deveria tê-lo feito já acção declarativa e não na acção executiva. Estamos aqui a falar de uma
situação em que só há incidente de comunicabilidade para título extra judiciais e não para
títulos judiciais. Não vamos falar processualmente do incidente de comunicabilidade nas aulas
pelo que deve ser estudado em casa.
É importante salientar que o exequente tem de alegar os factos constitutivos, não tem de
provar mas tem alegar os factos constitutivos dessa comunicabilidade. O cônjuge do executado
é citado para se pronunciar sobre o incidente de comunicabilidade. Ele poderá:
✏ nada dizer - se o cônjuge nada diz temos efeito cominatório pleno, ou seja, se nada
disser é como se aceitasse, perde o estatuto de cônjuge do executado para passar a ser
executado. Se passa a ser executado os bens que se executam, art. 1695/1 CC, bens comuns e
subsidiariamente bens próprios entre eles solidariamente
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Em relação ao divórcio e à separação de bens, quando se diz que não vale a pena as
pessoas divorciarem-se antes por que o que releva é o momento em que se constitui a dívida,
art. 1690 CC, e não o momento em que se executa a dívida. Se eles eram casados no momento
em que a dívida se constituiu não interessa se agora são divorciados. Contudo, é importante
perceber que se o exequente decidir indicar a penhora de todos os bens comuns, ainda que
saiba que a dívida é própria, se só depois é que existe a separação de bens, o exequente vai
ter que dar o seu acordo a uma partilha extrajudicial dos bens. Isto faz sentido por que se assim
não fosse, se o exequente não tivesse que dar o seu acordo, tínhamos a situação em que eles
poderiam combinar "olha tu ficas com 10% dos bens que eu fico com 90%, dizemos que é uma
compensação, arranjamos contratos com datas de anos atrás a dizer que fui eu que paguei
mais que tu..." iriam arranjar mil e uma formas de fazer com que a meação do cônjuge
executado tivesse muito mais bens do que a meação de bens do executado. Quando os bens já
estão penhorados, o exequente deve dar o seu acordo, estamos perante um dos efeitos mais
importantes da penhora que é o da eficácia relativa. Isto significa que a partir do momento em
que está um bem penhorado ele não poderá ser alienado (significa aqui passar para a meação
do outro cônjuge) ou onerado sem que exista acordo do exequente sob pena de não produzir
qualquer efeito essa alienação. Por essa razão, quando estamos a falar de separação de bens
neste caso em que já existem bens comuns penhorados o exequente ou tem uma palavra a
dizer e dá o acordo àquela partilha e estará a controlar para não ser defraudado naquela
partilha, se não estão a tirar bens da meação de bens comuns do executado. Se ele não aceitar,
se não houver acordo do exequente então aí a separação de bens terá de ser feita
judicialmente, situação em que os credores se podem imiscuir nas partilhas para garantir que,
sendo credores dos bens partilhados que não existe uma dissipação desses bens. Outra nota,
apesar da letra do art. 740 CPC a separação de bens, actualmente, já não ocorre num tribunal,
mesmo a judicial, ocorre num cartório.
DÍVIDAS PRÓPRIAS
! Que bens é que respondem pela dívida? Art. 1696 CC respondem os bens
próprios e subsidiariamente meação dos bens comuns
Quanto às dívidas próprias, aquilo que se discute é que temos uma dívida própria mas
propõe-se uma acção executiva contra os dois. Se se propõe contra os dois, o cônjuge do
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executado deverá opor-se à execução alegando a sua ilegitimidade, se for procedente
passando a ser cônjuge do executado e depois requerer a separação de bens.
Cônjuge do executado, como já vimos, é alguém que está casado com o executado e
que foi chamado para a execução. O cônjuge do executado deve ser citado como tal, ou seja
como cônjuge do executado em três situações: (esquema 18)
Ora, na acção executiva temos uma equiparação destes arts. 1682 e 1682-A CC,
naturalmente que já não poderá ser por via do consentimento do cônjuge. O equivalente a este
consentimento dos arts. 1682 e 1682-A CC é o dar conhecimento, equivale ao consentimento o
dar conhecimento. Dar conhecimento ao cônjuge através da citação. Temos aqui então
situações em que o cônjuge do executado é chamado à acção executiva para lhe dar
conhecimento de que determinados bens foram, bens próprios do executado, executados. O
cônjuge não terá de dar nenhum consentimento mas deverá ser citada. Estes bens são todos
aqueles que constam dos arts. 1682 e 1682-A CC menos os bens móveis, ou seja, bens imóveis
e estabelecimento comercial, resulta do art. 786/1/a CPC.
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ele pode embargar de terceiro por que não foi citado como cônjuge do executado. O terceiro é
alguém face à execução e não face à relação jurídica material.