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INFO 662

Sumário

DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................... 4
1. LICITAÇÃO ............................................................................................................................................................. 4

PODERÃO SER ESTABELECIDOS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO PARA A ESCOLHA DE LICITANTES EM


CREDENCIAMENTO? ...................................................................................................................................................... 4

2. DESAPROPRIAÇÃO ................................................................................................................................................ 5

DESAPROPRIAÇÃO E REPARAÇÃO DECORRENTE DE LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS .................................................. 5

3. IMPENHORABILIDADE DE BENS ............................................................................................................................. 6

OS BENS DA FUNDAÇÃO HABITACIONAL DO EXÉRCITO PODEM SER PENHORADOS? .................................................. 6

DIREITO PENAL....................................................................................................... 7
4. DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA .............................................................................................................................. 7

IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA PARA AGENTE INIMPUTÁVEL. ..................................................................... 7

5. LEI DE DROGAS – LEI Nº 11.343/06 ........................................................................................................................ 9

POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL E REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA ............................................................... 9

DIREITO PROCESSUAL PENAL ............................................................................... 10


6. EXECUÇÃO PENAL ................................................................................................................................................10

RECONHECIMENTO DA REINCIDÊNCIA NO JUÍZO DA EXECUÇÃO PENAL .................................................................... 10


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DIREITO CIVIL ....................................................................................................... 11


7. CONTRATOS .........................................................................................................................................................11

POSSIBILIDADE OU NÃO DE MODULAÇÃO DOS EFEITOS DE NOVA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL ........................ 11


PAGAMENTO ANTECIPADO DE INDENIZAÇÃO POR RESCISÃO UNILATERAL IMOTIVADA PELA REPRESENTADA ....... 12
APLICABILIDADE OU NÃO DA LEI DOS PLANOS DE SAÚDE À AUTARQUIA MUNICIPAL QUE PRESTA SERVIÇOS DE
ASSISTÊNCIA À SAÚDE ................................................................................................................................................. 13

DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................. 15


8. COMPETÊNCIA .....................................................................................................................................................15

COMPETÊNCIA PARA JULGAR AÇÃO POPULAR CONCORRENTE COM DIVERSAS AÇÕES COM OBJETO ASSEMELHADO
.................................................................................................................................................................................... 15
COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DA AÇÃO DE PERDA DO CARGO DE MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ..... 16

9. NULIDADES ..........................................................................................................................................................17

PENHORA DE VALORES DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE FUNCIONOU COMO AUXILIAR DA JUSTIÇA .................... 17

10. LEGITIMIDADE PROCESSUAL ................................................................................................................................18

LEGITIMIDADE OU NÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA DEBATER COBRANÇA DE ENCARGOS BANCÁRIOS ............. 18

11. RECURSOS ............................................................................................................................................................19

POSSIBILIDADE OU NÃO DE APLICAÇÃO DA TÉCNICA DE JULGAMENTO AMPLIADO NOS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO............................................................................................................................................................... 19

12. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS (IRDR) ..........................................................................20

APLICAÇÃO OU NÃO DE DISTINGUISHING AO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS .................. 20

DIREITO DO TRIBUTÁRIO...................................................................................... 22
13. IMPOSTO DE RENDA ............................................................................................................................................22

ISENÇÃO DE QUOTA CONDOMINIAL DO SÍNDICO E INCIDÊNCIA OU NÃO DO IRPF .................................................... 22


DECLARAÇÃO CONJUNTA DE IRPF E CORRESPONSABILIDADE OU NÃO DO CÔNJUGE DECLARANTE ......................... 23

14. EXECUÇÃO FISCAL ................................................................................................................................................24

TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO PARA REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL ................................................ 24

DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................... 26
15. RECUPERAÇÃO JUDICIAL ......................................................................................................................................26

PRAZO PARA AÇÃO DE HABILITAÇÃO RETARDATÁRIA DE CRÉDITO NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL .............................. 26

DIREITO PREVIDENCIÁRIO .................................................................................... 28


16. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO ................................................................................................................................28

UTILIZÇÃO OU NÃO DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES DO SEGURADO NA APURAÇÃO DO SALÁRIO DE BENEFÍCIO ...... 28

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RESUMO .............................................................................................................. 29
DIREITO ADMINISTRATIVO .......................................................................................................................................... 29
DIREITO PENAL ............................................................................................................................................................ 29
DIREITO PROCESSUAL PENAL ...................................................................................................................................... 30
DIREITO CIVIL .............................................................................................................................................................. 30
DIREITO PROCESSUAL CIVIL ......................................................................................................................................... 30
DIREITO TRIBUTÁRIO ................................................................................................................................................... 31
DIREITO EMPRESARIAL ................................................................................................................................................ 31
DIREITO PREVIDENCIÁRIO ........................................................................................................................................... 31

SOBRE O AUTOR ........................................................................................................................................................32

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DIREITO ADMINISTRATIVO
1. LICITAÇÃO

PODERÃO SER ESTABELECIDOS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO PARA A ESCOLHA DE


LICITANTES EM CREDENCIAMENTO?

1. (DJUS) Para o STJ, o estabelecimento de critérios de classificação para a escolha de


licitantes em credenciamento é ilegal. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Banco do Brasil S.A. resolveu realizar licitação em credenciamento para contratação


de sociedade de advogados para prestação de serviços advocatícios em determinadas
agências. Certa sociedade “X” resolveu participar, atendendo a priori aos requisitos
elencados pelo Banco. Porém, no edital, havia a previsão de critérios de pontuação que
alterava a classificação para escolha dos licitantes, o que culminou na eliminação da
sociedade “X”. Dessa forma, ela resolveu ajuizar ação questionando sua não
contratação pelo Banco do Brasil S.A. para a prestação dos serviços advocatícios e
técnicos, após não haver atendidos os critérios de pontuação e classificação exigidos
nesse edital de credenciamento. Nessa situação, para o STJ, assiste razão à sociedade de
advogados, devendo ser contratada pelo Banco do Brasil, pois, devido à natureza da
hipótese licitatória de credenciamento, não poderá haver estabelecimento de critérios
INFO de classificação para escolha de licitantes. C/E?
662/STJ
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, o estabelecimento de critérios de classificação para a


escolha de licitantes em credenciamento é ilegal. Isso porque o credenciamento é
hipótese supralegal de inexigibilidade de licitação, previsto pela doutrina e jurisprudência
do TCU, em que há inviabilidade de competição, sendo a criação de critérios de pontuação
para desclassificar a contratação de empresa já habilitada medida contrária ao
entendimento jurisprudencial e doutrinário. Nessa modalidade de inexigibilidade, não há
disputa de preços, pois a Administração já se compromete a contratar aqueles que
preencham os requisitos de pré-qualificação. Ademais, de acordo com o TCU, há de ser
observados requisitos como: “i) contratação de todos os que tiverem interesse e que
satisfaçam as condições fixadas pela Administração, não havendo relação de exclusão; ii)
garantia de igualdade de condições entre todos os interessados hábeis a contratar com a
Administração, pelo preço por ela definido; iii) demonstração inequívoca de que as
necessidades da Administração somente poderão ser atendidas dessa forma”. Assim, é
ilegal haver novos critérios de classificação para escolha de licitantes em credenciamento,
uma vez que deve haver a possibilidade de contratação de todos os interessados em
oferecer o mesmo tipo de serviço à Administração Pública, de maneira igualitária.

STJ. 1ª Turma. REsp 1.747.636-PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 03/12/2019 (INFO/STJ 662).

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2. DESAPROPRIAÇÃO

DESAPROPRIAÇÃO E REPARAÇÃO DECORRENTE DE LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS

2. (DJUS) Para o STJ, em ação de desapropriação indireta é incabível reparação


decorrente de limitações administrativas. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Município de Rio das Ostras impôs uma restrição (limitação administrativa) ao uso dos
imóveis de propriedade de José e João, delimitando uma área em que deveria ter o
ambiente preservado. Insatisfeitos, ajuizaram Ação de Desapropriação Indireta, sob o
fundamento de que houve esvaziamento do valor econômico de sua propriedade,
objeto de restrição de uso em decorrência da instituição de Unidade de Conservação
Ambiental, a ensejar o dever de indenização pelo Poder Público, por consubstanciar
“verdadeira desapropriação indireta” e não mera limitação administrativa. Nessa
situação, para o STJ, não assiste razão a José e João, pois a ação de desapropriação
indireta, ante seu caráter real, não seria adequada para a postulação de reparação
decorrente de limitações administrativas, pretensão de natureza pessoal, devendo a
parte entrar com ação própria. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
662/STJ Gabarito: ERRADO. Para o STJ, em ação de desapropriação indireta É CABÍVEL reparação
decorrente de limitações administrativas. Isso porque, apesar dessa ação ser de caráter
real e não ser a ideal para se postular tal reparação, inclusive já existindo julgados desse
Tribunal nesse sentido, há de se observar os princípios da instrumentalidade das formas e
da primazia da solução integral do mérito, uma vez que as partes têm o direito de obter
em prazo razoável a solução do mérito, incluída a atividade satisfativa. Dessa forma, deve
haver a adequação da ação para permitir o requerimento da indenização. No caso, o
intuito da parte recorrente foi buscar apenas a satisfação de seu direito pessoal,
decorrente de ato estatal que afrontou direito real de sua titularidade, qual seja a
faculdade de usar, gozar e dispor da coisa (art. 1.228, caput, CC1). Assim, a parte restaria
prejudicada e haveria violação aos princípios citados caso fosse imposta,
obrigatoriamente, a necessidade de buscar essa reparação através de demanda própria.
Portanto, apesar de não se tratar de caso de desapropriação indireta, pois não houve a
perca da propriedade, permite-se a utilização da ação de desapropriação indireta para
requerer a reparação decorrente de limitações administrativas, justamente por ser
possível haver uma confusão entre ambas. Por fim, vale distinguir a desapropriação
indireta da limitação administrativa. Aquela ocorre quando o Estado invade o bem
particular sem observar os procedimentos administrativos e judiciais inerentes à
desapropriação, de maneira irregular e ilícita, de forma que não há mais como reverter tal
situação, somente podendo ser pleiteado o pagamento de justa indenização por meio da
Ação de Indenização por Desapropriação Indireta. Já a limitação administrativa, por sua
vez, diz respeito a uma restrição de caráter geral a todos os proprietários que se

1
CC, art. 1.228, caput. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem
quer que injustamente a possua ou detenha.

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enquadrem em determinada situação descrita na norma, podendo haver indenização caso


alguma pessoa sofra um prejuízo diferenciado em relação aos demais. Ademais, havendo
uma limitação administrativa que torne impossível a utilização do bem pelo proprietário,
configura-se, na verdade, uma espécie de desapropriação indireta, devendo o Poder
Público indenizar o particular.

