Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Resumo
A cicatriz é o resultado irremediável de uma lesão cutânea, de intenção ou ocasionada por
acidente. É secundária a um processo de reparação do tecido lesado e na maioria das vezes
completamente imprevisível e variável. Também pode ser decorrente de uma patologia,
podendo evoluir como hipertrófica, atrófica ou normotrófica. As cicatrizes hipertróficas
caracterizam-se por uma neoformação de colágeno preponderante que não se orientam ao
longo das linhas da fenda como em uma cicatriz normal, mas sim projetando-se em espiral
sobre a superfície da pele, constituindo desta forma um problema estético e funcional
importante. O tratamento desta afecção geralmente é complicado, mas com a associação dos
recursos disponíveis dentro do âmbito da equipe multidisciplinar podemos obter resultados
promissores.
Palavras-chave: Lesão cutânea; Cicatriz hipertrófica; Tratamento.
1. Introdução
Guirro e Guirro (2004) descrevem o sistema tegumentar como sendo constituído pela pele e
tela subcutânea, juntamente com os anexos cutâneos. Gobbo (2010), discorda afirmando que a
hipoderme não faz parte da pele, apesar de suportar, frouxadamente, a derme. É formada de
tecido conjuntivo frouxo e células adiposas.
“A pele representa 12% do peso seco total do corpo, com peso de aproximadamente
4,5 quilos, e é de longe o maior sistema de órgãos expostos ao meio ambiente. Um
pedaço de pele com aproximadamente 3 cm de diâmetro contém: mais de milhões de
células, entre 100 e 340 glândulas sudoríparas, 50 terminações nervosas e 90 cm de
vasos sanguíneos. Estima-se ainda que existam em torno de 50 receptores por 100
milímetros quadrados, num total de 640.000 receptores sensoriais. O número de
fibras sensoriais oriundas da pele que entram na medula espinhal por via das raízes
posteriores é superior a meio milhão. Ocorre acentuado declínio no número dessas
estruturas ao longo da vida (GUIRRO e GUIRRO, 2004:14).
A pele pode ser dividida em camadas distintas: uma porção epitelial, e epiderme (superficial,
cuja espessura varia de 0,05 mm em áreas como as pálpebras até 1mm na região plantar), e
uma porção conjuntiva, a derme, pelo menos 10 vezes mais espessa que a epiderme
(NICASTRI, 2012).
Segundo Domansky e Borges (2012), a epiderme é avascular e está organizada em camadas
que, considerando-se de dentro para fora, estão assim dispostas: germinativa ou basal,
espinhosa, granulosa, lúcida e córnea. Já a derme é vascularizada e divide-se em três camadas:
derme papilar, derme reticular e derme profunda.
A epiderme é um epitélio simples cúbico, como o tempo, passa a ter duas camadas, sendo a
mais externa constituída por células achatadas. Gradualmente, graças à proliferação e à
diferenciação da camada mais profunda, torna-se estratificado pavimentoso córneo, com suas
camadas características (NICASTRI, 2012).
Domansky e Borges (2012), afirmam que a derme cobre e sustenta o organismo, é resistente e
flexível. A derme papilar está situada abaixo da membrana basal da epiderme, é rica em
células, capilares sanguíneos, fibras nervosas e corpúsculos táteis. A derme reticular é mais
densa e pobre em células, mas rica em colágeno, elastina, fibronectina, fibroblastos,
histiócitos e líquido intercelular. A derme profunda é dificilmente diferenciada da camada
reticular, penetra no subcutâneo e é composta de grandes feixes de fibras colágenas.
A derme repousa sobre a tela subcutânea (hipoderme), rica em tecido adiposo e tem função de
contribuir para impedir a perda de calor e constitui reserva de material nutritivo. A pele possui
3
Singer e Clarck (1999) apud Kreisner et al. (2004), afirmam que quelóides e cicatrizes
hipertróficas desenvolvem-se como resultado de uma proliferação exagerada de fibroblastos
da derme após uma lesão tecidual, havendo acúmulo excessivo de colágeno nos tecidos.
Grabb e Smith (1984) apud Kreisner et al. (2004) descrevem uma ausência de equilíbrio entre
as fases anabólicas e metabólicas até as 3-4 semanas, com aumento contínuo da produção de
colágeno, superior à quantidade que se degrada. A ferida se expande em todas as direções,
elevando-se sobre a pele, de forma profunda. Cicatrizes hipertróficas são mais frequentes que
os quelóides. Miot e Miot (2013) constataram que diferentemente dos quelóides, as cicatrizes
hipertróficas têm involução progressiva de seis meses a dois anos.