STJ. 1ª Turma. REsp 1.653.169-RJ, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 19/11/2019 (INFO/STJ 662).

3. IMPENHORABILIDADE DE BENS

OS BENS DA FUNDAÇÃO HABITACIONAL DO EXÉRCITO PODEM SER PENHORADOS?

3. (DJUS) Para o STJ, os bens da Fundação Habitacional do Exército - FHE são


impenhoráveis. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Ministério Público ajuizou demanda cautelar de arresto em face da Fundação


Habitacional do Exército – FHE por alegados prejuízos ao Banco Central e aos
investidores. A FHE, embora tenha natureza jurídica de direito privado, insatisfeita pela
ação ter sido provida, insurgiu-se contra a medida, sob o argumento de que goza de
impenhorabilidade de seus bens. Nessa situação, para o STJ, a liminar de arresto não
INFO
deve ser provida, pois os bens da FHE não podem ser penhorados. C/E?
662/STJ
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, os bens da Fundação Habitacional do Exército - FHE são
impenhoráveis. Isso porque, apesar de ter natureza jurídica de direito privado, ela é
equiparada a entidade autárquica federal, mesmo havendo previsão legal (art. 3º da Lei n.
7.750/19892) de que não serão destinados recursos orçamentários da União à FHE. Além
disso, está previsto no art. 31 da Lei n. 6.855/19803 que seu patrimônio detém privilégios
próprios da Fazenda Pública, inclusive quanto à impenhorabilidade. Ademais,
corroborando com o já exposto, o art. 4º da Lei n. 7.750/1989 4 dispõe que se aplica à
Fundação Habitacional do Exército a supervisão ministerial e as determinações do art. 70
e parágrafo único da CF5. Ou seja, essa fiscalização e o controle impostos à FHE quanto à
questão orçamentária fazem com que ela mantenha suas características de autarquia

2
Lei nº 7.750/89, art. 3º. À Fundação Habitacional do Exército - FHE não serão destinados recursos orçamentários da União.
3
Lei nº 6.855/80, art. 31. O patrimônio, a renda e os serviços vinculados às finalidades essenciais da Fundação Habitacional do
Exército - FHE, ou delas decorrentes, pela sua origem e natureza, gozam dos privilégios próprios da Fazenda Pública, quanto à
imunidade tributária, prazos prescricionais, impenhorabilidade, foro, prazos e custas processuais.
4
Lei nº 7.750/89, art. 4º. Ressalvadas a supervisão ministerial e as determinações do art. 70 e seu parágrafo único da Constituição
Federal, à Fundação Habitacional Exército - FHE não se aplicam outras disposições legais e regulamentares relativas às autarquias,
às fundações públicas e aos demais órgãos e entidades da Administração Indireta.
5
CF, art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração
direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida
pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará
contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

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federal. Por fim, vale mencionar que o art. 3º da Lei n. 7.750/1989 revogou o inciso I, do
art. 12, da Lei 6.855/19806, que previa a existência de recursos provenientes de dotações
consignadas no Orçamento Geral da União, porém, isso não deixou que a FHE continuasse
recebendo contribuições de entes públicos, sendo necessário, então, manter a
impenhorabilidade de seus bens. Portanto, uma decisão judicial não pode ir de encontro
às prerrogativas trazidas pela própria lei.

STJ. 1º Turma. REsp 1.802.320-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 12/11/2019 (INFO/STJ 662).

DIREITO PENAL
4. DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA PARA AGENTE INIMPUTÁVEL.

4. (DJUS) Para o STJ, na aplicação do art. 97 do CP não deve ser considerada a natureza
da pena privativa de liberdade aplicável, mas sim a periculosidade do agente,
cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo tratamento que melhor se adapte ao
inimputável. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Tingulinho, doente mental, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ao


tempo da ação, praticou fato previsto como crime punível com pena de reclusão. Em
razão da natureza da pena privativa de liberdade, foi determinada sua internação em
hospital de custódia (art. 97 do CP). Nessa situação, para o STJ, o fato de o crime ser
INFO
punível com reclusão não deve ser considerado para aplicação do art. 97 do CP, mas sim
662/STJ
a periculosidade do agente, cabendo ao juiz optar pelo tratamento mais adequado ao
inimputável (internação ou tratamento ambulatorial). C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Na aplicação do art. 97 do CP7 (imposição de medida de segurança


para inimputável) NÃO DEVE ser considerada a natureza da pena privativa de liberdade
aplicável (reclusão ou detenção), mas sim a periculosidade do agente, cabendo ao
julgador a faculdade de optar pelo tratamento que melhor se adapte ao inimputável
(internação ou tratamento ambulatorial). Isso, porque na fixação da medida de
segurança, por não se vincular à gravidade do delito perpetrado, mas à periculosidade do
agente, é cabível ao magistrado a opção por tratamento mais apropriado ao inimputável,
independentemente de o fato ser punível com reclusão ou detenção, em homenagem aos
princípios da adequação, da razoabilidade e da proporcionalidade. Em outras palavras,

6
Lei 6.855/80, I, art. 12. Os recursos financeiros da Fundação são provenientes de: I - dotações consignadas no Orçamento Geral da
União;
7
CP, art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for
punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.

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ainda que se trate de delito punível com reclusão, é facultada ao magistrado a escolha do
tratamento que melhor se adapte ao inimputável (internação ou tratamento
ambulatorial), nos termos do art. 97 do Código Penal. Importante recordar que na
aplicação de medida de segurança o inimputável (art. 26, caput, do CP 8) que pratica uma
infração penal é absolvido, porém, impõe-se uma das espécies de medida de segurança
(art. 97 do CP), tratando-se de uma sentença absolutória imprópria. As espécies de
medida de segurança estão dispostas no art. 96 do CP9, quais sejam: i) detentiva (inciso I),
que consiste em internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta,
em estabelecimento adequado, importando em privação da liberdade do agente; ii)
restritiva (inciso II), que consiste em tratamento ambulatorial, ocasião em que o agente
permanece livre, mas submetido a tratamento médico. Por fim, insta salientar que o prazo
máximo da medida de segurança, nos termos do art. 97, § 1º do CP 10, será por tempo
indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a
cessação da periculosidade. Contudo, o STJ decidiu que a duração da medida de
segurança não pode ultrapassar o limite máximo da pena abstrata cominada ao delito
praticado (Súmula 527/STJ), em obediência aos princípios da isonomia e da
proporcionalidade, caso contrário estaria o inimputável sujeito à consequência mais
gravosa quando comparado ao imputável, para o qual a lei limita o poder de atuação do
Estado, nos termos do art. 75 do CP11. O STF, por sua vez, adota o posicionamento pelo
qual a medida de segurança fica adstrita ao período máximo de 30 anos, fazendo uma
analogia ao art. 75 do CP e considerando que a CF/88 veda as penas de caráter perpétuo
(STF. 1ª Turma. HC 107432, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. em 24/05/2011). ATENÇÃO!
A Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) alterou o limite do tempo de cumprimento da
pena privativa de liberdade para 40 anos. Com isso, pelas razões apresentadas, é provável
que o entendimento do STF acompanhe a alteração legislativa, visto que se tratou apenas
de modificação do prazo máximo de cumprimento da pena. Destaque-se que essa
alteração é mais gravosa ao réu (novatio legis in pejus) e por esse motivo não retroage
para atingir condutas anteriores (irretroatividade da lei penal mais gravosa).

STJ. 3ª Seção. EREsp 998.128/MG, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, julgado em 27/11/2019 (INFO/STJ 662).

8
CP, art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
9
CP, art. 96. As medidas de segurança são: I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro
estabelecimento adequado; II - sujeição a tratamento ambulatorial. Parágrafo único. Extinta a punibilidade, não se impõe medida
de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.
10
CP, art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for
punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. § 1º A internação, ou tratamento ambulatorial, será
por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O
prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. (...).
11
CP, art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos.

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5. LEI DE DROGAS – LEI Nº 11.343/06

POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL E REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA

5. (DJUS) Para o STJ, a reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei nº 11.343/06 é


a específica. C/E?

Vejamos o caso concreto julgado (com adaptações):

Joãozinho, em 2018, foi condenado pelo crime de roubo (art. 157 do CP), cuja sentença
transitou em julgado no mesmo ano. No ano seguinte, foi condenado nas penas do art.
28 da Lei de Drogas (posse de drogas para consumo pessoal). Nessa situação, para o STJ,
a condenação anterior pelo crime de roubo não é capaz de gerar a reincidência de que
trata o § 4º do art. 28 da Lei nº 11.343/06, pois a reincidência deste dispositivo leal é a
específica. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito. CERTO. Para o STJ, a reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei nº


11.343/0612 (Lei de Drogas) é a ESPECÍFICA, ficando sujeito a este dispositivo aquele que
reincide no contato típico com drogas para consumo próprio. Em outras palavras,
INFO
condenação anterior por crime que não seja o de posse de drogas para consumo pessoal
662/STJ
não impede a aplicação das penas do art. 28, caput, incisos II e III, da Lei nº 11.343/06
com a limitação de 5 (cinco) meses de que dispõe o § 3º do referido dispositivo legal. Isso,
porque o § 4º incidirá apenas em caso de reincidência específica, ocasião em que as
penas previstas nos incisos II e III do caput do art. 28 da Lei de Drogas serão aplicadas pelo
prazo máximo de 10 (dez) meses. Embora não conste da letra da lei, é certo concluir que a
reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei 11.343⁄2006 é a específica, pois a melhor
exegese, segundo a interpretação topográfica, essencial à hermenêutica é a de que os
parágrafos não são unidades autônomas, estando vinculadas ao caput do artigo a que se
referem. Vale dizer, aquele que reincidir na prática do delito de posse de drogas para
consumo pessoal ficará sujeito a penas mais severas – pelo prazo máximo de 10 meses –,
não se aplicando, portanto, à hipótese vertente, a regra segundo a qual ao intérprete não
cabe distinguir quando a norma não o fez. Cumpre destacar que a posse de drogas para
consumo pessoal, prevista no art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), conquanto seja
crime, é punida apenas com "advertência sobre os efeitos das drogas" (inciso I),
"prestação de serviços à comunidade" (inciso II) e "medida educativa de comparecimento
a programa ou curso educativo" (inciso III), não havendo em tais casos qualquer
possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade pelo descumprimento, como
no caso das penas substitutivas. Em razão disso, conforme jurisprudência do STF e STJ,
essa conduta foi apenas DESPENALIZADA, mas NÃO descriminalizada, ou seja, não
houve abolitio criminis (STF. Questão de ordem no RE 430.105/RJ). Por fim, insta

12
Lei 11.343/06, art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência
sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou
curso educativo. (...) § 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco)
meses. § 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo
de 10 (dez) meses. (...).

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salientar que, de acordo com o entendimento do STJ, a condenação anterior pelo crime
de posse de drogas para consumo pessoal NÃO gera reincidência (art. 63 do CP13) em
razão de eventual condenação por outro crime diverso (STJ. 5ª Turma. HC 453.437/SP,
Rel. Min. Reynaldo Soares, julgado em 04/10/2018, INFO/STJ 636).

STJ. 6ª Turma. REsp 1.771.304/ES, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, julgado em 10/12/2019 (INFO/STJ 662).

DIREITO PROCESSUAL PENAL


6. EXECUÇÃO PENAL

RECONHECIMENTO DA REINCIDÊNCIA NO JUÍZO DA EXECUÇÃO PENAL

6. (DJUS) O Juízo da Execução pode promover a retificação do atestado de pena para


constar a reincidência, ainda que não esteja reconhecida expressamente na
sentença penal condenatória transitada em julgado, de acordo com o STJ. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Joãozinho teve sentença condenatória transitada em julgado em 2017. No ano seguinte,


praticou outro crime e obteve nova condenação, que não reconheceu expressamente a
reincidência do sentenciado. Após o trânsito em julgado da sentença, iniciou-se o
cumprimento definitivo da pena. Nessa situação, para o STJ, o Juízo da Execução pode
fazer constar a reincidência no atestado da pena, mesmo que não tenha sido
reconhecida, de forma expressa, na sentença condenatória transitada em julgado. C/E?
INFO
662/STJ
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, o Juízo da Execução PODE promover a retificação do


atestado de pena para constar a reincidência, ainda que não esteja reconhecida
expressamente na sentença penal condenatória transitada em julgado. Em outras
palavras, a reincidência que não esteja expressamente reconhecida no édito condenatório
pode ser proclamada pelo juiz da execução, pois constitui circunstância pessoal que
acompanha o condenado durante toda a execução, podendo ser reconhecida pelo Juízo
que supervisiona o cumprimento da pena, ainda que não declarada pelo Juízo que
prolatou a sentença condenatória, não havendo violação à coisa julgada e ao princípio do
non reformatio in pejus. Isso, porque as condições pessoais do paciente, como a
reincidência, devem ser observadas pelo juízo da execução para concessão de benefícios
(progressão de regime, livramento condicional, etc.), independente de tal condição ter
sido considerada na sentença condenatória, eis que também é atribuição do juízo da
execução individualizar a pena. Em se tratando de sentença penal condenatória, insta

13
CP, art. 63. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País
ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

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salientar que o juízo da execução deve se ater ao teor do referido decisum, no que diz
respeito ao quantum de pena, ao regime inicial, bem como ao fato de ter sido a pena
privativa de liberdade substituída ou não por restritiva de direitos. Contudo, a
intangibilidade da sentença penal condenatória transitada em julgado não retira do Juízo
das Execuções Penais o dever de adequar o cumprimento da sanção penal às condições
pessoais do réu. Assim, cumpre destacar que a individualização da pena se realiza,
essencialmente, em três momentos: i) na cominação da pena em abstrato ao tipo legal,
pelo Legislador; ii) na sentença penal condenatória, pelo Juízo de conhecimento; e iii) na
execução penal, pelo Juízo das Execuções, na aferição das condições pessoais do paciente
(ex.: reincidência) para fins de concessão de benefícios.

STJ. 3ª Seção. EREsp 1.738.968/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/11/2019 (INFO/STJ 662).
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.642.746/ES, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 03/08/2017.

DIREITO CIVIL
7. CONTRATOS
SEGURO DE VIDA

POSSIBILIDADE OU NÃO DE MODULAÇÃO DOS EFEITOS DE NOVA ORIENTAÇÃO


JURISPRUDENCIAL

7. (DJUS) Para o STJ, não é cabível a modulação dos efeitos do entendimento da


Súmula n. 610/STJ no caso de suicídio que tenha ocorrido ainda na vigência do
entendimento anterior, previsto nas Súmulas 105/STF e 61/STJ. C/E?
INFO
Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):
662/STJ
João contratou junto ao Itaú Seguros S/A uma apólice de seguro de vida, da qual
SÚMULA
Brenda, sua esposa, seria a beneficiária no caso de seu falecimento. Ocorre que João,
105/STF
durante os dois primeiros anos de vigência do contrato de seguro cometeu suicídio,
motivo que levou a seguradora a não efetuar o pagamento. Brenda entrou com ação de
SÚMULA
cobrança que foi julgada procedente sob o fundamento de ter o suicídio ocorrido
61/STJ
durante a vigência das Súmulas 105/STF e 61/STJ e da orientação jurisprudencial de que
o suicídio não exime o pagamento do seguro de vida. A seguradora recorreu da decisão
SÚMULA
alegando a superação das referidas súmulas e a dissonância com a mais recente
610/STJ
jurisprudência sobre o tema de que o seguro não cobre o suicídio se ocorrido nos 02
primeiros anos de vigência do contrato, independente de ter sido ou não premeditado.
Para o STJ, nessa hipótese, assiste razão à seguradora, não sendo devido o pagamento
do seguro, uma vez que o evento ocorreu dentro do período de carência de 02 anos, em
respeito a atual jurisprudência sobre o tema. C/E?

COMENTÁRIO

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Gabarito: ERRADO. Para o STJ, É CABÍVEL a modulação dos efeitos do entendimento da


Súmula n. 610/STJ14 no caso de suicídio que tenha ocorrido ainda na vigência do
entendimento anterior, previsto nas Súmulas 105/STF15 e 61/STJ16. Em outras palavras, é
cabível a modulação dos efeitos da nova orientação jurisprudencial (Súmula 610/STJ)
sobre os litígios surgidos durante a vigência do entendimento da jurisprudência anterior
(Súmula 105/STF e 61/STJ) ainda que já submetidos ao Judiciário. A discussão se dá em
torno da Súmula 105 do STF assim redigida: “Salvo se tiver havido premeditação, o
suicídio do segurado no período contratual de carência não exime o segurador do
pagamento do seguro”, e da Súmula 61 do STJ: “O seguro de vida cobre o suicídio não
premeditado”, jurisprudência consolidada antes do advento do Código Civil de 2002. Ou
seja, o cometimento do suicídio, SEM PREMEDITAÇÃO, não era capaz de eximir o
segurador de pagar o seguro ao beneficiário. Contudo, o STJ recentemente deu nova
interpretação ao art. 798, do Código Civil/0217, consolidando sua mudança de orientação
através da Súmula 610, assim expressa: “o suicídio não é coberto nos dois primeiros anos
de vigência do contrato de seguro de vida, ressalvado o direito do beneficiário à devolução
do montante da reserva técnica formada”. Nesse passo, não importa se houve ou não
premeditação, se o suicídio for cometido durante o período de carência (02 primeiros
anos de vigência do contrato) o beneficiário não receberá o pagamento do seguro.
Contudo, é de se observar que no caso de ter sido o suicídio cometido sob a vigência da
antiga jurisprudência consolidada através das Súmulas 105/STF e 61/STJ, em que,
inclusive, haja sentença procedente proferida, é possível que se module os efeitos do
novo entendimento jurisprudencial (Súmula 610/STJ), evitando prejuízos para o
beneficiário do seguro, protegendo-se a segurança jurídica e o interesse social contido no
tema discutido. Assim, deve-se aplicar o entendimento anterior, uma vez que não se
poderia aplicar retroativamente, nos autos que já conta com sentença favorável, o novo
entendimento jurisprudencial. Dessa forma, é cabível a modulação dos efeitos da nova
orientação jurisprudencial, aplicando-se a jurisprudência anterior ao caso ocorrido
durante a sua vigência.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.721.716-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por maioria, julgado em 10/12/2019
(INFO/STJ 662).

REPRESENTAÇÃO COMERCIAL

PAGAMENTO ANTECIPADO DE INDENIZAÇÃO POR RESCISÃO UNILATERAL IMOTIVADA


PELA REPRESENTADA
INFO
662/STJ 8. (DJUS) Para o STJ, é válida a cláusula que prevê o pagamento antecipado da
indenização devida ao representante comercial no caso de rescisão injustificada do
contrato pela representada. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

14
Súmula STJ 610. Salvo se tiver havido premeditação, o suicídio do segurado no período contratual de carência não exime o
segurador do pagamento do seguro.
15
Súmula STF 105. Salvo se tiver havido premeditação, o suicídio do segurado no período contratual de carência não exime o
segurador do pagamento do seguro.
16
Súmula STJ 61. O seguro de vida cobre o suicídio não premeditado.
17
Art. 798. CC/02. O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o segurado se suicida nos primeiros dois anos de
vigência inicial do contrato, ou da sua recondução depois de suspenso, observado o disposto no parágrafo único do artigo
antecedente.

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A empresa LEKE celebrou contrato de representação comercial junto à empresa Pincéis


Atlas, constando cláusula expressa de indenização antecipada a ser paga juntamente
com a remuneração mensal do representante, no caso de rescisão unilateral imotivada.
Durante a vigência contratual a empresa representante foi surpreendida com a
notificação da representada rescindindo de forma unilateral o contrato sem justificativa.
O representante exigiu o pagamento da indenização prevista no contrato, mas a
representada alegou que a verba já havia sido paga antecipadamente junto com as
comissões recebidas ao longo da execução contratual, conforme pactuado entre eles no
contrato. Para o STJ, nessa situação, assiste razão à empresa representada, pois a
cláusula de pagamento antecipado foi pactuada entre as partes em comum acordo e de
forma lícita.

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, é NULA a cláusula que prevê o pagamento antecipado da
indenização devida ao representante comercial no caso de rescisão injustificada do
contrato pela representada. Em outras palavras, é ILEGAL a cláusula que prevê o
pagamento ANTECIPADO de INDENIZAÇÃO por rescisão unilateral imotivada. O Contrato
de representação comercial é regulado pela Lei 4.886/65 e embora seu art. 27, “J”18,
disponha que o representante deva ser indenizado no caso do contrato de representação
comercial ser rescindido sem motivação justa e de forma unilateral pelo representado, É
INCABÍVEL O PAGAMENTO ANTECIPADO juntamente com a remuneração mensal devida
ao representante. Isso porque, só cabe se falar em INDENIZAÇÃO após a prática do ato
que lhe deu causa e não antes da ocorrência do fato que gerou o prejuízo/dano. Nesse
passo, vige o princípio da BOA-FÉ OBJETIVA, pois ainda que haja cláusula
FORMALEMENTE LÍCITA, se o seu exercício gerar consequências danosas para a outra
parte ou demonstrar deslealdade, impossível que essa cláusula seja efetivada. Dessa
forma, deve ser declarada nula a cláusula que gere o desequilíbrio entre as partes
celebrantes do contrato, como no caso da cláusula de pagamento de indenização
antecipada por rescisão unilateral imotivada.