3. Metodologia
Para a fundamentação do estudo foi realizada revisão bibliográfica, onde buscou-se pesquisar
através de livros, bases de dados e revistas especializadas contendo informações publicadas
sobre o tema. Os critérios de pesquisa foram iguais em todas as bases de dados, sendo
utilizadas as seguintes palavras chaves: cicatrizes hipertróficas (hypertrophic scars), reparo
tecidual, tratamento de cicatrizes hipertróficas (tratamiento de cicatrices hipertróficas) e
abordagem fisioterapêutica nas cicatrizes hipertróficas. Foram utilizadas fontes de diversos
autores cujas publicações ocorreram entre os anos de 1996 à 2013, nas línguas portuguesa,
6
4. Resultado e Discussão
Miot e Miot (2013) sugerem triancinolona 20mg/mL, 0,3 a 0,5mL puro com infiltrações de
0,1mL por ponto a cada 3 ou 4 semanas ou hidroxizina 2,5 a 5% em creme nas lesões, 2 vezes
por dia por 2 meses.
Outro medicamento utilizado na prevenção de cicatrizes inestéticas e aderentes é o ácido
acexâmico (sal sódico), que quando aplicado topicamente, acelera o processo de cicatrização
tissular por multiplicação dos fibroblastos, regulando os processos de cicatrização, atenuando
os fenômenos inflamatórios e diminuindo ao máximo as formações granulomatosas,
produzindo o desaparecimento das elevações das bordas da área traumatizada e volta ao nível
da pele normal (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
Como outra alternativa de tratamento, é indicado o uso da terapia de compressão com malha
de tecido elástico aplicada diretamente na lesão por grande período de tempo (MILANI et al.,
2006). A pressão foi uma das modalidades de tratamento principal para a cicatriz hipertrófica
desde 1970, apesar de referências específicas mencionarem o tratamento de cicatriz
hipertrófica com pressão já em 1800. O desenvolvimento do tratamento era baseado em
observar a melhora da cicatriz em sua taxa de maturação aumentada ou a falta de
desenvolvimento devido à pressão exercida sobre a cicatriz (MACINTYRE e BAIRD, 2004
apud KOSEKI et al., 2007).
Segundo Ferreira e D’Assumpção (2006), para obtenção de resultados efetivos, a pressão
recomendada é de 24 a 30 mmHg, sendo mantida continuamente por seis a doze meses,
podendo ser exercida através do uso de malhas de compressão.
Miot e Miot (2013) apresentam três alternativas para a terapia compressiva: (1) hidrocolóide
em placas nas lesões, trocando a cada dez dias; (2) gel de silicone nas lesões duas vezes ao
dia; (3) adesivos de silicone nas lesões por dois a quatro meses.
Ferreira e D’Assumpção (2006), descrevem que há um consenso com relação ao uso de fita
adesiva microporosa em feridas recentes e mantidas por várias semanas de pós-operatório. O
mecanismo de ação, provavelmente, esteja relacionado ao efeito mecânico (análogo à terapia
compressiva) e efeito oclusivo (análogo ao uso de silicone), além de diminuir a tensão local
na ferida. Os escassos estudos a respeito do uso de fita adesiva apontam que parece ser menos
efetiva que o silicone em gel. Logo, a fita deve ser empregada em feridas, imediatamente após
a cirurgia, como medida preventiva que antecede ao uso de placas de silicone.
Na eletroterapia, Guirro e Guirro (2004) afirmam que a corrente galvânica é a que melhor se
enquadra no tratamento eletroterápico, por se tratar de uma corrente com grande capacidade
de ionização, podendo ser associada à terapia medicamentosa, obtendo-se a soma dos efeitos
intrínsecos da corrente com o princípio da droga (iontoforese).
No que diz respeito à ação da eletroestimulação na cicatrização de úlceras, Gonçalves e
Parizotto (1998), defendem que há uma série de estudos não controlados que alegam efeitos
benéficos da corrente direta (galvanização), aumentando a velocidade da cicatrização. Porém,
enfatizam que não se pode trabalhar na perspectiva destes estudos conduzidos de maneira
inadequada. Além da falta de aceitação deste tipo de tratamento pelo fato de haver
desconforto sensorial do paciente no momento da aplicação e os riscos de queimadura
elevados.
Estudos de Costa et al. (2010), sugerem o uso de microcorrente visando aumentar o fluxo de
corrente endógena, permitindo que a área traumatizada recupere sua capacitância reduzindo a
resistência do tecido lesionado e proporcionando vantagens à cicatrização tecidual.
As microcorrentes aceleram a síntese protéicas de adenosina trifosfato de 300 a 500%, o
incremento do transporte das membranas e de aminoácidos de 30 a 40% (CHENG et al., 1982
apud MACEDO e OLIVEIRA, 2010), além de a estimulação gerar alterações na cicatrização,
liberação de íons bactericidas pelo eletrodo e estimulação dos fagócitos (AGNE, 2004 apud
MACEDO e OLIVEIRA, 2010).
8
A crochetagem atua nas cicatrizes e hematomas que desenvolvem aderências, nos corpúsculos
fibrosos (depósito úrico e de cálcio) localizados próximos às articulações e nas aderências
10
Borges (2006) afirma que essa é a maneira mais eficaz e rápida de tratamento específico para
fibroses e aderências em cirurgia plástica.