STJ. 3ª Turma. REsp 1.831.947-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por maioria, julgado em 10/12/2019
(INFO/STJ 662).

PLANOS DE SAÚDE

APLICABILIDADE OU NÃO DA LEI DOS PLANOS DE SAÚDE À AUTARQUIA MUNICIPAL QUE


PRESTA SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE
INFO
662/STJ 9. (DJUS) Para o STJ, não se aplica a Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/98) à Autarquia
Municipal que presta serviços de assistência à saúde suplementar em favor de seus
servidores e pensionistas. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

18
Lei 4.886/65, art. 27. Do contrato de representação comercial, além dos elementos comuns e outros a juízo dos interessados,
constarão obrigatoriamente: [...] j) indenização devida ao representante pela rescisão do contrato fora dos casos previstos no art.
35, cujo montante não poderá ser inferior a 1/12 (um doze avos) do total da retribuição auferida durante o tempo em que exerceu
a representação.

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Olinda, com base na Lei Federal 9.656/98 (Lei dos Planos de Saúde) ajuizou ação contra
a Caixa de Assistência, Aposentadoria e Pensões dos Servidores Municipais de Londrina -
CAAPSML (Autarquia Municipal) devido a negativa de cobertura e de ressarcimento em
razão das despesas de sua internação e tratamento médico domiciliar. Os pedidos foram
julgados improcedentes pelo juiz, sob o fundamento de que a CAAPSML é pessoa
jurídica de direito público, não se enquadrando na Lei dos Planos de Saúde, que prevê a
submissão a esta Lei apenas das pessoas jurídicas de direito privado. Para o STJ, nessa
situação, agiu corretamente o juiz, pois apenas as pessoas jurídicas de direito privado
estão submetidas à Lei dos Planos de Saúde, conforme disposto no art. 1º. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, APLICA-SE a Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/98) à
Autarquia Municipal que presta serviços de assistência à saúde suplementar em favor
de seus servidores e pensionistas. Em outras palavras, incide a Lei 9.656/98 (Lei dos
Planos de Saúde) nos Planos de Saúde de autogestão prestados por autarquia municipal
aos seus servidores. Isso porque, embora esteja expresso que apenas as pessoas jurídicas
de direito privado se submetam à Lei dos Planos de Saúde, a referida lei também se aplica
à pessoa jurídica de direito público de natureza autárquica que presta serviços de
assistência à saúde suplementar, em razão da ampliação de sua abrangência que incluiu
outras espécies de entidades que também prestam assistência à saúde. Assim dispõe o
art. 1º, caput, da Lei 9.656/9819: “Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas
jurídicas de direito privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do
cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotando-se, para fins de
aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições: [...]”. Observa-se que o
dispositivo se refere apenas às pessoas jurídicas de DIREITO PRIVADO, no entanto, há
ampliação dessa abrangência para outras entidades e empresas que também prestem
assistência à saúde, como no caso das cooperativas, nos termos do §2º do art. 1º da Lei
9.656/9820. Ou seja, considerando que as pessoas jurídicas de direito privado são
mencionadas expressamente no caput do art. 1º da Lei nº 9.656/1998, a utilização do
termo "entidade" no § 2º denota a intenção do legislador de ampliar o alcance da lei às
pessoas jurídicas de direito público que prestam serviço de assistência à saúde
suplementar. Dessa forma, quando entidades de direito público optarem por prestar
serviços de Plano de Saúde Suplementar devem se submeter à Lei Federal dos Planos de
Saúde, observando as disposições legislativas para os contratos dessa natureza,
assegurando direitos mínimos e o equilíbrio contratual entre a entidade operadora do
plano de saúde e seus usuários.

STJ. 3ª Turma. REsp 1.766.181-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, por maioria, julgado em 03/12/2019 (INFO/STJ 662).

19
Art. 1º, caput. Lei 9.656/98. Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito privado que operam planos de
assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotando-se, para fins de
aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições: [...].
20
Art. 1º, §2º. Lei 9.656/98. § 2o Incluem-se na abrangência desta Lei as cooperativas que operem os produtos de que tratam o
inciso I e o § 1o deste artigo, bem assim as entidades ou empresas que mantêm sistemas de assistência à saúde, pela modalidade
de autogestão ou de administração.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL


8. COMPETÊNCIA
AÇÃO POPULAR

COMPETÊNCIA PARA JULGAR AÇÃO POPULAR CONCORRENTE COM DIVERSAS AÇÕES


COM OBJETO ASSEMELHADO

10. (DJUS) Para o STJ, embora a competência para julgar a ação popular, em regra, seja
do foro do domicilio do autor, a magnitude econômica, social e ambiental do caso
concreto pode alterar essa competência para o local do fato, quando a ação popular
concorrer com diversas outras ações individuais, civis públicas e populares,
decorrentes do mesmo dano ambiental. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Em razão do rompimento da barragem de Brumadinho, que gerou imensa repercussão


econômica, social e ambiental, Felipe propôs ação popular no foro de seu domicílio
(Campinas/SP) contra a Vale S.A, a União, o Distrito Federal e o Estado de MG. Ocorre
que diversas outras ações individuais, civis e populares decorrentes do mesmo dano
também foram propostas. Para o STJ, nesse caso, diante da magnitude dos danos e em
virtude da defesa do interesse coletivo, o julgamento da ação deverá ser realizado no
local da ocorrência do ato danoso. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
662/STJ
Gabarito: CERTO. Para o STJ, embora a competência para julgar a ação popular, em
regra, seja do foro do domicilio do autor, a magnitude econômica, social e ambiental do
caso concreto PODE alterar essa competência para o local do fato, quando a ação
popular concorrer com diversas outras ações individuais, civis públicas e populares,
decorrentes do mesmo dano ambiental. Em outras palavras, em caso de concorrência
entre diversas ações populares, civis e individuais decorrentes do mesmo dano, a
competência para processamento da ação será do local do fato. Sabe-se que, a REGRA
GERAL é de que a ação popular seja proposta no local de DOMICILIO DO AUTOR, contudo,
quando houver concorrência da ação popular com outras ações com objeto
assemelhados, o foro de domicílio do autor é sobreposto pelo do local onde o dano
ocorreu. Essa sobreposição se impõe porque no caso de competência concorrente,
elegendo-se o foro do local do fato evitam-se decisões conflitantes, possibilitando que a
Justiça se realize de forma mais objetiva, célere e harmônica. A Ação Popular é um
instrumento que garante a todos os cidadãos a oportunidade de fiscalizar os atos
praticados pelos governantes, impugnando atos que causem danos à sociedade, razão
pelo qual o legislador facilitou o exercício desse direito, conferindo a competência, em
regra, ao foro do domicilio do autor da ação. Porém, no caso de ser igualmente
competente o foro do domicilio do autor e o do local do dano, segundo a própria
jurisprudência do STJ, a competência será do juízo em que haja menor dificuldade para o
exercício da ação popular. Entretanto, havendo concorrência entre ações diversas
decorrentes do mesmo evento danoso e presente o risco de tumulto processual em razão
da magnitude social, econômica e ambiental causados pelo dano, a competência para
julgamento deverá ser atribuída ao juízo do local do fato/dano. Não se trata de revogação

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do entendimento do STJ sobre a competência do local do domicilio do autor, mas de


realização de DISTINGUISHING (não aplicação de dado precedente vinculante do Tribunal,
por se reconhecer que a situação em analise não se encaixa nos parâmetros de incidência
do precedente), diante das peculiaridades do caso, visando um julgamento eficiente e
eficaz, aplicando-se a regra geral (domicilio do autor) apenas quando se tratar de ação
popular isolada.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.596.203-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Seção, por unanimidade, julgado
em 11/12/2019 (INFO/STJ 662).

AÇÃO CIVIL DE PERDA DO CARGO DE PROMOTOR

COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DA AÇÃO DE PERDA DO CARGO DE MEMBRO DO


MINISTÉRIO PÚBLICO

11. (DJUS) Para o STJ, compete ao Tribunal de Justiça local o julgamento da Ação Civil de
perda de cargo de Promotor de Justiça cuja causa de pedir não esteja relacionada
com a apuração de ato de improbidade administrativa. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Ministério Público propôs Ação Civil para perda de cargo de José, Promotor de Justiça
em disponibilidade, em razão de ter sido condenado pelo crime de denunciação
caluniosa e usurpação de função pública. Para o STJ, nesse caso, a competência para
julgar a ação civil de perda de cargo do Promotor é do Tribunal de Justiça local, nos
termos da Lei Orgânica do Ministério Público (8.625/93), pois não se trata de ilícito
vinculado a Lei de Improbidade. C/E?
INFO
662/STJ COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, compete ao Tribunal de Justiça local o julgamento da Ação
Civil de perda de cargo de Promotor de Justiça cuja causa de pedir não esteja
relacionada com a apuração de ato ilícito capitulado na Lei de improbidade
administrativa (Lei 8.429/92). Em outras palavras, não se tratando de ilícito constante na
Lei de Improbidade, o julgamento da ação civil para perda de cargo de Promotor de
Justiça é do Tribunal de Justiça local. Isso porque, a Lei de Organização do MP (Lei
8.265/93), prevê rito especial para processamento da ação civil pública para perda do
cargo de membros do MP. Dispõe o § 2º, do art. 38, da Lei 8.625/93 21: [...] § 2º A ação
civil para a decretação da perda do cargo será proposta pelo Procurador-Geral de Justiça
perante o Tribunal de Justiça local, após autorização do Colégio de Procuradores, na
forma da Lei Orgânica. Nesse passo, estabeleceu-se o foro por prerrogativa de função. Há
de se observar que, o atual entendimento jurisprudencial do STJ e STF é no sentido de
INEXISTÊNCIA DE FORO PRIVILEGIADO NAS AÇÕES CIVIS PÚBLICAS, contudo, apenas
quando se tratar de apuração de ato de improbidade administrativa, ou seja, quando a
causa de pedir da ação civil esteja vinculada a ilícito capitulado na Lei de Improbidade (Lei
8.429/92). No caso, a Ação Civil com foro especial previsto na Lei Orgânica do MP não se
confunde com a Ação Civil de Improbidade Administrativa que não prevê a prerrogativa

21
Lei 8.625/93, art. 38. Os membros do Ministério Público sujeitam-se a regime jurídico especial e têm as seguintes garantias: [...] §
2º A ação civil para a decretação da perda do cargo será proposta pelo Procurador-Geral de Justiça perante o Tribunal de Justiça
local, após autorização do Colégio de Procuradores, na forma da Lei Orgânica.

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de foro. Dessa forma, a competência para julgar a ação de perda de cargo de promotor de
justiça em razão de infração disciplinar no exercício da função pública é do Tribunal de
Justiça local.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.737.900-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
19/11/2019 (INFO/STJ 662).

9. NULIDADES

PENHORA DE VALORES DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE FUNCIONOU COMO AUXILIAR


DA JUSTIÇA

12. (DJUS) Para o STJ, é possível a penhora de valores de instituição financeira que não
foi parte no processo, mas que nele funcionou como auxiliar da justiça. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Em incidente instaurado no processo de falência da empresa BELINDA S/A o juiz


determinou que o Banco Boas Festas realizasse o bloqueio de valores nas contas da
referida empresa. Logo depois de constatado a suficiência do patrimônio da falida, o juiz
determinou que a instituição financeira liberasse o valor para pagamento dos credores
da empresa. A instituição financeira, em resposta a determinação, informou que o
dinheiro não existia mais, uma vez que foi retirado por determinação judicial de outros
INFO juízos. O juiz entendeu que houve descumprimento, por parte do Banco, da decisão que
662/STJ determinou o bloqueio e ordenou a penhora nas contas da instituição financeira no
valor correspondente ao bloqueio realizado anteriormente. Para o STJ, nessa situação, o
juiz agiu corretamente, pois é possível a penhora de valores da instituição financeira,
ainda que ela não seja parte no processo, uma vez que funcionou como auxiliar da
justiça e deve ser responsabilizada diretamente pelo descumprimento da ordem judicial
de bloqueio. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, NÃO é possível a penhora de valores de instituição


financeira que não foi parte no processo, mas que nele funcionou como auxiliar da
justiça. Em outras palavras, É ILEGAL a decisão que determinou a penhora de valores nas
contas da instituição financeira. Isso porque, a atuação dos auxiliares da Justiça é dirigida
e orientada pelo juiz da causa e subordina-se à autoridade judiciária, sob regime
administrativo. Nesse passo, os auxiliares da Justiça não possuem faculdade ou ônus
processual. No entanto, o fato de não ser parte no processo, não impede que seja
responsabilizado civil, administrativa ou penalmente, por danos decorrentes de omissões,
retardamentos ou condutas culposas ou dolosas, observado o disposto no art. 77 do CPC 22

22
Art. 77, CPC. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de
qualquer forma participem do processo: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - não formular pretensão ou de
apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento; III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou
desnecessários à declaração ou à defesa do direito; IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou
final, e não criar embaraços à sua efetivação; V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço

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(deveres das partes e de todos que funcionarem no processo), uma vez que a relação
jurídica é pública e não contratual. Assim, caso a instituição financeira seja
responsabilizada por conduta (culposa ou dolosa) que não se refira à violação do art. 77,
do CPC, não pode sofrer condenação definitiva sem que lhe seja atribuído o direito ao
contraditório e a ampla defesa. Dessa forma, é ilegal a decisão que determina a penhora
de valores das contas do Banco que funcionou apenas como auxiliar da justiça.
STJ. 3ª Turma. RMS 49.265-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
10/12/2019 (INFO/STJ 662).

10. LEGITIMIDADE PROCESSUAL

LEGITIMIDADE OU NÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA DEBATER COBRANÇA DE


ENCARGOS BANCÁRIOS

13. (DJUS) Para o STJ, o Ministério Público Federal não possui legitimidade ativa para
propor ação civil pública com o fim de debater a cobrança de encargos bancários
supostamente abusivos, praticados por instituições financeiras privadas. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública em face de diversas instituições
financeiras privadas com o fim de afastar a cobrança de tarifa pela emissão de cheques
de baixo valor. Porém, o juiz entendeu que o MPF não tinha legitimidade ativa para
INFO
prosseguir na demanda. Para o STJ, nesse caso, a decisão do juiz está correta, pois não
662/STJ
há interesse federal evidenciado a ser tutelado. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, o Ministério Público POSSUI legitimidade ativa para
propor ação civil pública com o fim de debater a cobrança de encargos bancários
supostamente abusivos, praticados por instituições financeiras privadas. Em outras
palavras, o Ministério Público Federal pode propor ação civil pública visando afastar a
cobrança de tarifa abusiva. Isso porque, compete à União a fiscalização das operações de
natureza financeira, nos termos do art. 21, VIII, da Constituição Federal23, bem como ao
Conselho Monetário Nacional (CMN) regular a constituição, o funcionamento e a
fiscalização das instituições monetárias, BANCÁRIAS e creditícias (art. 4º, VIII, da Lei
4.595/6424). Além disso, deve o Banco Central do Brasil cumprir as normas expedidas pelo
CMN. Isso significa que, além das instituições financeiras estarem subordinadas a esses
órgãos que as fiscalizam e regulam o seu funcionamento, sejam privadas ou públicas,

residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação
temporária ou definitiva; VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.
23
Art. 21, VIII, da CF/88. Compete à União: [...] administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza
financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;

24
Art. 4º, III, da Lei 4.595/64. Compete ao Conselho Monetário Nacional, segundo diretrizes estabelecidas pelo Presidente da
República: [...] Aprovar os orçamentos monetários, preparados pelo Banco Central da República do Brasil, por meio dos quais se
estimarão as necessidades globais de moeda e crédito;

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esses órgãos são FEDERAIS E DE ABRANGÊNCIA NACIONAL. Assim, evidente a presença


de INTERESSE FEDERAL, o que justifica a legitimidade ativa do MPF para propor a ação
civil pública para discutir as tarifas bancárias de emissão de cheque de baixo valor. Aqui,
visa-se a proteção de INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS de consumidores/usuários
do serviço bancário, tutelados pelo Código de Defesa do Consumidor (art. 81, inciso III)25,
ou seja, interesses que decorrem de origem comum. Dessa forma, tanto o MPE quanto o
MPF possuem legitimidade ativa para propor ação civil pública que vise a afastar a
incidência de tarifa bancária, supostamente abusiva, de emissão de cheque de baixo valor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.573.723-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por maioria, julgado em
10/12/2019 (INFO/STJ 662).

11. RECURSOS

POSSIBILIDADE OU NÃO DE APLICAÇÃO DA TÉCNICA DE JULGAMENTO AMPLIADO NOS


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

14. (DJUS) Para o STJ, a aplicação da técnica de julgamento ampliado deve ser utilizada
sempre que a decisão do recurso não for unânime, ainda que no caso de
acolhimento dos embargos de declaração não haja modificação do julgamento
originário em seu mérito. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Banco do Brasil, condenado ao pagamento de diferenças de correção monetária


incidentes sobre determinada aplicação financeira, interpôs agravo de instrumento
INFO
impugnando a homologação do laudo pericial que determinou a forma de cálculo da
662/STJ
correção monetária. Após ter o seu agravo de instrumento provido parcialmente por
maioria dos votos, o Banco apresentou embargos de declaração, alegando nulidade do
julgamento por ausência da técnica do julgamento ampliado (art. 942, do CPC) que
prevê a necessidade de convocação de outros julgadores quando o julgamento do
recurso não for unânime. Para o STJ, nessa hipótese, assiste razão ao Banco, pois
sempre que a decisão não for unânime deve ser aplicada a técnica de julgamento
ampliada. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, a aplicação da técnica de julgamento ampliado só é


possível se os embargos de declaração forem acolhidos para modificar o julgamento
originário em seu mérito. Em outras palavras, só se aplicará o julgamento ampliado se os
embargos declaratórios forem acolhidos para modificar o julgamento em seu mérito. O
art. 942, do CPC26 trata da técnica de julgamento ampliado que nada mais é do que a

25
Art. 81, III. CDC. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente,
ou a título coletivo. [...] interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
26
Art. 942. CPC. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada
com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número

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exigência da presença de outros julgadores, que serão convocados em número suficiente


para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial do julgamento. Contudo,
segundo a melhor doutrina, quando se tratar de embargos de declaração opostos contra
acórdão que julga agravo de instrumento, essa convocação somente ocorrerá caso os
embargos sejam acolhidos para modificar o julgamento originário do juiz de 1º grau que
houver proferido a decisão parcial de mérito (art. 942, §3º, II, do CPC 27). Assim, se o voto
vencido proferido nos embargos de declaração não for apto a modificar o julgamento do
agravo de instrumento em seu mérito, não será aplicada a técnica de julgamento
ampliado. Ou seja, se o voto vencido apenas indicar a anulação do julgamento para que
outro seja analisado, não haverá o que se falar em modificação do mérito da decisão.
Dessa forma, indevida a aplicação da ampliação do julgamento.

STJ. 3ª Turma. REsp 1.841.584-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 10/12/2019 (INFO/STJ 662).

12. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS (IRDR)

APLICAÇÃO OU NÃO DE DISTINGUISHING AO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS


REPETITIVAS

15. (DJUS) Para o STJ, aplica-se o procedimento de distinção (distinguishing) previsto no


artigo 1.037, §§ 9º e 13º do CPC/15 (recursos especial e extraordinário) ao incidente
de resolução de demandas repetitivas (IRDR). C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):


INFO
662/STJ
A Fundação Saúde, ré em ação de revisão de cobrança, interpôs agravo de instrumento
contra decisão do juiz que suspendeu o processo em 1º grau, em razão da instauração
de IRDR no Tribunal sobre questão alegadamente idêntica à debatida no processo de
origem, alegando que os fatos discutidos na ação eram distintos dos objeto de
julgamento do IRDR. O Tribunal não conheceu do recurso apontando a falta de previsão
legal do procedimento de distinção (distinguishing) no rol taxativo do art. 1.015, do
CPC/1528. A ré, inconformada, recorreu da decisão para que seu pedido fosse apreciado,
embora sem previsão expressa do instituto em relação ao IRDR. Para o STJ, nessa
hipótese, assiste razão à ré, devendo o seu pedido ser apreciado, pois embora não haja
de fato previsão expressa para o IRDR, há para o recurso especial e extraordinário
repetitivos e todos eles compõem um microssistema de julgamento de questões

suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de
sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.
27
Art. 942, §3º, II. CPC. A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido
em: [...] agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.
28
Art. 1.015. CPC. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:I - tutelas provisórias; II -
mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade
jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de
documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou
inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI
- redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ; XII - (VETADO); XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de
sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.