11
Conclusão
Referências
AZULAY, Rubem D. Dermatologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
BARBOSA, Karina S.; JUNIOR, Adroaldo J. C. Efetividade da crochetagem fisioterapêutica na flexibilidade
tóraco-lombar e do quadril. Goiania: Revista Estudos, v. 39, n. 4, p. 547-559, out./dez. 2012. Disponível em:
<http://seer.ucg.br/index.php/estudos/article/viewFile/2667/1629>. Acesso em: 15 de Julho de 2014.
BAUMGARTH, H. Crochetagem. Rio de Janeiro: Material didático do VI Curso de Crochetagem, 2003.
BAUMGARTH, Henrique; ESTEVEZ, Isabella M. B.; TEIXEIRA, Paula S.; LINO, Raphael B.; GONÇALVES,
Vinícius S.; SILVA, Rodrigo F. Alterações morfofuncionais em processo cicatricial induzidos pela técnica
da crochetagem. Rio de Janeiro: Revista Novafisio, ed. 61, mar/abr, 2008. Disponível em:
<http://www.queloide.com.br/images/pesquisas4disfuncoes.pdf>. Acesso em 15 de Julho de 2014.
BORGES, F. S. Modalidades Terapêuticas nas Disfunções Estéticas. São Paulo: Phorte, 2006.
CESARETTI, I.U.R. Processo fisiológico de cicatrização da ferida. Pelle Sana: 1998, (2, 10-2).
D’ÂNGELO, José G.; FATTINI, Carlo A. Anatomia Humana Básica. São Paulo: Atheneu, 2002.
DEALEY, C. Cuidando de feridas: um guia para enfermeiras. São Paulo: Atheneu, 1996 (pp.1-21).
DOMANSKY, Rita de C.; BORGES, Eline L. Manual para prevenção de lesões de pele: Recomendações
baseadas em evidências. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2012.
FERREIRA, A. S.; BARBIERI, C. H.; MAZZER, N. CAMPOS, A. D., MENDONÇA, A. C. Mensuração de
área de cicatrização por planimetris após aplicação de ultra-son de baixa intensidade em pele de rato. São
Carlos: Revista Brasileira de Fisioterapia, vol. 12, no 5, 2008.
FERREIRA, Carluz M.; D’ASSUMPÇÃO, Evaldo A. Cicatrizes hipertróficas e quelóides. São Paulo: Revista
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, 21(1): 40-8, 2006.
FREITAS, Tiago P.; FREITAS, Luciana S.; STRECK, Emílio L. Ultra-som terapêutico no mecanismo de
cicatrização: uma revisão. Santa Catarina: Arquivos Catarinenses de Medicina, vol. 40, no 1, 2011.
GERSON, Joel. Fundamentos de estética 2 – ciências gerais. São Paulo: Editora Cengage Learning, 2012:107-
108.
GLINARDELLO, Ms. Maria M. C.; SANTOS, Aline R.; SANT’ANNA, Cleyde M.; CRUZ, Cristiane R.;
CARVALHO, Daniele P.; SILVA, Viviane P. Lesão epitelial e cicatrização de natureza hipertrófica e
quelóide. Corpus et Scientia, vol. 5, n. 2, p. 37 - 44, setembro de 2009. Disponível em:
<http://apl.unisuam.edu.br/revistas/index.php/corpusetscientia/article/view/162/128>. Acesso em 11 de Julho de
2014.
12
ultrassom e massoterapia em fibrose tecidual tardia pós-operatória à lipoaspiração. São Paulo: Revista
Fisioterapia Brasil, vol. 12, no 2, 2011.
ROBBINS, Stanley L. Patologia Estrutural e Funcional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
SERAL, Maldonado C.; HACES, Manjón J. A.; OLIVA, Pérez N. Tratamiento de cicatrices hipertróficas y
queloides. Asturias: Servicio de Dermatología do Hospital Central de Asturias, 2002. Disponível em:
<www.elmedicointerativo.com/ap1/emiold/publicaciones/dermatocosmetica2002/5/268-270.pdf>. Acessado em
15 de Agosto de 2014.
VIDIGAL, Fernando M.; PETROIANU, Andy. Avaliação de cicatrizes cutâneas: apresentação de um
método quantitativo. Rio de Janeiro: Revista Colégio Brasileiro de Cirurgiões, vol. 37, no 2, 2010.
ZURATA, J. M.; KRIEGEL, D.; DAVIS, I. C. Topical treatments for hypertrophic scars. Journal of the
American Academy of Dermatology. New York, V. 55, n. 6, p. 1024-1031, 2006. Disponível em:
<http://www.mdconsult.com/das/article/body/70663969-11/jorg=journal&source=MI&sp=16609450&sid=0/N/5
58183/s0190962206008279.pdf>. Acesso em 15 de Julho de 2014.