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repetitivas, nos termos do art. 928, do CPC/15. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CORRETO. Para o STJ, aplica-se o procedimento de distinção (distinguishing)


previsto no artigo 1.037, §§ 9º e 13º do CPC/1529 (recursos especial e extraordinário) ao
incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR). Dito de outra maneira: ainda que
o processo esteja suspenso em razão da instauração de IRDR sobre o mesmo tema e
embora não haja previsão expressa do procedimento de distinção (distinguishing) para o
IRDR, deve ser aplicado o referido sistema previsto para o recurso especial e
extraordinário em demandas repetitivas, pois tanto um quanto o outro fazem parte do
microssistema, cabendo inclusive agravo de instrumento em face de decisão que
suspendeu o processo de 1º grau (art. 1.037, §13, I). Ou seja, a parte pode comprovar a
distinção entre a questão a ser decidida e aquela a ser julgada no recurso (Especial ou
Extraordinário) ou IRDR, requerendo o prosseguimento do seu processo. Isso porque,
embora o art. 1037, do CPC/15 esteja inserido no Título que versa sobre os recursos
especiais e extraordinários repetitivos e o IRDR em Título sobre os processos de
competência originária dos Tribunais, ambos compõem um MICROSSISTEMA DE
JULGAMENTO DE DEMANDAS REPETITIVAS. Vejamos o que dispõe o art. 928, do CPC/15:
“considera-se julgamento de casos repetitivos a decisão proferida em: I – incidente de
resolução de demandas repetitivas; II – recursos especial e extraordinário repetitivos.”
Nesse passo, embora haja diferenças entre os institutos, também há semelhanças,
podendo-se aplicar ao IRDR determinadas disposições que são previstas apenas para os
recursos especiais e extraordinários, a exemplo do procedimento de distinção
(distinguishing), com previsão legal no art. 1.037, §9º. Dessa forma, o STJ entendeu que as
lacunas existentes em cada um desses mecanismos devem ser preenchidas com a
integração dessas técnicas no microssistema, ante a inexistência de vedação expressa no
texto do CPC/15. Assim, é possível a aplicação do procedimento de distinção previsto no
sistema de recursos especiais e extraordinários repetitivos para o IRDR. Por fim,
analisando detalhadamente o procedimento de distinção previsto no art. 1.037, §§ 9º a
13, verifica-se que o legislador definiu detalhado procedimento para essa finalidade,
dividido em cinco etapas: (i) intimação da decisão de suspensão; (ii) requerimento da
parte, demonstrando a distinção entre a questão debatida no processo e àquela
submetida ao julgamento repetitivo, endereçada ao juiz em 1º grau; (iii) abertura de
contraditório, a fim de que a parte adversa se manifeste sobre a matéria em 05 dias; (iv)
prolação de decisão interlocutória resolvendo o requerimento; (v) cabimento do agravo
de instrumento em face da decisão que resolve o requerimento.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.846.109-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
10/12/2019 (INFO/STJ 662).

29
Art. 1037, §§9º e 13, I. CPC. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do pressuposto do
caput do art. 1.036 , proferirá decisão de afetação, na qual [...] Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no processo
e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento do seu processo.
[...] Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o § 9º caberá: I - agravo de instrumento, se o processo estiver em
primeiro grau;

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DIREITO DO TRIBUTÁRIO
13. IMPOSTO DE RENDA

ISENÇÃO DE QUOTA CONDOMINIAL DO SÍNDICO E INCIDÊNCIA OU NÃO DO IRPF

16. (DJUS) Para o STJ, a isenção de quota condominial do síndico configura renda para
fins de incidência do Imposto de Renda de Pessoa Física. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Tingulinho, insatisfeito com a cobrança de IRPF referente à isenção das taxas


condominiais que lhe foi concedida por atuar como Síndico perante o condomínio do
edifício em que exerce seu labor, ajuizou ação para que tal valor não fosse incluído em
seu Imposto de Renda. Alega ainda que não recebeu qualquer valor pela prestação de
serviços, sendo as quotas condominiais pagas parte em dinheiro e parte com seu
próprio trabalho como Síndico, razão pela qual, a seu ver, tal isenção parcial não se
adequa ao conceito de renda, para fins de incidência do tributo. Para o STJ, nessa
situação, Tingulinho deve ter a ação julgada improcedente, pois a isenção de quota
condominial inclui-se como fato gerador do Imposto de Renda, sendo ele obrigado a
prestar contas desse seu pró-labore à receita federal. C/E?
INFO
662/STJ COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, a isenção de quota condominial do síndico NÃO configura
renda para fins de incidência do Imposto de Renda de Pessoa Física. Isso porque, não há
qualquer alteração em seu patrimônio, não havendo algum acréscimo de riqueza que
justifique a inclusão dessa quota condominial como ganho patrimonial na apuração anual
de rendimentos tributáveis. Caso esse valor fosse sujeito à incidência do IRPF, haveria
violação ao princípio da capacidade contributiva, previsto no art. 145, § 1º, da CF 30, que
guia a instituição de tributos devendo ser observada a capacidade do contribuinte de
recolher aos cofres públicos. Ou seja, essa dispensa dada ao síndico não pode ser
considerada um rendimento ou acréscimo patrimonial, pois conforme jurisprudência
firmada no próprio STJ, “o imposto sobre a renda incide sobre o produto da atividade de
auferir renda ou proventos de qualquer natureza, que constitua riqueza nova agregada ao
patrimônio do contribuinte, e deve se pautar pelos princípios da progressividade,
generalidade, universalidade e capacidade contributiva”. Dessa forma, não se pode
ampliar conceitos ou compreensões para que se defina uma obrigação que não configure,
prévia e tipicamente, fato gerador.

STJ. 1ª Turma. REsp 1.606.234-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 05/12/2019 (INFO/STJ 662).

30
CF, art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas,
em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. § 1º Sempre que
possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e
nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

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DECLARAÇÃO CONJUNTA DE IRPF E CORRESPONSABILIDADE OU NÃO DO CÔNJUGE


DECLARANTE

17. (DJUS) Para o STJ, não tendo participado do fato gerador do tributo, a declaração
conjunta de imposto de renda não torna o cônjuge corresponsável pela dívida
tributária dos rendimentos percebidos pelo outro. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Tingulau foi autuado pelo Fisco Federal para efetuar o pagamento de IRPF sobre os
rendimentos auferidos pela sua esposa, percebidos diretamente por ela, como resultado
de seu trabalho pessoal. Insatisfeito, ajuizou ação alegando que não teve participação
alguma na formação do fato gerador correspondente, pois se trata de trabalho
individual prestado por ela. Todavia, teve sua ação julgada improcedente, sob o
argumento de que a opção pela declaração do IRPF em conjunta, exercitada livremente
pelos contribuintes, torna conjuntas todas as deduções possíveis, sendo legal e legitimo
o auto de infração lançado contra o principal declarante, muito embora os rendimentos
tidos como fundamento da autuação sejam do declarante subsidiário. Assim, ainda
insatisfeito, interpôs Recurso. Nessa situação, para o STJ, razão assiste a Tingulau, pois
ele não é originariamente coobrigado ao pagamento do IRPF eventualmente incidente
INFO sobre os valores percebidos por sua esposa, oriundos da prestação de serviço
662/STJ desempenhado diretamente por ela, embora tenham feito, ulteriormente, a declaração
conjunta. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, não tendo participado do fato gerador do tributo, a
declaração conjunta de imposto de renda NÃO torna o cônjuge corresponsável pela
dívida tributária dos rendimentos percebidos pelo outro. Isso porque, não existe
interesse comum do marido na situação constitutiva do fato gerador do IRPF da esposa
(ou vice-versa), pois não houve participação ativa daquele na produção do fato gerador de
seu cônjuge. Ou seja, não incorre no que versa o inciso I do art. 124 do CTN31, que diz que
são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que
constitua o fato gerador da obrigação principal. Da mesma forma, também não se
enquadra no inciso II desse mesmo artigo, que dispõe que são solidariamente obrigadas
as pessoas expressamente designadas por lei, pois, a quem não tem a condição de
contribuinte, não se pode atribuir o dever de recolher o tributo, originalmente devido
pelo contribuinte, exceto se existisse interesse jurídico entre o sujeito passivo indireto e o
fato gerador. Insta salientar que, mesmo que os cônjuges realizem a declaração de forma
conjunta, não significa ser indicativo legal de corresponsabilidade, pois esta apenas deriva
das hipóteses elencadas no art. 124 do CTN.

STJ. 1ª Turma. REsp 1.273.396-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 05/12/2019 (INFO/STJ 662).

31
CTN, art. 124. São solidariamente obrigadas: I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador
da obrigação principal; II - as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não
comporta benefício de ordem.

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14. EXECUÇÃO FISCAL

TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO PARA REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL

18. (DJUS) Para o STJ, quando o ato de dissolução irregular da empresa ocorrer antes de
sua citação, o termo inicial do prazo prescricional para a cobrança do crédito dos
sócios-gerentes infratores é a data da prática de ato inequívoco indicador do intuito
de inviabilizar a satisfação do crédito tributário já em curso de cobrança executiva
promovida contra a empresa contribuinte, a ser demonstrado pelo Fisco e não a
data de diligência de citação da pessoa jurídica. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

A fazenda estadual ingressou com execução fiscal contra MAGAZINE DA MODA LTDA,
tendo a ré sido citada em 10/02/2010. Ocorre que, depois da citação, no dia
INFO 10/12/2016, o oficial de justiça ao tentar efetuar a penhora de bens, certificou que a ré
662/STJ deixou de funcionar em seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes,
o que configuraria a dissolução irregular da empresa. Em razão disso, a exequente
SÚMULA alegou que o sócio-gerente praticou ato ilícito com infração a lei, previsto no art. 135, III,
435/STJ do CTN32, passando a ser pessoalmente responsável pelo pagamento do crédito
tributário, razão pela qual requereu o redirecionamento da execução para o sócio-
gerente. Nessa situação, para o STJ, o pedido de redirecionamento deve ser indeferido,
pois ocorreu mais de 05 anos após a citação da ré, data em que se tem o início do prazo
prescricional para o redirecionamento por ato ilícito cometido pelos diretores/sócios-
gerentes com infração à lei. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, quando o ato de dissolução irregular da empresa ocorrer
DEPOIS de sua citação da ré, o termo inicial do prazo prescricional para a cobrança do
crédito dos sócios-gerentes infratores é a data da prática de ato inequívoco indicador do
intuito de inviabilizar a satisfação do crédito tributário (dissolução irregular) já em curso
de cobrança executiva promovida contra a empresa contribuinte, a ser demonstrado
pelo Fisco, nos termos do art. 792 do novo CPC/1533 (fraude à execução), combinado
com o art. 185 do CTN34 (presunção de fraude contra a Fazenda Pública) e NÃO a data de

32
CTN, art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos
praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os
mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.

33
CPC/15, art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: I - quando sobre o bem pender ação
fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo
registro público, se houver; II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do
art. 828 ; III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do
processo onde foi arguida a fraude; IV - quando, ao tempo da alienação ou da onera ção, tramitava contra o devedor ação capaz de
reduzi-lo à insolvência;V - nos demais casos expressos em lei.
34
CTN, art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito
para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa.

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diligência de citação da pessoa jurídica. Isso porque, conforme dispõe o art. 40 da Lei
6.830/8035, interpretado de acordo com o prazo trazido pelo art. 174 do CTN 36, sendo a
citação da pessoa jurídica marco interruptivo da prescrição, o redirecionamento baseado
no art. 135, III, do CTN37 (atos ilícitos praticados por diretores, gerentes ou
representantes) deve ocorrer no prazo máximo de cinco anos, contado dessa citação da
pessoa jurídica. Porém, existe uma hipótese peculiar em que merece ser dada atenção
que é quando a prática desse ato ilícito praticado pelos agentes do art. 135, III, do CTN
acontece após a citação da pessoa jurídica (uma dissolução irregular, por exemplo),
modificando para momento futuro o termo inicial do redirecionamento, não sendo mais a
partir da citação da pessoa jurídica. Primeiramente, tem-se a aplicação da Súmula 435 do
STJ38 para os casos de encerramento das atividades empresariais ou por não se encontrar
a empresa estabelecida no local informado como seu domicílio tributário, sem ter feito
comunicação aos órgãos competentes. Nesse caso, presume-se dissolvida irregularmente
a empresa, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.
Desse modo, no caso da dissolução irregular ter acontecido após a citação da pessoa
jurídica, conforme os institutos da Fraude à Execução (art. 593 do CPC/1973 e art. 792 do
novo CPC) e da Fraude contra a Fazenda Pública (art. 185 do CTN 39), tem-se que o termo
inicial da prescrição para redirecionamento é “a data do ato de alienação ou oneração de
bem ou renda do patrimônio da pessoa jurídica contribuinte ou do patrimônio pessoal
do(s) sócio(s) administrador(es) infrator(es), ou seu começo”. Insta salientar que a
incumbência de provar a prática do ato é da Fazenda Pública. Por fim, o Tema Repetitivo
444, decidido pelo STJ, na forma dos arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015, ficou assim
resolvido: “(i) o prazo de redirecionamento da Execução Fiscal, fixado em cinco anos,
contado da diligência de citação da pessoa jurídica, é aplicável quando o referido ato
ilícito, previsto no art. 135, III, do CTN, for precedente a esse ato processual; (ii) a citação
positiva do sujeito passivo devedor original da obrigação tributária, por si só, não
provoca o início do prazo prescricional quando o ato de dissolução irregular for a ela
subsequente, uma vez que, em tal circunstância, inexistirá, na aludida data (da citação),
pretensão contra os sócios-gerentes (conforme decidido no REsp 1.101.728/SP, no rito
do art. 543-C do CPC/1973, o mero inadimplemento da exação não configura ilícito
atribuível aos sujeitos de direito descritos no art. 135 do CTN). O termo inicial do prazo
prescricional para a cobrança do crédito dos sócios-gerentes infratores, nesse contexto, é a
data da prática de ato inequívoco indicador do intuito de inviabilizar a satisfação do
crédito tributário já em curso de cobrança executiva promovida contra a empresa
contribuinte, a ser demonstrado pelo Fisco, nos termos do art. 593 do CPC/1973 (art. 792
do novo CPC - fraude à execução), combinado com o art. 185 do CTN (presunção de fraude
contra a Fazenda Pública); e, (iii) em qualquer hipótese, a decretação da prescrição para o
redirecionamento impõe seja demonstrada a inércia da Fazenda Pública, no lustro que se

35
Lei 6.830/80, art. 40. O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre
os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.
36
CTN, art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição
definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II - pelo
protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que
extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.
37
CTN, art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos
praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os
mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
38
Súmula 435 do STJ. Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem
comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.
39
CTN, art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito
para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. Parágrafo único. O disposto neste artigo
não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.

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DJUS - Prof. Douglas Silva

seguiu à citação da empresa originalmente devedora (REsp 1.222.444/RS) ou ao ato


inequívoco mencionado no item anterior (respectivamente, nos casos de dissolução
irregular precedente ou superveniente à citação da empresa), cabendo às instâncias
ordinárias o exame dos fatos e provas atinentes à demonstração da prática de atos
concretos na direção da cobrança do crédito tributário no decurso do prazo prescricional”.

STJ. 1ª Seção. REsp 1.201.993-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 08/05/2019 (INFO/STJ 662).

DIREITO EMPRESARIAL
15. RECUPERAÇÃO JUDICIAL

PRAZO PARA AÇÃO DE HABILITAÇÃO RETARDATÁRIA DE CRÉDITO NA RECUPERAÇÃO


JUDICIAL

19. (DJUS) Para o STJ, a ação de habilitação retardatária de crédito deve ser ajuizada até
a prolação da decisão de encerramento do processo recuperacional. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Paulo ajuizou ação de habilitação de créditos trabalhistas em face de determinada


sociedade empresária, tendo sido julgada improcedente, pois o crédito tinha sido
constituído quando a recuperação já havia sido homologada e extinta. Insatisfeito,
interpôs Recurso. Nessa situação, para o STJ, o recurso não deverá ser provido, pois a
INFO
ação deveria ser ajuizada antes do encerramento da recuperação judicial. C/E?
662/STJ
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, a ação de habilitação retardatária de crédito deve ser
ajuizada até a prolação da decisão de encerramento do processo recuperacional. Isso
porque a coletividade de credores e a recuperação da empresa não podem restar
prejudicadas pela inércia da parte, assim ferindo a segurança jurídica, além de haver
possível violação aos princípios da razoável duração do processo e da eficiência. Dessa
forma, depois de encerrada a recuperação judicial, não mais se autoriza a habilitação ou
retificação de créditos. Ademais, vale mencionar como funciona essa habilitação de
créditos. De início, sabe-se que os credores da empresa em recuperação judicial têm o
prazo de 15 dias para apresentação da habilitação de seus créditos ao administrador
judicial, a partir da publicação do edital previsto no art. 52, § 1º, da Lei de Falências e
Recuperação de Empresas40, conforme dispõe o § 1º do art. 7º41 dessa mesma Lei. Logo

40
Lei 11.101/05, § 1º, art. 52. O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que conterá: I – o resumo do
pedido do devedor e da decisão que defere o processamento da recuperação judicial; II – a relação nominal de credores, em que se
discrimine o valor atualizado e a classificação de cada crédito; III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na
forma do art. 7º, § 1º, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação judicial apresentado pelo
devedor nos termos do art. 55 desta Lei.

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após o término desse prazo, o administrador terá 45 dias para publicar edital contendo a
relação de credores, que poderá ser impugnada perante o Juízo no prazo de 10 dias por
qualquer credor, devedor ou seus sócios ou o Ministério Público. Por conseguinte, findo
todos esses prazos, o credor que não fora incluído na relação de credores ainda poderá
apresentar uma habilitação retardatária, que poderá ocorrer de duas maneiras. Se esse
requerimento for realizado antes da homologação do quadro-geral, será processado de
acordo com os arts. 13 a 15 da LFRE42. Porém, caso seja protocolado depois, irá obedecer
ao procedimento comum, previsto no CPC, conforme art. 10, §§ 5º e 6º, da LFRE 43). Ou
seja, uma vez homologado esse quadro-geral, o credor somente poderá requerer sua
habilitação judicialmente, mediante a propositura de ação que tramitará pelo rito Comum
e que deve ser ajuizada até a prolação da decisão de encerramento do processo
recuperacional. Assim, como não há previsão legal a respeito do limite temporal para a
habilitação retardatária, a doutrina entende que até o momento da extinção da
recuperação ou da extinção das obrigações na falência será possível receber habilitações.
Em outras palavras, o limite temporal para poder ajuizar ação requerendo habilitação
retardatária será até a declaração de encerramento do processo de recuperação judicial.

STJ. 3ª Turma. REsp 1.840.166-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/12/2019 (INFO/STJ 662).

41
Lei 11.101/05, § 1º, art. 7º. Publicado o edital previsto no art. 52, § 1º, ou no parágrafo único do art. 99 desta Lei, os credores
terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos
créditos relacionados.
42
Lei 11.101/05, arts. 13, 14 e 15. Art. 13. A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os documentos
que tiver o impugnante, o qual indicará as provas consideradas necessárias. Parágrafo único. Cada impugnação será autuada em
separado, com os documentos a ela relativos, mas terão uma só autuação as diversas impugnações versando sobre o mesmo
crédito. Art. 14. Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro-geral de credores, a relação dos credores constante
do edital de que trata o art. 7º, § 2º, desta Lei, dispensada a publicação de que trata o art. 18 desta Lei. Art. 15. Transcorridos os
prazos previstos nos arts. 11 e 12 desta Lei, os autos de impugnação serão conclusos ao juiz, que: I – determinará a inclusão no
quadro-geral de credores das habilitações de créditos não impugnadas, no valor constante da relação referida no § 2º do art. 7º
desta Lei; II – julgará as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e provas apresentadas pelas
partes, mencionando, de cada crédito, o valor e a classificação; III – fixará, em cada uma das restantes impugnações, os aspectos
controvertidos e decidirá as questões processuais pendentes; IV – determinará as provas a serem produzidas, designando
audiência de instrução e julgamento, se necessário.
43
Lei 11.101/05, §§ 5º e 6º, art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7º, § 1º, desta Lei, as habilitações de crédito serão
recebidas como retardatárias. § 5º As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da homologação do quadro-geral
de credores, serão recebidas como impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15 desta Lei. § 6º Após a homologação do
quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário
previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para
inclusão do respectivo crédito.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
16. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

UTILIZÇÃO OU NÃO DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES DO SEGURADO NA APURAÇÃO DO


SALÁRIO DE BENEFÍCIO

20. (DJUS) De acordo com o STJ, para apuração do salário de benefício do segurado que
ingressou no Regime Geral da Previdência Social até o dia anterior à publicação da
Lei 9.876/99, só é possível a utilização dos maiores salários de contribuições
realizadas a partir de julho de 1994, ainda que a regra de transição não seja mais
favorável ao segurado. C/E?

Vejamos a situação concreta (com adaptações):

Eder, aposentado e segurado da Previdência Social, requereu junto ao INSS o recálculo


de seu salário de benefício e da renda mensal inicial a partir de todo o seu histórico
contributivo em razão de ter recolhido melhores contribuições antes de julho de 1994. O
INSS indeferiu o pedido alegando que segundo a regra do art. 3º da Lei 9.876/99, só são
INFO
considerados na base de cálculo dos benefícios as contribuições realizadas a partir de
662/STJ
julho de 1994. Para o STJ, nessa hipótese, está correta a interpretação do INSS, pois para
o recálculo do salário de benefício do segurando devem ser utilizadas apenas as
contribuições vertidas (recolhidas) a partir de julho de 1994, conforme a regra legal de
transição, ainda que esta não seja mais favorável ao segurado. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. De acordo com o STJ, para apuração do salário de benefício do


segurado que ingressou no Regime Geral da Previdência Social até o dia anterior à
publicação da Lei 9.876/99, É POSSÍVEL a utilização dos maiores salários de
contribuições de todo o período contributivo do segurado, sem limitação temporal,
quando mais favorável do que a regra de transição. Em outras palavras, poderão ser
utilizadas para calcular o salário de benefício, todas as maiores contribuições do segurado
de todo o período que houver contribuído, independente do ano de contribuição. Ou
seja, a regra do art. 3º da Lei 9.876/9944, que prevê a utilização das melhores
contribuições a partir de julho de 1994, pode deixar de ser observada, caso seja mais
benéfico para o segurado a aplicação da regra definitiva prevista no art. 29, I e II da Lei
8.213/9145, que não impõe limitação temporal a utilização do histórico de contribuições

44
Art. 3º, da Lei 9.876/99. Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a
cumprir as condições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no cálculo do salário-de-
benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo,
oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I
e II do caput do art. 29 da Lei no 8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei.
45
Art. 29, da Lei 8.213/91. O salário-de-benefício consiste: I - para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do inciso I do art. 18,
na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período
contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário; II - para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e e h do inciso I do art. 18,
na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período
contributivo.

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do segurado. Isso porque, a Lei 9.876/99 ao inserir nova regra de cálculo dos benefícios
previdenciários, que passou a utilizar os maiores salários de contribuição relativos a 80%
de todo o período contributivo do segurado, também inseriu uma regra de transição (art.
3º, da Lei 9.876/99) que limita a utilização das contribuições vertidas a partir de julho de
1994. Contudo, nos termos da orientação do próprio STJ e STF, a concessão do benefício
previdenciário deve ser regida pela regra da prevalência da condição mais vantajosa ou
mais benéfica ao segurado. Dessa forma, não se podem desprezar as contribuições
realizadas antes de julho de 1994, se o segurado recolheu melhores contribuições, sob
pena de infringência ao princípio da contrapartida (responsável pelo equilíbrio entre
receita e despesa dentro do sistema da seguridade social). Nesse passo, o segurado tem
direito de ter o seu salário de benefício calculado com base nas suas melhores/maiores
contribuições de todo o seu histórico contributivo, sem limite temporal.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.596.203-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Seção, por unanimidade, julgado
em 11/12/2019 (INFO/STJ 662).

RESUMO
DIREITO ADMINISTRATIVO

1) Para o STJ, o estabelecimento de critérios de classificação para a escolha de licitantes em


credenciamento é ilegal.

2) Para o STJ, em ação de desapropriação indireta É CABÍVEL reparação decorrente de


limitações administrativas.

3) Para o STJ, os bens da Fundação Habitacional do Exército - FHE são impenhoráveis.

DIREITO PENAL

4) Na aplicação do art. 97 do CP46 (imposição de medida de segurança para inimputável) NÃO


DEVE ser considerada a natureza da pena privativa de liberdade aplicável (reclusão ou
detenção), mas sim a periculosidade do agente, cabendo ao julgador a faculdade de optar
pelo tratamento que melhor se adapte ao inimputável (internação ou tratamento
ambulatorial).

5) Para o STJ, a reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei nº 11.343/06 47 (Lei de Drogas)
é a ESPECÍFICA, ficando sujeito a este dispositivo aquele que reincide no contato típico com
drogas para consumo próprio.

46
CP, art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for
punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
47
Lei 11.343/06, art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência
sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou
curso educativo. (...) § 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco)

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

6) Para o STJ, o Juízo da Execução PODE promover a retificação do atestado de pena para
constar a reincidência, ainda que não esteja reconhecida expressamente na sentença penal
condenatória transitada em julgado.

DIREITO CIVIL

7) Para o STJ, É CABÍVEL a modulação dos efeitos do entendimento da Súmula n. 610/STJ48 no


caso de suicídio que tenha ocorrido ainda na vigência do entendimento anterior, previsto nas
Súmulas 105/STF49 e 61/STJ50.

8) Para o STJ, é NULA a cláusula que prevê o pagamento antecipado da indenização devida ao
representante comercial no caso de rescisão injustificada do contrato pela representada. Em
outras palavras, é ILEGAL a cláusula que prevê o pagamento ANTECIPADO de INDENIZAÇÃO
por rescisão unilateral imotivada.

9) Para o STJ, APLICA-SE a Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/98) à Autarquia Municipal que
presta serviços de assistência à saúde suplementar em favor de seus servidores e
pensionistas.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

10) Para o STJ, embora a competência para julgar a ação popular, em regra, seja do foro do
domicilio do autor, a magnitude econômica, social e ambiental do caso concreto PODE
alterar essa competência para o local do fato, quando a ação popular concorrer com diversas
outras ações individuais, civis públicas e populares, decorrentes do mesmo dano ambiental.

11) Para o STJ, compete ao Tribunal de Justiça local o julgamento da Ação Civil de perda de cargo
de Promotor de Justiça cuja causa de pedir não esteja relacionada com a apuração de ato
ilícito capitulado na Lei de improbidade administrativa (Lei 8.429/92).

12) Para o STJ, NÃO é possível a penhora de valores de instituição financeira que não foi parte no
processo, mas que nele funcionou como auxiliar da justiça.

13) Para o STJ, o Ministério Público POSSUI legitimidade ativa para propor ação civil pública com
o fim de debater a cobrança de encargos bancários supostamente abusivos, praticados por
instituições financeiras privadas.

14) Para o STJ, a aplicação da técnica de julgamento ampliado só é possível se os embargos de


declaração forem acolhidos para modificar o julgamento originário em seu mérito.

meses. § 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo
de 10 (dez) meses. (...).
48
Súmula STJ 610. Salvo se tiver havido premeditação, o suicídio do segurado no período contratual de carência não exime o
segurador do pagamento do seguro.
49
Súmula STF 105. Salvo se tiver havido premeditação, o suicídio do segurado no período contratual de carência não exime o
segurador do pagamento do seguro.
50
Súmula STJ 61. O seguro de vida cobre o suicídio não premeditado.

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15) Para o STJ, aplica-se o procedimento de distinção (distinguishing) previsto no artigo 1.037, §§
9º e 13º do CPC/1551 (recursos especial e extraordinário) ao incidente de resolução de
demandas repetitivas (IRDR).

DIREITO TRIBUTÁRIO

16) Para o STJ, a isenção de quota condominial do síndico NÃO configura renda para fins de
incidência do Imposto de Renda de Pessoa Física.

17) Para o STJ, não tendo participado do fato gerador do tributo, a declaração conjunta de
imposto de renda NÃO torna o cônjuge corresponsável pela dívida tributária dos
rendimentos percebidos pelo outro.

18) Para o STJ, quando o ato de dissolução irregular da empresa ocorrer DEPOIS de sua citação
da ré, o termo inicial do prazo prescricional para a cobrança do crédito dos sócios-gerentes
infratores é a data da prática de ato inequívoco indicador do intuito de inviabilizar a
satisfação do crédito tributário (dissolução irregular) já em curso de cobrança executiva
promovida contra a empresa contribuinte, a ser demonstrado pelo Fisco, nos termos do art.
792 do novo CPC/1552 (fraude à execução), combinado com o art. 185 do CTN53 (presunção
de fraude contra a Fazenda Pública) e NÃO a data de diligência de citação da pessoa jurídica.

DIREITO EMPRESARIAL

19) Para o STJ, a ação de habilitação retardatária de crédito deve ser ajuizada até a prolação da
decisão de encerramento do processo recuperacional.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

20) De acordo com o STJ, para apuração do salário de benefício do segurado que ingressou no
Regime Geral da Previdência Social até o dia anterior à publicação da Lei 9.876/99, É
POSSÍVEL a utilização dos maiores salários de contribuições de todo o período contributivo
do segurado, sem limitação temporal, quando mais favorável do que a regra de transição.

51
Art. 1037, §§9º e 13, I. CPC. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do pressuposto do
caput do art. 1.036 , proferirá decisão de afetação, na qual [...] Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no processo
e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento do seu processo.
[...] Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o § 9º caberá: I - agravo de instrumento, se o processo estiver em
primeiro grau;
52
CPC/15, art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: I - quando sobre o bem pender ação
fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo
registro público, se houver; II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do
art. 828 ; III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do
processo onde foi arguida a fraude; IV - quando, ao tempo da alienação ou da onera ção, tramitava contra o devedor ação capaz de
reduzi-lo à insolvência;V - nos demais casos expressos em lei.
53
CTN, art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito
para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa.

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SOBRE O AUTOR
DOUGLAS JOSÉ DA SILVA
INFORMAÇÕES RESUMIDAS

Juiz de Direito e professor com especialização de Direito Penal e Processual


Penal, com diversas aprovações em concursos públicos, tais como: Juiz de
Direito do TJCE (1º lugar), Juiz de Direito do TJPE (8º lugar), Delegado de Polícia
da PCPE (aprovado no 4º período), Delegado de Polícia da PCPB e da
PCRN (aprovado no 8º período), Oficial de Justiça do TRT 5 (aprovado no 8º
período), Técnico do TRF 5 (1º lugar), entre outros.

Tomou posse em: 1. Juiz de Direito do TJPE (cargo atual); 2. Ex-Juiz de Direito do
TJCE; 3. Ex-Oficial de Justiça Federal; 4. Ex-Delegado de Polícia; 5. Ex-Servidor do
Banco Central-BACEN; 6. Ex-Sargento do CBMPE; 7. Ex-Soldado do CBMPE.

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